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_________________________________________________________AULAS 5º AN – 1º sem/2009 - Por: Dulcineia Moreira dos Santos

DIREITO PROCESSUAL CIVIL I


Vinícius Lott Thibau

Dulcineia Moreira dos Santos


dulcineiamoreira@hotmail.com

ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 1


_________________________________________________________AULAS 5º AN – 1º sem/2009 - Por: Dulcineia Moreira dos Santos

Aula 1 – 04/02/09 – Apresentação do Plano de Ensino


PLANO DE ENSINO
DISCIPLINA: DIREITO PROCESSUAL CIVIL I (“Processo de Conhecimento”)
CURSO: DIREITO CARGA HORÁRIA: 72 horas/aula CRÉDITOS: 04 PERÍODO: 5º PERÍODO
PRÉ-REQUISITO: Teoria Geral do Processo I e Teoria Geral do Processo II
I – EMENTA
O Processo no Estado Democrático de Direito. Processo, Ação e Jurisdição no CPC. Processo e
Procedimento no CPC. Espécies de Procedimento no CPC. O Procedimento de Conhecimento e suas
espécies. Petição Inicial. Atitudes do Juízo em face da Petição Inicial. Antecipação de Tutela.
Formação do “Processo”. Suspensão do “Processo”. Atitudes do Réu em face da Citação. Providências
Preliminares. Julgamento Conforme o Estado do “Processo”. Provas. Audiência. Sentença. Coisa
Julgada. Ação Rescisória.
II – OBJETIVO
Possibilitar ao discente uma compreensão dogmática inicial acerca do procedimento de
conhecimento civil, em suas modalidades ordinária, sumária e sumaríssima, bem como
disponibilizar-lhe acesso a estoques teóricos suficientes ao encaminhamento de crítica científica às
normas estudadas, a partir do estudo de um conceito de Processo adequado ao paradigma do
Estado Democrático de Direito.
III – PROGRAMA DE CONTEÚDO
UNIDADE I – PROCESSO, AÇÃO E JURISDIÇÃO NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL BRASILEIRO
1. A importância do Processo no paradigma jurídico-constitucional do Estado Democrático de Direito
1.1. O Processo no paradigma jurídico-constitucional do Estado Liberal
1.2. O Processo no paradigma jurídico-constitucional do Estado Social
1.3. O Processo no paradigma jurídico-constitucional do Estado Democrático de Direito
2. O Processo no Código de Processo Civil brasileiro
3. A Ação no Código de Processo Civil brasileiro
4. A Jurisdição no Código de Processo brasileiro
5. A inadequação do conceito de Processo adotado pelo Código de Processo Civil brasileiro em face
do paradigma jurídico-constitucional do Estado Democrático de Direito
6. Processo e o Procedimento: distinções teóricas a partir do Código de Processo Civil brasileiro e de
uma perspectiva lógico-constitucionalizada.
UNIDADE II – A TEORIA DO PROCEDIMENTO DE CONHECIMENTO CIVIL
1. O Procedimento judicial e as suas espécies (conhecimento, execução, cautelar, especiais,
extravagantes e especialíssimos): considerações gerais.
2. O conceito de Procedimento de Conhecimento
3. O Procedimento de Conhecimento e suas modalidades ordinária, sumária e sumaríssima
4. O Procedimento Sumário
4.1. O Procedimento Sumário e seus princípios regentes
4.2. As hipóteses de cabimento do Procedimento Sumário
4.3. A estrutura do Procedimento Sumário
4.4. O Procedimento Sumário e o Procedimento Ordinário
4.5. O Procedimento Sumário e o Procedimento Sumaríssimo
5. O Procedimento Sumaríssimo
5.1. O Procedimento Sumaríssimo e sues princípios regentes
5.2. As hipóteses de cabimento do Procedimento Sumaríssimo
5.3. A estrutura do Procedimento Sumaríssimo
5.4. O Procedimento Sumaríssimo e o Procedimento Ordinário
UNIDADE III – O PROCEDIMENTO DE CONHECIMENTO NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
BRASILEIRO
1. A petição inicial
2. A antecipação de tutela no Código de Processo Civil brasileiro
3. O “despacho” inicial ou liminar
3.1. A emenda da petição inicial
3.2. O indeferimento da petição inicial
3.3. O julgamento do pedido inicial, de plano, pela improcedência
3.4. A citação
4. A “Formação do Processo” no Código de Processo Civil brasileiro
5. A “Suspensão do Processo” no Código de Processo Civil brasileiro
6. As atitudes do Réu em face da citação
6.1. A revelia
6.2. O reconhecimento da procedência do pedido
6.3. O oferecimento de defesa ou resposta
6.3.1. A Teoria da Defesa e suas considerações principais
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6.3.2. As espécies de defesa no Direito brasileiro


6.3.2.1. A contestação
6.3.2.2. As exceções instrumentais
6.3.2.3. A reconvenção e o pedido contraposto
6.3.2.4. A ação declaratória incidental
6.3.2.5. A impugnação ao valor da causa
6.3.2.6. A impugnação ao pedido de “justiça gratuita”
7. As providências preliminares
8. O julgamento conforme o estado do “Processo”
8.1. A extinção do Procedimento
8.2. O julgamento antecipado da lide
8.3. O saneamento do Procedimento e a audiência preliminar
9. A Prova Civil
9.1. A Teoria da Prova e suas considerações principais
9.2. Os meios de prova
9.2.1. O meio do depoimento pessoal
9.2.2. O meio da confissão
9.2.3. O meio testemunhal
9.2.4. O meio documental
9.2.5. O meio pericial
9.2.6. A inspeção judicial
10. A Audiência
10.1. A Audiência de Instrução e Julgamento
11. Os atos do juízo
11.1. A Teoria da Decisão e suas considerações principais
12. A “Extinção do Processo” no Código de Processo Civil brasileiro
12.1. A sentença
13. A coisa julgada
13.1. A relativização da coisa julgada
14. A ação rescisória
Observação 1: temas diversos atinentes à denominada Teoria Geral do Processo Civil serão
abordados ao longo do conteúdo programático, embora não constem expressamente desse
programa de conteúdo.
Observação 2: os temas constantes dessa ementa serão abordados a partir dos Procedimentos
Ordinário, Sumário e Sumaríssimo.
CRONOGRAMA E CONTEÚDO PROGRAMÁTICO*
4/2 Apresentação da disciplina, metodologia, bibliografia, forma de avaliação
6/2 A interpretação do Direito no paradigma do Estado Democrático de Direito e o Processo
Constitucional; Processo no Estado Democrático de Direito; Processo no CPC
11/2 Ação e Jurisdição no CPC; Processo e Procedimento: distinções teóricas; Espécies de
Procedimento no Direito brasileiro; O conceito de "Processo de Conhecimento"; Espécies de
Procedimento de Conhecimento no Direito brasileiro: Ordinário, Sumário e Sumaríssimo
13/2 O Procedimento Sumário
18/2 O Procedimento Sumaríssimo (Lei n. 9.099/99/95)
20/2 O Procedimento Ordinário: Petição Inicial
25/2 Recesso (Carnaval)
27/2 Petição Inicial (cont.)
4/3 Petição Inicial (cont.)
6/3 Antecipação de Tutela
11/3 Evento Institucional (aula a ser confirmada)
13/3 Atitudes do Juízo em face da Petição Inicial (Despacho Inicial ou Liminar)
18/3 Atitudes do Juízo em face da Petição Inicial (cont.)
20/3 Atitudes do Juízo em face da Petição Inicial (cont.); A “Formação do Processo” no CPC
25/3 A “Suspensão do Processo” no CPC; Atitudes do Réu em face da Citação
27/3 Tira dúvidas de temas lecionados no primeiro bimestre
1º/4 Primeira Avaliação Parcial (data a ser confirmada pela ESDHC)
3/4 Atitudes do Réu em face da Citação (cont.); Correção da Primeira Avaliação Parcial
8/4 Atitudes do Réu em face da Citação (cont.)
10/4 Recesso (Semana Santa)
15/4 Atitudes do Réu em face da Citação (cont.)
17/4 Atitudes do Réu em face da Citação (cont.);
22/4 Atitudes do Réu em face da Citação (cont.); Providências Preliminares
24/4 O Julgamento conforme o Estado do Processo; Prova Civil
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29/4 Prova Civil


1º/5 Feriado (Dia do Trabalho)
6/5 Avaliação Múltipla
8/5 Prova Civil; Correção da Avaliação Múltipla
13/5 Prova Civil
15/5 Prova Civil
20/5 Prova Civil
22/5 Prova Civil
27/5 Prova Civil
29/5 Tira dúvidas de temas lecionados no segundo bimestre
3/6 Segunda Avaliação Parcial (data a ser confirmada pela ESDHC)
5/6 Audiência; Correção da Segunda Avaliação Parcial
10/6 A “Extinção do Processo” no CPC; Coisa Julgada
12/6 Atividades Complementares
17/6 Ação Rescisória
19/6 Tira dúvidas de temas lecionados durante o semestre
24/6 Avaliação Final (data a ser confirmada pela ESDHC)
26/6 Semana de Avaliações Finais
1º/7 Semana de Exames Especiais
3/7 Semana de Exames Especiais
* Todas as aulas programadas serão expositivas, com exceção das aulas que são destinadas à
realização das avaliações múltipla, parciais, final e especial.
* O Cronograma de aulas apresentado está sujeito à alteração a partir de especificidades da turma
acerca dos temas lecionados e, também, de atividades institucionais ulteriormente
designadas. Cabe ao discente identificar referida e eventual alteração do Cronograma, com base na
sua freqüência às aulas e, por conseguinte, no acompanhamento dos conteúdos lecionados.
* O Conteúdo Programático acima listado será pormenorizado, ao longo das aulas lecionadas, por
tópicos advindos dos conteúdos gerais previstos no Programa de Conteúdo descrito no item
III do Plano de Ensino.
* As avaliações parciais, final e especial serão designadas pela ESDHC; por isso, as datas fixadas são
apenas aproximadas, conforme Calendário Letivo indicativo das semanas de avaliações situado no
Portal Institucional.
* Não é autorizada qualquer forma de consulta nas avaliações parciais, final e especial, que serão
realizadas individualmente. Na avaliação múltipla poderá ser autorizada a consulta e a realização
não individual, a critério do professor e mediante prévio aviso ao discente.
Belo Horizonte, 15 de dezembro de 2008.
Assinatura do Professor Assinatura da Coordenadora
IV. BIBLIOGRAFIA BÁSICA
MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Processo de conhecimento. São Paulo:
Revista dos Tribunais.
MONTENEGRO FILHO, Misael. Curso de direito processual civil – teoria geral do processo e
processo de conhecimento. São Paulo: Atlas. v. I.
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil – teoria geral do processo e
processo de conhecimento. Rio de Janeiro: Forense. v. I.
V. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de direito processual civil. Rio de Janeiro: Lúmen Juris. v. II.
DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil. Salvador: Jus Podivm. v. I e II.
DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de direito processual civil. São Paulo: Malheiros. v. III.
LEAL, Rosemiro Pereira. Teoria geral do processo. Rio de Janeiro: Forense.
MONTENEGRO FILHO, Misael. Código de processo civil – comentado e interpretado. São Paulo:
Atlas.
MOREIRA, José Carlos Barbosa. O novo processo civil brasileiro. Rio de Janeiro: Forense.
NUNES, Elpídio Donizette. Curso didático de direito processual civil. Rio de Janeiro: Lumen Juris.
SILVA, Ovídio Araújo Baptista da. Curso de processo civil – processo de conhecimento. Rio de
Janeiro: Forense. v. I.
TAVARES, Fernando Horta (coord). Constituição, direito e processo: princípios constitucionais do
processo. Curitiba: Juruá.
WAMBIER, Luiz Rodrigues; ALMEIDA, Flávio Renato Correia de; TALAMINI, Eduardo.
Curso avançado de processo civil – teoria geral do processo e processo de conhecimento. São
Paulo: Revista dos Tribunais. v. I.

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Aula 2 – 06/02/09 – Unidade I


UNIDADE I – PROCESSO, AÇÃO E JURISDIÇÃO NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
BRASILEIRO
1. A importância do Processo no paradigma jurídico-constitucional do Estado
Democrático de Direito

1.1. O Processo no paradigma jurídico-constitucional do Estado Liberal


Alguns doutrinadores consideram que existiu antes mesmo do Paradigma do Estado Liberal,
o paradigma do Estado Absolutista, tendo como principais características:

1º Paradigma - Estado Absolutista – Estado = Rei


 O Estado é o REI – sujeição dos indivíduos à vontade do rei - súditos;
 Não há processo;
 É um período em que se mescla os costumes, a ética, os costumes jurídicos, como sendo
Direito
 A relação do Estado com o indivíduo não possui o mínimo de critérios de convivência social, o
que gera insatisfação, inconformismos;
 Em decorrência da insatisfação, surge a burguesia – revolução francesa: marco do Liberalismo
ou Estado Liberal – Igualdade, Liberdade, Fraternidade (fraternidade como Propriedade Privada)
– esta revolução leva aos Direitos de 1ª geração;

2º Paradigma - Estado Liberal = Propriedade Privada


 Objetivo: evitar a atuação do Estado (antes absolutista), o qual gerou um estado de
miséria;
 Intolerância à qualquer intervenção do Estado;
 Direitos de 1ª geração – liberdade individual, propriedade privada;
 Intervenção do Estado somente quando a Ordem ou Segurança Pública sofressem
risco;
 Estado como “monstro”;
 Agora os indivíduos passam de súditos a cidadãos: mas só os burgueses, os
proprietários;
 Todas as relações privadas cabiam só aos indivíduos resolver : acúmulo de capitais
de um lado versus miséria do outro;
 Revolução Industrial: 16horas de trabalho, insalubridade – marco do afastamento do
Estado Liberal: proprietários x miseráveis (proletariado);
 Quebra de máquinas, greves (Cartismo, movimento Ludista) – isto faz com que a
Ordem e Segurança Pública sejam atingidas, levando novamente à intervenção
estatal;

Processo no Estado Liberal = Coisa das partes


 No Estado Liberal já existe o conceito de Jurisdição, mas o juiz só assiste o
procedimento, sendo válido a autonomia privada das partes de forma absoluta: Pacta
Sunt Servanda;
 O processo é considerado como “Coisa das Partes” – as partes é que mandavam no
procedimento, o juiz apenas assiste;
 O juiz usa de interpretação gramatical (ipsis literis) e, no máximo, lógica;
 O processo é tido como o direito material violado: Savigny e Portier;
 Os prazos são dilatórios: as partes acordam os prazos do processo, o juiz só assiste.
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 O advogado neste paradigma tem papel fundamental: quanto mais esperto, melhor
para a parte – isto leva a um êxito maior e quase freqüente dos burgueses, pois
detinham os melhores advogados.
 Exemplos do Direito neste paradigma: Direito Civil (Direito de propriedade,
Contratos);

1.2. O Processo no paradigma jurídico-constitucional do Estado Social

Paradigma do Estado Social – Direitos Coletivos


 A posição do cidadão passou a ser do Estado: o público entra em afastamento ao Privado;
 Agora o Estado tem que intervir para afastar as diferenças geradas pelo Estado Liberal;
 Tem-se o Estado Total: o Estado atuando em todos os aspectos da sociedade: ordem,
segurança, economia, âmbito privado, etc;
 Prevalência ao Público; Surgimento do Direito do Trabalho;
 Sufocamento das relações privadas;
 O Estado se torna uma Super Produção: o Estado é que define as suas finalidades;
 A individualidade deixa espaço para a implantação da Homogeneidade;
 É neste paradigma que surgem a Ditadura, o Nazismo, o Fascismo como justificativas do Estado
Total.
Processo no Estado Social = Estado-Juiz
 O processo deixa de ser coisa das partes para se tornar um instrumento da Jurisdição;
 O processo é um instrumento do Estado para aplicar suas finalidades;
 O Estado impõe a Homogeneidade estabelecida;
 Não existe ainda o contraditório no processo;
 “O processo é uma relação jurídica de direito público entre Autor, Réu e Juiz que cumpre
finalidades.” O processo visa, portanto, cumprir as finalidades do Estado.
 No Estado Social, o processo é relação jurídica, intersubjetiva, de direito público, entre juiz, réu e
autor, que cumpre finalidades: as finalidades do Estado. Esta relação jurídica é entre os sujeitos
do processo e não entre normas.
 Surgem as teorias da relação jurídica:

Teoria Triangular da Relação Jurídica Teoria Diangular da Relação Jurídica


J J
A R A R
 Em ambas as teorias o Juiz está no topo, como representante do Estado, do Público. É o juiz
que decide o nosso destino. O juiz se põe em condição de superioridade em relação às partes,
em posição de afastamento.
 À partir de 1950 surgem movimentos de certa forma contra a homogeneização imposta pelo
Estado Social: movimento feminista, dos homossexuais, ecologista, estudantil, etc. A busca pelo
direito à diferença leva ao Estado Democrático de Direito.

1.3. O Processo no paradigma jurídico-constitucional do Estado Democrático de


Direito
 A sociedade passa a ser plural: heterogeneidade, direito à diferença;
 Privado e Público considerados sem que exista prevalência entre eles (Habermas: Público e
Privado são cooriginários, nascem em conjunto, não antecedendo um ao outro;
intersubjetividade);
 Por intersubjetividade (relação entre sujeitos de) = participação + fiscalização – são estes 2
direitos que qualificam o Estado Democrático de Direito e o torna diferente dos outros (Social e
Liberal);

Processo no Estado Democrático de Direito = Participação + Fiscalização


 A participação e fiscalização pelo indivíduo só podem ocorrer, no EDD, através do contraditório,
da ampla defesa e da isonomia;

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 No EDD, “ o processo é uma instituição constitucionalizada que se define pelos princípios


do contraditório, da ampla defesa e da isonomia.”
 É, portanto, o processo, técnica de participação e fiscalização, deixando de ser instrumento para
ser instrumentador.

Aula 3 – 11/02/09
2. O Processo no Código de Processo Civil brasileiro
 Embora estejamos em um Estado Democrático de Direito, o CPC brasileiro foi feito em
1973, período este de ditadura e pleno Estado Social. Ainda que tenhamos a CF/88, o
conceito do CPC ainda não foi substituído, o que torna o conceito aplicado de processo no
atual CPC incompatível com a CF/88.
 Logo, para o CPC brasileiro, “Processo é a relação jurídica de direito público, entre
autor, réu e juiz, que cumpre finalidades.”
 A crítica está na posição de superioridade em que se coloca o Estado-juiz frente as
partes, não havendo isonomia: há que se ter sim um afastamento do juiz(imparcialidade)
mas não uma superioridade. As partes têm que sentir, no EDD< que também
participaram e construíram o provimento, o que atualmente não ocorre (é o juiz que
decide praticamente sozinho).

3. A Ação no Código de Processo Civil brasileiro


 Existe um conceito dúplice de Ação adotado pelo CPC.
 1º conceito acolhido: “Ação como direito a um julgamento de mérito.” – Só tem ação quem
tem um mérito (pedido) que possa ser analisado (direito material alegado). Aqui, ter ação
significa ter Julgamento. Para isto, é preciso atender às condições da ação exigidas pelo CPC,
ou seja, as condições da ação: interesse de agir, legitimidade e possibilidade jurídica do pedido
(art. 267, VI - CPC) e ainda os pressupostos processuais (objetivos, subjetivos x negativos).
Caso não sejam preeenchidos estes requisitos, haverá “carência de ação”. (art. 3º, CPC).
 Obs.: O art. 3º do CPC traz as condições da legitimidade e interesse de agir para a ação, não se
referindo à possibilidade jurídica do pedido. Isto porque em 1973, na ditadura, o Ministro da
Justiça(Busaid), seguidor da doutrina de Liebman, adota sua teoria. Liebman considera que a
possibilidade jurídica do pedido estaria ligada ao interesse de agir. Embora o CPC siga a
doutrina adotada por Busaid, fica desatualizada: art. 3º não menciona a possibilidade jurídica do
pedido, mas o art. 267, VI sim, traz este pré-requisito como exigência para o julgamento do
mérito.
 Ação = direito de mérito (1º conceito) + procedimento (2º conceito). Desta forma, para o CPC, a
Ação será o direito a um julgamento de mérito, desde que atendidos os pré-requisitos de seu
procedimento, quais sejam:as condições da ação e os pressupostos processuais. Caso
contrário, haverá “carência de ação” e esta será extinta sem julgamento do mérito.
 O CPC usa o termo Ação, as vezes, para se referir na verdade a procedimento: Procedimentos
Especiais como o da Ação de Depósito, Ação de Consignação e Pagamento, Ação de Inventário,
etc. O CPC usa, então, a mesma palavra para se referir a conteúdos diferentes.

4. A Jurisdição no Código de Processo brasileiro

 A Jurisdição no CPC é ato privativo do juiz e não compartilhado (como deveria ser no EDD).
 Esta é a visão do CPC mais importante da matéria: jurisdição, Estado, Juiz, estado social,
relação jurídica que cumpre finalidades;
 Art.1º CPC – já há referência sobre a Jurisdição e a tutela do Estado desde o 1º artigo;
 A Jurisdição no CPC quer significar: “Atividade do juiz na análise do mérito.”
 Ao analisar o mérito, o juiz deve considerar as finalidades do Estado.
 Mérito: cede um direito material, é formado um pedido com base neste direito material. Tem que
passar pelas condições da ação e pressupostos processuais – para se ter no Direito Brasileiro
uma análise de mérito há que se percorrer um longo caminho.

5. A inadequação do conceito de Processo adotado pelo Código de Processo Civil


brasileiro em face do paradigma jurídico-constitucional do Estado Democrático de
Direito
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É o conceito de Estado Social adotado pelo CPC desde 1973, em que o processo é
visto como a relação jurídica de direito público entre autor, réu e juiz, que cumpre
finalidades, finalidades estas do Estado, sem considerar a verdadeira participação e
fiscalização do indivíduo no exercício da jurisdição, não havendo na verdade uma
atividade jurisdicional compartilhada, e sim, uma atividade jurisdicional em grau de
superioridade e com decisões jurisdicionais à partir da decisão do juiz e não na
construção desta decisão pelas partes.

PARÊNTESES DO PROFESSOR: MATÉRIA DE PÓS-GRADUAÇÃO PARA APROFUNDAMENTO EM


PESQUISA:

 Quando se tem o conceito de Jurisdição do CPC como a atividade do juiz na análise do mérito,
como fica e se define então a atividade do juiz na análise das Condições da ação e dos
pressupostos processuais (fase de saneamento do processo) ? Que atividade é esta? Se não é
jurisdição, o que é? Atividade administrativa do juiz? Mas, se for atividade administrativa, está
em contraponto com sua definição, pois o saneamento do juiz vincula, já a atividade
administrativa não é vinculante.
 Outro exemplo é a homologação de acordos – é o juiz que homologa e efetiva o acordo, caso
contrário não terá força.
 Estes são temas de sugestão para monografia. As condições da ação, para alguns
pesquisadores, não existe, já faria parte do mérito, conforme podemos observar:
Legitimidade – se ilegítimo, extinção do processo – mérito;
Possibilidade Jurídica do pedido – se o pedido é recepcionado ou não pelo ordenamento jurídico –
discute-se aqui também mérito;
Interesse de agir – idem.
 No Brasil o processo é instrumento da jurisdição; o juiz exerce a jurisdição como representante
do Estado, seus atos são próprios e não uma atividade compartilhada como se deve em um
EDD.

6. Processo e o Procedimento: distinções teóricas a partir do Código de Processo


Civil brasileiro e de uma perspectiva lógico-constitucionalizada

O Processo no CPC – Relação Jurídica


 O processo no CPC ainda é vinculado ao Estado Social (relação jurídica de direito público entre
autor, réu e juiz que cumpre finalidades).

O Procedimento no CPC – Explicitação do processo


 O procedimento seria a explicitação do processo para o CPC, seria o aspecto visível do
processo. Ex.: O processo em frente ao espelho, deveria ver a si mesmo, o próprio processo.
Para o CPC, ao colocarmos o Processo frente ao espelho este vê o procedimento e não ele
mesmo.
 Conforme Ada Pellegrini: “Procedimento é a realidade fenomenológica perceptível do
processo. “ É a visão do CPC do processo como explicitação do procedimento.

O Procedimento numa perspectiva lógica


 Para Fazzalari (Élio), o procedimento seria uma estrutura comporta por atos jurídicos,
interdependentes, que têm sua base e origem em um modelo legal, que flui numa relação tempo
e espaço. Estes atos devem ocorrer em interdependência, o último depende do anterior ou
primeiro.

Espaço - Tempo

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1º 2º 3º ... último MODELO LEGAL

Petição Despacho Prazo para ... Sentença


Inicial de Citação Defesa

Interdependência dos atos

 O conceito de Fazzalari, trabalhado por Rosemiro Leal, referente ao Procedimento é:


“Procedimento numa perspectiva lógica é uma estrutura técnica de atos jurídicos
seqüenciais em que o ato inicial é pressuposto do ato conseguinte e este extensão do
anterior e assim sucessivamente, até o ato encerrador.” Tudo nesta relação espaço-tempo
corre segundo o modelo legal.

 “O processo numa perspectiva constitucional é uma instituição constitucionalizada que


se define pelos princípios do contraditório, ampla defesa e isonomia e que deve reger
todos os procedimentos.”

 A definição de Processo como Procedimento em Contraditório é insuficiente, pois relembra a


relação jurídica do juiz e do Estado Social e não inclui os princípios da ampla defesa e da
isonomia.
 O processo deve reger todos os procedimentos e não ser simplesmente uma explicitação de
procedimento.
 Os conceitos de contraditório e relação jurídica não são sinônimos: são conceitos distintos.

Aula 4 – 11/02/09
UNIDADE II – A TEORIA DO PROCEDIMENTO DE CONHECIMENTO CIVIL
1. O Procedimento judicial e as suas espécies: considerações gerais.

Espécies de Procedimento no Direito Brasileiro:


 Conhecimento – Livro I
 Execução – Livro II
 Cautelar – Livro III
 Especiais – Livro IV
 Especialíssimos – Atos Constitucionais
2. O conceito de Procedimento de Conhecimento
(segundo o CPC será Processo de Conhecimento)

”Relação jurídica de direito público entre juiz, autor e réu, que visa o reconhecimento
de direitos e, eventualmente, a liquidação e o cumprimento da sentença.”

3. O Procedimento de Conhecimento e suas modalidades

 Ordinário
 Sumário COMUM
 Sumaríssimo – está fora do CPC – JESP (Justiças Especiais Cível e Federal)

O Procedimento Ordinário - Prévia

Fases

1a 2a 3a 4a 5a 6a

Fase Fase Fase Fase Fase Fase de


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Postulatória saneadora / probatória / decisória de liquidação de Cumprimento de


saneatória instrutória sentença sentença

6º período

 Neste procedimento, o início e fim de cada fase se dá de maneira nítida.


 O procedimento ordinário no CPC é o procedimento padrão, é o mais complexo, com perfil mais
alongado.
 Art. 272, § único – o procedimento ordinário deve ser subsidiário ao Sumário e Sumaríssimo

4. O Procedimento Sumário

4.1. O Procedimento Sumário e seus princípios regentes

As diferenças do Procedimento Sumário se acentuam em relação ao Ordinário em 3 princípios


básicos: Concentração, Celeridade e Oralidade.
 Concentração dos atos procedimentais – O procedimento sumário é mais concentrado,
embora tenha todas as fases, acaba por aglutinar estas fases, não se identifica fácil quando
inicia ou finaliza cada uma das fases.
 Celeridade dos atos procedimentais – o procedimento sumário é bem mais rápido, com
prazos pré-fixados e se desenvolvendo em, no máximo, 70 dias (pelo CPC).
 Oralidade – o princípio da oralidade é bem maior no procedimento sumário.
Exemplos de aplicação dos princípios acima:

Art.276 – Na Petição inicial o autor deve apresentar, no primeiro ato:


 O rol de testemunhas
 Os quesitos (perguntas) que o perito deverá responder em caso de perícia
 O assistente técnico indicado pelo autor para acompanhar a perícia.
* No procedimento ordinário esta exigência só ocorre entre a fase de saneamento e probatória.

Art. 278 – Em caso de não conciliação, na própria audiência de conciliação o réu já deve apresentar a
resposta e provas, se for o caso, podendo ainda ser oral.
Art. 277, § 4º (concentração) - o juiz deve decidir de plano na audiência (ou em 10 dias).
Art. 277, caput, §§ 2º e 5º, 278, § 2º , 280 – (celeridade).
Art. 278 (oralidade) – a resposta do réu pode ser oral (no ordinário tem que ser por escrito).
Art. 279 – (celeridade) – (...) métodos hábeis – já se usa gravação dos atos.

4.2. Critérios de Competência e as hipóteses de cabimento do Procedimento Sumário

O art.275 usa 2 critérios de competência para o Procedimento Sumário:


 Em razão do valor da causa – para causas até 60 salários mínimos (27.900,00 atualmente);
 Em razão da matéria – se o pedido se enquadrar em razão da matéria, pouco importará o valor
da causa

As matérias para aplicação do Procedimento Sumário são:

Capítulo III - DO PROCEDIMENTO SUMÁRIO

Artigo 275
Observar-se-á o procedimento sumário: (Redação dada pela Lei nº 9.245, de 1995)

I - nas causas cujo valor não exceda a 60 (sessenta) vezes o valor do salário mínimo;
II - nas causas, qualquer que seja o valor
a) de arrendamento rural e de parceria agrícola;
b) de cobrança ao condômino de quaisquer quantias devidas ao condomínio;
O débito do condômino com o condomínio deverá ser tratado via procedimento sumário.
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A lei tem considerado condômino o proprietário, ainda que exista um locatário morando no imóvel, a
ação deve ser contra o proprietário do imóvel e não contra o locatário.
Isto deve-se aos Direitos Reais e a obrigação Propter Rem do proprietário (obrigações que recaem
sobre o imóvel) – será o proprietário responsável pelo imóvel e pelos débitos que recaiam sobre ele,
seja taxas, impostos e também o condomínio.
 Embora se use o termo “taxa de condomínio” o correto é não usar o termo TAXA, pois TAXA é
imposto público.
 Pelo motivo acima exposto, recaindo para o proprietário toda a responsabilidade do débito de
condomínio, e sendo vedado no procedimento sumário a intervenção (denunciação a lide
pelo locador ao locatário), é de extrema importância que aquele que for comprar um imóvel faça
uma solicitação ao condomínio de uma declaração de quitação de despesas com o condomínio
pelo vendedor do imóvel (ex. do prof.: comprou imóvel que valia 60 mil, por 45 mil, achando
vantagem estar 15 mil abaixo do mercado, porém, após quitação e registro, comprador é
acionado por dívida de 90 mil reais de condomínio pelo antigo morador – vendedor).

c) de ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico;


Trata-se de dano causado pelo usuário e não aqueles danos gerados por mero uso (locação p.e.);
d) de ressarcimento por danos causados em acidente de veículo de via terrestre;
Veículo – aquele que leva de um lugar a outro;
Terrestre – se transita pelo solo e gera acidente, aplica-se o procedimento sumário.
 Por este entendimento, a lei tem considerado que todo o objeto que se mover no solo e gerar
acidente será tratado pelo procedimento sumário: avião com acidente terrestre, carroça, jet ski
que sai da água e vai para o solo e atinge alguém, etc.

e) de cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em acidente de veículo,


ressalvados os casos de processo de execução;
 Este item refere-se à seguradora que não cobre o valor do seguro.
 Exceções: Seguro de Vida – processo de execução e não sumário; Seguro/seguradora com 2
testemunhas assinando – é processo de execução e não sumário – a assinatura das
testemunhas torna o contrato título executivo extrajudicial.
 Ex.: DPVAT e vários outros se aplicam por procedimento sumário.
f) de cobrança de honorários dos profissionais liberais, ressalvado o disposto em legislação
especial;
 Se o contrato do profissional (advogado, segundo OAB) estiver escrito, terá força de título
executivo extrajudicial, não demandando procedimento sumário.
g) nos demais casos previstos em lei.

Parágrafo único. Este procedimento não será observado nas ações relativas ao estado e à
capacidade das pessoas.
Observações sobre o procedimento sumário:
 Exige capacidade postulatória (advogado);
 É exercido pelos mesmos órgãos do Procedimento Ordinário;
 Para diferenciar o procedimento sumário do ordinário na petição inicial, o autor deve escrever:
por este instrumento de procedimento sumário (ou ordinário), venho .... Ou seja, é o próprio
autor que elege em seu texto escrito, na petição inicial, o tipo de procedimento indicado.
 Use sempre o termo: instaurar o procedimento e nunca “entrar com a ação”.

4.3. A estrutura do Procedimento Sumário


 O procedimento sumário tem seu início através da Petição Inicial instaurada pelo autor e
este já deverá, na própria petição inicial, indicar: o rol de testemunhas, a formulação de
quesitos(perguntas) para a perícia, quando necessário, e indicar um assistente técnico
para o acompanhamento da perícia quando for o caso. Caso o réu não cite tais requisitos
(testemunhas, perguntas, assistente), sofrerá a preclusão dos atos (perda da faculdade
de agir por ausência da prática deste ato dentro do prazo- decurso do prazo ou por já ter
consumado o ato)
 O juiz fará o despacho inicial: se a petição estiver apta, o Juiz determinará a citação do
réu para comparecer à audiência de conciliação,
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 O CPC fixa o prazo da audiência de conciliação para 30 dias após o despacho e


saneamento do juiz;
 Se a petição estiver inapta, de acordo com a inépcia, pode o juiz suspender o processo
para regularização da irregularidade pelo autor(incapacidade processual, inabilitação da
representação) ou extinguir o processo sem julgamento do mérito (267 CPC);
 A citação do réu tem que se dar no prazo máximo de 10 dias antes da data agendada
para a audiência. Caso o réu seja citado em prazo inferior a 10 dias e compareça à
audiência sem indicar a irregularidade, perfeita estará a citação (aceitação tácita).
 Na audiência de conciliação, havendo o acordo entre as partes, deverá o juiz homologar
o acordo tornando-o judicialmente efetivo.
 Não ocorrendo o acordo na 1ª tentativa, abre-se, na própria audiência de conciliação,
oportunidade para a defesa do réu: oral, documentos comprobatórios, provas, perícia,
etc.
 O juiz deve, nesta mesma audiência, decidir quanto aos aspectos procedimentais da
ação: o valor da causa, quanto a intervenção de terceiros, se há necessidade de perícia,
se há a necessidade de produção de provas: oral, oitiva de testemunhas, perito, etc).
Neste caso, havendo a necessidade da produção de provas, o juiz marcará uma
audiência de instrução e julgamento para o prazo máximo de 30 dias após a audiência
de conciliação (totalizando 60 dias entre a PI e a AIJ), salvo quando houver necessidade
de perícia, o que pode prolongar este prazo ou ainda levar o juiz a mudar o procedimento
da ação proposta, de sumário para ordinário.

Capítulo III - DO PROCEDIMENTO SUMÁRIO

Artigo 275

Observar-se-á o procedimento sumário:

I - nas causas cujo valor não exceda a 60 (sessenta) vezes o valor do salário mínimo;
II - nas causas, qualquer que seja o valor

a) de arrendamento rural e de parceria agrícola;


b) de cobrança ao condômino de quaisquer quantias devidas ao condomínio;
c) de ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico;
d) de ressarcimento por danos causados em acidente de veículo de via terrestre;
e) de cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em acidente de veículo, ressalvados os casos de processo de
execução;
f) de cobrança de honorários dos profissionais liberais, ressalvado o disposto em legislação especial;
g) nos demais casos previstos em lei.

Parágrafo único. Este procedimento não será observado nas ações relativas ao estado e à capacidade das pessoas.

Artigo 276
Na petição inicial, o autor apresentará o rol de testemunhas e, se requerer perícia, formulará quesitos, podendo indicar
assistente técnico.

Artigo 277

O juiz designará a audiência de conciliação a ser realizada no prazo de trinta dias, citando-se o réu com a antecedência
mínima de dez dias e sob advertência prevista no § 2º deste artigo, determinando o comparecimento das partes. Sendo ré a
Fazenda Pública, os prazos contar-se-ão em dobro.

§ 1º A conciliação será reduzida a termo e homologada por sentença, podendo o juiz ser auxiliado por conciliador.
§ 2º Deixando injustificadamente o réu de comparecer à audiência, reputar-se-ão verdadeiros os fatos alegados na petição
inicial (art. 319), salvo se o contrário resultar da prova dos autos, proferindo o juiz, desde logo, a sentença.
§ 3º As partes comparecerão pessoalmente à audiência, podendo fazer-se representar por preposto com poderes para
transigir.
§ 4º O juiz, na audiência, decidirá de plano a impugnação ao valor da causa ou a controvérsia sobre a natureza da demanda,

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determinando, se for o caso, a conversão do procedimento sumário em ordinário.


§ 5º A conversão também ocorrerá quando houver necessidade de prova técnica de maior complexidade.

Artigo 278
Não obtida a conciliação, oferecerá o réu, na própria audiência, resposta escrita ou oral, acompanhada de documentos e rol de
testemunhas e, se requerer perícia, formulará seus quesitos desde logo, podendo indicar assistente técnico.

§ 1º É lícito ao réu, na contestação, formular pedido em seu favor, desde que fundado nos mesmos fatos referidos na inicial.
§ 2º Havendo necessidade de produção de prova oral e não ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts. 329 e
330, I e II(Extinção do processo sem julgamento do mérito ou julgamento antecipado da lide – quando o mérito
envolver unicamente questão de direito e não de fato, não demandando a produção de prova em audiência ou ainda
quando ocorrer a revelia), será designada audiência de instrução e julgamento para data próxima, não excedente de trinta
dias, salvo se houver determinação de perícia.

Artigo 279
Os atos probatórios realizados em audiência poderão ser documentados mediante taquigrafia, estenotipia ou outro método
hábil de documentação, fazendo-se a respectiva transcrição se a determinar o juiz.

Parágrafo único. Nas comarcas ou varas em que não for possível a taquigrafia, a estenotipia ou outro método de
documentação, os depoimentos serão reduzidos a termo, do qual constará apenas o essencial.

Artigo 280
No procedimento sumário não são admissíveis a ação declaratória incidental e a intervenção de terceiros, salvo a
assistência, o recurso de terceiro prejudicado e a intervenção fundada em contrato de seguro.

Artigo 281
Findos a instrução e os debates orais, o juiz proferirá sentença na própria audiência ou no prazo de dez dias.

Aula 18/02/09

4.4. O Procedimento Sumário e o Procedimento Ordinário

Pergunta: Pode o autor escolher entre o procedimento sumario ou ordinário uma vez
preenchidos todos os requisitos do procedimento sumário?

Existem 2 teorias doutrinárias sobre esta questão.


A Teoria Majoritária considera que sim, que é possível optar pelo procedimento ordinário,
ainda que os requisitos sejam de procedimento sumário, pois não haverá qualquer prejuízo para
o réu. Sendo faculdade do autor escolher o procedimento, e se o mesmo opta pelo ordinário em
vez do sumário, este procedimento é válido. A teoria majoritária se baseia no art. 250 do CPC,
onde, sendo o erro somente de forma e não havendo prejuízo para o réu, pode se admitir um
procedimento diferente do especificado expressamente em lei. Considera-se aqui que “quem
pode o mais, pode o menos”, ou seja, tendo o autor direito a um procedimento mais célere, oral
e concentrado e escolher pelo menos célere, está ok, não sendo possível, porém, o inverso, ou
seja, quem pode o menos não pode o mais.

Parênteses meu:

(1) – Existe ainda o art. 295, V do CPC, que prevê o indeferimento da Petição inicial quando o
tipo de procedimento escolhido pelo autor não corresponder à natureza da causa, ou ao valor
da ação e só não será indeferida se puder adaptar-se ao tipo de procedimento legal. Podendo,
portanto, adaptar-se a outro procedimento, não há motivo para indeferimento da Petição inicial.
(2) – Outra observação é o fato da opção pelo procedimento sumário em razão do valor da
causa, limitado a 60 salários mínimos. Sendo o autor aquele que irá fazer o pedido e determinar
o valor da causa, pode o mesmo inserir em sua petição um pedido que se enquadre no limite de
60 salários mínimos para instaurar o procedimento sumário, sem que, portanto, o juiz fique
vinculado a este valor, vez que pode decidir o valor da causa acima dos 60 salários mínimos,
ficando o réu, portanto, cerceado de certa forma da oportunidade de ampla defesa, vez que o
procedimento ordinário exigido para tal valor da causa daria mais oportunidade de prazo e
defesa ao réu. Este posicionamento da não vinculação do juiz ao valor da causa é incorreto
segundo o professor, pois estará decidindo além do que foi pedido, não estará sendo imparcial.
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Esta posição é apresentada pelo Marinoni e melhor explicitada (mais a frente).

(3 ) - É lícito concluir também pela possibilidade de os interessados validamente estabelecerem, em


cláusula contratual, que as causas sob procedimento comum eventualmente propostas com base no
contrato venham a adotar quer o procedimento comum ordinário, quer o procedimento comum sumário,
não sendo portanto cogentes e inarredáveis as regras do art. 275 do Código vigente.
Segundo o professor, porém, embora no contrato as partes possam estipular que em caso de litígio elas irão
adotar especificamente um dos procedimentos (ordinário, sumário ou sumaríssimo), sendo válida esta
cláusula, a mesma vem sendo considerada uma cláusula leonina, não muito aceita pela jurisprudência.

Já a Teoria Minoritária entende que não é possível optar pelo procedimento ordinário em caso
de adequação da causa aos requisitos do procedimento sumário, ou seja, uma vez identificados
os requisitos expressos na lei para o procedimento sumário em determinada causa, esta tem
que ser, necessariamente, instaurada por este procedimento, não havendo opção de se lançar
em outro procedimento que não este.
Uma vez atendidos os requisitos do procedimento sumário e o autor optar pelo procedimento
ordinário, a petição estará inepta, art. 295, V, sendo extinta sem resolução do mérito.
Obs.: Não confundir “conversão” com “opção”. Na conversão, feita pelo juiz em casos
especificados em lei, o procedimento sumário já foi originalmente instaurado, sendo
posteriormente convertido em ordinário, aproveitando-se todos os atos anteriores, sem prejuízo
para o réu.

A conversão do procedimento sumário em ordinário vem sendo admitida de ofício em


condições excepcionais:

1ª hipótese: Quando os prazos estabelecidos para o procedimento sumário não


puderem ser cumpridos pelo órgão jurisdicional - ou seja, pela deficiência estatal se acata
o procedimento ordinário;

2ª hipótese: Identifica-se durante o procedimento sumário a necessidade da


ocorrência de uma perícia mais complexa – o sumário requer uma perícia de menor
complexidade;

3ª hipótese : Cumulação de pedidos, implicando no afastamento do procedimento sumário;

4ª hipótese: Não preenchimento dos requisitos do sumário, em respeito ao princípio da


instrumentalidade das formas – a forma não deve prevalecer sobre o direito de ação. Há aqui
uma crítica quanto a esta hipótese de cabimento, pois o CPC diz expressamente que neste caso
a petição estará inepta e deve ser extinta sem resolução do mérito.

4.5. O Procedimento Sumário e o Procedimento Sumaríssimo

Não há conversão (e não opção) de procedimento sumaríssimo para sumário, sendo extinto o
processo sem resolução do mérito, até mesmo pela inviabilidade desta conversão vez que os
procedimentos tramitam em órgãos diferenciados: o procedimento sumaríssimo no JESP e o
procedimento sumário no Fórum.
Relembrando que ao procedimento sumário cabe, quando possível e nas hipóteses já descritas, a sua
conversão em procedimento ordinário pelo juiz.
Existe uma opção para o autor, podendo optar entre o procedimento sumário e o sumaríssimo.
Ex.: 35 salários mínimos.
Importante lembrar que o sumário permite uma maior ampla defesa do que o sumaríssimo.

5. O Procedimento Sumaríssimo

O Procedimento Sumaríssimo – Lei 9.099 – Juizados Especiais

Dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais.

CAPÍTULO I
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Disposições Gerais
Art. 1º Os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, órgãos da Justiça Ordinária, serão criados pela União, no Distrito Federal e
nos Territórios, e pelos Estados, para conciliação, processo, julgamento e execução, nas causas de sua competência.

Art. 2º O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e
celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação.

Capítulo II
Dos Juizados Especiais Cíveis

Seção I
Da Competência

Art. 3º O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, processo e julgamento das causas cíveis de menor
complexidade, assim consideradas:
I - as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo;
II - as enumeradas no art. 275, inciso II, do CPC (causas do Procedimento Sumário em razão da matéria);
III - a ação de despejo para uso próprio;
IV - as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente ao fixado no inciso I deste artigo.

§ 1º Compete ao Juizado Especial promover a execução:


I - dos seus julgados;
II - dos títulos executivos extrajudiciais, no valor de até quarenta vezes o salário mínimo, observado o disposto no § 1º
do art. 8º desta Lei.

§ 2º Ficam excluídas da competência do Juizado Especial as causas de natureza alimentar, falimentar, fiscal e de
interesse da Fazenda Pública, e também as relativas a acidentes de trabalho, a resíduos e ao estado e capacidade das
pessoas, ainda que de cunho patrimonial.

§ 3º A opção pelo procedimento previsto nesta Lei importará em renúncia ao crédito excedente ao limite estabelecido neste
artigo, excetuada a hipótese de conciliação.

Art. 4º É competente, para as causas previstas nesta Lei, o Juizado do foro:


I - do domicílio do réu ou, a critério do autor, do local onde aquele exerça atividades profissionais ou econômicas ou mantenha
estabelecimento, filial, agência, sucursal ou escritório;
II - do lugar onde a obrigação deva ser satisfeita;
III - do domicílio do autor ou do local do ato ou fato, nas ações para reparação de dano de qualquer natureza.
Parágrafo único. Em qualquer hipótese, poderá a ação ser proposta no foro previsto no inciso I deste artigo.

Seção II
Do Juiz, dos Conciliadores e dos Juízes Leigos

Art. 5º O Juiz dirigirá o processo com liberdade para determinar as provas a serem produzidas, para apreciá-las e para
dar especial valor às regras de experiência comum ou técnica.

Art. 6º O Juiz adotará em cada caso a decisão que reputar mais justa e equânime, atendendo aos fins sociais da lei e
às exigências do bem comum.

Art. 7º Os conciliadores e Juízes leigos são auxiliares da Justiça, recrutados, os primeiros, preferentemente, entre os bacharéis
em Direito, e os segundos, entre advogados com mais de cinco anos de experiência.

Parágrafo único. Os Juízes leigos ficarão impedidos de exercer a advocacia perante os Juizados Especiais, enquanto no
desempenho de suas funções.

Seção III
Das Partes

Art. 8º Não poderão ser partes, no processo instituído por esta Lei, o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de direito público,
as empresas públicas da União, a massa falida e o insolvente civil.

§ 1º Somente as pessoas físicas capazes serão admitidas a propor ação perante o Juizado Especial, excluídos os cessionários
de direito de pessoas jurídicas.

§ 2º O maior de dezoito anos poderá ser autor, independentemente de assistência, inclusive para fins de conciliação.

Art. 9º Nas causas de valor até vinte salários mínimos, as partes comparecerão pessoalmente, podendo ser assistidas
por advogado; nas de valor superior, a assistência é obrigatória.

§ 1º Sendo facultativa a assistência, se uma das partes comparecer assistida por advogado, ou se o réu for pessoa jurídica ou
firma individual, terá a outra parte, se quiser, assistência judiciária prestada por órgão instituído junto ao Juizado Especial, na
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forma da lei local.

§ 2º O Juiz alertará as partes da conveniência do patrocínio por advogado, quando a causa o recomendar.

§ 3º O mandato ao advogado poderá ser verbal, salvo quanto aos poderes especiais.

§ 4º O réu, sendo pessoa jurídica ou titular de firma individual, poderá ser representado por preposto credenciado.
Art. 10. Não se admitirá, no processo, qualquer forma de intervenção de terceiro nem de assistência. Admitir-se-á o
litisconsórcio.

Art. 11. O Ministério Público intervirá nos casos previstos em lei.

Seção IV
Dos atos processuais

Art. 12. Os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se em horário noturno, conforme dispuserem as normas de
organização judiciária.

Art. 13. Os atos processuais serão válidos sempre que preencherem as finalidades para as quais forem realizados, atendidos
os critérios indicados no art. 2º desta Lei.

§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha havido prejuízo.

§ 2º A prática de atos processuais em outras comarcas poderá ser solicitada por qualquer meio idôneo de comunicação.

§ 3º Apenas os atos considerados essenciais serão registrados resumidamente, em notas manuscritas, datilografadas,
taquigrafadas ou estenotipadas. Os demais atos poderão ser gravados em fita magnética ou equivalente, que será inutilizada
após o trânsito em julgado da decisão.

§ 4º As normas locais disporão sobre a conservação das peças do processo e demais documentos que o instruem.

Seção V
Do pedido

Art. 14. O processo instaurar-se-á com a apresentação do pedido, escrito ou oral, à Secretaria do Juizado.

§ 1º Do pedido constarão, de forma simples e em linguagem acessível:

I - o nome, a qualificação e o endereço das partes;


II - os fatos e os fundamentos, de forma sucinta;
III - o objeto e seu valor.

§ 2º É lícito formular pedido genérico quando não for possível determinar, desde logo, a extensão da obrigação.

§ 3º O pedido oral será reduzido a escrito pela Secretaria do Juizado, podendo ser utilizado o sistema de fichas ou formulários
impressos.

Art. 15. Os pedidos mencionados no art. 3º desta Lei poderão ser alternativos ou cumulados; nesta última hipótese, desde que
conexos e a soma não ultrapasse o limite fixado naquele dispositivo.

Art. 16. Registrado o pedido, independentemente de distribuição e autuação, a Secretaria do Juizado designará a sessão de
conciliação, a realizar-se no prazo de quinze dias.

Art. 17. Comparecendo inicialmente ambas as partes, instaurar-se-á, desde logo, a sessão de conciliação, dispensados o
registro prévio de pedido e a citação.

Parágrafo único. Havendo pedidos contrapostos, poderá ser dispensada a contestação formal e ambos serão apreciados na
mesma sentença.

Seção VI
Das Citações e Intimações

Art. 18. A citação far-se-á:

I - por correspondência, com aviso de recebimento em mão própria;


II - tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega ao encarregado da recepção, que será
obrigatoriamente identificado;
III - sendo necessário, por oficial de justiça, independentemente de mandado ou carta precatória.

§ 1º A citação conterá cópia do pedido inicial, dia e hora para comparecimento do citando e advertência de que, não
comparecendo este, considerar-se-ão verdadeiras as alegações iniciais, e será proferido julgamento, de plano.
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§ 2º Não se fará citação por edital.

§ 3º O comparecimento espontâneo suprirá a falta ou nulidade da citação.

Art. 19. As intimações serão feitas na forma prevista para citação, ou por qualquer outro meio idôneo de comunicação.

§ 1º Dos atos praticados na audiência, considerar-se-ão desde logo cientes as partes.


§ 2º As partes comunicarão ao juízo as mudanças de endereço ocorridas no curso do processo, reputando-se eficazes as
intimações enviadas ao local anteriormente indicado, na ausência da comunicação.

Seção VII
Da Revelia

Art. 20. Não comparecendo o demandado à sessão de conciliação ou à audiência de instrução e julgamento, reputar-se-ão
verdadeiros os fatos alegados no pedido inicial, salvo se o contrário resultar da convicção do Juiz.

Seção VIII
Da Conciliação e do Juízo Arbitral

Art. 21. Aberta a sessão, o Juiz togado ou leigo esclarecerá as partes presentes sobre as vantagens da conciliação,
mostrando-lhes os riscos e as conseqüências do litígio, especialmente quanto ao disposto no § 3º do art. 3º desta Lei.

Art. 22. A conciliação será conduzida pelo Juiz togado ou leigo ou por conciliador sob sua orientação.

Parágrafo único. Obtida a conciliação, esta será reduzida a escrito e homologada pelo Juiz togado, mediante sentença com
eficácia de título executivo.

Art. 23. Não comparecendo o demandado, o Juiz togado proferirá sentença.

Art. 24. Não obtida a conciliação, as partes poderão optar, de comum acordo, pelo juízo arbitral, na forma prevista nesta Lei.

§ 1º O juízo arbitral considerar-se-á instaurado, independentemente de termo de compromisso, com a escolha do árbitro pelas
partes. Se este não estiver presente, o Juiz convocá-lo-á e designará, de imediato, a data para a audiência de instrução.

§ 2º O árbitro será escolhido dentre os juízes leigos.

Art. 25. O árbitro conduzirá o processo com os mesmos critérios do Juiz, na forma dos arts. 5º e 6º desta Lei, podendo decidir
por eqüidade.

Art. 26. Ao término da instrução, ou nos cinco dias subseqüentes, o árbitro apresentará o laudo ao Juiz togado para
homologação por sentença irrecorrível.

Seção IX
Da Instrução e Julgamento

Art. 27. Não instituído o juízo arbitral, proceder-se-á imediatamente à audiência de instrução e julgamento, desde que não
resulte prejuízo para a defesa.

Parágrafo único. Não sendo possível a sua realização imediata, será a audiência designada para um dos quinze dias
subseqüentes, cientes, desde logo, as partes e testemunhas eventualmente presentes.

Art. 28. Na audiência de instrução e julgamento serão ouvidas as partes, colhida a prova e, em seguida, proferida a sentença.

Art. 29. Serão decididos de plano todos os incidentes que possam interferir no regular prosseguimento da audiência. As demais
questões serão decididas na sentença.

Parágrafo único. Sobre os documentos apresentados por uma das partes, manifestar-se-á imediatamente a parte contrária,
sem interrupção da audiência.

Seção X
Da Resposta do Réu
Art. 30. A contestação, que será oral ou escrita, conterá toda matéria de defesa, exceto argüição de suspeição ou impedimento
do Juiz, que se processará na forma da legislação em vigor.

Art. 31. Não se admitirá a reconvenção. É lícito ao réu, na contestação, formular pedido em seu favor, nos limites do art. 3º
desta Lei, desde que fundado nos mesmos fatos que constituem objeto da controvérsia.
Parágrafo único. O autor poderá responder ao pedido do réu na própria audiência ou requerer a designação da nova data, que
será desde logo fixada, cientes todos os presentes.
Seção XI

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Das Provas
Art. 32. Todos os meios de prova moralmente legítimos, ainda que não especificados em lei, são hábeis para provar a
veracidade dos fatos alegados pelas partes.

Art. 33. Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento, ainda que não requeridas previamente,
podendo o Juiz limitar ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias.

Art. 34. As testemunhas, até o máximo de três para cada parte, comparecerão à audiência de instrução e julgamento levadas
pela parte que as tenha arrolado, independentemente de intimação, ou mediante esta, se assim for requerido.

§ 1º O requerimento para intimação das testemunhas será apresentado à Secretaria no mínimo cinco dias antes da audiência
de instrução e julgamento.
§ 2º Não comparecendo a testemunha intimada, o Juiz poderá determinar sua imediata condução, valendo-se, se necessário,
do concurso da força pública.

Art. 35. Quando a prova do fato exigir, o Juiz poderá inquirir técnicos de sua confiança, permitida às partes a apresentação de
parecer técnico.

Parágrafo único. No curso da audiência, poderá o Juiz, de ofício ou a requerimento das partes, realizar inspeção em pessoas
ou coisas, ou determinar que o faça pessoa de sua confiança, que lhe relatará informalmente o verificado.

Art. 36. A prova oral não será reduzida a escrito, devendo a sentença referir, no essencial, os informes trazidos nos
depoimentos.

Art. 37. A instrução poderá ser dirigida por Juiz leigo, sob a supervisão de Juiz togado.

Seção XII
Da Sentença
Art. 38. A sentença mencionará os elementos de convicção do Juiz, com breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em
audiência, dispensado o relatório.

Parágrafo único. Não se admitirá sentença condenatória por quantia ilíquida, ainda que genérico o pedido.

Art. 39. É ineficaz a sentença condenatória na parte que exceder a alçada estabelecida nesta Lei.

Art. 40. O Juiz leigo que tiver dirigido a instrução proferirá sua decisão e imediatamente a submeterá ao Juiz togado, que
poderá homologá-la, proferir outra em substituição ou, antes de se manifestar, determinar a realização de atos probatórios
indispensáveis.

Art. 41. Da sentença, excetuada a homologatória de conciliação ou laudo arbitral, caberá recurso para o próprio Juizado.

§ 1º O recurso será julgado por uma turma composta por três Juízes togados, em exercício no primeiro grau de jurisdição,
reunidos na sede do Juizado.
§ 2º No recurso, as partes serão obrigatoriamente representadas por advogado.

Art. 42. O recurso será interposto no prazo de dez dias, contados da ciência da sentença, por petição escrita, da qual
constarão as razões e o pedido do recorrente.

§ 1º O preparo será feito, independentemente de intimação, nas quarenta e oito horas seguintes à interposição, sob pena de
deserção.
§ 2º Após o preparo, a Secretaria intimará o recorrido para oferecer resposta escrita no prazo de dez dias.

Art. 43. O recurso terá somente efeito devolutivo, podendo o Juiz dar-lhe efeito suspensivo, para evitar dano irreparável para a
parte.

Art. 44. As partes poderão requerer a transcrição da gravação da fita magnética a que alude o § 3º do art. 13 desta Lei,
correndo por conta do requerente as despesas respectivas.

Art. 45. As partes serão intimadas da data da sessão de julgamento.

Art. 46. O julgamento em segunda instância constará apenas da ata, com a indicação suficiente do processo, fundamentação
sucinta e parte dispositiva. Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do julgamento servirá de
acórdão.
Art. 47. (VETADO)

Seção XIII
Dos Embargos de Declaração
Art. 48. Caberão embargos de declaração quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, contradição, omissão ou
dúvida.
Parágrafo único. Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício.

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Art. 49. Os embargos de declaração serão interpostos por escrito ou oralmente, no prazo de cinco dias, contados da ciência da
decisão.
Art. 50. Quando interpostos contra sentença, os embargos de declaração suspenderão o prazo para recurso.

Seção XIV
Da Extinção do Processo Sem Julgamento do Mérito

Art. 51. Extingue-se o processo, além dos casos previstos em lei:


I - quando o autor deixar de comparecer a qualquer das audiências do processo;
II - quando inadmissível o procedimento instituído por esta Lei ou seu prosseguimento, após a conciliação;
III - quando for reconhecida a incompetência territorial;
IV - quando sobrevier qualquer dos impedimentos previstos no art. 8º desta Lei;
V - quando, falecido o autor, a habilitação depender de sentença ou não se der no prazo de trinta dias;
VI - quando, falecido o réu, o autor não promover a citação dos sucessores no prazo de trinta dias da ciência do fato.

§ 1º A extinção do processo independerá, em qualquer hipótese, de prévia intimação pessoal das partes.
§ 2º No caso do inciso I deste artigo, quando comprovar que a ausência decorre de força maior, a parte poderá ser isentada,
pelo Juiz, do pagamento das custas.

Seção XV
Da Execução
Art. 52. A execução da sentença processar-se-á no próprio Juizado, aplicando-se, no que couber, o disposto no Código de
Processo Civil, com as seguintes alterações:
I - as sentenças serão necessariamente líquidas, contendo a conversão em Bônus do Tesouro Nacional - BTN ou índice
equivalente;
II - os cálculos de conversão de índices, de honorários, de juros e de outras parcelas serão efetuados por servidor judicial;
III - a intimação da sentença será feita, sempre que possível, na própria audiência em que for proferida. Nessa intimação, o
vencido será instado a cumprir a sentença tão logo ocorra seu trânsito em julgado, e advertido dos efeitos do seu
descumprimento (inciso V);

IV - não cumprida voluntariamente a sentença transitada em julgado, e tendo havido solicitação do interessado, que poderá ser
verbal, proceder-se-á desde logo à execução, dispensada nova citação;

V - nos casos de obrigação de entregar, de fazer, ou de não fazer, o Juiz, na sentença ou na fase de execução, cominará multa
diária, arbitrada de acordo com as condições econômicas do devedor, para a hipótese de inadimplemento. Não cumprida a
obrigação, o credor poderá requerer a elevação da multa ou a transformação da condenação em perdas e danos, que o Juiz de
imediato arbitrará, seguindo-se a execução por quantia certa, incluída a multa vencida de obrigação de dar, quando
evidenciada a malícia do devedor na execução do julgado;

VI - na obrigação de fazer, o Juiz pode determinar o cumprimento por outrem, fixado o valor que o devedor deve depositar para
as despesas, sob pena de multa diária;
VII - na alienação forçada dos bens, o Juiz poderá autorizar o devedor, o credor ou terceira pessoa idônea a tratar da alienação
do bem penhorado, a qual se aperfeiçoará em juízo até a data fixada para a praça ou leilão. Sendo o preço inferior ao da
avaliação, as partes serão ouvidas. Se o pagamento não for à vista, será oferecida caução idônea, nos casos de alienação de
bem móvel, ou hipotecado o imóvel;

VIII - é dispensada a publicação de editais em jornais, quando se tratar de alienação de bens de pequeno valor;

IX - o devedor poderá oferecer embargos, nos autos da execução, versando sobre:


a) falta ou nulidade da citação no processo, se ele correu à revelia;
b) manifesto excesso de execução;
c) erro de cálculo;
d) causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, superveniente à sentença.
Art. 53. A execução de título executivo extrajudicial, no valor de até quarenta salários mínimos, obedecerá ao disposto no
Código de Processo Civil, com as modificações introduzidas por esta Lei.

§ 1º Efetuada a penhora, o devedor será intimado a comparecer à audiência de conciliação, quando poderá oferecer embargos
(art. 52, IX), por escrito ou verbalmente.
§ 2º Na audiência, será buscado o meio mais rápido e eficaz para a solução do litígio, se possível com dispensa da alienação
judicial, devendo o conciliador propor, entre outras medidas cabíveis, o pagamento do débito a prazo ou a prestação, a dação
em pagamento ou a imediata adjudicação do bem penhorado.

§ 3º Não apresentados os embargos em audiência, ou julgados improcedentes, qualquer das partes poderá requerer ao Juiz a
adoção de uma das alternativas do parágrafo anterior.
§ 4º Não encontrado o devedor ou inexistindo bens penhoráveis, o processo será imediatamente extinto, devolvendo-se os
documentos ao autor.

Seção XVI

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Das Despesas
Art. 54. O acesso ao Juizado Especial independerá, em primeiro grau de jurisdição, do pagamento de custas, taxas ou
despesas.
Parágrafo único. O preparo do recurso, na forma do § 1º do art. 42 desta Lei, compreenderá todas as despesas processuais,
inclusive aquelas dispensadas em primeiro grau de jurisdição, ressalvada a hipótese de assistência judiciária gratuita.

Art. 55. A sentença de primeiro grau não condenará o vencido em custas e honorários de advogado, ressalvados os casos de
litigância de má-fé. Em segundo grau, o recorrente, vencido, pagará as custas e honorários de advogado, que serão fixados
entre dez por cento e vinte por cento do valor de condenação ou, não havendo condenação, do valor corrigido da causa.

Parágrafo único. Na execução não serão contadas custas, salvo quando:


I - reconhecida a litigância de má-fé;
II - improcedentes os embargos do devedor;
III - tratar-se de execução de sentença que tenha sido objeto de recurso improvido do devedor.

Seção XVII
Disposições Finais
Art. 56. Instituído o Juizado Especial, serão implantadas as curadorias necessárias e o serviço de assistência judiciária.

Art. 57. O acordo extrajudicial, de qualquer natureza ou valor, poderá ser homologado, no juízo competente,
independentemente de termo, valendo a sentença como título executivo judicial.
Parágrafo único. Valerá como título extrajudicial o acordo celebrado pelas partes, por instrumento escrito, referendado pelo
órgão competente do Ministério Público.

Art. 58. As normas de organização judiciária local poderão estender a conciliação prevista nos arts. 22 e 23 a causas não
abrangidas por esta Lei.

Art. 59. Não se admitirá ação rescisória nas causas sujeitas ao procedimento instituído por esta Lei.

O procedimento Sumaríssimo pode ser:


 Civil (Lei 9099/95 – Lei dos JESP Cíveis)
 Penal
 Trabalhista (CLT)
 Previdenciário/Tributário (União – JESP Federal)

O procedimento Sumaríssimo é ainda mais célere e oral que o Sumário.

5.1. O Procedimento Sumaríssimo e seus princípios regentes

Critérios do Procedimento Sumaríssimo – Lei 9099, § 2º :


 Oralidade
 Simplicidade
 Informalidade
 Economia Processual
 Celeridade
 Buscando sempre a conciliação ou a transação.

5.2. As hipóteses de cabimento do Procedimento Sumaríssimo

Art. 3º - Da Competência do Sumaríssimo:


I – causas de até 40 salários mínimos
II a V – em razão da matéria (inciso IV envolve 2 critérios: matéria e valor)
II – causas do art. 275, II – CPC – toda a competência do Sumário pode ser trazida ao
Sumaríssimo (competências concorrentes);
III – ação de despejo para uso próprio (só no Sumaríssimo)
IV – ações possessórias em que o imóvel seja de valor inferior ou igual a 40 salários mínimos
(critério material + valor)

Art. 3º, § 2º - Exceções ao procedimento Sumaríssimo:


 Alimentar
 Falimentar

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 Fiscal e de interesse da Fazenda Pública


 Acidente de Trabalho
 Resíduos e ao estado de capacidade das pessoas, ainda que de cunho patrimonial;

Art.8º - Apresenta mais restrições ao procedimento Sumaríssimo – o procedimento sumaríssimo


não caberá quando a parte for:
 Incapaz, preso, pessoa jurídica de direito público, empresas públicas da União;
 Massa falida
 Insolvente civil.
 Somente pessoa física capaz pode propor ação no JEsp, excluído o cessionário de direito de Pessoa
Jurídica.

5.3. A estrutura do Procedimento Sumaríssimo

PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL

1ª fase 2ª fase

Petição Inicial Audiência de conciliação


Por escrito ou oral Prazo de 15 dias para oferecer
Oral = atermação resposta (escrita ou oral)

1º - Petição inicial:

 se a causa não ultrapassar 20 salários mínimos, não precisa de advogado. Este critério visa a
economia processual. Se o pedido extrapolar os 20 salários mínimos, precisa de advogado;
Obs. do Professor – a dispensa do advogado tem que ser acolhida com ressalvas: na prática, nas
causas menores que 20 salários mínimos, o autor prefere ir sem advogado porque o valor os honorários
do advogado seria, na maioria das vezes, maior que o valor do pedido do próprio autor. Mas isto não
quer dizer que o autor não possa buscar o apoio e representação de um advogado através dos núcleos
de prática jurídica em faculdades e até mesmo da defensoria, embora esta última se apresente inepta
pelo excesso de processos. Na ausência de advogado, o juiz tem se postado em posição de
conselheiro da parte, por muitas vezes, o que não poderia ocorrer, em respeito ao princípio da
imparcialidade do juiz.
Diferente do procedimento sumário e ordinário, não existe custas processuais e de advogado
(sucumbência) no procedimento sumaríssimo ( as custas existem só quando em grau de recurso).
 A petição inicial pode ser escrita ou oral através da atermação.
 A atermação feita via petição oral só é admitida no procedimento sumaríssimo. No sumário e
ordinário a petição inicial só pode ser por escrito. Quem trabalha na atermação nem sempre é formado
em direito, em sua maioria são estagiários.

2º - Audiência de Conciliação:

 A audiência de conciliação é marcada para 15 dias após a petição inicial.


Crítica: Existe um enunciado feito pelos próprios juízes do JESP, dizendo que a resposta pode ser na
Audiência de Instrução e Julgamento (AIJ). Estes enunciados ocorrem no FONAJE (Fórum Nacional de
Juizados Especiais) e acabam por vezes com força de legislar normas para o JESP.
 A Audiência de Instrução e julgamento será marcada após a audiência de conciliação, somente
quando se identificar a necessidade de provas orais.

Críticas ao Procedimento Sumaríssimo:

Em momento algum a lei 9.099 diz que as hipóteses em razão da matéria estão vinculadas aos 40
salários mínimos – ex.: art. 3º, § 3º - renúncia do que ultrapassar os 40 salários mínimos;
Art. 39 – é ineficaz a sentença condenatória que exceder a alçada estabelecida nesta lei (40 salários
mínimos, mesmo em razão da matéria);
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Havendo a conciliação, pode exceder os 40 salários mínimos. Não havendo conciliação, a sentença, se
ultrapassar os 40 salários mínimos, entende-se renunciado este excesso que extrapolou o limite dos 40
salários.

Artigos que o professor entende que violam os direitos das partes:


Art. 3º, § 2º - exclui a Fazenda Pública do Procedimento especial (Sumaríssimo) cível, sendo que a
Fazenda Pública é a que mais tinha que estar no JESP, vez que 85% hoje dos procedimentos são
contra a Fazenda Pública. Esta medida denota o interesse estatal em reduzir a condição de ré da
Fazenda Pública. Ex.: carro que estoura pneu na estrada devido a buracos no asfalto.
Art. 6º - o juiz pode usando de equidade.
Art. 8º; Art. 8º, § 1º; Art. 9º;
Art. 10º - o procedimento sumaríssimo não admite intervenção de terceiros. Não existe citação por
edital no sumaríssimo.
Art. 18, § 2º
Art. 21 – o procedimento sumaríssimo admite juiz leigo – não concursado ou não passou no exame da
ordem, por exemplo.
Art. 29, § único – não há o direito de replica para o autor (em falar sobre a defesa do réu);
Art. 34; Art. 35; Art. 37; Art. 38; Art. 41; Art. 46; Art. 59;

Outras características:
 Não se admite perícia nenhuma;
 Não exige documento de sentença,
 As decisões interlocutórias não se submetem a recurso (o recurso só cabe contra a sentença);
 O recurso da sentença é julgado pelo próprio JESP (junta de 3 outros juízes do JESP) – não vai ao
Tribunal; não cabe ação rescisória.
 A posição do STF nestas violações de direitos é que deve prevalecer a celeridade do processo.
 A digitalização do processo através do sistema PROJUD só tem criado maior morosidade, o que, via
de regra, tem feito os prazos do JESP serem frequentemente violados.

Aula 20/02/09

Procedimento Sumaríssimo – continuação

5.4. O Procedimento Sumaríssimo e o Procedimento Ordinário

As teorias que existem para justificar a opção entre o procedimento ordinário e sumaríssimo se
assemelham às teorias majoritária e minoritária da opção do procedimento ordinário quando atendidos
os requisitos do sumário.

Não há, porém, conversão (e não opção) de procedimento sumaríssimo para sumário ou sumaríssimo
para ordinário, sendo extinto o processo sem resolução do mérito, até mesmo pela inviabilidade desta
conversão vez que os procedimentos tramitam em órgãos diferenciados: o procedimento sumaríssimo
no JESP e os procedimentos ordinário e sumário no Fórum.
Relembrando que ao procedimento sumário cabe, quando possível e nas hipóteses já descritas, a sua
conversão em procedimento ordinário pelo juiz.

UNIDADE III – O PROCEDIMENTO DE CONHECIMENTO NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL


BRASILEIRO

O Procedimento Ordinário

Fases

1a 2a 3a 4a 5a 6a

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Fase Fase Fase Fase Fase Fase de


Postulatória saneadora / probatória / decisória de liquidação de Cumprimento de
PETIÇÃO saneatória instrutória sentença sentença
INICIAL
vamos estudar no 6º período

No procedimento ordinário, não iremos trabalhar o procedimento como uma explicitação do processo
mas, sim, no conceito de procedimento lógico.

1. A petição inicial – Fase Postulatória

Petição Inicial
Ato que instaura o procedimento;
Não se dá de ofício, é necessário a iniciativa da parte – Princípio da Demanda – o juiz não pode
instaurar de ofício o procedimento, apenas deve dar o impulso oficial após sua instauração;

PROCED. SUMÁRIO PROCED. SUMARÍSSIMO PROCED. ORDINÁRIO


PI – sempre por escrito PI – por escrito ou oral PI – sempre por escrito
PI Oral = atermação

Requisitos da Petição Inicial:


NO PROCEDIMENTO NO PROCEDIMENTO SUMÁRIO NO PROCEDIMENTO
ORDINÁRIO SUMARÍSSIMO
Arts. 282, 283 e art. 15 da lei Exige também todos os requisitos Alguns dos requisitos do
11.419; do procedimento ordinário: arts. art.282 estão afastados
→ Art. 282: 282,283 e 15-11419; neste procedimento:
I - indicar o juiz ou tribunal; Exige ainda – art.276: os fatos e
II - nomes, prenomes, estado Rol de testemunhas – com fundamentos jurídicos do
civil, profissão, domicílio e nomes, endereço, profissão, etc. pedido devem ser
residência do autor e do réu ( + Quesitos – perguntas a serem encaminhados
art. 15 – CPF ou CNPJ); formuladas à perícia (quesitação) sucintamente – na
III - o fato e os fundamentos
Indicação do assistente técnico prática vem sendo
jurídicos do pedido;
que irá auxiliar a perícia. trocado por “inexistente”;
IV - o pedido, com suas
inciso VII – 282 – não
especificações;
V - o valor da causa; Todos os itens acima são uma precisa requerer a
VI – as provas com que o autor explicitação do Princípio da citação do réu;
pretende demonstrar a verdade Concentração deste procedimento. inciso VI – 282 – não
dos fatos alegados; precisa citar as provas
VII – o requerimento p/ a citação Muitas vezes a perícia requer que pretende produzir
do réu; conhecimen- tos especializados em
Art. 283 – a PI deve conter os áreas específicas e que o advogado
documentos indispensáveis à não possui.
propositura da ação;

Petição Inicial
Art. 282, I, CPC – Da Competência do Juízo

Art. 282. A petição inicial indicará:


I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida;
A petição inicial deve indicar o juiz ou tribunal a que é dirigida. Este é o primeiro tópico da PI, deve
constar na 1ª linha do documento.
Neste inciso há que se verificar a COMPETÊNCIA do Juízo para a causa – a competência é a
especialização da jurisdição.

COMPETÊNCIA :
COMPETÊNCIA INTERNACIONAL – instauração de procedimento fora do país;
COMPETÊNCIA INTERNA – instauração do procedimento dentro do país.
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COMPETÊNCIA EXCLUSIVA (interna) – art. 89 CPC:


I - conhecer de ações quando envolvem imóveis situados no Brasil,
II – proceder a inventário e partilha de bens situados no Brasil mesmo que o autor da herança tenha
residido fora do território nacional.

COMPETÊNCIA CONCORRENTE – art. 88 CPC:


I – O réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;
II – no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;
III – a ação se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil
§ único – Para o fim do disposto no inciso I, reputa-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica
estrangeira que aqui tiver agência, filial ou sucursal.

LITISPENDÊNCIA – art. 90 CPC – pressuposto processual que visa evitar a instauração de ações
idênticas. Só há litispendência entre ações instauradas no Brasil. Entre ações iguais instauradas no
Brasil e exterior não há litispendência. Valerá a primeira que transitar em julgado.

A competência interna se dá em razão:


Do território (lugar) COMPETÊNCIA
Do valor da causa RELATIVA

Da matéria (assunto a ser discutido) COMPETÊNCIA


Da função (hierarquia dos órgãos) ABSOLUTA
Da pessoa (prerrogativas pessoais das partes)

COMPETÊNCIA RELATIVA COMPETÊNCIA ABSOLUTA


 Aceitam modificação (por conexão,  Não aceitam modificação, salvo em caso de
continência, prorrogação da competência extinção do órgão ou alteração dos requisitos
ou prevenção); da competência absoluta;
 Perpetuatio jurisdicionis;  Não existem conexão e continência na
 Necessita provocação da parte para competência absoluta;
argüição de incompetência relativa, não  Pode ser argüida a qualquer tempo e grau de
podendo o juiz fazê-la de ofício; jurisdição, em preliminar na contestação, ou
 Arquição por meio de exceção. Não de ofício pelo juiz;
havendo na resposta do réu a arquição  Exceção de competência absoluta em razão
por incompetência relativa via exceção, do território: direitos reais sobre imóveis –
entende-se a aceitação tácita da será o foro da situação da coisa
competência, prorrogando-se a
competência do juízo.

As regras de competência estão descritas nos artigos 94 a 100 do CPC e, quando for o caso, na
Legislação Extravagante. Deve o advogado observar se o caso concreto envolve legislação específica e
analisá-la para observar alguma determinação de competência para o caso. Não havendo legislação
específica que defina a competência no caso concreto, aplicar-se-á os critérios do CPC.
Ex.: Justiça Estadual
1. identificar em qual comarca (ex.: Belo Horizonte);
2. verificar se na comarca há especialização em razão da matéria (ex.: família, criminal,
etc.)
3. Verificar se o procedimento se instaura na Vara ou Tribunal (existem ações de
competência originária nos Tribunais);
4. Verificar se o réu tem prerrogativa de competência;
5. Verificar o valor da causa

Art. 112 - § único – cláusula de adesão (eleição de foro) – o que se discute sobre este artigo:

1º) O Juiz, ao sentenciar de ofício sobre a nulidade da cláusula de adesão, agindo em prol da
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parte, toma a postura de Estado Social;

2º) A decisão do juiz sem a oitiva da parte antes de enviar para outro juízo viola também o
princípio do contraditório;

MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA:
Por Prorrogação – art. 114 – prorrogar-se-á a competência se dela o juiz não declinar ou o réu
não opuser exceção declinatória.
Por conexão – art. 103 – duas ou mais ações quando lhes for comum o objeto ou a causa de
pedir
Por continência – art. 104 – duas ou mais ações sempre que há identidade quanto às partes e
à causa de pedir, mas o objeto de uma é mais amplo, abrangendo as outras.
Por prevenção – arts. 106 e 219 – correndo ações conexas perante juízes com mesma
competência territorial (mesma localidade) será prevento aquele que despachou em primeiro
lugar. Em caso de ações conexas em circunscrições distintas (localidades diferentes), será
prevento o juiz que fizer a 1ª citação válida.

Uma vez identificada a competência, não escrever no documento o nome do juiz e sim do Juízo, por
tratar-se de um critério objetivo e não subjetivo. Evitar colocar excessos de pronomes e nome de juiz
(Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito de tal vara, de tal comarca).
Ex.: Ao juízo de ________________________________, de tal localidade, de tal vara.

“ Ao Juízo da 1ª Vara de Família da Comarca de Belo Horizonte.”

Usar o termo “ Ao Juízo” é mais contemporâneo e despersonifica, despessoaliza o procedimento. “


Desta forma, venho requerer a este Juízo ... “
Lembrar: a petição inicial se faz na 3ª pessoa.

Art. 282, II – LEGITIMIDADE


Art. 282. A petição inicial indicará:
II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu;
condição da ação, se não atendida se dará a “carência de ação”.
Nome, prenome, estado civil (litisconsórcio), domicílio e residência, CPF ou CNPJ (evitar homônimos).
Os dados do autor são necessários de se indicar. Os dados do réu devem ser colocados de acordo com
os dados que o autor tiver sobre o réu. Os dados que o autor não possuir sobre o réu, durante
preenchimento da petição deve inserir a informação: qualificação ignorada.
LEGITIMIDADE – PARTE –
=>Parte é aquele que sofre os efeitos da decisão. Este conceito está em construção (turma de pós-
graduação).
=>Capacidade de ser parte – todos que nascem com vida têm a capacidade de ser parte, e há ainda
os direitos protegidos ao próprio nascituro. Se for pessoa jurídica, os nomes das pessoas que têm
capacidade para serem parte constam nos registros da empresa.
=>Capacidade processual – é a capacidade de estar em juízo de maneira autônoma.
Relativamente incapazes – não tem capacidade processual plena, demandando ASSISTÊNCIA.
Será assistido.
Absolutamente incapazes – não têm capacidade processual, demandando REPRESENTAÇÃO.
Será representado.
Obs.: É o incapaz que é parte no processo devendo ter o seu nome descrito na petição inicial
como parte.
Ex.: “João da Silva, relativa/absolutamente incapaz, neste ato representado/Assistido por Maria da
Silva.
=>Capacidade Postulatória – É geralmente exercida pelo advogado mas pode eventualmente ser
exercida por outros (ex.: no JESP, até 20 salários mínimos a capacidade postulatória é dada ao
próprio autor). O art. 36 ainda fala em comarcas com um único advogado e inimigo do autor.
Este artigo foi escrito em 1973, época em que havia poucos advogados, o que hoje é diferente.

( ) Discussão com o professor sobre trecho do Marinoni:


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“ Processo Civil. Rito fixado em razão do valor da causa. Condenação maior do que o respectivo
montante. A despeito de que o rito processual tenha sido adotado em razão do valor da causa, o juiz
não está, na sentença, a ele adstrito, podendo fixar a condenação em montante maior. Recurso
especial não conhecido. (STJ, 3ª Turma, REsp. 212.576-PB – 05/08/02).”

Conforme o professor, este é um entendimento jurisprudencial que vai contra a lei. Pela
indisponibilidade do pedido, não pode o juiz, de ofício, decidir além do que foi pedido pelo autor ou
acima do limite expresso em lei para procedimentos especiais como no caso do Procedimento Sumário,
sendo inválido o valor da sentença que extrapole o limite máximo.

Aula 27/02/09

Petição Inicial – continuação (Unidade III – 1)

Art. 282. A petição inicial indicará:


I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida;
II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu;
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV - o pedido, com as suas especificações;
V - o valor da causa;
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;
VII - o requerimento para a citação do réu.

Art. 282, II, CPC


Representação
Substituição Processual
Art. 282, III, CPC
Causa de pedir

Art. 283, IV, CPC


Pedido:
Conceito
Espécies
Características
Pedido Simples e Pedido Cumulado
Cumulação Simples
Cumulação Sucessiva Própria
Cumulação Sucessiva Imprópria (ou Eventual)
Pedido Alternativo
Requisitos para Cumulação dos Pedidos

Art. 282, II, CPC – Representação

Representação Legal – art. 12, CPC


Art. 12. Serão representados em juízo, ativa e passivamente:
I - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, por seus procuradores;
II - o Município, por seu Prefeito ou procurador;
III - a massa falida, pelo síndico;
IV - a herança jacente ou vacante, por seu curador;
V - o espólio, pelo inventariante;
VI - as pessoas jurídicas, por quem os respectivos estatutos designarem, ou, não os designando, por seus
diretores;
VII - as sociedades sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração dos seus bens;
VIII - a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador de sua filial, agência ou sucursal
aberta ou instalada no Brasil (art. 88, parágrafo único);
IX - o condomínio, pelo administrador ou pelo síndico.
§ 1o Quando o inventariante for dativo, todos os herdeiros e sucessores do falecido serão autores ou réus nas
ações em que o espólio for parte.
§ 2o - As sociedades sem personalidade jurídica, quando demandadas, não poderão opor a irregularidade de sua
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constituição.
§ 3o O gerente da filial ou agência presume-se autorizado, pela pessoa jurídica estrangeira, a receber citação
inicial para o processo de conhecimento, de execução, cautelar e especial.

Substituição Processual – Art. 6º, CPC – Regra

Art. 6o Ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando autorizado por lei.

A regra é que ninguém pode pleitear em nome próprio, direito alheio.


A exceção é a substituição processual, onde alguém, em nome próprio, pleiteia direito alheio.
A substituição processual está somente autorizada quando houver previsão legal, ou seja, só ocorrerá
quando a lei assim expressamente a autorizar. Ex.: Sindicato pleiteando reconhecimento de direitos de
seus filiados; Ministério Público representando um menor, etc.

Art. 282, III, CPC – Causa de Pedir (Pretensão)

Art. 282. A petição inicial indicará:


III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;

A causa de pedir deve ser sempre concisa, mas não sucinta, ou seja, objetiva, direta, completa.
Ao formular uma petição inicial, pergunte-se sempre:
Há algo aqui nesta Petição Inicial descrito e que não precisaria estar?
Há alguma informação nesta Petição Inicial que falta para uma melhor compreensão do pedido?

Obs.: Tomar cuidado com Petições cheias de retóricas que nada mais são que a tentativa de
convencimento do juiz no vazio, uma repetição de argumentos e palavras que não têm fundamento
jurídico, não têm conteúdo.

CAUSA DE PEDIR

REMOTA PRÓXIMA
(Fatos) (Fundamentos Jurídicos)

Substanciação (Teoria da Substanciação)


Ou Entretecimento
A Causa de Pedir é formulada á partir da descrição dos fatos (causa de pedir remota) e, em sua
seqüência, dos fundamentos jurídicos (causa de pedir próxima). Esta relação de fatos e fundamentos
jurídicos é chamada de entretecimento ou substanciação.
A Substanciação é a Teoria adotada pelo CPC, existindo também a Teoria da Individuação, que não é
acatada pelo CPC. A Teoria da Individuação considera que basta relatar os fundamentos jurídicos, não
sendo necessário descrever os fatos. Já a Substanciação, exigida pelo CPC, impõe a descrição dos
fatos e dos fundamentos jurídicos que formam a causa de pedir. A antiga máxima “Dá-me os fatos que
eu te darei o Direito “ só vinha a reforçar o Estado Social, evitando a verdadeira participação em
contraditório e ampla defesa, sobrecarregando ainda o Juiz em sua atuação, visto que teria que
conhecer 100% de toda a legislação, doutrina, jurisprudências, etc., tornando ainda menos célere os
processos.
A Substanciação não é subsunção.
Os fundamentos jurídicos são as jurisprudências, doutrina, legislação, súmulas, etc., que informam o
possível direito buscado pelo autor.
Não há uma regra específica sobre a forma de se expor os fatos e fundamentos quando mais de um, ou
seja, há alguns que descrevem primeiro o fato 1 e logo em seguida o fundamento 1, depois o fato 2 e

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logo em seguida o fundamento 2, e assim por diante. Outros há que descrevem todos os fatos
primeiramente (1,2,3 etc.) para, ao final, descrever todos os fundamentos(1,2,3, etc.).
Ex.: Dos Fatos (xxxxxx) Do Direito (xxxxx)

Art. 283, IV, CPC – Pedido

Art. 282. A petição inicial indicará:


IV - o pedido, com as suas especificações;

O Pedido é a conclusão da Causa de pedir, tem que ter vínculo lógico com a causa de pedir, senão será
inepta a Petição Inicial (295, I, CPC).
O Pedido se subdivide, para fins didáticos, em Pedido Mediato (ou Objeto Mediato do Pedido) e Pedido
Imediato (ou Objeto Imediato do Pedido). Esta subdivisão, porém, não vem discriminada no CPC.

O Pedido Mediato é o bem da vida jurídica pretendido pelo autor.


O Pedido Imediato é a solicitação de sentença; qual sentença queremos.

Ex.:

Isto posto, REQUER (*) Sentença Condenatória


Ante o exposto, PEDE, Sentença Declaratória
Frente a isto, ..., PLEITEIA Sentença Constitutiva

(*) Nunca usar “Suplica”

Isto posto, requer a condenação do réu ao pagamento de R$100.00,00 (cem mil reais) a título de empréstimo.

PEDIDO IMEDIATO PEDIDO MEDIATO

Isto posto, requer a declaração da relação jurídica de paternidade com xxxx.

Art. 286 – O Pedido tem que ser CERTO e DETERMINADO.

Art. 286. O pedido deve ser certo ou determinado. É lícito, porém, formular pedido genérico:
I - nas ações universais, se não puder o autor individuar na petição os bens demandados;
II - quando não for possível determinar, de modo definitivo, as conseqüências do ato ou do fato ilícito;
III - quando a determinação do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu.

O CPC entende que alguns pedidos não precisam ser expressos na Petição Inicial: art. 290 e 293.

Art. 290. Quando a obrigação consistir em prestações periódicas, considerar-se-ão elas incluídas no pedido,
independentemente de declaração expressa do autor; se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou
de consigná-las, a sentença as incluirá na condenação, enquanto durar a obrigação.

Pedido Implícito
É aquele que não é expresso, que nem precisa estar descrito na Petição Inicial, pois a própria lei já
prevê o seu reconhecimento e consideração - mesmo que não tenha que ser expresso na petição
inicial, o juiz pode acatá-lo de ofício.

a) Prestações subseqüentes, de trato sucessivo – nestes casos, a Petição inicial deverá listar
apenas as prestações vencidas e pendentes até a dada da propositura da ação. Aquelas que vencerem
durante o decurso do prazo do processo, embora não listadas na Petição inicial, também deverão ser,

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de ofício, consideradas pelo juiz, consideradas implícitas no pedido.

b) Juros – art. 293 CPC

Art. 293. Os pedidos são interpretados restritivamente, compreendendo-se, entretanto, no principal os juros
legais.

c) Correção Monetária e Honorários de advogado


Pedido Determinado e Genérico
Pedido Determinado é aquele que é delimitado em quantidade e em qualidade.
Pedido Genérico – art. 286 CPC – é aquele que não é delimitado em quantidade, mas em qualidade
tem que ser delimitado. O art. 286 traz um rol TAXATIVO destas possibilidades.

Ex.: A regra é o pedido determinado: .... requer a condenação do réu em cem mil reais.
Exceção: .... requer a condenação do réu.

Art. 286
Em regra: Pedido Certo e Determinado.
Exceção: Pedido Implícito, arts. 290 e 293.

Regra: Pedido Determinado.


Exceção: Pedido Genérico, art. 286.

Pedido Simples – pedido único, quando há apenas um pedido.


Pedido Cumulado – quando existem 2 ou mais pedidos na mesma petição.

“Cumulação de Pedidos” Obs.: assunto sempre cobrado nas provas OAB, Concursos e provas PCI..
Pelo Entendimento majoritário, a cumulação é entendida da seguinte forma:
=> Cumulação Simples - é diferente do pedido simples – são 2 ou mais pedidos cumulados na mesma
petição e o autor pretende o acolhimento de todos.
Ex.: Na Petição Inicial, o autor requer a condenação em danos morais e materiais (pretensão de que
sejam acolhidos os 2 pedidos).

=> Cumulação Sucessiva Própria – 2 ou mais pedidos na mesma petição, sendo que o acolhimento
do 2º pedido (pedido posterior) depende do acolhimento do pedido anterior.
Ex.: Na Petição Inicial, requer o autor a confirmação do parentesco (paternidade) e a pensão de
alimentos – ação declaratória de paternidade cumulada com alimentos. Se não acolhida a declaração
de paternidade não há sentido na determinação na pensão de alimentos.

=> Cumulação Sucessiva Imprópria ou Eventual – O acolhimento do pedido posterior depende do


não acolhimento do pedido anterior.
Ex.: Direito das Obrigações – O autor contrata a construção de um muro, paga ao contratado e este
não o constrói. O autor requer na petição a construção do muro (obrigação de fazer – tutela específica –
sentença condenatória) ou a condenação ao pagamento de perdas e danos.

Pedido Alternativo – Art. 288, CPC


Tem que ir ao Direito das Obrigações – forma de cumprimento da obrigação;
Pela natureza da obrigação, verificar se há permissão pelo cumprimento de uma ou outra obrigação, ou
seja, de um ou outro modo, e se à escolha do credor ou do devedor.

Sobre as sentenças existe a Doutrina Trinaria (adotada pelo CPC) e Quinária:

 Doutrina Trinaria
 Sentença Condenatória - Para esta doutrina as sentenças mandamental e executiva estão
embutidas na sentença condenatória.
 Sentença Declaratória
 Sentença Constitutiva

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 Doutrina Quinária
 Sentença Condenatória
 Sentença Mandamental
 Sentença Executiva
 Sentença Declaratória
 Sentença Constitutiva

Aula 04/03/09 - Petição Inicial (continuação Unidade III - 1)

Art. 292, CPC – Cumulação de Pedidos


Requisitos para cumulação de pedidos (292)
Pedido Cominatório
Modificação da Causa de Pedir e do Pedido

Art. 282, V – CPC


Valor da Causa
Art. 282, VI – CPC
Requerimento de Provas

Art. 282, VII – CPC


Requerimento de Citação
Art. 283 – CPC
Art. 39, I – CPC
Art. 82 – CPC

Art. 292 – Requisitos para a cumulação de pedidos


Demonstrar que os pedidos são compatíveis entre si – NECESSÁRIO;
Ter os pedidos o mesmo juízo de competência – NECESSÁRIO;
Ter os pedidos o mesmo procedimento – em caso de pedido com procedimento Sumário e outro pedido
com procedimento ordinário, se optar pelo ordinário ok.

Art. 292. É permitida a cumulação, num único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre
eles não haja conexão.
§ 1o São requisitos de admissibilidade da cumulação:
I - que os pedidos sejam compatíveis entre si;
II - que seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;
III - que seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento.
§ 2o Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, admitir-se-á a cumulação, se o autor
empregar o procedimento ordinário.

Mesmo que os pedidos estejam tramitando em procedimento diferente, pode se cumular pelo
procedimento ordinário. Ao se inserir 2 pedidos no mesmo procedimento, há ganho de tempo, mas se
abre mão da celeridade e oralidade (se um deles for de procedimento sumário e se optar pelo
ordinário).

Pedido Cominatório – Direito das Obrigações – Art. 287 CPC


Art. 287. Se o autor pedir que seja imposta ao réu a abstenção da prática de algum ato, tolerar alguma atividade,
prestar ato ou entregar coisa, poderá requerer cominação de pena pecuniária para o caso de descumprimento
da sentença ou da decisão antecipatória de tutela (arts. 461, § 4 o, e 461-A).
Somente em obrigações de Dar (Entregar), Fazer e Não Fazer;
Cominatório = cominação de multa
Multa pecuniária – para forçar o cumprimento da obrigação pelo devedor.Visa constranger o réu.
O juiz comina a multa em face do réu no procedimento, quando se tratar de obrigação de fazer, não
fazer ou de entrega da coisa (dar).
A obrigação de pagar está fora deste artigo, não incluída. A obrigação de pagar não admite pedido
cominatório.
O pedido cominatório pode fazer parte, constar, na própria Petição Inicial.
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Cominação de multa – muito usada na Antecipação de Tutela e caso de não obediência pelo réu.
Ex.: Nome no Serasa sem comunicado ao réu ou negativação indevida.
(....) Requer a suspensão/eliminação deste lançamento do nome no SPC-Serasa, com pedido de
fixação de multa diária em caso de descumprimento.

== IMPORTANTE: MODIFICAÇÃO DA CAUSA DE PEDIR E DO PEDIDO


O CPC admite, após a instauração do procedimento, que se modifique a causa de pedir e o pedido,
desde que cumpridos alguns requisitos.
Arts. 264, 294 – CPC – informam a viabilidade ou não da modificação de acordo com o prazo.
ESTES ARTIGOS SÃO COBRADOS EM PROVA:

Art. 264. Feita a citação, é defeso ao autor modificar o pedido ou a causa de pedir, sem o consentimento do réu,
mantendo-se as mesmas partes, salvo as substituições permitidas por lei.

Art. 294. Antes da citação, o autor poderá aditar o pedido, correndo à sua conta as custas acrescidas em razão
dessa iniciativa.

Os arts. 264 e 294 apresentam uma contradição de posicionamento, um conflito de normas que é
discutido doutrinariamente:
O art. 264, feito por lei de 1973, informa a possibilidade de alteração do pedido e causa de pedir pelo
autor após a citação, desde que haja o consentimento do réu. Já o art. 294, trazido por lei de 1993 e,
portanto, posterior à lei que introduziu o art. 264, informa uma restrição ao art. 264, admitindo que, após
a citação, o autor pode alterar a causa de pedir ou pedido somente para aditar, ou seja, acrescentar, e
não para reduzir ou alterar o pedido. Considerando-se a eficácia das normas no tempo, a lei posterior
revogaria a lei anterior, logo, valeria a aplicação do art. 294 e não do 264. Porém há divergências de
entendimento no sentido de se aplicar o art. 264 também.
Sobre a modificação da causa de pedir e do pedido, há que serem observados os lapsos temporais,
visto que o CPC admite tais modificações, desde que estejam de acordo com a forma e prazos legais.

Fases do Procedimento de Conhecimento

1º Marco temporal – FASE POSTULATÓRIA – PI 2º Marco Temporal – FASE SANEAMENTO

ANTES DA CITAÇÃO APÓS A CITAÇÃO O que delimita a possibilidade ou não de se


O autor pode modificar a O réu tem que consentir mudar a causa de pedir e o pedido é a fase
a causa de pedir e pedido com a modificação da de saneamento. APÓS O SANEAMENTO,
sem a anuência do réu causa de pedir/pedido NÃO SE PODE MAIS MODIFICAR O PEDIDO.

CITAÇÃO
VÁLIDA

Art. 294 CPC – Vem sendo timidamente trabalhado pelos autores. Diz que só é possível aditar,
acrescentar pedidos até a citação (e antes do saneamento).
Alguns dizem que o art. 294 está revogado visto a sua incompatibilidade com o art. 264, sendo válido,
portanto, o art. 264. Este é o posicionamento que vem dominando mas que não está muito
sedimentado;
Outros dizem que não, que o art. 264 seria para reduzir o pedido, pois o art. 294 veda. (?)
O certo, pelo posicionamento do professor, é que, sendo o art. 294 posterior ao 264, se forem falar de
revogação, deveria ser a do art. 264 que é anterior ao art. 294 (ab-rogação).
Os arts. 264 e 294 entendem, portanto que, se for para reduzir o pedido, ok, mas se for para aditar o
pedido, para o art. 264 pode ser feito, desde que com a anuência do réu (após a citação), para o art.
294 não poderia ser feito após a citação, somente antes da citação e somente para aditar e não
modificar ou reduzir o pedido.

Art. 282, V – CPC – Valor da Causa


Art. 282. A petição inicial indicará:
V - o valor da causa;

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Aplicações práticas que têm por base o VALOR DA CAUSA:

1º) O valor da causa pode determinar o tipo de procedimento:


40 salários mínimos – Procedimento Sumaríssimo (JEsp)
60 salários mínimos – Procedimento Sumário
Acima de 60 salários – Procedimento Ordinário

2º) O valor da causa é base para se calcular as custas iniciais do procedimento


O pagamento das custas do processo é com base no valor da causa e este valor vai para o Estado;
3º) O valor da causa é base para os honorários de sucumbência
O honorário de sucumbência é o valor que o Juiz determina que a parte vencida (sucumbente) no processo judicial
pague à parte vencedora.
Quando o Juiz não cita o valor de sucumbência junto à sentença condenatória, este valor é calculado com base no
valor da causa.
O art. 20 do Código de Processo Civil prevê que o Juiz, ao final do processo, condene a parte vencida no
processo a pagar à parte vencedora um valor, a título de honorário de sucumbência, para compensar o que esta
gastou com seu advogado.

Mas houve uma modificação pelo Estatuto da Advocacia, Lei nº 8.906/94, que transfere o honorário de
sucumbência para o advogado, de plano, sem qualquer participação do cliente, assim malferindo princípios
fundamentais, entre eles o princípio da justa reparação, da cidadania e, por conseqüência, o ideal de Justiça.
O Ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal, na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 1194, em
julgamento, na votação de questão semelhante, em 04/03/04, declarou voto afirmando que “...os honorários de
sucumbência, a teor do disposto no art. 20 do CPC, são devidos à parte vencedora e não ao profissional da
advocacia”. "O Informativo nº 338 do STF afasta a aplicação dos citados artigos 22 e 23 do Estatuto da
Advocacia”, o que para eles “pode-se afirmar a inconstitucionalidade dos mencionados artigos 22 e 23 do Estatuto
da Advocacia, na parte em que transfere automaticamente os honorários de sucumbência ao advogado, sem
esclarecimento e concordância contratual do cliente, necessitando de uma atenção dos Juízes e dos órgãos de
proteção do consumidor e dos direitos individuais homogêneos”.

4º) O valor da causa é base para a aplicação de multas


A aplicação de multa a perito, indenização e multa por litigância de má-fé aplicada pelo Juiz, todos estes
têm por base o valor da causa;

5º) O valor da causa é importante para o depósito da ação rescisória


5% incidente sobre o valor da causa

6º) O valor da causa é utilizado como base para o cálculo do valor de alguns recursos

7º) O valor da causa é referência para multas aplicadas em recursos


Existem situações de aplicação de multa ao recorrente

Arts. 259 e 260 – CPC – ARTIGOS QUE TEMOS QUE SABER – MUITO COBRADOS:
Art. 259. O valor da causa constará sempre da petição inicial e será:
I - na ação de cobrança de dívida, a soma do principal, da pena e dos juros vencidos até a propositura da ação;
II - havendo cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles;
III - sendo alternativos os pedidos, o de maior valor;
IV - se houver também pedido subsidiário, o valor do pedido principal;
V - quando o litígio tiver por objeto a existência, validade, cumprimento, modificação ou rescisão de negócio
jurídico, o valor do contrato;
VI - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais, pedidas pelo autor;
VII - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, a estimativa oficial para lançamento do imposto.

I – Na ação de cobrança de dívida, o valor da causa será a:

 Soma do : (Valor Principal + pena (Multa) ) x Juros =( P + M) x J


Valor principal = valor devido de acordo com a base histórica – não é o valor integral;
Juros = aplicado ao valor total (Principal + multa)
Aplica-se, ao final do cálculo, a correção monetária. O CPC não menciona a Correção monetária mas
esta é sempre considerada na prática.
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II – Havendo cumulação de pedidos, o valor da causa será a:

 Soma do Valor de todos os pedidos – para cumulação simples e cumulação sucessiva própria.

III – Na ação de pedidos alternativos (art. 288), o valor da causa será o:

 Valor do maior pedido.

IV – Na ação com Pedido Subsidiário, o valor da causa será o:

 Valor do pedido principal

V - Quando o litígio tiver por objeto a existência, validade, cumprimento, modificação ou rescisão
de negócio jurídico, o valor da causa será :

 O Valor do contrato;

Aqui (inciso V), será o valor integral do contrato;


Se o contrato já tiver sido cumprido em parte, a lei manda colocar o valor do negócio jurídico, ou seja, o
valor do contrato inteiro e não o valor restante ao cumprimento do contrato;
Observar sempre o perfil da discussão sobre do contrato:
a) Se for relativo a cobrança de dívida, aplica-se o inciso I do art. 259, considerando-se o restante do
valor em aberto e não o valor integral;
b) Se for relativo a revisão de cláusula contratual, aspectos de nulidade do contrato, discussão sobre o
objeto do contrato (modificação, existência, cumprimento, rescisão do contrato), aplica-se o valor
integral do contrato.

VI – Na ação de pensão alimentícia, o valor da causa será:

 12 x o valor da pensão alimentícia

Atenção: a ação de pensão alimentícia é diferente da ação de execução de alimentos, sendo a


segunda uma ação de cobrança de dívida mediante direito já adquirido e a primeira uma ação que visa
um direito.

Art. 260 CPC – Prestações de Trato Sucessivo


Art. 260. Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, tomar-se-á em consideração o valor de umas e
outras. O valor das prestações vincendas será igual a uma prestação anual, se a obrigação for por tempo
indeterminado, ou por tempo superior a 1 (um) ano; se, por tempo inferior, será igual à soma das prestações.

O CPC traz o entendimento de que, em prestações de trato sucessivo, devem-se cumular, para fins do
valor da causa, os 2 aspectos: as prestações vencidas e as prestações vincendas.
Ex.: Vencidas = 500,00;
Vincendas = olhar quanto tempo falta para o término das vincendas.
Se existirem prestações a vencer por mais de 1 ano ou o prazo é Indeterminado,
calcula-se 12 prestações.
Se existirem prestações a vencer por menos de 1 ano, calcula-se a quantidade de
prestações que faltam vencer.

Sendo, por exemplo, as prestações mensais de 100,00, estando 5 vencidas e faltar mais de um ano
para as que irão vencer ou o prazo de vencimento for indeterminado, calcula-se:
Vencidas (= 100,00 x 5) + Vincendas (= 12 x 100,00) = 500,00 + 1.200,00 = 1.700,00
Sendo, por exemplo, a prestação mensal de 100,00, estando 5 vencidas e faltarem apenas 5
prestações a vencer, calcula-se:
Vencidas (= 100,00 x 5) + Vincendas (= 5 x 100,00) = 500,00 + 500,00 = 1.000,00

Lembrar: Se o contrato com prestações a vencer com mais de 1 ano ou prazo indeterminado, o limite de
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cálculo para efeito do valor da causa será sempre de 12 prestações, somado as já vencidas.

Ainda sobre o valor da causa - Atenção para a Legislação Extravagante


Observar sempre no caso concreto se não existe cláusula especial em Legislação Extravagante que
trate do cálculo do valor da causa, pois existem algumas legislações que especificam diretamente tal
assunto: Ex.: Ação de Despejo (Lei de Locações);
Quando a situação em questão não se aplicar a nenhuma das regras do CPC, deve-se calcular com
base estimativa o valor da causa.

Petição Inicial – Continuação

Art. 282, VI – PROVAS


Art. 282. A petição inicial indicará:
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;

A apresentação das provas vai variar de acordo com o procedimento instaurado.

Das provas
NO PROCEDIMENTO NO PROCEDIMENTO SUMÁRIO NO PROCEDIMENTO
ORDINÁRIO SUMARÍSSIMO
A referência às provas que . A referência às provas que se As provas no
se quer produzir no quer produzir no Procedimento sumaríssimo também são
Procedimento Ordinário se Sumário NÂO se dá de forma informadas
dá de forma mais genérica genérica; genericamente e
na Petição Inicial.; Tem que indicar todas as apresentadas na
Mencionar os meios legais: testemunhas(rol), a perícia e audiência.
documentos, testemunhas, quesitos que pretende, a
perícias, etc. assistência técnica que indica
(dar endereço, nome, etc.).
“Requer provar o alegado
em todos os meios de prova
admitidos, ... “

Diferenças entre Testemunha e Depoimento Pessoal:


Testemunha é o terceiro desinteressado. Depoimento pessoal é o depoimento pela parte.

Art. 282, VII – Requerimento de Citação


Art. 282. A petição inicial indicará:
VII - o requerimento para a citação do réu.

Da Citação:
NO PROCEDIMENTO NO PROCEDIMENTO SUMÁRIO NO PROCEDIMENTO
ORDINÁRIO SUMARÍSSIMO
Regra Geral – Por correio A citação é automática, o
Se o autor quiser por via de autor não precisa
oficial de justiça (pessoal), requerer a citação ao
tem que mencionar na instaurar o procedimento.
Petição Inicial.

Art. 283, CPC – Documentos Indispensáveis à propositura da ação


Art. 283. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação.

O CPC não menciona quais são estes documentos.


Os documentos são aqueles relacionados à causa de pedir e ao pedido, além da procuração do
advogado.
Exceção: Art. 37 – trata das hipóteses excepcionais de atuação do advogado sem procuração, ficando
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obrigado a anexar estes documentos posteriormente.

Art. 37. Sem instrumento de mandato, o advogado não será admitido a procurar em juízo. Poderá, todavia, em
nome da parte, intentar ação, a fim de evitar decadência ou prescrição, bem como intervir, no processo,
para praticar atos reputados urgentes. Nestes casos, o advogado se obrigará, independentemente de caução,
a exibir o instrumento de mandato no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável até outros 15 (quinze), por
despacho do juiz.
Parágrafo único. Os atos, não ratificados no prazo, serão havidos por inexistentes, respondendo o advogado por
despesas e perdas e danos.
Art. 38 – Poderes especiais do advogado
Art. 38. A procuração geral para o foro, conferida por instrumento público, ou particular assinado pela parte,
habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, salvo para receber citação inicial, confessar,
reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre que se funda a ação,
receber, dar quitação e firmar compromisso.
Parágrafo único. A procuração pode ser assinada digitalmente com base em certificado emitido por Autoridade
Certificadora credenciada, na forma da lei específica.

Art. 39, I – CPC


Art. 39. Compete ao advogado, ou à parte quando postular em causa própria:
I - declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço em que receberá intimação;
II - comunicar ao escrivão do processo qualquer mudança de endereço.
Parágrafo único. Se o advogado não cumprir o disposto no n o I deste artigo, o juiz, antes de determinar a citação
do réu, mandará que se supra a omissão no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, sob pena de indeferimento da
petição; se infringir o previsto no n o II, reputar-se-ão válidas as intimações enviadas, em carta registrada, para o
endereço constante dos autos.

Este artigo exige que o advogado indique na Petição Inicial o local onde vai receber intimações.
Normalmente é o endereço do escritório. Se a petição inicial é feita em papel timbrado com os dados do
escritório e advogado, já é considerado suficiente para o preenchimento deste requisito.
Ex.: Preâmbulo da Petição Inicial:

“ ... (classificação do cliente), ..., por seu advogado, que recebe intimações no endereço ABCD EF, ...”.

Exemplos de Procuração a Advogado (Instrumento do Mandato)


PROCURAÇÃO " AD JUDICIA"
Através do presente instrumento particular de mandato, (NOME DO OUTORGANTE), (Nacionalidade), (Profissão),
(Estado Civil), portador da Carteira de Identidade nº (xxx), inscrito no CPF sob o nº (xxx), residente e domiciliado à
Rua (xxx), nº (xxx), Bairro (xxx), Cidade (xxx), Cep. (xxx), no Estado de (xxx), nomeia e constitui como seu(s)
procurador(es) o(s) advogado(s), (NOME(S) DO(S) OUTORGADO(S)), inscrito(s) na Ordem dos Advogados do
Brasil sob o(s) n.o(s) (xxx), Seção do Estado (xxx), Subseção (xxx), com escritório profissional situado na Rua
(xxx), Bairro (xxx), cidade (xxx), Cep. (xxx), outorgando-lhe(s) amplos poderes, inerentes ao bom e fiel
cumprimento deste mandato, bem como para o foro em geral, conforme estabelecido no artigo 38 do Código de
Processo Civil, e os especiais para transigir, fazer acordo, firmar compromisso, substabelecer, renunciar, desistir,
reconhecer a procedência do pedido, receber intimações, receber e dar quitação, praticar todos os atos perante
repartições públicas Federais, Estaduais e Municipais, e órgãos da administração pública direta e indireta, praticar
quaisquer atos perante particulares ou empresas privadas, recorrer a quaisquer instâncias e tribunais, podendo
atuar em conjunto ou separadamente, dando tudo por bom e valioso, com fim específico para (descrever
finalidade, tais como propor Ação de (xxx) em face de (xxx)).
(Local, data e ano).
(Assinatura do Outorgante).

Procuração para Advogado

Por este instrumento particular de procuração, eu (fulano de tal), nacionalidade ?, estado civil ?, profissão ?,
portador do CPF de número ___________, e cédula de Identidade de número ______________, expedida pela
______________, residente e domiciliado à rua __________________, número _____________, bairro _______,
na cidade de _________________, CEP ________________, nomeio e constituo meu bastante procurador o
senhor (beltrano de tal), nacionalidade ?, estado civil ?, profissão ?, portador do CPF de número
___________, e cédula de Identidade de número ______________, expedida pela ______________, residente
e domiciliado à rua __________________, número _____________, bairro _______, na cidade de
_________________, CEP ________________, especialmente para propor e acompanhar Ação de Despejo
ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 35
_________________________________________________________AULAS 5º AN – 1º sem/2009 - Por: Dulcineia Moreira dos Santos

contra o meu inquilino (fulano de tal) ________________________________, a quem concedo, além dos
poderes da cláusula “ad judicia”, os poderes especiais para transigir, desistir, receber, dar quitação, e, inclusive,
substabelecer.
Cidade, data,
___________________________________
assinatura

Obs.: No caso de procuração outorgada a advogado não é necessário estabelecer o prazo de validade da
procuração, porque, tratando-se de mandato judicial, a destinação e finalidade da procuração, neste caso, já
limitam os poderes.
Art. 82 CPC – Hipóteses em que o Ministério Público tem que intervir na causa,
Art. 82. Compete ao Ministério Público intervir:
I - nas causas em que há interesses de incapazes;
II - nas causas concernentes ao estado da pessoa, pátrio poder, tutela, curatela, interdição, casamento,
declaração de ausência e disposições de última vontade;
III - nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse da terra rural e nas demais causas em que há interesse
público evidenciado pela natureza da lide ou qualidade da parte.

Em todos estes casos o MP tem que ser chamado ao processo – senão, Petição inepta por não
preencher os requisitos.
Tem que se colocar na Petição Inicial a solicitação de intimação do MP para a causa;
Ex.: Ações de família (paternidade), etc.

Exemplo de Petição Inicial – Portal da Faculdade e Erros identificados


Cível - Inicial Dissolução de Sociedade
Data de Promulgação: não disponível
EXCELENTÍSSIMO(A) JUIZ(ÍZA) DA ___ª VARA EMPRESARIAL DA COMARCA DE BELO HORIZONTE/MG.

FULANO DE TAL, (qualificação), domiciliado na rua ................, em Belo Horizonte/MG, CEP XXXXX-XXX, por seus
procuradores in fine assinados (doc. 1), vem, respeitosamente, propor :

AÇÃO DE DISSOLUÇÃO DE SOCIEDADE,

em face de COMÉRCIO DE PREGOS LTDA., pessoa jurídica de direito privado, com sede na rua ............................, em Belo
Horizonte/MG, CEP XXXXX-XXX, e BELTRANO DE TAL, (qualificação), domiciliado na rua ......................., em Belo
Horizonte/MG, CEP XXXXX-XXX, fazendo-o pelos fatos e fundamentos que passa a aduzir.

I – DOS FATOS

Conforme se vê do contrato social anexo (doc. 2), o Autor constituiu, em .../.../...., a sociedade limitada denominada
COMÉRCIO DE PREGOS LTDA., juntamente com o Sr. Beltrano de Tal.
O capital social de R$ 50.000,00, dividido em 50.000 (mil) quotas, no valor unitário de R$ 1,00 (um real), foi totalmente
integralizado pelos sócios, sendo dividido à proporção de 50% (cinqüenta por cento) a cada um.
Dessa forma, o Autor integralizou, no ato de constituição da sociedade, R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais), referentes às
quotas por ele subscritas.
A administração da sociedade coube, isoladamente, ao sócio Beltrano de Tal.
Após a constituição da sociedade, esta se mostrou incapaz de realizar seu objeto social e promover o auferimento de lucro ao
Autor, sempre chamado pelo sócio-administrador a efetuar novos aportes de capital, visando à manutenção da sociedade.
Mas, em nenhum momento, recebeu qualquer partilha de lucros.
Restou evidente que o capital social não era suficiente, o que, desde os tempos do vetusto Código Comercial , enseja a
dissolução da sociedade, por revelar a inexeqüibilidade do fim social.

Ante a falta de retorno financeiro, de geração de postos de trabalho, o Autor tentou retirar-se da sociedade amigavelmente, em
atenção à cláusula décima do contrato social, sem êxito, contudo (doc. 3).
Diante disso, o Autor diligenciou a notificação extrajudicial (doc. 4), recebida em .../.../...., cientificando previamente o outro
sócio de sua intenção de se retirar da sociedade, conferindo também o prazo de 30 (trinta) dias para que o sócio Beltrano de
Tal se manifestasse acerca do exercício do direito de preferência na aquisição das quotas do Autor, liberando-o, após, para
tomar as medidas que julgasse convenientes à defesa de seus direitos.
Sendo certo que os prazos se esgotaram, sem solução para o impasse, vez que o outro sócio não exerceu seu direito de
preferência e não houve interessados na aquisição das quotas do Autor, não restou alternativa senão a presente ação, vez que
irrefutável a divergência entre os sócios e a inexeqüibilidade do objeto social.

DO DIREITO

No tocante à sociedade limitada, sabe-se que o aspecto da affectio societatis é imprescindível, por ser considerada uma
sociedade de pessoas, constituída em função da qualidade pessoal dos sócios, na busca da realização do objeto social, em

ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 36


_________________________________________________________AULAS 5º AN – 1º sem/2009 - Por: Dulcineia Moreira dos Santos

prol do auferimento do lucro.


Apesar disso, da confiança depositada pelo Autor e da paciência ao longo desses mais de dois anos sem partilha de lucros, vê-
se que a sociedade não cumpriu seu objeto e seu fim, vez que não emprega ninguém, não realiza seu objeto social, nem gera
lucro.

Fato que corrobora o narrado e que evidencia a quebra da affectio societatis é a própria notificação do Autor, revelando toda
sua insatisfação e a vontade expressa de se desvincular da sociedade.

O Prof. Osmar Brina explica que “objeto da sociedade é a sua atividade fim. Seu fim é o lucro” . E a sociedade que se quer
dissolver não cumpre seu objeto, muito menos seu fim, vez que não está ativa efetivamente e não gera lucro.
Conclui-se, pois, ser oportuna a presente lide, visando à dissolução da sociedade, pois, como ensina Rubens Requião, “é
impossível a continuação da sociedade, por não poder preencher o intuito e o fim social” , sendo certo que, após isso, dever-
se-á seguir a apuração de haveres e reembolso dos valores devidos ao Autor, apurado em balanço especialmente levantado
na data da dissolução.

III – DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, o Autor requer a V. Exa. dignar-se de:


a) determinar a citação dos Réus, nos endereços fornecidos no limiar desta inicial, para, querendo, contestarem o presente
pedido, sob pena de revelia, nos termos do art. 656, § 2º, do CPC/39;
b) julgar procedentes os pedidos, declarando a dissolução da sociedade, determinando, ato contínuo, o início da apuração dos
haveres, visando à liquidação das quotas, mediante a nomeação de liquidante;
c) após apuração dos haveres, determinar o seu pagamento ao Autor, devidamente corrigidos, para que seja extinta a
sociedade;
d) condenar os Réus ao pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios no importe de 20% sobre o valor da
condenação.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, tais como documental, testemunhal, pericial e
depoimento pessoal do administrador da 1ª Ré.

Dá-se a causa o valor de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais).


Termos em que pede e espera deferimento.
Belo Horizonte/MG, .... de ................ de .......
Nome do advogado
OAB

Comentários sobre este exemplo de Petição Inicial:


1) Não menciona o número do CPF da parte. Se fosse pessoa jurídica, necessário o CNPJ.
2) Informar no início da Petição o tipo de procedimento:
“ Por esta ação ordinária, por esta ação sob procedimento sumário, " ...
3) Dos fatos. Causa Remota; Do Direito – causa próxima
4) Dizer a forma que pretende a citação. Em caso de omissão, será feita pela regra geral: correios;
5) Pedido imediato x mediato (liquidação, dissolução – é o bem da vida pretendido)
6) Não usar o termo “protesta”, que significa o mesmo que “requer”, pois remete ao termo protesta
usado no Direito empresarial, o que pode levar a confusão.

O professor sugere deixar uns 10 espaços em branco antes do início da Petição Inicial para que o
Juiz use em caso de antecipação de tutela, ou outras anotações.

Aula 06/03/09
UNIDADE III – O PROCEDIMENTO DE CONHECIMENTO NO CÓD. DE PROCESSO CIVIL
BRASILEIRO

2. A antecipação de tutela no Código de Processo Civil brasileiro


Trata-se de instrumento de grande aplicabilidade prática
Os arts. 273, 461 e 461-A, § 3º, têm que ser conhecidos pelo aluno.

Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida
no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e:
I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou
II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu.
§ 1o Na decisão que antecipar a tutela, o juiz indicará, de modo claro e preciso, as razões do seu convencimento.
§ 2o Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo de irreversibilidade do provimento
antecipado.

ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 37


_________________________________________________________AULAS 5º AN – 1º sem/2009 - Por: Dulcineia Moreira dos Santos

§ 3o A efetivação da tutela antecipada observará, no que couber e conforme sua natureza, as normas previstas
nos arts. 588 (revogado), 475-O, 461, §§ 4o e 5o, e 461-A.
§ 4o A tutela antecipada poderá ser revogada ou modificada a qualquer tempo, em decisão fundamentada.
§ 5o Concedida ou não a antecipação da tutela, prosseguirá o processo até final julgamento. § 6 o A tutela
antecipada também poderá ser concedida quando um ou mais dos pedidos cumulados, ou parcela deles, mostrar-
se incontroverso.
§ 7o Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de natureza cautelar, poderá o juiz, quando
presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida cautelar em caráter incidental do processo ajuizado.

Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a
tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado
prático equivalente ao do adimplemento.
§ 1o A obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor o requerer ou se impossível a tutela
específica ou a obtenção do resultado prático correspondente.
§ 2o A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa (art. 287).
§ 3o Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é
lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou mediante justificação prévia, citado o réu. A medida liminar poderá
ser revogada ou modificada, a qualquer tempo, em decisão fundamentada.
§ 4o O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária ao réu,
independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo
razoável para o cumprimento do preceito
§ 5o Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz, de ofício
ou a requerimento, determinar as medidas necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de atraso,
busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se
necessário com requisição de força policial.
§ 6o O juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a periodicidade da multa, caso verifique que se tornou
insuficiente ou excessiva.

Art. 461-A. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo
para o cumprimento da obrigação.
§ 1o Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gênero e quantidade, o credor a individualizará na petição
inicial, se lhe couber a escolha; cabendo ao devedor escolher, este a entregará individualizada, no prazo fixado
pelo juiz.
§ 2o Não cumprida a obrigação no prazo estabelecido, expedir-se-á em favor do credor mandado de busca e
apreensão ou de imissão na posse, conforme se tratar de coisa móvel ou imóvel.
§ 3o Aplica-se à ação prevista neste artigo o disposto nos §§ 1 o a 6o do art. 461.

Art. 475-O. A execução provisória da sentença far-se-á, no que couber, do mesmo modo que a definitiva,
observadas as seguintes normas:
I – corre por iniciativa, conta e responsabilidade do exeqüente, que se obriga, se a sentença for reformada, a
reparar os danos que o executado haja sofrido;
II – fica sem efeito, sobrevindo acórdão que modifique ou anule a sentença objeto da execução, restituindo-se as
partes ao estado anterior e liquidados eventuais prejuízos nos mesmos autos, por arbitramento;
III – o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem alienação de propriedade ou dos
quais possa resultar grave dano ao executado dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo
juiz e prestada nos próprios autos.
§ 1o No caso do inciso II do caput deste artigo, se a sentença provisória for modificada ou anulada apenas em
parte, somente nesta ficará sem efeito a execução.
§ 2o A caução a que se refere o inciso III do caput deste artigo poderá ser dispensada:
I – quando, nos casos de crédito de natureza alimentar ou decorrente de ato ilícito, até o limite de sessenta vezes
o valor do salário-mínimo, o exeqüente demonstrar situação de necessidade;
II – nos casos de execução provisória em que penda agravo de instrumento junto ao Supremo Tribunal Federal ou
ao Superior Tribunal de Justiça (art. 544), salvo quando da dispensa possa manifestamente resultar risco de grave
dano, de difícil ou incerta reparação.
§ 3o Ao requerer a execução provisória, o exeqüente instruirá a petição com cópias autenticadas das seguintes
peças do processo, podendo o advogado valer-se do disposto na parte final do art. 544, § 1 o:
I – sentença ou acórdão exeqüendo;
II – certidão de interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo;
III – procurações outorgadas pelas partes;
IV – decisão de habilitação, se for o caso;
V – facultativamente, outras peças processuais que o exeqüente considere necessárias.

2. A antecipação de tutela no Código de Processo Civil brasileiro


ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 38
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Considerações Iniciais sobre a Antecipação de Tutela:


1) Requerimento do autor + (e)
2) Existência de prova inequívoca de que decorra a verossimilhança da alegação + (e)
3) Possibilidade de reversão da decisão antecipada + (e)
a) Haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação (ou)
b) Haja abuso de defesa ou manifesto propósito protelatório do réu (ou)
c) Haja incontrovérsia de um ou mais pedidos ou de parte deles

Exemplo de aplicação da antecipação de tutela:


1) Há uma demora no procedimento judicial para se chegar à sentença, o que pode gerar a própria
ineficácia da pretensão buscada.
Ex.: Plano de saúde, paciente requer autorização para procedimento cirúrgico e internação, o plano de
saúde nega o pedido. A pessoa instaura um procedimento judicial para que seja acatado seu pedido
mas, se a sentença demorar a sair, a pessoa já estará morta pois a necessidade da cirurgia é de
urgência, imediata.

2) Satisfação antecipada do pedido – necessidade da decisão que, apesar de provisória, permita o


acesso ao direito, no plano fático, com efeitos práticos, antes mesmo de se proferir a sentença.
Neste caso, o procedimento vai continuar até que se profira a sentença, mas, no plano fático, o direito já
foi realizado, não precisou aguardar a sentença para se ter o direito.

Hoje não há limite máximo de prazo sobre a concessão e uso da tutela antecipada.
Os prazos dos processos, em média, em Minas Gerais, têm sido de:
No JEsp – aproximadamente 7 meses de prazo para se chegar à sentença;
No Sumário – aproximadamente 1 ano e 2 meses;
No Ordinário – aproximadamente de 3 a 4 anos para se chegar à sentença.

A antecipação de tutela pode ser requerida a qualquer tempo, mas normalmente já consta na própria
Petição Inicial.

Requisitos necessários para se obter a Antecipação de Tutela:


Os itens I, II e III têm que ser preenchidos de forma CUMULATIVA, sendo que os incisos A, B e C
do item III podem ou não aparecer, devendo, porém, ocorrer, ao menos, um deles.

I – O requerimento da Antecipação de Tutela tem que partir do Autor, (E)


O juiz não pode, de ofício, conceder antecipação de tutela.

II – Verossimilhança das alegações – “aparência de verdade” (Aristóteles) (E)


O autor deve provar que a narrativa pode ser verdade.
Prova inequívoca – não basta mera palavra, tem que provar o que está sendo dito.
Ex.: Inserir os documentos do plano de saúde, exames, a negativa dada pelo plano, etc.

* Fumus boni iuris – “fumaça do bom direito” – este termo é usado na medida cautelar e tem o mesmo
significado que a verossimilhança da antecipação de tutela. Evitar dizer “fumaça do bom direito” porque
o termo “fumaça” não condiz com a prática jurídica, gerando muitas criticas a quem o usa.

III – Demonstrar que a decisão de Antecipação de Tutela pode ser revertida posteriormente (E)
Possibilidade de se voltar ao “status quo ante”
Neste ponto há que se observar a fungibilidade ou não da tutela antecipada, ou seja:
Se uma cirurgia foi autorizada via antecipação de tutela, não há como se retornar ao estado anterior à
cirurgia, esta, porém, será convertida em patrimonial, em ressarcimento ao plano de saúde caso o
pedido do autor seja negado na sentença.
Já um patrimônio histórico, por sua infungibilidade, por seu caráter histórico, se derrubado, por exemplo,
não há como se retornar ao estado anterior e nem há valor patrimonial que substitua o caráter histórico
deste patrimônio.

III – Preenchidas as condições: a ou b ou c:


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a) Haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação (URGÊNCIA) (OU)


Este conceito é semelhante ao “Periculum in mora” da Ação Cautelar
Neste caso, o advogado deve ir diretamente ao magistrado e tratar com o mesmo.

b) Haja abuso do réu na defesa ou haja característico propósito protelatório pela defesa
Neste caso a defesa demonstra apenas a intenção de querer ganhar tempo.

Obs.: Este item tem que ser cuidadosamente avaliado, pois:


Se a CF/88 garante a ampla defesa ao acusado, como pode o mesmo abusar ao usar seu direito de
defesa? Se a defesa atua dentro dos prazos e formas legais, como pode estar protelando o processo?
Ou seja, enquanto o réu usar de prazos e técnicas legais, não pode ser tido como abuso da defesa ou
protelatório, apenas há que se dizer que está a exercer regularmente o seu direito.
Já no caso de condenação do réu por litigância de má-fé, art. 17 CPC, há a possibilidade de se lançar
desta condenação para provar que exista um abuso da defesa.
A litigância de má-fé precisa ser sentenciada pelo juiz durante o processo para que possa ser usada
como prova de abuso pela defesa. Esta sentença é uma sentença declaratória e também condenatória,
pois se aplica ao litigante de má-fé multa indenizatória.

Art. 17. Reputa-se litigante de má-fé aquele que:


I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso;
II - alterar a verdade dos fatos;
III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;
IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo;
V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo;
Vl - provocar incidentes manifestamente infundados.
VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.

Art. 18. O juiz ou tribunal, de ofício ou a requerimento, condenará o litigante de má-fé a pagar multa não
excedente a um por cento sobre o valor da causa e a indenizar a parte contrária dos prejuízos que esta sofreu,
mais os honorários advocatícios e todas as despesas que efetuou.
§ 1o Quando forem dois ou mais os litigantes de má-fé, o juiz condenará cada um na proporção do seu respectivo
interesse na causa, ou solidariamente aqueles que se coligaram para lesar a parte contrária.
§ 2o O valor da indenização será desde logo fixado pelo juiz, em quantia não superior a 20% (vinte por cento)
sobre o valor da causa, ou liquidado por arbitramento.

c) Demonstrar a incontrovérsia de 1 ou mais pedidos ou de parte deles


Somente com a resposta do réu, ou seja, na Contestação, é que será possível verificar se há ou não
controvérsia dos pedidos. Se o réu não contrapor o pedido do autor, não há controvérsia (pode haver a
confissão do réu ou a omissão, que levarão à incontrovérsia).
Ainda que os documentos anexados pelo autor inequivocamente comprovem os fatos alegados, tem
que se esperar a resposta do réu, pois os documentos apresentados podem ser falsos.
Ex. dado pelo professor: Cliente que sofreu processo de execução on-line, tendo sua conta bloqueada.
Decisão do juiz baseada em documento falso – contrato falso, apresentado pelo réu, sem a devida
oitiva do autor.

Obs.: ASSUNTOS (SUGESTÕES) PARA MONOGRAFIA:


1) A inconstitucionalidade da execução on-line sem se dar a oportunidade de oitiva do réu.
2) Eu: O Sistema PROJUD x o Descumprimento do Princípio da Publicidade e dos Prazos Legais
3) A Fungibilidade entre a Antecipação de Tutela e a Tutela Cautelar

§ 7o Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de natureza cautelar, poderá o juiz, quando
presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida cautelar em caráter incidental do processo ajuizado.
> O correto seria a inépcia da inicial.

Requisitos da Antecipação de Tutela nas Obrigações de Fazer


Também deve preencher os requisitos dos itens I e II e III do art. 273 e ainda:

a) Demonstrar que o pedido é relevante (art. 461-A) = verossimilhança do art. 273


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b) Demonstrar a ineficácia da sentença posterior (art. 461) = art. 273, III, a

Considerações:
 A antecipação de tutela pode ser requerida a qualquer tempo e grau de jurisdição, ou seja, até
no recurso pode constar um requerimento de antecipação de tutela.
 Pode a antecipação de tutela também ser revogada a qualquer tempo.
 A modificação e a revogação da tutela antecipada podem ocorrer a qualquer tempo.
 Há uma discricionariedade do Juiz na análise dos requisitos para a concessão ou não da
antecipação de tutela.
 A antecipação de tutela é admitida tanto no procedimento ordinário, quanto sumário, quanto
sumaríssimo.
§ 3º, art.273 – CPC – A efetivação da tutela antecipada deve observar:
§ 3o A efetivação da tutela antecipada observará, no que couber e conforme sua natureza, as normas previstas
nos arts. 588 (revogado), 475-O, 461, §§ 4o e 5o, e 461-A.

Art. 475 – O – Tutela antecipada em Obrigação de Pagar:


 Nas execuções de obrigação de pagar, se quiser tutela antecipada, tem que se apresentar caução (o
autor), pela irreversibilidade do pagamento.
 Art. 461 – O juiz pode aplicar astreinte ao descumprimento de antecipação de tutela pelo réu:
Multa diária para constranger o devedor a cumprir a tutela antecipada.
Pode levar a crime de desobediência – descumprimento de decisão judicial.

A Fungibilidade entre a Antecipação de Tutela e a Tutela Cautelar


§ 7o Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de natureza cautelar, poderá o juiz, quando
presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida cautelar em caráter incidental do processo ajuizado.

 O correto seria a inépcia da inicial, pela diferença dos dois instrumentos.


 Há uma resistência quanto à forma que esta fungibilidade é tratada pelo CPC.
 O § 3º, 273, ao pedir uma antecipação de tutela visando a satisfação de um pedido e o Juiz lhe
aplica uma tutela cautelar dando-lhe um asseguramento do pedido, há controvérsia do que foi
pedido.
 O autor que pede uma antecipação de tutela tendo na verdade direito a uma tutela cautelar e o
juiz, embora o pedido seja divergente, dê ao autor a tutela cautelar, o juiz está, neste ponto,
corrigindo uma falha do autor da ação, decidindo além do que foi pedido, deixando de ser
imparcial.
Ex. 1) Ação de alimentos – o autor pede tutela antecipada, querendo a satisfação antecipada do pedido,
qual seja, antecipação do direito de recebimento (início) da pensão alimentícia.
Ex. 2) Separação judicial de um casal com certa animosidade e discutem a partilha de bens. A mulher
chama o marido de cachorro, diz que vai quebrar o microondas que a princípio ficaria com ele. O marido
contrata um advogado e diz ao mesmo que precisa de uma decisão cautelar visando o asseguramento
de que, quando ocorrer a partilha, o microondas será seu. O autor aqui quer ter a certeza de que,
quando a decisão for proferida, ele obterá a efetividade na decisão.
 Muitos advogados hoje pedem errado: pedem tutela cautelar quando deveria ser tutela
antecipada e vice-versa.

Equívocos permitidos a partir do § 3º, 273 – CPC:

1) Se você pede algo na Petição inicial e recebe outra coisa pela decisão do juiz, há uma sentença
“extra petita”, além do que foi pedido. O Juiz tem que se ater ao que foi pedido, este é o correto, senão
haverá o desrespeito ao Princípio da Congruência.

O princípio da correlação ou da congruência consiste naquele que informa o sistema processual de que a
sentença deve estar estritamente relacionada ao pedido pela parte, não podendo o magistrado proferir um
julgado sem uma efetiva "ponte" com o pedido. Parece até óbvio a existência de tal norma principiológica; ao
autor será entregue aquilo que é objeto de sua pretensão, pela concessão e reconhecimento do órgão
jurisdicional.

ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 41


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2) O Juiz, ao decidir pela tutela cautelar quando na verdade o que foi pedido foi a tutela antecipada,
sem ao menos ouvir o autor e o réu, está violando o princípio do Contraditório.

Contraditório nada mais é do que o conjunto de atividades desenvolvidas pelos sujeitos do processo,
reveladoras da existência de diálogo efetivo entre eles, visando à correta formação do provimento
jurisdicional. A participação das partes é fundamental para conferir legitimidade à tutela, pois significa que a
elas foi assegurado o poder de influir no convencimento do juiz.

3) O procedimento necessário para a obtenção da Tutela Cautelar exigido documento separado da


Petição Inicial. Já em caso de Antecipação de Tutela, esta pode ser requerida no próprio pedido da
Petição Inicial, o que leva à incongruência das formas de uso destes instrumentos.

Diferenças entre Antecipação de Tutela e Tutela Cautelar


ANTECIPAÇÃO DE TUTELA TUTELA CAUTELAR
Visa a satisfação antecipada do pedido Visa o asseguramento do pedido
È uma espécie do gênero da Tutela de É outra espécie da Tutela de urgência
urgência Requer outro documento, não pode ser na
Pode ser feita na própria petição inicial Petição Inicial.

( ) Matéria retirada da Internet :

A TUTELA ESPECÍFICA COMO MEIO DE EFICÁCIA PROCESSUAL.

A demora na prestação jurisdicional se constitui em um verdadeiro óbice a efetivação da


justiça, juntamente com a prestação imperfeita, a qual veio ser atenuada com a previsão da tutela
específica.
O instrumento do direito, que é o processo, só atingirá o seu desiderato de justiça, quando
o cidadão constatar que seus conflitos efetivamente estão sendo solucionados, tendo em vista que, em
nome da paz social, estes mesmos cidadãos conferiram ao Estado o poder-dever de dirimi-los.
A adoção da Tutela Específica gerada na Reforma Processual de 1994 veio a suprir, em
parte, a deficiência da ineficácia jurisdicional, à proporção que busca dar ao cidadão aquilo e somente
aquilo que lhe é devido, tirando o direito do plano genérico-abstrato da norma e inserindo-o
especificadamente ao caso concreto, garantindo-lhe a mesma coisa que seria obtida pelo adimplemento
voluntário, enfatizando o cunho da substitutividade processual em função do cumprimento da obrigação
in natura. Assim, assegura a prestação judicial em sua integralidade e não apenas parte dela, que seria
prestada em caso de conversão pecuniária de perdas e danos.

A NOVA TENDÊNCIA DA SENTENÇA AUTO-EXECUTÁVEL EM RELAÇÃO À TUTELA


ESPECÍFICA

A nova tendência processual visa desburocratizar o processo para que se atinjam resultados
mais céleres, menos dispendiosos e mais efetivos, para tanto, muitas vezes, buscam-se as chamadas Ações
Executivas lato senso, que contém sentenças auto-executáveis, não obstante sejam provenientes de
processos de conhecimento de natureza condenatória.
As sentenças auto-executáveis consistem em sentenças condenatórias que, no próprio bojo da
ação de conhecimento, fazem emergir um comando executório, poupando a parte do trabalho de ingressar
em juízo duas vezes, pois, a um só tempo, há uma mescla de processo de conhecimento e executivo em
uma perfeita sincronia de economia processual e instrumentalidade das formas.
Exemplos clássicos desse tipo de sentença são as ações possessórias e a ação de despejo. Em
relação ao tema tratado, que é a tutela específica, a força inovadora do artigo 461 do CPC está em garantir
o efeito auto-executório ao próprio contrato da obrigação de fazer ou não fazer e não só quando tais
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obrigações forem provenientes de sentenças judiciais.


É bem verdade que o artigo 632 do CPC ao tratar das obrigações de fazer e não fazer
determina, desde logo, o seu cumprimento, sendo que tal artigo se utiliza da seguinte expressão: “ o

devedor será citado para cumprir o julgado...”. Fazendo com que a jurisprudência relutasse em aplicá-la
aos contratos diretamente, exigindo que o credor, apesar de munido com o contrato, tivesse que primeiro
obter a sentença condenatória para, só então, se valer da execução, consistindo em um entrave a
efetividade jurisdicional.

Tal entendimento, hoje superado, em virtude da inovação tratada, está bem retratado no
seguinte julgado do desembargador Leão Neto do Carmo 1
“ O interessado na obtenção do contrato definitivo não pode executar
diretamente o instrumento dele como se fora título executivo extra judicial.
Deve, primeiramente, obter sentença em processo de conhecimento.”
Com o advento do artigo 461 do CPC, que sabiamente está inserido na parte do Código que
trata da sentença, o julgador auto-executa a tutela específica ou o seu resultado prático equivalente a partir
do próprio contrato, em caso de pedido condenatório, independentemente de prévia sentença judicial e
posterior processo executivo, mesmo não figurando o contrato na restrita relação dos títulos
extrajudiciais.
Ovídio Batista da Silva entende que a ação tratada no artigo 461 do CPC tem natureza
executiva2, ao contrário da maioria dos doutrinadores que a consideram ação condenatória com a
peculiaridade de ter efeitos auto-executáveis, os quais garantem maior efetividade, fugindo do tradicional
processo de conhecimento, pois em uma só ação há um misto de condenação e execução.
É de bom alvitre ressaltar que o artigo em comento não revogou o artigo 645 e seguintes do
CPC, pois estes dizem respeito ao tradicional processo de execução das obrigações de fazer e não fazer,
tendo por objeto títulos extra judiciais ou sentenças condenatórias com trânsito em julgado, ao passo que
o objeto da ação prevista no artigo 461 do CPC são contratos, para que, a partir deles, na própria sentença
condenatória, surtam efeitos executivos latu senso, de modo a satisfazer coativamente o objetivo
pleiteado independentemente de posterior processo de execução. De modo que mesmo em vigor, o artigo
645 do CPC teve seu conteúdo mais esvaziado, por se ter a possibilidade de obter a execução próprio bojo
do processo de conhecimento, que abandonando a linha tradicional de oferecer tão somente a sentença de
mérito, além de garanti-la também põe em prática a sua determinação, assegurando mais do que nunca a
instrumentalidade processual.

INCIDÊNCIA DA TUTELA ESPECÍFICA NAS OBRIGAÇÕES DE FAZER E NÃO FAZER

As obrigações nascem do acordo de vontade, do ato ilícito ou da declaração unilateral de


vontade e o seu modo natural de extinção é o adimplemento, que é o ato pelo qual o devedor cumpre
voluntariamente a prestação estabelecida e com isso é liberado do vínculo obrigacional que travara
anteriormente.
Acontece, que em alguns casos, o adimplemento voluntário não ocorre, o devedor
simplesmente se nega a prestá-lo, fazendo surgir para o Estado Juiz, por intermédio da demanda proposta
pelo credor contratual, o dever de compelir o devedor ao pagamento, por força do poder coercitivo que
lhe é inerente.
As obrigações de fazer tanto podem ser positivas, no caso em que a prestação do devedor
consiste em fazer algo em benefício do credor, como também podem ser de caráter negativo, tendo o
devedor que se abster de efetuá-la, abrangendo-se também os atos de permissão ou tolerância.
As obrigações de fazer positiva se subdividem em fungíveis ou infungíveis. As primeiras são
aquelas em que a obligatio faciendi podem ser executadas tanto pelo devedor como por terceira pessoa,
são de cunho substituíveis em relação ao sujeito que irá levá-las a cabo, as infungíveis, ao contrário,

1 RT 583/211
2 SILVA, Ovídio Batista da. Curso de Processo Civil. São Paulo: RT, 2000, v. I. 388p.
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compreendem as intuito personae, que ficam na dependência das aptidões inerentes ao devedor, sendo
insubstituíveis. Tendo-se como exemplo da primeira a construção de um muro e da segunda a escultura de
um artista famoso.

Como sabemos, toda responsabilidade civil, em regra, é real, por mais que diga respeito a
obrigações pessoais, isso porque a pessoa do devedor não poderá ser atingida para o pagamento de suas
dívidas, a menos nos excepcionais casos de prisão civil por dívidas previstos estritamente na Constituição
Federal. Em função disto, o Estado fica impossibilitado de penetrar na autonomia da vontade do devedor
e de obrigá-lo através da força física a cumprir o que lhe cabe. Esta exegese dificulta muito para o Estado
executar especificamente as obrigações de fazer infungíveis, mas não o impossibilita, pois na ótica de
Candido Rangel Dinamarco, a interpretação dada ao artigo 461 do CPC deverá ser a mais ampla
possível3.
Considera-se escorreito o posicionamento que, na busca da efetividade processual, interpreta
extensivamente o instituto da tutela específica, abarcando não só as obrigações fungíveis como também as
infungíveis.
Valendo ressaltar que em casos de obrigações infungíveis não se pode considerar a
regulamentação legal em sua integralidade, tendo em vista a natureza insubstituível da prestação, como
por exemplo, não se vislumbra a possibilidade de aplicação “do resultado prático equivalente” expresso,
de modo subsidiário, no artigo 461 do CPC. Até porque, como por exemplo, no caso de Picasso, caso
ainda fosse vivo, tivesse se comprometido a pintar um quadro e injustificadamente se recusasse a fazê-lo,
qual seria o resultado prático equivalente? Será que a contratação de outro artista famoso, as suas
expensas, iria suprir as expectativas do credor a ponto de corresponder ao resultado prático equivalente?
Ao meu entender, nestes casos seria incabível a solução legal subsidiária, de modo a ser possível tão
somente o meio coercitivo da imposição da multa por dia de atraso de modo a desestimulá-lo ao
inadimplemento, e, em caso de relutância, a conversão em perdas e danos seria inevitável tendo em vista
o cunho insubstituível da prestação.
Já a imposição das astreintes, conforme mencionado, seria cabível tanto nas obrigações
fungíveis como infungíveis das obrigações de fazer e não fazer.
A multa referida tem origem francesa e traduzida para o português significa constrição, tendo
como finalidade compelir o devedor ao adimplemento, já que quanto mais atrasar maior será o valor da
multa, porque ela deverá ser estabelecida por dia de atraso.
Valendo-se ressaltar que o objetivo visado é o cumprimento da obrigação dentro do prazo
estabelecido pelo juiz e não o pagamento da multa, este só será devido na ocorrência de atraso ou de não
pagamento. Fazendo-se uma comparação com o devedor inadimplente nas obrigações alimentícias, poder-
se-ia afirmar que o intuito coercitivo da prisão é o mesmo existente na cominação de multa por dia de
atraso nas obrigações de fazer, de modo que o inadimplente em prestação alimentícia ao pagar a
obrigação será posto em liberdade, do mesmo modo que a astreinte não mais incidirá quando o devedor
cumprir a obrigação de fazer que lhe cabe, devendo ser pago o valor da multa referente apenas aos dias de
atraso.
Na designação de Liebman o termo astreinte significa o seguinte4:
“a condenação pecuniária proferida em razão de tanto por dia de
atraso(ou qualquer outra unidade de tempo, conforme as circunstâncias),
destinada a obter do devedor o cumprimento de obrigação de fazer pela
ameaça de uma pena suscetível de aumentar indefinidamente. Caracteriza-
se astreinte pelo exagero da quantia em que se faz a condenação que não
corresponde ao prejuízo real causado ao credor pelo inadimplemento, nem
depende da existência de tal prejuízo. É antes uma pena por caráter
cominatório para o caso em que o obrigado não cumprir a obrigação no
prazo fixado pelo juiz.”
No nosso sistema, o valor da multa poderá ser cumulado com perdas e danos, isto porque a
3 DINAMARCO, Cândido Rangel. A Reforma no Código de Processo Civil. São Paulo: Malheiros editora LTDA, 1998, 2ª
edição. 288p.
4 LIEBMAN, Enrico Túllio. Manual de Direito Processual Civil. Rio de Janeiro: Editora Forense,1985, 2ª edição. 376p.
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natureza coercitiva da multa, difere da natureza jurídica das perdas e danos que é compensatória, podendo
ambas coexistir; da mesma forma que também será devida em caso de mora no adimplemento, ocasião

que além do cumprimento da obrigação de fazer o devedor retardatário, cumulativamente, também deverá
pagar a multa pelos dias que atrasar.
Mas, caso não seja alcançada a finalidade de forçar o devedor relutante ao pagamento
coercitivo, a conversão será inevitável, não podendo a multa incidir infinitamente ao talante do credor,
que poderia se valer do inadimplemento como fonte de enriquecimento sem causa, de modo que nesse
caso, o juiz poderá, inclusive, reduzir o seu valor, da mesma forma que poderá diminuí-lo caso considere
exorbitante o fixado no contrato; tendo também poderes de fixá-las ex oficio, na ocasião das partes
contratantes não as ter previsto.
Concluindo-se que o instituto em comento valerá tanto para obrigações de fazer fungíveis
como infungíveis, sendo que neste ultimo caso, dever-se-á atentar para suas peculiaridades que não
permitem a incidência de todas as soluções previstas na lei, não obstante devam-se aplicar os meios com
elas inerentes para uma maior eficácia processual.

4. ANÁLISE DO INSTITUTO NO CPC

O instituto da tutela específica, nada mais é do que o resgate finalístico do processo de fazer
atuar o que a norma material estabelece, de modo a respeitar ao máximo o direito do credor,
proporcionando-lhe a efetivação da obrigação que lhe é devida, do mesmo modo que ela seria obtida se
não fosse necessário recorrer às vias judiciais. Sendo o modo mais eficaz do Estado substituir o
inadimplemento do devedor recalcitrante e satisfazer o direito do credor
A tutela in natura é a busca de praticar os ensinamentos de Chiovenda que afirmou a meta
processual com as seguintes palavras5:
“o processo deve dar, enquanto praticamente possível, a quem tem um
direito, tudo aquilo e precisamente aquilo que ele tem direito de
conseguir, isto é, o optimum da funcionalidade da execução consiste no
assegurar ao titular do direito o mesmo bem que ele teria conseguido se
inexistisse o fato antijurídico cuja remoção postula.”
É justamente com este intuito, que a reforma editou nova redação ao artigo 461 do CPC,
determinando que, em regra, em primeiro lugar, deve-se conceder a tutela de forma específica, em
segundo lugar, de forma subsidiária, em casos de obrigações substituíveis, o resultado prático equivalente
deverá ser perseguido e, tão somente, em casos excepcionais, quando não for possível nenhuma das
opções anteriores é que se converterá em perdas e danos, bem como quando este for o desejo do autor.
Para conseguir a efetivação da tutela específica o julgador é aparelhado por diversos
instrumentos, dentre eles as astreintes, já comentadas anteriormente, que deverão compelir o devedor ao
adimplemento; caso este método não surta efeitos, o juiz poderá buscar o resultado prático equivalente,
em relação às obrigações substituíveis, para tanto o parágrafo quinto do artigo 461 do CPC elenca, em
caráter exemplificativo, um rol de medidas cautelares, que poderão ser concedidas tanto de ofício como
atendendo ao pedido da parte, consistentes em busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas,
desfazimento de obras, impedimento de atividades nocivas e até reforço policial, além de outras, que
diante da impossibilidade de previsão de todas as necessidades fáticas, o legislador deixou ao talante do
juiz tendo em vista os reclamos do momento. De forma que a conversão em perdas e danos só deverá vir
à tona depois de tentados todos esses instrumentos legais, além da possibilidade de antecipação de tutela,
que será tratada posteriormente.
A determinação legal é mais do que justa, porque, na prática, percebia-se como regra a
conversão em perdas e danos, com o conseqüente processo de execução por quantia certa que lhe é
inerente, juntamente com todos os seus entraves, como a penhora, arrematação, embargos e muitos outros
obstáculos ao pagamento opostos pelo devedor no curso processual, e como se não bastasse, no final da
ação, mesmo com ganho de causa, o valor atribuído não correspondia, diante da economia instável em
5 APUD: DANTAS, Francisco Wildo Lacerda. “A execução específica e os interesses metaindividuais”. Revista dos
Tribunais. 1995. n.º 712. p. 25-32.
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que vivemos, nem a metade do que realmente era devido. Isto, sem se falar no fato de que quando uma

pessoa contrata uma obrigação específica, ela está interessada na execução dessa determinada prestação e
não no seu correspondente valor em pecúnia, a satisfação está intimamente relacionada com a execução
in natura. E a função jurisdicional nada mais é do que a forma de se obter o que se tem direito e não se
alcançou espontaneamente.
O parágrafo terceiro do artigo 461 do CPC autoriza a emissão de mandado para execução
específica e provisória da tutela de mérito ou de seus efeitos, consistindo tal determinação em medida
antecipatória da tutela em relação às obrigações de fazer e não fazer, regulamentada de modo diferenciado
em relação aos demais tipos de obrigações, que estão abarcadas genericamente no artigo 273 do CPC.
Para a concessão de tutela antecipada na tutela específica, fazem-se necessários dois
requisitos a saber: o relevante fundamento da demanda, que é o “ fumus boni juris” e a existência de
justificável receio de ineficácia do provimento final, no caso o “ periculum in mora”. Ao se comparar com
os requisitos encartados no artigo 273 do CPC, facilmente se percebe que a lei não foi tão exigente ao
possibilitar a antecipação de tutela nas obrigações de fazer como o foi ao prevê-la para as demais
obrigações, pois para estas, além dos dois requisitos já explicitados, exigem-se também a prova
inequívoca, o convencimento do juiz a cerca da verossimilhança da alegação e o abuso do direito de
defesa do réu (de modo alternativo com o periculum in mora). A finalidade de facilitar a medida
antecipatória da tutela em relação às obrigações de fazer tem como justificativa o fato do perigo da
demora ser, na grande maioria dos casos de obrigação de fazer, um obstáculo irremediável a efetivação do
que realmente é devido, podendo o objeto da prestação perecer ou tomar outro rumo que dificulte a
obtenção da justiça, de forma que o legislador teve por bem fazer menos exigências para a concessão de
antecipação de tutela específica.
A concessão da medida antecipatória poderá ser inaldita altera parte ou, caso o juiz entenda
necessário, depois de verificada a justificação prévia. Em caso de concessão inaldita altera parte existe
uma postergação ao direito do réu de contraditar e de se defender, a qual deverá ser concedida quando a
urgência for de tal ordem que não se possa esperar a citação e resposta do réu ou quando a citação possa
tornar ineficaz a medida.
A execução stricto sensu da decisão antecipatória da tutela específica deverá ser imediata. Em
caso de improcedência do pedido e conseqüente modificação da medida concedida, dever-se-á, em
primeiro lugar, tentar a restituição das coisas ao estado quo ante, para, só então, resolver-se em perdas e
danos. Isto porque a prestação in natura deverá ser perseguida em qualquer direção, seja em favor do
autor, seja em favor do réu. Da mesma forma, caso haja modificação no panorama fático ensejador da
medida, a mesma poderá ser revogada, tendo em vista ser regida pela máxima rebus sic stantibus, de
modo que só continuará a existir enquanto houver motivo que a respalde.

CONCLUSÃO

Com a breve explanação a respeito desse novo instituto podemos perceber que o juiz está bem
mais equipado para proporcionar ao titular do direito o gozo daquilo que realmente lhe é devido, tendo
em vista inúmeros benefícios trazidos pela Tutela Específica, tais como:
celeridade, pela simplificação do seu procedimento e pela sentença auto-executável, sem a necessidade
do processo de execução por quantia certa com todos os seus entraves;
 maior justiça, tendo em vista a prestação jurisdicional completa, por garantir a parte aquilo e somente
aquilo que ela tem direito, tal qual seria prestado no adimplemento direto e voluntário;
 menos dispendioso, por gastar menos tempo, menos atos processuais, utilizando-se de um único
processo que por si só definirá o direito e o colocará em prática
 enaltece os princípios da economia processual e da instrumentalidade das formas, assegurando
efetividade.
A boa atuação do direito será atingida quando conseguirmos explorar ao máximo a
instrumentalidade do processo, de modo a tirar a lei do plano abstrato e inseri-la aos fatos ocorridos no
cotidiano da sociedade, já que o direito é, acima de tudo, vida em evolução, que deve corresponder aos
clamores da sociedade. Sendo a Tutela específica uma forma de atingir este desiderato por garantir a parte
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o que lhe cabe, de forma integral.

BIBLIOGRAFIA

DANTAS, Francisco Wildo Lacerda. “A execução específica e os interesses metaindividuais”. Revista


dos Tribunais, ano 1995, nº 712, p. 25-32.
DINAMARCO, Cândido Rangel. A Reforma do Código de Processo Civil. São Paulo-SP: Malheiros
editora LTDA, 1998, 2ª edição.
GRINOVER, Ada Pellegrini e outros. Teoria Geral do Processo. São Paulo-SP: . Malheiros editora Ltda,
1994, 10ª edição.
LIEBMAN, Enrico Túllio. Manual de direito processual civil. Rio de Janeiro: Ed. Forense, 1985, vol I, 2ª
edição.
NERY JÚNIOR, Nelson e outros. Código de Processo Civil comentado. São Paulo-SP: Revista dos
Tribunais, 2001, 5ª edição.
SANTOS, Antônio Jeová da Silva. A tutela antecipada e execução específica. Campinas-SP: Copola
Livros..
SILVA, Ovídio Batista da. Curso de Processo Civil. São Paulo-SP: Revista dos Tribunais, 2000, vol. I.
WANBIER, Luiz Rodrigues e outros. Curso Avançado de Processo Civil. São Paulo-SP: Revista dos
Tribunais, 2000, vol. I, 3ª edição.

Aula 11/03/09

3. O “despacho” inicial ou liminar

Distribuição da Petição Inicial


 Exigência
 Princípios regentes e observância
 Espécies de Distribuição

Atitudes do Juízo em Face da Petição Inicial


 Emenda da Petição Inicial
 Indeferimento da Petição Inicial
 Julgamento, de plano, do pedido pela improcedência

A partir da propositura da ação é que se obterão efeitos jurídicos no campo fático.

A Petição inicial pode ser levada a Juízo por 2 atos:


 Ou por distribuição – art. 251, CPC
 Ou por despacho do juiz

A distribuição da Petição inicial será necessária (e, consequentemente, obrigatória) somente


quando existir mais de 1 juízo (mais de 1 órgão jurisdicional).

CAPÍTULO VI
DE OUTROS ATOS PROCESSUAIS

Seção I - Da Distribuição e do Registro

Art. 251. Todos os processos estão sujeitos a registro, devendo ser distribuídos onde houver mais de um juiz ou
mais de um escrivão.

A distribuição da petição inicial é orientada por 3 princípios:


I – Princípio da Alternatividade (alternar órgãos para que o princípio da Igualdade seja observado);
II – Princípio da Publicidade
III – Princípio da Igualdade

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Em regra, a distribuição é regida por estes 3 princípios.


Princípio da Igualdade – não seria adequado um órgão sobrecarregado de procedimentos em trâmite
e outro órgão sem qualquer procedimento em trâmite.
Distribuição por dependência – duas ou mais petições iniciais distribuídas a um mesmo órgão.
Princípio da Publicidade – possibilidade de fiscalizar a distribuição; direito de comparecer ao setor de
distribuição e verificar se ocorreu a distribuição com base nos 2 princípios (alternatividade e igualdade).
Com a informatização dos procedimentos, ficou mais difícil burlar estes princípios que regem a
distribuição da PI.
É dever do magistrado velar pela manutenção dos 3 princípios e, uma vez não observados os mesmos,
pode o juiz, de ofício, determinar a correção.
O autor pode também levar ao Juiz a inobservância aos 3 princípios.

Quando você for fazer a distribuição deve:


Observar o “PREPARO” – preparo é o pagamento das custas processuais, baseado e
considerando o valor da causa;
O CPC informa que o autor tem 30 dias para preparar a ação (pagar o valor das custas – art. 257) e
comprovar nos autos este pagamento.
Em MG, este artigo não vem sendo cumprido – na hora da distribuição, o autor já tem que comprovar o
“preparo”, que pagou as custas iniciais (não aplicabilidade fática do art. 257 CPC).

( ) O prof. Perguntou a um magistrado de MG sob qual argumento não se cumpria o art. 257 do CPC e
a resposta foi: “ O CPC pode dizer o que quiser, quem manda aqui somos nós.
( ) Ato inconstitucional, visto que a CF prediz que somente lei federal pode legislar sobre norma
processual (CF – art. 22, I), não sendo válido os regulamentos internos dos tribunais.

CPC
Art. 257. Será cancelada a distribuição do feito que, em 30 (trinta) dias, não for preparado no cartório em que deu
entrada.

CF/88
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;

Sugestão do prof.: Na prática, você deve juntar mais uma folha em branco na última página da petição
inicial e colar a guia paga, comprovando o “preparo” da ação.

Art. 254 CPC – Deve-se juntar a procuração (dada ao advogado – mandato) na Petição Inicial.

São 3 as hipóteses em que a Procuração (instrumento do mandato) não precisa ser anexada aos
autos da PI, conforme o art. 254.

Art. 254. É defeso distribuir a petição não acompanhada do instrumento do mandato, salvo:
I - se o requerente postular em causa própria;
II - se a procuração estiver junta aos autos principais;
III - no caso previsto no art. 37.

Art. 37. Sem instrumento de mandato, o advogado não será admitido a procurar em juízo. Poderá, todavia, em
nome da parte, intentar ação, a fim de evitar decadência ou prescrição, bem como intervir, no processo, para
praticar atos reputados urgentes. Nestes casos, o advogado se obrigará, independentemente de caução, a
exibir o instrumento de mandato no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogáveis até outros 15 (quinze), por
despacho do juiz.

Espécies de Distribuição:

Em regra: AUTÔNOMA
Ex.:
“ Exmo. Juiz _________________________, da Vara ________, de Belo Horizonte.”
(Aqui não se sabe quem é o Juiz e nem qual a Vara será distribuída.)

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Por Dependência – neste caso já se tem notícia de qual é o órgão jurisdicional que está responsável
na distribuição da Petição inicial.
Ex.: ”Exmo. Juiz da 10ª. Vara de Família de Belo Horizonte.”

Na Petição Inicial, mencionar a distribuição por dependência aos autos nº X (antes da qualificação do
autor, réu, etc.). Os autos distribuídos por dependência são amarrados (corda), “apensados” aos autos
principais. A distribuição por dependência requer o apensamento dos autos atuais com os que já se
encerraram ou que estão em tramitação.
Lei 11.419 – determinou a informatização do procedimento judicial. O programa judicial (PROJUD) tem
links para os procedimentos em apenso. Tal lei demanda aprofundamento de estudos, pois tal
informatização, da forma em que se encontra, tem gerado problemas no acesso à informação,
prejudicando o princípio da publicidade.
Via eletrônica, os arquivamentos de armas e outras provas se dão de forma específica, constando,
porém, certidão eletrônica com referência a tais provas.

Todas as hipóteses que não se encaixam nas 3 situações da distribuição por dependência, serão
distribuições autônomas.

Art. 253 – Distribuição por dependência

Art. 253. Distribuir-se-ão por dependência as causas de qualquer natureza:

I - quando se relacionarem, por conexão ou continência, com outra já ajuizada;

II - quando, tendo sido extinto o processo, sem julgamento de mérito, for reiterado o pedido, ainda que em
litisconsórcio com outros autores ou que sejam parcialmente alterados os réus da demanda;
Este inciso visa evitar que o advogado leve a Petição Inicial à distribuição, tome conhecimento para onde foi
distribuído seu procedimento e desiste, interessadamente em alterar o juízo, do procedimento, por saber o
posicionamento do juízo sobre determinado assunto.
Alguns advogados levavam até 2 Petições Iniciais, a primeira, se cair em juízo contrário ao seu interesse, desistia
da ação.

Com este inciso, agora, se a PI for distribuída e por qualquer motivo for extinto o procedimento, a 2ª Petição inicial
(ou próxima) será distribuída por dependência para o juízo anterior (da 1ª distribuição feita). Com esta
modificação, feita em 2006, ficou mais difícil burlar a distribuição.

III - quando houver ajuizamento de ações idênticas, ao juízo prevento;

NÃO SE TRATA AQUI DE LITISPENDÊNCIA, o que seria um pressuposto negativo da ação. O CPC se equivocou
com o uso da terminologia, as ações idênticas a que o CPC se refere neste artigo são aquelas com PEDIDO
IDÊNTICO.

Parágrafo único. Havendo reconvenção ou intervenção de terceiro, o juiz, de ofício, mandará proceder à
respectiva anotação pelo distribuidor.

DISCUSSÃO PARA PÓS-GRADUAÇÃO:

Não seria a distribuição por dependência propriamente uma distribuição, pois já se sabe qual é o juízo.

Atos decorridos da propositura da ação via petição inicial:

1) Na capa dos autos preencher os campos com:


Nº da vara,
nº do procedimento,
tipo de procedimento,
nome do autor, do réu e do(s) advogado(s);

2) Ato da numeração das folhas;

3) Envio dos autos ao Juiz (Magistrado);


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4) O Juiz, recebendo os autos, deve agir. É o impulso oficial.

São 4 as atitudes que podem ser adotadas pelo Juiz:


I – despacho solicitando a emenda da Petição Inicial – PRAZO DE 10 DIAS;
II – indeferimento da Petição inicial;
III – julgamento, de plano, do pedido, pela improcedência;
IV – despacho solicitando a citação do réu.
3.1. A emenda da petição inicial

Art. 284 – CPC


Art. 284. Verificando o juiz que a petição inicial não preenche os requisitos exigidos nos arts. 282(requisitos da PI-
juízo, nomes, fatos, direito, etc.) e 283 (documentos indispensáveis – representação, capacidade postulatória), ou
que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor a
emende, ou a complete, no prazo de 10 (dez) dias.
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.

Sendo os requisitos dos artigos 282 e 283 “sanáveis”, não há imediato indeferimento da petição inicial
por inércia, e, sim, a determinação pelo juiz de prazo de 10 dias para emenda pelo autor visando sanar
o vício. Se, porém, dentro deste prazo, o autor não proceder com a emenda devida, o juiz determinará a
extinção do processo sem julgamento do mérito por inépcia da petição inicial.

Considerações sobre a Emenda da Petição Inicial


Considerar a exigência da Lei 11.419/06, em seu art. 15, exigindo o CPF ou CNPJ e
o art. 284 – CPC (de 1973) – requisitos do art. 282 e 283.

 Se o vício ocorrer nos quesitos do art. 267, tratar-se-á de vício “insanável”, não havendo o que
emendar.
Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito:
I - quando o juiz indeferir a petição inicial;
Il - quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;
III - quando, por não promover os atos e diligências que Ihe competir, o autor abandonar a causa por mais de 30
(trinta) dias;
IV - quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do
processo;
V - quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada;
Vl - quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade das
partes e o interesse processual;
Vll - pela convenção de arbitragem;
Vlll - quando o autor desistir da ação;
IX - quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal;
X - quando ocorrer confusão entre autor e réu;
XI - nos demais casos prescritos neste Código.
§ 1o O juiz ordenará, nos casos dos ns. II e Ill, o arquivamento dos autos, declarando a extinção do processo, se a
parte, intimada pessoalmente, não suprir a falta em 48 (quarenta e oito) horas.
§ 2o No caso do parágrafo anterior, quanto ao n o II, as partes pagarão proporcionalmente as custas e, quanto ao n o
III, o autor será condenado ao pagamento das despesas e honorários de advogado (art. 28).
§ 3o O juiz conhecerá de ofício, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não proferida a sentença de
mérito, da matéria constante dos ns. IV, V e Vl; todavia, o réu que a não alegar, na primeira oportunidade em que
Ihe caiba falar nos autos, responderá pelas custas de retardamento.
§ 4o Depois de decorrido o prazo para a resposta, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da
ação.

Exs.:
 Não indicar o nº do apartamento, o nome do bairro – trata-se de vício sanável em 10 dias;
 Réu não legitimado – ilegitimidade passiva – vício insanável.

Regra especial:
Se o requisito que faltar for do art. 39, I (endereço do advogado para intimações), o prazo para a
emenda não é de 10 dias (regra geral afastada) e, sim, de 48 horas (regra específica prevalece sobre a
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regra geral).
Art. 39. Compete ao advogado, ou à parte quando postular em causa própria:
I - declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço em que receberá intimação;
II - comunicar ao escrivão do processo qualquer mudança de endereço.
Parágrafo único. Se o advogado não cumprir o disposto no n o I deste artigo, o juiz, antes de determinar a citação
do réu, mandará que se supra a omissão no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, sob pena de indeferimento da
petição; se infringir o previsto no n o II, reputar-se-ão válidas as intimações enviadas, em carta registrada, para o
endereço constante dos autos.

O princípio que informa que a Petição Inicial possa ser emendada quando se tratar de vício
sanável é o Princípio da Instrumentalidade das Formas.
Vencido o prazo para a emenda e não tendo atuado o autor neste sentido, aplicar-se-á o art. 295,
indeferindo o juiz a petição inicial.

3.2. O indeferimento da petição inicial


Art. 295. A petição inicial será indeferida:
I - quando for inepta; PRESSUPOSTO PROCESSUAL
II - quando a parte for manifestamente ilegítima; CONDIÇÃO DA AÇÃO
III - quando o autor carecer de interesse processual; CONDIÇÃO DA AÇÃO
IV - quando o juiz verificar, desde logo, a decadência ou a prescrição (art. 219, § 5 o);
V - quando o tipo de procedimento, escolhido pelo autor, não corresponder à natureza da causa, ou ao valor da
ação; caso em que só não será indeferida, se puder adaptar-se ao tipo de procedimento legal;
Vl - quando não atendidas as prescrições dos arts. 39, parágrafo único, primeira parte, e 284.
Parágrafo único. Considera-se inepta a petição inicial quando:
I - Ihe faltar pedido ou causa de pedir;
II - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
III - o pedido for juridicamente impossível;
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.

Observações sobre o art. 267:


Nos incisos I, II e III, ocorrerá a extinção do processo sem resolução do mérito, podendo-se instaurar
novo procedimento (coisa julgada formal).
O inciso IV levará à extinção do processo com resolução do mérito (coisa julgada material).
O inciso V é um exemplo da aplicação do Princípio da Instrumentalidade das Formas.
Atenção  No procedimento Sumário não há prazo para emenda.

Observações sobre a Prescrição e Decadência:


 O CPC autoriza o juiz, de ofício, declarar a prescrição e decadência.
 No Direito Civil, a prescrição é inserida na espécie da OBRIGAÇÃO. Uma vez prescrito o direito
de cobrança via judiciário do cumprimento de uma obrigação, permanece, mesmo não tutelada
pelo Estado, o direito de quitar a obrigação pelo devedor. A obrigação ainda existe, somente não
possui mais o direito de ação (não mais poderá demandar a tutela do Estado no julgamento do
mérito com efeito coercitivo).
 A Decadência convencional é motivo que pode ser renunciada pelas partes. Desta afirmação
nasce um questionamento:
“ Se o Juiz, de ofício, determina a Prescrição e Decadência, sem ouvir as partes, ele estará
violando o Código Civil e o Princípio do Contraditório ?”
 O entendimento é que sim, pois deve o juiz, primeiramente, ouvir a parte a quem aproveita a
prescrição ou decadência, para depois decretar a mesma, se for o caso, pois a quem aproveita
tal instrumento processual pode ocorrer o não uso deste direito, preservando-se o seu interesse
em cumprir com a obrigação devida.

Art. 219, § 5º - Autoriza a declaração de ofício, pelo juiz, da prescrição.


Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando
ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição.
§ 5o O juiz pronunciará, de ofício, a prescrição.

Art. 295, § único – Quando a Petição Inicial será Inepta ? (COBRADO EM PROVAS)
Somente quando se relacionar ao pedido ou à causa de pedir.

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 Não há inépcia da petição inicial fora da causa de pedir e pedido. Se não é pedido e causa de
pedir o problema, não será inépcia.

Art. 295. A petição inicial será indeferida:


I - quando for inepta; PRESSUPOSTO PROCESSUAL
Parágrafo único. Considera-se inepta a petição inicial quando:
I - Ihe faltar pedido ou causa de pedir;
II - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; CAUSA DE PEDIR x PEDIDO divergem
III - o pedido for juridicamente impossível;
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.
Aula 13/03/09
3. Julgamento do Pedido, de plano, pela improcedência
4. Citação
.1 – Conceito
.2 – Citação e Intimação
.3 – Citação e formação do Processo no CPC
.4 – Citação Válida e vício na Citação
.5 – Citação e Comparecimento espontâneo
.6 – Citação e seus efeitos
.7 – Local da Citação
.8 – Hipóteses em que a citação é vedada
.9 – Citação pessoal e exceções

ASSUNTO PARA MONOGRAFIA:

3.3. O julgamento do pedido inicial, de plano, pela improcedência

Art. 285 – A - Julgamento do pedido, de plano, pela improcedência.


Art. 285-A. Quando a matéria controvertida for unicamente de direito e no juízo já houver sido proferida sentença
de total improcedência em outros casos idênticos, poderá ser dispensada a citação e proferida sentença,
reproduzindo-se o teor da anteriormente prolatada. (Incluído pela Lei nº 11.277, de 2006)
§ 1o Se o autor apelar, é facultado ao juiz decidir, no prazo de 5 (cinco) dias, não manter a sentença e determinar
o prosseguimento da ação. (Incluído pela Lei nº 11.277, de 2006)
§ 2o Caso seja mantida a sentença, será ordenada a citação do réu para responder ao recurso. (Incluído pela Lei
nº 11.277, de 2006)

Trata-se de artigo trazido pela Emenda constitucional 45, de 2006, baseado no argumento de que
estaria apurado faticamente a ausência de condições de o Judiciário dar efetividade aos procedimentos.
Visa tal artigo, portanto, dar maior efetividade ao CPC.
A partir da EC/45, novas técnicas foram trazidas para o direito brasileiro. Para o professor, este é um
dos artigos mais questionáveis do CPC.
Para o art. 285-A:
 é possível que o Juiz sentencie sem sequer citar o réu; o pedido vai ser analisado no mérito
(quanto a sua procedência ou improcedência), mesmo sem que o réu tenha conhecimento, por
si, da ação.
2 são os requisitos para a aplicação do artigo 285-A (caput):
I – quando a matéria controvertida for unicamente de Direito;
II – quando já existir, naquele juízo, outros casos idênticos e a sentença negue a pretensão do
autor;

Com base neste artigo e uma vez preenchidos estes 2 requisitos, o seu pedido será julgado pelo juiz no
início, com sentença contrária, negando a pretensão do autor.

Este artigo traz problemas teóricos graves:


 Prejuízo para o autor e não para o réu – quem arca com as conseqüências do pedido é o autor;
 Ausência de contraditório;
 Ausência de ampla defesa;
 Analogia à aplicação de súmula vinculante – formatação de decisões;

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 Presença de Cláusulas gerais que permitem uma Interpretação aberta (semelhança com os
elementos normativos do Direito penal) – o que é matéria unicamente de Direito? Será que
existe isto? Será que os fatos não se entretecem com o Direito (Substanciação) ?
 A doutrina diz que a matéria exclusivamente de Direito é aquela que não precisa de provas.
 Expressão “Casos Idênticos” – aqui está tratando de litispendência, coisa julgada? Estes 2 casos
não atingem o mérito como ocorre na decisão de improcedência do pedido.
 Só há uma identidade de ações quando houver a igualdade das partes, da causa de pedir e do
pedido.
 A sentença não é construída com a participação das partes, há uma cópia do contraditório e
sentença de outra ação, outro caso concreto, outras partes.
 A aplicação do princípio da persuasão racional dá ao juiz o poder discricionário de não estar
vinculado às decisões de fora, ainda que sejam do STF (exceto súmula vinculante).
CPC x CF/88 - dá ao juiz o poder de preencher estes conceitos sem participação das partes.
 O termo “pode” do art. 285-A é entendido pela jurisprudência como uma “faculdade” do juiz, não
é obrigado.
 Pelo art. 285-A, o autor não é ouvido antes da sentença ser proferida. Não tem o autor a
oportunidade de contrapor o entendimento do juiz e provar que não se trata apenas de matéria
de direito. Não pode o autor, neste caso, afastar os requisitos do 285, faltando-lhe o direito de se
pronunciar antes da sentença ser proferida (ausência de contraditório e ampla defesa para o
autor).
 Se o juiz quiser julgar pela improcedência, que julgue, mas que ouça antes o autor.
 Como é que se permite que, em busca da obtenção de efetividade dos procedimentos, se afaste
o contraditório, ampla defesa e isonomia? Numa ponderação de valores e aplicação do princípio
da proporcionalidade, o afastamento destes direitos ofende em grau maior as partes.
 Cabe recurso (apelação) a esta sentença que declara a improcedência do pedido. Neste caso:
 O juiz pode voltar atrás e determinar a citação do réu.
 O juiz pode não voltar atrás e citar o réu para apresentar atos de contestação contra-recurso. Só que,
se assim for, a contestação é ato do processo de conhecimento e não do recurso.
O juiz estará chamando o réu para contestar em um recurso e não em um processo de
conhecimento.
Ora, segundo o CPC, a PI deve ser distribuída ou despachada e, neste momento, é que se considera
proposta a ação (art. 263). A partir da distribuição ou despacho, ou seja, da propositura da ação, cria-se
um vínculo entre autor e Juiz, mas a relação com o réu só ocorrerá a partir da citação válida. Só aí a
relação jurídica, ou seja, o processo se instaura no CPC.
Logo, pelo art. 285-A, o processo é extinto sem sequer ser formado, porque não houve citação válida.
Para que tenhamos Processo no CPC, é necessário se ter citação, o que não ocorre no art. 285-A.
Existe hoje em andamento uma ADIN para o art. 285-A (ausência de contraditório para o autor),
havendo um conseqüente afastamento do “devido processo legal” .
Existem amicus curiae envolvidos nesta ADIN (o prof. Luiz Rodrigues Vambier é a favor deste artigo).
Este artigo foi um projeto introduzido pelo IBDP (Instituto Brasileiro de Direito Processual).

Obs.: Existe o contraditório no recurso, tanto para autor quanto para réu, através da apresentação das
contra-razões. O prazo é de 15 dias.

Decidir de plano = de logo, de imediato, na 1ª oportunidade. Não quer dizer “de forma abrupta”,
inesperada, sem tempo do respiro.

Alguns juízes, ao decidir, pegam a súmula e julgam de acordo com ela. Se houver apelação, o Tribunal
verifica que a decisão do juiz está de acordo com entendimento do Tribunal e que foi sumulado,
indeferindo a apelação. Logo, mesmo com recurso (apelação) não se consegue em sua maioria mudar
este entendimento, porque estaria conflitando com a súmula.

Citação – Arts. 213 e seguintes


( ) Verbete do Dicionário
SOIBELMAN. Enciclopédia Jurídica. Dicionário Digital. 2008.

Citação.
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(direito processual civil)

É o chamamento de alguém a juízo para defender-se de uma ação. É o ato maís importante de um
processo, mais importante mesmo que a sentença, porque sem ele aquela é nula. A citação tem os
seguintes efeitos: torna a coisa litigiosa, interrompe a prescrição (*), instaura a instância, previne a
jurisdição, induz litispendência, constitui o devedor em mora. Ela se faz por precatória, quando o réu
está fora da jurisdição do juiz (**), por rogatória quando no estrangeiro, por edital quando em lugar
incerto e não sabido e por hora certa quando há suspeita de que o réu se oculta para não recebê-la.
Neste último caso o oficial de justiça marca uma hora com pessoa da família ou vizinho, na qual
voltará para citar o réu. Também faz-se a citação por edital quando desconhecido ou incerto o
indivíduo que deva ser citado, quando ignorado, incerto ou inascessível o lugar em que se encontrar.
A citação pelo correio passou a ser a regra geral (V. citação pelo correio) exceto nas ações de
estado, quando for ré pessoa incapaz, quando for ré pessoa de direito público; nos processos de
execução, quando o réu residir em local não atendido pela entrega domiciliar de correspondência;
nestes casos deverá ser feita por oficial de justiça. Também será feita por oficial de justiça no caso
de ser frustrada a citação por correio; se o autor a requerer de outra forma (art. 222, "f", do CPC)
que não a citação pelo correio esta outra forma será igualmente a citação por oficial de justiça (***).
Como a citação induz litispendência (V.), é o ato pelo qual se coloca em juízo uma causa de
jurisdição contenciosa (V.), não se deveria falar em citação em processos de jurisdição voluntária ou
não contenciosos, mas tão-somente em notificação ou intimação. Mas as leis processuais não fazem
esta distinção com rigor técnico. A citação se faz no início da causa e da execução, sob pena de
nulidade. (*) - A lei 8.952 de 13.12.94 modificou o artigo 219 do CPC, de maneira que a interrupção
da prescrição agora retroage à data da propositura da ação (§ 1º), e se a parte realizar todas as
exigências necessárias (petição inicial sem vícios, depósito dos recursos necessários à diligência,
nome e endereço do réu corretos, etc..) para que seja feita a citação do réu nos dez dias
subseqüentes ao despacho que a ordenar, não ficará prejudicada pela demora imputável
exclusivamente ao serviço judiciário (§2º). Assim, ao efeito que a citação já tinha de interromper a
prescrição foi acrescida a determinação de que tal efeito deve retroagir à data de propositura da
ação; esta propositura se dá em tanto que a petição inicial seja distribuída (artigo 263 do CPC),
entregue em cartório, enfim, ajuizada. Dita modificação é de evidente bom senso, pois era absurdo
que a morosidade do serviço judiciário terminasse por ocasionar para o autor a prescrição, quando
este previdentemente propusera a ação em tempo hábil a que o prazo prescricional não se
cumprisse.) (**) A lei 8.710 de 24.09.1993 deu nova redação ao artigo 230 do CPC, de modo que foi
ampliada a liberdade do oficial de justiça para realizar citações nas comarcas que estejam na mesma
região metropolitana sem a necessidade de expedição de carta precatória. Em causas da
competência dos Juizados Especiais Cíveis (lei 9.099 de 26.07.1995) a citação feita por oficial de
justiça também pode prescindir da carta precatória. (***) As palavras em itálico foram inseridas pelo
atualizador em virtude da alteração do texto legal, em especial a lei 8.710 de 24.09.1993.

AULA

Citação é o ato pelo qual se chama o réu ou interessado à juízo para oferecer contestação, a fim
de se defender.
Das Citações
Art. 213. Citação é o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o interessado a fim de se defender.

Citação é diferente de intimação:

 A citação só atinge o réu ou interessado;

 A Intimação é o ato pelo qual se chama alguém a juízo para fazer ou deixar de fazer algo
(art. 234 CPC). A intimação atinge o interessado, o autor, o réu, o advogado, etc.
Seção IV
Das Intimações
Art. 234. Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e termos do processo, para que faça ou
deixe de fazer alguma coisa.

A citação é ato que importa na formação do processo para o CPC.


Art. 214. Para a validade do processo é indispensável a citação inicial do réu.

Sem citação válida, não há processo no âmbito do CPC.


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No CPC, a citação deve observar alguns requisitos para que seja válida.

Art. 214. Para a validade do processo é indispensável a citação inicial do réu.


§ 1o O comparecimento espontâneo do réu supre, entretanto, a falta de citação.
§ 2o Comparecendo o réu apenas para argüir a nulidade e sendo esta decretada, considerar-se-á feita a citação
na data em que ele ou seu advogado for intimado da decisão.

O CPC dá a oportunidade ao réu de comparecer a juízo para requerer a nulidade da citação se não
cumpridos os requisitos. Se acolhida a nulidade, o réu tem novo prazo para contestar. Se não acolhida a
nulidade, o réu pode ser atingido pela preclusão dos atos caso não apresente de imediato a
contestação, pois, não sendo nula, será tomada como válida a citação devendo o réu, na ocasião,
apresentar sua defesa(contestação), ou, caso esta já tenha sido feita, não poderá mais o réu
reapresenta-la (preclusão consumativa).
Se acolhida a nulidade via Petição inicial, o réu poderá apresentar novamente a contestação, pois o ato
anterior estará viciado, anulando todos os atos posteriores.
Existe um risco grande deste pedido de nulidade da citação não ser acolhido. A argüição de nulidade da
citação se dá em preliminar da contestação.
É possível recurso se o réu for dado e julgado por revelia quando esta se der por citação viciada.
Pode ocorrer a antecipação do réu, vindo a juízo sem a citação. Neste caso, comparecendo o réu e não
argüindo nulidade, o prazo da defesa começará a contar ( validade tácita da citação).
O prazo da defesa flui da juntada da citação aos autos.

Efeitos da Citação (ainda que ordenada por juiz incompetente):

 Torna prevento o juiz;


 Induz litispendência;
 Faz litigiosa a coisa (objeto do direito material pretendido pelo autor);
 Interrompe a prescrição;
 Constitui em mora o devedor.

Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda
quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição.

Incumbe ao autor promover a citação do réu. Isto quer dizer que na Petição Inicial, o autor tem que
pedir a citação do réu e pagar a diligência para a citação.
A demora do Judiciário não pode atingir o autor para a produção dos seus efeitos.

Hipóteses em que a citação é vedada:

Tratam-se de hipóteses especiais encontradas nos arts. 271 e 218 do CPC:

Art. 217. Não se fará, porém, a citação, salvo para evitar o perecimento do direito:

I - a quem estiver assistindo a qualquer ato de culto religioso;

II - ao cônjuge ou a qualquer parente do morto, consangüíneo ou afim, em linha reta, ou na linha colateral em
segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 (sete) dias seguintes;

III - aos noivos, nos 3 (três) primeiros dias de bodas;

IV - aos doentes, enquanto grave o seu estado. – ESTE INCISO ESTÁ SE REFERINDO ÀS DOENÇAS
PROVISÓRIAS – O CPC IMPÕE AGUARDAR O AFASTAMENTO DA DOENÇA PARA CITAR O RÉU. SE O
DIREITO ESTIVER EM VIAS DE PRESCRIÇÃO, O AUTOR PODERÁ ARGUIR ESTA CONDIÇÃO PARA EVITAR
O PERECIMENTO DO DIREITO PRETENDIDO.

PROVA DA OAB: SE A DOENÇA FOR DURADOURA OU PERMANENTE, APLIQUE-SE O ART. 218.


Quando o citando é demente ou doença duradoura ou permanente, o oficial de justiça irá
inserir esta informação no mandado; o juiz irá solicitar um laudo medido.
Confirmada pelo laudo médico a doença duradoura do citando, o juiz fixar-lhe-á
um curador. Não confirmada a doença ou sua durabilidade, cite-se o réu.
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A jurisprudência vem entendendo que a doença tem que acometer o réu de tal forma que
que ele não consiga se apresentar pessoalmente.

Art. 218. Também não se fará citação, quando se verificar que o réu é demente ou está impossibilitado de recebê-
la.
§ 1o O oficial de justiça passará certidão, descrevendo minuciosamente a ocorrência. O juiz nomeará um médico,
a fim de examinar o citando. O laudo será apresentado em 5 (cinco) dias.
§ 2o Reconhecida a impossibilidade, o juiz dará ao citando um curador, observando, quanto à sua escolha, a
preferência estabelecida na lei civil. A nomeação é restrita à causa.
§ 3o A citação será feita na pessoa do curador, a quem incumbirá a defesa do réu.

Somente em situação de urgência, que vise evitar o perecimento de um direito, é que a citação será
permitida nas condições acima.

A citação, em regra, é pessoal, pois visa alcançar a pessoa do citando.

Excepcionalmente, a citação será feita ao representante/procurador do réu – art. 215.

Art. 215 Far-se-á a citação pessoalmente ao réu, ao seu representante legal ou ao procurador legalmente
autorizado.
§ 1o Estando o réu ausente, a citação far-se-á na pessoa de seu mandatário, administrador, feitor ou gerente,
quando a ação se originar de atos por eles praticados.
§ 2o O locador que se ausentar do Brasil sem cientificar o locatário de que deixou na localidade, onde estiver
situado o imóvel, procurador com poderes para receber citação, será citado na pessoa do administrador do imóvel
encarregado do recebimento dos aluguéis.

Aula 18/03/09

Citação (continuação)

“ Citação é o ato pelo qual se chama o réu ou interessado a juízo para se defender.”

Espécies de Citação – art. 220 CPC:


Art. 221. A citação far-se-á:
I - pelo correio;
II - por oficial de justiça;
III - por edital.
IV - por meio eletrônico, conforme regulado em lei própria.

Citação por via postal (correios)


É a regra geral no CPC. Visa a celeridade, pois é o meio que se efetiva em menor nº de dias.
Se for citação feita à pessoa física por via postal, tem que ser pessoalmente, ou seja, tem o documento
que ser entregue à pessoa do citando.

Exceções à citação por via postal : (Cobrado em provas da DHC, OAB, Concursos):

Hipóteses em que a citação por correio não poderá ocorrer – art. 222 CPC:

Art. 222. A citação será feita pelo correio, para qualquer comarca do País, exceto:

a) nas ações de estado;


b) quando for ré pessoa incapaz;
c) quando for ré pessoa de direito público;
d) nos processos de execução;

OBS.: NESTE CASO SOMENTE OS PROCESSOS PREVISTOS EXPRESSAMENTE NO CPC.


Por exemplo: A EXECUÇÃO FISCAL é via correio. A cobrança de tributos possui lei especial que admite citação
pelo correio – trata-se de processo de execução autorizado por correio – é processo judicial e não administrativo.

e) quando o réu residir em local não atendido pela entrega domiciliar de correspondência;
f) quando o autor a requerer de outra forma.
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Estas exceções visam oferecer maior segurança jurídica, afastando-se, portanto, a citação por via
postal (o carteiro não traz a mesma segurança jurídica que o Oficial de Justiça).
DICA: Quando for redigir a Petição inicial, indicar a forma que pretende a citação:
 se postal, não precisa indicar, porque já faz parte da regra;
 se de outra forma, indicar qual (oficial de justiça, etc).
“(...) vem requerer a citação do réu no endereço XXXX, via mandado (ou por oficial de justiça) ...”

Deve-se juntar tantas cópias de Petição inicial quantas (os) forem a(s) quantidade(s) de réu(s), ré(s) em
favor de quem se instaurou o procedimento:
 01 petição irá para os autos
 01 petição para uso do advogado (arquivamento e acompanhamento no escritório)
 01 petição para cada réu – neste caso, basta copiar a petição inicial, não precisando copiar os
documentos.
Discute-se a validade da citação se não acompanhada da cópia da petição inicial, havendo a
possibilidade de arguição pela nulidade da citação por ausência da petição inicial que a acompanharia.
Prazos para a Citação:

10 dias após o despacho do juiz que a ordenar, devendo o juiz, uma vez não sendo citado o réu,
prorrogar o prazo até o máximo de 90 dias.

Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando
ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição
§ 1o A interrupção da prescrição retroagirá à data da propositura da ação.
§ 2o Incumbe à parte promover a citação do réu nos 10 (dez) dias subseqüentes ao despacho que a ordenar, não
ficando prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao serviço judiciário.
§ 3o Não sendo citado o réu, o juiz prorrogará o prazo até o máximo de 90 (noventa) dias.
§ 4o Não se efetuando a citação nos prazos mencionados nos parágrafos antecedentes, haver-se-á por não
interrompida a prescrição.
§ 5o O juiz pronunciará, de ofício, a prescrição.
§ 6o Passada em julgado a sentença, a que se refere o parágrafo anterior, o escrivão comunicará ao réu o
resultado do julgamento.

Art. 220. O disposto no artigo anterior aplica-se a todos os prazos extintivos previstos na lei.

Advertência ao artigo 285


Art. 285. Estando em termos a petição inicial, o juiz a despachará, ordenando a citação do réu, para responder; do
mandado constará que, não sendo contestada a ação, se presumirão aceitos pelo réu, como verdadeiros, os fatos
articulados pelo autor.

Os efeitos do art. 285 só se aplicam aos direitos disponíveis, onde, não havendo a contestação
do réu, entender-se-ão verdadeiros os fatos alegados pelo autor.
Em se tratando de direitos indisponíveis, ocorrendo a ausência da contestação pelo réu o juiz deverá
nomear-lhe um curador a fim de defendê-lo.

Art. 223 CPC – Citação de Pessoa Jurídica


Art. 223. Deferida a citação pelo correio, o escrivão ou chefe da secretaria remeterá ao citando cópias da petição
inicial e do despacho do juiz, expressamente consignada em seu inteiro teor a advertência a que se refere o art.
285, segunda parte, comunicando, ainda, o prazo para a resposta e o juízo e cartório, com o respectivo endereço.

Parágrafo único. A carta será registrada para entrega ao citando, exigindo-lhe o carteiro, ao fazer a entrega, que
assine o recibo. Sendo o réu pessoa jurídica, será válida a entrega a pessoa com poderes de gerência geral ou de
administração.

Sendo réu uma pessoa jurídica, a citação será válida com a entrega a pessoa com poderes de Gerência
geral ou de administração.
O STJ vem flexibilizando esta regra: baseando-se na “Teoria da Aparência”, considera-se que, qualquer
um que receber a citação presume-se dotado para tal ato.

Ex.: Se a Dom Helder for citada:


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 pelo CPC somente pode receber a citação aquele que tem poderes de representação;
 pelo STJ – se a recepcionista receber, será válida (aplicação da Teoria da Aparência).
Neste caso, porém, a recepcionista não é obrigada a receber a citação.

Citação por Oficial de Justiça – art. 225 - CPC


Art. 225. O mandado, que o oficial de justiça tiver de cumprir, deverá conter:
I - os nomes do autor e do réu, bem como os respectivos domicílios ou residências;
II - o fim da citação, com todas as especificações constantes da petição inicial, bem como a advertência a que se
refere o art. 285, segunda parte, se o litígio versar sobre direitos disponíveis;
III - a cominação, se houver;
IV - o dia, hora e lugar do comparecimento;
V - a cópia do despacho;
VI - o prazo para defesa;
VII - a assinatura do escrivão e a declaração de que o subscreve por ordem do juiz.
Parágrafo único. O mandado poderá ser em breve relatório, quando o autor entregar em cartório, com a petição
inicial, tantas cópias desta quantos forem os réus; caso em que as cópias, depois de conferidas com o original,
farão parte integrante do mandado.
Art. 226. Incumbe ao oficial de justiça procurar o réu e, onde o encontrar, citá-lo:
I - lendo-lhe o mandado e entregando-lhe a contrafé;
II - portando por fé se recebeu ou recusou a contrafé;
III - obtendo a nota de ciente, ou certificando que o réu não a apôs no mandado.

A citação por oficial de justiça se dá por via de um mandado.


O Oficial de Justiça tem fé pública. Aquilo que ele alega se presume como verdadeiro.
Se o réu se nega a receber a citação e o oficial de justiça informa isto nos autos, toma-se como
verdadeiro o que o oficial de justiça informou, tornando-se citado validamente o réu e corre-se o prazo
para a defesa.
Pelo CPC, os atos devem ser realizados no intervalo das 06 às 20hs, mas, se urgentes, poderão ser
praticados em outros horários, desde que com justificativa fundada.

Citação por Hora Certa – art. 227 e seguintes – CPC


Art. 227. Quando, por três vezes, o oficial de justiça houver procurado o réu em seu domicílio ou residência, sem
o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar a qualquer pessoa da família, ou em sua falta a
qualquer vizinho, que, no dia imediato, voltará, a fim de efetuar a citação, na hora que designar.
Art. 228. No dia e hora designados, o oficial de justiça, independentemente de novo despacho, comparecerá ao
domicílio ou residência do citando, a fim de realizar a diligência.
§ 1o Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-se das razões da ausência, dando
por feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca.
§ 2o Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com pessoa da família ou com qualquer
vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome.
Art. 229. Feita a citação com hora certa, o escrivão enviará ao réu carta, telegrama ou radiograma, dando-lhe de
tudo ciência.
Art. 230. Nas comarcas contíguas, de fácil comunicação, e nas que se situem na mesma região metropolitana, o
oficial de justiça poderá efetuar citações ou intimações em qualquer delas.

A citação por hora certa é uma espécie do gênero citação por oficial de justiça.
Ocorre quando o oficial de justiça possui fundada suspeita de que o réu vem se furtando a ser citado,
tendo, portanto, este tipo de citação, o objetivo de afastar tal conduta. Basta a suspeita pelo oficial de
justiça para que possa se lançar de tal espécie de citação.
Neste caso, após 3 tentativas sem sucesso de citar o réu, o oficial de justiça deverá:
1º - primeiramente deverá se dirigir a um parente do citando;
2º - se não conseguir, deverá se dirigir a um vizinho do citando;
3º - Ao parente ou vizinho, o oficial de justiça deve informar que retornará no dia imediato àquele, na
hora em que o oficial de justiça determinar, e, não estando presente o citando em tal dia e hora
agendados, o mesmo será tomado como citado.

Citação por edital – Arts. 231 e seguintes

Art. 231. Far-se-á a citação por edital:


I - quando desconhecido ou incerto o réu;
II - quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar;
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III - nos casos expressos em lei.

§ 1o Considera-se inacessível, para efeito de citação por edital, o país que recusar o cumprimento de carta
rogatória.
§ 2o No caso de ser inacessível o lugar em que se encontrar o réu, a notícia de sua citação será divulgada
também pelo rádio, se na comarca houver emissora de radiodifusão.

Art. 232. São requisitos da citação por edital:


I - a afirmação do autor, ou a certidão do oficial, quanto às circunstâncias previstas nos ns. I e II do artigo
antecedente;
II - a afixação do edital, na sede do juízo, certificada pelo escrivão;
III - a publicação do edital no prazo máximo de 15 (quinze) dias, uma vez no órgão oficial e pelo menos duas
vezes em jornal local, onde houver;
IV - a determinação, pelo juiz, do prazo, que variará entre 20 (vinte) e 60 (sessenta) dias, correndo da data da
primeira publicação;
V - a advertência a que se refere o art. 285, segunda parte, se o litígio versar sobre direitos disponíveis;

§ 1o Juntar-se-á aos autos um exemplar de cada publicação, bem como do anúncio, de que trata o n o II deste
artigo.
§ 2o A publicação do edital será feita apenas no órgão oficial quando a parte for beneficiária da Assistência
Judiciária.

Art. 233. A parte que requerer a citação por edital, alegando dolosamente os requisitos do art. 231, I e II, incorrerá
em multa de 5 (cinco) vezes o salário mínimo vigente na sede do juízo.

Parágrafo único. A multa reverterá em benefício do citando.

Aula:
Se a citação não conseguir se efetivar pelas vias: postal, oficial de justiça e por hora certa (não
alcançados parentes ou vizinhos que permitissem o agendamento), será feita a citação ficta: por edital.
Após o edital, corre-se o prazo de 20 a 60 dias para a resposta do réu.
A citação por carta precatória será aquela voltada para outra circunscrição –comarca. A carta rogatória
será aquela voltada para outra jurisdição, ou seja, outro país. Se o país se negar ao ato de citação do
réu, entender-se-á como réu inacessível, aplicando-se a citação por edital.
Se o autor da ação mentir para obter uma citação por edital visando beneficiar-se, e for descoberta sua
mentira, todos os atos após a citação irregular serão inválidos, além do autor ficar obrigado ao
pagamento de 5 vezes o salário mínimo ao réu.
Na prática, a citação por edital não gera efetividade como a postal ou via oficial de justiça. A citação por
edital ocorre, produz seus efeitos mas, na prática, o citando não fica sabendo que é réu, não sendo
oportunizado à ampla defesa.

O prazo para a citação por edital é de 15 dias. Correrá, após este 1º edital, um prazo de 20 a 60 dias, a
ser determinado pelo juiz, para a 2ª publicação (no caso de jornal local).
Observe-se também a disponibilidade do direito material pretendido pelo autor para que os efeitos da
ausência de contestação do réu possam ser efetivados, conforme o art. 285.
O custo médio da citação por correio ou oficial de justiça, é de 15,00 por réu. Já por edital, o custo é
aproximadamente de 500.00 por publicação. O legalmente pobre usará como meio para a publicação do
edital os veículos de comunicação do Judiciário, ou seja, o Diário Oficial, não havendo custas desta
diligência para a parte pobre.

O autor da ação deve:


1º - Indicar a forma de citação;
2º - Pagar as custas da diligência (citação);
3º - Juntar as cópias da petição inicial para cada réu;

Despachado ou distribuída a ação o Juiz irá:


1 - Proceder com a fase saneatória;
2 - Se ok, mandará citar o réu.
3 - Se a citação for por edital, a secretaria irá digitar o edital e entregar aos autor para que se junte aos
autos e se proceda com a publicação.
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Citação por via eletrônica – Lei 11.419

Faz-se necessário que a pessoa se cadastre no Tribunal para que possa ser citado por via eletrônica no
futuro, sendo facultativo tal cadastro. Ou seja, para que possa ser usado este meio, é necessário que a
pessoa esteja cadastrada no sistema do Judiciário, mas ninguém está obrigado a fazer tal cadastro,
logo, tal artigo traz pouca efetividade.
Após citado por via eletrônica, a pessoa tem o prazo de 10 dias para acessar o portal. À partir do 11º
dia, começa a fluir o prazo para a resposta.
É vedado o uso desta forma de citação no âmbito infracional e penal.
A Fazenda Pública não pode ser citada por via postal, mas pode ser citada por via eletrônica.

Da Citação
NO PROCEDIMENTO SUMÁRIO NO PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO
Após saneado o processo o juiz marca a O réu é citado para comparecer em audiência de
audiência de conciliação para 30 dias conciliação, sendo nesta audiência a
depois. apresentação da defesa ou, quando for o caso,
A citação deve se dar com antecedência na Audiência de Instrução e Julgamento.
mínima de 10 dias da data marcada para Citado, o réu tem 15 dias para a defesa (15 dias
a audiência de conciliação. é o prazo legal para agendamento da audiência
O réu é citado para comparecer à de conciliação após saneamento).
audiência de conciliação para oferecer a Neste procedimento não se aceita citação por
defesa. Edital (o que levará, se usado este meio, a
extinção do processo sem resolução do mérito).

“ Só há processo no CPC pela Citação. É a citação que forma o processo.


Pela propositura da ação forma-se o vínculo entre autor e juiz mas só com a citação válida é que se
forma a relação jurídica entre autor, juiz e réu, tendo-se, portanto, o processo. “

Aula 20/03/09 – Trabalho em sala – 2 pontos

1ª questão) Aplicabilidade dos artigos 264 e 294 do CPC – Cumulação de pedidos (modificação do
pedido ou da causa de pedir – admissibilidade e prazo).

2ª questão) Valor da causa quando em prestações de trato sucessivo e com a ocorrência de prestações
vincendas acima de um ano– aplicação do Art. 260 CPC – somam-se as prestações vencidas mais 12
prestações.

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Aula 25/03/09

Suspensão do Processo – arts. 265 e seguintes CPC


 Considerações Gerais
 Hipóteses de suspensão do procedimento

Atitudes do Réu em face da Citação:

1. Revelia
 Conceito
 Revelia nos procedimentos Sumário e Sumaríssimo
 Efeito material da Revelia
 Efeitos processuais da Revelia
 Considerações finais

Processo na Suspensão

Considerações gerais:

O CPC está entendendo o processo como relação jurídica de Direito Público entre autor, juiz e réu, que
cumpre finalidades.
O CPC quer dizer a suspensão desta relação jurídica, sendo que deveria ser suspensão do
procedimento.
Após formado o processo no CPC (citação válida), é que se pode ocorrer a suspensão.

Qual é o momento em que se pode suspender o processo no CPC?

A qualquer momento, desde que o processo tenha sido formado, ou seja, após a citação válida.
Para que se tenha a suspensão do processo é necessário uma decisão judicial neste sentido. Sem esta
decisão judicial não há que se falar em suspensão.
A decisão de suspensão é apenas declaratória, com efeitos ex tunc (retroage até o ato que gerou a
suspensão). Os efeitos retornam ao momento que deu condições à esta decisão.
Exemplo: Morte de uma das partes.

1º) Anúncio de que esta morte ocorreu;


2º) O juiz decide, no sentido desta decisão;
3º) Os efeitos retroagem até o momento da hipótese que autorizou a suspensão.

Nem sempre será necessário outra decisão para que o processo possa fluir novamente.
Algumas hipóteses já definem o prazo determinado de suspensão, voltando o processo a fluir
naturalmente após este prazo.
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Se o prazo for indeterminado, necessita-se de uma decisão do Juiz, para que se determine o
agastamento da suspensão do processo.

No período de suspensão do processo, não se autoriza a prática de atos processuais, salvo:


 atos urgentes para evitar dano irreparável às partes (art. 265).

Tem que ser demonstrado nos autos esta necessidade (encaminhar ao Juiz para que seja reconhecido).
Se ocorrer a prática de um ato durante o processo, será tido como inexistente (op legis – uma vez
prevista, dispensa-se qualquer consideração).

Quem vai dizer se é ou não irreparável o dano e permitir ou não a prática do ato durante a suspensão
será o Juiz, reforçando sua posição de Estado Social e processo como uma relação jurídica.

As hipóteses de suspensão do processo – Art. 265:


CAPÍTULO II
DA SUSPENSÃO DO PROCESSO
Art. 265. Suspende-se o processo:
I - pela morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu representante legal ou de seu
procurador;
II - pela convenção das partes;
III - quando for oposta exceção de incompetência do juízo, da câmara ou do tribunal, bem como de suspeição ou
impedimento do juiz;
IV - quando a sentença de mérito:
a) depender do julgamento de outra causa, ou da declaração da existência ou inexistência da relação jurídica, que
constitua o objeto principal de outro processo pendente;
b) não puder ser proferida senão depois de verificado determinado fato, ou de produzida certa prova, requisitada a outro
juízo;
c) tiver por pressuposto o julgamento de questão de estado, requerido como declaração incidente;
V - por motivo de força maior;
VI - nos demais casos, que este Código regula.
§ 1o No caso de morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, ou de seu representante legal,
provado o falecimento ou a incapacidade, o juiz suspenderá o processo, salvo se já tiver iniciado a audiência de instrução
e julgamento; caso em que:
a) o advogado continuará no processo até o encerramento da audiência;
b) o processo só se suspenderá a partir da publicação da sentença ou do acórdão.
§ 2o No caso de morte do procurador de qualquer das partes, ainda que iniciada a audiência de instrução e julgamento, o
juiz marcará, a fim de que a parte constitua novo mandatário, o prazo de 20 (vinte) dias, findo o qual extinguirá o processo
sem julgamento do mérito, se o autor não nomear novo mandatário, ou mandará prosseguir no processo, à revelia do réu,
tendo falecido o advogado deste.
§ 3o A suspensão do processo por convenção das partes, de que trata o n o Il, nunca poderá exceder 6 (seis) meses; findo
o prazo, o escrivão fará os autos conclusos ao juiz, que ordenará o prosseguimento do processo.
§ 4o No caso do no III, a exceção, em primeiro grau da jurisdição, será processada na forma do disposto neste Livro, Título
VIII, Capítulo II, Seção III; e, no tribunal, consoante Ihe estabelecer o regimento interno.
§ 5o Nos casos enumerados nas letras a, b e c do n o IV, o período de suspensão nunca poderá exceder 1 (um) ano. Findo
este prazo, o juiz mandará prosseguir no processo.

O tempo da prescrição (intercorrente) pára de correr durante a suspensão.

I – Morte ou perda da capacidade processual de uma das partes.


Art. 265. Suspende-se o processo:
I - pela morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu representante legal ou de
seu procurador;

Neste caso, o juiz deve determinar a suspensão do procedimento e aí o Juiz deve fixar um prazo
indeterminado para a suspensão.
Este prazo irá durar até um momento em que um dos herdeiros assuma: o representante legal ou o
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representante legal que substitua outro que tenha perdido a capacidade processual.
O prazo indeterminado dependerá de decisão judicial para que seja afastada novamente a
suspensão do processo.

Exceção ao prazo indeterminado neste caso – art. 265, I - § 1º:


§ 1o No caso de morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, ou de seu representante legal,
provado o falecimento ou a incapacidade, o juiz suspenderá o processo, salvo se já tiver iniciado a audiência de
instrução e julgamento; caso em que:
a) o advogado continuará no processo até o encerramento da audiência;
b) o processo só se suspenderá a partir da publicação da sentença ou do acórdão.

O juiz irá suspender o prazo por período indeterminado, salvo quando a AIJ (Audiência de Instrução e
Julgamento) já houver se iniciado. Se a AIJ já houver se iniciado, o Juiz determinará a continuidade da
mesma, devendo o advogado da parte continuar o processo até o final da audiência, suspendendo-se o
processo somente a partir da publicação da sentença ou do acórdão.

Pergunta: Se a AIJ já se iniciou, como continuar o processo? (Crítica ao CPC):


1) Ou o Juiz suspende a AIJ e marca outra data para a mesma.
2) Ou, tendo a parte, por exemplo, morrido dentro da AIJ, como o advogado será capaz de
continuar representando a parte que morreu? Se morreu, não tem mais capacidade civil, e sua
morte encerra automaticamente o instrumento de mandato do advogado, não podendo mais o
mesmo representar seu cliente que acaba de falecer.
3) Se na AIJ é que ocorrem as provas orais e a parte perdeu, durante esta audiência, a
capacidade, ou morreu, como obter desta parte a oitiva necessária para provar a causa de
pedir?
4) Existem ainda ações que são personalíssimas. Se esta parte morrer, deixou de ter
personalidade jurídica. O advogado não terá como defender diretamente o morto, devendo a
defesa se dar através dos herdeiros.

Pelo CPC o juiz não poderia suspender o processo durante a AIJ.


O CPC, desta forma, considera que durante a AIJ seria a produção somente do direito, mas existe
também a vinculação com os fatos, o que demanda partes capazes, presentes, capacidade postulatória,
etc.
Alguns doutrinadores chamam esta suspensão de “sine die”, sem data para acabar, de prazo
indeterminado.

( ) Uso da terminologia correta:


 “olhando os autos” (e não o processo);
 “ suspensão do procedimento “ (e não do processo);
 “Sine die” (como se escreve) (e não saine daí)
 “instaurar o procedimento” (e não entrar com a ação – entracação).

Para o advogado que perde a capacidade ou que morre, a parte tem um prazo de 20 dias para constituir
outro procurador (tratando-se de advogado que esteja atuando sozinho, pois, se for um escritório com
subestabelecimento não será necessário).

II – Morte ou perda da capacidade processual de um dos advogados:


ART. 265 - § 2o - No caso de morte do procurador de qualquer das partes, ainda que iniciada a audiência de
instrução e julgamento, o juiz marcará, a fim de que a parte constitua novo mandatário, o prazo de 20 (vinte) dias,
findo o qual extinguirá o processo sem julgamento do mérito, se o autor não nomear novo mandatário, ou
mandará prosseguir no processo, à revelia do réu, tendo falecido o advogado deste.

III – Por convenção das partes:


As partes podem convencionar a suspensão do procedimento – normalmente quando autor e réu
pretendem transacionar.
Neste caso, o CPC permite a suspensão por um prazo máximo de 6 meses.
IV – Por oposição de exceção de impedimento do juiz, por oposição de exceção de
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incompetência do juízo ou por oposição de exceção de suspeição do juiz.

O objetivo neste caso é afastar aquele juiz daquele procedimento através da suspensão do
procedimento, evitando-se atos que, se praticados, serão anulados futuramente.

V – Quando a sentença de mérito da causa principal depender de outras ações, provas ou


declarações incidentes:
IV - quando a sentença de mérito:
a) depender do julgamento de outra causa, ou da declaração da existência ou inexistência da relação jurídica, que
constitua o objeto principal de outro processo pendente;
b) não puder ser proferida senão depois de verificado determinado fato, ou de produzida certa prova, requisitada a
outro juízo;
c) tiver por pressuposto o julgamento de questão de estado, requerido como declaração incidente;

As hipóteses A, B e C do inciso IV do art. 265 são chamadas de PREJUDICALIDADE.


Nestes casos, a suspensão do procedimento não pode ultrapassar o prazo de 1 ano (um ano).
Exemplo: Ação de alimentos em que se quer confirmar primeiro a paternidade – a questão incidente tem
que se resolver primeiro para que a decisão pela ação de alimentos possa ocorrer.
A lei não autoriza que o Juiz alargue este prazo, o que faz com que o juiz, às vezes, resolva a ação
principal sem que o fator incidente o tenha sido.
A CF/88 fala em prazo razoável do processo. Porém, por exemplo, hoje, na prática, uma carta
precatória de MG para a Bahia leva, em médica, 3 anos para retornar.

Existem prazos no CPC para o juiz, só que seus atos não sofrem preclusão, o que acaba não sendo
cumprido pelo juiz e ele não perde “nada” com isto.

VI – Por motivo de “força maior”


O CPC não diz o que é força maior. Mas o artigo 393 do CC 2002 trás este conceito:
CC 2002 – CONCEITO DE “ FORÇA MAIOR”
Art. 393. O devedorOUTRAS HIPÓTESES prejuízos
não responde pelos resultantes DO
DE SUSPENSÃO de caso fortuito ou forçaPREVISTAS
PROCEDIMENTO maior, se expressamente
NO CPC: não se houver
por eles responsabilizado.
Parágrafo
Art. único. O caso
13. Verificando fortuito ou de
a incapacidade força maior
processual verifica-se
ou a no fatodanecessário,
irregularidade cujos das
representação efeitos não era
partes, possível
o juiz, evitar ou
suspendendo
impedir.
o processo, marcará prazo razoável para ser sanado o defeito.
Não sendo cumprido o despacho dentro do prazo, se a providência couber:
Força
I - ao maior
autor, oseria o fato necessário,
juiz decretará a nulidade doimprevisto
processo;e cogente. A prova da existência de “força maior” é um
ônus das
II - ao partes,
réu, e quem
reputar-se-á decide se o fato é realmente de força maior ou não é o juiz.
revel;
III - ao terceiro, será excluído do processo.

Art. 60. Oferecida depois de iniciada a audiência, seguirá a oposição o procedimento ordinário, sendo julgada sem
prejuízo da causa principal. Poderá o juiz, todavia, sobrestar no andamento do processo, por prazo nunca superior a
90 (noventa) dias, a fim de julgá-la conjuntamente com a oposição.

Art. 64. Em ambos os casos, o réu requererá a nomeação no prazo para a defesa; o juiz, ao deferir o pedido,
suspenderá o processo e mandará ouvir o autor no prazo de 5 (cinco) dias.

Art. 72. Ordenada a citação, ficará suspenso o processo.


§ 1o - A citação do alienante, do proprietário, do possuidor indireto ou do responsável pela indenização far-se-á:
a) quando residir na mesma comarca, dentro de 10 (dez) dias;
b) quando residir em outra comarca, ou em lugar incerto, dentro de 30 (trinta) dias.
§ 2o Não se procedendo à citação no prazo marcado, a ação prosseguirá unicamente em relação ao denunciante.

Art. 79. O juiz suspenderá o processo, mandando observar, quanto à citação e aos prazos, o disposto nos arts.72 e
74.

Art. 394. Logo que for suscitado o incidente de falsidade, o juiz suspenderá o processo principal.

Do Atentado
Art. 881. A sentença, que julgar procedente a ação, ordenará o restabelecimento do estado anterior, a suspensão da
causa principal e a proibição de o réu falar nos autos até a purgação do atentado.
Parágrafo único. A sentença poderá condenar o réu a ressarcir à parte lesada as perdas e danos que sofreu em
conseqüência do atentado.
Art. 1.052. Quando os embargos ESCOLA SUPERIOR
versarem sobreDOM
todosHELDER CÂMARA
os bens, determinará o juiz a suspensão do curso64 do
processo principal; versando sobre alguns deles, prosseguirá o processo principal somente quanto aos bens não
embargados.
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Nas provas da OAB e do Professor:


 lembrar dos casos de suspensão do procedimento do art. 265.

Atitudes do réu em face da citação:

Estas ações vão de uma inércia até o próprio reconhecimento do pedido ou oferecimento de defesa.

Revelia – inércia do réu – art. 319 e seguintes.

CAPÍTULO III
DA REVELIA
Art. 319. Se o réu não contestar a ação, reputar-se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor.

Art. 320. A revelia não induz, contudo, o efeito mencionado no artigo antecedente:
I - se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;
II - se o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
III - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público, que a lei considere indispensável à prova
do ato.

Art. 321. Ainda que ocorra revelia, o autor não poderá alterar o pedido, ou a causa de pedir, nem demandar
declaração incidente, salvo promovendo nova citação do réu, a quem será assegurado o direito de responder no
prazo de 15 (quinze) dias.

Art. 322. Contra o revel que não tenha patrono nos autos, correrão os prazos independentemente de intimação, a
partir da publicação de cada ato decisório.

Parágrafo único O revel poderá intervir no processo em qualquer fase, recebendo-o no estado em que se encontrar.

Art. 319 – CPC – O réu será revel se ele não contestar o pedido (no CPC está “ação”).

Nos procedimentos sumário e sumaríssimo, ocorre a revelia:


Quando o réu não contesta o pedido e/ou
Quando o réu não comparece à audiência de conciliação (sumário e sumaríssimo).

O CPC e a lei dos JEsp (lei 9099/95) confundem Revelia com contumácia:
Contumácia – é o não comparecimento à audiência, logo, tanto autor quanto réu podem ser
contumazes;
Revelia – é o não oferecimento da contestação, logo, só o réu pode ser revel, porque é ele que oferece
a contestação.

Revelia.

(dir. prc.)
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Não comparecimento do réu em juízo, depois de citado. V. contumácia. A revelia importa em


prosseguimento do processo contra o réu, independentemente de intimação ou notificação para a
contagem do início dos prazos, ou para atos do processo. B. - José Joaquim Calmon de Passos, Da
revelia do demandado. Liv. Progresso Editora. Salvador, 1960.

Contumácia.

(dir. prc.)

Deliberada desobediência às ordens judiciais. Falta de comparecimento de qualquer das partes em


juízo. Inatividade total ou omissão de comparecimento em juízo. Os autores variam muito nos
critérios para diferençar a contumácia da revelia. Há os que não distinguem uma da outra, os que
fazem da revelia a pena da contumácia, os que só aplicam esta última para o autor e os que
reservam unicamente para o réu a noção de revelia. (V.). B. - José Joaquim Calmon de Passos, Da
revelia do demandado. Livraria Progresso Editora. Salvador, 1960.

O CPC distingue a revelia dos seus efeitos.

O efeito material da revelia é um só: os fatos apresentados pelo autor são tidos como
verdadeiros, desde que tratem de direitos disponíveis e que as provas ou documentos não
informem, de plano, o contrário.

O réu que não comparece à audiência ou não oferece contestação, sofrerá o efeito da revelia, tomando-
se os fatos do autor como verdadeiros, tendo o réu que provar o contrário do que o autor diz: inversão
do ônus da prova (em regra, é o autor que tem que provar os fatos alegados, mas, na revelia, o réu
passa a ter que provar que o que o autor disse está errado).

Art. 320 – Exceções à presunção da veracidade dos fatos:


Art. 320. A revelia não induz, ARTIGOS
contudo,QUE AFASTAM
o efeito O EFEITO
mencionado MATERIAL
no artigo DA REVELIA:
antecedente:
I - se, havendo
o pluralidade de réus,
Art. 9 O juiz dará curador especial:algum deles contestar a ação;
II - se o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
III - se
I - aaopetição inicial
incapaz, nãotiver
se não estiver acompanhada
representante do ou
legal, instrumento público,deste
se os interesses que acolidirem
lei considere indispensável
com os daquele; à prova
do ato.
II - ao réu preso, bem como ao revel citado por edital ou com hora certa.
Nestas 3 hipóteses, portanto, pode-se ter o réu revel sem que o mesmo sofra o efeito material da
Parágrafo único. Nas comarcas onde houver representante judicial de incapazes ou de ausentes, a este
revelia.
competirá
Pela a função de ocurador
Jurisprudência, efeitoespecial.
material da Revelia somente se tornará eficaz se na citação existir a
advertência quanto a esta possibilidade (aviso na citação informando que a revelia trará o efeito material
Art. 52. O assistente atuará como auxiliar da parte principal, exercerá os mesmos poderes e sujeitar-se-á aos
damesmos
veracidade
ônus dos fatos alegados
processuais pelo autor).
que o assistido.

Artigos que afastam


Parágrafo o efeito
único. Sendo revel material dao revelia:
o assistido, assistente será considerado seu gestor de negócios.
Além do art. 320, também os arts. 9, 52 (§ único), art. 302 – III, 277 - § 2º, art. 20 da Lei do JEsp.
Art. 277. O juiz designará a audiência de conciliação a ser realizada no prazo de trinta dias, citando-se o réu
com a antecedência mínima de dez dias e sob advertência prevista no § 2º deste artigo, determinando o
comparecimento das partes. Sendo ré a Fazenda Pública, os prazos contar-se-ão em dobro.

§ 1º A conciliação será reduzida a termo e homologada por sentença, podendo o juiz ser auxiliado por
conciliador.

§ 2º Deixando injustificadamente o réu de comparecer à audiência, reputar-se-ão verdadeiros os fatos alegados


na petição inicial (art. 319), salvo se o contrário resultar da prova dos autos, proferindo o juiz, desde logo, a
sentença.

§ 3º As partes comparecerão pessoalmente à audiência, podendo fazer-se representar por preposto com
poderes para transigir.

§ 4º O juiz, na audiência, decidirá de plano a impugnação ao valor da causa ou a controvérsia sobre a natureza
da demanda, determinando, se for o caso, a conversão do procedimento sumário em ordinário.
§ 5º A conversão também ocorrerá quando houver necessidade de prova técnica de maior complexidade.
Art. 302. Cabe também aoESCOLA
réu manifestar-se precisamente
SUPERIOR DOM sobre os fatos narrados na petição inicial.
HELDER CÂMARA 66
Presumem-se verdadeiros os fatos não impugnados, salvo:

I - se não for admissível, a seu respeito, a confissão;


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Os efeitos processuais só irão se verificar se os efeitos materiais se verificarem também.

São 2 os efeitos processuais da revelia:


I – Possibilidade de julgamento antecipado da lide;
II – Possibilidade de não intimação do réu em relação às decisões proferidas (afastamento da ampla
defesa). Viola radicalmente o princípio do contraditório. Este ocorre quando o réu não tem advogado.

O CPC resguarda o revel, dizendo que pode comparecer a juízo para praticar atos presentes e futuros.
O que o réu não pode é praticar atos anteriores aos já praticados.

( ) Exemplo: Em caso de pedidos cumulados, tendo o autor feito 3 pedidos, se o réu impugnar 2
pedidos, entende-se, pelo princípio da impugnação específica, que o 3º pedido não impugnado pelo réu
será tomado pela revelia (revelia parcial), dando-se como verdadeiro.
Sendo o réu revel e o autor quiser mudar o pedido (ampliar o pedido), após a citação, deverá alcançar o
consentimento do réu. Se antes da citação e o réu revel, considerar-se-á o pedido aditado.

Aula 27/03/09

Atitudes do Réu em face da Citação (cont.):

2. Reconhecimento da Procedência do Pedido

3. Oferecer resposta ou defesa


 Conceito de defesa
 Espécies de Defesa De Mérito Direta
Indireta

Processual Peremptória
Dilatória

 Considerações sobre a defesa no Procedimento Ordinário


 Considerações sobre a defesa no Procedimento Sumário e Sumaríssimo

TIPOS DE RESPOSTA DO RÉU

1. Contestação:
 Considerações gerais
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 Princípio da Concentração
 Impugnação Específica dos fatos
 Prazos especiais

O reconhecimento da procedência do pedido é difícil de ocorrer na prática mas existe.


O reconhecimento da procedência do pedido pode ocorrer a qualquer tempo, inclusive em grau
recursal.
O reconhecimento da procedência do pedido importa julgamento de mérito: o réu que reconhecer a
procedência do pedido não pode, depois, rediscutir estas questões.
O reconhecimento da procedência do pedido pode ser parcial (reconhecer apenas um dos ou parte do
pedido) ou integral (reconhecer todos eles).
O juiz extingue o processo com base no art. 269, II, do CPC (extinção do processo com resolução do
mérito pelo reconhecimento pelo réu do pedido do autor).

O que é resposta ou defesa?


Defesa é a técnica de resistência do réu.
Existem várias técnicas de defesa.
Defesa não é só “contestação”. A contestação é apenas uma das espécies de defesa, é a principal.
Defesa é gênero da qual a defesa de mérito e defesa processual são espécies.

 Resistência (ou defesa) de Mérito – preocupa-se com o pedido mediato, preocupação com o direito
material discutido (causa de pedir e pedido).

 Resistência (ou defesa) processual – preocupa-se com o pedido imediato: condições da ação e
pressupostos processuais (o meio, a forma em que o pedido foi feito).

Questão de concurso do MP:

Quando o advogado sustenta em sua peça de resistência a prescrição, ele busca atingir:
a)
b)
c) Direito Material – correta , pois a prescrição atinge a pretensão do autor, sendo causa de extinção do
processo com resolução do mérito, formando coisa julgada material.
d) N.d.a.

Espécies de defesa:

Espécies de Defesa : De Mérito Direta


Indireta

Processual Peremptória
Dilatória

Defesa Direta de Mérito


É a que nega o fato constitutivo do direito do autor ou as conseqüências jurídicas deste fato jurídico.
Visa resistir contra o direito material, impugnar o direito mediato do autor.

Defesa Indireta de Mérito


Esta não nega o fato constitutivo do autor nem as suas conseqüências, mas impõe ao fato constitutivo
um fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito.

Defesa Processual Peremptória


A defesa processual peremptória será aquela que determina a extinção do procedimento sem resolução
do mérito.
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Defesa Processual Dilatória


É aquela que determina a dilação do procedimento.

Os pressupostos processuais, em conjunto com as condições da ação, são importantes para enquadrar
a ação de forma a inviabilizar a defesa processual para o réu.

Exemplos:
 Falta de assinatura da parte – irregularidade na representação – defesa processual dilatória –
efeito de suspensão ao procedimento atéCAPÍTULO
regularização
II (10 dias) – art. 13, CPC.
DA RESPOSTA DO RÉU
 Litispendência – defesa processual peremptória – Igera a extinção do processo.
Seção
Litispendência – defesa processual peremptória – gera a extinção
Das Disposições Gerais do processo.
Art. 297. O réu poderá oferecer, no prazo de 15 (quinze) dias, em petição escrita, dirigida ao juiz da causa,
contestação, exceção e reconvenção.
Art. 298. Quando forem citados para a ação vários réus, o prazo para responder ser-lhes-á comum, salvo o
disposto no art. 191.
Parágrafo único. Se o autor desistir da ação quanto a algum réu ainda não citado, o prazo para a resposta
correrá da intimação do despacho que deferir a desistência.
Art. 299. A contestação e a reconvenção serão oferecidas simultaneamente, em peças autônomas; a exceção
será processada em apenso aos autos principais.
Seção II
Considerações da Defesa, tanto no Procedimento Ordinário quanto no Sumário e Sumaríssimo –
Da Contestação
art. Art.
297 300.
e seguintes:
Compete ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de
direito, com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir.

Art. 301. Compete-lhe, porém, antes de discutir o mérito, alegar:


I - inexistência ou nulidade da citação;
II - incompetência absoluta;
III - inépcia da petição inicial;
IV - perempção;
V - litispendência;
Vl - coisa julgada;
VII - conexão;
Vlll - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;
IX - convenção de arbitragem;
X - carência de ação;
Xl - falta de caução ou de outra prestação, que a lei exige como preliminar.
§ 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada, quando se reproduz ação anteriormente ajuizada.
§ 2o Uma ação é idêntica à outra quando tem as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido.
§ 3o Há litispendência, quando se repete ação, que está em curso; há coisa julgada, quando se repete ação
que já foi decidida por sentença, de que não caiba recurso.
§ 4o Com exceção do compromisso arbitral, o juiz conhecerá de ofício da matéria enumerada neste artigo.
Art. 302. Cabe também ao réu manifestar-se precisamente sobre os fatos narrados na petição inicial.
Presumem-se verdadeiros os fatos não impugnados, salvo:
I - se não for admissível, a seu respeito, a confissão;
II - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público que a lei considerar da substância do
ato;
III - se estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.
Parágrafo único. Esta regra, quanto ao ônus da impugnação especificada dos fatos, não se aplica ao
advogado dativo, ao curador especial e ao órgão do Ministério Público.
Art. 303. Depois da contestação, só é lícito deduzir novas alegações quando:
I - relativas a direito superveniente;
II - competir ao juiz conhecer delas de ofício;
III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e juízo.

Seção III
Das Exceções
Art. 304. É lícito a qualquer das partes argüir, por meio de exceção, a incompetência (art. 112), o impedimento
(art. 134) ou a suspeição (art. 135).
Art. 305. Este direito pode ser exercido em qualquer tempo, ou grau de jurisdição, cabendo à parte oferecer
exceção, no prazo de 15 (quinze) dias, contado do fato que ocasionou a incompetência, o impedimento ou a
suspeição.
ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 69
Parágrafo único. Na exceção de incompetência (art. 112 desta Lei), a petição pode ser protocolizada no juízo
de domicílio do réu, com requerimento de sua imediata remessa ao juízo que determinou a citação.
Art. 306. Recebida a exceção, o processo ficará suspenso (art. 265, III), até que seja definitivamente julgada.
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Subseção I
Da Incompetência
Art. 307. O excipiente argüirá a incompetência em petição fundamentada e devidamente instruída, indicando o juízo
para o qual declina.
Art. 308. Conclusos os autos, o juiz mandará processar a exceção, ouvindo o excepto dentro em 10 (dez) dias e
decidindo em igual prazo.
Art. 309. Havendo necessidade de prova testemunhal, o juiz designará audiência de instrução, decidindo dentro de 10
(dez) dias.
Art. 310. O juiz indeferirá a petição inicial da exceção, quando manifestamente improcedente.
Art. 311. Julgada procedente a exceção, os autos serão remetidos ao juiz competente.

Subseção II
Do Impedimento e da Suspeição
Art. 312. A parte oferecerá a exceção de impedimento ou de suspeição, especificando o motivo da recusa (arts. 134 e
135). A petição, dirigida ao juiz da causa, poderá ser instruída com documentos em que o excipiente fundar a
alegação e conterá o rol de testemunhas.
Art. 313. Despachando a petição, o juiz, se reconhecer o impedimento ou a suspeição, ordenará a remessa dos autos
ao seu substituto legal; em caso contrário, dentro de 10 (dez) dias, dará as suas razões, acompanhadas de
documentos e de rol de testemunhas, se houver, ordenando a remessa dos autos ao tribunal.
Art. 314. Verificando que a exceção não tem fundamento legal, o tribunal determinará o seu arquivamento; no caso
contrário condenará o juiz nas custas, mandando remeter os autos ao seu substituto legal.

Considerações da Defesa, tanto no Procedimento Ordinário quanto no Sumário e Sumaríssimo –


art. 297 e seguintes:
PROCEDIMENTO ORDINÁRIO PROCEDIMENTO SUMÁRIO PROCED. SUMARÍSSIMO

ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 70


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A resposta do réu deve ocorrer em 15 A defesa é oferecida na A defesa é oferecida na


dias e por escrito. audiência de conciliação, a audiência de conciliação, a
O CPC indica 3 espécies de resposta qual é marcada para 30 qual é marcada para 15 dias
do réu: contestação, exceção e dias após a propositura da após a propositura da ação.
reconvenção (todas por escrito e em ação. Existe um enunciado do Jesp
15 dias). A defesa pode ser por de que a defesa pode ser
Além destas 3, existem outras, mas, escrito ou oralmente. apresentada na AIJ.
quando o CPC indica o prazo de 15 Na contestação, se quiser
dias, ele está se referindo a estas 3 rol de testemunhas,
espécies. quesitos e assistente ATENÇÃO:
Se o réu quiser oferecer Resposta em técnico, o réu tem que A DATA DA DEFESA É A
procedimento ordinário,deve observar indicar estes 3 quesitos na DATA DA AUDIÊNCIA,
este prazo de 15 dias. Se este prazo contestação, tem que ser NÃO TEM QUE CONTAR
vencer e o réu não apresentar juntado na contestação PRAZO.
resposta, o mesmo ficará prejudicado, estas informações
cabendo inclusive procedimento (testemunhas e endereço,
administrativo da OAB contra o quais os quesitos, qual o
advogado do réu. assistente técnico).
( ) “culpa in eligendo” – alguns doutrinadores
defendem que o autor/réu, ao escolher o
advogado, assume o risco, havendo culpa in
ATENÇÃO:
eligendo da parte. A DATA DA DEFESA É A
ATENÇÃO: DATA DA AUDIÊNCIA,
A CONTAGEM DO PRAZO SERÁ 15 DIAS NÃO TEM QUE CONTAR
APÓS A PROPOSITURA DA AÇÃO, PRAZO.
EXCLUÍNDO O DIA DO COMEÇO E
INCLUINDO O DIA DO FINAL.
PARA NÃO PERDER O PRAZO:
Cairá 1 questão na prova para contar o prazo.
A contagem do prazo só é útil no procedimento ordinário.
Art. 241 – Coordenadas para a contagem do prazo.
A contagem do prazo vai depender da forma de citação.

DA CONTAGEM DO PRAZO NO CPC:

Art. 241. Começa a correr o prazo:


I - quando a citação ou intimação for pelo correio, da data de juntada aos autos do aviso de recebimento;
II - quando a citação ou intimação for por oficial de justiça, da data de juntada aos autos do mandado cumprido;
III - quando houver vários réus, da data de juntada aos autos do último aviso de recebimento ou mandado citatório
cumprido;
IV - quando o ato se realizar em cumprimento de carta de ordem, precatória ou rogatória, da data de sua juntada
aos autos devidamente cumprida;
V - quando a citação for por edital, finda a dilação assinada pelo juiz.

*** Por via eletrônica : o prazo começa a fluir do momento em que você entrar no portal e acessar os autos.
Se não acessar o portal e os autos em 10 dias, à partir do 11º dia começa a contar o prazo.

Art. 184

Art. 184. Salvo disposição em contrário, computar-se-ão os prazos, excluindo o dia do começo e incluindo o do
vencimento.
§ 1o Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil se o vencimento cair em feriado ou em dia em que:
I - for determinado o fechamento do fórum;
II - o expediente forense for encerrado antes da hora normal.
§ 2o Os prazos somente começam a correr do primeiro dia útil após a intimação (art. 240 e parágrafo único).

O prazo não começa nem termina em dia não útil.


Se o prazo termina em dia não útil, prorroga-se para o 1º dia útil seguinte.
ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 71
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O prazo deve ser contado, excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o dia do final.

Exemplo:
10/3 – dia útil - juntado aos autos um mandado de citação em procedimento ordinário.
Exclui-se o 1º dia (dia 10), começando a contar a partir do dia 11 (+ 15) = 26 (dia 26).

Se for no procedimento Sumário ou Sumaríssimo, A DATA FINAL PARA A DEFESA É A DATA DA


AUDIÊNCIA. Pela Lei. Pelo enunciado do Jesp, no Jesp será possível na data da AIJ.

Se a juntada aos autos da citação (via AR ou mandado, etc) cair na 6ª feira, exclui-se o sábado e conta
a partir de 2ª feira.

1º Tipo de Defesa: Contestação


 Encaminha aqui, o réu, quase toda a defesa: de mérito e processual.
 O impedimento, a suspeição, a incompetência relativa, o valor da causa e também o pedido de
justiça gratuita, são objeto de resistência por outro instrumento: a exceção.
 A contestação é a peça chave para a defesa do réu.
 Não existe no CPC requisitos para a formulação da contestação, mas, tanto a doutrina quanto a
jurisprudência têm entendido a necessidade de se preencher todos os requisitos na contestação
exigidos pelos arts. 282, 283, etc, da Petição Inicial compatíveis com a defesa :
 juízo competente, nome das partes, qualificação, causa de pedir e resistência do pedido, etc.
 O réu, na contestação, não deverá, por não ser o caso: solicitar a citação de réu ou autor ou dar
valor à causa.
 A contestação deve também indicar o CPF ou CNPJ e anexar os documentos indispensáveis ao
andamento do procedimento e identificação do réu e das provas.
 A contestação não pode se esquecer de informar o endereço em que o advogado receberá as
intimações (art. 39).
 Se o procedimento for Sumário, deverá conter a contestação, sendo interesse do réu, o rol de
testemunhas que serão arroladas, os quesitos que devem ser aplicados em caso de perícia e o
assistente técnico.
 ATENÇÃO: Se no procedimento Sumário o réu esquecer de requerer o rol de testemunhas,
quesitos e/ou assistente técnico, não poderá requerer mais.
 A contestação encaminha matéria processual e de mérito.
 “Em preliminar” quer dizer que temos que abrir um tópico chamado de PRELIMINAR, no início
da contestação, para informar qual é a condição da ação ou pressuposto processual que não foi
preenchido pelo autor, quando for o caso (ou seja, só quando houver um motivo é que a
contestação deverá se iniciar pela Preliminar).
 Após o tópico da preliminar, abre-se o tópico do MÉRITO e se apresenta os fatos de resistência
ao direito material.
 Sugestão do professor: dentro do tópico preliminar, abrir um tópico para dizer qual é o tópico que
quer impugnar. Art. 301 CPC (11 situações de defesa processual do art. 301).

ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 72


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DA RESPOSTA DO RÉU
DA CONTESTAÇÃO
Art. 301. Compete-lhe, porém, antes de discutir o mérito, alegar: (DEFESA PROCESSUAL)
I - inexistência ou nulidade da citação; DILATÓRIA
II - incompetência absoluta; DILATÓRIA
III - inépcia da petição inicial; PEREMPTÓRIA
IV - perempção; PEREMPTÓRIA
V - litispendência; PEREMPTÓRIA
Vl - coisa julgada; PEREMPTÓRIA
VII - conexão; DILATÓRIA
Vlll - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização; DILATÓRIA
IX - convenção de arbitragem; PEREMPTÓRIA
X - carência de ação; PEREMPTÓRIA
Xl - falta de caução ou de outra prestação, que a lei exige como preliminar. DILATÓRIA

§ 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada, quando se reproduz ação anteriormente ajuizada.


§ 2o Uma ação é idêntica à outra quando tem as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido.
§ 3o Há litispendência, quando se repete ação, que está em curso; há coisa julgada, quando se repete ação que já foi
decidida por sentença, de que não caiba recurso.
§ 4o Com exceção do compromisso arbitral, o juiz conhecerá de ofício da matéria enumerada neste artigo.

Princípio da Concentração ou Eventualidade


A contestação deve trazer toda a matéria de defesa, toda a matéria de defesa deve ser sustentada na
contestação, ainda que incompatível com outra.
As defesas devem ser analisadas uma a uma; aquilo que não alegou não pode alegar mais.
Podem ser colocados quantos tópicos quiserem, ainda que um exclua o outro.
Não se preocupar com a decorrência lógica na defesa.
Deve trazer as defesas que tiver, mesmo que incompatíveis.
Exemplo: cobrança de mil reais do filho e instauram um procedimento contra a mãe.
Na preliminar arquir que há ilegitimidade passiva. Mas no mérito, dizer que, ainda que a preliminar não
seja acatada, já pagou, por exemplo.
A defesa processual engloba, em regra, matéria de ordem pública: em qualquer momento e grau de
jurisdição pode ser argüida de ofício pelo juiz.
No mérito, tem que suscitar tudo.

O art. 303 trás as 3 hipóteses que se pode alegar matérias fora da contestação.
Art. 303. Depois da contestação, só é lícito deduzir novas alegações quando:
I - relativas a direito superveniente;
II - competir ao juiz conhecer delas de ofício;
III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e juízo.

Princípio da Impugnação específica


Não adianta negar o que ocorreu de forma geral. Deve impugnar fato por fato, pedido por pedido,
justificando.
O art. 320 trás exceções à necessidade da impugnação específica:
* quando envolver curador, defensor ou Ministério Público, estes, enquanto parte, podem usar de
NEGATIVA GERAL (privilégio do Estado Social).

Existem prazos especiais da Contestação quando a parte for específica – arts. 188 e 191

ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 73


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PRAZOS DIFERENCIADOS NO CPC (REFORÇA A IDÉIA DO “ESTADO SOCIAL”)

Art. 188. Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para recorrer quando a parte for a
Fazenda Pública ou o Ministério Público. 60 DIAS E NÃO 15. AUSÊNCIA DE ISONOMIA.

Art. 191. Quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-ão contados em dobro os prazos para
contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos autos.

Este artigo visa proteger os réus litisconsortes com advogados diferentes. Existe uma briga quanto a
este artigo, pois se os 2 advogados forem do mesmo escritório este prazo não demandaria ser em
dobro. Uma parte da doutrina entende que o prazo é em dobro porque o artigo 191 não indica a
obrigatoriedade de ser somente em dobro quando se tratar de escritórios diferentes. Outra parte da
doutrina entende que não, que o objetivo do artigo 191 foi dar maior prazo para as partes quando
envolvessem escritórios e advogados distintos, de forma que todos pudessem ter acesso aos autos em
tempo razoável.

Questões da Prova:
Sumaríssimo e Sumário – aplicação de um ou outro : OPÇÃO E CONVERSÃO (diferenças)
Sumário e Ordinário – aplicação de um ou outro: OPÇÃO E CONVERSÃO (diferenças)
Requisitos para o julgamento de plano – art. 285 A
O que na PI do Procedimento Sumário não é exigido no Procedimento Ordinário
Aditamento e alteração de pedido e causa de pedir – 264 (qualitativa ou para menor ok), aditar – 294
Prazos, tipo de procedimento, correto e incorreto

Aula 01/04/09

ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 74


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Exceção
 Considerações Gerais
 Exceção de Incompetência
 Exceção de Impedimento e Suspeição
 Considerações Finais

Aula Anterior: Contestação – Técnica pela qual o réu encaminha toda a sua defesa de mérito e também
processual.

A exceção é uma forma de defesa, para suscitar: impedimento, incompetência ou suspeição.


Exceção é uma forma de resposta, de defesa do réu, paralela à contestação.
O CPC trabalha a exceção nos artigos 304 a 314.

Exceção é gênero das espécies:


 Impedimento
 Suspeição
 Incompetência

Estudar a exceção nos 3 procedimentos: Sumário, Sumaríssimo e Ordinário.


ORDINÁRIO SUMÁRIO SUMARÍSSIMO
A exceção deve ser por Por escrito ou oral Por escrito ou oral;
escrito e interposta em A resposta se identifica com a Resposta na audiência;
15 dias; audiência; Se vício verificado antes da audiência
Se identificar o vício antes da – levar a exceção na audiência;
O CPC estabelece que audiência, deve levar a exceção na EXCEÇÃO – no Sumaríssimo, a
os 15 dias são contados audiência. incompetência deve ser suscitada
à partir da identificação Se após a audiência, por analogia SEMPRE na contestação (na
do vício. ao Ordinário, prazo de 15 dias ou 5 audiência), ou seja, o vício
dias (CPC, quando não há prazo obrigatoriamente tem que ser
determinado, informa que será o identificado antes da audiência,
prazo de 5 dias mas este prazo podendo a exceção de impedimento e
fere o princípio da ampla defesa) – suspeição serem suscitadas após a
neste caso será necessariamente audiência, por escrito, com prazo de
por escrito. 15 dias (analogia ao Ordinário) ou 5
dias (ausência de prazo CPC).

Nos procedimentos Ordinário, Sumário e Sumaríssimo, a exceção é sempre instrumental, mesmo que
oral: você oralmente faz a atermação da exceção, como se fosse uma Petição Inicial de exceção.
A exceção é um incidente processual.
Exemplo de Instrumentalidade: Agravo de instrumento, impugnação ao valor da causa, impugnação à
justiça gratuita, etc. Na Instrumentalidade, forma-se os autos em separado.

Suspensão do procedimento via exceção:


 A argüição de exceção leva à suspensão do procedimento ate que seja julgada;
 O CPC diz que a suspensão do procedimento deve durar até que a exceção seja
“definitivamente” julgada;
 Isto não quer dizer “até a sentença transitada em julgado”;
 Não quer dizer “até que ocorra o julgamento do pedido de exceção;
 Julga-se primeiro o pedido de exceção, o qual é decidido por decisão interlocutória (decidida ao
longo do procedimento);
 O recurso contra a decisão da exceção, contra o julgamento do pedido de exceção não tem
efeito suspensivo;
 A suspensão do procedimento ocorre até a 1ª decisão. Depois disto, ainda que em recurso esta
decisão, o processo corre normalmente.
 O procedimento só é suspenso (por impedimento e suspeição) quando se tratar do Juiz, se for
de seus auxiliares, na há suspensão do procedimento.
ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 75
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Exceção de Incompetência
 Questiona a competência relativa: lugar ou valor da causa. Exemplo: instaurar um procedimento
em lugar que territorialmente está incorreto;
 Incompetência absoluta – matéria de ordem pública, argüida na contestação, em preliminar. Fora
a exceção do sumaríssimo, em que ocorre na audiência, na contestação.
 Se o réu não interpor a exceção de incompetência (relativa), esta ficará prorrogada (a
competência errada se torna a correta). Não poderá mais o réu modificar o território onde o
procedimento foi instaurado.
 Art. 112, § único – artigo novo – declaração de ofício de incompetência relativa pelo juiz –
Contrato de Adesão (monografia) – afasta a ampla defesa;
 A identificação do vício de incompetência é “de plano”: quando o autor indica o juízo que estará
responsável por analisar o pedido, o réu recebe a contra-fé, que já possui tal informação;
 Desta forma, a exceção de incompetência será sempre no prazo da contestação(15 dias);

EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA NO PROCEDIMENTO ORDINÁRIO


Se inicia com uma petição.
Fundamentar porque é incompetente o juízo e declinar qual é o juízo competente (e porquê entende
assim).
Não basta mencionar a incompetência, tem que fundamentar.
Se o juiz não acolher a exceção de incompetência, não deferindo liminarmente a exceção, deve o
mesmo dar prazo de 10 dias para o autor resistir à exceção.
Se o juiz acolher a exceção de incompetência, envia os autos para o juízo competente.
Autor da exceção = excipiente (réu)
Réu da exceção = excepto (autor)
Não tem como o autor questionar a competência que ele mesmo escolheu.

IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO
São 2 espécies distintas.
Na exceção de impedimento e suspeição deve-se analisar 3 aspectos:
 um procedimento para exceção de impedimento e suspeição do juiz;
 um procedimento para exceção de impedimento ou suspeição dos outros (auxiliares);
 um procedimento para exceção de impedimento e suspeição do juiz que está no Tribunal.
Juiz e outros:  deve (CPC) encaminhar a exceção ao juiz.
 encaminhar uma petição fundamentada, indicando qual é o vício que levaria ao impedimento ou
suspeição;
 deve apresentar (seja ordinário, sumário, sumaríssimo) o rol de testemunhas na petição de
impedimento ou suspeição.

Petição = é qualquer manifestação que você faz ao longo do procedimento.

Observações:
 Se eu digo que o juiz é impedido ou suspeito e direciono a exceção a ele, é bom possível que
ele negue.
 Segundo o CPC, o juiz pode confessar o impedimento ou suspeição, acolhendo a exceção.
 Se o juiz não se confirmar impedido ou suspeito, vai para o tribunal. Da decisão do tribunal ainda
cabe recurso.
 Quando o juiz é questionado, vira excepto, vira réu, tem prazo próprio de 10 dias, tem o juiz que
indicar rol de testemunhas e pode o mesmo ser alcançado pela preclusão.

QUESTÃO DE CONCURSO E PROVAS.


 Em relação à exceção dos outros que não o juiz, o impedimento e suspeição têm prazo de
resposta de 5 dias (quebra de isonomia). Em relação a estes, que não o juiz, a exceção não
suspende o procedimento.
Art. 138 CPC – Impedimento e Suspeição (dos Outros) :
ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 76
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 Ministério Público
 Serventuário
 Perito
 Intérprete.

Art. 138. Aplicam-se também os motivos de impedimento e de suspeição

I - ao órgão do Ministério Público, quando não for parte, e, sendo parte, nos casos previstos nos ns. I a IV do art. 135;

II - ao serventuário de justiça;

III - ao perito;

IV - ao intérprete.

§ 1o A parte interessada deverá argüir o impedimento ou a suspeição, em petição fundamentada e devidamente

 “Sempre” a suspensão do processo “tem” que ser declarada pelo juiz (efeitos ex tunc – retroage
até os atos praticados por quem foi suscitada a suspeição ou impedimento.
1º - juiz determina de imediato a suspensão do procedimento;
2º - prazo de 10 dias para a resposta (se juiz) e 5 dias (se outros).

Artigos preferidos pela OAB no Exame da Ordem:


Impedimento – art. 134, 136 CPC
Suspeição – art. 135

IMPEDIMENTO
Art. 134. É defeso ao juiz exercer as suas funções no processo contencioso ou voluntário:

I - de que for parte;

II - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como órgão do Ministério Público, ou
prestou depoimento como testemunha;

III - que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido sentença ou decisão;

IV - quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge ou qualquer parente seu, consangüíneo
ou afim, em linha reta; ou na linha colateral até o segundo grau;

V - quando cônjuge, parente, consangüíneo ou afim, de alguma das partes, em linha reta ou, na colateral, até o
terceiro grau;

VI - quando for órgão de direção ou de administração de pessoa jurídica, parte na causa.

SUSPEIÇÃO
Art. 135. Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade do juiz, quando:

I - amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes;

II - alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou de parentes destes, em linha reta ou na

colateral até o terceiro grau;

III - herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes;

IV - receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar alguma das partes acerca do objeto da
Dica do Professor para saber se trata-se de impedimento ou suspeição:
 Examinar a facilidade da prova do vício:
 se for “objetivamente” identificável, será impedimento (prova por via documental);
 se mais difícil de provar, será suspeição.
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Exceção à esta dica: inciso III da suspeição: se o juiz é empregador de uma das partes.

 Além destes motivos, pode o juiz declinar por “motivo íntimo”, não precisando o juiz declarar
qual o real motivo.

Considerações finais:
 “Coleguismo” profissional não é amizade íntima;
 Sempre que identificar um vício, não ter medo, devemos excepcionar o sujeito suspeito ou
impedido;
 Na prática, há um certo receio pelo possível não acolhimento da exceção pelo juiz;
 Se o juiz é impedido ou suspeito, vai julgar contra o seu cliente de toda a forma, portanto, não há
que se temer: deve-se excepcionar;
 Ter cautela: buscar uma prova robusta, comprovável;
 No CPC existe a ação rescisória que traz como um dos cabimentos de sua aplicação a exceção
por impedimento do juiz – a ação rescisória visa afastar a coisa julgada.

Aula 15/04/09

Reconvenção
 Considerações Iniciais
 Hipóteses de Cabimento
 Procedimento
 Considerações Finais

Pedido Contraposto
 Considerações Iniciais
 Hipóteses de Cabimento
 Procedimento
 Considerações Finais

Impugnação ao valor da Causa


 Considerações Iniciais
 Hipóteses de Cabimento
 Procedimento
 Considerações Finais

Impugnação ao Pedido de Justiça Gratuita


 Considerações iniciais
 Hipótese de cabimento

Reconvenção – última técnica de defesa do réu , CPC à partir do artigo 315 e seguintes.
 Consideração Inicial – diz respeito à sua característica – Trata-se de uma ação do réu contra o
autor, ao contrário da contestação e exceção. É um contra-ataque do réu contra o autor.
Não há uma resistência do réu em sentido estrito e sim, uma agressividade do réu em face do autor
frente ao procedimento já instaurado.

A reconvenção tem que observar todos os requisitos já estudados para a Petição Inicial, ou seja, artigos
282, 283, art. 39, I, e art. 15 da lei 11.419.

É, porém, permitido ao réu, ao invés de manifestar uma reconvenção, manifestar em seu lugar uma
ação autônoma. A Reconvenção visa somente uma ação mais econômica e mais célere, sem ter,
porém, caráter obrigatório. Se preferir, o réu pode instaurar uma ação em separado contra o autor do
procedimento principal e nesta ação em separado encaminhar o seu pedido.

 Hipóteses de cabimento – art. 315


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Seção IV
Da Reconvenção

Art. 315. O réu pode reconvir ao autor no mesmo processo, toda vez que a reconvenção seja conexa com a ação
principal ou com o fundamento da defesa.

Além destes requisitos, há que se demonstrar que a competência para a reconvenção é a mesma para
a competência para a ação principal e que os procedimentos são comuns.

Procedimento para a Reconvenção:


 O prazo para oferecimento da reconvenção é o prazo de oferecimento de defesa, ou seja, no
procedimento ordinário, o prazo é de 15 dias.
 Uma petição para a contestação e uma petição para a reconvenção.
 Se você tiver que oferecer reconvenção e contestação, estas devem ser apresentadas
simultaneamente, na mesma data, em instrumentos, peças diferentes, porém simultaneamente.
 Se você apresentar no 1º dia a contestação e no 15º dia a reconvenção, a reconvenção estaria
em prazo intempestivo (preclusão consumativa do ato).
 No estudo de pós-graduação, hoje se conclui que toda preclusão acaba sendo lógica e
consumativa (matéria de pós-graduação).

Na reconvenção, por expressa determinação do CPC, não há citação, basta o réu intimar o autor na
pessoa do seu advogado.

Réu que manifesta a reconvenção – reconvinte.


Autor da ação principal, contra quem a reconvenção é manifestada – reconvindo.

Art. 316. Oferecida a reconvenção, o autor reconvindo será intimado, na pessoa do seu procurador, para contestá-la
no prazo de 15 (quinze) dias.

Art. 317. A desistência da ação, ou a existência de qualquer causa que a extinga, não obsta ao prosseguimento da
reconvenção.

O reconvindo não precisa ser citado, e sim, segundo o CPC, de intimação. Esta intimação se dá por via
de publicação em Diário Oficial (não há correio, oficial de justiça, edital, etc, bastando uma publicação
simples do Diário Oficial).

Terminologicamente o termo intimação do autor na reconvenção estaria incorreto, deveria ser citação.

O advogado recebe a intimação para que o reconvindo, querendo, responda à reconvenção.

CPC – para que o advogado receba citação, precisa ter poderes especiais. O CPC, ao usar o termo
intimação, afasta esta necessidade, bastando uma pequena publicação no Diário Oficial eletrônico.

No procedimento sumário o procedimento é o mesmo.

A reconvenção gera um julgamento simultâneo, tanto do pedido da ação principal, quanto do pedido da
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reconvenção (realiza-se uma audiência só, uma sentença só, ganhando-se em tempo a ação).

Ação e reconvenção são ações autônomas, se uma se cancelar, a outra continua.


Se você tivesse que instaurar uma ação em separado, seria distribuída por dependência, dando-se
conexão, sendo autos separados e amarrados. Na reconvenção, está tudo nos próprios autos.
Isto pode ser confuso.
O autor da ação principal será intimado através do seu advogado e vai apresentar a contestação à
reconvenção. Os autos teriam então 2 contestações. Há procedimentos com 12, 84 reconvenções e
contestações do reconvindo.
Considerações finais:
Possibilidade ou não de réplica. Há parte da doutrina que diz que a réplica não seria cabível na
reconvenção. Mas a maioria entende que sim, que é possível a réplica.
Confusão maior é sobre a possibilidade de reconvenção à reconvenção. Pelo CPC, dizendo que o
reconvindo deverá apresentar contestação, não há expressa previsão da reconvenção. Há autores que
entendem que sim.

Pedido Contraposto
Reconvenção mitigada.
Hipóteses de cabimento são diferentes da reconvenção:
Só pode se fundamentar (causa de pedir próxima ou remota) nos mesmos fatos suscitados no
procedimento. Logo, a reconvenção pode ser fundada nos fatos ou nos direitos. No pedido contraposto
só pode se fundamentar nos fatos.

Procedimento Sumário – art. 278, parágrafo 1º,


Procedimento Sumaríssimo, art. 31, lei 9099/95.

A contestação já afasta na ação dúplice a necessidade de pedido contraposto.


Procedimento da reconvenção requer a instauração de uma petição inicial com seus requisitos.
No pedido contraposto, é apenas um pedido da contestação.
No procedimento ordinário, em que se autoriza a reconvenção, temos 1 PI de contestação e uma PI de
reconvenção.
No Sumário e Sumaríssimo, tenho a contestação em que o PEDIDO CONTRAPOSTO é apenas 1 ítem,
1 tópico.

Nos procedimentos sumário e sumaríssimo a sugestão é:


 Na contestação, a nossa primeira atenção é a matéria processual, chamada PRELIMINAR, para
apontar irregularidades relacionadas a processo e à ação.
 Abre-se outro tópico MERITO – Objeto imediato do pedido, contrapondo-se à pretensão.
 Depois, abre-se outro tópico: PEDIDO CONTRAPOSTO.

NA AÇÃO DÚPLICE NÃO HÁ NECESSIDADE DE RECONVENÇÃO OU PEDIDO CONTRAPOSTO,


POIS A PRÓPRIA CONTESTAÇÃO JÁ ATENDERIA AO QUE EU FARIA NA RECONVENÇÃO E
PEDIDO CONTRAPOSTO.
A CONTESTAÇÃO NAS AÇÕES DÚPLICES JÁ FAZ JUS DE VIA DE CONTRA-ATAQUE.
Exemplo: ações possessórias x acidente de trânsito.
Na ação de trânsito (Sumário), oferece o réu, após citado, a contestação, e na contestação abre-se o
tópico para contra-atacar (Pedido Contraposto), dizendo que é o autor que deve indenizar.
Na ação dúplice, não precisaria disto.

Cont.
No procedimento sumário e sumaríssimo, a resposta deve ser oferecida em audiência. Como o pedido
contraposto integra a contestação, ele será também na audiência. (Pode ser oral – sumaríssimo).
No ordinário, há a exigência da reconvenção como ação autônoma.

Impugnação ao valor da causa – art. 261


Por via da impugnação do valor da causa, o réu vai indicar o equívoco que o autor teria cometido ao
iniciar a PI e indicar o seu valor da causa (arts. 259 e 260).
Se lançado equivocadamente pelo autor o valor da causa, abre-se ao réu a oportunidade de impugnar
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este valor. Esta impugnação deve se dar por uma petição em separado, uma Petição simples, não
precisando preencher todos os requisitos exigidos na PI. Basta indicar, conforme o seu entendimento,
por que é que o valor da causa informado pelo autor estaria equivocado.
Esta petição deve estar em apenso, o autor deve ser ouvido no prazo de 5 dias para que possa ser
ouvido. O juiz pode indicar perito para este cálculo.
Não precisa ser simultânea a impugnação ao valor da causa com a contestação. A única que tem que
ser simultânea é a reconvenção.
Para isto, há que se ter o entretecimento, fatos e fundamentos (causa remota e próxima, pedido
mediato e imediato).
A impugnação ao valor da causa só é aceita como tópico na contestação no procedimento sumaríssimo.
No sumário e ordinário tem que ser em separado.

Considerações finais:
Existe parte da doutrina que diz que o juiz pode retificar de ofício o valor da causa. Para esta parte da
doutrina, se o juiz se apercebe que o autor lançou errado o valor da causa, o juiz poderia alterar este
valor. O argumento desta parte da doutrina, como o valor da causa é requisito da PI e é matéria pública,
o juiz poderia mudar.
Outros dizem que o Juiz pode alterar o valor da causa só quando este valor altere o procedimento.
Art. 261, parágrafo único diz que se o réu não impugnar o valor da causa, presume-se o valor correto.
Se há presunção de valor correto pela inércia do réu, por que haveria o juiz de alterar de ofício o valor
da causa? Há uma violação ao princípio da congruência, juiz se atém ao pedido.

Aula 17/04/09

Impugnação ao Pedido de Justiça Gratuita – modalidade de defesa não exclusiva do réu


Lei 1.060/50

Considerações Gerais
Pressupõe o estudo do próprio pedido de gratuidade jurisdicional.
A lei 1.060/50 diz que as partes podem requerer a gratuidade jurisdicional e à partir daí estariam isentas
das despesas de custos, despesas e honorários.
Esta possibilidade é tanto para autor quanto para o réu.

Os honorários do advogado são decididos com base na condenação.


O pedido de justiça gratuita vem nos auxiliar neste sentido.
A lei 1.060/50 diz que aquele que não tem como pagar tais custas, pode estar isento, desde que cumpra
determinados requisitos.

A parte contrária pode impugnar este pedido, de forma que aquela parte que requereu o pedido de
justiça gratuita tenha que pagar as custas.
Alguns manuais de Direito Processual não estudam esta técnica de defesa do réu ou do autor.
Alguns professores de PC dizem que como esta impugnação não é espécie de defesa informada no
CPC em seu artigo 297.

Procedimento
A lei 1.060/50 exige que aquele que pede a Justiça Gratuita apenas declare por escrito que não tem
como pagar as custas (despesas, honorários e custas) sem prejuízo do seu sustento ou mesmo de sua
família.
Art. 2º, lei 1.060/50.
A lei 1.060 não exige um estado de miséria daquele que pretende a justiça gratuita. A lei diz que não
pode ocorrer um comprometimento do sustento.
Nada obsta que quem tenha imóvel, carro, requeira justiça gratuita, não há óbice a isto.
Ocorre que muitos que têm como pagar requerem este benefício, levando à uma inadimplência
antecipada e pública. E na posição de Estado-juiz, o juiz acabe negando esta justiça gratuita, embora a
lei não permita a negativa de ofício pelo juiz.

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Em MG existe o maior número de negativa do Brasil. O problema não é o indeferimento e sim o


afastamento da lei. A lei diz que basta a declaração e por ela o juiz tem que deferir.
À partir daí, se a parte quiser, pode impugnar. E o juiz pode revogar o pedido, desde que ouça a parte
que requer o benefício antes. Mas em MG os juízes estão extrapolando esta regra. Estão condicionando
o deferimento do pedido à apresentação de declaração de imposto de renda e contra-cheques.
Pela lei não há esta exigência, basta o pedido e a declaração.
Existe recurso à esta determinação do juiz (exigência de contra-cheque, comprovante de que não tem
imóvel, etc.), cabe agravo de instrumento (recurso a decisão interlocutória). O Tribunal vem acatando
estes recursos.
 Ocorre mediante uma petição inicial, uma petição em apenso à PI que foi instaurada. Este
pedido receberá um número diferente.
 Seja o pedido ou a impugnação sempre será em separado, em apenso.
 A parte contrária tem 48 horas para oferecer resposta à impugnação ao pedido de justiça
gratuita.
 Trata-se de uma exceção, podendo a parte se manifestar a qualquer tempo.
 A parte que pede e a parte contrária podem pedir a qualquer tempo ao juiz a Justiça Gratuita
(por exemplo, durante o procedimento ocorre fato novo que inviabilize à parte pagar os
honorários, etc – doença, acidente, desemprego, etc).
 Se deferida, a parte contrária tem 48 horas para responder (impugnar o pedido de justiça
gratuita).
 O Juiz pode, durante o procedimento, perceber fatores que gerem o afastamento da Justiça
Gratuita.

Considerações Finais
 O que o CPC diz é que todas as vezes que se pede a Justiça Gratuita, os honorários de
sucumbência não podem ultrapassar 15% do valor da causa.
 Alcançado o pedido de Justiça Gratuita, a exigibilidade de pagamento fica suspensa por 5 anos,
conforme expresso em lei. Se, durante este prazo, a parte contrária ou advogado conseguir
provar que quem alcançou a justiça gratuita tem condições de pagar os honorários ou
sucumbência, pode buscar provar em juízo para que fique a parte obrigada a assumir tais
custos.
 O pagamento é corrigido com juros e correção monetária durante o período de afastamento da
exigibilidade de pagamento (5 anos), sendo 1% ao mês de juros mais a correção monetária.
 LER A LEI 1.060/50, a qual foi republicada em 1974.
 O pedido de justiça gratuita cabe em qualquer procedimento: ordinário, sumário e no recurso do
JEsp.

Ação Declaratória Incidental – modalidade de defesa não exclusiva do réu - Art. 5º, 325 do CPC

Considerações iniciais
É uma faculdade da parte, não é obrigatória a sua interposição, assim como na reconvenção.
Visa a celeridade do procedimento e economia processual.

Requisitos:
a) Existência de questão prejudicial negada pela contestação
b) Competência e procedimento idênticos para Ação Principal e Declaração Incidental
c) Mesmas partes
d) Ação Principal pendente

 Tem que estar diante, no procedimento já instaurado, de uma questão prejudicial e esta questão
tem que ser negada.
Questão = matéria controversa
Prejudicial = ligada à procedência ou improcedência do pedido.
Exemplo: Direito de Família – é mais comum de ocorrer as ações declaratórias incidentais.
Uma moça instaura um procedimento contra alguém, requerendo alimentos. Segundo esta mulher, ela
manteve união estável com este homem, e, logo após, começou a ter necessidades.

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União estável = forma de família semelhante ao casamento. A lei exige que seja do sexo contrário.
A relação conjugal, para ser considerada “união estável”, tem que ter cumulativamente :
I – ser uma relação pública – de conhecimento de todos, notória;
II – ser uma relação contínua;
III – a relação tem que ter o objetivo de formação de família;
IV – tem que ser entre sexos opostos (homem e mulher).
V – tem que existir fidelidade.

Após recente atualização legal, o reconhecimento da união estável não exige a formalidade do
casamento nem prazo mínimo (anos) da existência da relação, bastando comprovar os 4 requisitos
acima.
A lei não exige mais a existência de filho comum, moradia no mesmo teto e prazo de 5 anos (estes
requisitos eram anteriormente obrigatórios).
Logo, a atual diferença de namoro para união estável é muito estreita.

Exemplo: Moça que morava com rapaz a 9 anos, e, tendo a relação interrompida, instaura um
procedimento visando alimentos (Ação de Alimentos), fundada em União Estável.
Mas a união estável é uma questão prejudicial na ação, visto que a defesa nega a união estável,
negando, portanto, a inicial, pois só caberá ação de alimentos se confirmada a união estável.
Uma vez negada pela defesa, torna-se questão prejudicial à ação de alimentos, devendo ser
anteriormente resolvida, através de Ação Declaratória Incidental, para que se possa, finalmente, julgar o
mérito (ação de alimentos) da petição inicial.

No Direito Brasileiro, só há coisa julgada se a decisão for sobre o pedido (Ex.: de alimentos).

Se você quiser, desde logo, resolver a questão prejudicial, manifeste a ação declaratória incidental.

Quando estudamos pedidos cumulados, pode se pedir: União Estável + Alimentos.


Como no exemplo acima, a moça não pediu porque considerava ser uma questão certa, não prejudicial,
cabe, na negativa da defesa, a Ação Declaratória Incidental.

A defesa pode alegar que teve ou tem outra mulher além da anterior, pois um dos requisitos é a
FIDELIDADE.

Procedimento da Ação Declaratória Incidental:


 pelo réu, deve ser interposta no prazo de defesa, nas preliminares da contestação;

Objetivo da Ação Declaratória Incidental:


 De se ter um julgamento em conjunto, tanto da ação principal, quanto da ação declaratória
incidental, gerando economia processual, maior celeridade e visando evitar incongruências com
fatos conexos à mesma ação;

A ação declaratória incidental vem, normalmente, precedida de um susto pela parte contrária, a qual
não imagina que a questão prejudicial seria negada pelo réu.
A sentença da ação declaratória incidental é sentença declaratória com força de condenação.

Ação declaratória incidental e reconvenção: diferenças

 Quanto a Legitimidade:
 a reconvenção é do réu contra o autor;
 a ação declaratória incidental pode ser tanto do réu contra o autor quanto do autor contra o
réu;

 Quanto a dependência da contestação:


 a reconvenção não depende da contestação;
 a ação declaratória incidental não existe sem contestação, é feita na contestação;

ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 83


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 Quanto a Autonomia:
 a reconvenção é autônoma em relação à ação instaurada, principal. Se extinta a ação
principal, a reconvenção permanece até que se resolva;
 a ação declaratória incidental não é autônoma. Se extinta a ação principal, a ADI também se
extingue.

 Quanto ao Objetivo:
 a Ação Declaratória Incidental visa somente a declaração de um direito ou da existência ou
não de uma relação jurídica;
 a reconvenção, além da declaração da existência ou não de um direito ou de uma relação
jurídica, pode requerer também uma condenação ou constituição de direitos;
 Quanto a existência de questão prejudicial:
 a Ação Declaratória Incidental tem como base ou fundamento a existência de uma questão
prejudicial;
 a reconvenção pode ocorrer, vir, sem ou com Ação Declaratória Incidental (questão
prejudicial), ou seja, não é pré-requisito da reconvenção a existência de uma questão prejudicial.

Aula 22/04/09

Providências Preliminares – arts. 323 e seguintes – Procedimento Ordinário

Considerações Gerais:
 Providências preliminares é o nome que o CPC dá ás condutas que devem ser determinadas
pelo julgador ou mesmo adotadas pelo autor do procedimento logo após esgotado o prazo de
contestação.
 Pelo instituto das providências preliminares, teremos acesso às condutas que deverão ser
determinadas e poderão ser adotadas dando prosseguimento ao procedimento judicial.
 As providências preliminares dependerão da contestação de maneira direta. Veremos que o tipo
de providência preliminar depende do oferecimento ou não da contestação e, se oferecida esta,
do seu conteúdo.
 Podemos, portanto, ter providências preliminares, mesmo sem contestação. Mas precisa-se
aguardar o término do prazo da contestação para a adoção de condutas.
 Quanto ao prazo – o artigo 323 determina que findo o prazo para a resposta do réu, o escrivão
fará a conclusão dos autos. O juiz, no prazo de 10 dias, determinará as providências
preliminares que constam neste capítulo.
 *** Os artigos de hoje deixam claro que, embora as providências, em regra, se realizem em 10
dias, nem sempre isto ocorrerá. Ao que parece, este prazo seria para o magistrado, e não para o
autor adotar as condutas. Mas como o juiz não sofre preclusão de seus atos, pode extrapolar
este prazo.
 *** Localização do instituto das providências preliminares nas fases lógicas do
procedimento ordinário.

Fases

1a 2a 3a 4a 5a 6a

Fase Fase Fase Fase Fase Fase de


Postulatória saneadora / probatória / decisória de liquidação de Cumprimento de
PETIÇÃO saneatória instrutória sentença sentença
INICIAL

vamos estudar no 6º período

A discusão é se as providências preliminares estaria na fase postulatória ou saneadora.


Parte da doutrina diz que as providências preliminares encerram a fase postulatória.
Parte outra da doutrina diz que as providências preliminares estaria a inaugurar a fase saneadora.
ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 84
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Prof.Humberto Teodoro Júnior – as providências preliminares encerram a fase postulatória.

Para o professor, o direito processual democrático, que exige participação e fiscalização das
partes, sob pena destas partes não se reconhecerem co-autoras das decisões proferidas, a
ausência das providências preliminares durante todo o procedimento torna a decisão inócua.

As providências preliminares envolvem tanto a Petição Inicial quanto a contestação.

Diz o CPC que se o réu não apresentar a contestação e for sofrer os efeitos materiais da revelia, o juiz
deverá requerer a especificação de provas pelo autor.

Vimos que, um réu revel não significa um efeito material da revelia produzido (fatos considerados como
verdadeiros). Em determinadas hipóteses teremos o réu revel sem que sofra os efeitos da revelia.
Neste caso, o autor continua tendo que provar aquilo que alegou na petição inicial. Se ocorrer o efeito
material da revelia, aí não há necessidade de prova pelo autor, tomando-se os fatos narrados pelo
mesmo como verdadeiro.

Quando estudamos a PI, vimos que o autor precisa indicar de forma genérica as formas que pretende
produzir.
A especificação de provas, é justamente, a indicação final dos meios de prova que o autor pretende
utilizar e também a indicação da finalidade da prova, aqui entendida como quais os fatos que o autor
pretende provar com estes meios de prova.
Se o réu deixa de oferecer contestação, mas não há efeito material da revelia, o autor tem que
especificar quais fatos pretende provar e através de quais meios.
Exemplo: A instaura ação de danos materiais contra B e C. B não oferece contestação, sendo revel. C
apresenta contestação, afastando o efeito material da revelia. Nesta hipótese, B não apresentou a
contestação mas continua obrigado a especificar as provas, pois C, em litisconsórcio, apresentou a
contestação.
A pode dizer, por exemplo, que embora tenha indicado de maneira genérica que usaria de todos os
meios de prova admitidos pela lei, irá usar apenas das provas testemunhais.

NÃO CONFUNDIR REVELIA COM EFEITOS DA REVELIA.

Pelo CPC, a única hipótese em que haverá a especificação de provas é esta – não há efeito material da
revelia.
No entanto, jurisprudência, súmulas, vem dizendo que, se o réu, não tem direito a especificação de
provas, tem seu direito de ampla defesa do réu violado.

Pelo CPC só quem especifica provas é o autor e especificamente na especificação de provas.


Hoje, o entendimento majoritário é tão absoluto é muito comum o juiz soltar um despacho:
especifiquem as partes as provas (ou seja, esta especificação é aberta tanto ao autor quanto ao réu).

Pelo CPC, o momento do réu requerer as provas que vai produzir é na contestação.

CAPÍTULO IV
DAS PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES
Art. 323. Findo o prazo para a resposta do réu, o escrivão fará a conclusão dos autos. O juiz, no prazo de 10 (dez)
dias, determinará, conforme o caso, as providências preliminares, que constam das seções deste Capítulo.
Seção I
Do Efeito da Revelia
Art. 324. Se o réu não contestar a ação, o juiz, verificando que não ocorreu o efeito da revelia, mandará que o autor
especifique as provas que pretenda produzir na audiência.

2. RÉPLICA OU IMPUGNAÇÃO – arts. 326 e 327 (1ª parte).

ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 85


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Ao contrário da especificação de provas, que pressupõe a não apresentação de contestação, a réplica


pressupõe a apresentação de contestação como também pressupõe que esta contestação apresentada
traz como conteúdo matéria preliminar ou matéria de defesa indireta de mérito.
À partir dos artigos 326 e 327, 1ª parte, se na contestação o réu suscitou uma defesa preliminar ou
uma defesa indireta de mérito, o autor tem o direito de falar sobre estas matérias por via da RÉPLICA.
Portanto, para que se tenha réplica no procedimento ordinário, há que se ter uma contestação que
suscite defesa preliminar ou defesa indireta de mérito.
Lembrando:
Preliminar – diz respeito à condição da ação ou pressuposto processual.
A defesa de mérito indireta - é aquela que traz fato impeditivo, extintivo ou modificativo do direito do
autor.
Se você, na condição de autor, ao ler na contestação do réu, identificar preliminar ou defesa indireta de
mérito, terá o direito à réplica no prazo de 10 dias.
A réplica é algo importantíssimo para o autor porque é através dela que o autor irá demonstrar que a
defesa de mérito indireta ou preliminar são incabíveis no caso em questão.
O autor pode inclusive juntar documentos na réplica, desde que estes se relacionem à matéria de
defesa de mérito indireto ou preliminar (documentos novos desde que adstritos à estas matérias).
A réplica pode destruir a contestação do réu.

Parte da doutrina diz que a réplica não deveria existir, pois não há isonomia entre autor e réu, vez que
autor fala duas vezes e o réu uma vez só.
Parte da doutrina diz que se a réplica não existir, há restrição do direito de ampla defesa do autor, vez
que o réu traz uma matéria de mérito ou preliminar que atingem o pedido do autor, devendo o mesmo
ter o direito de participação e fiscalização.

Seção III
Dos Fatos Impeditivos, Modificativos ou Extintivos do Pedido

Art. 326. Se o réu, reconhecendo o fato em que se fundou a ação, outro Ihe opuser impeditivo, modificativo ou extintivo
do direito do autor, este será ouvido no prazo de 10 (dez) dias, facultando-lhe o juiz a produção de prova documental.

Seção IV
Das Alegações do Réu

Art. 327. Se o réu alegar qualquer das matérias enumeradas no art. 301, o juiz mandará ouvir o autor no prazo de 10
(dez) dias, permitindo-lhe a produção de prova documental. Verificando a existência de irregularidades ou de nulidades
sanáveis, o juiz mandará supri-las, fixando à parte prazo nunca superior a 30 (trinta) dias.

3. AÇÃO DECLARATÓRIA INCIDENTAL – já estudada em última aula


Na última aula foi vista como técnica de defesa do réu.
Aqui, nesta aula, está vista como direito do autor, como providência preliminar, tendo o prazo de 10
dias, conforme art. 325 CPC (ação de declaração incidental).

4. SANEAMENTO DE VÍCIOS – art. 327, parte final.

Verificando a existência de irregularidades ou de nulidades sanáveis, o juiz mandará supri-las, fixando à


parte prazo nunca superior a 30 (trinta) dias.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Nos procedimentos Sumário e Sumaríssimo, as providências preliminares são bastante mitigadas.

O que a doutrina e jurisprudência minoritária vem dizendo é que a especificação de provas no sumário é
cabível na audiência, embora a lei vede, assim como a maioria da doutrina (art.276) e no sumaríssimo
não é cabível, porque pode produzir as provas na audiência independentemente do pedido.

A doutrina e jurisprudência vêm dizendo que a réplica é permitida na audiência de conciliação do


procedimento Sumário (mesmo o CPC nada falando a respeito), no procedimento Sumaríssimo não há
direito a réplica.
ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 86
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Ainda sobre a réplica – muitos advogados deixam de exercer o direito à réplica, sendo um erro. A réplica
deve ser usada pelo advogado na oportunidade.

Outras condutas que são providências preliminares mas não estão previstas nos artigos acima:
(normalmente cobradas em concurso público)
 A determinação da intervenção do Ministério Público – há hipóteses de atuação previstas para o
MP (art. 82);
 A citação do litisconsorte necessário;
 A decisão sobre as intervenções de terceiros;
 Determinar pronunciamento sobre documentos juntados – no Direito Brasileiro, se uma das
partes junta um documento no procedimento ordinário, a outra parte tem o direito de sobre ele
se pronunciar num prazo de 5 dias.

MODELOS DE RESPOSTA DO RÉU:


Site da Dom Helder – Ex.: Contestação em ação de indenização por danos morais movida por
advogado contra cliente.

Aula 24/04/09

Apresentação dos trabalhos em banca: sala 72, 4ª feira próxima, 17hs.

Do Julgamento conforme o estado do processo


 Considerações iniciais
 Artigos 329 e seguintes

1. Extinção do processo
2. Julgamento antecipado da lide
3. Saneamento procedimental
 Audiência preliminar
 Despacho saneador
 Provas
 Considerações gerais
 Conceito de prova no CPC

O julgamento conforme o estado do processo está na fase saneadora e se você entender que as
providências preliminares estão também na fase saneadora, o julgamento conforme o estado do
processo inaugura esta fase.

O julgamento conforme o estado do processo, art. 328, é situado logo após as providências
preliminares, tendo estas providências preliminares existido ou não. Segundo o que a doutrina vem
dizendo, a fase saneadora que abarcaria o julgamento conforme o estado do processo estaria logo após
a fase postulatória.

O julgamento conforme o estado do processo é gênero do qual são espécies: extinção do processo,
julgamento antecipado da lide e o saneamento procedimental.
Basta acompanhar o CPC a partir do art.329 que conseguiremos identificar cada um destes itens.

A extinção do processo está no art. 329.


O julgamento antecipado da lide está no art. 330 e
O saneamento procedimental está no art. 331.

1ª espécie de Julgamento conforme o estado do processo, conforme o CPC seria a EXTINÇÃO DO


PROCESSO.
Conforme o art.329, irá existir a extinção do processo na hipótese dos arts. 267 e 269, incisos II a V.

ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 87


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O CPC prevê no art. 329, alcançando também o julgamento antecipado da lide, é a antecipação do
julgamento.
Atualmente, as decisões são proferidas como sentenças só na fase decisória. Pelo julgamento
conforme o estado do processo, o CPC autoriza que ao invés que a sentença seja proferida na fase
decisória, ela seja proferida já na fase de saneamento.

É possível, portanto, que o procedimento não apresente as fases probatória e decisória, é possível que
a sentença seja proferida no próprio julgamento conforme o estado do processo.

Em relação à extinção do processo, será possível que ocorra já na fase do saneamento, quando o juiz
identificar algumas das hipóteses dos arts. 267 ou 269, II a V.

Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito:

I - quando o juiz indeferir a petição inicial;

Il - quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;

III - quando, por não promover os atos e diligências que Ihe competir, o autor abandonar a causa por mais de 30
(trinta) dias;

IV - quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do


processo;

V - quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada;

Vl - quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade das
partes e o interesse processual;

Vll - pela convenção de arbitragem;

Vlll - quando o autor desistir da ação;

IX - quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal;

X - quando ocorrer confusão entre autor e réu;

XI - nos demais casos prescritos neste Código.


Art.267 – diz respeito às condições da ação ou pressupostos processuais. Extinção sem resolução do
mérito.

Art. 269 – com resolução do mérito.

Art. 269. Haverá resolução de mérito:

I - quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor;

II - quando o réu reconhecer a procedência do pedido;

PeloIIIjulgamento
- quando as conforme
partes transigirem;
o estado do processo, o juiz poderá decidir a sentença desde a fase de
saneamento, sem precisar aguardar a fase decisória.
Tendo o juiz, na fase preliminar, tendo os autos em suas mãos, vendo que há falta de condição da ação
ou pressuposto processual, pode o juiz já extinguir desde logo o processo sem julgamento do mérito.

Vimos nas providências preliminares que, se o vício é sanável, o juiz dará prazo de 30 dias para suprir o
vício. Se insanável o vício, não há o que se suprir.
A decisão de vício insanável é decisão interlocutória, pois dá direito a recurso pelo autor.

ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 88


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Parênteses teórico sobre a expressão “Extinção do processo” :


O CPC, que traz o conceito de processo como relação jurídica entre autor, juiz e réu e que cumpre
finalidades, esta terminologia é possível. Para o conceito constitucionalizado de processo, esta
expressão jamais poderia existir, pois não haveria participação e fiscalização, numa perspectiva
democrática.
Leia-se, portanto, este conceito de extinção do processo, a partir da concepção do CPC.
Cabe recurso a esta decisão ou ainda ação rescisória.
Na visão do CPC (e de SP), seria a eliminação do recurso.

( ) Alexander Gaspar – escreveu sobre a extinção do processo, dizendo que se extinguir o processo
estaríamos extinguindo a nós mesmos. Estudos Continuados de Teoria do Processo. Sugere a
modificação de extinção para encerramento.
Estes artigos visam celeridade e efetividade.

Julgamento de plano, não precisa de citar.


Tutela antecipada.
>
>
O julgamento antecipado da lide pode ocorrer segundo o artigo 330 em 3 hipóteses e estas 3 hipóteses
estão indicadas nos incisos I e II.
Art. 330. O juiz conhecerá diretamente do pedido, proferindo sentença:
I - quando a questão de mérito for unicamente de direito, ou, sendo de direito e de fato, não houver necessidade
de produzir prova em audiência;
II - quando ocorrer a revelia (art. 319).

1ª hipótese de julgamento antecipado da lide:


 ser a matéria unicamente de direito – neste caso não vai requerer prova, afastando-se a fase
probatória e antecipando-se a fase decisória.
Discussão: Existe matéria somente de direito? Para o CPC e alguns autores há, para outros não.

2ª hipótese para julgamento antecipado da lide:


 sendo a matéria de mérito, de fato e de direito, não sendo necessário a produção de provas em
audiência.
O período para se juntar documentos nos autos já se passou
> documentos indispensáveis ou
> especificação de provas (providências preliminares).

3ª hipótese para julgamento antecipado da lide:


 quando ocorrer a revelia, com os efeitos materiais (onde o réu tem que especificar provas).
Sem efeitos matérias a revelia, julgamento conforme o estado da lide, julgamento conforme o estado do
processo.

PROVA:
Sem efeito material – especificação de provas pelo autor (art.320, 302 CPC).
Com efeito material – julgamento antecipado da lide.
Nós já estudamos:
Tutela antecipada
O julgamento de plano pela improcedência (que também é antecipado).

Paralelo entre estes institutos: PROVA

Julgamento antecipado da lide não se confunde com antecipação de tutela.


A antecipação de tutela, quando ocorre, o procedimento continua tramitando até a sentença, tanto é que
poderá existir revogação ou modificação da decisão antecipada.
No julgamento antecipado da lide, se você julga no saneamento, na fase saneadora, o procedimento se
encerra ali.
É por isto que a decisão antecipatória se dá por decisão interlocutória e o julgamento antecipado da lide
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por via de sentença.

A antecipação de tutela pode alcançar um ou mais pedidos.


O julgamento antecipado da lide não, tem que atingir todos os pedidos, tanto é que o procedimento é
encerrado.

Cabe agravo de instrumento contra decisão interlocutória.


Contra a sentença cabe apelação.

Em relação ao confronto do julgamento antecipado da lide e da improcedência de plano do pedido as


diferenças são ainda maiores.
No art. 285-A, o juiz profere sentença na fase postulatória, antes mesmo da citação do réu.
No julgamento antecipado, a sentença é proferida no saneamento, na fase saneadora.
Por outro lado, a partir do art. 285-A, a sentença é sempre de improcedência do pedido.
No julgamento antecipado da lide não, a sentença pode ser de procedência ou improcedência.

Antecipação da lide(não tem urgência) e procedimento cautelar (sempre visa urgência).

Lide, que integra a expressão “julgamento antecipado da lide”, leia-se julgamento antecipado do pedido,
pedido mediato, direito material, é por isto que a sentença é de mérito.
Mas se não ocorrer o julgamento antecipado da lide ou extinção do processo, ocorre o saneamento
procedimental – art. 331 CPC

Art. 331. Se não ocorrer qualquer das hipóteses previstas nas seções precedentes, e versar a causa sobre direitos
que admitam transação, o juiz designará audiência preliminar, a realizar-se no prazo de 30 (trinta) dias, para a qual
serão as partes intimadas a comparecer, podendo fazer-se representar por procurador ou preposto, com poderes
para transigir.
§ 1o Obtida a conciliação, será reduzida a termo e homologada por sentença.
§ 2o Se, por qualquer motivo, não for obtida a conciliação, o juiz fixará os pontos controvertidos, decidirá as
questões processuais pendentes e determinará as provas a serem produzidas, designando audiência de instrução
e julgamento, se necessário.
§ 3o Se o direito em litígio não admitir transação, ou se as circunstâncias da causa evidenciarem ser improvável
O saneamento do procedimento pode ocorrer ao longo de uma Audiência preliminar ou fora dela.
Se fora , chama-se despacho saneador.
Conforme o CPC, a audiência preliminar deve ser marcada sempre que o direito debatido for disponível
e sempre que seja provável a obtenção de transação.
Então, quando o direito é disponível e quando é provável a existência de acordo sobre este direito, o
juiz deve marcar audiência preliminar.

A audiência preliminar tem duplo objetivo:


1º - tentar conciliação,
2º - se não conseguir conciliação, sanear o procedimento.

Estranho nisso tudo, se o juiz entender que é improvável a conciliação, o CPC diz que o juiz não deve
marcar a audiência preliminar. Logo, sem ouvir as partes, não marca preliminar, sendo totalmente
subjetiva a decisão do juiz.
Percepção do professor: maior quantidade de conciliações quando é na presença do juiz.

Art.331, parágrafo 2º - o juiz deve, saneando o procedimento,


Saneamento – o juiz estaria preparando o procedimento para a fase probatória, estabelecer quais fatos
devem ser provados na audiência, vai marcar a audiência.
O saneamento, se não ocorrer na audiência preliminar, vai ocorrer no despacho saneador, que é uma
decisão, decisão fora da audiência.

( ) expressão equivocada de despacho saneador.


Despacho – é ato de impulsionamento do procedimento, ato de tramitação. O despacho não viola
direitos. Mas quando se fala no saneamento, e a doutrina fala de despacho saneador, estamos diante
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de atos que não são atos de mero impulsionamento do procedimento. O despacho saneador é uma
decisão interlocutória, pode gerar direito sim e pode gerar prejuízo se negado, cabendo
recurso(agravo), se fosse despacho não caberia recurso. Decisão interlocutória saneadora.
Se o juiz, por exemplo, negar o direito a perícia solicitado pelo autor, ele te gera prejuízo.

PROVAS
As provas vêm sendo indicadas pelos autores como integrantes da fase probatória.
Mas, como considerações iniciais, realmente pela doutrina, a fase probatória se inicia após o
saneamento. Mas na prática já existe a produção de provas desde a petição inicial.
Quando se tem que anexar documentos indispensáveis à petição inicial na fase postulatória, já existe a
produção de provas. Ler, portanto, com reserva estas doutrinas.

O estudo das provas gastará 8 aulas. O CPC começa a abordar as Provas no art. 352 e vai até o art.
443. São mais de 100 artigos só sobre provas.

No âmbito do Processo Civil Brasileiro, a prova recebe um conceito variado.


Na Teoria do Processo, existem 3 teorias que se destinam a explicitação do conceito de prova:
1ª – Diz que prova é meio de prova
2ª – Diz que prova é atividade de provar
3ª – Diz que prova é resultado probatório

São 3 teorias importantes, de autores estrangeiros, que disputam o conceito adequado de prova.

O CPC acolheu os 3 conceitos, ao invés de escolher um deles.


Deixou claro isto em 3 artigos:
 Art.332 – Prova é meio de prova. “Todos os meios legais ou moralmente legítimos...” – documental,
testemunhal, etc.
 Art. 333 – Ônus da prova a autor e réu – provar como atividade de provar.
 Art. 131 – O CPC diz que o juiz deve apreciar livremente a prova – prova aqui é o resultado
probatório, são as provas constantes nos autos, aquilo que consta no procedimento.

Aula 29/04/09

Apresentação do trabalho de monografia em Banca - Hoje:


 Art. 285-A fere o contraditório?
 Qual a diferença da antecipação de tutela e do julgamento de plano?
 Qual a diferença do julgamento antecipado da lide e da antecipação de tutela?

Prova Civil – continuação


 Objeto de Prova
 Ônus da Prova
 Regra geral
 Convenção
 Inversão
 Meios de Prova

Avaliação múltipla – será dia 06/05/09 – valor : 8 pontos – 4ª feira:


Assuntos da prova: Da Resposta do Réu:
 Contestação
 Reconvenção
 Exceção
 Impugnação ao valor da Causa
 Impugnação a Justiça Gratuita
 Antecipação de tutela
 Pedido Contraposto

ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 91


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 Ação Declaratória Incidental

Matéria da 2ª parcial – á partir da matéria após a 1ª prova até próximo a data da 2ª parcial.

Prova para o CPC – é meio, atividade e resultado. Adota as 3 teorias.

Identificação do que é que deve ser provado no procedimento judicial.


Qual é o objeto de prova? Ou seja, quais são os fatos que devem ser provados no procedimento.

Regra geral – todos os fatos têm que ser provados, embora o art. 334 do CPC nos indique fato que não
depende de prova.
Apesar de ser comum se dizer que o objeto de prova são os fatos, no Direito Brasileiro,
excepcionalmente o direito pode ser objeto de prova, conforme previsão do art.337 do CPC.
Dizer que o objeto de prova são os fatos é algo que deve ser acolhido como regra geral e com reservas,
pois excepcionalmente pode se ter o direito se colocando como objeto de prova.

Art.337
Art. 337. A parte, que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário, provar-lhe-á o teor e a
vigência, se assim o determinar o juiz.

O juiz pode determinar que se prove o teor e a vigência destas provas.


O direito se prova com a apresentação do texto normativo – juntar aos autos uma cópia da lei em
questão.

Exemplo: Direito estrangeiro – área trabalhista – Mendes Júnior e envio de funcionários para o Iraque
ou Arábia Saudita.

Art. 332. Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código,
são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda a ação ou a defesa.

Art.334

Art. 334. Não dependem de prova os fatos:

I - notórios;

II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária;

I – Fato notório – vem sendo bastante questionado pela doutrina, pois, em se admitindo a notoriedade
como algo que afastaria a necessidade de se provar, a identificação de fato como notório seria algo
muito útil a quem aproveitaria esta provação. As teorias que se apresentam para dizer o que é fato
notório são:
a) Fato notório é aquele de conhecimento geral, que todo mundo conhece.
b) Fato notório é aquele de conhecimento geral mas numa determinada localidade. À partir desta teoria,
tem-se uma restrição importante ao que é e ao que não é notório.

Num caso concreto, se adotada a 2ª teoria, determinado fato pode ter que ser provado, enquanto pela
1ª teoria não teria.

Fatos – art. 334.


Direito – art. 337.

II – Fatos afirmados pela parte e confessados pela parte contrária.


Se a confissão ocorre a partir de um vício de consentimento, há como requerer um vício desta
confissão.
Neste inciso há a pressuposição de que a confissão não seria viciada.
ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 92
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IV – Não dependem de prova os fatos em cujo favor milita presunção legal de existência ou de
veracidade.

Matéria de mestrado do professor:


As presunções e contraditório no Estado Democrático de Direito.

“As presunções violam o princípio do contraditório.”


 Quando se presume, quem deveria provar a existência do fato, fica dispensado de fazê-lo,
havendo a supressão de ônus de provar, tendo a parte contrária que provar o contrário.
 Viola o contraditório por ser o contraditório uma igualdade de tratamento. Pela presunção esta
igualdade é afastada.
 Sejam as presunções relativas, mistas ou absolutas, violam o princípio do contraditório.

Outro aspecto em relação às presunções é o Princípio da Inocência, o qual determina que ninguém é
obrigado a fazer prova contra si mesmo. Mas, na legislação infraconstitucional brasileira este princípio é
violado, pois, por via legislativa, existem determinações que obrigam o indivíduo a produzir prova contra
si mesmo. Se confrontarmos a lei constitucional com a infraconstitucional, deve prevalecer a lei
constitucional.

O CC 2002, no art. 231, previu que se o indivíduo não se prontificar a fazer uma perícia médica, o
resultado produzido por ela tem como ser verificado, ou seja, se você não fizer, estará reconhecendo a
procedência do pedido.
Exemplo: Exame de DNA em testes de paternidade.

CÓDIGO CIVIL 2002

Art. 230. As presunções, que não as legais, não se admitem nos casos em que a lei exclui a prova testemunhal.

Discussão hoje: a presunção beneficia um e prejudica o outro, não havendo tratamento igualitário.
Em muitas vezes esta presunção vem para beneficiar a sociedade. Exemplo: Direito Penal, presunção
de estupro em relações com menor de 14 anos (presunção pro-societatis).

Outra presunção perigosa: “Fé Pública” – resquício do Estado Social – se hoje não há mais diferença
entre privado e público, por que o que o Estado diz é verdadeiro e o que o cidadão diz não é
presumidamente verdade, tendo que ser provado?

Ônus da prova – art. 333 CPC

O CPC determina os fatos que o autor deve provar e quais os fatos que o réu deve provar.
Autor – prova dos fatos constitutivos.

Art. 333. O ônus da prova incumbe:

I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;

II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.

Parágrafo único. É nula a convenção que distribui de maneira diversa o ônus da prova quando:
Verificamos este ônus da prova na defesa direta de mérito.

O fato constitutivo é o fato que permite a aplicação da norma favorável ao autor.


O fato impeditivo é o fato que, concorrendo com o constitutivo, veda a aplicação da norma favorável
ao autor.
O fato modificativo é o fato que permite a aplicação da norma favorável ao autor mas não da maneira
inicialmente pretendida.
O fato extintivo é o fato que obsta ou faz cessar a aplicação da norma favorável ao autor.

ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 93


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Em termos gerais:
O autor deve provar fatos que lhe interessem e o réu também provar fatos que lhe interessem.
A partir daí, o autor deverá provar os fatos que autorizariam a aplicação de uma norma favorável a ele
(fato constitutivo) e o réu deverá provar os fatos que afastariam, ainda que parcialmente, a aplicação
desta norma favorável ao autor.
Se o autor diz que A gerou a ele um prejuízo, um dano, em decorrência de sua conduta, é o autor que
deve provar a existência do prejuízo, quem provocou este prejuízo e o nexo de causalidade (fato
constitutivo).
Mas o réu, a partir daí, deverá provar todos os fatos que impeçam ao autor obter a aplicação daquela
norma que alega da maneira pretendida, devendo trazer um fato impeditivo, extintivo ou modificativo.

Exemplo:
Quando se fala em fato impeditivo, seria um fato que concorre com o fato constitutivo e que vedaria a
aplicação do fato constitutivo do autor.
Ex.: Justiça do trabalho, demissão sem justa causa, direito do empregado receber 40% do FGTS,
somente se esta demissão for sem justa causa.
Se o réu demonstra que houve desligamento mas que ocorreu por justa causa, ele veda o direito
almejado pelo autor (fato impeditivo).
Fato constitutivo – demissão – provada pelo autor.
Fato impeditivo – justa causa

Fato impeditivo é uma qualidade do fato constitutivo, que, se comprovada, afasta a aplicação da
norma favorável ao autor.
O fato modificativo dá uma aplicação da norma de forma diferente da almejada pelo autor.
Exemplo: Dívida de mil reais demandada pelo autor sendo que você já pagou 600 reais. Neste caso,
comprovado o pagamento parcial, persiste a demanda de pagamento parcial, sendo este um fato
modificativo.

O fato extintivo obsta a aplicação da norma favorável ao autor:


1. Pagamento integral;
2. Prescrição
3. Decadência

Estes 3 institutos são fatos extintivos.

A presunção faz com que aquele que se beneficia dela não prove nada, ficando todo o ônus da prova
para a outra parte, não havendo isonomia.

Convenção do Ônus da prova


Além das presunções, o CPC prevê no parágrafo único do art. 333, de autor e réu convencionarem o
ônus da prova de maneira diversa à regra geral dada no caput do art.333.
CDC - Dos Direitos Básicos do Consumidor
Art.A convenção dobásicos
6º São direitos ônus da prova não pode ocorrer:
do consumidor:
I –I -quando o direito
a proteção da vida,for indisponível;
saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e
II serviços
– quando considerados perigosos
for excessiva, ou nocivos;
houver excessividade para a parte contrária.
II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de
escolha edo
Inversão a igualdade
ônus da nas contratações;
prova – art. 6º do CDC, lei 8078/90
III - a informação adequada e clara sobredeos
Neste artigo o CDC prevê a possibilidade quediferentes produtos
o consumidor nãoe precise
serviços,provar.
com especificação correta de
quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como
contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;
V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em
razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais
e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos
necessitados;
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no
processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente,
ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 94
segundo as regras ordinárias de experiências;
IX - (Vetado);
X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.
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A inversão do ônus da prova se dará (no CDC):


1. Se houver verossimilhança das alegações;
2. Alegação de hipossuficientes (frágil, ou no plano técnico-científico, econômico, jurídico, político, etc).

Quais os requisitos para o ônus da prova?


 Verossimilhança ou hipossuficiência.

Parte da doutrina aceita a inversão e parte da doutrina diz que a inversão afronta a isonomia.

Professor: A inversão do ônus da prova no CDC não apresenta o momento ideal para que ocorra, não
diz quando é que o juiz deve ou não inverter o ônus da prova e isto abre espaço para conflitos.

Vimos o saneamento e nele o juiz deve fixar os pontos controvertidos, pendentes e falar sobre a prova
(se inverte ou não a prova). O juiz em MG vem invertendo a prova na sentença (CDC), ferrando o
fornecedor 2 vezes: desiguala e impede que seja provado, pois a fase probatória já passou.
O fornecedor não conta na fase probatória em provar fatos que dizem respeito a parte contrária.

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Aula 06/05/09

Meios de Prova
 Considerações iniciais

1. Depoimento Pessoal
 Considerações iniciais
 Interrogatório e Depoimento Pessoal
 Lugar da produção
 Produção

2. Confissão
 Considerações iniciais
 Requisitos
a) Capacidade do confitente
b) Direito disponível relacionado ao fato confessado
c) Adesão do cônjuge, nas ações sobre imóveis
d) Desnecessidade de forma solene para a prova do fato
e) Verossimilhança da alegação relacionada ao fato

 Quando o CPC fala dos meios de prova, ele se remete de maneira inicial no art. 332 que diz que
temos o direito de utilizar de todos os meios de prova legítimos e legais de prova.
 Depoimento pessoal e confissão – meios legais de prova.
 O CPC não diz o que é meio moralmente legítimo – envolve o conceito de Moralidade.
 O conceito de moralidade recebe contornos específicos para cada autor que a aborda.
 A moralidade se distingue em cada paradigma do direito: Estado Social, Democrático, Liberal.
 Na prática, a cada dia que passa, é mais comum a discussão da aceitação ou não de fatos que
são provados no procedimento que não expostos na lei.
 Não há regramento para os meios moralmente legítimos.
 ( ) Kant – A moralidade obriga internamente.

Se a moralidade é interna, como dizer se é meio legítimo ou não?


 No âmbito do Direito Penal, a todo o tempo se discute sobre os meios moralmente e legalmente
legítimos quando se trabalha a prova lícita e ilícita.
 No âmbito do Direito Civil, é muito discutido no Direito de Família.

Hoje, existem 2 teorias bem claras sobre o estudo da prova ilícita.


1ª teoria – Não se importa com o meio de prova e sim com sua finalidade. Para esta doutrina, pouco
importa se o meio é lícito ou não, o que importa é sua finalidade. Este conceito se aplica muito bem
para quem trabalha o Processo como Relação Jurídica, importando a decisão, pouco importando o meio
que foi utilizado.
2ª teoria – Para quem trabalha o processo democrático, o meio faz toda a diferença. No paradigma
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atual do Estado Democrático do Direito, temos que ter participação e fiscalização em relação às
decisões cujos efeitos nós sofreremos.
Dentro dos Direitos Fundamentais, existem os direitos à privacidade, inviolabilidade, intimidade, etc.
Para quem trabalha o Direito Democrático, os fins não justificam os meios. A fixação dos fatos tem que
partir de uma participação e fiscalização incessantes.
Se não posso admitir um fato se o meio é ilícito. Se há violação de participação, fiscalização, intimidade,
entre outros, o fato demonstrado no procedimento estaria nulo em si.
Na prática, a mesma situação vem recebendo entendimentos completamente distintos conforme uma ou
outra teoria.
O que o Direito Penal vem fazendo é enunciar uma série de teorias para abordar a prova ilícita ou não.

Exemplo: A queria se separar de B. O motivo era traição da mulher contra o marido.


A demonstração da traição será feita por qual meio de prova ?
A responde que não viu, que ninguém lhe falou, mas que tem certeza de que foi traído.
Não sendo esta informação, A insere câmera para filmar o quarto e comprova a traição.
Porém, este meio usado não teve a participação da mulher para a fixação da câmera, não tendo a prova
participação e fiscalização da parte contrária, invadindo sua privacidade e intimidade, o que pode gerar
o questionamento da ilicitude da prova, que o meio foi moralmente ilegítimo.
Com este entendimento, o réu da separação poderia reconvir, pedindo danos morais pela invasão de
privacidade.

Hoje, o juiz se baseia na instituição da família como entidade mais importante e defendida pela CF/88,
não acata a separação por fim do afeto.

Art. 332. Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código,
são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda a ação ou a defesa.

Existindo ou não da prova ilícita, ela traz questões inevitáveis para o julgador.
Mesmo que a prova seja retirada dos autos por ser ilícita, o magistrado já se convenceu da veracidade
dos fatos.
O que não está nos autos não está no mundo – o juiz decide sem poder usar como fundamento o meio
ilícito de prova.
Nas lojas, o aviso de que você está sendo filmado, é meio para comprovar que você participa e
fiscaliza, sabe que está sendo filmado, é partícipe do registro do fato, não sendo meio ilícito a filmagem
neste caso.

( ) Em lugares públicos, há uma maior possibilidade de sustentação quanto à este tipo de prova, pois a
pessoa se expõe publicamente, se coloca no risco de se expor.
Em contrapartida, o argumento é ______

Depoimento Pessoal – Art. 342 e seguintes.


É prestado pela parte ou por um terceiro interessado (intervenção de terceiros).
Este depoimento é sempre parcial.
Do Depoimento Pessoal
Acaba sendo um meio de prova que visa esclarecer fatos mas que deve ser observado com ressalvas.
Art. 342. O juiz pode, de ofício, em qualquer estado do processo, determinar o comparecimento pessoal das
partes, a fim de interrogá-las sobre os fatos da causa.

Art. 343. Quando o juiz não o determinar de ofício, compete a cada parte requerer o depoimento pessoal da outra,
a fim de interrogá-la na audiência de instrução e julgamento.

§ 1o A parte será intimada pessoalmente, constando do mandado que se presumirão confessados os fatos contra
ela alegados, caso não compareça ou, comparecendo, se recuse a depor.

§ 2o Se a parte intimada não comparecer, ou comparecendo, se recusar a depor, o juiz Ihe aplicará a pena de
confissão.

Art. 344. A parte será interrogada na forma prescrita para a inquirição de testemunhas.

Parágrafo único. É defeso, a quem ainda não depôs, assistir ao interrogatório da outra parte.

Art. 345. Quando a parte, sem ESCOLA


motivo justificado,
SUPERIOR DOMdeixarHELDER
de responder
CÂMARAao que Ihe for perguntado, ou empregar
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evasivas, o juiz, apreciando as demais circunstâncias e elementos de prova, declarará, na sentença, se houve
recusa de depor.
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O depoimento pessoal é gênero, do qual o interrogatório e o depoimento pessoal são espécies.

Interrogatório
Ato que tem por finalidade o esclarecimento do juízo.
O objetivo do interrogatório é trazer informações sobre determinados fatos a partir da iniciativa do juiz.
O interrogatório, sendo um ato privativo do juiz, acaba sendo bem diferente do depoimento pessoal.
Pelo interrogatório, só o juiz é que pode perguntar.
O interrogatório pode existir quantas vezes o juiz quiser.
O juiz pode, a qualquer tempo, intimar as partes e terceiros interessados para esclarecer os fatos.
Depoimento Pessoal – Partes e Terceiros Interessados
Ocorre, em regra, na Audiência de Instrução e Julgamento (AIJ).
Em regra, é prestado apenas uma vez, nesta audiência (AIJ).
No âmbito do depoimento pessoal, tanto o juiz pode perguntar, quanto os advogados das partes
contrárias, assim como o Ministério Público como fiscal da lei.
Se você pretender colher depoimento pessoal da parte contrária, a finalidade do mesmo é de obter a
confissão.
Pelo depoimento pessoal, o que se pretende conseguir, é que a parte contrária confesse um fato.
É por isto que o professor informa que não devemos pedir o depoimento pessoal do seu próprio cliente.
1º - pergunta o juiz;
2º - pergunta o advogado do autor;
3º - pergunta o advogado do réu;
4º - pergunta o terceiro interessado.

Se há litisconsórcio, houve-se na ordem da indicação da petição, na ordem cronológica.

Como o Depoimento Pessoal requer provocação da parte interessada, não podendo o juiz de ofício
solicitar o DP, peça a intimação pessoal desta parte, pois, senão, ela não precisa ir.
Se quiser que a parte contrária venha para o depoimento pessoal, peça um mandado para que
pessoalmente seja intimada a parte contrária para que venha a juízo, senão presume-se verdadeiro o
que foi afirmado.

A parte tem direito de ouvir a parte contrária, desde que faça o requerimento de mandado para intimar
pessoalmente a parte contrária. Se não requisitar, a parte não é obrigada a ir na AIJ, indo somente o
seu advogado (direito ao silêncio).

O momento de requerer o mandado para intimar pessoalmente a parte contrária a prestar o depoimento
pessoal não é informado expressamente pelo CPC.
Para o professor, deve ser no momento de especificação de provas.
Há entendimentos de que seja no prazo de 5 dias antes da audiência (quando o prazo não é informado,
o CPC informa que será de 5 dias).

Fases

1a 2a 3a 4a 5a 6a

Fase Fase Fase Fase Fase Fase de


Postulatória saneadora / probatória / decisória de liquidação de Cumprimento de
PETIÇÃO saneatória instrutória sentença sentença
INICIAL

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vamos estudar no 6º período

O CPC não proíbe que você consulte documentos durante o depoimento pessoal, de breves relatos. O
que o CPC não permita é que se leia um documento, discurso, etc. O depoimento pessoal é de
pergunta e resposta, diretamente.

O CPC, no art. 347, diz que:

Art. 347. A parte não é obrigada a depor de fatos:

I - criminosos ou torpes, que Ihe forem imputados;

II - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo.

Fora isto, a parte é obrigada a depor.

O CPC traz o conceito de Confissão no art. 348.

Da Confissão

Art. 348. Há confissão, quando a parte admite a verdade de um fato, contrário ao seu interesse e favorável ao
adversário. A confissão é judicial ou extrajudicial.

Para o professor, a confissão não é meio de prova, e sim decorrência da utilização de um meio, é uma
declaração.

Para que a confissão seja válida, há que se preencher os requisitos:


a.Capacidade do confitente
b.Direito disponível relacionado ao fato confessado
c.Adesão do cônjuge, nas ações sobre imóveis
d.Desnecessidade de forma solene para a prova do fato
e.Verossimilhança da alegação relacionada ao fato – a doutrina vem afirmando que a confissão seja
havida em cima de fato que se tenha como verdade. (Subjetividade).

Aula 13/05/09

2. Confissão – art. 348


 Espécies
Judicial ou Extrajudicial
Provocada ou Espontânea
Real ou Ficta
 Irretratabilidade
 Revogação
 Indivisibilidade – art. 354
 Eficácia

3. Prova Testemunhal
 Considerações Gerais
 Admissibilidade
 Quem pode testemunhar

Confissão judicial – o CPC não diz expressamente mas confissão judicial é aquela que ocorre em juízo.
Confissão extrajudicial – é aquela que ocorre fora do juízo.

Sendo Judicial, pode ser provocada ou expontânea.


Provocada – diz o CPC que a confissão será provacada quando ela decorrer de um depoimento
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pessoal.
Espontânea - pode ocorrer tanto em juízo quanto fora dele.

Em TGP II vimos:
Advogado – tem poderes de mandato gerais e específicos – art. 38 CPC.
Especiais – o advogado, dentre os poderes especiais, pode confessar em nome do cliente, podendo o
advogado ser agente de confissão espontânea.
CUIDADO: Se constar na procuração que o advogado tem o poder para confessar, cuidado para não
confessar, senão prejudica o cliente.

Confissão judicial - Tem efeitos plenos


Confissão extrajudicial - Espontânea, extrajudicial, deve se observar a forma em que foi feita.

O CPC diz:
Se extraoficial, e por escrito, e diretamente feita pela parte contrária ou pelo seu representante, terá
efeito como se judicial fosse.
Exemplo: Produzir um documento direcionado a parte contrária confessando determinado ato.
Assinar documento confessando a dívida, direciona o documento à parte contrária, será confissão.
O CPC diz que:
Se confessar para um terceiro ou verbalmente, ou por via de testamento, esta confissão será tomada
com reservas – o juiz deverá avaliar com cuidado a confissão que se realizou.

Conseqüências da confissão realizada:


CPC diz – uma vez confessado um fato, não se pode retratar sobre esta confissão, não se pode voltar
atrás.
O CPC não admite a retratação da confissão, embora admita a sua revogação.

Diferença de retratação para revogação (confissão é irretratável mas é revogável)


A retratação é manifestação de vontade de quem confessou, direito potestativo, não depende da
intervenção do órgão jurisdicional.
A revogação requer instauração de ação judicial e somente é cabível se você argüir que a confissão se
deu a partir de um vício de vontade – art. 352.

Art. 352
CONCURSO VEM COBRANDO MUITO O TIPO DE AÇÃO PARA REVOGAÇÃO

Art. 352. A confissão, quando emanar de erro, dolo ou coação, pode ser revogada:

I - por ação anulatória, se pendente o processo em que foi feita;

II - por ação rescisória, depois de transitada em julgado a sentença, da qual constituir o único fundamento.

O CPC diz que se o procedimento onde a confissão se aproveita ainda não teve coisa julgada, a ação
seria a Ação anulatória.
Se já houver coisa julgada, deve se usar a Ação Rescisória.

A confissão é irretratável mas revogável se feita com vício de vontade, via ação anulatória se ainda sem
coisa julgada, ou ação rescisória se já houve coisa julgada.

A ação destinada à revogação é uma ação personalíssima, só quem confessou é que pode destinar a
ação para revogar a confissão. Se quem confessou morrer antes de instaurada a confissão, não poderá
(seus sucessores) instaurar a mesma. Se morrer o confessor após já ter o mesmo instaurada, poderão
seus sucessores darem continuidade á ação.

O CPC diz que a confissão é indivisível, ou se aproveita a confissão integralmente ou não se aproveita
nada – art. 354.

ESCOLA
Art. 354. A confissão é, de regra, SUPERIOR
indivisível, não DOM HELDER
podendo CÂMARA
a parte, 100 no
que a quiser invocar como prova, aceitá-la
tópico que a beneficiar e rejeitá-la no que Ihe for desfavorável. Cindir-se-á, todavia, quando o confitente Ihe aduzir
fatos novos, suscetíveis de constituir fundamento de defesa de direito material ou de reconvenção.
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Não há hierarquia no Direito Brasileiro entre os meios de prova. Não é melhor a confissão do que
perícia, testemunhas, etc.
A eficácia da confissão, será, portanto, sempre relativa.
Na prática, já há quem diga que a confissão é a rainha das provas. Se o sujeito que vai ser alcançado
de maneira desfavorável pela confissão, ainda assim confessa, maior credibilidade ainda se dará à
confissão.

Art. 353. A confissão extrajudicial, feita por escrito à parte ou a quem a represente, tem a mesma eficácia probatória
da judicial; feita a terceiro, ou contida em testamento, será livremente apreciada pelo juiz.

Parágrafo único. Todavia, quando feita verbalmente, só terá eficácia nos casos em que a lei não exija prova literal.
( ) Confissão é difícil de se afastar.

Há a discussão se a confissão é ou não um meio de prova.


Há quem entende que sim, outros que não é, outros que dizem que dependem de outros depoimentos
de prova, por exemplo, o documental.
3. Prova Testemunhal – art. 400 e seguintes do CPC
Considerações Gerais
A prova testemunhal é prestada por terceiros desinteressados.
O depoimento pessoal é prestado pelas partes e por terceiros interessados.

Admissibilidade
Embora quase sempre admitida a prova testemunhal, os arts. 400, 401 e 402 indicam as hipóteses em
que ela não será admitida.
O CPC diz que o juiz indeferirá as testemunhas fatos já comprovados por documentos ou por confissão
da parte, e também quando só puderem ser provados por perícia ou já estiver provado.

A prova testemunhal não pode ser usada para afastar a confissão já feita, salvo se você revogar a
confissão.
O CPC tenta afastar a utilização de testemunha por desnecessária.
O CPC diz que a existência de um contrato só pode ocorrer por via exclusivamente testemunhal, se o
valor da dívida se der no máximo de 10 salários mínimos.

Pagamento, exclusão de dívida e existência do contrato até 10 salários mínimos, acatam prova
testemunhal. Se o valor se situar acima de 10 salários mínimos, não se poderá usar exclusivamente de
prova testemunhal (salvo art. 402).

Quem pode testemunhar – art. 403


Em regra, todos podem testemunhar.
O CPC afasta num 1º momento da possibilidade de testemunhar, somente os (art. 405):
1. Incapazes – estão sempre ligados a fatores físicos ou psíquicos.
2. Suspeitos
3. Impedidos
Da Admissibilidade e do Valor da Prova Testemunhal

Art. 400. A prova testemunhal é sempre admissível, não dispondo a lei de modo diverso. O juiz indeferirá a
inquirição de testemunhas sobre fatos:

I - já provados por documento ou confissão da parte;

II - que só por documento ou por exame pericial puderem ser provados.

Art. 401. A prova exclusivamente testemunhal só se admite nos contratos cujo valor não exceda o décuplo do maior
salário mínimo vigente no país, ao tempo em que foram celebrados.

Art. 402. Qualquer que seja o valor do contrato, é admissível a prova testemunhal, quando:
ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 101
I - houver começo de prova por escrito, reputando-se tal o documento emanado da parte contra quem se pretende
utilizar o documento como prova;
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Art. 405. Podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto as incapazes, impedidas ou suspeitas.

§ 1o São incapazes:

I - o interdito por demência;

II - o que, acometido por enfermidade, ou debilidade mental, ao tempo em que ocorreram os fatos, não podia
discerni-los; ou, ao tempo em que deve depor, não está habilitado a transmitir as percepções;

III - o menor de 16 (dezesseis) anos;

IV - o cego e o surdo, quando a ciência do fato depender dos sentidos que Ihes faltam.

§ 2o São impedidos:

I - o cônjuge, bem como o ascendente e o descendente em qualquer grau, ou colateral, até o terceiro grau, de
alguma das partes, por consangüinidade ou afinidade, salvo se o exigir o interesse público, ou, tratando-se de causa
relativa ao estado da pessoa, não se puder obter de outro modo a prova, que o juiz repute necessária ao julgamento
do mérito;

II - o que é parte na causa;

III - o que intervém em nome de uma parte, como o tutor na causa do menor, o representante legal da pessoa
jurídica, o juiz, o advogado e outros, que assistam ou tenham assistido as partes.
Não basta ter loucura para ser incapaz. Tem que ser declarado judicialmente como incapaz.
Aquele que não tiver declarada judicialmente a sua debilidade mental, não é considerado interdito
judicialmente.

ATENÇÃO:
IV - o cego e o surdo, quando a ciência do fato depender dos sentidos que Ihes faltam.

SUSPEITO – de difícil verificação prática, vez que se trata de hipóteses subjetivamente verificáveis.
O inciso I do § 3º parece impedimento mas é SUSPEITO.
§ 3o São suspeitos:

I - o condenado por crime de falso testemunho, havendo transitado em julgado a sentença;

II - o que, por seus costumes, não for digno de fé – DISCRIMINAÇÃO DE PESSOA (prostituta, alcoolista, viciado
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em entorpecentes).

Impugnação de testemunha – chama-se CONTRADITA.

Espécies de testemunha:

 Presencial – aquela que entrou em contato direto com o fato que se pretende provar. Ex. da
prostituta.

(não se limita ao apenas ocular, mas auditivo, etc).

 De referência – tomou conhecimento do fato por ouvir dizer.

 Referida – testemunha que é mencionada ou num depoimento pessoal, ou por via de outro
testemunho. É aquela indicada por outrem em juízo.

O CC trata das testemunhas de criança em relações familiares, o CPC não fala nada.

IV - o que tiver interesse no litígio.

O juiz pergunta na qualificação e antes do compromisso.

A contradita é o momento entre a qualificação e o compromisso.

O CPC diz que os suspeitos e impedidos poderão prestar seu testemunho se for estritamente
necessário. Porém, ainda que estritamente necessário, será dado o nome de informante.

Será ouvido mas não jurará que irá dizer a verdade, não sofrerá as conseqüências jurídicas por mentir,
por não ser testemunha, mas informante.

Sobre os incapazes, o CPC não diz se podem ser ouvidos, nem como informantes.

Mas o CC/02, no art. 228, parágrafo único, diz que se o incapaz é o único que tem o conhecimento do
fato, ele tem que ser ouvido, como testemunha. No Direito de Família é muito comum, mas nos outros
ramos o cuidado vem sendo redobrado.

Aula 15/05/09

Produção da Prova Testemunhal

 Requerimento de oitiva

 Admissão

 Local da Produção

 Rol de Testemunhas

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 Requerimento de intimação

 Número de Testemunhas que podem ser ouvidas

 Substituição de Testemunhas

 Falso Testemunho

 Considerações Finais

Aula anterior – estudo de quem pode prestar depoimento como testemunhas.

Incapazes, impedidos e suspeitos não podem testemunhar.

O CPC admite que impedido e suspeito prestem depoimento como INFORMANTES, mesmo assim,
quando estritamente necessário.

O requerimento de oitiva deve se dar de maneira genérica na PI ou na Contestação no Procedimento


Ordinário.

No momento posterior, na especificação de provas, as partes devem reiterar seu pedido genérico.

No procedimento ordinário:

1) PI ou Contestação – referência genérica – “requer usar de todos os meios de prova


admitidos pela lei”.

2) Momento da especificação de provas – informar diretamente as provas que pretende


produzir.

Procedimento Sumário

Já na Petição inicial e Contestação deve informar o rol de testemunhas, quesitos e assistente técnico de
perícia.

A admissão do requerimento de oitiva vai se dar no saneamento.

O saneamento pode ocorrer ou dentro da audiência preliminar, ou fora dela – no despacho saneador.

É neste momento que o juiz vai admitir ou não a produção da prova testemunhal.

No saneamento determinará as provas a serem produzidas, entre elas a prova testemunhal.

O momento adequado do juízo se manifestar da necessidade de produção de provas e admissão de


oitiva é no SANEAMENTO.

Local da Produção da Prova Testemunhal

O CPC indica como lugar tradicional para a produção da prova testemunhal a AIJ (Audiência de
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Instrução e Julgamento). É na AIJ que, em regra, as testemunhas são ouvidas.

Atenção especial para 2 artigos do CPC que apresenta exceções à esta regra: arts. 410 e 411.

Art. 410. As testemunhas depõem, na audiência de instrução, perante o juiz da causa, exceto:

I - as que prestam depoimento antecipadamente;

II - as que são inquiridas por carta;

III - as que, por doença, ou outro motivo relevante, estão impossibilitadas de comparecer em juízo (art. 336,
parágrafo único);

IV - as designadas no artigo seguinte.

Art. 411. São inquiridos em sua residência, ou onde exercem a sua função:

I - o Presidente e o Vice-Presidente da República;

II - o presidente do Senado e o da Câmara dos Deputados;

III - os ministros de Estado;

IV - os ministros do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, do Superior Tribunal Militar, do
Tribunal Superior Eleitoral, do Tribunal Superior do Trabalho e do Tribunal de Contas da União;

V - o procurador-geral da República;

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Procedimento cautelar de produção de provas – oitiva exercida anteriormente ao período de


produção de provas, ou ainda, não há a oitiva pela condição da testemunha, ou ainda, se a pessoa for
viajar, possa testemunhar antes do prazo para não prejudicar compromissos pessoais.

Art.410 – II – Testemunhas ouvidas por carta – precatória, rogatória ou de ordem.

Tendo a necessidade de se ouvir uma testemunha por uma destas cartas, a oitiva será fora da AIJ,
sendo, ainda, em outro juízo (Precatória, Rogatória e Ordem – este último do Tribunal para juízos de 1º
grau).

Procedimentos que envolvam carta rogatória é complicado, envolve outra jurisdição, país estrangeiro,
alguns países vedam o atendimento à carta rogatória, levando, às vezes, à desistência da carta
rogatória.

Art. 411 – Prerrogativa por função – não vão à AIJ, são ouvidos em local que escolherem: escolhem o
local, a hora em que serão ouvidos e o dia em que serão ouvidos. QUEBRA DE ISONOMIA.
Vereador não tem esta prerrogativa.

Podem escolher:
 Se vai ser ouvido em sua residência ou local de trabalho
 A hora
 O dia.
 Têm direito ainda a uma cópia da Petição Inicial e da Contestação.

( ) Prerrogativas – até que ponto no Estado Democrático de Direito estas devem ser aplicadas ou não e
para quem e em que circunstância (Fazenda Pública – prazos, modos de execução, formas de
pagamento diferenciados) – Princípio de que o Público prevalece sobre o Privado – época da ditadura e
que prevalece até hoje.

O juiz já pode, de ofício, pela qualificação das testemunhas

Rol de Testemunhas
Sempre que quiser ouvir testemunhas, deve ser encaminhado o rol (lista) de testemunhas.
No Sumário este rol já deve acompanhar a PI e a Contestação.
No Ordinário, de perfil mais longo, este rol de testemunhas deve ser apresentado mais à frente – art.
407 diz que quem fixa o prazo para a juntada do rol de testemunhas é o juiz no saneamento.
Se o juiz disser que deve ser juntado até dia x, junte-se até este dia.
Se o juiz não disser nada, marcando a data da AIJ, deve-se juntar o rol de testemunhas, em até 10 dias
antes da AIJ.
Art. 407. Incumbe às partes, no prazo que o juiz fixará ao designar a data da audiência, depositar em cartório o
rol de testemunhas, precisando-lhes o nome, profissão, residência e o local de trabalho; omitindo-se o juiz, o rol
será apresentado até 10 (dez) dias antes da audiência.
Parágrafo único. É lícito a cada parte oferecer, no máximo, dez testemunhas; quando qualquer das partes
oferecer mais de três testemunhas para a prova de cada fato, o juiz poderá dispensar as restantes.

Sumário – na PI e contestação
Ordinário – no prazo fixado pelo juiz. Se não fixar prazo, será de 10 dias antes da AIJ.
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Este prazo é preclusivo. Se não juntado o rol de testemunhas, não se terá nova oportunidade para isto.

Questão de concurso:

a) 10 dias antes da AIJ


b) 10 dias após o saneamento
c) 10 dias antes ...
d) N.d.a. – correta – será no prazo fixado pelo juiz. Somente se o juiz não
fixar esta data é que se contará 10 dias antes da data marcada para a AIJ.
Exemplo: AIJ em 30/05 – exclui-se o dia do começo e inclui o dia do final.
29, 28, 27, 26, 25, 24, 23, 22, 21, 20/05.

Art.407 – Deve-se indicar, no rol de testemunhas, o nome da testemunha, a sua profissão, a sua
residência e o local de trabalho. Se não souber algum destes dados, colocar IGNORADO.
O principal é saber o local em que se encontra a testemunha – residência ou trabalho, e também a
profissão (prerrogativa por função, militar que tem que anteriormente requisitado, etc).

Art.183 – Parágrafo – justa causa.

O CPC permite 2 opções – art. 412:


1. Requerer a intimação da testemunha ou
2. Informar que a testemunha comparecerá independente da intimação.

Se quiser que a testemunha seja intimada, deve:


 requerer expressamente;
 esta intimação será feita por via postal ou por oficial de justiça – o professor sugere requerer,
sempre, via oficial de justiça.

Art. 412. A testemunha é intimada a comparecer à audiência, constando do mandado dia, hora e local, bem
como os nomes das partes e a natureza da causa. Se a testemunha deixar de comparecer, sem motivo
justificado, será conduzida, respondendo pelas despesas do adiamento.

§ 1o A parte pode comprometer-se a levar à audiência a testemunha, independentemente de intimação;


presumindo-se, caso não compareça, que desistiu de ouvi-la.

§ 2o Quando figurar no rol de testemunhas funcionário público ou militar, o juiz o requisitará ao chefe da
repartição ou ao comando do corpo em que servir.

Caso a testemunha não compareça, o advogado tem o direito de pedir ao juiz para adiar a AIJ para que
tenha o direito de compor a prova que pretende produzir.
O juiz adia a audiência, e informa que a testemunha, na próxima data, a testemunha deve comparecer
debaixo de vara – polícia vai buscar.
O CPC informa que se o advogado/parte dispensar a intimação e a testemunha não comparecer, a AIJ
não mudará de data, sendo na 1ª data prevista pelo juiz.

Dica do professor: Se for ouvir uma testemunha, como parte, ligue antes e tente ouvi-la, ver se ela
pode testemunhar para você, se seria um problema para a pessoa ou não. Converse antes para que a
pessoa seja comunicada previamente, não sendo surpreendida, o que pode gerar um problema ao
invés de uma ajuda probatória.

Número máximo de testemunhas que podem ser ouvidas:


No ordinário – 10 testemunhas – mas embora que o CPC diga isto, o juiz pode restringir a 3
testemunhas para a prova de cada fato, não havendo a necessidade de 10 pessoas para provar a
mesma coisa.
No Sumário - também são 10 testemunhas.
No Sumaríssimo – máximo de 3 testemunhas – ainda que se tenha 10 fatos para provar, admite-se o
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_________________________________________________________AULAS 5º AN – 1º sem/2009 - Por: Dulcineia Moreira dos Santos

máximo de 3 testemunhas.

DICA DO PROFESSOR: SE PRECISAR DE OUVIR MAIS TESTEMUNHAS, USE A TESTEMUNHA


REFERIDA. Eu não sei, mas fulano sabe. A testemunha referida é admitida inclusive no
sumaríssimo.

Forma de oitiva:
1º ouve-se as testemunhas do autor;
2º ouve-se as testemunhas do réu;
3º ouve-se, se for o caso, as testemunhas do MP.

O 1º a perguntar é o juiz.
O 2º a perguntar é o advogado da parte que a arrolou – se foi arrolada pelo autor, pergunta primeiro o
autor, depois pergunta o réu.
O 3º a perguntar será o MP.

O CPC, quando faz referência à oitiva, diz que a testemunha:


1º - deve ser qualificada;
2º - deve ser compromissada.

Assim que a testemunha ingressar na sala de Audiência, o juiz colhe primeiramente a sua qualificação –
art. 414.

Art. 413. O juiz inquirirá as testemunhas separada e sucessivamente; primeiro as do autor e depois as do réu,
providenciando de modo que uma não ouça o depoimento das outras.

Art. 414. Antes de depor, a testemunha será qualificada, declarando o nome por inteiro, a profissão, a residência e
o estado civil, bem como se tem relações de parentesco com a parte, ou interesse no objeto do processo.
QUALIFICAÇÃO

§ 1o É lícito à parte contraditar a testemunha, argüindo-lhe a incapacidade, o impedimento ou a suspeição. Se a


testemunha negar os fatos que Ihe são imputados, a parte poderá provar a contradita com documentos ou com
testemunhas, até três, apresentada no ato e inquiridas em separado. Sendo provados ou confessados os fatos, o
juiz dispensará a testemunha, ou Ihe tomará o depoimento, observando o disposto no art. 405, § 4 o.

Se na qualificação a testemunha informar que não tem relações de parentesco nem interesse no
processo, a testemunha parte para o COMPROMISSO.

O juiz informa à testemunha que se ela:


Omitir
Mentir
Inventar
Estará cometendo perjúrio, por falso testemunho, podendo ser presas.

O momento que mais se exige do advogado, é o momento entre a qualificação e o compromisso, para
arquir a CONTRADITA.

Contradita – é o anúncio da incapacidade, da suspeição ou impedimento da testemunha.

Se você tiver que argüir a incapacidade, suspeição ou impedimento da testemunha, a hora é o intervalo
entre a qualificação e o compromisso.
O juiz pode acolher ou não a contradita.
Se acolhida, o juiz pode ouvir a testemunha como informante. O juiz ouve mas o depoimento será
admitido com ressalvas.

Depois que a testemunha prestou o compromisso, não é mais possível contraditar a testemunha.
O máximo possível de se fazer depois, é pedir ao juiz que desconsidere o seu testemunho, mas
contraditar não pode mais.
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1º - Qualificação
2º - Intervalo entre qualificação e compromisso – diga – Eu gostaria de contraditar a testemunha.
O juiz pergunta: Por qual motivo doutor? Impedimento, suspeição ou incapacidade.
Ex.: A testemunha diz que é amiga, namorado, empregador, etc, da parte.
O juiz acolhe a contradita e opta se vai ouvir ou não a contradita, perguntando antes para a pessoa
se ela é realmente isto ou não.
Se a pessoa negar, quem arquiu a contradita é que tem que provar, ou por documentos, ou por no
máximo 3 testemunhas – fora do rol de 10 testemunhas – somente para comprovar a contradita. A
contradita tem que ser feita na hora com as provas. Se não provada na hora, o juiz não vai acolher a
contradita e vai ouvir a testemunha.
3º - Compromisso – após este momento não tem mais como contraditar a testemunha.

Indeferimento da contradita – o momento já está alcançado pela preclusão. O advogado deve


apresentar a contradita entre o momento da qualificação e o compromisso.

O CPC diz que depois de juntado o rol de testemunhas, estas não podem ser substituídas, salvo em
hipóteses excepcionais, previstas no art. 408.

Art. 408. Depois de apresentado o rol, de que trata o artigo antecedente, a parte só pode substituir a
testemunha:

I - que falecer;

II - que, por enfermidade, não estiver em condições de depor; - ENFERMIDADE PERMANENTE, SE FOR

Se uma testemunha for contraditada, não pode ser colocada outra no lugar.

Falso testemunho – for evasiva, mentir, omitir – comete perjúrio. O juiz pode prender a testemunha que
cometa perjúrio – art.

Art. 415. Ao início da inquirição, a testemunha prestará o compromisso de dizer a verdade do que souber e Ihe
for perguntado.

Parágrafo único. O juiz advertirá à testemunha que incorre em sanção penal quem faz a afirmação falsa,
cala ou oculta a verdade.

A pergunta do advogado é direcionada ao juiz. O juiz pode ou não encaminhar a pergunta, de acordo
com sua discricionariedade. O advogado pode requerer que a pergunta, se indeferida, conste nos autos,
cabendo posteriormente AGRAVO RETIDO. O recurso é feito oralmente, na própria audiência,
direcionado ao juiz. Se ele retificar, faz a pergunta. Senão, fica retido nos autos e será encaminhado aos
tribunais.

O advogado também pode responder por perjúrio, se instruir a testemunha.


A testemunha não é obrigada, pelo CPC, a responder sobre tudo.
A testemunha também possui regras de privilégio, não tendo que responder sobre tudo:

Art. 406. A testemunha não é obrigada a depor de fatos:

I - que Ihe acarretem grave dano, bem como ao seu cônjuge e aos seus parentes consangüíneos ou afins,
em linha reta, ou na colateral em segundo grau;

O juiz tem o direito (faculdade, não é obrigação) de ouvir testemunhas referidas, realizar acareação
entre testemunhas ou entre testemunhas e partes, e a testemunha tem o direito de ser reembolsada se
teve custos por ir à audiência, informando o CPC que a parte que arrolou a testemunha é que deve
cobrir estes custos.

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Se presta serviço público, não pode ser descontada pela sua falta ao trabalho ou aula, bastando pedir à
Secretaria uma declaração de Comparecimento, o que faz com que a testemunha não possa ser
censurada por seu comparecimento em audiência e ausência no trabalho.

A acareação ocorre quando há divergência entre os depoimentos entre testemunhas ou entre


testemunhas e parte. O juiz coloca as partes ou testemunhas de frente uma para a outra.

CPC – TRABALHO EM GRUPO – OBSERVAÇÕES

Foro de Contagem – incompetência relativa, filho não é questão de matéria, incompetência de foro,
lugar, deverá ser proposta no domicílio do réu.
A propositura da ação em conformidade com o art. 95 do CPC, no lugar da situação do imóvel, só se
dará em ações reais sobre imóveis (direitos reais de propriedade, servidão, etc, sendo discutidos em
juízo, aplica-se o art.95). No caso concreto, trata-se de ação de cobrança de dívida, ação pessoal e não
real, sendo irrelevante o local do imóvel, prevalecendo o foro do domicílio do réu (art. 94, art. 95).

Da impugnação ao valor da causa – será o valor integral do contrato quando a discussão tratar de
cláusula contratual ou cumprimento ou descumprimento do contrato. Se for dívida, será o valor da
dívida.
Não esquecer de mencionar os JUROS e CORREÇÃO MONETÁRIA.

Aula 20/05/09

Prova Pericial – Arts. 145 e seguintes + Art. 420 e seguintes)


 Considerações Gerais
 Admissibilidade da prova pericial
 O perito
o Perito e assistente técnico
o Perito e qualificação técnica
o Direitos e Deveres do Perito
o Escusa de ser perito
o Impedimento e suspeição do perito
o Prestação de informações inverídicas pelo perito
o Substituição do Perito
o Produção da Prova Pericial
o Requerimento
o Deferimento e Fixação de Data para a entrega do laudo
o Apresentação de quesitos e indicação de assistente técnico

Seção II
Do Perito

Art. 145. Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico, o juiz será assistido por perito,
segundo o disposto no art. 421.

§ 1o Os peritos serão escolhidos entre profissionais de nível universitário, devidamente inscritos no órgão de classe
competente, respeitado o disposto no Capítulo Vl, seção Vll, deste Código.

§ 2o Os peritos comprovarão sua especialidade na matéria sobre que deverão opinar, mediante certidão do órgão
profissional em que estiverem inscritos.

§ 3o Nas localidades onde não houver profissionais qualificados que preencham os requisitos dos parágrafos
anteriores, a indicação dos peritos será de livre escolha do juiz.
ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 110
Art. 146. O perito tem o dever de cumprir o ofício, no prazo que Ihe assina a lei, empregando toda a sua diligência;
pode, todavia, escusar-se do encargo alegando motivo legítimo.
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Seção VII
Da Prova Pericial

Art. 420. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação.

Parágrafo único. O juiz indeferirá a perícia quando:

I - a prova do fato não depender do conhecimento especial de técnico;

II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas;

III - a verificação for impraticável.

Art. 421. O juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo para a entrega do laudo.

§ 1o Incumbe às partes, dentro em 5 (cinco) dias, contados da intimação do despacho de nomeação do perito:

I - indicar o assistente técnico;

II - apresentar quesitos.

§ 2o Quando a natureza do fato o permitir, a perícia poderá consistir apenas na inquirição pelo juiz do perito e dos
assistentes, por ocasião da audiência de instrução e julgamento a respeito das coisas que houverem
informalmente examinado ou avaliado

Art. 422. O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que Ihe foi cometido, independentemente de termo de
compromisso. Os assistentes técnicos são de confiança da parte, não sujeitos a impedimento ou suspeição.

Art. 423. O perito pode escusar-se (art. 146), ou ser recusado por impedimento ou suspeição (art. 138, III); ao
aceitar a escusa ou julgar procedente a impugnação, o juiz nomeará novo perito.

Art. 424. O perito pode ser substituído quando:

I - carecer de conhecimento técnico ou científico;

II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que Ihe foi assinado.

Parágrafo único. No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará a ocorrência à corporação profissional respectiva,
podendo, ainda, impor multa ao perito, fixada tendo em vista o valor da causa e o possível prejuízo decorrente do
atraso no processo.

Art. 425. Poderão as partes apresentar, durante a diligência, quesitos suplementares. Da juntada dos quesitos aos
autos dará o escrivão ciência à parte contrária.

Art. 426. Compete ao juiz:

I - indeferir
Art. quesitoso impertinentes;
434. Quando exame tiver por objeto a autenticidade ou a falsidade de documento, ou for de natureza
médico-legal, o perito será escolhido, de preferência, entre os técnicos dos estabelecimentos oficiais
II - formular os que entender necessários ao esclarecimento da causa.
especializados. O juiz autorizará a remessa dos autos, bem como do material sujeito a exame, ao diretor do
estabelecimento.

Parágrafo único. Quando o exame tiver por objeto a autenticidade da letra e firma, o perito poderá requisitar,
para efeito de comparação, documentos existentes em repartições públicas; na falta destes, poderá requerer ao
juiz que a pessoa, a quem se atribuir a autoria do documento, lance em folha de papel, por cópia, ou sob ditado,
dizeres diferentes, para fins de comparação.

Art. 435. A parte, que desejar esclarecimento do perito e do assistente técnico, requererá ao juiz que mande
intimá-lo a comparecer à audiência, formulando desde logo as perguntas, sob forma de quesitos.

Parágrafo único. O perito e o assistente técnico só estarão obrigados a prestar os esclarecimentos a que se
refere este artigo, quando intimados 5 (cinco) dias antes da audiência.

Art. 436. O juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou
fatos provados nos autos.
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Art. 437. O juiz poderá determinar, de ofício ou a requerimento da parte, a realização de nova perícia, quando a
matéria não Ihe parecer suficientemente esclarecida.
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Prova pericial – tem uso restrito no Direito Brasileiro, sendo necessária quando o fato demandar
conhecimentos especializados, senão, usa-se outros meios de prova.

A prova pericial envolve:


 a necessidade de um conhecimento técnico ou
 a necessidade de um conhecimento científico.

Se não se tratar de nenhum destes casos, usar-se-á outros meios de prova.


O CPC, no art. 420, diz que Perícia é gênero do qual são espécies: o exame, a vistoria ou a avaliação.
O CPC não indica o conceito de cada uma destas espécies. A doutrina é que informa:

Exame
É a inspeção sobre coisa móvel. Por coisa móvel entende-se tanto as pessoas quanto os semoventes.
Ex.: Exame de DNA, exame de próstata, exame de urina – inspeção sobre coisa móvel.

Vistoria
É a inspeção sobre coisa imóvel.
Ex.: Vistoria no imóvel para locação.
ERRATA – Vistoria do DETRAN está errado, pois carro é coisa móvel.

Avaliação
Abarca tanto coisa móvel quanto coisa imóvel, mas apenas no que concerne ao seu valor.
Ex.: Avaliação de veículo, avaliação de imóvel (ambos para vender, trocar, etc).

A prova pericial não é admitida em algumas situações ditadas no art. 421 do CPC:
I - a prova do fato não depender do conhecimento especial de técnico; E DO CIENTISTA TAMBÉM.

II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas; NESTE CASO O JUIZ DEVE INDEFERIR A
PERÍCIA. QUANDO? Art. 427 CPC –

Art. 427. O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e na contestação, apresentarem sobre
as questões de fato pareceres técnicos ou documentos elucidativos que considerar suficientes.

SE O FATO JÁ ESTÁ DEMONSTRADO POR OUTROS MEIOS DE PROVA, INDEFERE-SE A PERÍCIA.

CONSIDERAÇÕES SOBRE ESTE ARTIGO:

Este artigo se lança de provas extrajudiciais (laudos, documentos), sem participação da parte contrária
na construção deste documento, sendo afastado o contraditório.

Se o juiz indefere a produção de uma prova pericial, fundamentando-se num laudo produzido
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unilateralmente, há a possibilidade de se questionar este indeferimento, justamente por não ter a parte
contrária participado na construção deste. Cabe recurso (agravo contra decisão interlocutória).

III - a verificação for impraticável.

Ex.: O estabelecimento não existe mais (sociedade extinta, lugar demolido, etc). Pode se tentar
demonstrar por laudo de situação análoga, porém afasta o contraditório da mesma forma.

Hoje o laboratório da Polícia Federal tem uma tecnologia avançada.

Atualmente casos de impraticável perícia são quase inexistentes.

( ) Súmulas x Discursividade, contraditório – decisões uniformes, Control C, Control V.

O PERITO – não se confunde com o assistente técnico.

O perito é nomeado pelo juízo e o assistente técnico é indicado pelas partes.

O perito, quando se trata de prova pericial, tem que existir, já que é ele que irá fazer a perícia.

Já o assistente técnico é facultativo, devendo existir se indicado pela parte.

SEMPRE QUE POSSÍVEL, INDIQUEM ASSISTENTE TÉCNICO.

O CPC, à partir desta distinção, informa que o perito tem que ser imparcial e o assistente técnico tem
que ser parcial.

Qualificação Técnica

O CPC exige o curso superior do perito na área da perícia e inscrição no Conselho respectivo.

O CPC informa, também, que o perito tem que ter especialidade na matéria relacionada à perícia. O
CPC diz que, se na localidade onde a perícia será realizada, não existe um profissional que preencha
estes requisitos, outros poderão ser nomeados. Mas no Brasil, está difícil se verificar na prática.
P.e.., se a perícia for de cirurgia plástica, tem que se nomear alguém formado em medicina e com
especialidade em cirurgia plástica.
A outra parte pode questinar o laudo médico, caso o médico que o fez não tenha a especialidade
exigida para tal perícia.

Direitos e Deveres do Perito


 Direito maior – ser remunerado – em regra, o perito é privado. Se a especialidade, p.e., for
médico-legal, deve se dar prioridade para um perito público. Se for aspectos de falsidade,
também dar prioridade a um perito público da criminalística. No mais, deixa livre o CPC a
indicação do perito.
 É o perito que indica qual o valor pretende receber.
 O perito é nomeado, as partes apresentam seus quesitos, o perito informa o valor que pretende
de receber. Mas quem decide o valor a ser pago é o magistrado, independente da proposta
solicitada pelo perito.

( ) Justiça gratuita – não paga perícia, mas o perito não é obrigado a trabalhar de graça, dificultando a
encontrar um perito que preste serviços gratuitos in casu.

O CPC informa que o perito, após ser nomeado, tem 5 dias para se negar a ser perito – chama-se
ESCUSA DE SER PERITO. Basta informar que se escusa por motivo legítimo, não demandando
informar qual é o motivo.
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Esta escusa vem sendo muito utilizada em casos de justiça gratuita.

Ex.: Até pouco tempo o TJMG tinha convênio com a UFMG, o que facilitava a indicação de um perito,
mas agora o convênio não foi renovado, dificultando encontrar perito em justiça gratuita.

Quem paga o perito, quase sempre é o autor. O autor paga o perito quando:
1. Quando o autor pede a perícia;
2. Quando o juiz, de ofício, determinar a perícia;
3. Quando o MP requerer a perícia.

O autor só não paga a perícia quando o réu pede sozinho a perícia.

Obs.: Arts. 33, art.20 CPC.


1. Quanto ao reembolso destes valores, quem paga é o autor a perícia, salvo o réu quando pede
sozinho. Mas se o autor vence, tem direito à sucumbência.
2. Quanto ao assistente técnico, cada um paga o seu – vencendo o autor ou réu, têm direito a
sucumbência.

O perito não tem que iniciar a perícia antes de depositado os seus honorários.
Em regra, o valor só pode ser sacado pelo perito após a entrega do laudo.
O CPC vem sendo interpretado pela jurisprudência, admite que o juiz levante para o perito
parcialmente de seus honorários, desde que o perito demonstre que precise deste dinheiro para
realizar a perícia (contratar pessoas, serviços ou produtos, etc).

A jurisprudência (não está no CPC) vem entendendo também a possibilidade de parcelamento dos
honorários do perito, a critério do magistrado.
O perito não está obrigado a começar a perícia antes do pagamento da parcela final. Mas, se começar a
fazer a perícia após a 1ª parcela, caso as outras não sejam pagas, o perito está obrigado a terminar a
perícia, devendo posteriormente entrar com ação executiva contra o devedor (Ação de Execução).

Requisitos a serem observados pelo perito:


 Prazo na entrega do laudo – se o perito não observar o prazo fixado, o CPC apresenta uma
sanção (pode pedir prorrogação do prazo apenas uma vez). Se descumprir o prazo, terá o perito
este fato informado ao seu conselho de classe e poderá também ser multado pelo magistrado.
 Adequação dos seus serviços – prestar seus serviços de maneira correta, sempre partindo de
informações verídicas. Se não prestar os serviços adequadamente, poderá ser substituído. E se
prestar informações inverídicas, o perito responderá por perdas e danos, responderá
criminalmente(falsidade ideológica) e ainda ficará impossibilitado de atuar novamente como
perito por 2 anos.
Das perdas e danos – é a parte que instaura tal procedimento.
Criminal – o juiz dá vistas ao MP.

É o juiz que nomeia – tem uma lista de peritos. Se num caso em que o perito será remunerado ele
aceitar e depois em caso de justiça gratuita se negar, o próprio juiz pode futuramente evitar nomear este
mesmo perito, ficando o mesmo excluso, perdendo oportunidade de trabalho.

Quem fixa o prazo da entrega do laudo pela perícia é o juiz. Se o juiz não informar expressamente este
prazo, o prazo máximo do perito para apresentar o laudo é de 20 dias antes da A.I.J.

Sendo auxiliar da justiça, o perito se submete às determinações judiciais.

Substituição do perito – art. 424.

Da recusa do perito pelas partes – IMPEDIMENTO e SUSPEIÇÃO


 Impedimento e suspeição em regra são suscitados via Exceção.
 O prazo para esta exceção é de 15 dias a contar da indicação do vício do impedimento ou da
suspeição.
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 A exceção neste caso, não fará com que o procedimento seja suspenso (como ocorre com o
juiz)
 O excepto terá um prazo de 5 dias para se pronunciar (e não 10 quando como ocorre quando é
o juiz).
 Lembrar se juntar o rol de testemunhas ao argüir a exceção.

Próxima aula:
Requerimento
Deferimento e fixação de data para a entrega do laudo
Apresentação de quesitos e indicação de assistente técnico.

Aula 22/05/09

Prova Pericial – Cont.

Produção
 Requerimento
 Deferimento e fixação da data de entrega do laudo
 Apresentação de quesitos e assistente técnico
 Quesitos básicos e suplementares
 Pronunciamento sobre o laudo
 Pedido de Esclarecimentos
 Juízo e laudo pericial
 Nova Perícia

O pedido de produção da prova pericial parte de um requerimento genérico – no ordinário.


No Sumário, se dá na petição, mas já na PI tem que se indicar os quesitos e assistente técnico. O réu
no sumário, tem que apresentar tais quesitos na contestação.
No Sumaríssimo, não se admite prova pericial – o máximo que se consegue é ouvir o perito de uma
forma suscinta, genérica, sendo, por vezes, prejudicial.

Requerimento :
Ordinário – requerimento genérico, na PI ou Contestação
Sumário – indicar quesitos e assistente, na PI ou Contestação.

O Deferimento se dá no saneamento do processo, indica perito e fixa um prazo para apresentar o laudo.
No saneamento o juiz profere:
Defiro a prova pericial requerida e nomeio como perito o Dr. XXXX, endereço Y, inscrito no Conselho Z,
etc.
O laudo deve ser apresentado no prazo que o juiz fixar. Nunca este laudo poderá ser apresentado mais
próximo da AIJ do que 20 dias antes desta.
Se o juiz não fixar o prazo, o laudo tem que ser apresentado 20 dias antes da A.I.J.

Procedimentos especiais têm prazos diversos – laudo em ação de desapropriação é de 5 dias antes da
audiência.
O prazo de 20 dias, é para o procedimento de conhecimento, quando não fixado diretamente pelo juiz.
O CPC diz que no procedimento ordinário, tem-se o prazo de 5 dias, a contar da nomeação do perito,
para apresentar quesitos e indicar assistente técnico.
Portanto, se no sumário, já deve ser indicado na própria PI e Contestação, no ordinário, isto ocorre num
prazo de 5 dias, após a nomeação do perito.
O prazo é preclusivo, pela jurisprudência majoritária. Se não indicar os quesitos, não poderão mais
indicar e apresentar e aí não se faz a perícia, ou então se faz com os quesitos da outra parte, não tendo
direito quem perdeu o prazo de fazer quesitos e indicar assistente mais.

Quesitos básicos e suplementares – são os quesitos básicos informados no prazo fixado. São
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básicos, inicialmente apresentados. Têm que ser bem encaminhados pois é o que vai fixar o trabalho do
perito, servindo, inclusive, de base para o calculo do valor que o perito vai cobrar.
Porém, autoriza-se os quesitos suplementares.
Quesitos suplementares são aqueles que são oferecidos ao longo da perícia.
Depois de apresentado o laudo, não é mais possível encaminhar quesitos, nem básicos nem
suplementares.

Laudo pericial e pronunciamento sobre ele


O laudo pericial é composto por 2 partes distintas:
a) Parte descritiva – apenas indica os procedimentos adotados pelo perito. É meramente explicitativo:
dia que a diligência ocorreu, hora, lugar, meios adotados pelo perito para fixar o laudo, faz-se constar se
alguém foi ouvido pelo perito, a metodologia adotada pelo perito, enfim, noções gerais do procedimento
pericial. É uma parte importante mas apenas explicita se houve alguma irregularidade ao longo da
pericía.
b) Parte conclusiva – é aqui que o perito responde os quesitos. O laudo pericial deve ser
sistematizado. Em MG esta sistematicidade vem sendo respeitada.
Quando o laudo é redigido, as perguntas são discriminadas.
O laudo começa indicando os quesitos do autor. O perito reproduz as perguntas, uma a uma, e em
seguida respondendo.
Ex.: Poderia o Sr. Perito responder se houve acidente?
Depois o perito responde aos quesitos do réu, depois aos do MP.

O juiz pode encaminhar quesitos, sendo seus quesitos, quando existirem, os primeiros a serem
respondidos.

O perito, em regra, tem que responder a todos os quesitos. Mas as vezes uma resposta já responde as
próximas perguntas. O perito informa: PREJUDICADO – verifique resposta da pergunta X.

Se vocês tiverem a oportunidade de ter um assistente técnico, peça a ele para formular os quesitos.

O CPC diz que quando o laudo for apresentado, as partes têm um prazo COMUM de 10 dias para se
pronunciarem.

O pronunciamento sobre o laudo pode se dar de 2 formas:


a) Como advogado se pronunciar sobre ele
b) Se tiver assistente, ele se pronuncia.

Este pronunciamento pode ser de contestação, o assistente ajuda muito neste sentido.

Pode se requerer esclarecimentos sobre o laudo. Exige da parte uma intimação do perito, para que
compareça à AIJ para prestar estes esclarecimentos. O CPC diz que na hora que a parte solicitar
este esclarecimento, já deve indicar o que é que pretende que seja esclarecido.

A pergunta que for feita só na audiência, será indeferida pelo juiz.

O CPC informa que se o perito ou assistente não for intimado para comparecer a AIJ aomenos 5 dias
antes, ele não precisa comparecer na audiência.

No exemplo, se o juiz fixar a entrega do laudo em 20 dias antes da AIJ.


Secretaria – 4 dias
2 dias para publicar
10 dias para as partes se pronunciarem sobre o laudo
Normalmente o prazo não dá para intimar o perito antes.

O juiz não se vincula ao laudo – pelo CPC o juiz pode julgar contra o laudo, mediante o sistema de
avaliação do resultado probatório que o CPC acolheu – chamado sistema de PERSUASÃO RACIONAL
– art. 131, CPC – o juiz pode decidir livremente, desde que ele fundamente a sua decisão.

ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 116


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Persuasão racional = livre convencimento motivado.

QUAL É O OBJETO DA PROVA?


A perícia comprovou que não há nexo de causalidade nem responsabilidade da empresa.
Por testemunha e depoimento pessoal – ouviu-se para cerceamento de defesa.

O advogado disse ao juiz que ele não precisava considerar o laudo, afastá-lo.

O CPC permite o requerimento de uma nova perícia.

Art. 440 e seguintes – Inspeção Judicial – é meio de prova, mas só é possível esta inspeção judicial,
quando for possível ao juiz ter contato direto com uma coisa ou pessoa, para esclarecer um fato.
Se for necessário este contato direto, é possível a inspeção.
Se não for necessário, não há que se falar em inspeção judicial.
A doutrina vem informando também a possibilidade de inspeção judicial em decorrência do lugar.

A regra é que esta inspeção judicial ocorra em juízo – pega a coisa ou pessoa e leve ao juízo, à
audiência.

Exceções: art. 442


Diz o CPC que o juiz irá ao local (pessoa, coisa e lugar), quando gerar melhor interpretação dos fatos,
quando for difícil levar a coisa ou pessoa em juízo, ou quando for necessária a reconstituição dos fatos.
No âmbito penal a inspeção judicial ocorre com mais freqüência.

A inspeção judicial tem que ser comunicada às partes quando for de iniciativa do juiz. Pode ser
requerida pelas partes, tendo elas o direito de comparecer à inspeção judicial. Não é possível uma
inspeção judicial surpresa, o juiz pode ser acompanhado de perito, e sempre terá o juiz de ser
acompanhado pelo escrivão – que irá lavrar um auto circunstanciado – narrar o que foi verificado.
O juiz pode anexar gráficos, fotografias, etc.

Prova Documental
Considerações Gerais
Documento – papel é só uma das espécies de documento – Documento é qualquer coisa que registre a
ocorrência de um fato. Disquete, HD, fotografia, mensagem de celular, fita VHS, DVD, MP3.

A distinção que deve existir é:


a) o que é o suporte do documento – é o aspecto material do documento
b) o que é o conteúdo do documento – é o aspecto ideológico dele.

Quando se fala numa autoria de um documento, pode se ter uma autoria material e uma autoria
ideológica, e nem sempre esta autoria vai explicitar uma única pessoa.
Ex.: Casamento – Os noivos chegam ao juiz de paz e explicitam a sua vontade. O juiz de paz é o
controle material do documento. É o juiz que redige o livro do casamento.
O autor ideológico do casamento são os nubentes, são eles que fazem constar o conteúdo, é eles que
explicitam que querem se casar.

Ex. de identidade entre autor material e ideológico – redigir uma carta – você mesmo está produzindo o
suporte e está fazendo nele constar o conteúdo.

Autenticidade
É a certeza sobre a autoria material do documento.
Na Introdução ao Estudo do Direito vimos que os documentos públicos têm fé pública, são considerados
autênticos. Por isto que documento público não se submete a autenticação, não precisa reconhecer
firma nestes documentos.
Sendo o documento privado, aí será necessário reconhecer firma.

O documento público tem eficácia erga omnes.

ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 117


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O documento privado, para ter presunção erga omnes de conhecimento, basta registrar no Cartório de
Registro de Documentos (ex.: Contratos).

( ) APROBATUM ; CEAJUF – cursinho especialista na área federal.

O CPC informa sobre a juntada destes documentos nos autos. O CPC reintera que os documentos
indispensáveis á propositura da ação, devem ser juntados na propositura da ação e que os
documentos indispensáveis à resposta, devem ser apresentados na resposta (contestação e nas outras
técnicas).

O CPC chama os documentos dispensáveis como documentos novos, sendo aqueles que são juntados
depois da petição inicial ou defesa, para demonstrar fato superveniente à PI e defesa, e para juntar uma
contraposição a outro documento que foi juntado.

O CPC informa que sempre que um documento for juntado, a outra parte tem um prazo de 5 dias para
se pronunciar sobre ele (Contraditório).

Graduação – Pós graduação estrito senso (mestrado e doutorado) e cursos preparatórios (objetivos
estratégicos: exame de ordem, concursos, etc).
Os cursinhos estão abrindo a pos graduação lato senso.
O aluno do 10º período pode se matricular na pós graduação.

Incidente de falsidade – Se vc é honesto, leal, tem boa-fé, saiba que muitos falsificam documentos.
O CPC, no art. 390, informa o INCIDENTE DE FALSIDADE – é cabível para questionar a falsidade
material pela parte – questionar o suporte do documento.

O incidente de falsidade, se for verificado já na petição inicial, já deve ser informado já na contestação –
abrir um tópico (seria um fato).

Se após a Petição inicial ou contestação é que for verificado o incidente de falsidade, logo que for
juntado o incidente, a parte que expôs o documento tem 10 dias para se pronunciar. Se a parte aceitar
retirar o documento dos autos, mas a parte contrária tem que concordar. Normalmente não concorda,
pois caracteriza litigância de má-fé (no âmbito civil) e é crime no direito penal.

Se a audiência de instrução e julgamento já se encerrou, o incidente é autuado em apenso.


Se não se encerrou, deve se juntar nos autos principais.
Se os autos já estiverem no Tribunal, o incidente deve ser manifestado junto ao juiz relator.

Aula 27/05/09
INCIDENTE DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO OU COISA – art. 355 e seguintes
Há uma ação cautelar chamada de exibitória, que se utilizará desse incidente. Estudamos quem deve
provar no procedimento. Documento ou coisa que se faz necessária para a prova. o incidente de
exibição tem procedimentos distintos conforme seja requerido contra a parte contrária ou um terceiro.
Contra parte contrária. O pedido deve individuar o máximo possível o documento ou coisa e a finalidade
da prova que se pretende com esse documento ou coisa. É ônus do requerente explicitar que o
documento ou coisa existe e que se encontra em poder da parte contrária ou terceiros (art. 356).

Muito importante: 358 e 363 - hipóteses em que a recusa da exibição não poderia ocorrer e em que
ela seria permitida.

ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 118


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Seção IV
Da Exibição de Documento ou Coisa

Art. 355. O juiz pode ordenar que a parte exiba documento ou coisa, que se ache em seu poder.

Art. 356. O pedido formulado pela parte conterá:

I - a individuação, tão completa quanto possível, do documento ou da coisa;

II - a finalidade da prova, indicando os fatos que se relacionam com o documento ou a coisa;

III - as circunstâncias em que se funda o requerente para afirmar que o documento ou a coisa existe e se acha em
poder da parte contrária.

Art. 357. O requerido dará a sua resposta nos 5 (cinco) dias subseqüentes à sua intimação. Se afirmar que não
possui o documento ou a coisa, o juiz permitirá que o requerente prove, por qualquer meio, que a declaração não
corresponde à verdade.

Art. 358. O juiz não admitirá a recusa:

I - se o requerido tiver obrigação legal de exibir;

II - se o requerido aludiu ao documento ou à coisa, no processo, com o intuito de constituir prova;

III - se o documento, por seu conteúdo, for comum às partes.

Art. 359. Ao decidir o pedido, o juiz admitirá como verdadeiros os fatos que, por meio do documento ou da coisa, a
parte pretendia provar:

I - se o requerido não efetuar a exibição, nem fizer qualquer declaração no prazo do art. 357;

II - se a recusa for havida por ilegítima.

Art. 360. Quando o documento ou a coisa estiver em poder de terceiro, o juiz mandará citá-lo para responder no
prazo de 10 (dez) dias.

Art. 361. Se o terceiro negar a obrigação de exibir, ou a posse do documento ou da coisa, o juiz designará
audiência especial, tomando-lhe o depoimento, bem como o das partes e, se necessário, de testemunhas; em
seguida proferirá a sentença.

Art. 362. Se o terceiro, sem justo motivo, se recusar a efetuar a exibição, o juiz lhe ordenará que proceda ao

Art. 358. O juiz não admitirá a recusa: (rol é taxativo)


I - se o requerido tiver obrigação legal de exibir;
II - se o requerido aludiu ao documento ou à coisa, no processo, com o intuito de constituir prova;
III - se o documento, por seu conteúdo, for comum às partes.

Art. 363. A parte e o terceiro se escusam de exibir, em juízo, o documento ou a coisa: (rol não taxativo)
ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 119
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I - se concernente a negócios da própria vida da família;


II - se a sua apresentação puder violar dever de honra;
III - se a publicidade do documento redundar em desonra à parte ou ao terceiro, bem como a seus
parentes consangüíneos ou afins até o terceiro grau; ou lhes representar perigo de ação penal;
IV - se a exibição acarretar a divulgação de fatos, a cujo respeito, por estado ou profissão, devam
guardar segredo;
V - se subsistirem outros motivos graves que, segundo o prudente arbítrio do juiz, justifiquem a recusa
da exibição.
Parágrafo único. Se os motivos de que tratam os ns. I a V disserem respeito só a uma parte do
conteúdo do documento, da outra se extrairá uma suma para ser apresentada em juízo

Diferenças entre a exibição contra a parte contrária e contra terceiros


Quando é contra aparte contrária tem prazo de 5 dias para apresentar documento ou coisa ou oferecer
resposta. Se não ocorre, ou se o juiz entender que a recusa não é acolhível, presumir-se-ão verdadeiros
os fatos que se provariam pelo documento. Essa é a conseqüência da recusa.
Parte contrária – deve se autuados nos próprios autos da ação principal
Prazo para ouvir o terceiro é de dez dias. O incidente contra terceiro é autuado em apenso e não nos
próprios autos. A conseqüência da ilegitimidade da recusa: deverá depositar a coisa na secretaria do
juízo em cinco dias, sob pena de expedição de mandado de busca e apreensão, além de responder por
crime de desobediência.

ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 120


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DA AUDIÊNCIA (444 e seguintes)

CAPÍTULO
Art. 455. VII - DA AUDIÊNCIA
A audiência - Seção I Não
é una e contínua. – sendo possível concluir, num só dia, a instrução, o debate e o
julgamento, o juiz marcará o seu prosseguimento para dia próximo.

Art. 456. Encerrado o debate ou oferecidos os memoriais, o juiz proferirá a sentença desde logo ou no prazo
Das
deDisposições
10 (dez) dias.Gerais
Art.Art.
444. A audiência
457. será
O escrivão pública;
lavrará, sobnos casos
ditado do de
juiz,que trataque
termo o art. 155, realizar-se-á
conterá, em resumo, ao portas fechadas.
ocorrido na audiência, bem
como, por extenso, os despachos e a sentença, se esta for proferida no ato.
Art. 445. O juiz exerce o poder de polícia, competindo-lhe:
§ 1o Quando o termo for datilografado, o juiz Ihe rubricará as folhas, ordenando que sejam encadernadas
I - manter a ordem
em volume e o decoro na audiência;
próprio.
II - ordenar que se retirem da sala da audiência os que se comportarem inconvenientemente;

III - requisitar, quando necessário, a força policial.

Art. 446. Compete ao juiz em especial:

I - dirigir os trabalhos da audiência;

II - proceder direta e pessoalmente à colheita das provas;

III - exortar os advogados e o órgão do Ministério Público a que discutam a causa com elevação e urbanidade.

Parágrafo único. Enquanto depuserem as partes, o perito, os assistentes técnicos e as testemunhas, os


advogados não podem intervir ou apartear, sem licença do juiz.

Seção II - Da Conciliação

Art. 447. Quando o litígio versar sobre direitos patrimoniais de caráter privado, o juiz, de ofício, determinará o
comparecimento das partes ao início da audiência de instrução e julgamento.

Parágrafo único. Em causas relativas à família, terá lugar igualmente a conciliação, nos casos e para os fins em
que a lei consente a transação.

Art. 448. Antes de iniciar a instrução, o juiz tentará conciliar as partes. Chegando a acordo, o juiz mandará tomá-lo
por termo.

Art. 449. O termo de conciliação, assinado pelas partes e homologado pelo juiz, terá valor de sentença.

Seção III - Da Instrução e Julgamento

Art. 450. No dia e hora designados, o juiz declarará aberta a audiência, mandando apregoar as partes e os seus
respectivos advogados.

Art. 451. Ao iniciar a instrução, o juiz, ouvidas as partes, fixará os pontos controvertidos sobre que incidirá a
prova.

Art. 452. As provas serão produzidas na audiência nesta ordem:

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Da Audiência
É a oportunidade de conhecer as partes envolvidas no processo.
Audiência é gênero que comporta algumas espécies.

Considerações gerais:
Publicidade da audiência. Em regra, as audiências são públicas, salvo as de segredo de justiça. (art.
155)
Atuação do magistrado na audiência. Perguntas são direcionadas ao juiz para que ele as transmita. O
magistrado tem poder de polícia para manter a ordem e o decoro. Juiz deve exortar a todos para que se
tratem com urbanidade.

A AIJ
Em regra, nela se apresentam as provas orais: testemunha, depoimento pessoal, esclarecimento do
perito. Para fins didáticos, divide-se em quatro fases que, no caso concreto, não aparecerão.
Primeiro o pregão. Apregoar as partes, anunciar o tipo de audiência, horário, nome das partes e
advogados para se garantir a publicidade.

1ª fase: tentativa de conciliação,


Se se tratar de direito disponível. Se as partes transacionarem, as demais fases serão desnecessárias.

2ª fase: instrução
É precedida pela fixação do objeto de prova. Qual é o objeto de prova? Essa é pergunta necessária,
pois deve-se trazer logicidade à audiência. Instrução está vinculada à prova oral. É nessa audiência que
as provas orais serão colhidas. As perguntas são dirigidas ao magistrado que as transmitirá. A ordem é
a seguinte: (tem q saber)
a) Oitiva do perito e assistente técnico (esclarecimentos)
b) Depoimento pessoal do autor, a seguir, do réu. Objetivo é obter a confissão.
c) Oitiva das testemunhas: as do autor, após, as do réu. Essa ordem é por causa do ônus da prova.

3ª fase: alegações finais


São importantíssimas, pois é o momento de se reiterar tudo aquilo que seja favorável às partes. É a
oportunidade de se dar a última palavra antes da sentença. Indicar os pontos positivos das provas
produzidas. 20 minutos prorrogáveis por mais 10. Se há litisconsorte, o juiz concederá 30 minutos,
divididos entre eles. Há possibilidade de a divisão desse tempo ser acordado entre os advogados. As
orais podem ser substituídas pelos memoriais, que é o nome que se dá ás razões finais apresentadas
por escrito, devido à complexidade do processo.
4ª fase: julgamento. Logo após as alegações finais, o juiz já pode sentenciar.
Adiamento da AIJ. As hipóteses estão indicadas no art. 433 do CPB.

MATÉRIA PARA PROVA:


Questionário 3, questões 01 a 50. Providências preliminares até inspeção judicial.
56 - Não vinculação do juiz à prova, o juiz tem liberdade de decidir, desde que de forma fundamentada.

Aula 29/05/09

Atos do Juízo
 Considerações Gerais
 Sentença
 Terminativa
 Definitiva
 Efeitos Primários
 Efeitos anexos
ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 122
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 Efeitos secundários
 Requisitos essenciais
 Requisitos de inteligência
 Princípio da Congruência
 Considerações Finais

( ) Do Estado Liberal ao Estado Social – Paulo Bonavides.

O CPC, quando fala dos atos do juízo, rotula como atos do JUIZ. Art. 162 CPC.
Neste artigo 162, o CPC deixa claro que são 3 os atos do juiz:

Art. 162. Os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos.

§ 1o Sentença é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269 desta Lei.

§ 2o Decisão interlocutória é o ato pelo qual o juiz, no curso do processo, resolve questão incidente.

§ 3o São despachos todos os demais atos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte,
a cujo respeito a lei não estabelece outra forma.

Atos do juiz
1. Despacho
2. Declaração interlocutória
3. Sentença

Nos Tribunais
1. Acórdãos
Usar o termo atos do juízo – 1987 – Congresso Internacional sobre Direito Processual – adota o termo
JUIZO e não JUIZ, no intuito de excluir a subjetividade. O juiz pode também se modificar no curso do
tempo.
Juízo como órgão jurisdicional que tem como agente o juiz.
Despachos – são residuais no Direito Brasileiro, o CPC não traz o conceito. O CPC diz que o que não é
decisão interlocutória ou sentença será despacho.
Despacho, é um ato de mero impulsionamento do procedimento. O despacho seria um ato de
tramitação procedimental.
Embora o juiz seja aquele que despacha com maior intensidade, o escrivão também pode despachar,
logo, o despacho não é ato privativo do juiz.
Quando o escrivão escreve algo nos autos, é despacho.

Despacho saneador – expressão equivocada, pois o saneamento tem decisão.


 Fixa os objetos de prova
 Marca a audiência

O despacho saneador tem taxionomia:


a) Despacho
b) Interlocutório – é uma decisão interlocutória
c) Sentença
d) Acórdão

Exemplo de despacho – ordem de citação, ordem de especificação de provas.


Juiz determina que se junte um documento – ato impulsionatório.
Se o juiz indefere este documento – ato decisório.

Decisão interlocutória é um ato do juízo que resolve questão incidente.


As decisões interlocutórias são proferidas ao longo do procedimento. Têm caráter decisório. Ao longo
do procedimento pode se ter várias decisões interlocutória.
Ex.: Antecipação de tutela, suspensão do procedimento (interlocutória), indefere especificação de
provas.
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Os despachos são irrecorríveis. Os despachos nunca podem violar direito.


No processo penal, se há uma ordem de citação, o réu tem como impetrar habeas corpus para
fechamento da ação penal. NO processo civil, citação é despacho, não cabe recurso.

Da Sentença – arts 267 e 269

Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito:

I - quando o juiz indeferir a petição inicial; PRESSUPOSTO PROCESSUAL

Il - quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes; PRESSUPOSTO PROCESSUAL

III - quando, por não promover os atos e diligências que Ihe competir, o autor abandonar a causa por mais de 30
(trinta) dias; PRESSUPOSTO PROCESSUAL

IV - quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do


processo; PRESSUPOSTO PROCESSUAL

V - quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada; PRESSUPOSTO


PROCESSUAL

Vl - quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes
e o interesse processual;CONDIÇÕES DA AÇÃO

Vll - pela convenção de arbitragem;PRESSUPOSTO PROCESSUAL

Vlll - quando o autor desistir da ação;PRESSUPOSTO PROCESSUAL

IX - quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal;

X - quando ocorrer confusão entre autor e réu;

XI - nos demais casos prescritos neste Código.

§ 1o O juiz ordenará, nos casos dos ns. II e Ill, o arquivamento dos autos, declarando a extinção do processo, se a
parte, intimada pessoalmente, não suprir a falta em 48 (quarenta e oito) horas.

§ 2o No caso do parágrafo anterior, quanto ao n o II, as partes pagarão proporcionalmente as custas e, quanto ao n o
III, o autor será condenado ao pagamento das despesas e honorários de advogado (art. 28).

§ 3o O juiz conhecerá de ofício, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não proferida a sentença de
mérito, da matéria constante dos ns. IV, V e Vl; todavia, o réu que a não alegar, na primeira oportunidade em que Ihe
caiba falar nos autos, responderá pelas custas de retardamento.

§ 4o Depois de decorrido o prazo para a resposta, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação.

Art. 267 – Sentença terminativa.


Art. 269 – Sentença definitiva.

Sentença Terminativa
A decisão terminativa não resolve mérito. Logo, a sentença terminativa não analisa o direito material,
vez que é no mérito que o direito material está sediado.
Na sentença terminativa, só se analise o pedido imediato.
Em regra, na sentença terminativa tem-se a possibilidade de instaurar novo procedimento para
discutir a matéria.
Existem 3 situações de exceção, em que não há esta possibilidade:
a) coisa julgada
b) litispendência
c) perempção

Nestas 3 circunstâncias, não há a possibilidade de se instaurar um novo procedimento.

A sentença terminativa está sempre ligada a condições da ação e pressupostos processuais.


ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 124
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Quando ocorre uma circunstância de sentença terminativa, o juiz deve extinguir o processo sem
resolução de mérito.

Art. 267 – incisos II e III – a extinção deve ser prescindida de intimação da parte para que dê
prosseguimento da ação para não ser extinta.
No caso da incompetência absoluta (pressuposto processual), o juiz não extingue, só envia os autos
para o juízo competente.
O CPC, ao falar de sentença terminativa, indica que sempre estará adstrita ao pressuposto processual,
demonstrando a importância da preliminar.
Geralmente, quando ocorre a sentença terminativa, o motivo deverá em preliminar, ainda que seja
matéria de ordem pública.
Medo da sentença terminativa – ela explicita que possa existir uma má qualificação do advogado.
Pressuposto processual é matéria técnica. Dá a idéia de inépcia profissional.

A advocacia é uma obrigação de meios, não de resultado. O advogado não pode garantir a procedência
do pedido, mas se falta pressuposto, é possível que tenha negligenciado sobre isto.

Sentença terminativa pode gerar procedimento disciplinar na OAB se provado o equívoco claro do
advogado. Mas depende, pois pode se dar por divergência doutrinária processual.

Ex. do professor – ação de despejo, execução do valor dos aluguéis. Na execução chamou o fiador e o
locatário. O juiz disse que o fiador não poderia ser executado, porque não foi citado no processo de
conhecimento. Pelo professor, não citou porque não participou o fiador da relação ex locato (divergência
doutrinária sobre isto). Conseguiu reverter no tribunal.

Transação – pagamento – reconhecimento da procedência do pedido. O réu pagou o autor e juntou o


comprovante de pagamento nos autos. Ao invés de entender o juiz que houve a procedência do pedido,
entendeu a ausência de interesse processual do autor.

SENTENÇA DEFINITIVA – resolve mérito.


Por ela, não é mais possível instaurar um novo procedimento.
Se pronuncia sobre o pedido mediato.
A sentença definitiva resolve o conflito de interesses de uma maneira que não autoriza a instauração de
um novo procedimento sobre um mesmo tema.

Para o CPC, a resolução de mérito, quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido (pedido mediato), quando
o réu reconhecer a procedência do pedido, quando as partes transigirem, quando juiz pronunciar a
decadência e a prescrição e quando o autor renunciar ao direito pelo qual propôs a ação. Em todas
estas hipóteses a sentença será definitiva.
Quando estudamos contestação, sugeriu que abríssemos um tópico para falar de prescrição e
decadência, porque ela resolve o mérito. Se estiver na preliminar, trata da sentença terminativa.

MACETE – Quando há o acolhimento de uma condição da ação inexistente, o juiz julga o autor
carecedor da ação – porque não tem direito a julgamento de mérito. Ação no CPC é o direito de
julgamento de mérito.

Decreto o autor carecedor da ação e extingo o processo sem resolução do mérito . = Sentença
terminativa.
Quando o que falta é um pressuposto processual, o juiz fala direto:
Isto posto extingo o processo sem julgamento do mérito por faltar o pressuposto x.
Na sentença definitiva, o juiz julga procedente ou improcedente o pedido.
Procedente – o autor obteve o que gostaria.
Improcedente – o autor não terá o direito material alegado.
Procedência parcial – pode ocorrer.

O que a doutrina vem trazendo são considerações sobre a sentença, a começar pelos efeitos.

Efeitos da Sentença:
ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 125
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1. Efeitos Primários – segundo a doutrina majoritária, são 3: o efeito declaratório, o efeito constitutivo,
o efeito condenatório.

Efeito primário declaratório – implica num juízo de certeza sobre o direito alegado =
RECONHECIMENTO DO DIREITO ALEGADO. Costuma se dizer que a sentença é declaratória.
Exemplo: Ação declaratória de união estável – a sentença é meramente declaratória – pediu-se uma
declaração incidental de sentença da certeza ou não da união estável. Ex.2 – reconhecimento de
paternidade; direito tributário – ação declaratória de inexistência de tributos ao Estado.

Efeito primário constitutivo – Implica no reconhecimento, na modificação ou na extinção do direito.


Nos manuais, alguns autores dizem que a sentença constitutiva, ao invés de reconhecer, modificar ou
extinguir o direito, diz que cria, modifica o u extingue. MAS QUEM CRIA O DIREITO É O POVO, dizer
que sentença cria o direito é errado. Ex.: Ações de Estado da pessoa no juízo de Direito de Família –
ex.: separação judicial (sentença judicial constitutiva, estado pessoal de casado para solteiro ou
divorciado). Ação de interditar pessoa – incapacidade – extinção de direito.

Efeito primário condenatório – implica o reconhecimento do direito e a imposição de uma prestação à


parte.
Ex.: Ação de indenização – sentença que imponha um fazer, ou um não fazer, ou a entrega de uma
coisa ou uma obrigação de pagar – sentença condenatória.
Ex.2 – Ação de cobrança – sentença declaratória condenatória.
Ação de nunciação de obra nova – obrigação de não fazer – condenatória.

A doutrina mais evoluída, diz que toda sentença é declaratória, todas elas. Mas a sentença pode ser só
declaratória.
Quando se fala que é condenatória, é declaratória e condenatória. Quando é declaratória, é só
declaratória. Quando se fala que é constitutiva, é declaratória e constitutiva.

Parte da doutrina diz que existe a sentença mandamental e a sentença executiva Lato senso (Pontes de
Miranda). Segundo esta doutrina, poderia se enquadrar a sentença mandamental e executiva na
condenatória.

2. Efeitos Anexos da Sentença


 Efeito anexo diz respeito à própria lei – a própria lei já estabelece o efeito anexo e não se
precisa pedir sobre ele e nem a sentença precisa informar. Ex.: Correção monetária; juros
(divergência doutrinária se é anexo ou secundário).
 Hipoteca judiciária – art. 466 – o CPC diz que sempre que existir uma sentença condenatória
que imponha um pagar ou entrega de uma coisa, pode se utilizar esta sentença como título hábil
para hipoteca judiciária. Pega a sentença e leva no cartório e registra, ficando como garante da
dívida que o devedor tem com o credor.
Os imóveis ou patrimônio até o valor da dívida se colocam como garantia. Toda sentença condenatória
é o titulo executivo judicial.

3. Efeitos Secundários
 Secundários – não precisa de pedido porque a própria lei já encaminha. Mas é necessário que a
sentença fale a respeito. Ex.: Honorários de sucumbência – o juiz tem que fixar, ele tem uma
margem para esta fixação (entre 10 e 20%).
 A discussão sobre os juros legais (1% ao mês). Art. 406 do CC.

Requisitos essenciais da Sentença – art. 458


1. Relatório
2. Fundamentação e
3. Dispositivo

Art. 458 – diz o que é que cada um destes requisitos tem que ter.
Dos Requisitos e dos Efeitos da Sentença

Art. 458. São requisitos essenciais da sentença:


ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 126
I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a suma do pedido e da resposta do réu, bem como o registro
das principais ocorrências havidas no andamento do processo;
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Relatório – resumo daquilo de importante que existiu no procedimento, daquilo que foi anunciado na
petição inicial, na resposta, na audiência – é narrativo, é a 1ª parte da sentença.
Vistos etc...

Fundamentação – o juiz vai analisar as questões de fato e de direito – o juiz aqui vai indicar qual a tese
vai acolher, faz um confronto entre as teses, analisar a prova. (parecido com a impugnação específica
do réu – necessidade de responder a tudo o que foi suscitado).
Fundamentar tanto a sentença terminativa quanto a condenatória ou declaratória.
Art. 93, IX – CF/88 – Todas as decisões têm que ser fundamentadas pelo juiz.
O juiz tem que se posicionar sobre todas as teses suscitadas.
O CPC acolheu a persuasão racional ou livre convencimento.

( ) André Leal – O contraditório e a fundamentação das decisões no Direito Processual


Democrático. Trabalha paradigma, depois teoria do processo, depois sistema de apreciação da
prova e contraditório.

Requisito do Dispositivo – onde o juiz resolve a questão.


Isto posto, ante o exposto, por tudo o analisado, .... fecho de tudo o que foi anunciado.

Se faltar qualquer destes requisitos a sentença é inexistente. Tem que ter os 3 requisitos.
No JEsp, sentença não precisa de relatório.

Pelo princípio da Congruência, a sentença se vincula ao pedido, não podendo ser:


 Extra petita – fora do pedido – () Ex.: Fungibilidade – requer antecipação de tutela e sai com
ação cautelar.
 Ultra petita – além do pedido . Ex.: requer danos matérias e juiz condena a danos materiais e
morais.
 Citra (infra) petita – aquém do pedido. Ex.: requer danos materiais e morais e juiz só se
pronuncia sobre um.
As decisões extra, ultra e citra petita são nulas.

Os requisitos de inteligência são 3 – não estão no CPC:


1. Ser uma sentença que apresente clareza;
2. Ser uma sentença que apresente concisão;
3. Ser uma sentença que apresente correção gramatical.
Tem que ser escrita em português – juiz escreveu 4 parágrafos em latim. Embargos.
Decisão de próprio punho.

Considerações Finais:
1. A sentença, em regra, deve ser líquida – ela deve individuar o objeto da prestação. Pagamento
(quanto), fazer (como fazer), etc. Esta é a REGRA. O pedido vai direcionar a sentença ilíquida.
2. No procedimento sumário, o art. 275, d e e; exigem sentença líquida
3. No JEsp, as sentenças têm que ser líquidas. Não se admitem sentenças ilíquidas no JEsp.
4. A sentença tem que ser certa, ainda que decida relação condicional.
Aula 03/06/09

Coisa Julgada
É gênero, do qual a doutrina estabelece as espécies: coisa julgada formal e coisa julgada material.
Quando o CPC se pronuncia sobre a coisa julgada, ele se pronuncia somente acerca da coisa julgada
material.
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 Conceito
 Limites Objetivos
 Limites Subjetivos
 Relativização da coisa julgada

Coisa julgada formal


 Atinge a sentença terminativa, não envolve resolução do mérito. A coisa julgada formal irá recair
sobre sentenças proferidas com base no art. 267;
 Pressupõe a imutabilidade e ausência de discussão sobre esta sentença terminativa.
 Quando se alcança a coisa julgada formal, tudo o que se dispôs na sentença terminativa não
pode ser objeto de re-análise.
 A coisa julgada formal (ou trânsito em julgado para alguns autores), ocorre quando não são
cabíveis mais recursos.
 Sentença terminativa em que não caiba mais recurso = trânsito em julgado ou coisa julgada
formal.
 Permite a possibilidade de instaurar um novo procedimento, já que a sentença não discute o
mérito. Mas no procedimento em que a sentença foi proferida, há uma impossibilidade de
modificação de seus termos.
 Regra – coisa julgada, litispendência e perempção não autorizam um novo procedimento jamais.

Coisa julgada material


 É a que é informada pelo CPC, no art. 467.
 Pressupõe uma sentença definitiva – art. 269.
 O CPC diz que coisa julgada material é a que torna a eficácia do mérito discutido não passível
de recurso.
 Veda a possibilidade de qualquer recurso. Existem, porém técnicas no CPC que afastam esta
coisa julgada.
 Os doutrinadores mais antigos dizem que a sentença que gera coisa julgada material faz lei
entre partes, já que é imutável e indiscutível – Vinícius: informa que, na verdade, existem
recursos que permitem a alteração da coisa julgada.
 M = material, mérito.

Limites objetivos da Coisa julgada – art. 469 e 471


São algumas matérias que não são alcançadas pela coisa julgada.
Mesmo diante de uma sentença transitada em julgado, são matérias, por expressa determinação legal,
que não fazem coisa julgada material.

Art. 469. Não fazem coisa julgada:

I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da sentença;

Il - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença;

III - a apreciação da questão prejudicial, decidida incidentemente no processo.

Art. 470. Faz, todavia, coisa julgada a resolução da questão prejudicial, se a parte o requerer (arts. 5 o e 325), o
juiz for competente em razão da matéria e constituir pressuposto necessário para o julgamento da lide.

Art. 471. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas, relativas à mesma lide, salvo:

I - se, tratando-se de relação jurídica continuativa, sobreveio modificação no estado de fato ou de direito; caso em
que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença; EXEMPLO: AÇÃO DE PENSÃO DE
ALIMENTOS – MESMO QUE JÁ TENHA FEITO UMA AÇÃO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA, SE PARAR DE PAGAR,
PODE INSTAURAR NOVO PROCEDIMENTO.

II - nos demais casos prescritos em lei.

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Outras matérias não são alcançadas pela coisa julgada material:

DECISÃO CAUTELAR

DECISÃO DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS.


Limites Subjetivos da Coisa julgada – art. 472
Somente as partes são alcançadas pela coisa julgada.
Art. 472. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não beneficiando, nem prejudicando
terceiros. Nas causas relativas ao estado de pessoa, se houverem sido citados no processo, em litisconsórcio
necessário, todos os interessados, a sentença produz coisa julgada em relação a terceiros.

TÓPICO PARA INDICAÇÃO DE DISCUSSÃO:


Relativização da Coisa Julgada
O CPC teve em mente para impor a coisa julgada, a segurança jurídica, senão não se teria o conflito
definitivo, de forma a gerar segurança. É este o princípio que informa a existência da coisa julgada.

Alguns processualistas, em especial Humberto Teodoro Jr., informam que de nada adianta uma decisão
que alcança a coisa julgada, se esta decisão:
 abarca a inconstitucionalidade ou;
 abarca a injustiça ou imoralidade.

Com base nisto, estes doutrinadores que informam que, a qualquer momento, poderia se afastar a coisa
julgada material.

Existem 3 formas já previstas na lei que afastam a coisa julgada material:


1. Ação Rescisória
2. Embargos à Execução
3. Impugnação
O problema da relativização é que os autores querem poder afastar a coisa julgada mesmo sem estar
previsto em lei.

Historicamente, a relativização que visa afastar a coisa julgada, foi sugerida por Hitler.

Humberto T.Jr, Ex-ministro José Delgado, entre outros, sugerem este afastamento.
O que garante que a decisão que afastou a coisa julgada, será melhor que a anterior?
O problema da relativização é a subjetividade.

Claus Guinter, Robert Alex – ponderação.


Ex. no Brasil – questão do DNA. Até 1990, o DNA ou não existia ou não tinha credibilidade. No Direito
de Família a paternidade era fixada por provas documentais e testemunhais. Com a evolução
tecnológica, descobriu-se que o pai não era pai.
Hoje já existem teorias evoluídas que informam a paternidade sócioafetiva não vinculada somente no
fator biológico.
Ex.2 – Desapropriação – desvalorização dos terrenos ou supervalorização quando finalmente eram
pagos.

1ª técnica expressa em lei que visa afastar a coisa julgada = Ação Rescisória
Visa afastar apenas a coisa julgada material.
Este afastamento é à partir de hipóteses expressas no art. 485:

DA AÇÃO RESCISÓRIA

Art. 485. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:

I - se verificar que foi dada por prevaricação, concussão ou corrupção do juiz;

Prevaricação

Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de
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lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la,
mas em razão dela, vantagem indevida:

Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.

Excesso de exação

§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido,
emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:

Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.

§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos
cofres públicos:

Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

Corrupção passiva

Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes
de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou


deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.

§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo
a pedido ou influência de outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

II - proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente;

III - resultar de dolo da parte vencedora em detrimento da parte vencida, ou de colusão entre as partes, a
fim de fraudar a lei;

DOLO – DO PROCESSO CIVIL, QUER SIGNIFICAR ENGANO – O ENGANO TENHA PARTIDO DA PARTE
VENCEDORA. ENGANO = LEVAR A OUTRA PARTE AO EQUÍVOCO.

COLUSÃO – COLUIO ENTRE AS PARTES.

IV - ofender a coisa julgada;

É COMO SE JÁ TIVESSE A COISA JULGADA E DEPOIS UM NOVO PROCEDIMENTO COM NOVA COISA
JULGADA (COMO SE NA 2ª AÇÃO O JUIZ NEM A PARTE VISSE QUE JÁ HAVIA COISA JULGADA).

V - violar literal disposição de lei;

SE À ÉPOCA EM QUE FOI PROFERIDA A SENTENÇA DE MÉRITO, COMPORTASSE MAIS DE UMA


INTERPRETAÇÃO POSSÍVEL. (EXISTE UMA ORIENTAÇÃO DO STJ DE QUE A SENTENÇA NÃO DEVE
POSSUIR MAIS DE UM MEIO DE INTERPRETAÇÃO).

É A QUE MAIS GERA AÇÃO RESCISÓRIA.

ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA 130


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Vl - se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou seja provada na
própria ação rescisória;

ESTA HIPÓTESE VEM SENDO MUITO UTILIZADA, MAS TRAZ UM PROBLEMA TEMPORAL.

A AÇÃO RESCISÓRIA ESTABELECE UM PRAZO (2 ANOS) PARA SUA INSTAURAÇÃO.

NO PROCESSO CRIMINAL, DIFICILMENTE ESTA FALSIDADE EM 2 ANOS.

SE A FALSIDADE COUBER ERRO OU DOLO, CABERIA AQUI.

Vll - depois da sentença, o autor obtiver documento novo, cuja existência ignorava, ou de que não pôde
fazer uso, capaz, por si só, de Ihe assegurar pronunciamento favorável;

SE OUTRO MEIO DE PROVA FOR CABÍVEL AO TEMPO DA AÇÃO, NÃO SE APLICA.

VIII - houver fundamento para invalidar confissão, desistência ou transação, em que se baseou a
sentença;

DESISTÊNCIA NÃO IMPLICA RESOLUÇÃO DE MÉRITO – IMPORTA EM SENTENÇA TERMINATIVA.

ALGUNS DOUTRINADORES DIZEM QUE DEVERIA SER RENÚNCIA.

SÓ QUE A LETRA DA LEI DIZ DESISTÊNCIA E NÃO RENÚNCIA.

IX - fundada em erro de fato, resultante de atos ou de documentos da causa;

§ 1o Há erro, quando a sentença admitir um fato inexistente, ou quando considerar inexistente um fato
efetivamente ocorrido.

§ 2o É indispensável, num como noutro caso, que não tenha havido controvérsia, nem pronunciamento
judicial sobre o fato.

ORIGEM HISTÓRICA DESTE DISPOSITIVO – REFERÊNCIA À LEI PROCESSUAL CIVIL ITALIANA. ESTE
INCISO FOI RETIRADO INTEGRALMENTE DE LÁ. O MINISTRO DA JUSTIÇA TRADUZIU PARA O
PORTUGUÊS E TRADUZIU ERRADO.

NO CPC ITALIANO A PALAVRA QUE O CPC BRASILEIRO TRADUZIU COMO RESULTANTE, ERA RISULTANTI,
PODENDO SIGNIFICAR “FACILMENTE VERIFICÁVEL” OU RESULTANTE.

ATOS – VEIO DO ITALIANO ATI, PODE SER ATOS OU AUTOS. NA LEI ITALIANA ERA AUTOS.

FUNDADO EM ERRO DE FATO, FACILMENTE VERIFICÁVEL DOS AUTOS. A SENTENÇA FOI EQUIVOCADA,
PORQUE À PRIMEIRA VISTA JÁ SE VERIFICA NOS AUTOS FATO CONTRÁRIO À DECISAO, OU SEJA,
HOUVE ERRO DE FATO.

Aspectos de Formalização da Ação Rescisória

 Competência originária de 2ª instância, dos Tribunais.

 Se dá por via de uma petição inicial; por escrito, com todos os requisitos(art.282, 283, 39, I, art.
15 da lei 11.419/06 ) + um requisito extra:

 O CPC EXIGE UM DEPÓSITO DE 5% SOBRE O VALOR DA CAUSA, que deve ser realizado no
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momento da instauração da ação rescisória – o objetivo deste 5% é multar o autor da ação


rescisória caso esta ação rescisória tenha o seu pedido julgado improcedente ou seja, a ação
rescisória tida como inadmissível por unanimidade de votos.

 A ação rescisória é de competência dos Tribunais – não será apenas um juiz julgando a ação
rescisória, será, em regra, aomenos 3 juízes (3 a 5).

 Se por unanimidade de votos perder, estes 5% serão remetidos ao réu, como forma de
penalização do autor.

 Basta a jurisprudência dominante para decidir sozinho pela procedência ou improcedência.

 Cabe ação rescisória no Ordinário e Sumário. No JEsp não.

 O depósito de 5% é cabível para aqueles que pagam custas, os isentos por justiça gratuita não
pagam. Há quem informe a ausência de isonomia.

 O CPC informa que o juiz deve analisar a ação resc\\isória e verificar se pode decidir de plano:

 inépcia da inicial - 295

 ausência depósito.

Se o juiz deferir a Ação Rescisória, é o juiz que fixa o prazo para a citação: NUNCA INFERIOR A
15 DIAS E NUNCA SUPERIOR A 30 DIAS – NÃO EXISTE PRAZO FIXO PARA A AÇÃO.

PROVA: QUESTÃO COBRANDO ISTO. ARTIGO 491 DO CPC.

Problema: A Fazenda Pública tem prazo em quádruplo para contestar, assim como litisconsórcio com
mesmo advogado, defensoria, etc, o prazo é em dobro.

Há divergência se o prazo é em 4x ou se é o que está expresso na jurisprudência e doutrina.

( ) Procurador falou – Procuradores diversos para litisconsortes autorizam prazo em dobro.

Exemplo: Uma ação rescisória proposta por Vinícius, contra Rubens(cartório) em litisconsórcio com o
Estado:

Estado = 120 dias só que em litisconsórcio = é em dobro = 4 x 2 x 30 = 240 dias de prazo para
responder.

Discursividade x litigiosidade. – participação e fiscalização x litígio. Reforma como retrocesso.

Se houver necessidade de prova na ação rescisória, há que se expedir CARTA DE ORDEM, já que
Tribunais não têm competência funcional probatória, delegando-se ao juízo de 1º grau a causa
probatória.

Alegações finais da Ação Rescisória

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 As alegações finais são em regra orais e que excepcionalmente em casos de complexidade, em


matérias de fato e de direito, há a possibilidade de memorial.

 Já na ação rescisória, as alegações finais serão sempre por escrito: 1º o autor depois o réu. 10
dias à partir do encerramento da instrução.

PRAZO DECADENCIAL – 2 anos a partir da data da sentença transitada em julgado.

Sem interrupção nem suspensão. Exclui o dia da publicação e inclui o dia do final.

Se este prazo vencer: impugnação e embargos, ocorre no âmbito na execução – pode ser antes ou
depois do prazo da rescisória. Se ainda assim vencer o prazo, a única alternativa seria a relativização
da coisa julgada, hoje não acatada na lei.

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