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A agricultura familiar e a piscicultura como instrumento de

geração de renda na pequena propriedade em Mato Grosso do Sul.

por
Angelo Mateus Prochmann1

RESUMO
Este artigo tem por objetivo analisar a contribuição da piscicultura na pequena propriedade
em Mato Grosso do Sul, baseado no melhoramento do espaço rural da agricultura familiar. Para
tanto, busca-se caracterizar a forma de organização e da produção do pequeno produtor e avaliar a
importância da piscicultura como alternativa econômica à geração de emprego e renda.

ABSTRACT
This article has for objective to analyze the contribution of the fish farming in the small
property, based on the improvement of the rural space of the family agriculture. For so much, it is
looked for to characterize the organization form and of the production of the small producer.

PALAVRAS-CHAVE
Agricultura Familiar; Renda; Piscicultura;

1
Mestre em Agronegócios pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Graduado em Ciências Econômicas e
especialista em Desenvolvimento Regional e Competitividade. Atualmente é Economista da Prefeitura Municipal de
Campo Grande.

1
1. Introdução
Nas últimas décadas, a agricultura familiar no Brasil vem sendo objeto de estudo e de amplo
debate. Muitas teorias discutem o lugar da produção familiar no modo de produção capitalista2.
Umas colocam ser complementar a organização do trabalho em bases familiares no capitalismo, já
outras destacam que a unidade de produção familiar não tem os fundamentos do capitalismo
(propriedade dissociada do produtor e trabalho assalariado), por isso não há ligação das formas de
produção.
As unidades de produção familiar geralmente são classificadas em função de sua vinculação
com o fator terra (tamanho das propriedades), o destino final da produção e principalmente a maior
ou menor utilização de força-de-trabalho no processo produtivo. As unidades de produção familiar
mais próximas às empresas modernas são aquelas que utilizam pouca força-de-trabalho familiar,
sem diversificação da produção e destinam sua produção para o mercado, e aquelas unidades de
produção tipicamente familiares são as que produzem para o consumo próprio, muito diversificadas
e que utilizam a força-de-trabalho familiar intensivamente.
O debate sobre os conceitos e a importância relativa da agricultura familiar é intenso,
produzindo inúmeras interpretações e concepções, oriundas das diferentes entidades representativas
dos pequenos agricultores, dos intelectuais que estudam a área rural e dos técnicos governamentais
encarregados de elaborar as políticas para o setor rural brasileiro.
O relatório da FAO/INCRA (INCRA, 1996), faz a distinção da agricultura de modelo
patronal e o modelo de agricultura familiar, cujas características são as seguintes:
Tabela 1 - Agricultura de modelo patronal e familiar
Modelo Patronal Modelo Familiar
Completa separação entre gestão e trabalho Trabalho e gestão intimamente relacionados
Organização centralizada Direção do processo produtivo assegurada
diretamente pelo agricultor e sua família
Ênfase na especialização Ênfase na diversificação
Ênfase em práticas agrícolas padronizáveis Ênfase na durabilidade dos recursos e na qualidade
de vida
Trabalho assalariado predominante Trabalho assalariado complementar
Tecnologias dirigidas à eliminação de decisões “de Decisões imediatas, adequadas ao alto grau de
terreno” e “de momento” imprevisibilidade no processo produtivo
Fonte: INCRA. Diretrizes de Política Agrária e Desenvolvimento Sustentável. Brasília: 1996.

2
A agricultura familiar já foi objeto de críticas e análises de autores clássicos como Marx, Lênim, Kautsky, Chayanov,
entre outros. No Brasil, o debate atual acerca da agricultura familiar cresceu a partir dos anos 60 e 70, mas somente na
década de 90 que surgem estudos e tipologias que aprofundam a análise da questão no país, fazendo surgir diversos
autores, como José Eli da Veiga, José Graziano da Silva e Ricardo Abramovay.

2
Como se pode observar na tabela acima, é visível a importância dada ao fator mão-de-obra
na definição da agricultura familiar. Dessa distinção entre agricultura patronal e agricultura familiar
elaborada pela FAO/INCRA surgem diversas críticas acerca da metodologia adotada, que pode ou
não subestimar um modelo ou outro de produção, que não cabem aqui serem analisadas. Entretanto,
é importante observar a colaboração desse estudo por reconhecer a existência de diferentes
agricultores em território brasileiro e mais, assumir institucional e politicamente a existência da
agricultura familiar.
A agricultura familiar também pode ser denominada como consolidada, em transição e
periférica. O relatório da FAO/INCRA (INCRA, 2000a, p.1), classifica três tipos diferentes de
agricultura familiar. São eles:
a) os produtores familiares capitalizados (consolidada), que puderam acumular algum
capital em maquinário e terra e que dispõem de mais recursos para a produção; estes
produtores dispõem, em geral, de uma renda agrícola confortável, que os mantém
relativamente afastados do risco de descapitalização e de eliminação do processo
produtivo;
b) alguns podem, até, transformar-se progressivamente em produtores patronais (em
transição), na medida em que aumentam a área de sua propriedade ou que introduzem
sistemas de produção que exigem mão-de-obra assalariada; os produtores familiares em
capitalização, cujo nível de renda pode, em situações favoráveis, permitir alguma
acumulação de capital; mas esta renda não garante nem segurança nem sustentabilidade
para as unidades produtivas. Desta forma, enquanto parte dos produtores nesta categoria
poderá eventualmente complementar a implantação de sistemas mais capitalizados e que
geram níveis mais elevados de renda, outros podem, em condições adversas, seguir a
direção inversa da descapitalização;
c) os produtores familiares em descapitalização (periférica), cujo nível de renda é
insuficiente para assegurar a reprodução da unidade de produção e permanência da
família; encontram-se nesta última categoria produtores tradicionais em descapitalização
real e produtores que recorrem a rendas externas para sobreviver (trabalho assalariado
temporário, atividades complementares permanentes, trabalho urbano de alguns membros
da família, aposentadorias, etc.).
A agricultura familiar consolidada é constituída por unidades de produção familiar
integradas ao mercado consumidor e com acesso a inovações tecnológicas e a políticas públicas. A
agricultura familiar de transição é constituída por unidades de produção familiar com acesso apenas
parcial aos circuitos da inovação tecnológica e ao mercado, sem acesso à maioria das políticas e
programas governamentais, mas não estão consolidadas como empresas, mas possuindo amplo

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potencial para sua viabilidade econômica. Já a agricultura familiar periférica é constituída por
unidades de produção familiar geralmente inadequadas em termos de infra-estrutura e cuja a
integração produtiva à economia nacional depende de fortes e bem estruturados programas de
reforma agrária, crédito, pesquisa, assistência técnica e extensão rural, comercialização, entre outros
(INCRA, 1996).
Dentro dessa concepção de agricultura familiar, as organizações e relações de trabalho se
apresentam sob a forma de empresa familiar e de empresa não-familiar. A empresa familiar seria o
estabelecimento não dirigido por administradores contratados e utiliza, em sua maioria, mão-de-
obra familiar. Esta pode ser subdividida em unidade familiar que não contrata nenhum tipo de
trabalho externo à família do produtor (trabalhador permanente ou temporário), familiares
complementados por empregados temporários (temporário mas não permanente) e empresas
familiares (trabalhadores permanentes, podendo ou não ser temporários). Enquanto que a empresa
não-familiar seria definida como o estabelecimento dirigido por administradores e aqueles que não
utilizam nenhum membro não remunerado da família.
Ao mesmo tempo em que a agricultura brasileira obtém grandes produções e produtividades
onde se encontram agricultores familiares fazendo parte deste dinamismo, outros, convivem com
baixas produtividades e excluídos do processo. Os agricultores familiares com menor capacidade de
captar e processar as informações tecnológicas, mercadológicas e gerenciais com rapidez, acabam
na maioria das vezes acumulando perdas significativas da remuneração do seu trabalho e dos
membros de sua família, ou ainda pela sua exclusão do mercado. Nesse caso se enquadra um
enorme contingente de produtores, cuja agricultura se organiza em torno de pequenas propriedades
de gestão e força de produção familiar.
Na tentativa de se reduzir a exclusão de agricultores, fixando-os no meio agrícola, de forma
que permaneçam fazendo parte do sistema produtivo ligado à agricultura, buscam-se soluções que
possam ser sustentáveis a um prazo maior. É constante o debate entre estudiosos sobre a agricultura
familiar no Brasil, a disputa entre a diversificação e a especialização como indutores de inclusão ou
exclusão, seja qual forem os modelos de funcionamento em que se encontram as unidades
familiares.
Segundo VEIGA,
“De um lado estão os adeptos do projeto de maximização da competitividade do
agronegócio que lutam pela eliminação do “grande excesso de agricultores”,
principalmente entre os que têm menos de 100 hectares. Do outro estão os adeptos
do projeto de maximização das oportunidades de desenvolvimento humano em todas
as regiões rurais brasileiras que lutam, ao contrário, pela expansão e fortalecimento
das pequenas e médias empresas de caráter familiar, a começar pela agricultura

4
familiar. Fortalecimento que exigirá a criação de empregos não-agrícolas, tanto para
a sua própria pluriatividade, quanto para atender a demanda dos atuais empregados
agrícolas, os que mais se tornam redundantes com o aumento da produtividade.”
(VEIGA, 2001, p.50)
LAMARCHE explica que
“a exploração familiar está um pouco presente em toda parte do mundo, apesar das
numerosas tormentas econômicas e políticas que ela teve que enfrentar, é sem dúvida
graças à sua excepcional capacidade de adaptação. As explorações familiares que
sempre se mantiveram em seus lugares são as que souberam - ou puderam - adaptar-
se às exigências impostas por situações novas e diversas às instabilidades climáticas,
à coletivização das terras ou à mutação sociocultural determinada pela economia de
mercado” (LAMARCHE, 1998, p. 17).
E também
“Tudo isso nos leva a formar a hipótese de que, nas sociedades dominadas pela
economia de mercado, quanto mais a exploração estiver próxima dos modelos
extremos, menos ela poderá acomodar as restrições que se apresentem a essas
sociedades e, por isso, mais dificuldades terá de assegurar sua reprodução”
(LAMARCHE, 1998, p.17).
Em outras palavras, a diversidade de situações nas quais se encontra a agricultura familiar se
reflete nos diferentes sistemas e estratégias de produção e sobrevivência adotadas. Uma alternativa
bem sucedida em uma região e para um tipo de produtor não é obrigatoriamente adaptável a outros
tipos de produtores em outras realidades. O essencial de uma estratégia de desenvolvimento para
as áreas rurais hoje no Brasil tem que ser o combate à pobreza por meio da criação de novas
oportunidades e não simplesmente por meio das políticas compensatórias.

1.2. Objetivos
Este trabalho propõe analisar a contribuição da piscicultura na pequena propriedade, baseado
no melhoramento do espaço rural da agricultura familiar, como elemento importante na solução de
problemas sociais e econômicos em Mato Grosso do Sul. Para tanto, procura-se descrever a atual
situação do pequeno produtor, inserido em um ambiente cada vez mais inóspito e avaliar a
importância da piscicultura como alternativa econômica à geração de emprego e renda no meio
rural.
Este trabalho considera que o elemento chave mais importante para a definição da
agricultura familiar é a utilização de mão-de-obra familiar, onde as unidades de produção analisadas
não recorrem à mão-de-obra assalariada, a não ser de forma ocasional. A este segmento social é

5
atribuído um conjunto de características que lhe conferem uma considerável importância
econômica, política e social.

2. Método
Foram utilizados o método indutivo de abordagem e histórico e estatístico de procedimentos.
A técnica para coleta de dados foi através de um levantamento de dados em fontes secundárias
visando catalogar condicionantes principais do estágio atual de desenvolvimento da agricultura
familiar e da piscicultura no Estado.
Tem-se como base para essa discussão, tanto no que se refere às análises quanto aos dados
aqui apresentados, o Estudo da Cadeia Produtiva da Piscicultura em Mato Grosso do Sul, realizado
pelo Departamento de Economia e Administração - DEA da Universidade Federal de Mato Grosso
do Sul - UFMS, através da Fundação Cândido Rondon - FCR, a partir de convênio com o Governo
do Estado de Mato Grosso do Sul, através da Secretaria de Estado de Receita e Controle - SERC e
da Secretaria de Estado de Produção e Turismo - SEPROTUR, o qual teve como objeto de
investigação a sustentatibilidade da piscicultura no Estado, além de ter gerado uma base de
informações capaz de subsidiar as políticas públicas para o desenvolvimento do setor.

3. Análise dos resultados


3.1. Agricultura familiar no Brasil
Segundo o Censo Agropecuário 1995/96, existia no Brasil, 4.859.864 estabelecimentos
rurais ocupando uma área de 353,6 milhões de hectares (Tabela 2). Conforme a metodologia
adotada pela FAO/INCRA, são 4.139.369 estabelecimentos familiares, ocupando uma área de 107,8
milhões de ha. Os agricultores patronais são representados por 554.501 estabelecimentos, ocupando
240 milhões de ha (INCRA, 2000b, p.16).
Tabela 2 - Número de estabelecimentos rurais e área (1995/96)
Número de
Categoria Percentual Área Total (mil ha) Percentual
Estabelecimentos
Familiar 4.139.369 85,2 107.768 30,5
Patronal 554.501 11,4 240.042 67,9
Outros 165.994 3,4 5.801 1,6
Total 4.859.864 100 353.611 100
Fonte: INCRA. Novo Retrato da Agricultura Familiar: O Brasil Redescoberto. Brasília: 2000b,
p.16.
A produção oriunda dos 4.139.369 estabelecimentos familiares responde por 37,9% do valor
bruto da produção agropecuária nacional. Desse total, 49,7% dos estabelecimentos familiares

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concentram-se na região Nordeste do Brasil, seguida pela região Sul, com 21,9% e Sudeste, com
15,3%. Entretanto, quanto ao valor bruto da produção agropecuária nacional, a região Sul detém
47,3%, seguida pela região Sudeste, com 22,3% (Tabela 3).
A agricultura familiar é a principal geradora de postos de trabalho no meio rural brasileiro.
Contando com apenas 30,5% da área total de estabelecimentos rurais, é responsável por 13.780.201
de empregados, que corresponde a 76,9% do total de pessoas ocupadas no meio rural (INCRA,
2000b, p.24).
Tabela 3 - Percentual de estabelecimentos, área e valor bruto da produção, em estabelecimentos
familiares (1995/96)
Percentual de Percentual do Valor
Região Percentual de Área
Estabelecimentos Bruto da Produção
Nordeste 49,7 31,6 16,7
Centro-Oeste 3,9 12,7 6,2
Norte 9,2 20,3 7,5
Sudeste 15,3 17,4 22,3
Sul 21,9 18 47,3
Total 100 100 100
Fonte: FAO/INCRA. Novo Retrato da Agricultura Familiar - O Brasil Redescoberto. Brasília:
2000b, p.16.
Os números apresentados acima descrevem amplas desigualdades existentes no Brasil,
resultado histórico de uma formação econômica, social e política diferenciada. O que é de extrema
importância observar é a ampla capacidade de produção oriunda da agricultura familiar.
Seja produzindo comodities para o mercado interno ou para consumo de subsistência, a
agricultura familiar assume extrema importância econômica e social. Uma vez sendo sustentável, é
capaz de assegurar renda ao pequeno produtor. Socialmente favorável, ao manter os trabalhadores
nas áreas rurais, evitando o êxodo em direção às cidades, pois por mais precária que seja a vida no
campo, a transferência de um pequeno produtor ou trabalhador da área rural para a cidade não
necessariamente significa maior bem-estar. A queda generalizada e estrutural do emprego e das
ocupações econômicas nas últimas décadas no Brasil, tanto na área urbana quanto na área rural,
vem ampliando a concentração de renda e a exclusão social, tornando-se cada vez mais importante
as alternativas que fixem e garantam a sobrevivência do homem no campo.

3.2. Agricultura familiar em Mato Grosso do Sul


O Estado de Mato Grosso do Sul possui uma área territorial de aproximadamente 358,2 mil
km² (ou 35,8 milhões de ha), representando 22,23% em relação ao Centro-Oeste e 4,19% em
relação ao Brasil e se encontra numa posição considerada próxima dos grandes centros
7
consumidores e distribuidores do País, onde se destacam as regiões Sul e Sudeste. O Estado ocupa
posição de destaque em extensão territorial, perdendo para os seguintes Estados: Amazonas, Pará,
Mato Grosso, Minas Gerais e Bahia.
A localização geográfica e a infra-estrutura econômica existente permitem ao Estado
exercer importante papel de redistribuidor de insumos e produtos oriundos dos grandes centros de
produção para as regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil.
Apesar de extenso, o Estado de Mato Grosso do Sul, bem como em toda a região Centro-
Oeste quando comparada com o restante do Brasil, apresenta um número reduzido de
estabelecimentos familiares, decorrente de diferentes processos de formação econômica, peculiares
a cada uma das Regiões ou Estados. Segundo a FAO/INCRA (INCRA, 2000a, p. 16), “a dinâmica
de ocupação do Estado historicamente é descrita como o movimento das frentes pioneiras ou de

8
participação dos estabelecimentos com menos de 100 ha resultou na diminuição de 58.220 ha no
total da área disponível no Estado, uma queda de 7,9%. O principal ganho em número de
propriedades e áreas vem acontecendo nas empresas rurais que estão na estratificação de 1.000 ha a
5.000 ha, tendo aumentado sua participação de 9,2,% em 1985 para 11,7% em 1996, no total de
propriedades, e de 34,1% para 39,0% em relação à área ocupada no Estado.
Quando analisada a participação percentual dos estabelecimentos rurais no Estado, entre
1995 e 1996, 54,2% dos estabelecimentos eram considerados familiar, ocupando apenas 6,7% da
área e responsáveis por 12% do valor bruto da produção. Enquanto que os estabelecimentos
patronais correspondiam a 38,9% do total de estabelecimentos, ocupando 92,7% da área total e a
87,5% do valor bruto da produção (Tabela 5).
Tabela 5 - Número de estabelecimentos, área e valor bruto da produção, por categorias familiar e
patronal (1995/96) em Mato Grosso do Sul.
Número de
Área Total Valor Bruto da Produção
Categorias Estabelecimentos
Número % Hectares % 1000 Reais %
Familiar 26.789 54,2 2.083.047 6,7 261.805 12,00
Patronal 19.225 38,9 28.670.848 92,7 1.908.760 87,50
Instituições
30 0,1 11.090 0 2.139 0,10
Religiosas
Entidades Públicas 3.379 6,8 177.786 0,6 9.115 0,40
Não Identificado - - - - - -
TOTAL 49.423 100 30.942.772 100 2.181.819 100
Fonte: INCRA. Novo Retrato da Agricultura Familiar - O Brasil Redescoberto. Brasília: 2000b.
A tendência apresentada nas últimas décadas em termos de geração de emprego é da redução
dos postos de trabalho em função do crescimento na utilização de máquinas, equipamentos e
também com o aperfeiçoamento das técnicas adotadas no processo produtivo, todas poupadoras de
mão-de-obra. A agricultura no Estado, bem como em todo o Centro-Oeste, vêm se modernizando,
fazendo aumentar a produtividade, com acentuada redução na quantidade de mão-de-obra utilizada,
seja patronal ou mesmo na agricultura familiar. Em Mato Grosso do Sul, a queda no número de
pessoas ocupadas no período entre 1985 e 1995/96 foi de 20,19%, passando de 253.993 para
202.709 pessoas ocupadas no total.
Em Mato Grosso do Sul, o número de estabelecimentos que utilizava somente mão-de-obra
familiar, entre 1995 e 1996, era de 60,6% desse total (16.236 estabelecimentos). O número de
pessoas ocupadas nos 26.789 estabelecimentos familiares chegava a 82.606 pessoas, contra 110.829
pessoas ocupadas em estabelecimentos patronais (Tabela 6).

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Tabela 6 - Pessoal ocupado em estabelecimentos rurais em Mato Grosso do Sul (1995/96)
Número de Pessoas Ocupadas
Categorias Maior 14 Menor Empregados Empregados
Total Parceiros Outros
anos 14 anos Permanentes Temporários
Familiar 82.606 60.195 8.211 7.421 4.728 300 1.751
Patronal 110.829 26.771 1.564 63.578 15.606 536 2.774
Instituições
136 54 4 45 9 4 20
Religiosas
Entidades
9.138 6.778 1.478 622 155 55 50
Públicas
TOTAL 202.709 93.798 11.257 71.666 20.498 895 4.595
Fonte: INCRA. Novo Retrato da Agricultura Familiar - O Brasil Redescoberto. Brasília: 2000b.
Dos números apresentados, é importante destacar que a agricultura familiar em Mato Grosso
do Sul possui particularidades e os números atuais certamente devem apresentar diferenças
significativas em relação aos dados do último censo agropecuário realizado pelo IBGE.
Caracterizado como Estado onde a concentração da posse da terra ainda é elevada, estima-se
que a agricultura familiar sul-mato-grossense é praticada em mais de 80% dos estabelecimentos
rurais de até 100 hectares, os quais representam cerca de 2% da área total ocupada com a
agropecuária (INSTITUTO DE ESTUDOS E PLANEJAMENTO DO ESTADO DE MATO
GROSSO DO SUL, 1999, p. 24). Esses agricultores localizam-se, de forma predominante, na região
Sul do Estado. Além da concentração fundiária, os maiores entraves ao desenvolvimento da
agricultura familiar no Estado podem ser resumidos ao baixo nível educacional da população rural,
a falta de assistência técnica e extensão rural e a dificuldade de acesso ao crédito.

3.3. A piscicultura no Brasil


No Brasil, a agricultura familiar tem se desenvolvido a partir de um conjunto complexo de
sistemas de produção, agregando várias culturas e criação de animais, tanto para o consumo da
família quanto para o mercado. A piscicultura como atividade no meio rural surge inicialmente
como uma alternativa visando complementar as receitas da propriedade e como fonte de proteínas
em comunidades mais pobres, mediante a produção de peixes em pequena escala para o consumo
direto doméstico da população em zonas rurais e urbanas.
A piscicultura tem se desenvolvido principalmente como atividade rural integrada aos
sistemas de exploração agrícola existentes e a partir do aumento do número de pesqueiros
particulares, o chamado pesque e pague. Os números existentes sobre a piscicultura no Brasil
indicam que a atividade tem-se demonstrado uma alternativa econômica muito viável, fazendo
surgir grandes empreendimentos em todo o país.

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Outro importante elemento favorável ao desenvolvimento da piscicultura em pequenas
propriedades é a estabilização na produção de pescado pela forma convencional de captura, sem
levar em conta a sua sustentabilidade, que demonstra o esgotamento da pesca extrativista e implica
na redução dos incentivos à exploração dos recursos naturais. Fato que favorece o rápido
crescimento da piscicultura em todo o país.
A piscicultura tende a se tornar uma interessante alternativa para as comunidades
ribeirinhas, pescadores e assentamentos rurais. Com a tendência de redução da pesca extrativa em
todo o país, a piscicultura já vem sendo incentivada em diversas regiões, principalmente a grupos de
pescadores, através de projetos estaduais e municipais de fomento à atividade, com o intuito de
garantir renda a essa classe de trabalhadores, estimulando através de cursos de qualificação e
acompanhamento técnico da produção. A atividade é estimulada para transformar o pescador em
piscicultor, através de incentivos às cooperativas de trabalhadores, inserindo-o em uma atividade
afim, com a mesma tradição, evitando o êxodo e a conseqüente marginalização desse indivíduo, por
falta de opção de trabalho.
Sob o ponto de vista social, a piscicultura pode se tornar em instrumento de geração de
postos de trabalho. Estima-se que para cada 3 hectares de lâmina d’água destinado à atividade, gera-
se 1 emprego.
Aliada à criação de peixe, a criação de outros organismos aquáticos, como camarões, ostras,
mexilhões - denominados aqüicultura - a atividade tem aumentado sua participação no volume total
produzido, em comparação com a oferta de produtos oriundos à pesca extrativa (Tabela 7).
Tabela 7 - Produção brasileira de pescado (mil t)
Produção 1995 1996 1997 1998 1999 2000
Pesca extrativa 606,70 632,45 644,59 606,8 603,94 666,84
Aqüicultura 46,20 60,72 87,67 103,91 140,65 176,53
Produção total 652,91 693,17 732,26 710,70 744,59 843,37
FONTE: IBAMA. Estatísticas da Pesca. Brasília: 2002.
Observa-se que ainda grande parte do volume de peixe que está sendo cultivado no Brasil
tem sua origem obtida em pequenas propriedades. O Estado do Paraná, por exemplo, tem
aproximadamente 21 mil piscicultores, dos quais 95,3% possuem áreas menores que dois hectares.
O Estado é o maior produtor de tilápia da América Latina, com cerca de 10 mil toneladas ao ano.
Uma vez que o número de pesque e pague se multiplicou rapidamente nos últimos anos,
distribuídos em todo o território brasileiro, grande parte da produção nacional está sendo
direcionada para esse mercado. Observa-se que esse tem sido o principal canal de comercialização
dos peixes criados em cativeiro, chegando a atingir 80% da demanda em algumas regiões. Segundo
a Associação Brasileira de Piscicultores e Pesqueiros - ABRAPESQ, existem cerca de 2.250

11
pesque-pague em todo o País, responsáveis pelo movimento anual de R$ 300 milhões e consumo de
45 mil toneladas de peixes.
O Brasil contava em 2000, com 98.657 piscicultores distribuídos em todo o território
nacional, ocupando uma área cultivada de 78.552 hectares. (OSTRENSKY e BORGHETTI, 2000,
p. 368).
O crescimento da piscicultura no Brasil resulta também da evolução de trabalhos de
pesquisa realizados por um considerável número de universidades, instituições de pesquisa e
fomento, além da ação de empresas privadas que têm encontrado na piscicultura uma atividade
lucrativa.
Soma-se também ao crescimento da piscicultura como alternativa de atividade econômica, a
existência de um grande mercado consumidor de pescado, capaz de absorver toda a produção
existente, basicamente destinada ao consumo. O consumo brasileiro de pescado tem apresentado
crescimento, principalmente devido ao consumidor que está cada vez mais consciente da
importância dos cuidados com a saúde, verificando-se, com isso, uma forte tendência de mudança
dos hábitos alimentares. A preocupação em consumir alimentos mais saudáveis, que apresentem
baixos teores de gordura, livres de colesterol e produzidos sem o uso de produtos químicos, tem
contribuído para um acentuado incremento na demanda das chamadas carnes brancas, grupo ao qual
pertence o peixe.
Segundo a FAO, as proteínas derivadas de peixes, crustáceos e moluscos representaram
entre 13,8% a 16,5% da ingestão de proteína animal da população humana mundial no ano 2000. A
média do consumo aparente de pescado no Brasil entre 1997 e 1999 foi de 6,5 kg per capitã. Isso
significa dez vezes menos que o Japão, que é de 65,2 kg/ano (FAO, 2002, p. 3 e 185). O pescado
ocupa o 4o lugar entre as carnes mais consumidas no Brasil, perdendo para a carne bovina, a carne
de frango e a suína (Gráfico 1).
Gráfico 1 - Consumo per capita (kg/hab.) por tipo de carne no Brasil (1998)
40,0 38,0
35,0
30,0
24,0
25,0
20,0
15,0
10,0
10,0 6,5
5,0
0,0
Carne bovina Carne de frango Carne suína Carne de peixe

FONTES: ANUÁRIO DA PECUÁRIA BRASILEIRA. São Paulo: FNP Consultoria & Comércio,
2001. p. 309 a 322 e FAO. Fish and Fishery Products, Apparent Consumption. Roma: 2002b. p.
185.

12
Há também uma evidente correlação entre o consumo da carne de peixe e a renda per capita.
Quanto maior a renda, maior o consumo de peixe. Isso leva muitos consumidores a não se
habituarem ao consumo de peixe devido ao elevado preço, muitas vezes prevalecendo ainda outros
tipos de carne, principalmente a bovina. A distribuição de renda no Brasil e outras características,
tais como informação e educação da população, acesso às regiões produtoras de pescado (litoral x
interior), fazem com que o consumo da carne de peixe apresente variações significativas.
Segundo VIEIRA, as variações no consumo per capita nas cidades se justificam pelo fato de
que “segmentos significativos da população de renda e níveis educacionais mais elevados,
expressam demandas bastante sintonizadas com as tendências mundiais de qualidade, conservação
ambiental, conveniências e praticidade, segurança e valor nutricional dos produtos alimentares”
(VIEIRA, 1998, p. 7).
Ainda segundo o mesmo autor
“o grande mercado da indústria alimentícia é dominado por consumidores da classe
média, com nível de informação relativamente baixo. Seus padrões de consumo são
influenciados, em maior grau, pelo marketing de massa, veiculado pela televisão, pelo
rádio, outros instrumentos de mídia de massa e pelas técnicas de exposição dos produtos
nos supermercados. Esse grupo responde com relativa rapidez a preços e muito
rapidamente a variações na renda. Com relação às características dos produtos que
demandam, estão a conveniência no preparo, preocupação, já importante, com a
segurança (inocuidade) dos produtos e com o excesso de calorias e, em plano secundário,
com o teor de colesterol e certa preferência por produtos rotulados como naturais.”
(VIEIRA, 1998, p. 8)
Quando se fala em desenvolvimento técnico da piscicultura, é importante destacar que
muitos produtores brasileiros ainda não se adequaram aos níveis mais modernos existentes. Apesar
de tecnicamente a atividade estar relativamente desenvolvida no país, a disseminação dos resultados
ainda é pequena. O uso de tecnologia na piscicultura não implica necessariamente em utilizar
modernos equipamentos ou produtos de última geração mas, simplesmente, abandonar as práticas
rudimentares ou pouco eficientes de produção, respeitando normas básicas de manutenção da
qualidade da água, da construção de tanques e da biologia das espécies de peixes a serem
cultivadas. O uso de rações comerciais na produção é o exemplo mais comum. O Brasil já dispõe de
fábricas, que fornecem uma série de produtos para as diversas fases do ciclo produtivo, o que ajuda
na qualidade e no rendimento da produção.

13
3.4. A piscicultura em Mato Grosso do Sul
Em Mato Grosso do Sul, a piscicultura vem ganhando espaço nas últimas duas décadas.
Cabe, aqui, sistematizar as características das pisciculturas, buscando discutir o perfil e o potencial
dessa atividade, no que diz respeito à geração de emprego e renda rural.
Segundo BENITES (2000, p. 293), na região Centro-Oeste estima-se que existam pouco
mais de 1.800 piscicultores ocupando 2.100 hectares de área cultivada. A atividade tem se
desenvolvido principalmente em função da pesca esportiva, dos pesque e pague e devido à
proximidade com os Estados de São Paulo e Paraná, que demandam grandes quantidades de
alevinos e de peixes. Os peixes abatidos e comercializados são predominantemente in natura,
fresco, eviscerado e na forma de filés. Mato Grosso do Sul e Mato Grosso são os Estados da região
que têm apresentado maior crescimento na comercialização com outras regiões consumidoras,
principalmente com São Paulo, em função de projetos e parcerias de produtores com redes de
supermercados.
Peixes diversos, alguns quase em extinção, começaram a ser produzidos em escala
comercial, tais como Pacu, Piauçú, Curimbatá, Tambacu e Tambaqui. Houve também a introdução
de espécies exóticas, com o Bagre Americano (Catfish), o Bagre Africano e a Tilápia.
A expansão dos canais de comercialização de pescados, representada pelo surgimento de
pesque e pague no Estado, assim como pelo seu fortalecimento pela proximidade com São Paulo e
Paraná, têm apontado, nos últimos dez anos, para um direcionamento da piscicultura para a
finalidade comercial em Mato Grosso do Sul. Além desses aspectos, também apontam para essa
mudança do perfil dos piscicultores, o aumento da área alagada média dos tanques e da
produtividade obtida, que cresceu nesse período, assim como a maior concentração de pequenos
piscicultores, com áreas destinadas à atividade na propriedade rural até 5 hectares.
Geralmente, a piscicultura é uma atividade complementar desenvolvida nas propriedades
rurais no Estado, não sendo a única atividade agropecuária na contribuição do faturamento
(principalmente pelos pequenos produtores) devido a sazonalidade na produção de peixe (período
de safra) e sua escala (em estabelecimentos pequenos, a capacidade de produção da piscicultura é
menor, conseqüentemente força o produtor a diversificar com outras atividades, seja criação de
gado, produção de leite, hortigranjeiros etc.).
Foram identificados, em 1999, 493 produtores, sendo que 95% foram caracterizados como
agricultores familiares, isto é, vivendo profissionalmente da agricultura, fazendo uso
predominantemente da mão-de-obra familiar, tendo como principal fonte de renda a exploração de
seu estabelecimento rural e detendo área considerada como pequena propriedade (Tabela 9)
(SEPROD, 1999, p.21).

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Tabela 9 - Produtores por área de tanques em Mato Grosso do Sul, em 1999
Produtores
Extratos de área (ha)
Quantidade %
Até 0,5 211 42,80
0,5 a 1,0 115 23,33
1,0 a 2,0 82 16,63
2,0 a 3,0 24 4,87
3,0 a 4,0 15 3,04
4,0 a 5,0 9 1,83
5,0 a 10,0 18 3,65
10,0 a 20,0 5 1,01
20,0 a 50,0 6 1,22
50,0 a 100,0 2 0,41
Mais de 100,0 6 1,22
Total 493 100,00
FONTE: SEPROD. Caracterização, diagnóstico e projeto de fortalecimento da piscicultura no
Estado de Mato Grosso do Sul. Campo Grande: 1999, p. 21.
Conforme relatório da Delegacia Federal de Agricultura em Mato Grosso do Sul (DFA,
2003, p. 5), entre 2001 e 2002, foram identificados 535 produtores, com uma distribuição
geográfica, conforme as microrregiões geográficas do IBGE, apresentando visível tendência de
concentração e crescimento da piscicultura nas regiões produtoras de grãos e mais próximas dos
grandes centros urbanos (Tabela 10).
Tabela 10 - Produção de pescado, em toneladas (t) - safra 1998/99 e safra 2001/02
Produção Estimada
Microrregião geográfica
Entre 1998 e 1999 (t)* Percentual Entre 2001/2002 (t)** Percentual
Dourados 635,6 39,39% 4240,4 62,02%
Campo Grande 162,8 10,09% 777,8 11,38%
Iguatemi 201,2 12,47% 753,6 11,02%
Alto Taquari 25,8 1,60% 339,6 4,97%
Bodoquena 37,8 2,34% 219,5 3,21%
Três Lagoas 321,0 19,89% 159,7 2,34%
Aquidauana 4,8 0,30% 97,1 1,42%
Cassilândia 10,8 0,67% 82,2 1,20%
Paranaíba 201,1 12,46% 81,8 1,20%
Nova Andradina 12,7 0,79% 66,3 0,97%
Baixo Pantanal - - 18,6 0,27%
Total 1613,6 6837,01
FONTE: *SEPROD. Caracterização, diagnóstico e projeto de fortalecimento da piscicultura no Estado de Mato Grosso
do Sul. Campo Grande: 1999, p. 21. ** DFA, Diagnóstico da Piscicultura Comercial de Mato Grosso do Sul. Campo
Grande: 2003. p.5.

15
Vale ressaltar que existem diferenças entre os números existentes sobre a piscicultura em
função de diferentes metodologias adotadas pelos órgãos que realizaram os respectivos
levantamentos de dados. Os números existentes também são baseados em estimativas fornecidas
pelos produtores, devido à dificuldade de controle existente na produção, tamanho das pisciculturas,
destino da produção, entre outros, podendo variar tanto para mais quanto para menos, de um ano
para outro. Entretanto, nota-se a tendência de que, em pouco tempo, a piscicultura cresceu
significativamente, principalmente em relação à produção e a quantidade de lâminas d’água
destinadas à atividade.
Dos dez municípios que mais produzem peixe através da piscicultura no Estado, sete
encontram-se na microrregião de Dourados. A região demonstra potencialidades diferenciadas das
demais por contar com um grande número de pequenas propriedades fundiárias e por ser uma
região produtora de grandes volumes de grãos. Este último fato explica em parte a utilização de
grãos, como o milho e a soja, na alimentação dos peixes feita pelos produtores.
A microrregião de Dourados foi responsável, entre 2001 e 2002, por aproximadamente
4.240,48 toneladas, cerca de 62,02% da produção total do Estado, estimada pela Delegacia Federal
de Agricultura. Em seguida vem a microrregião de Campo Grande, com uma produção de 777,86
toneladas, que corresponde a 11,38% do total. A terceira microrregião que mais produz é a de
Iguatemi, com 753,68 toneladas, ou seja, 11,02% da produção estadual. As microrregiões de
Dourados e de Iguatemi também são beneficiadas pela infra-estrutura viária existente, que facilita o
escoamento da produção para os Estados de São Paulo e Paraná.
A piscicultura também tem crescido como alternativa para a comunidade indígena. A
reserva indígena de Dourados, por exemplo, está apostando na atividade dentro da aldeia. Um
projeto da prefeitura do município permitiu a construção até agora, de quatro tanques onde foram
colocados cerca de 10 mil alevinos de pacu e curimbatá. Os principais objetivos da implantação
dessa atividade na reserva são melhorar o aproveitamento e a conservação dos mananciais de água,
existentes nas duas aldeias que compõem a reserva: Jaguapiru e Bororó. A atividade também tem
como função preservar o meio ambiente, oferecer opção de alimentação rica em proteínas e ainda,
proporcionar alternativas para geração de trabalho e renda.
A inserção de pequenos produtores rurais na atividade de piscicultura traduz alguns pontos a
serem destacados. Essa atividade rural, talvez seja uma das mais acessíveis. Diferentemente, por
exemplo, de um hotel fazenda, o qual exige uma maior capitalização, um tino empresarial e um
mercado urbano característico, a piscicultura é uma atividade que parece difundir-se com maior
facilidade entre produtores rurais, principalmente em pequenas propriedades.
Na produção da piscicultura predomina a criação de peixes pela utilização de tanques,
através do manejo do alevino e peixes de engorda. Dados divulgados em SEPROD (1999, p. 21),

16
informam que a área alagada utilizada entre 1998 e 1999 foi de 436 hectares, em relação à
utilização de 813m³ de tanques-rede. A utilização desta última técnica está restrita à microrregião de
Três Lagoas, pois para a instalação das redes são utilizados os lagos da hidroelétrica de Jupiá e de
Ilha Solteira. Já entre 2001 e 2002, as áreas destinadas para a piscicultura passaram para 1.752,25
hectares de lâmina d’água, demonstrando o rápido crescimento da atividade no Estado (DFA, 2003,
p. 5).
O sistema de cultivo predominante é o semi-intensivo, que corresponde a mais de 80% dos
sistemas utilizados na produção e a produtividade média obtida nos tanques-solo, na safra entre
1998 e 1999, foi de 3,4 toneladas por hectare e de 177 quilos por metros cúbicos de tanques-rede.
Entre 2001 e 2002, a produtividade estimada em tanques-solo atingiu 3,9 toneladas, mostrando um
crescimento de 14,7%.
Entre os produtores registrados no Núcleo de Pesca e Aqüicultura da DFA, a produtividade
média foi de 4,85 toneladas por hectare de lâmina d’água, número maior do que a média total
registrada pelo total de piscicultores, entre 2001 e 2002. Isso se explica em função das diferenças
entre as técnicas e insumos utilizados entre os piscicultores, pois os produtores registrados
geralmente são os que comercializam suas produções para outros Estados, utilizam alevinos de
melhor qualidade, bem como de rações comerciais apropriadas para as espécies de peixes criados,
obtendo assim, melhores rendimentos nos tanques de piscicultura. Entretanto, a produtividade
média estimada é considerada baixa para tanques convencionais, pois em sistemas semi-intensivos,
com rações comerciais e alevinos de qualidade pode-se atingir até 7 toneladas por hectare de lâmina
d’água.
As áreas utilizadas para a instalação dos tanques são próprias ou arrendadas, em sua maioria.
Nas propriedades, a disponibilidades de água, além da qualidade do solo e inclinação do terreno são
os elementos principais que determinam a viabilidade da atividade identificada pelo produtor.
Um dos principais canais de comercialização dos peixes ainda é a pesca esportiva. Entre
2001 e 2002, foram identificados 96 estabelecimentos de pesque-pague, o que corresponde a 17,9%
do total de produtores. Essa ainda é a forma encontrada principalmente pelos pequenos produtores,
para comercializarem a produção.
Em relação à demanda da carne de peixe, os canais de comercialização existentes não se
mostram suficientes para absorver o crescimento da piscicultura comercial, o que, do ponto de vista
dos piscicultores com baixa produção e produtividade, parece significar mais um grande obstáculo a
ser superado. A expansão dos canais de comercialização - que passa pela estrutura organizacional
dos piscicultores, por um trabalho de marketing e pelo apoio do poder público - pode efetivamente
dar suporte para uma melhor inserção de pequenos produtores rurais na piscicultura comercial. A
piscicultura nas pequenas propriedades vai depender cada vez mais principalmente da rentabilidade

17
da atividade, que permitirá torná-la lucrativa e sustentável. A geração de emprego dependerá do
capital e tecnologia adequada para atender a demanda por produtos de alta qualidade, exigência de
um mercado consumidor cada vez mais exigente.
A piscicultura, além de gerar renda para pequenos produtores, gera empregos no campo e é
extremamente favorável à manutenção da estrutura familiar, principalmente para as comunidades de
baixa renda. A atividade cada vez mais está sendo incentivada com o objetivo de transformar o
pescador em piscicultor, através de cooperativas de trabalhadores, inserindo-o em uma atividade
afim, com a mesma tradição, evitando o êxodo e a conseqüente marginalização desse indivíduo, por
falta de opção de trabalho.
A geração de emprego ainda é pequena na atividade, onde grande parte do número de
piscicultores se enquadra na agricultura familiar, com a utilização de mão-de-obra familiar,
representando poucos produtores, apenas 5%, que contratam mão-de-obra (SEPROD, 1999, p. 22).
Os produtores utilizam em média de 1 a 5 funcionários, conforme o tamanho da propriedade
(geralmente 1 empregado para cada 3 hectares de lâmina d’água), com escolaridade média do
ensino fundamental e com baixa capacitação necessária à atividade.
Nas pequenas propriedades, os trabalhadores contratados são geralmente temporários e
informais, sendo o trabalho condicionado ao tratamento dos peixes e a época de manejo dos
tanques. Já nas pequenas propriedades consideradas pesque e pague, os trabalhadores contratados,
além de cuidar dos tanques, também trabalham na prestação de serviços aos clientes que freqüentam
o estabelecimento (lanchonete, por exemplo), variando conforme o funcionamento, que se
intensifica nos finais de semana.
A mão-de-obra utilizada na produção é quase sempre de pouca qualificação, sendo os
trabalhadores treinados somente pelos grandes piscicultores. Mato Grosso do Sul carece de cursos
profissionalizantes e de cursos técnicos de ensino médio, voltado para esta área. A capacitação,
tanto por parte dos pequenos produtores quanto pelos trabalhadores contratados, constitui-se em um
gargalo de grande relevância para a piscicultura no Estado. Sabe-se que a produção deve adequar-se
às novas exigências de mercado, buscar competitividade e, conseqüentemente, aumento da
produtividade.
Em relação aos insumos básicos utilizados na piscicultura, o principal entrave para o setor é
o custo da ração, que poderá ser minimizado nos próximos anos com a instalação prevista ainda
para 2003, de uma fábrica de ração na microrregião de Dourados. Esse é mais um importante passo
no desenvolvimento da piscicultura no Estado, que poderá em pouco tempo reduzir entre 20% a
30% os custos da ração, favorecendo ainda mais o crescimento da atividade.
Os custos da ração representam média de 50% a 65% do custo da produção, conforme a
espécie cultivada. Somados os custos da ração e de alevinos, pode-se corresponder a até 85%, em

18
alguns casos. Este fato ocasiona o uso da improvisação da alimentação dos peixes, através de vários
tipos de produtos, como grãos e outras rações trituradas. Em 1999, somente 35% dos produtores
utilizavam algum tipo de ração comercial (extrusada – processo em que os ingredientes são
submetidos a um aquecimento, fazendo com que a ração flutue na água; ou peletizada – compressão
dos componentes da ração) (SEPROD, 1999, p. 23).
Outros insumos, tais como adubos químicos, orgânicos e calcários, utilizados na produção,
são encontrados sem muita dificuldade pelos produtores. E ainda, Mato Grosso do Sul possui
tecnologia e domina a técnica de produção de alevinos da maioria das espécies nativas cultivadas.
O fato de o produtor adotar rações não adequadas para a produção, compromete a qualidade
do peixe produzido, diminui a qualidade da água pelo aumento de dejetos e prejudica a imagem do
produto oriundo da piscicultura. Isto ocasiona o aumento do tempo necessário para a venda do
animal, pois amplia o tempo de engorda dos peixes até atingirem o tamanho ideal, bem como os
custos de manutenção, que resulta na diminuição do giro de capital investido. Caso o produtor adote
rações de melhor qualidade, as chamadas rações comerciais, obtém-se vantagens na hora de
comercializar e garantir a confiança dos compradores de peixes. Animais doentes e nutricialmente
carentes possuem maior taxa de mortalidade no transporte e facilitam o desenvolvimento de
doenças posteriores.
A maioria dos produtores, por características de tamanho de área alagada e,
conseqüentemente, por não conseguirem obter produção em escala, se vê na situação da não
atualização técnica da produção, devido ao alto custo e à precariedade da assistência-sanitária.
Somente os médios e grandes produtores recorrem à assistência técnica especializada com
freqüência. Em 1999, apenas 21% dos produtores recebiam assistência técnica, sendo que o
aprendizado do produtor tem ocorrido, na maioria das vezes, através do trabalho diário nos
cativeiros (SEPROD, 1999, p. 23).
A falta de assistência técnica aliada à baixa utilização de ração comercial faz com que
muitos produtores tenham baixa produtividade em seus tanques, comprometendo a qualidade da
produção e a própria viabilidade da atividade. Mesmo que a atividade possa ser implementada de
forma mais extensiva e com baixa capitalização, dificilmente alcançará uma inserção satisfatória
nessas condições.
O segmento dos piscicultores encontra-se pouco organizado. Das associações em
funcionamento, tem-se a Associação Sul-mato-grossense de Aqüicultura - ASMAQ e a Associação
de Piscicultores de Dourados - ASPID (SEPROD, 1999, p.24). Juntas, agregam menos de 70
piscicultores, entre pequenos, médios e grandes produtores. Pode-se afirmar que há um
individualismo significativo no setor produtivo em Mato Grosso do Sul, com raríssimas exceções de
alguns municípios do Estado. No município de Dourados, por exemplo, a associação é composta

19
por pouco mais de 30 piscicultores. O resultado é a falta de articulação do setor, a completa
ausência de poder de barganha e o isolamento, principalmente dos pequenos produtores.
No que diz respeito à legislação ambiental, existem leis que regulamentam as alterações no
meio ambiente, estabelecendo normas de proteção ambiental e outras providências, como é o caso
da Lei nº 1.826, de 12 de janeiro de 1998, que dispõe sobre a exploração de recursos pesqueiros e
estabelece medidas de proteção e controle da ictiofauna e dá outras providências (MATO GROSSO
DO SUL, 1998) e a Lei nº 1953 de 9 de abril de 1999, que dispõe sobre a defesa sanitária animal no
Estado (MATO GROSSO DO SUL, 1999), entre outras. Entretanto, o Estado, bem como o resto do
país, tem apresentado um grande número de clandestinidade na piscicultura. Isso ocorre, não em
razão da falta de preocupação do produtor estar em dia com suas obrigações, mas porque na prática,
ocorre um conflito de competência ou duplicidade de regularizações, como é o caso entre IBAMA,
o Departamento de Pesca e Aqüicultura da Delegacia Federal de Agricultura e a Secretaria de
Estado de Meio Ambiente.
A piscicultura, sem dúvida, é a criação animal que mais precisa de um ambiente equilibrado
e estável, uma vez que alterações na qualidade da água comprometem a qualidade do peixe e a
produtividade, podendo causar a morte de até 100% dos peixes, em caso de contaminação, por
exemplo.
Como se pode observar, a piscicultura vem apresentando um crescimento significativo no
Estado, mas a atividade tem-se desenvolvido de forma desestruturada. As exceções são
apresentadas somente pelos grandes piscicultores, que possuem maior infra-estrutura, tecnologia e
acesso aos grandes mercados consumidores, conseguindo obter produção em escala e
comercializando suas produções a preços vantajosos e competitivos. Os principais gargalos
enfrentados pelo pequeno produtor estão relacionados a seguir.

4. Conclusões
Mato Grosso do Sul é caracterizado como Estado onde a concentração da posse da terra
ainda é alta. Nas últimas décadas, inúmeras pequenas propriedades perderam posição competitiva e
reduziram sua viabilidade econômica porque operam com custos mais elevados em função da baixa
rentabilidade por unidade de área. Invariavelmente, este fato resulta de uma forte restrição de
recursos financeiros, deficiências técnicas na produção e aversão ao risco de alternativas
econômicas para a implantação de sistemas mais intensivos no uso do solo.
A produção familiar vem demonstrando-se viável e rentável através dos anos, apesar das
dificuldades enfrentadas no meio rural, desde que adotem tecnologias adequadas e tenham acesso a
crédito. O uso de tecnologias é o melhor caminho para manter ou tornar esses agricultores
competitivos, evitando, assim, que eles abandonem a terra. Tendo acesso ao crédito, os produtores

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familiares podem se capitalizar, aumentar sua renda e, inclusive, passar a exportar em nichos
específicos de mercado, além de gerar empregos ou ocupações no meio rural, evitando o êxodo para
as cidades.
A agricultura familiar é um setor estratégico para a manutenção e recuperação do emprego,
para redistribuição da renda, para a garantia da soberania alimentar do país e para a construção do
desenvolvimento sustentável. A saída que até então se vislumbra é dotar as unidades familiares de
alternativas econômicas que proporcionem uma maior produtividade por área disponível e
conseqüentemente aumentar a renda dessas, tornando-as sustentáveis ao longo prazo. Estes
estabelecimentos podem contribuir cada vez mais com a manutenção do homem no campo e com o
revigoramento da economia das cidades onde se instalarem.
Embora nesta área as políticas públicas claramente tenham avançado, é preciso reconhecer
que há muito ainda para ser resolvido. Os programas para a agricultura familiar, como o PRONAF,
são essenciais para lidar com a situação. Apoiar atividades agropecuárias exploradas com o
emprego direto da força de trabalho do produtor rural e de sua família é fundamental. As ações de
muitas administrações federal, estaduais e municipais devem ser em busca do aperfeiçoamento
tecnológico da produção, na agregação de novas áreas agrícolas, na diversificação da produção
agropecuária e a alteração do perfil fundiário do Estado.
A piscicultura em Mato Grosso do Sul conta com dois tipos heterogêneos de produtores, que
possuem condições distintas de inserção nos seus respectivos mercados. De um lado, alguns
piscicultores podem ser enquadrados como produtores capitalizados, que realizam investimentos
significativos na produção. Outros, entretanto, buscam na piscicultura uma alternativa de renda,
sendo este o caso de grande parte dos pequenos piscicultores.
A piscicultura sul-mato-grossense confronta-se com diferentes barreiras em todos os elos de
sua cadeia produtiva, comprometendo, assim, em maior ou menor grau, o seu desempenho. E estas
barreiras significam consideráveis entraves à lucratividade da atividade pelos pequenos produtores,
principalmente sobre aqueles menos capitalizados.
A piscicultura é marcada pelo grande número de pequenos produtores, com pouca utilização
de técnicas apropriadas na criação, utilizando-se apenas dos conhecimentos adquiridos no dia-a-dia
da produção. Com a utilização de ração inadequada e sem o controle correto da água, a
produtividade dos tanques ou redes cai, e a qualidade do produto fica comprometida.
Grande parte dos pequenos produtores não é capaz de produzir em escala e com
competitividade, em vista do baixo poder econômico e das dificuldades de organização.
Atualmente, em Mato Grosso do Sul, a organização do setor se restringe a ação de alguns poucos
grupos de abrangência regional.

21
O crédito, apesar de existente e disponível, não permite o fácil acesso, em função das
exigências burocráticas de garantia. Poucas são as linhas de crédito que apóiam os diferentes elos da
cadeia produtiva da piscicultura em Mato Grosso do Sul. Somente o Fundo Constitucional de
Financiamento do Centro-Oeste - FCO foi identificado como alternativa de financiamento para a
piscicultura, mas somente os grandes piscicultores e produtores de alevinos fazem uso desses
recursos, bem como os empreendimentos que estão sendo instalados no Estado, para o abate e a
industrialização do pescado.
Somente nos últimos dois anos os esforços realizados pelos agentes públicos para fomentar
a atividade estão mostrando resultados. Até então, seus resultados eram enfraquecidos pela falta de
articulação entre os órgãos dos governos federal, estadual e municipal e entre estes e o setor
privado. Mesmo com os trabalhos desenvolvidos por cada um desses agentes, pouca eficiência
havia sido demonstrada para atender às prioridades necessárias ao desenvolvimento da piscicultura
no Estado, embora apareçam alguns resultados isolados. Entretanto, as entidades existentes não
dispõem de técnicos e fiscais em quantidade suficiente para atender à fiscalização, inspeção e
licenciamento das unidades produtoras de peixe.
A imagem do peixe criado em cativeiro colocado no mercado através do varejo, ou dos
estabelecimentos de pesca recreativa (pesque e pague), fica comprometida por problemas
relacionados ao sabor diferenciado e acentuado na carne de algumas espécies (pacu, por exemplo),
decorrente da má qualidade de água (provocado pelo acúmulo de resíduos orgânicos nos tanques de
cultivo); aspecto visual, muitas vezes prejudicado pela forma de apresentação do produto (in
natura) e dificuldades de comercialização (o peixe é um produto altamente perecível).
Sendo assim, os principais gargalos enfrentados pela piscicultura na pequena propriedade
são:
 alto custo dos insumos apropriados (principalmente ração);
 a carência de assistência técnica e de cursos de qualificação de mão-de-obra;
 a falta de organização da produção;
 a baixa agregação de valor;
 a deficiência na comercialização (escala de produção insuficiente para atender a
demanda);
 sazonalidade da produção (conforme a espécie cultivada);
 desconhecimento do mercado consumidor;
inobservância das legislações ambientais e sanitárias.
O Estado de Mato Grosso do Sul compreende a maior parcela das bacias dos rios Paraná e
Paraguai da Região Centro-Oeste. Os potenciais hídricos, provenientes das bacias hidrográficas do
Paraguai e do Paraná aliado ao clima, permitem o cultivo de peixes em praticamente todo o Estado.

22
Por isso, a piscicultura torna-se uma interessante forma alternativa de viabilização das propriedades
rurais. O pequeno investimento, os baixos custos de manutenção e facilidade de manejo sem inibir
outras atividades na propriedade permitem que a piscicultura tenha uma boa perspectiva de
expansão, de maneira a contribuir na manutenção da propriedade e aproveitar as oportunidades
oferecidas pelo mercado onde se localizam.

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