You are on page 1of 25

FACULDADE DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS

APLICADAS DO ARAGUAIA – FACISA


PROJETO INTEGRADOR DIREITO E SOCIEDADE

A MULHER NO DIREITO:
UMA PERPESCTIVA INTERDISCIPLINAR

ANA JÚLIA PICCIRILLO GOMIDE


CRISTIANE MARIA D. BARROS
DIVANEIDE A. RODRIGUES
ELZA GAMA DA SILVA
ÉRIKA BILÉGO ARAÚJO
GRIMARA LAYANE R. DEFREITAS

BARRA DO GARÇAS, 2010


FACULDADE DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS APLICADAS
DO ARAGUAIA – FACISA
PROJETO INTEGRADOR DIREITO E SOCIEDADE

A MULHER NO DIREITO:
UMA PERPESCTIVA INTERDISCIPLINAR

Projeto elaborado com o objetivo de demonstrar a


evolução legal na defesa da mulher, e as
BARRA DO GARÇAS, 201 modificações ocorridas na sociedade quanto à
formação de novos conceitos de família.

BARRA DO GARÇAS, 2010


A MULHER NO DIREITO:
UMA PERPESCTIVA INTERDISCIPLINAR

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER

DESCRIÇÃO DOS EFEITOS DA LEI MARIA DA PENHA NA SOCIEDADE


BRASILEIRA E A APLICAÇÃO DA LEI NO ATUAL CONCEITO MODERNO
DE FAMÍLIA

RESUMO

O presente estudo, vem demonstrar que as mudanças ocorridas na sociedade brasileira


após a criação de uma lei, ainda que bem intencionada, nem sempre correspondem ao esperado
pelo legislador no momento de sua elaboração. Observa-se também que, quando se trata de
dispositivo legal voltado à defesa de minorias, mais polêmica se torna, e mais resistência se
verifica ao seu adequado cumprimento. A evolução da mulher na sociedade e o surgimento de um
novo conceito familiar, oriundo das mudanças que a própria sociedade exige, amparados por
elementos de proteção legal, compõem o corpo deste projeto que estimula a discussão de forma
técnica e didática de tabus ainda existentes em nossos dias atuais.

Palavras-chave: Lei. Mulher. Violência. Evolução. Família.


INTRODUÇÃO

O artigo ora apresentado, não tem a pretensão de ser um tratado, mas uma exposição
sintética dos efeitos positivos e negativos, decorrentes da criação da Lei Nº 11.340/06,
denominada “Lei Maria da Penha” sem a devida análise de seus impactos a médio e longo prazo,
bem como de seus “efeitos colaterais”. Analisa também a eficácia de sua aplicabilidade, bem
como as deficiências de seus métodos investigatórios, e a polêmica levantada sobre uma possível
inconstitucionalidade existente em seu bojo. Tal impressão se justifica após o contato direto
(estudo de seu conteúdo), e indireto (artigos de opinião, defesas judiciais, entrevistas e
depoimentos) com a respectiva lei, observação de sua aplicação prática, estabelecendo assim um
comparativo entre aquilo que se espera e sua real eficácia.
DESENVOLVIMENTO

Quando se fala em violência contra a mulher, várias opiniões emergem, principalmente no


tocante às formas de protegê-las. Mas até o momento da criação da Lei nº11.340, denominada
“Lei Maria da Penha”, não havia um dispositivo específico para tal fim. Junte-se a isso séculos e
séculos de opressão, sofrida pelo público feminino devido ao caráter machista da sociedade
brasileira, e teremos uma verdadeira bomba-relógio sempre prestes a explodir.
É lícito que se tenha imposto regras para o cumprimento de normas já estabelecidas
constitucionalmente, embora de forma mais igualitária? É o que diz o Art. 226, § 8 da CF:

.”Art. 226 § 8 O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada


um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito
de suas relações”.

Há que se pensar em princípios constitucionais como o Princípio da Isonomia e


Proporcionalidade, quando se reflete sobre a referida lei. O fato de ser a mulher, mais frágil
fisiologicamente, não significa que somente ela possa ser alvo das violências mencionadas.
Agressões à moral, psicológicas, patrimoniais e físicas, também o homem a elas está sujeito. Tal
afirmativa é corroborada pelos ditames da CF / 88, pois o art. 5º, inciso I, diz que homens e
mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos da Constituição, o que nos leva a acatar
a presunção de inconstitucionalidade da Lei Mª da Penha.

“Art. 5º , I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos


termos desta Constituição;”

Não há em tais considerações nenhuma intenção de críticas à sua elaboração, mas sim,
de reflexão sobre os aspectos positivos e negativos advindos de sua criação. Não se deve
esquecer daquelas que se valem de tal proteção legal para abusarem até do próprio Poder
Judiciário, fazendo acusações exageradas (senão falsas), com o objetivo de punir um ex-
companheiro que, por insatisfação no relacionamento, delas se afastam.
O PASSADO E O PRESENTE - IMAGENS DO COTIDIANO

É fato concreto que a maioria dos casos de agressão familiar, doméstica ou em qualquer
outra circunstância, sempre parte do homem por sua própria condição de personalidade mais
instintiva e maior força física. Entretanto não podemos generalizar de tal forma, que se condene
por antecipação um pseudo-agressor sem uma averiguação prévia dos fatos, como acontecidos.
Há homens que primam por reações animalescas no revide a insultos por parte das
companheiras, outros há, que extravasam tais instintos pelo próprio sadismo e demonstração de
poder e superioridade. Existem no entanto, aqueles que são vítimas da legislação parcial e
discriminatória que nasceu após a criação da Lei nº 11.340, indivíduos de bem, que infelizmente
se vinculam afetivamente a mulheres desequilibradas, as quais não hesitam diante do artifício da
enganação e da má-fé como forma de puni-los por uma rejeição.
O que podemos esperar daqui em diante, se não houver um aprimoramento nos
mecanismos investigatórios da Lei Maria da Penha? Uma enxurrada de denúncias e processos,
que, salvo em caso de flagrante delito, poderão ao final revelar-se um abuso por partes das
denunciantes, que não respeitam a urgência do Judiciário em casos de real importância e
veracidade.
Mesmo com esses aspectos negativos, deve-se reconhecer que a referida lei foi um marco
na recuperação da cidadania feminina, que até a implantação da mesma viveu sob décadas de
medo, imposto pelo velho chavão “em briga de marido e mulher, não se mete a colher”, o qual
concedia impunidade no seio familiar àquele marido que se julgasse proprietário do corpo, da
alma e até da própria vida de sua mulher. Não se admitia a interferência externa nem das
autoridades policiais, que mesmo em caso de flagrante eram impedidos de entrar nas residências
e evitar o mal maior.
Hoje pode-se dizer, que a mulher consciente de seus deveres finalmente teve seus direitos
reconhecidos, e já não precisa mais temer represálias por parte de seus agressores, uma vez que
um dispositivo legal as protege. Ainda assim, causa estranheza aos leitores, a controversa
decisão proferida por um Juiz de Direito, que tem a referida lei como instrumento de manobra do
público feminino, às quais confere um feminismo exacerbado que não as faz felizes, uma vez que
as mulheres não gostam de homens emocionalmente frágeis e que se permitem ser guiados nas
decisões domésticas, pois tal atitude não inspira confiança em seres que querem e precisam se
sentir protegidas.
Apesar de pensamentos tão diferentes da realidade feminina do século XXI, e que
merecem nosso respeito, observando a liberdade de expressão, é senso comum que a mulher
anseia sim, por um companheiro forte, e que possa protegê-la em caso de necessidade, porém não
abre mão da sensibilidade, do romantismo, da delicadeza no trato. É possível tais qualidades co-
existirem em um mesmo indivíduo, e são essas características que, em sua maioria, buscam na
escolha de um parceiro. Outrossim, deve-se ter em mente que, salvo em casos de violência
sexual e de lesões graves, a mulher não deseja que seu companheiro seja preso, mas sim, o fim
das agressões.
“Esta lei é inócua, injusta, anti-social e retrógrada, pois volta a ter a pena privativa de
liberdade como principal sanção quando todo direito penal caminha para fuga da prisão com
aplicação de penas alternativas. A pena privativa de liberdade data de 1814, o que nos faz refletir
e constatar que, depois de quase 200 anos, é inaceitável continuar insistindo no encarceramento.
Outros meios mais eficazes precisam ser aplicados para coibir a criminalidade; a pena alternativa,
onde é efetivamente aplicada, tem se mostrado um sucesso (Rio grande do Norte, Paraná e Ceará;
em São Paulo a aplicação de penas alternativas tem tido um índice de reincidência que não chega
5 %.”

-Entrevista de Miguel Reale Jr. Concedida à Revista Visão Jurídica, n. 15, p.


12.

Esta lei ainda provocará muitas discussões, por ter sido elaborada e sancionada diante
de um clamor público, o que trouxe aos legisladores uma pressão excessiva no sentido de
conceder respostas rápidas, o que inevitavelmente acarretou-lhe vícios de inconstitucionalidade,
que deverão ser sanados, sob pena de descrédito do Poder legislativo.

O NOVO CONCEITO DE FAMÍLIA DO SÉCULO XXI

Um dos aspectos que transparecem como dos mais positivos, é o reconhecimento em


seu Art. 5º do novo conceito de família que emergiu em nosso século: as famílias homoafetivas.
“Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e
familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero
que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e
dano moral ou patrimonial:

I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de


convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive
as esporadicamente agregadas;

II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada


por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços
naturais, por afinidade ou por vontade expressa;

III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou


tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação.

Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo


independem de orientação sexual.”

É louvável que o legislador nesse caso, tenha sido previdente ao estabelecer


legalmente a existência de relações não convencionais, mas bastante presentes em nosso
cotidiano, e se valido de tal sensibilidade para proteger também os indivíduos integrantes desse
grupo. Por ser uma instituição nova, e como tal, assustadora para muitos (que vêem nisso uma
ameaça ao instituto da família tradicional), sempre evitou-se trazer à tona sua existência - durante
várias décadas, marginalizada.
Alguns estudiosos do direito contestam a aplicabilidade da Lei Maria da Penha aos
casais homoafetivos em geral, por adotarem uma rígida interpretação de seu teor e considerarem-
na especificamente direcionada às mulheres, considerando lésbicas, travestis, transsexuais e
“congêneres”, um grupo à parte que carece de legislação específica. Não obstante, já existem
inúmeras opiniões evidenciando sua importância, pelo pouco (porém suficiente) que trouxe em
seu bojo, e que os ampara legalmente.
Infelizmente, o preconceito ainda barra muitas pessoas de encaminharem denúncias de
maus tratos, por uma tentativa de se preservarem do julgamento de servidores de mentalidade
tacanha e retrógrada. Nesse caso, torna-se interessante a divulgação em larga escala de seus
direitos, e o encorajamento à apresentação de queixa contra o(a) companheiro(a), sem prejuízo
maior ao seu aspecto psicológico já tão abalado.
Devemos ter em mente que a família é, antes de tudo, uma estruturação psíquica.
Todos ansiamos por pertencer a um grupo, consanguíneo ou não, como forma de nos sentirmos
integrados ao mundo; é nosso lado ancestral dizendo que a segurança está na união de dois ou
mais indivíduos, apoiando-se mutuamente. Dessa forma se estabelecem os vínculos afetivos, que
independem de orientação sexual como já verificado na história desde os primórdios da
humanidade (registros históricos do Tribunal do Santo Ofício, dão conta da existência de
homossexualismo já na época do Brasil Colônia) , e na atualidade em novelas, retratando
relacionamentos homoafetivos com aceitação do público, gerando discussões positivas no
sentido de se reduzir a intensidade do preconceito ainda existente
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto conclui-se que, incoerências à parte, em tudo há o lado positivo e o


negativo de acordo com a interpretação adotada. Embora a Lei Maria da Penha não seja uma
revolução no mundo legal em se tratando de defesa da mulher, tornou-se um porto seguro para as
vitimas de violência familiar, que agora podem sentir-se mais seguras e amparadas.
Apesar de seu teor discriminatório dar abertura a toda espécie de aproveitadoras que
se vangloriam de sua posição feminista, e a falsos testemunhos que prejudicam homens de forma
quase irremediável (uma vez que a palavra dita, ou escrita, jamais se apaga da memória de quem
tome conhecimento dos fatos), representa um marco decisivo para aqueles que, fugindo do
convencional em sua orientação sexual, não mais serão relegados à marginalização.
É imperioso que se realize uma apreciação imparcial e uma investigação aprofundada
dos fatos, para que mais injustiças não sejam cometidas sob a égide do cumprimento da lei. E que
Deus ilumine a mente dos executores no momento de sua aplicação
REFERENCIAL TEÓRICO

Ronaldo Vainfas
Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 1A

http://jus.uol.com.br/

http://www.presidencia.gov.br/legislacao/

http://ultimainstancia.uol.com.br

http://www.jurisway.org.b

http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u339568.shtml

http://www.sbdp.org.br/arquivos/material/439_CNJdecisesde1ae2ainstncias.pdf

http://www.falesemmedo.com.br/depoimentos/texto/125/dany
ANEXOS
ENTREVISTA A EX-MEMBRO DE FAMÍLIA HOMOAFETIVA

*Marcelo, profissional na área da saúde em Barra do Garças - MT


Entrevista concedida ao grupo do PIDS

1) PIDS: *Marcelo, você viveu em regime de união estável. Era uma união convencional?

*Marcelo : Sim, embora não fosse uma união tradicional como normalmente se entende, mas que
supria meus anseios e necessidades afetivas e fisiológicas. Buscava nesse relacionamento
companhia e amparo, além do sentimento existente no vínculo afetivo.

2) PIDS : Durante esse período, foi uma convivência pacífica? Houve algum fato que possa ser
caracterizado como violência, em qualquer uma de suas manifestações: física, patrimonial, moral
ou psicológica?

*Marcelo : Não foi pacífica. Era marcada por constantes altos e baixos, devido ao fato de meu
ex-companheiro ter conhecimento de meus pontos fracos e também saber como me reconquistar.
O ciúme por parte dele foi um fator de estresse que me levava ao extremo de querer romper com
o relacionamento, sempre impedido pelas manipulações de que era alvo para retornar ao convívio
em comum. Devido ao estado de carência e desamparo de que me sentia invadido,
invariavelmente me via às voltas com os mesmos conflitos.

3) PIDS : O que o levou a romper com esse relacionamento?

*Marcelo : Já me encontrava exausto daquele sofrimento e tive consciência de que necessitava


sair do círculo vicioso em que havia entrado, e recomeçar para não incorrer no mesmo erro mais
uma vez.
4) PIDS : Que espécie de ajuda você procurou? Especializada? Apoio de amigos?
*Marcelo : Busquei o apoio de amigos e as opiniões de pessoas que viveram experiências
semelhantes, as quais me deram o respaldo necessário para seguir em frente com a decisão
tomada.

5) PIDS : Em sua opinião, uniões que se tornam cada dia mais comuns como a que viveu,
precisam de proteção legal para coibir possíveis agressões?

*Marcelo : Sim, porque eu mesmo fui uma vítima de agressões psicológicas (e ao final físicas),
durante muito tempo, por não ter conhecimento naquele momento de nenhuma lei que me
protegia.

6) PIDS : Você sabia da existência da Lei Mª da Penha, que protege as mulheres contra seus
agressores, e que casais homoafetivos também estão englobados como objeto de proteção?

*Marcelo : Até esse momento, não tinha conhecimento, nem a consciência de sua amplitude e do
respaldo oferecido.

7) PIDS : Os casais homoafetivos já caracterizam um novo conceito de família da atualidade,


dada a freqüência com que se apresentam à sociedade. Gostaria de expressar sua opinião a esse
respeito? Tem algum manifesto a fazer, dirigido às autoridades policiais ou aos governantes?

*Marcelo : Sim, pois acho que o despreparo dos servidores disponíveis para atendimento não nos
trazem a confiança necessária para que sejam efetuadas as denúncias. Tem me deixado muito
feliz as iniciativas dos convênios de saúde, que ampliaram sua cobertura estendendo-as aos casais
homoafetivos que comprovem sua união estável, também as leis que estão em elaboração e
prevêem a adoção de crianças por nós, bem como aquelas que protegem nossas uniões
eliminando aos poucos o preconceito que ainda sofremos. A mídia tem nos ajudado bastante na
medida em que expõe vários casos e reportagens sem conotação pejorativa, o que leva a
sociedade a demonstrar boa vontade, nos ajudando na questão da auto-aceitação que é fator
determinante no bom desempenho profissional. Pesquisas tem demonstrado que o nível cultural
em nosso grupo, é de forma geral elevado, e portanto de relevante importância para o mercado da
trabalho, já que oferece profissionais capacitados ao seio de uma sociedade, que apenas por
ignorância ainda não oferece o subsídio necessário à demonstração de competência, por parte de
pessoas que ainda lutam por seu espaço de forma tão sofrida.
DEPOIMENTOS DE VÍTIMAS DE AGRESSÃO FAMILIAR

*Dany - 29 - Brasília/DF

Depoimento enviado em 23/03/2010

Bem, hoje estou muito triste. Tive um relacionamento de 9 anos, quer dizer, ia
completar 9 anos, mas fui casada, me separei, e depois voltei com meu marido. Na primeira vez
que casamos, ele chegou a me agredir duas vezes, o negócio foi feio, e aí nos separamos por
outros motivos, nem foi pela agressão. Ficamos quase um ano separados, e voltamos no final do
ano de 2008. No início, estava tudo bem, depois, ele foi voltando a ser como antes. Em uma das
brigas que tivemos, ele se exaltou, me agrediu, e ainda quebrou meu telefone celular quando eu
estava tentando telefonar para alguém e pedir ajuda. Não denunciei, perdoei a agressão e
continuei. Um dia, tivemos uma briga por um motivo banal, ele me chutou, me xingou, e saiu.
Fui à delegacia e registrei ocorrência. Não fui ao IML fazer o exame mas deixei a ocorrência
registrada. Isso tem 4 meses. Ele foi intimado, e desde então, tinha parado de me agredir, mas
continuava me agredindo psicologicamente, com insultos, xingamentos, toda vez que
brigávamos. Domingo, após uma discussão, ele me agrediu novamente. Eu já não gosto mais
dele, mas ninguém sabe dessas agressões. Minha família gosta dele, e meu filho é muito apegado.
Mas, eu não quero voltar mais. Pedi a ele que fosse embora, não preciso dele financeiramente,
muito pelo contrário, estava com ele mais por conveniência, pelo nosso filho que é muito
apegado, mas, depois disso, fiquei com vergonha do meu próprio filho. Parece que pela primeira
vez eu percebi o quanto isso faz mal para ele, o quanto não é saudável. Meu pai já agrediu a
minha mãe, e eu lembro de já ter visto isso uma única vez, e até hoje, não me esqueço. E meu
filho que já viu tantas vezes, o que será dele no futuro? Como será que isso o afetará? Tenho
sofrido muito, pois, por incrível que pareça, às vezes ainda tenho pena dele. Mas, pra quê ter pena
de quem não tem pena da gente? Quero muito ficar só, cuidar do meu filho, e aprender a me
respeitar. Bem, é isso.

S. M. R.T
Depoimento concedido ao grupo do PIDS
S. relata que está separada a 7 meses e que enquanto foi casada, era vítima constante de maus
tratos por parte do ex-marido por motivo de ciúme doentio. Conforme suas palavras, ele tinha
ciúme até do pastor da igreja que freqüentavam, chegava a sair do trabalho para confirmar se ela
estava com alguém em sua casa, chegando mesmo a revistar todo o ambiente. Não confiava nem
mesmo em sua próprias tias e irmãs. S. não possuía nenhuma amiga e nem contato com vizinhas,
por seu ex-marido acreditar que dali sairiam possíveis “ esquemas” quando ele estivessse
trabalhando. Após tantas demonstrações de desequilíbrio, seu ex chegou a sair de casa enquanto
ainda eram casados, ocasião em que S. foi atrás para que ele voltasse.
O ponto final do casamento ocorreu após 2 agressões físicas, quando s. Se decidiu pela
separação, não vendo mais saída para salvar seu casamento.
O agressor, hoje muito “ arrependido”, jura que mudou e implora por seu perdão, em uma
tentativa de reatar o relacionamento. Para S., não tem mais volta.

M.A.S.
Entrevista concedida ao grupo do PIDS

1) PIDS : M., por quanto tempo foi casada com seu ex-marido? Descreva sua
relação.*M.A.S : Por 15 anos consecutivos. No começo éramos felizes, não brigávamos
pois ele era pacífico e sempre estávamos de acordo em tudo. Foi assim durante os 2
primeiros anos de casamento. Tudo começo a mudar durante a minha gravidez.

2) PIDS : Em sua opinião, o que deu origem a essa mudança repentina com relação a você?

*M.A.S : Quando nos casamos, tínhamos a nossa casa, porém meu ex-marido decidiu que queria
comprar um carro, e para tanto teríamos que vender a casa, o que ele fez sem meu consentimento.
Tivemos que ir morar com a mãe e as irmãs dele. Posso dizer que começou aí o meu calvário.
Começaram as ofensas, incompreensões, passando para os xingamentos e empurrões, que
aconteciam inclusive na frente de sua família. Nessa época eu já me encontrava grávida de 6
meses de nosso primeiro filho, e meu ex-marido, que era trabalhador e esforçado começou a
freqüentar bares, chegando sempre bêbado em casa, momento em que minha sogra penalizada de
minha situação, pedia que me conservasse em silêncio para evitar as agressões.
3) PIDS : Qual foi a agressão mais violenta que sofreu nesse período?

*M.A.S : Nosso filho já tinha nascido e eu ainda o amamentava, estava com 8 meses. Meu ex
chegou bêbado querendo ter relações sexuais comigo contra minha vontade. Devida à minha
resistência, me agrediu no rosto com um soco, tirando minha roupa à força e me colocando para
fora de casa cheia de ferimentos e hematomas. Sua família não intervinha temerosa de sua reação.
No dia seguinte ele nunca se lembrava de nada, e diante das repreensões de sua mãe, afirmava
que aquilo nunca mais se repetiria.

4) PIDS : Porquê não saiu de casa nesse momento?

*M.A.S. : Quando me casei, vinha de uma família evangélica, não tinha mãe e minha família
(pai e 5 irmãos) foi totalmente contra meu casamento, dizendo que eu casasse se fosse de minha
vontade, deixando claro, porém, que eles não me aceitariam de volta caso não desse certo. Não
tinha outra alternativa.

5) PIDS : Nunca pensou em denunciá-lo?

*M.A.S. : Na época não existia a Lei Mª da penha, e mesmo assim eu não teria coragem, pois o
amava apesar das agressões. Além disso, tinha meu filho, minha sogra que era como uma mãe
para mim, e eu tinha consciência de que o problema dele era o álcool. Quando não estava bêbado
era excelente marido e pai. O que piorava minha situação era o fato de não ter profissão, nem
como me manter caso me resolvesse a me separar.

6) PIDS : Isso teve um fim. Nos conte como aconteceu.

*M.A.S : Um dia em que estava sendo espancada, um vizinho ouviu e ligou para a polícia que
atendeu imediatamente e o pegou em flagrante, porém ele conseguiu fugir. Quando retornou à
nossa casa, eu o escondi. Fui até a delegacia e falei com um dos policiais que me encaminhou ao
delegado, pois eu havia ido pedir que não o prendessem, alegando que não voltaria a repetir. O
delegado me disse então que o orientasse a se apresentar. Quando cheguei em casa, ele estava
novamente bêbado e mais uma vez me agrediu, me acusando de ter ido denunciá-lo. Apesar de
minha indignação com mais essa injustiça, me contive pois não tinha idéia de como sobreviver
caso ele fosse preso.

7) PIDS : Como essa história chegou ao fim?

*M.A.S : Acabei tendo mais um filho nessas mesmas circunstâncias, meu primeiro filho já
estava com 5 anos. O alcoolismo dele já era tão evidente que começaram a faltar as coisas em
casa, pois não trabalhava mais. Consegui emprego em uma casa de família como doméstica.
Meus patrões eram muito bons e me ajudavam bastante. Um dia cheguei para trabalhar com um
hematoma que foi notado por minha patroa. Disse que tinha caído mas ela não acreditou, e aos
poucos foi conseguindo extrair de mim as informações que eu sempre negava por vergonha. Um
dia chegou a me propor sair de casa, dizendo que arrumaria um lugar seguro para me abrigar com
meus filhos. Aceitei a proposta após chegar um dia em casa e flagrar meu ex-marido com uma
prima minha na cama. Peguei meus filhos e saí de casa, indo morar com minha patroa e
salvadora. Ele foi atrás de mim, mas nesse momento algo tinha morrido em meu interior e não
quis mais conversa com ele. Criei meus filhos que hoje estão crescidos e felizes e nunca mais tive
notícias dele que desapareceu. Jamais voltei a me casar.

8) PIDS : Qual seu conselho para as mulheres que sofrem agressão por parte de seus
companheiros?

*M.A.S. : Que não se escondam como eu fiz por medo, falta de coragem para lutar. Sofri tudo
aquilo por não ter consciência de meu valor e por ter medo de enfrentar a vida. Durante muitos
anos, perdi minha dignidade acreditando que meu ex-marido mudaria, o que não ocorreu e me
causou cicatrizes eternas. Que denunciem esses homens que acreditam sermos escravas e não
esposas que os amam, e saibam que apenas em raríssimas exceções eles mudam. Não foi o meu
caso. Tenham fé em Deus e acreditem que existe auxílio se vocês buscarem. É o meu conselho.
ARTIGOS

'Fui mal interpretado', diz juiz que ligou mulher à desgraça


Johanna Nublat
da Folha de S.Paulo

O juiz Edilson Rumbelsperger Rodrigues, 52, de Sete Lagoas (MG), disse ontem que foi
mal-interpretado na sentença em que considera inconstitucional a Lei Maria da Penha, um marco
da defesa da mulher contra a violência doméstica.

Na sentença, cujos principais trechos foram divulgados pela Folha no último domingo,
Rodrigues se refere à lei como um "monstrengo tinhoso" e "um conjunto de regras diabólicas".
Com a sentença, afirmou, estava "defendendo a mulher".

"Vocês mulheres são usadas em discurso de campanha e num feminismo que não faz
vocês felizes", disse Rodrigues, que é divorciado e está no segundo casamento.

Pai de quatro filhos --o mais novo de três anos--, ele culpa, na sentença, a lei por tornar o
homem um "tolo" e cita a Bíblia para dizer que a "desgraça" humana começa com a mulher.

Em nota divulgada ontem, o juiz coloca a pergunta: "Tivesse eu me valido de poetas como
Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto ou Guimarães Rosa (...) talvez não
estaria também sendo criticado! Por que, então, não posso --ainda que uma vez na vida, outra na
morte-- citar Jesus, se é Ele o poeta dos poetas e o filósofo dos filósofos?".

Ao explicar o que quis dizer com "o mundo é e deve continuar sendo masculino ou de
prevalência masculina", frase que consta da sentença, o juiz usou um exemplo.

Disse que, no caso de impasse entre um casal, numa situação doméstica, a posição do
homem deveria prevalecer até posterior decisão da Justiça, já que "não será do agrado da esposa
que fosse o inverso, porque, repito, a mulher não suporta o homem emocionalmente frágil, pois é
exatamente por ele que ela quer se sentir protegida".

Ainda na nota, Rodrigues explica que considerou a lei inconstitucional por tratar apenas
da mulher e ignorar a condição doméstica do homem. Depois de dar entrevista a jornais locais, o
juiz falou com a Folha por telefone. Evitou explicar as expressões usadas na sentença (como "o
mundo é masculino!!" e "Jesus era homem!"), disse que preferia utilizar as explicações contidas
na nota.

Entrevista completa disponível no endereço eletrônico:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u339568.shtml
Inspiradora da lei, Maria da Penha ainda combate violência contra a mulher

Daniella Dolme - 09/08/2009 - 08h00

Instituições devem informar mulheres sobre seus direitos, diz Maria da Penha
Na madrugada de 29 de maio de 1983, a cearense
Maria da Penha Maia Fernandes dormia tranquilamente em sua
cama. Era um domingo e a farmacêutica de 38 anos sabia que o
dia seguinte seria longo. Mas o descanso da dona de casa, então
mãe de três filhas, foi subitamente interrompido por um susto e um gosto de chumbo na boca. Ela
ainda não sabia, mas acabara de levar um tiro de espingarda do próprio marido.
Alegando que a casa havia sido assaltada, Marco Antônio Heredia tentou enganar a
mulher e os vizinhos. Não conseguiu. Sua condenação, no entanto, ainda consumiria 20 anos de
luta. Antes disso, ele tentaria matá-la novamente. De volta para casa, depois de quatro meses no
hospital, Maria da Penha havia ficado paraplégica e, mesmo assim, Heredia tentou eletrocutá-la
durante um banho.
Ícone na luta pelos direitos das mulheres, Maria da Penha conseguiu com a sua
história fazer Justiça para si e conquistar mais proteção para todas as companheiras. Vinte e três
anos após a primeira tentativa de homicídio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a
Lei 11.340/06, de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher: a Lei Maria da Penha, que
completou três anos na última sexta-feira (7/8).
Conheça um pouco mais sobre a vida da ativista que até hoje luta pelo cumprimento
do direito das mulheres, atuando como colaboradora de honra na Coordenadoria da Mulher da
Prefeitura de Fortaleza.

Última Instância – Como a senhora decidiu que deveria lutar pelos direitos das mulheres
vítimas de agressão doméstica?

Maria da Penha –A minha luta começou a partir do momento que eu fui agredida mortalmente,
em 1986. Eu comecei a buscar Justiça e então a decepção com o poder judiciário fez com que eu
permanecesse vinte anos em prol da condenação do meu agressor. Eu me senti vítima pela
lentidão com que tudo aconteceu na Justiça. Mas as coisas mudaram depois que conseguimos
denunciar o Brasil no Comitê Interamericano de Direitos Humanos por negligência no tratamento
da violência doméstica no país.

Última Instância – Por que o julgamento demorou tanto?

Maria da Penha – A Justiça se usou de artifícios protelatórios para que o crime chegasse à
prescrição e sobre isso o país vai ter que responder também internacionalmente.

Última Instância – Como foi o processo da denúncia no Comitê Interamericano?

Maria da Penha – Bem, na minha luta por Justiça tive a sorte de encontrar em determinado
momento um representante do CeJil (Centro pela Justiça e pelo Direito Internacional), que
analisou o meu processo e então nós decidimos juntos denunciar o Brasil.

Última Instância – Sobre a sua história, como aconteceu a primeira agressão por parte de
seu marido?

Maria da Penha – As agressões do meu marido eram agressões psicológicas. As agressões


físicas, elas existiam mais em relação aos meus filhos, como uma maneira de me atingir
diretamente. E só não acontecia uma agressão muito diretamente a minha pessoa, porque eu
conseguia driblar esses momentos. Mas a minha vida era um tormento, como é a vida de muitas
mulheres do país que ainda convivem com seus agressores.

Última Instância - Houve algum indício de violência antes do casamento?


Maria da Penha – Não, nenhum. Nenhum indício. Eu me casei porque ele era uma pessoa
querida demais pelos amigos, pelos meus amigos também. Era uma pessoa assim de bons tratos.
Se mostrava educado, muito compreensivo. Uma pessoa companheira.

Última Instância – Depois de quanto tempo ele começou a mostrar um comportamento


diferente?

Maria da Penha – Esse indício [de agressividade] só começou a se apresentar depois de quatro
ou cinco anos de casada. Depois do nascimento da minha segunda filha, quando ele obteve a
naturalização, porque ele era estudante de origem colombiana. Aliás, o casamento foi
importantíssimo para que ele se naturalizasse brasileiro. A partir daí que ele mostrou a sua
verdadeira face.

Última Instância – Houve uma tentativa de homicídio. Como a situação chegou a esse
ponto?

Maria da Penha – Eu estava dormindo e acordei com um tiro que foi dado nas minhas costas e
que quase me levou a morte. Eu não sabia... eu pensei que tivesse sido ele, mas essa idéia foi
desfeita quando eu soube que a versão dada para esse tiro que recebi tinha sido uma tentativa de
assalto. Essa versão foi dada pelo meu agressor. Somente cinco meses depois disso, quando eu
voltei pra casa do hospital, foi aí que eu tomei conhecimento, através de outras pessoas que já
estavam sabendo, que ele havia simulado o assalto para que parecesse crime premeditado.

Última Instância – Depois houve uma segunda tentativa.

Maria da Penha – Sim. Quando eu voltei do hospital, depois de passar quatro ou cinco meses
hospitalizada, ele foi me apanhar (sic) e me levou para casa, dizendo que a partir daquele
momento não queria que nenhum familiar ou amigo interferisse na nossa vida. Então, nesse
período eu fiquei em cárcere privado, durante quinze dias, que foi quando ocorreu a segunda
tentativa de homicídio. Quando ele propositadamente danificou o chuveiro elétrico e eu percebi
ao entrar no banheiro que estava dando choque. Eu gritei pela moça que morava comigo, e ela me
acudiu e me tirou do banho.

Última Instância – A senhora perguntava o porquê da violência gratuita? O que ele dizia?
Maria da Penha – Para ele, não precisava argumento, era simplesmente querer. Se ele acordava
de mau-humor já começava agredindo. Se ele chegava de mau-humor, já chegava agredindo.
Muitas vezes eu pedi para me separar, ele nunca aceitou.

Última Instância - E por que a senhora nunca chegou a denunciá-lo?

Maria da Penha – Denunciar onde?

Última Instância – Depois de 19 anos, seu ex-marido finalmente foi condenado a 10 anos de
reclusão, mas só ficou preso por dois anos. Foi uma condenação justa?

Maria da Penha – Esse fato não compete a mim falar. O que eu gostaria de dizer é que
independente de ele ter cumprido dois anos, só dois anos, e estar hoje em liberdade, o importante
é que a lei trouxe a intenção de proteger a mulher a partir desse caso.

Última Instância – Depois da lei, por que muitas mulheres continuam não denunciando?

Maria da Penha – Hoje, com a lei, você vê que muitas mulheres estão denunciando sim, mas
onde a lei funciona. Por que de que adianta você não ter uma delegacia da mulher, não ter um
centro que lhe apóie ou um movimento de mulher? Alguma coisa, uma promotoria que entenda
sobre a lei e que acolha essa mulher? Qual é a mulher que vai denunciar se não tem os
equipamentos da lei para protegê-la?

Última Instância – Muitas delas ainda têm muito medo. Para incentivá-las a denunciar, o
que deveria ser feito?

Maria da Penha – Claro, o papel da sociedade, o papel dos movimentos sociais, o papel das
instituições que acreditam na lei, que estão aplicando a lei, têm esse papel de informar as
mulheres que elas agora têm direto. Direito de viver sem violência. E são eles que devem mostrar
o caminho que elas possam adquirir isso. O papel da imprensa é muito importante. É preciso que
as escolas, as empresas onde elas trabalham, as casas onde elas trabalham, as pessoas em geral
que têm conhecimento sobre a lei, que repassem as informações para elas.
Última Instância – Em alguns casos, a mulher denuncia e não obtém resposta por parte da
Justiça. Como esse processo entre a vítima, o agressor e as autoridades poderia ser
melhorado?

Maria da Penha – Pois é. É exatamente esse movimento de mulheres da sua cidade, de estar
denunciando, colocando isso na imprensa. Dizendo que aquele município não tem a estrutura
para atender a mulher vítima de violência e que precisa de atenção. Ela tem que ligar pro 180,
que é um telefone gratuito da Secretaria de Políticas Especiais para as Mulheres, e colocar essa
informação, denunciar essa informação.

Última Instância - Qual é o momento em que a mulher se dá conta que a situação chegou no
limite?

Maria da Penha – Quando ela decide ir a uma delegacia. É a gota d’água.

Última Instância - E quando foi a gota d’água na sua história?

Maria da Penha – Não existia nada na época em que eu fui agredida, então eu não percebi esse
momento. Eu sabia que eu tinha que sair da relação, procurei pelos meios que existiam, de
conversar e levar a um advogado, mas eu não consegui nada porque ele sempre recusou a
separação.

You might also like