You are on page 1of 9

ENTREVISTADO:

SAMUEL SILVEIRA

ENTREVISTADORA: ADENILDE

13 DE NOVEMBRO DE 1986

DEGRAVAÇÃO: SERGIO

COMPLETA

1
Maringá, 13 de novembro de 1986 – Projeto Memória, nos encontramos no Prédio da
Rádio Cultura de Maringá, para entrevistar o seu fundador, o Sr. Samuel Silveira.
Vamos ouvir o seu relato.

PM-Seu samuel, quando o senhor chegou em Maringá?


SS – Mais ou menso em junho de 1949, mais ou menos, eu não posso precisar, mas é por
aí, porque de início nós viemos aqui pra fazer o contrato da Rádio, rádio essa que agora é a
Rádio cultura de Maringá, que foi a primeira emissora do Norte do Paraná. Sim, nasceu
junto com a de Londrina, na mesma época inaugurou em Maringá e Londrina.

PM – O Sr. Já veio de mudança para cá?


SS-Não, de princípio não, eu só vim de São Paulo, eu ficava no hotel, naquele tempo só
tinha o hotel Bom Descanso, e ficava aqui pra fazer o contrato, toda aquela parte inicial de
rádio, que é a parte legal né, era daqui ao Rio de Janeiro, isso levou um ano mais ou menos
- pra nós - fazermos o contrato até conseguirmos a instalação da Rádio!

PM-O Sr. veio de onde para Maringá? De São Paulo pra cá?
SS-De São Paulo, onde eu já trabalhava em rádio.

PM-Já era atividade do Sr?


SS- Sim, eu comecei em rádio em 1940.

PM-Por que razão o Sr. escolheu Maringá para instalar a rádio?


SS- Pelo seguinte, eu fundei a Rádio Cultura da Bahia, então eu fui pra Bahia em 1946 e
fundamos a Rádio Cultura da Bahia, botamos no ar, eu tinha um sócio na Bahia. Aí,
tivemos uma desavença e aí eu vim para o Rio, e tinha uma pessoa que era da comissão
técnica da Rádio, Dr. Brandão, e disse: Olha, tem uma região nova no Brasil que está em
grande desenvolvimento e é bom você ir conhecer. Então eu peguei um avião, vim a
Londrina, daí peguei um ônibus pra cá, vim conhecendo. De princípio era prá ser instalada
em Mandaguari que era sede da Comarca, não era Maringá, mas eu vim até Maringá.
Chegando aqui o Sr. Alfredo Nyfler com a senhora dele, a D. Silvia, eles eram de São João
da Boa Vista, eu conhecia de lá, de São João de Boa Vista, porque eu morei lá em São Jão
de Boa Vista no estado de São Paulo. Então com aquela proximidade, amizade, eu resolvi
que ia ser Maringá a Estação, e foi quando foi a Primeira estação que nós viemos pra
Maringá.

PM- Quando o Sr. Chegou com esse projeto, a Companhia auxiliou? Mostrou boa
vontade?
SS-Ah! Mas eu tive o maior auxílio possível da Companhia Melhoramentos, todos os
diretores foram formidáveis, principalmente o Dr. Cássio Vidigal, que foi o meu grande
amigo, nós vivíamos juntos, ele chegava em Maringá me procurava, nós ficávamos juntos.
O prédio aqui da rádio foi feito pela Companhia Melhoramentos. O prédio inicial, não essse
que nós estamos hoje, o inicial foi feito pela Melhoramentos. A Companhia nos deu todo
apoio, tudo o que nós queríamos, principalmente o Dr. Cassio e o Seu Alfredo, nem é bom
falar, é meu amigo particular também, me apoiou 100%.

2
PM-E o que significava para própria Companhia ter uma rádio em Maringá?
SS-Porque veja bem, Maringá era as menina dos olhos da Companhia, sempre foi, o Dr.
Hermmam vinha pra Maringá, o Dr. Cássio, prá Maringá, todos eles e sempre pra Maringá.
Então todo o que se fizesse era Maringá, era, pra eles, um grande acontecimento, e foi a
rádio, e o prédio que eles fizeram. Foi justamente como o Grande Hotel, foi feito na mesma
época. O prédio daqui e o Grande Hotel prá mostrar pra todo mundo que existia Maringá.
Essa é a razão, é a paixão deles por Maringá.

PM-Que dia exatemente a Rádio Cultura foi instalada, foi ao ar?


SS-Olha, agora mesmo ainda o Joaquim falou pra você, foi... em 51, agora o dia não me
lembro, parece que foi em junho.

PM- 16 de junho!
SS- 16 de junho, é isso ai. A Rádio foi pela primeira vez ao ar e nós inauguramos aqui na
Herval, ali adinate é hoje o prédio da Copel, ali que nós começamos a rádio. Mas como eu
te falei, tive que demorar porque eu tive que construir um prédio ali porque não tinha,
Maringá não tinha nada. Eu também só me mudei pra cá em 51, porque teve que fazer uma
casa pra eu vim morar, porque não tinha, tudo aqui era nessa base.

PM-E os preparativos para a instalação começaram quando?


SS- Em 1950, demorou esse tempo todo porque voce entende, tudo era difícil, nós tivemos
que fazer tudo, tudo, não tinha um prédio pra alugar, nós tivemos que construir, tivemos
que fazer torre, nós fizemos torre tudo aqui em Maringá, foi muito difícil, inclusive
funcionando com motores, porque não tínhamos luz elétrica. Maringá não existia luz
elétrica, nada, era só a base de motor.

PM- O que significava a rádio apara a comunidade, para essas pessoas que moravam
nos sítios, nas propriedade ao redor de Maringá?
SS-Olha, foi a maior felicidade, apesar do rádio ser com pilha, e aquele sistema antigo com
aquela pilhas grandes como nós já dissemos pra você, foi a maior felicidade. A Rádio
Cultura apesar de ser um lugar pequenininho, nós tínhamos muitos programas sertanejos.
Então enchia, mas enchia que enchia a rua inteira de gente pra vim ver os programas
sertanejos.

PM- E o alcance?
SS- Bom, você sabe, que antigamente existiam poucas rádios, então o alcance apesar da
potência ser pequena, o alcance era muito grande. Hoje é o contrário, hoje prá você ter uma
idéia, nós começamos com 100 watts, era a potência da rádio, e isso era de todas as rádios,
era essa a potência.
Hoje a Rádio Cultura tem 10.000 watts, veja a diferença de potência, mas o alcance naquela
época era muito grande porque tinham poucas rádios. Aqui no Norte do Paraná não tinha
nenhuma, era só a Rádio Cultura e a de Londrina.

PM-E os profissionais, de onde vinham?


SS- Olha, é um assunto interessante esse viu, porque o profissional aparece. Então quando
foi pra fundar a Rádio Cultura apareceu um locutor que é o dono da Rádio Jornal, o Barros,
foi o primeiro locutor que eu tive. Depois eu tive um outro que eu nem me lembro bem o

3
nome dele, mas esse trabalhava no Cartório do Esmeraldo Leandro, esse morreu até já, foi o
segundo locutor, esse foi a fundação da rádio, foi com esses locutores, esses dois que
começamos a Rádio Cultura. Quer dizer, os profissionais apareceram, eu tive bons
profissionais inicialmente, como eu tive um que se chamava Olindor Camargo, ele hoje é
praticamente o prefeito de Camboriú. Ele é uma pessoa muito influente em Santa Catarina,
também toda festa que ele vem... ele tem uma paixão por Maringa.

PM-E qual o nível social dos ouvintes da rádio, como é que era, que classe social ela
atingia?
SS- Eu acho muito bom, porque Maringá ... não sei se você tá comigo, Maringá foi a que
teve melhor fundação de todas as cidades do Norte do Paraná. Foi o pessoal mais
qualificado que vei para Maringá, nós aqui tivemos gente formidável, gente de gabarito
como Sergio Cardoso de Almeida, enfim, gente boa foi que fundou Maringá, Maringá foi
fundada por uma... não foi como certas cidades aí que você sabe, não preciso dizer que
você... Então o nível de audiência aqui era ótimo e a Rádio Cultura fazia parte de tudo, de
tudo que existia em Maringá, a rádio Cultura fazia parte, inclusive esse prédio que depois
foi feito, foi com a finalidade de ajudar Maringá. Por exemplo, o auditório da Rádio Cultura
foi cedido prá fundação de tudo em Maringá, eu cedi prá tudo, a Associação Comercial foi
fundada aqui, o Rotary Clube começou, olha, tudo o que você possa imaginar começou na
Rádio Cultura (Riso) é verdade.

PM-O auditório estava sempre disposto a servir a todos, a qualquer entidade?


SS-A todos, sim, isso ai. Não tinha luz elétrica, como nós tínhamos motor no auditório,
então com luz e tal, tudo foi fundado no auditório da Rádio Cultura, tudo, e quem
inaugurou aqui o prédio foi o Bento, Dr. Bento Munhoz da Rocha, amigão de Maringá, ele
que deu luz elétrica para Maringá. Daí naquela época ele mandou motores pra cá. Maringá
deve uma infinidade ao Dr. Bento Munhoz da Rocha. O que mais você quer saber? Eu
estou te contando a realidade daqui, porque eu sou... eu “nasci” aqui entendeu?

PM-Exatamente, isso que nós queremos, depoimento fiel a tudo aquilo que aconteceu
aqui em Maringá. Quais assim, os programas de maior audiência, o que mais tocava
nas pessoas?
SS-Olha, o que mais tocava é um programa que nós tivemos, que até hoje várias senhoras já
da sociedade cantaram aqui, começaram aqui, chamava o Clube do Caçula (Riso).

PM- Eu ouvia... (Risos)


SS-Um programa aos domingos que o Ivens Pacheco é que comandava esse programa, mas
tinha uma audiência assim excepcional de manhã aos domingos, e todas as senhoras
começaram nesse programa, cantar.

PM- O senhor se lembra de algumas?


SS-Olha! De nome assim você me desculpe, mas você sabe, a vida da gente vai correndo
tanto né, que eu não... de nome assim, depois talvez eu possa pensar em nomes mas assim
de princípio eu não me lembro honestamente.

4
PM-Além de programa sertanejo, além de música, quais os tipos, que tipo de
programa a rádio tinha? Era diversificado os programas e quais os programas que
existiam?
SS-Por exemplo, nós tínhamos aqui um programa de grande sucesso que era o Ary de
Lima. Ary era um poeta Maringaense que fazia um programa na Rádio Cultura. Como o
Nhô Juca, começou na Rádio Cultura, enfim, tudo que houve em Maringá do passado
começou na Rádio cultura, pode escrever isso.... (Riso). Quem fazia por exemplo aqui a
parte de noticiário inicialmente era o Cal Garcia, o primeiro advogado que começou aqui,
era o que fazia o programa de noticiário e de opinião da Rádio. Enfim, você veja, qualquer
um aí de passado começou na Rádio Cultura. Muito bem, o que mais você deseja saber?

PM- Além da Rádio ser um meio de comunicação, ela auxiliou assim prá fundação de
algum outro órgão de comunicação da cidade?
SS-Ah! Sim, daí nós mais tarde tivemos a Rádio Jornal que também nasceu da Rádio
Cultura e “O Jornal” que também em 1953 nós fundamos na Rádio Cultura, o “O Jornal”
quando trouxemos o Ivens Lagoano Pacheco pra dirigir o “O Jornal” e a Rádio Jornal, por
causa do mesmo nome, tá vendo? “O Jornal” e a Rádio Jornal daí, que era pra ser um órgão
só, mas depois o governo fez uma lei proibindo que se fosse dono de duas rádios na mesma
cidade, foi quando nós vendemos a Rádio Jornal. Mas daí fundamos aqui em Maringá a
Rede Paranaense de Rádio. Esta Rede Paranaense comandava 13 emissoras, inclusive duas
de Curitiba.

PM- O Sr. Lembra o ano?


SS- Mais ou mjenos em 1960 foi que nós começamos. Fomos a Rede Paranaense de Rádio.
Maringá dominava, mandava no Rádio em todo o Norte do Paraná. O Paraná inteiro, só não
tínhamos Ponta Grosssa, o restante nós tínhamos em todas cidades grandes . Nós aqui por
exemplo, nós tínhamos NOVA ESPERANÇA, PARANAVAÍ, CRUZEIRO DO OESTE,
CIANORTE, UMUARAMA, CAMPO MOURÃO, ARAPONGAS, APUCARANA,
LONDRINA, CORNÉLIO PROCÓPIO, ASSAÍ E CURITIBA. O Paraná inteiro dependia
de Maringá.

PM-E as campanhas políticas como é que eram? Utilizava-se a Rádio pra fazer
campanha política?
SS- Mas não tenha dúvida, a Rádio comandou a política nessa cidade, de início. A primeira
campanha que nós fizemos foi a campanha que ganhou o Villanova, os candidatos eram o
Planas, Angelo Planas, o Villanova, o Waldemar Gomes da Cunha e ganhou o Villanova,
fizemos a campanha e fizemos a primeira irradiação de resultado, irradiamos em Madaguari
a apuraçãod a eleição, porque a Companhia Melhoramentos tinha uma linha telefônica de
Londrina até Maringá. Então ela nos emprestou de Mandaguari e nós irradiamos.

PM- O resultado da eleição irradiado foi quando?


SS-A primeira eleição de Maringá foi se não me engano em 54...

PM-52
SS-52, é isso ai, 52!

5
PM- A primeira eleição. E o que significou isso para o eleitorado maringaense?
SS- Foi um sucesso! Você imagina, quem é que podia imaginar que todo mundo aqui
ficasse sabendo o resultado, é ou não é! Então começou a apuração e o Planas começou a
ganhar, então o Planas começou a soltar foguetes e já foi prá Mandaguari prá comemorar,
quando chegou lá, ele tinha perdido a eleição, quem ganhou foi o Villanova (Riso), essa é a
verdade.

PM- E as campanhas eram feitas ao vivo pelos candidatos?


SS-Ah, sim, sempre foram. Campanhas formidáveis que tivemos em Maringá, como por
exemplo, campanha do Américo Dias Ferraz, foi uma engraçadíssima, o Américo ia em
cima de um caminhão tocando violão, e foi engraçadíssima a campanha dele. Depois
tivemos a campanha do Haroldo Leon Peres, também foi ótima, do João Paulino, João
Paulino foi nosso grande, tivemos boas campanhas. Olha, política foi... Maringá teve
ótimas campanhas daí elegemos aqui o primeiro deputado que foi o Néo Martins.

PM-E o nível da campanha política feita no rádio, como é que era, havia muitos
ataques, contra-ataques, como é que era?
SS-Não, não, muito pouco, porque havia aquela amizade, o pessoal ainda era um número
pequeno, não era asssim como hoje que se “lava a roupa”, não nada disso, era uma
campanha honesta, eu acho pelo menos, isso é modo de pensar.

PM- Seu Samuel, havia censura?


SS- Não, não havia.

PM- E hoje?
SS- Hoje não é bem a censura, o que existe são normas e como a rádio é uma concessão,
nós obedecemos, porque senão há uma cassação. Nunca sofremos cassação nenhuma nem
nada, porque obedecem os a lei, sempre foi essa realidade.

PM-Qual era a manifestaçaõ da comunidade assim... Como eles se manifestavam em


relação ao rádio? O que significava pra eles e como eles demonstravam isso?
SS-Bom, o rádio, veja bem, foi o sucesso todo até a época de 70, 75 quando nós
começamos a fundar a televisão, que a televisão também fomos nós que fundamos, aqui da
Rádio Cultura, tanto que você vê que chama TV CULTURA de Maringá.

PM – E quando foi fundada a TV Cultura?


SS-Foi em 72, nós fundamos aqui a televisão e ela foi pro ar em 75.

PM-Quem foram os fundadores da TV Cultura?


SS-Fomos nós mesmo, o Joaquim, o Carlos, Eu e mais então, daí fizemos um grupo. Dom
Jaime, fizemos uma sociedade com todo o povo de Maringá, umas trinta pessoas porque
nós queríamos uma televisão da cidade mas infelizmente daí televisão hoje só vive de rede,
e a rede Globo começou a ... no fim deixamos que fosse da rede Globo pra Maringá ganhar
esse grande veículo indubitavelmente é... tanto que você veja que até hoje eu tô muito
ligado lá, que até o prédio lá é meu, porque tá com a televisão lá dentro.

6
PM- E hoje, o que é o rádio com tanta mudança, com tantos meios de comunicação, o
que significa o rádio hoje?
SS-Olha, você veja, eu sou apaixonado pelo rádio, apesar de ter fundado a televisão,
mexido muito com televisão, mas eu sou apaixonado pelo rádio, porque o rádio é a
expressão verdadeira, pode notar, todas as eleições normalmente são eleitos pessoal de
rádio e não de televisão.

PM – É verdade.
SS-Você pode olhar, é o pessoal de rádio, porque o rádio penetra lá no pobre, o rádio não
precisa, você tá trabalhando e ouve o rádio, coisa que você não pode fazer com a televisão.
Televisão é só aquela hora, você tem que prestar a atenção, senão... Então o rádio penetra
subjetivamente na casa de todo mundo e esssa é a grande força do rádio, principalmente
que não tem distância, e outra coisa, o rádio é imediato, nós estamos conversando aqui
nesse momento, se quiser levar no rádio é só levar ali, já tá no ar, é um minuto, entendeu,
não é o caso da televisão e de outros veículos. Por exemplo, jornal,; jornal é uma opinião já
escrita, é mais demorada pra ser feita; o rádio não, o rádio é imediato, o rádio é violento, é
imediato por isso... eu sou apaixonado pelo rádio, eu nasci em rádio. Você veja, eu comecei
a trabalhar em rádio em 1940 (Riso), então rádio pra mim é...

PM-Quando o Sr. instalou a Rádio aqui em Maringá, quais as condições de trabalho,


de equipamento, que recurso ela tinha?
SS-Foi muito difícil, você pode crer que foi uma grande dificuldade, porque não tinha nada,
aquela época tudo era difícil, nós não tínhamos luz, não tínhamos nada, nada, enfim foi
uma, olha, foi um ato heróico mesmo. Equipamento muito bom, porque nós trouxemos de
São Paulo tudo novo, não teve problema nenhum, mas difícil de funcionar, não é hoje, hoje
é um passeio instalar uma emissora.

PM-E os programas, como eles eram elaborados, eles eram programados, havia
screept ou era improvisado, como é que era?
SS-Não, naquele tempo a programação toda era feita base local. Tudo aqui nós, por
exemplo, programa sertanejo que sempre foi a base principal no início, eram sertanejos que
moravam aqui na redondeza mesmo e tudo... Olha, como eu te falei, tudo surgia assim,
futebol por exemplo, não existia em Maringá, entendeu? E nós queríamos irradiar futebol,
Cultura é Maringá, então primeiro nós começamos irradiar no Maringá Velho do Serm.

PM-Em que ano?


SS- logo que rádio...

PM- Iniciou.
SS-Iniciou, e depois nós ajudamos a fundar e eu fui um dos fundadores do Maringá, até
hoje é o que existe é o Maringá, O Gremio Maringá e irradiamos as partidas do Maringá.

PM-E o esporte aparecendo no rádio, o que significou?


SS-Ah! Não tenha dúvida, foi um sucesso, como sempre, aliás o futebol até hoje é um dos
nossos programas de maior audiência. Por exemplo, esse rapaz que trabalha conosco, o
Pucca, ele começou a trabalhar conosco na Rádio Jornal, menino. Outro que começou
menino conosco foi o Lindolfo Luiz, não o Lindolfinho Filho, o pai, o Lindolfo era menino,

7
veio para cá também trabalhar conosco. É como eu te contei, todos esses “velhos”
começaram na Rádio Cultura, a Rádio Cultura foi o pai de todo mundo, depois foram prá
outros caminhos e tudo bem.

PM-E a comunidade, ela participava, ela requisitava algum tipo de programa, ou ela
aceitava o que ofereciam?
SS-Olha, o início aqui era, você sabe, aquele... você sabe, aquele programa de oferecer
música, esse foi o início da rádio aqui, aliás eu já trouxe isso lá da Bahia, mesma coisa, o
rádio é igual em todo lugar, e na Bahia era a mesma coisa, pedir música, oferecer pro
namorado, essa coisa assim, que esse era o rádio que se fazia antigamente. Claro, o rádio
evoluiu, hoje é diferente, mas, assim mesmo os programas antigos ainda são de sucesso, só
qeu não tem mais como nós tínhamos novelas, só que as novelas nós trazíamos gravadas de
São Paulo, trazíamos novela gravada e passava. Por exemplo, nós ainda temos, posso até
mostrar o primeiro gravador que existiu, esse gravador é de fio de arame, de fio, foi o
primeiro gravador que existiu, nós compramos e esse gravador nós gravávamos as
campanhas políticas, então. Por exemplo, eu queria saber se o Villanova era bom prefeito,
nós saíamos na rua entrevistando o pessoal, perguntando, o que achava do Villanova?
(Risos) e gravava tudo e chegava aqui botava no ar. O gravador taí, depois você pode ver o
primeiro gravador.

PM- E o rádio, ele produzia algum efeito, alguma mudança no comportamento


político? Por exemplo uma entrevista, uma pesquisa sobre uma gestão. O rádio tinha
influência de modificar?
SS-Ah! Sim, sem dúvida. O rádio por exemplo, modificou aqui em Maringá a instalação da
telefonica. É, a telefônica aqui em Maringá era pra ser instalada por uma outra pessoa que
eu não me lembro o nome e nós, então, ele queria cobrar muito caro a instalação telefônica
aui e nós fizemos grande “campannha” aí e modificou a instalação da telefônica, e o rádio
tinha tamanha força que quando foi fundada aqui a Associação Comercial, aqui no
auditório da da Rádio, o Angelo Planas disse: “Olha, não é maior aqui a audiência do
pessoal todo, a quantidade de gente, porque nós só anunciamos na Rádio”. E eu soube
daquilo aquilo e falei, “puxa, o Planas eu emprestei pra ele o auditório, fiz anúncio tudo,
agora ele vem aqui dentro falar isso”. Então eu resolvi fazer uma gozação com ele, e botei
um anúncio na rádio, assim, que o Angelo Planas tava comprando gato pra fazer sabão.
Olha, foi tamanha quantidade de gato na casa do Angelo Planas, que veio aqui e “Pelo
amor de Deus”, foi uma prova de audiência, é isso aí.

PM-O Sr lembra mais algum fato pitoresco? (Risos)


SS- Houveram muitos (Riso) a vida passa, é ou não é...
Quem vinha muito aqui é o Duque Estrada, que escreveu aquele livro, e nós trocávamos
muita idéia, foi quando ele lançou aquele livro, aliás você pode ver que eu apareço naquele
livro lá. Outro que era muito amigo e escrevia aqui também, era o Altino Borba, o pai, até
ele, escreveu aquele livro “Maringá na Copa do Mundo” e pode ver que nós dois
encontramos em Londres, nós fomos juntos lá no... porque Maringá, olha, eu se tivesse que
nascer outra vez queria nascer aqui (Riso) é uma verdade. Todos nós amamos Maringá, sem
dúvida nenhuma. Por exemplo, foi fundado um clube em Curitiba, não sei se você tá a par
do pessoal de Maringá, não é bem um clube, mas de vez em quando fazemos um jantar, o
pessoal de Maringá. Então eu acho interessante isso, que... por exemplo, a D. Izaura, esse

8
pessoal todo que hoje tá lá em Curitiba, eles, cada um quer ser mais maringaense do que o
outro, inclusive o Zeferino, por exemplo. O Zeferino é um homem que ele é mais marin
ganense que qualquer pessoa. Isso é Maringá, é a Rádio Cultura fazendo parte disso tudo,
por isso me honra muito ter a Rádio cultura e nunca hei de mudar o que até hoje não
mudou, vai ficar sempre assim.

PM-Seu Samuel, o que significa o Sr. estar falando hoje da história da Rádio, depois
de tanto tempo?
SS-É uma alegria, viu, porque sempre que eu falo na Rádio, falo com prazer e alegria e
além da Rádio, que a rádio faz parte de Maringá, porque sem Maringá não existia a Rádio
Cultura. E a Rádio Cultura faz uma parte assim... sem dúvida, de Maringá. Você veja, tudo
o que houve aqui a Cultura tomou parte, sempre com a maior boa vontade, você veja nós...
prá lembrar uma coisa que tem assim por exemplo, nós instalamos junto com a turma de
Maringá, ajudamos a instalação do próprio bispado, o Dom Jaime, era um mocinho, nós
fomos a Ribeirão Preto quando ele se transformou bispo, e veja bem, Maringá desde aquela
época, daí o Dom Jaime teve a hora dele na Rádio Cultura, e desde o início, até hoje
continua. Então você veja, tudo o que houve em Maringá qualquer coisa do passado você
pode ver que a Cultura tava no meio. Então isso foi uma felicidade prá mim, porque...
como eu te falei, eu “nasci” em Maringá, apesar de já ter feito parte de outras emissoras na
Bahia, em Franca no Estado de São Paulo, mas Maringá para mim é a primeira, e eu só
desejo que nunca mude, e eu sou de passagem, todos nós somos, mas que a Rádio Cultura
continue prestigiando tudo que acontece nessa cidade, que é a cidade do coração.

PM-Nós agradecemos a atenção do Sr. Samuel Silveira, o pai da Rádio Cultura de


Maringá, o fundador dessa Rádio que tanto ajudou a formar Maringá e participar de
todos os eventos culturais, artísticos de nossa cidade, e é um prazer muito grande prá
equipe do Projeto Memória registrar esse seu depoimento. Muito obrigado.

FIM

You might also like