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Biografia
Aos 13 anos, Milton dava aulas de matemática no ginásio em que estudava, o Instituto Baiano de
Ensino. Aos 15, passou a lecionar Geografia e, aos 18, prestou vestibular para Direito em Salvador.
Enquanto estudante secundário e universitário marcou presença na militância política de esquerda.
Formado em Direito, não deixou de se interessar pela Geografia, tanto que fez concurso para
professor catedrático no Colégio Municipal de Ilhéus. Nesta cidade, além do magistério desenvolveu
atividade jornalística, estreitando sua amizade com políticos de esquerda. Nesta época, escreveu o
livro Zona do Cacau, posteriormente incluído na Coleção Brasiliana, já com influência da Escola
Regional francesa.
Posteriormente, foi convidado para lecionar no University College de Londres, mas o convite ficou
apenas na tentativa, já que lhe impuseram dificuldades raciais. Regressa a Paris, mas é chamado
de volta à Venezuela, onde leciona na Faculdade de Economia da Universidade Central. Segue,
posteriormente para Tanzânia, onde organiza a pós-graduação em Geografia da Universidade
de Dar es Salaam. Permaneceu por dois anos no país, quando recebeu o primeiro convite de uma
universidade brasileira, a Universidade de Campinas. Antes disso, regressa à Venezuela, passando
antes pela Universidade de Colúmbia de Nova Iorque.
Retorno ao Brasil
No final de 1976, houve contatos para a contratação de Milton pela universidade brasileira, mas não
havia segurança na área política e o contato fracassou. Em 1977, Milton tenta inscrever-se
na Universidade da Bahia, mas, por artimanhas político-administrativas, sua inscrição foi cancelada.
Ao regressar da Universidade de Colúmbia iria para a Nigéria, mas recusou o convite para aceitar
um posto como Consultor de Planejamento do estado de São Paulo e na Emplasa. Esse peregrinar
lhe custou muito, mas sua volta representou um enorme esforço de muitos geógrafos, destacando-
se Armen Mamigonian, Maria do Carmo Galvão, Bertha Becker e Maria Adélia de Souza. Quanto ao
seu regresso, Milton tinha um grande papel nas mudanças estruturais do ensino e da pesquisa em
Geografia no Brasil.
Após seu regresso ao Brasil, lecionou na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) até 1983.
Em 1984 foi contratado como professor titular pelo Departamento de Geografia daUniversidade de
São Paulo (USP), onde permaneceu mesmo após sua aposentadoria.[2]. Também lecionou geografia
na Universidade Católica de Salvador.
A trajetória e o reconhecimento
Embora pouco conhecido fora do meio acadêmico, Santos alcançou reconhecimento fora do país,
tendo recebido, em 1994, o Prêmio Vautrin Lud, (conferido por universidades de 50 países).
Sua obra O espaço dividido, de 1979, é hoje considerado um clássico mundial, onde
desenvolve uma teoria sobre o desenvolvimento urbano nos países subdesenvolvidos [3].
Suas idéias de globalização, esboçadas antes que este conceito ganhasse o mundo,
advertia para a possibilidade de gerar o fim da cultura, da produção original do conhecimento -
conceitos depois desenvolvidos por outros. Por uma Outra Globalização, livro escrito por Milton
Santos dois anos antes de morrer, é referência hoje em cursos de graduação e pós-graduação
em universidades brasileiras. Traz uma abordagem crítica sobre o processo perverso de
globalização atual na lógica do capital, apresentado como um pensamento único. Na visão dele,
esse processo, da forma como está configurado, transforma o consumo em ideologia de vida,
fazendo de cidadãos meros consumidores, massifica e padroniza a cultura e concentra a
riqueza nas mãos de poucos.
A obra de Milton Santos é inovadora ao abordar o conceito de espaço. De território onde todos se
encontram, o espaço, com as novas tecnologias, adquiriu novas características para se tornar um
conjunto indissociável de sistemas de objetos e sistemas de ações [4].
As velhas noções de centro e periferia já não se aplicam, pois o centro poderá estar situado a
milhares de quilômetros de distância e a periferia poderá abranger o planeta inteiro. Daí a correlação
entre espaço e globalização, que sempre foi perseguida pelos detentores do poder político e
econômico, mas só se tornou possível com o progresso tecnológico. Para contrapor-se à realidade
de um mundo movido por forças poderosas e cegas, impõe-se, para Santos, a força do lugar, que,
por sua dimensão humana, anularia os efeitos perversos da globalização. [5].
Estas idéias são expostas principalmente em sua obra A Natureza do Espaço (Edusp, 2002).
Por seus méritos, universidades e instituições ligadas à Geografia passam a outorgar-lhe títulos
acadêmicos e honrarias. Os mais importantes são[carece de fontes]:
Prêmio Jabuti de Literatura, 1997 - Prêmio pelo melhor livro das Ciências Humanas por A
Natureza do Espaço - Técnica e Tempo, Razão e Emoção
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Além da vida acadêmica, Milton Santos desempenhou outras atividades, entre as quais:
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Livros
SANTOS, Milton. A cidade nos países subdesenvolvidos. Rio de Janeiro: Ed. Civilização
Brasileira S.A., 1965.
SANTOS, Milton. Sociedade e espaco: a formacão social como teoria e como método.
Boletim Paulista de Geografia, São Paulo: AGB, 1977, p. 81- 99.
SANTOS, Milton. Por uma Geografia nova. São Paulo: Hucitec-Edusp, 1978.
SANTOS, Milton. O espaço dividido. Os dois circuitos da economia urbana dos países
subdesenvolvidos. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1979 (Coleção Ciências Sociais).
SANTOS, Milton. Metrópole corporativa fragmentada: o caso de São Paulo. São Paulo:
Nobel/Secretaria de Estado da Cultura, 1990.
SANTOS, Milton. Por uma economia política da cidade. SP: Hucitec /Educ, 1994.
SANTOS, Milton. Técnica, espaço, tempo. São Paulo: Editora Hucitec, 1994.
SANTOS, Milton; SOUZA, Maria Adélia A.(org.). A construção do espaço. São Paulo: Nobel,
1986.