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História da moda

Períodos e configurações gerais


Períodos históricos,
segundo Lipovetsky
Sociedades sem moda
 Características principais:
 Legitimidade incontestável do legado ancestral;
 Valorização da continuidade social Gerou regra da
imobilidade, repetição de modelos herdados,
conservadorismo da maneira de ser e parecer;
 Mentalidade coletivista;
 Expressão estética resultante da tradição
(ornamentação e apreciação do belo resulta de mitos,
hierarquia e tradição).
Em sociedades primitivas:

• fundada em mitos inalteráveis e


altamente respeitados;
• sem estado, sem estamentos ou classes
sociais organizadas;
• homens são entendidos como sujeitos
das entidades míticas, não podem mudar
ou conter a história;
• as regras sociais são impostas
mitologicamente.
Em sociedades com estado:
 há comércio e trocas culturais e de produtos que
provocam mudanças lentas nos trajes,mas de forma
exógena, constituindo uma nova regra, tradição;
 surgimento de estamentos sociais, criando
hierarquias, cuja distinção firma-se na conotação
sagrada de panos, cores, adornos e rituais; (algumas
sociedades terão leis suntuárias para impedir o
afrontamento da tradição em sua aparência)
 o adorno pessoal é reduzido, sem características de
fantasias estéticas ou busca de efemeridades;
 o padrão estético continua firmado na tradição e
impede a autonomia do “gosto”.
 na elite havia jogos de composições e de
permutações, mas não inovação formal.
Sociedades com Moda
 PRODUZIR HISTORICAMENTE MODA
IMPLICA
 Desqualificar o passado, prestigiar o novo/ o moderno - o essencial, o
mitológico, o sagrado são suplantados pelo aparente e passageiro;
 Crer no poder dos homens para criar seu mundo - as forças exógenas
são dominadas pela racionalidade, afirmando a soberania e autonomia
humana.
 Respeitar a variabilidade estética, possível a partir do refinamento do
gosto e do aguçamento da sensibilidade estética = gosto autonomizado;
 Ter o presente como o eixo temporal da vida;
 Consagrar a iniciativa estética, a fantasia e a originalidade humana como
diferencial positivo dos sujeitos;
 Tornar a mudança regra permanente e prazerosa da alta sociedade.
A MODA DO SÉCULO XIV
AO XIX

Séculos XIV ao XV :
 início do ethos Moda com a quebra da
ancestralidade, individualização dos sujeitos e
valorização do presente e do novo.
 trajes diferenciam-se conforme os sexos
(homens= gibão e braie; mulheres= vestido);
 busca da auto-promoção = preocupação do
homem consigo mesmo;
Séculos XVI ao XVIII
 desenvolvimento da burguesia. A riqueza produzida e os novos
valores morais e sociais quebram com as leis suntuárias
estabelecidas, e os estamentos deixam de existir para surgir as
classes sociais;
 a aparência tem teor nacional e forte poder político;
 os artesãos-costureiros reproduzem a vestimentas ditadas nas
cortes principescas;
 capricho e artifício exagerados nas roupas de ambos os sexos,
mas, principalmente, para a masculina;
 uso do novo como instrumento de representação e afirmação
social da elite por meio de sofisticações teatrais;
 a moda agencia a individuação extremamente, por não estar
organizada em nenhum sistema produtivo.
Século XIX e XX
 apogeu da sociedade burguesa e do
narcisismo individualista;
 preponderância da moda sobre o feminino,
enquanto no masculino, tornou-se mais
discreta e sóbria;
 a moda instituiu-se como lógica social,
produzindo ,junto com a burguesia e o estado
mderno/liberal, a revolução democrática;
 moda massificada, a partir da alta-costura até
a publicidade das grandes indústrias.
Distinções entre o homem medieval
e o renascentista

 Homem medieval:
 Valores centrados na religiosidade cristã;
 Sua condição ao nascer definia sua forma de viver; não tentava modificar nada nem
inovar. Entendia-se como sujeitado da vontade divina e parte da coletividade;
 Almejava a salvação da alma;
 Toda ruptura representava insurreição à Deus.

 Homem renascentista:
- Valores centrados na crença da supremacia da razão e na busca da perfeição estética;
- Sujeito de sua história, individualista e cosmopolita, buscava a inovação e a
experimentação do inusitado;
- Almejava ser reconhecido por sua inteligência e talento, buscando a imortalidade
através de suas obras;
- A ruptura estava na ordem do dia, exemplificada nas grandes navegações e na
reforma protestante.
Sociedade moderna – XV -
XVIII
- Sociedade estratificada, ascensão social possível
apenas à pequena parcela da população;
- Noção de poder político atrelada à mística medieval;
- Trabalho – relação direta matéria-prima,produtor e
consumidor;
- Vida comunitária – integrada permitia o
reconhecimento mútuo de importância e significado
social.
Ao longo desses séculos os distintos aspectos foram
ampliando sua magnitude até a formulação duma outra
configuração histórica.
Sociedade industrial – XIX - XX
- Sociedade estratificada tendo com a difusão da escolarização a
generalização da ascensão social e ampliação da classe média;
- Noção de poder vinculada à imparcialidade da razão e dos poderes
tripartidos e impessoais. Estado burocrático;
- Trabalho – relação indireta, o produtor afasta-se da matéria prima, é
secundarizado pela máquina e desconhece o consumidor de seu
trabalho;
- Vida comunitária reduzida aos grupos diretos de relação: família,
trabalho, igreja; Desconhecimento e indiferença generalizada.
- Criação de formas disciplinadas de aprendizado e vivência: escola,
clube, atividade esportiva, etc;
- Meios de comunicação como condição de ligação entre o particular e
o coletivo.
A urbanização e a industrialização foram as dinâmicas de reelaboração
das sociabilidades modernas, os motores da modernização e o
ultimato do homem tradicional.
Crise da sociedade
industrial – 1960
- Crítica da razão e do capital como meios de progresso
social;
- Contestação da moralidade apregoada centrada na
indissolubidade do casamento, na autoridade paternal, na
submissão feminina;
- Crítica a toda forma de autoridade;
- Condenação dos resultados mais imediatos do progresso
material, como poluição, destruição da natureza e
esvaziamento do sentido da vida;
- Desprezo pela vida material, vinculada ao consumismo e a
artificialidade das relações.
- Desprezo pelo valor moral que “o trabalho dignifica o
homem” .
Modernização e
resultados gerais:
- Afastamento do sujeito da produção direta de sua vida
material = “desencaixe”;
- Subjetivação do ser como indivíduo psíquico e emocional;
- “Reencaixe” do sujeito à vida social pelo consumo (razão
de ser) e pela informação (como e o que ser);
- Significação dos sujeitos pelo conjunto expresso em sua
aparência: índices de pertencimento social, intelectual e
sexual.
- Consagração do objeto e do consumo como forma
constituidora do ser.

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