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CURITIBA
2007
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CURITIBA
2007
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AGRADECIMENTOS
Dedico este trabalho principalmente aos meus pais cuja dedicação e trabalho
me proporcionaram uma vida fantástica. Que seus anos de trabalho e dores de
cabeça não tenham sido em vão. Chegará o dia em que hei de retribuir cada esforço
e cada noite mal dormida. Muito obrigada, simplesmente por serem vocês e
permitirem que eu seja eu. Dedico também aos meus amigos afinal a estrada ainda
não chegou ao fim. São nos caminhos mais difíceis que reconhecemos a verdadeira
amizade e esta persiste através dos anos, só depende de nós.
E por último, mas não menos importante aos meus professores que dedicam
suas vidas a transmitir conhecimento e ajudar esses jovens no auge de suas crises
existenciais. E apesar de serem pouco reconhecidos por eles e pela instituição,
ainda assim dedicam seu tempo e sua paciência para transformar esses jovens em
adultos realizados profissionalmente. Queila, Luiz Afonso e Cristina muito obrigada.
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O objetivo deste trabalho foi caracterizar o Terceiro Setor e analisar suas estratégias
no processo de inclusão social do portador de deficiência visual. O objetivo geral foi
verificar se os programas realizados pelas organizações do Terceiro Setor voltado a
esse público apresentam resultados efetivos em sua inserção socioeconômica.
Parte-se do princípio de que o deficiente visual constitui em força de trabalho apesar
de ser não ser plenamente reconhecido pela sociedade. Na fundamentação teórica
foi caracterizado o Terceiro Setor e seu contexto atual, os aspectos da deficiência
visual e suas causas, e as resoluções do Estado no sentido de promover a inclusão
do deficiente visual. Além disso, foi realizada uma pesquisa de campo junto ao
Instituto Paranaense de Cegos com o intuito de avaliar sua atuação no
desenvolvimento do portador de deficiência visual, suas condições atuais e os
serviços oferecidos.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO........................................................................................................08
1. TERCEIRO SETOR............................................................................................10
1.1 O primeiro setor .............................................................................................10
1.2 O segundo setor.............................................................................................11
1.3 O terceiro setor...............................................................................................13
1.4 Origem do Terceiro Setor...............................................................................14
1.5 Contexto Atual.................................................................................................17
1.6 Formatos legais de ONG´s no Brasil............................................................19
2. O DEFICIENTE VISUAL NO BRASIL................................................................21
2.1 Aspectos da deficiência visual......................................................................21
2.1.1 Possíveis causas da deficiência visual..................................................22
2.2 A deficiência no Brasil....................................................................................24
2.3 Outros fatores de inclusão social do deficiente visual..............................27
3. O INSTITUTO PARANAENSE DE CEGOS.......................................................30
3.1 Delineamento de pesquisa............................................................................30
3.2 Histórico do Instituto......................................................................................31
3.3 Análise SWOT..................................................................................................33
3.4 Análise documental........................................................................................35
3.5 Entrevista com o presidente..........................................................................38
3.6 Considerações finais......................................................................................39
CONCLUSÃO.........................................................................................................41
REFERÊNCIAS......................................................................................................43
APÊNDICE..............................................................................................................45
ANEXO A................................................................................................................48
ANEXO B................................................................................................................60
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INTRODUÇÃO
1 O TERCEIRO SETOR
De acordo com Borba (2001, p.45), o Segundo Setor é o mercado com seu
comércio, indústrias e empresas, que cuidam dos interesses individuais. Porém,
com a ineficiência do estado a questão social acabou se tornando preocupação do
setor privado, surgindo então inúmeras instituições sem fins lucrativos e sem
ligações diretas com o governo, com o objetivo de prestar serviços à sociedade.
O Segundo Setor então deu origem ao Terceiro Setor, mas ainda assim
grandes corporações atuam na área social por meio da chamada
Responsabilidade Social. A idéia de responsabilidade social é recente pois, com o
surgimento de uma nova consciência por parte do consumidor moderno, se faz
necessária uma nova postura do mercado. As empresas se vêem forçadas a
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adotar uma atitude mais responsável em suas ações. Segundo Duarte (1985),
isso se deve ao fato de a empresa ser uma das organizações com maior destaque
da sociedade contemporânea. E este conceito não interessa somente ao bem
estar social, mas também envolve melhor desempenho nos negócios, gerando
maiores lucros.
O conceito de responsabilidade social passa pela compreensão de que a
empresa não possui apenas comprometimentos econômicos e legais, mas
também apresenta certas preocupações para com a sociedade, um tipo de
comprometimento moral. Antigamente esse tipo de atuação não tinha muita
importância, pois não alcançava participação na mídia, mas atualmente é
diferente. Empresas que atuam na área social são vistas como cidadãs,
aumentando o número de corporações que realizam ações sociais.
Realizando essas ações sociais a empresa também pode apresentar melhoria
no seu desenvolvimento interno. O envolvimento de seus funcionários junto à
empresa também pode aumentar, assim como suas motivações e produtividade,
além de incentivar à prática do voluntariado empresarial, que é uma força que
move grande parte do Terceiro Setor. Junto à sociedade, portanto, a organização
melhora sua imagem, transmitindo um bem estar aos consumidores e uma
preocupação genuína para com eles.
Segundo Souza (1996, p. 31) a ação social está ligada às formas de assistência
que muitas instituições assumem em função daqueles indivíduos que não
conseguem usufruir dos bens necessários à existência. Nesse contexto as
instituições do Terceiro Setor despertam nas corporações a consciência de que elas
têm uma função social e devem voltar-se para sua integração na comunidade, de
modo a contribuir financeiramente para causas de interesses gerais.
Além disso, de acordo com Teodósio (2001, p.5), possui maior contato com
o cidadão, sendo capaz de fornecer os serviços e benefícios em lugar daqueles
que o Estado pretende proporcionar e consegue trabalhar com mais agilidade
porque é um setor que não está ligado à burocratização a que estão submetidas
às organizações governamentais. Além disso, desenvolve-se um sentido mais
profundo de cidadania, já que envolve pessoas da comunidade, principalmente na
condição de trabalhadores voluntários, na solução de problemas sociais.
Segundo o relatório da Área de Desenvolvimento Social e Gerência de
Estudos Setoriais (2001) em pesquisa realizada em 1995, o número de pessoas
trabalhando no Terceiro Setor no Brasil se situava abaixo da média, com apenas
2,2% da população em relação ao número total da mão-de-obra empregada no
país. Países como Bélgica, Holanda e Irlanda possuíam mais de 10% do total de
sua população trabalhando nesse setor. Porém, desde o ano em que foi realizada
a pesquisa até hoje este número cresceu. Somente entre 1991 e 1995 foram
criados cerca de 340.000 novos postos de trabalho nesta área.
Especialmente relevante é o fato de que nos países desenvolvidos a principal
fonte de recursos das instituições sem fins lucrativos é a venda de produtos ou
serviços. Em média, 49% dos recursos originam-se de receitas próprias. O suporte
estatal vem em segundo lugar, contribuindo em média com 40% do orçamento de
organizações do Terceiro Setor e, por último, estão as doações voluntárias com
10%.
No Brasil esta mesma pesquisa não revelou números tão diversos daqueles
encontrados internacionalmente. Quase dois terços dos recursos provêm de
receitas próprias (68,3%), ficando as doações privadas com 17,5% e as fontes
governamentais com 14,5%. Com relação às diferenças de participação de
governo e iniciativa privada, é importante destacar os poucos incentivos
governamentais voltados ao setor e a baixa participação das empresas sobre o
total de doações privadas, que representam somente 3,2% do total de recursos.
Observa-se então que o Terceiro Setor cresce em números e em qualidade,
recebendo atenção da mídia e mobilizando mais recursos, abrindo várias
oportunidades de trabalho.
Entretanto a cultura da solidariedade e cidadania ainda é recente. Há setores
do Estado que temem a participação da sociedade como forma de intervenção em
suas áreas de administração. Mas essa resistência e desconfiança de ambas as
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De acordo com o Fonseca (s/d) ela determina que as empresas com mais
de cem empregados contratem pessoas com deficiência, segundo as seguintes
cotas:
• de 100 a 200 empregados, 2%;
• de 201 a 500 empregados, 3%;
• de 501 a 1.000, 4%;
• e acima de 1.000 funcionários, 5%.
Outra lei, de número 8.112 impõe que a União reserve, em seus concursos,
até 20% das vagas a portadores de deficiências, havendo iniciativas semelhantes
nos Estatutos Estaduais e Municipais, para o regime dos servidores públicos.
Mesmo não existindo algum tipo de punição para instituições que não
cumprirem essas cotas, o crescimento da consciência social e a ação fiscalizadora
do Ministério Público têm ampliado o número de empresas que estão de acordo com
a legislação, estimulando-as a manter, e até superar em alguns casos, o número de
vagas destinadas a pessoas com deficiência prevista na lei.
Segundo Neri (s/d) a inclusão de deficientes em uma empresa acaba gerando
uma imagem positiva, acima de tudo, preenche uma necessidade da sociedade.
Uma justificativa econômica para empregar pessoas portadoras de deficiência é que
eles podem ser caracterizados como um recurso produtivo inexplorado, que se
instrumentado tecnologicamente e de forma adequada, pode alcançar um ótimo
desempenho. Algumas pesquisas demonstram que trabalhadores portadores de
deficiência geralmente atingem altos níveis de desempenho no trabalho e possuem
maiores índices de freqüência e devoção. Além disso, empregar portadores de
deficiência promove um processo de humanização que se reflete diretamente nos
empregados e clientes da empresa. Por outro lado, empresas tidas como
discriminadoras apresentam uma imagem negativa junto aos clientes, além de
serem consideradas alheias às suas responsabilidades e participações sociais.
força que imprime determinada forma à sua própria vida”. A maneira como o
deficiente visual é inserido determina sua vida e isso se dá a partir dos valores e da
cultura da sociedade em que vive e das condições que se oferecem. Em uma
sociedade completamente centrada no visual, a cegueira acaba tornando-se muito
mais importante.
Conforme afirma Neri (s/d) a inclusão é um processo recíproco, em que a
sociedade se adapta à recepção das pessoas com necessidades especiais e estas
pessoas, em contrapartida, se preparam para assumir seus papéis nesta sociedade.
Ainda não há, entretanto, a inclusão da maneira como seria ideal. No Brasil, a
legislação já é um grande apoio, mas ainda persistem valores que dificultam a
integração do deficiente na sociedade. Conforme Fonseca (s/d) “a condição de
exclusão das pessoas com deficiência do convívio social é milenar e reveladora do
quão distante estão estas pessoas de condições mínimas de cidadania erigidas
desde o princípio da cultura ocidental”. As estruturas físicas da cidade e empresas
não permitem total autonomia de movimento aos portadores de deficiência, isso
acontece pela falta de informação e interesse da sociedade.
A Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou no dia 9 de dezembro de
1975 a Declaração dos Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência, que
defende os direitos da pessoa deficiente no que diz respeito a sua dignidade e de ter
suas necessidades levadas em consideração sobre todos os aspectos do
planejamento socioeconômico. Nos anos seguintes foram tomadas inúmeras ações
com o intuito de garantir que os portadores de deficiência tivessem o mesmo
tratamento que qualquer outro cidadão.
Nas últimas décadas foram ações isoladas de familiares e do próprio portador
de deficiência que trouxeram à tona a preocupação de promover e implementar a
participação de pessoas com algum tipo de deficiência ou necessidades especial na
sociedade. O objetivo é resgatar o respeito humano e a dignidade, no sentido de
possibilitar o pleno desenvolvimento e o acesso a todos os recursos da sociedade. É
necessário esclarecer que os familiares dos portadores de deficiência acabam
tornando-se pessoas com necessidades especiais também, pois precisam de
orientação e acesso a grupos de apoio para aprender a lidar com a deficiência assim
como o portador dela. A esses familiares pede-se que aceitem uma realidade que
não foi prevista e que não desejam, afinal é uma realidade pouco explorada e
informada a eles.
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Deste modo é preciso analisar toda a estrutura escolar, e ter certeza de que
todas as barreiras foram superadas: é preciso verificar se a escola oferece materiais
adequados, se o aluno está sendo auxiliado e estimulado por professores. Para que
haja uma verdadeira integração entre alunos deficientes e professores, é importante
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presidente do IPC, o instituto convive hoje com uma alta dívida, e para atingir um
plano financeiro ideal seria necessária uma alta participação da sociedade. Segundo
Passos (2007) para instituir uma mudança na sociedade é preciso que as pessoas
mudem a concepção que possuem dos deficientes visuais: “a sociedade tem que
acreditar que os deficientes visuais só não têm a visão, que a mente funciona
normal, os braços, o corpo, enfim tudo é normal”.
No dia 29 de maio de 2007 foi realizada uma entrevista com Manuel Cardoso
dos Passos atual presidente do IPC vide em apêndice. Nesta entrevista foi possível
identificar as maiores dificuldades do instituto e as possíveis soluções que devem
ser tomadas para obter resultados efetivos.
Segundo o entrevistado uma das maiores dificuldades do IPC é a criação de
uma receita, pois como o Instituto depende doações a receita mensal é incerta. Um
mês eles recebem uma determinada quantia, outro mês outra quantia. Essa
incerteza financeira não permite a criação de planos em longo prazo, dificultando no
planejamento de campanhas e eventos. De acordo com Passos (2007) seu objetivo
para o futuro é “que o instituto ande com as próprias pernas, totalmente
independente. É difícil estar sempre pedindo e pedindo, tem que brigar, tem que
criar uma receita”. Ainda não existem projetos concretos que viabilizem essa idéia,
mas o presidente garante que está iniciando um planejamento para transformar isso
em realidade, ele afirma “nós estamos tentando, estamos tentando parcerias com as
empresas e com as fundações”, mas também se defende ao dizer que faz pouco
tempo que assumiu o cargo, apenas um ano, e que tudo está ainda no começo.
O IPC trabalha atualmente com uma despesa mensal em torno de trinta três
mil reais e consegue arrecadar somente quinze mil reais por mês (ANEXO B, p.19).
Com um débito mensal de 19 mil reais por mês, o instituto mantém como prioridade
o pagamento de seus funcionários. A falta do pagamento de tributos trabalhistas,
água, luz entre outros se acumulam em dívidas e para o pagamento dessas dívidas
o Instituto se desfaz de alguns patrimônios.
Segundo Passos (2007) o objetivo a ser atingido com um plano de
comunicação deve ser voltado para a resolução da maior dificuldade da entidade, a
financeira. Na década de oitenta o instituto contava com cerca de quinze mil
associados. Os associados são pessoas que se tornam sócias da instituição
contribuindo mensalmente com um valor mínimo de cinco reais. De acordo com
Passos (2007) o associado é o “dono” do instituto, são eles, em eleição direta, que
escolhem o presidente. Todas as decisões são tomadas em conjunto com os
associados, eles participam de todo o processo. Se hoje a entidade conseguisse
uma média de cinco mil associados, os problemas financeiros do IPC acabariam.
Em uma cidade que possui quase dois milhões de habitantes, de acordo com o
último censo, uma parcela de cinco mil não é inviável. Passos ainda afirma sobre a
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Com este trabalho foi possível desenvolver uma análise da situação geral do
Instituto Paranaense de Cegos, uma entidade que atualmente procura estabelecer
um novo posicionamento de auto-sustentação e liberdade, buscando mudar o
caráter assistencialista que nasceu com a sua criação. Verificou-se que a instituição
possui grandes dificuldades, mas também possui uma vontade genuína de gerar
mudanças e promover a integração do deficiente visual. A organização está no
mercado há sessenta e oito anos e precisa acompanhar as mudanças que ocorrem
cada vez mais rápidas. O Terceiro Setor está crescendo velozmente e o IPC
demorou em perceber o quanto é importante acompanhar este crescimento.
O Instituto percebe hoje suas necessidades, ações e reais oportunidades.
Com a nova presidência esperam-se agora resultados e planejamentos de longo
prazo que proporcionem frutos futuros, possibilitando que o instituto funcione por
outros setenta anos e até mais. Ao mesmo tempo, o IPC é reconhecido como uma
entidade responsável por diversos projetos de inclusão social do deficiente visual,
mas a carência do instituto e sua dependência financeira o impossibilitam de ir mais
longe. Além da situação financeira a entidade deveria investir também na sociedade,
para promover mudanças no comportamento das pessoas frente aos deficientes
visuais, incentivando a compreensão do mundo sob a perspectiva do deficiente
visual.
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CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ALVES, Mário Aquino. Terceiro Setor: as origens do conceito. In: ENANPAD, 2001,
15 p. Campinas.
TEODÓSIO, Armindo dos Santos de Sousa. Pensar pelo avesso o Terceiro Setor:
mitos, dilemas e perspectivas da ação social organizada no Brasil. In: STENGEL, M.
et al (orgs.) Políticas públicas de apoio sociofamiliar-curso de capacitação de
conselheiros municipais e tutelares. Belo Horizonte: PUC Minas, 2001, pp.85-124.
APÊNDICE
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Desde o primeiro momento o IPC sempre teve sua sede instalada aqui?
Não parte dele pertence ao Estado outra parte pertence é do instituto. A parte do
colégio é nossa, essa parte onde estamos aqui é do Estado.
Não foi negado. Nós estamos com mandando judicial para não ter corte nem de luz
nem de água.
Aí eu não sei por que a Sanepar recorreu e perdeu no tribunal de justiça. Ele pediu
corte da água pra caçar a liminar aí o tribunal julgou e nos ganhamos de três a zero
o desembargador votou a favor pra fazer a manutenção da liminar.
A sociedade tem que acreditar que o deficiente visual só não tem a vista, a mente
funciona normal, os braços, rosto enfim tudo normal. A gente pensa com o cérebro
não é com a vista.
Estou. Com muita dificuldade estou. Mas tenho que agradecer a Deus que ele que
me ilumina, que toca no coração das pessoas. Há muito o que fazer mas eu creio
em Jesus que nos vamos conseguir.
Sim. Com certeza. Quantas crianças do interior do Paraná que se criaram aqui
dentro e hoje são professores, outros são advogados, outros assistente social. Se
não fosse o instituto, o cego estaria pedindo esmola até hoje. O instituto tem 54
moradores que moram aqui dentro e atendendo aí tem mais de duzentos e
cinqüenta que estudam o dia inteiro aqui e noite vai pra suas casas. Aqui temos
telecentro, aqui nós temos academia, aqui nós temos a natação, temos golbol,
artesanato, temos dança, temos educação visual, temos orientação e mobilidade
que ensina o deficiente a andar na rua a ter sua bengala.
As maiores dificuldades do IPC é que não tem uma receita, vamos dizer que a
receita seja de dez mil reais por mês, não tem, não existe uma certeza. Um dia entra
um tanto outro mês entra outro. Nós temos dificuldades pra manter quadro de
funcionários, para pagar a folha de pagamento. Alimentação. Já pensou se não
conseguisse dar alimentação, fechava. Alimentação, roupa, tudo enfim. Nós vivemos
de doação. A minha vontade era conseguir uma receita mensal para o instituto.
Hoje as despesas do instituto é trinta três mil reais por mês. Folha de pagamento,
encargo social, manutenção, enfim. Hoje não arrecadamos mais de quinze mil real
por mês, nós estamos trabalhando com um débito de 19 mil reais por mês.
È não está pagando fundo de garantia, água. O que a gente está tentando pagar mal
e mal são só os funcionários e a alimentação que estamos pedindo pra sociedade.
Eu tenho um pensamento muito forte, em dez anos eu quero que o instituto ande
com as próprias pernas, totalmente independente. È difícil estar sempre pedindo e
pedindo, tem que brigar, tem que criar uma receita.
Tem projetos concretos que viabilize tudo isso? Tipo vendas de produtos
internos?
Os objetivos que eu queria, veja bem. O associado. Antes o instituto tinha uma base
de quinze mil associados em oitenta. Hoje se ele conseguisse cinco mil associados
dava. Tem que conscientizar a sociedade que tem que ser sócio. Ele contribui, ele é
dono do instituto. Então o dono do instituto é o associado. Com cinco mil associados
que doam cinco reais por mês, é viável. È só conscientizar a sociedade que o
instituto é importante. Têm que chamar a sociedade dentro do instituto, mostrar o
papel que a gente faz. Estamos aí há 68 anos. Só faz o bem da sociedade. A gente
faz o papel do governo. O que o governo não faz ,a gente faz.
ANEXO A
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II- manter e criar programas especiais para cegos e portadores de visão subnormal;
III- receber, por tempo limitado, pessoas cegas ou portadoras de visão subnormal,
cadastradas, procurando, por meio de convênios e outras formas, a sua colocação
no mercado de trabalho;
VII- manter intercâmbio com outras instituições afins, religiosas ou não, visando ao
aprimoramento de suas atividades;
a) mantenedores;
b) honorários;
c) beneméritos.
Art. 6º- São direitos e deveres dos associados, além de outros previstos neste
estatuto:
CAPITULO IV DO PATRIMÔNIO
I- os bens imóveis;
CAPÍTULO V DA RECEITA
Art. 10º - Constituem receita do IPC, além de rendas e recursos provenientes de seu
patrimônio:
I- ORDINÁRIAS:
c) as atividades comerciais.
II- EXTRAORDINÁRIAS:
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Art. 11º - Todos os recursos, rendas e receitas do IPC serão aplicados nas
finalidades da Instituição e dentro do país.
Art. 13º - O término do exercício financeiro do IPC coincidirá com o término do ano
civil.
I- Assembléia Geral;
Art. 15º - A Assembléia Geral será constituída pelos associados maiores de 18 anos
(dezoito) anos de idade e mantenedores.
§ 7º - Será proclamada eleita à chapa que tiver maioria simples de votos válidos.
e) alterar o Estatuto.
Art. 17º - O IPC será administrado por uma Diretoria Executiva, com mandato de
quatro anos, composta de:
- Presidente;
- Vice - Presidente;
- 1º Secretário;
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- 2º Secretário;
- 1º Tesoureiro;
- 2º Tesoureiro.
Art. 18º - A Diretoria Executiva deliberará sobre assuntos de interesse do IPC, por
maioria de votos, reunindo-se ordinariamente uma vez por mês e, extraordinária, a
qualquer tempo, por convocação do Presidente, ou 1/3 (um terço) de seus membros.
l) zelar pela disciplina, pela ordem e pelo bom desempenho de todas as atividades
do IPC;
Art. 19º - O Conselho Deliberativo será composto por 07 (sete) membros eleitos por
04 (quatro) anos juntamente com a Diretoria Executiva e o Conselho Fiscal e com 3
(três) suplentes, que substituirão as vagas abertas.
a) Presidente;
b) Vice-Presidente;
c) Secretário.
Art. 20º - Cessará o mandato e será substituído pelo suplente o Conselheiro que:
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Art. 22º - O Conselho Fiscal compõe-se de três membros e dois suplentes para
substituí-los nos seus impedimentos, a qualquer título, eleitos por quatro anos
juntamente com a Diretoria Executiva e Conselho Deliberativo, sendo 03 (três) vagas
privativas de cegos ou portadores de visão subnormal, das quais duas para titulares
e uma para suplente.
II- Examinar as contas, dar parecer final sobre os balancetes e o balanço anual;
VII- Perderá o mandato o membro do Conselho que faltar, sem causa justificada, as
três reuniões consecutivas, ou seja, intercaladas;
§ 1º - O Regulamento de que trata este artigo deverá ser elaborado pela Diretoria
Executiva no prazo de 60 (sessenta) dias e aprovado pelo Conselho Deliberativo,
ressalvado o disposto no Parágrafo 5º.
§ 1º - O IPC se obriga:
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Art. 30º - O uso ou utilização de imóveis pertencentes ao IPC será decidido pela
Diretoria executiva com consulta ao Conselho Deliberativo.
Art. 34º - É proibido aos funcionários do IPC votarem e serem votados para
cargos eletivos.
Art. 35º - Só podem votar e serem votados os associados pelo menos há 01 (um)
mês.
Art. 37º - Este Estatuto poderá ser reformado ou alterado no todo ou em parte, pela
Assembléia Geral, em sessão especialmente convocada para tal fim, com a
presença mínima de 2/3 (dois terços) de seus associados, em primeira convocação,
ou com 1/3 (um terço) dos associados em segunda convocação.
Art. 38º - O IPC somente poderá ser dissolvido por deliberação de 2/3 (dois
Parágrafo único - Após sua aprovação, este Estatuto deverá ser registrado no
competente Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas desta Capital.
ANEXO B