You are on page 1of 3

GOIÁ

Esta é a transcrição fiel da biografia do poeta, escrita por ele mesmo de


forma resumida, quase como um currículum.

Na música "Meu Pé de Cedro", o poeta pede, como último desejo, que seja
enterrado em sua cidade natal, e que fosse plantado um "pé de cedro", junto ao seu
túmulo. Seu desejo foi realizado em 20 de janeiro de 1981. Ele tinha muitos projetos,
mas infelizmente sua perda foi inevitável.

GERSON COUTINHO DA SILVA (GOIÁ)

Filiação

Celso Coutinho da Silva

Margarida Rosa de Jesus

Nasci em 11 de janeiro de 1935, em Coromandel, na rua Raul Soares, numa


casa que muitos anos depois ficou conhecida por "Casa do Períque" (o nosso Péricles,
de saudosa memória);

Desde de pequeninho, sempre gostei de "falar versos"(recitar trovas), e


como sempre recebiaem troca um "cachê" (doce, queijo, requeijão, etc.), meu
entusiasmo cresceu sobremaneira, até que um dia, no auge da interpretação, quis dar
um colorido especial à uma frase, expressando-a com bastante força, mas, o que todos
ouviram foi um longo e grave ruído, considerado impróprio e vergonhoso, na presença
"dos mais velhos", e foi assim que Coromandel perdeu seu declamador, de quatro anos
de idade...

Ganhei de meu pai, uma gaita de boca, que foi minha companheira por
muitos anos, até que troquei-a por um cavaquinho, mas, a minha alegria maior foi
quando ganhei um violão "de tarrachas", que era o meu grande sonho... Comecei a
cantar em dupla com vários parceiros, dentre eles, Anterino Coutinho, meu irmão
Nelson, Geraldo Telles (Geraldinho do Vigilato), seu irmão José (Zé do Vigilato), e
quando chegávamos naquelas festas animadas, o pessoal sempre dizia: - "Chegou o
fio do Cerso cum seus cumpanhêro!" E a coisa "fervia" até o nascer do sol!

Essa época marcou muito para mim e é responsável, em grande parte, pela
saudade impossível que sinto da infância!

Comecei a estudar música com o mestre José Ferreira e enquanto não


terminava o curso, passei a ser o tocador de bumbo ou bombo, e como por essa
ocasião eu formava dupla com o Miguelinho (filho do "Miguel Batalhão"), arranjei para
ele um lugar na banda de música, como tocador de "tarol", e depois das retretas
(Chapadão, Alegre, Mateiro, Santa Rosa, etc.), a gente cantava nas "Barracas" e o
incentivo era imenso.
Após passarmos uma temporada em Lagamar, em casa de minha irmã
Maria e de meu cunhado "Fulô", fomos (eu e Miguelinho) para Patos de Minas, onde
cantamos, por alguns meses, no programa do "Compadre Formiga", meu querido
amigo Padre Tomaz Olivieri. Mas eu não suportava passar mais que dois meses fora
de Coromandel! Saia e voltava, voltava e saia...

Foi em 1953 que parti para Goiânia, onde fiquei conhecendo gente
maravilhosa, e onde permaneci por dois anos, aprendendo muito, em todos os
sentidos! Formei o "Trio da Amizade", com programas diários na inesquecível Rádio
Brasil Central, e fomos os primeiros do Estado a gravar discos em São Paulo (2 discos
com 78 RPM na antiga Columbia, atual CBS).

Tenho um carinho especial pelo Estado de Goiás, notadamente por Goiânia,


onde deixei grandes amigos, que jamais esquecerei!

De lá parti, no último dia do ano de 1955, e confesso, parti com lágrimas nos
olhos, mas a grande meta era São Paulo, o grande eixo, também no mundo artistico.

Aqui, gravei alguns discos com o "Trio Mineiro" e após uma temporada na
Rádio Nacional, nos programas do amigo "Nhõ Zé", transferí-me para a Rádio
Bandeirantes, onde fui contratado como aprensentador de programas, inicialmente no
"Maiador da fazenda", do amigo e parceiro Zacarias Mourão, e posteriormente lancei o
"Choupana do Goiá", além de ser substituto eventual dos saudosos Capitão Balduino e
Comendador Biguá, em seus tradicionais programas "Brasil Caboclo" e "Serra da
Mantiqueira".

Esqueci-me de dizer que durante toda minha trajetória, de Coromandel à


Patos, Goiânia e São Paulo, jamais deixei de compor minhas músicas, e através delas,
chorava a grande saudade de minha terra, mas, eu tinha em mente um ideal, e todo
ideal exige sacrifícios, e de todos, o maior era a ausência prolongada de minha cidade,
de minha gente, "meus amores"...

Permaneci na Rádio Bandeirantes até meados de 61, quando então a quase


totalidade do "cast" sertanejo daquela emissora havia gravado músicas minhas; Pedro
Bento e Zé da Estrada, Liu e Léo, as Irmãs Galvão, Zilo e Zalo, Caçula e Marinheiro,
Tibagi e Miltinho, Souza e Monteiro, Primas Miranda e outros tantos(*).

(*)N.E. - Gravaram , também, nomes importantes como Milionário de José


Rico, Chitãozinho e Xororó, Belmonte de Amaraí, Sergio Reis, Clayton Aguiar e João
Renes e Reni.

Fui para a Rádio Nove de Julho (ainda como apresentandor) a convite do


Geraldo Meirelles e Zé Claudino, lá ficando por dois anos, quando me despedi, e
depois de uma curta temporada com Zacarias Mourão na Rádio Excelsior, decidi
dedicar-me inteiramente às composições.
Com exceção de alguns meses como "free-lancer" na Rádio Nacional, no
programa "Biá e seus Batutas", nunca mais voltei a apresentar programas, tendo me
dedicado, de corpo e alma, aos meus "versos"...

Em tempo - Serão iniciadas brevemente as filmagens de "SAUDADE DE


MINHA TERRA", cujas cenas finais serão realizadas no POÇO VERDE e em algumas
ruas de Coromandel, também escrevi a trilha sonora total do filme "A VINGANÇA DE
CHICO MINEIRO", que será lançado em todo Brasil, à partir de janeiro/79.

Biografia retirada da página de Helmer Luiz dedicada a Goiá


URL: http://www.geocities.com/SoHo/Square/1749/index.html

www.sti.com.br

You might also like