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ARAUJO. A.G.M. Arqueologia da região de Rio Claro: uma síntese. Rev. do Museu de
Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 11: 125-140, 2001.
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ARAUJO. A.G.M. Arqueologia da região de Rio Claro: uma síntese. Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia.São
Paulo. 11: 125-140. 2001.
uma densa rede de drenagem. tendo como rios como representativas de possíveis episódios
principais o Corumbataí e o Piracicaba, afluentes de queimada natural. Deste modo, os autores
do Tietê pela margem direita. (Mapa) . correlacionam o carvão encontrado nos solos
O clima atual na região poderia ser classifi- às fases climáticas mais secas. Isto pode ser.
cado como Cwa (Kõppen). ou subtropical com verdadeiro, salvo os casos onde a existência
temperaturas médias anuais entre 20 e 21°C e de carvões seja relacionada à ocupação
acentuada amplitude térmica anual devido à humana. Um maior intercâmbio entre arqueólo- ..
circulação atmosférica. No entanto. a incidên- gos e quatemaristas seria bastante proveitoso·
cia de massas de ar promove um regime de para ambas as áreas de conhecimento.
chuvas cujo máximo da precipitação coincide De qualquer modo, os resultados obtidos
com os meses de verão. e o mínimo com os por Meio (1995) para datações de fragmentos
meses de invemo, o que coloca a região nas de carvão em solos coluviais da região de Rio
características de clima tropical. (Feltran Filho Claro são bastante interessantes. Segundo o
1981, Scheel et ai. 1995). autor, "( ...) nota-se que as idades aparente-
A vegetação original, atualmente quase mente distribuem-se aleatoriamente com
completamente destruída, seria caracterizada relação à profundidade da coleta, às coordena-
por uma área de fronteira ecológica entre o das geográficas e níveis planálticos, mas
cerrado/cerradão (savana) e mata (floresta parece haver tendência de concentração de
estacional semidecidual). Segundo o Projeto idades compreendidas no intervalo entre 6.500
Radambrasil (1983), a Região da Savana e 8.500 anos AP." (MeIo 1995:76). Correlacio-
(cerrado) na área apresenta-se como uma nando esta possível idade para um clima mais
disjunção da ocorrência principal no Planalto seco com datações realizadas em outras
Central. Dentre as formações remanescentes localidades do país, o autor sugere que as
da savana, a Arbórea Densa (cerradão) mesmas estejam indicando uma variação
apresenta características xeroinorfas, com dois paleoclimática significativa.
estratos bem definidos. A formação Arbórea Outro dado de possível correlação paleo-
Aberta (campo-cerrado) apresenta composição climática para a região foi obtido por Scheel et .
florística semelhante à anterior, mas sua ai. (1995), que dataram carvões do solo no
estrutura é mais simples. A Região da Floresta Município de São Pedro (SP), não muito
EstaCional Semidecidual ocorre em regiões com distante de Rio Claro, e obtiveram datas de
dupla estacionalidade climática, com mais de 2.250±40 AP e 5.540 ±40 AP. Estas duas
60 dias secos, ou com seca fisiológica provo- datações foram provenientes de fragmentos
cada pelo frio. Na área em questão, ocorrem as carvão soltos. Uma terceira datação, de 1.220
formações Submontana e Montana, definidas ±40 AP, foi realizada em uma estrutura de
de acordo com a altitude e a latitude (mGE, combustão que os autores consideraram de
1992). provável origem antrópica. Apesar de uma
possível correlação entre a idade dos carvões
Dados paleoambientais e episódios de clima mais seco, somente um
recentes para a região maior número de datações, preferencialmente
realizadas fora de sítios arqueológicos,
Desde meados da década de 70, qumdo lançar mais luz sobre esta questão.
os últimos estudos de Arqueologia com
caráter regional foram realizados na área, até
os dias de hoje, não se pode dizer que os Os levantamentos arqueológicos na
conhecimentos a respeito dos paleoambientes região de Rio Claro
da região de Rio Claro tenham sofrido um
avanço muito significativo. Algumas datações Segundo Altenfelder Silva (1967, 1968). á
de C 14. feitas a partir de fragmentos de carvão região que compreende Rio Claro e
encontrados imersos em solos coluviais, há muito interessou pesquisadores e
começaram a ser realizadas a partir da década nadores devido à abundância de material
de 80. Tais datações estão sendo encaradas arqueológico, princ.ipalmente material lítico
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lascado. Peças provenientes da região engros- região, inserido dentro da Depressão Periféri-
saram coleções de particulares e atraíram ca, apresenta colinas suaves com desníveis
arqueólogos amadores, sendo, inclusive, a que não ultrapassam 40 a 60 m, formando um
falsificação de peças urna "atividade lateral verdadeiro corredor no sentido N-S. No
compensatória". A prospecção mais sistemáti- sentido E-W, o "caminho natural" seria o eixo
ca teria sido iniciada por Altenfelder em 1959, fluvial representado pela bacia do Rio Tietê,
pela Cadeira de Antropologia, Etnologia e localmente reforçado pela presença do Rio
Arqueologia da Faculdade de Filosofia, Piracicaba.
Ciências e Letras de Rio Claro. Em 1965, Maria O panorama inicial traçado por Altenfelder
C. Beltrão iniciou um projeto de levantamento dá conta de basicamente duas classes de
arqueológico paralelo na região. No ano de vestígios arqueológicos na região: sítios
1966, Altenfelder Silva insere-se formalmente líticos, caracteIizados por serem amplos e
dentro do Programa Nacional de Pesquisas numerosos, e sítios cerâmicos, em número mais
Arqueológicas (PRONAPA), sob a coordena- reduzido. Dada a maior facilidade com que
ção dos arqueólogos norte-americanos Betty geralmente são identificados sítios cerâmicas,
Meggers e Clifford Evans. Posterioffilente, O é de se supor que a estimativa do autor seja
projeto de levantamento desvinculou-se do válida no que conceme ao tipo e à intensidade
PRONAPA. O responsável pelos trabalhos da ocupação pré-colonial na área.
seria Tom O. Miller Jr., então professor assis- Apesar do reconhecimento da existência
tente da Faculdade de Filosofia, Ciências e de sítios líricos bastante amplos, Altenfelder
Letras de Rio Claro. As etapas de prospecção sugere que os mesmos seriam representativos
realizadas por Miller Jr. entre os anos de 1965 e de ocupações rápidas, "( ...) sugerindo em
1967 abrangeram os municípios de Rio Claro. alguns casos tratar-se mais de campo de
Ipeúna, Charqueada, ltirapina, Cordeirópolis e POI/SOpara sortidas de caça que habitações
Piracicaba, resultando na detecção de 97 sítios permanentes." (Altenfelder Silva 1968:160).
arqueológicos. Um dos fatores que levou o autor a esta
Seguindo uma linha de pesquisa que pode conclusão foi a pequena espessura das
ser considerada bastante atual, e que infeliz- camadas arqueológicas, que não ultrapassari-
mente não foi muito aplicada na Arqueologia am trinta centímetros. Trabalhos subseqüentes
brasileira de um modo geral, Altenfelder realizados por Miller Jr, publicados Oliginal-
justifica a inexistência de escavações sistemá- mente na Tese de Doutoramento do autor
ticas por parte da equipe da FFCL de Rio Claro (Miller Jr. 1967) e posteriormente em outras
pelo fato de ser necessário primeiramente o publicações (Miller Jr. 1969a, 1969b, 1969c,
entendimento do panorama arqueológico da 1972), não favorecem a hipótese de os sítios
região, o que só seria feito por meio de um líticos da região de Rio Claro representarem
amplo trabalho de prospecção, uma vez que o ocupações tão rápidas, ou que fossem produto
"( ...) trabalho de escavação implica na de populações que estavam "de passagem":
destruição (...) e somente deve ser realizado
"O 11Iímerode sítios nos horizontes
(...) para salvá-lo [o sítio] de uma destruição
já iniciada 011 inevitável. ou para responder líticos não tem que significar migrações;
um problema específico que não poderá ser pode, antes, significar ocupação intensiva da
resolvido de outra forma." (Altenfelder Silva região por U111 povo, durante 111uitOtempo."
1968: 158). (Miller Jr. 1968:40).
Alguns sítios apresentaram materiais
O panorama arqueológico inicial líticos em abundância; além disso, sabe-se
hoje que a espessura de uma camada arqueoló-
Os primeiros trabalhos de síntese e de gica é mais relacionada a processos de forma-
tentativa de correlação foram publicados por ção de sítio do que à duração da ocupação
Altenfelder (1967, 1968), que entendia a região propIiamente dita (não tomando exemplos
como área de passagem e confluência de extremos como Tróia ou Jericó, bem entendi-
caminhos naturais. Com efeito, o relevo da do). Pode-se aventar, quando muito, a hipóte-
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pontas de projétil. Posterionnente, o autor Monjolo Velho (Miller Jr. 1972:73), caracteriza-
admitiu que existem problemas de interpretação da pela predominância quase exclusiva de uma
no tocante à chamada téCIÚcabipolar; as "lascas tecnologia de aproveitamento de seixos,
côncavas" e os respectivos "núcleos globu- plaquetas e cristais em estado natUral, fendi-
lares" ou "bolás" resultantes poderiam não ser dos ou com retoques marginais. Espatifamento
produtos de lascamento bipolar, e sim de e lascamento seriam raros. Os artefatos
alteração térmica. Outrossim, experiências de apresentariam tamanhos reduzidos.
lascamento com o núcleo parcialmente enterrado Um outro grupo de sítios apresentaria uma
no solo e aplicação tangencial do golpe de indústria ainda menos elaborada, com a utiliza-
percussão podem resultar em lascas côncavas ção de seixos, plaquetas e blocos naturais de
semelhantes às encontradas na região (Miller Jr., vários tamanhos, com um inventário tecno-
comunicação verbal).3 lógico ainda mais restrito do que o da Fase
A fase arqueológica seguinte, denominada Mcinjolo Velho.
Fase Santo Antônio, seria tecnologicamente O autor realizou também vistorias em sítios
embasada no espatifamento, mas apresentaria arqueológicos nos muniCípios de Conchas,
ênfase considerável na percussão direta com Anhembi e Laranjal Paulista, encontrando
percutor duro. Implementos de tamanho médio material lítico que "mostra essencialmente a
a grande, com grande freqüência de facas e mesma situação que observamos liO norte do
raspadores, apresentando também chopping Rio Tietê" (Miller Jr. 1972:60), o que represen-
tools, plainas etc .. Pontas de projétil possivel- taria uma extensão de pelo menos 100 quilôme-
mente fariam parte desta fase, embora não tros, na direção sul, das tradições e fases
tivessem sido encontradas in situo reconhecidas para a região de Rio Claro.j
Postcrionnente, teríamos a Fase Marchiori, Posterionnente, segundo Prous (1992), a
caracterizada por predominância da percussão chamada Tradição Rio Claro foi englobada no
direta com percutor duro, com baixa freqüência que se define atualmente como "Tradição
de espatifamento. Presença de pontas de Umbu",6 sendo mantidos, porém, os nomes
projétil e machados de pedra polida.4 Maior das fases. Já a Tradição lpeúna foi incluída na
freqüência de facas do que a fase anterior, e denominação genérica das "indústrias de
menor freqüência de raspadores. lascas sem pontas de projétil", sendo mantida
Finalmente, a última fase da TradiçãO Rio a Fase Monjolo Velho.
Claro seria a Fase Pitanga, apresentando
variedade de técnicas de lascamento, com Cronologia
predomínio de percussão direta com percutor
duro e macio, incluindo percussão indireta. Os Confonne dito anterionnente, a cronologia
artefatos desta fase apresentariam característi- das ocupações pré-coloIÚais para a região de
cas mais fonnais, com retoques ao longo dos Rio Claro foi feita principalmente levando em
bordos, peças trabalhadas bifacialmente, conta o posicionamento estratigráfico dos
incluindo formas foliáceas, ovóides e pontas níveis arqueológicos. Esta abordagem foi
de projétil, estas últimas em freqüência superi- possível devido ao avançado estágio dos
or à fase anterior. Continua a presença de estudos de geologia e geomorfologia da região
artefatos de pedra polida. e, sobretudo ao caráter de multidisciplinari-
Para a Tradição lpeúna, foi definida pelo dade adolado pelos pesquisadores envolvi-
autor apenas uma fase, denominada Fase dos, que transparece nos artigos escritos na
época.
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percutores duros (pedra), e, posteriormente, sas, o que não foi inteiramente possível. Porém,
percutores moles (...)." (Miller Jr. 1972:75). ainda a tempo de serem publicadas no último
No caso da Tradição lpeúna, o cOIitexto artigo-síntese (Miller Jr. 1972), o autor apresen-
seria menos claro, dada a própria característica tou algumas dataçôes de C-14 feitas para o
pouco sofisticada dos artefatos. Em verdade, componente Santa Rosa m (portanto, Tradição
foi observada uma certa interrupção na Rio Claro, Fase Santo Antomo). Das datas
evolução proposta para a indústria lítica. A- obtidas, apenas a mais antiga foi aceita pelo
Fase Santa Rosa, anterior a Monjolo Velho, autor, que considerou as outras inconsistentes e
apresentaria grande semelhança à Fase Santo provavelmente sujeitas a contanünação. Este
Antonio, posterior a esta última, colocada em argumento foi baseado em uma correlação que,
outro nível estratigráfico. Ao quadro de se com os conhecimentos da época poderia ser
evolução técnica, o autor acrescentou um viável, hoje parece um tanto frágil: o componente
quadro paleoarnbiental e propôs um modelo Santa Rosa m estaria dentro da Fase Santo
hipotético para ser testado e orientar os . Antomo, que, por sua vez, seria correlacionável
trabalhos de campo. Assim teríamos, resumida- ao paleopavimento (linha de seixos) superior,
mente, a seguinte seqüência de eventos que, por sua vez, teria a mesma faixa de idade do
(Miller Jr.,1969b): terraço de várzea ..Dado o fato de que um terraço
de várzea teria sido datado no Paraná em 2.500
1) Ambiente de estepe ou savana, tempera-
tura alta, favorável à caça. Tradição "ecologica-
a.C., a úmca data plausível para Santa Rosa m
mente livre" (segundo Haury 1956, apud Miller seria a data mais antiga, de 4.53~290 AP (3.330/
lr. 1969b), representáda no nível (componente) 3140 a.C.).7 Na verdade, as datações para Santa
Santa Rosa I. Rosa m parecem coerentes, uma vez que as
2) Mudança climática, aumento da idades radiocarbônicas vão aumentando com a
umidade, expansão da floresta, diminuição da
biomassa, especialmente caça de grande porte.
profundidade (vide Tabela). Outro fator a ser
Tradição de caçadores torna-se incompatível levado em consideração é que não existe Uma
com as condições ambientais, torna-se "ecolo- correspondência direta entre as linhas de seixos
gicamente presa", resultando em uma adaptação ("paleopavimentos") e fases climáticas mais
à vida florestal e empobrecimento do inventá- secas. Sabe-se hoje que processos distintos
_ rio .lítico, resultando em uma "tradição em
redução" (Haury op. cit.), representada pela podem levar à formação de tais linhas.
Tradição Ipeúna. Parte da população teria saído No tocante à organização da tecnologia,
da região. hoje sabem?s que é muito problemático dividir
3) Volta às condições climáticas mais secas, sítios arqueológicos em classes cronológicas
condições' de erosão formadoras da linha de com base em atributos tecnológicos, como o
seixos inferior, onde foram depositados os
artefatos da Tradição Ipeúna (Fase Monjolo tipo de lascamento (se por percussão direta,
Velho). Nestas condições, Monjolo Velho seria por espatifamento etc.), ângulos de gume ou
uma tradição "ecologicamente presa", que tamanhos de artefatos. Sítios de atividades
encontrou situação ambiental incompatível e específicas podem apresentar um inventário
desapareceu da região. Descendentes da popula- bastante distinto de sítios habitação, mesmo em
ção que abandonou a área no estágio anterior,
representada em Santa Rosa I, voltam à região se tratando de uma mesma população. Outros-
formando a Tradição Rio Claro. sim, pode ser que em longo prazo tais tendênci-
4) Continuidade da Tradição Rio Claro, as de variação na freqüência de atributos sejam
passando por mudanças representadas pelas fases realmente significativas. Independente de tudo,
descritas anteriormente, até aproximadameitte O mérito de Miller Jr. residiu em organizar,
2.500 anos AP, qu;mdo o clima volta a se tornar
úmido, resultando na redução da tradição. Depois
publicar e justificar suas observações, além de
montar bancos de dados com vista a uma
disso, os agricultores teriam adentrado a região,
portando uma tecnologia mais compatível com posterior informatiiação, novamente demons-
os recursos disponíveis.
A validade do esquema cronológico e
evolutivo proposto pelo autor poderia ser 7) Todas as datas calibradas dadas em parênteses
testada por meio de datações absolutas (C-14, (a.C.) foram calculadas segundo Stuiver & Reimer
tennoluminescência) e continuidade das pesqui- 1993.
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.TABELA
Datas obtidas para sítieis da região de Rio Claro
(componente_ Ill)
Sítio -
Beltrão
2.510
Uchôa±9O
5.350±120
Morais
Data
Miller
Muler
MiJIer
4.140
2.190
et
Ir.
Jr.
Ir.
±345
185
6.160 ±180 AP-
1988
1975
Referência
Idade
MilIer APai.
~
4990
1972
760
1972 1983
2.860
.350
5.070
±calibrada*
1982
AP14.583
4.230
3.330aa.C.
1.940
APAP 6002.630
a.C.
4.180
a550
3.140
a.C.
(TL)
3.080 :1:455AP(50 cm prof.)
a.C. a.C.
1.380 a 1.320 a.C.
14.200
prof.) ± 1.150 AP
mTL)
m prof.)
prof.)
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informações adicionais -
abrigos rochosos e arte rupestre
(
grupo de espeleólogos liderado
por Guy C. CoIlet, que encontrou
uma série de abrigos rochosos
com gravuras e pinturas rupestres
nos municípios de Analândia, O
Ipeúna e Corumbataí. Em um
destes abrigos, denominado
"Abrigo da Glória" (Collet 1980),
o grupo de espeleólogos chegou
a realizar uma sondagem. O
Abrigo da Glória é uma cavidade
arenítica localizada no Município
de Ipeúna, e suas coordenadas
~
aproximadas são 22° 26'08"S e 47°
47' 40"W. De grandes dimensões,
o abrigo apresenta 55 m de
comprimento total, e altura média
de 6 a 8 m, com abertura voltada
para o norte. A sondagem
realizada em uma área considera- / I, I(
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•
-
,.-
.. Figs. 2 e 3 - Abrigo do Alvo - Analândia, SP. Croquis de gravuras rupestres, sem escala
exata. Medida aprOJ.imada 1,00 x 1,30 m. Modificado de ColIet 1981.
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•
• ••• ••
" •.•....•..•
e o •
Fig. 4 - Abrigo do Alvo - Analândia, SP. Croqui de gravura rupestre, sem escala exata.
Medida aproximada 1,00 x 1,30 m. Modificado de Collet 1981.
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-.:86sÍlÍos encontrados até então, com as Este (des)caso poderia servir como ponto de
"rc~ectivas descrições e croquis de localização. partida para uma reflexão a respeito da efeme-
Silasoutras publicações apresentam tabelas de ridade do que julgamos eterno (as coleções
':lassificação do material lítico, indo além da arqueológicas, os artefatos' inter-relacionados
trndIcional listagem de tipos e freqüências. É compondo um conjunto), da 'necessidade de se
. pôs~ível que esta documentação cuidadosa publicar algo além de notas prévias e descrições
',~~asido tudo o que restou do patrimônio sucintas, e de nossa própria impennanência
ámheológico recuperado ao longo de quase uma como guardiões de um patrimônio que, se não
for inculcado no imaginário popular como algo
, ..~à de trabalhos na região de Rio Claro, uma
importante, dificilmente escapará incólume à
_:;'ezque não se sabe quantos dos sítios identifi-
.!~g~spodem ainda existir. ignorância de administradores despreparados.
ARAUJO. A.G.M. Archaeology from Rio Claro region: a synthesis. Rev. do Museu de
Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 11: 125-140,2001.
Referências bibliográficas
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