Projeto de Pesquisa: banquete, principia-se com um exercício de
memória e rememoração de discursos e
Memória e escrita no Fedro de Platão:
indícios de uma hermenêutica
platônica
Resumo:
A pesquisa busca investigar como
tem sido interpretada a crítica platônica à
escrita presente no Fedro, bem como a as
considerações ali presentes acerca da
memória, considerando que temos hoje
basicamente duas escolas que enfatizam
ou a escrita ou a oralidade platônica, bem
como o fato de que Sócrates, figura
principal dos diálogos platônicos, jamais
registrou nada por escrito, discutindo
assim a validade do texto escrito enquanto
elemento transmissor de conhecimentos,
busscando lançar lampejos para um
vestígio de hermenêutica platônica, que
demonstre como tratar a questão da
interpretação do texto escrito em relação
ao que se é, o que se pensa e o que se
diz, compreendendo como se aprende e
apreende a partir da escrita segundo
Platão.
Introdução:
O diálogo Fedro tem sido mais
usualmente conhecido por tratar
temática da beleza e do eros. Sua
discussão sobre a validade da escrita
parece uma espécie de apêndice final.
Mas todo o diálogo busca refletir sobre a
validade dos discursos, desde o encontro
de Fedro com sócrates fora dos muros da
cidade. Percebe-se que este é um tema
recorrente em Platão: a memória. Em O
diálogos. Tais características platônicas têm
levado muitos a interpretarem, aliados a
outras supostas evidências, que o filósofo
tinha um desprezo pela escrita. Este tê sido
um problema na tradição platônica recente,
já que determinada corrente chega a afirmar
que o que Platão tinha a ensinar de
realmente importante, ensinou oralmente e
apenas para iniciados, justamente nos seus
textos escritosm que seriam uma espécie de
introdução. A real plausibilidade desta tese
tem sido questionada muito seriamente, e a
pesquisa tentará posicionar-se em meio a
esta problemática.
O propósito do presente projeto é
investigar o quanto Platão despreza ou
relativiza o valor da escrita, já que a
caracteriza como remédio e veneno, para
buscarem-se aportes rumo a um esboço de
hermenêutica platonica.
Nos parece, inicialmente, que Platão
quer valorizar o raciocínio, o que se pensa
em detrimento do que se diz. Corroborariam
suas idéias a s pressuposições da
hermenêutica moderna, de que após
pronunciado um discurso, não importa quem
o pronunciou, pois ganha vida própria e
da interpretações que talvez superem até
mesmo o que foi inicialmente pensado em
sua produção?
Para uma avaliação destas questões,
será avaliado em particular o diálogo Fedro,
por uma questão de restrição do objeto a ser
pesquisado, o que não elimina, contudo, a
possibilidade de busca de aportes e
comparações em outros diálogos platônicos.