Professional Documents
Culture Documents
• SENSORIAMENTO REMOTO
• AGRIMENSURA.
DISCIPLINA: GEOCIÊNCIAS
GOIANIA - 2008
1
I. INTRODUÇÃO E CONCEITOS
I.1. INTRODUÇÃO:
Ao longo da história o solo tem sido um elemento bastante familiar ao homem, que
dele sempre dependeu para satisfazer as suas necessidades básicas de locomoção, abrigo e
alimentação. Assim, os conceitos de solo são quase tão variados quanto às atividades
humanas que nele se desenvolvem e, sem dúvida, cada indivíduo tem uma concepção mais
identificada com suas próprias atividades e interesse, mas, quase sempre, muito pouco
relacionada com o conhecimento da natureza do próprio solo. (Moniz).
Antes de abordarmos com detalhes as múltiplas fases da Ciência do Solo, convém
considerar de uma maneira mais ampla e crítica ao mesmo tempo, este corpo natural que é
o solo.
O conceito vulgar, de o solo ser a capa mais superficial do Globo Terrestre, é tão
antiga como a própria humanidade. As múltiplas guerras existentes desde os tempos idos,
sempre visaram as suas conquista, pois é dele que os povos tiraram a sua subsistência e
onde sempre temos vivido.
A importância de seu estudo está intrínseca a várias especialidades, como as
diversas engenharias, a geologia, aos botânicos, aos ambientalistas etc.
Muitas foram às opiniões surgidas sobre o comportamento do solo. A que considera
como mero sustentáculo das plantas é uma das muitas que aparecem quando o homem
começou a interessar-se pelos problemas de fertilidade. Filósofos, químicos, alquimistas,
físicos e geólogos, todos prestaram a sua colaboração neste estudo complexo, procurando
2
explicar os numerosos segredos do comportamento do solo em relação ao desenvolvimento
das plantas, mas nenhum deles o apreciou como um corpo independente.
O solo tem sido estudado e interpretado diferentemente à medida que os
conhecimentos, sobre tão complexo problema, evoluem. O conceito estritamente científico,
no entanto, surgido somente a poucos decênios atrás, tem provocado uma multiplicidade de
interpretações e com isso um número muito grande de definições discordantes. Isto
naturalmente decorre da complexidade da própria ciência, visto requerer profundos
conhecimentos que abrangem desde a gênese do solo até o mecanismo da alimentação
vegetal, estendendo-se por vasto campo científico, que vai desde a Geologia até a Biologia
(Vieira).
O homem depende do solo, e, até certo ponto, bons solos dependem do homem e do
uso que deles faz. Solo é substância natural em que crescem os vegetais. O homem desfruta
e utiliza estes vegetais, quer por causa de sua beleza, que por sua capacidade para fornecer-
lhe e a seus animais domésticos fibras e alimentos.
O apogeu e o declínio das civilizações estão ligados em função de suas relações e
manuseio do solo e seus recursos naturais.
I.2. CONCEITOS.
3
1. Segundo Brady, nem sempre as características comuns da natureza são bem
compreendidos ou apreciados. Para muitos, o solo representa estas características. Podem
ser encontradas quase em toda parte e tem aparentemente acompanhado sempre o homem.
Por causa disto, a maioria das pessoas nuca se deu ao trabalho de verificar o que é solo,
suas origens e quais são as suas propriedades básicas. Talvez não tenha sido possível
observar como o solo é diferente num lugar, quando comparado a outro. Certamente,
poucos sabem as razões destas diferenças.
Vários são as definições de solos, está ligado ao interesse e objetivo do olhar de
quem define. Por exemplo, para alguns o “Solo” é tido como a superfície inconsolidada
que recobre as rochas e mantém a vida animal e vegetal da terra. O conceito popular de
“Solo” é de ser a capa mais superficial do Globo Terrestre, é tão antiga como a própria
humanidade.
Para a dona-de-casa, seria a terra que agarra à sola do sapato do seu marido e filhos
e que suja o assoalho de sua casa, ou a poeira que ela precisa espanar e varrer
constantemente, que não lhe dá descanso e causa também problemas.
Para um viajante, é a poeira que lhe fere os olhos e dificulta a visão.
Para o engenheiro de minas, é uma camada de detritos a cobrir as rochas e
minerais que ele busca, é um transtorno a ser removido.
Para o engenheiro construtor, é o material sobre o qual tem que erguer o seu
edifício, mais firme ou menos firme, exigindo menores ou maiores cuidados no
estaqueamento.
Para o nosso objetivo “Solo” é a junção desses elementos e podem nos ajudar a
compreender sua conceituação, como:
. Camada de material não consolidado (solto), assentado sobre a rocha.
. Esse material é constituído de minerais e matéria orgânica (m.o).
. Nos espaços deixados pelas partículas de minerais e matéria orgânica, chamados
poros, ficam a água e o ar.
. A parte mineral é formada de argila, limo, areias, seixos e pedras.
. Pode ter sido originado de rocha sobre a qual se assenta ou então ter outra origem
(ter vindo de outros lugares).
. A matéria orgânica é formada por organismos vivos ou morta e seu restos ou
dejeções.
. Esse material está, geralmente, distribuído em camadas constituindo os perfis.
. Apresenta extremas variações no que concerne a:
-Profundidade
-Cor
-Composição
-Textura
-Estrutura, etc.
4
I. FORMAÇÃO E PERFÍL DO SOLO.
5
objetos de estudo das ciências denominadas de Edafologia, Agrogeologia, Pedologia ou
Ciência do Solo.
Na formação da matéria prima do solo, os materiais que tiveram o seu
enfraquecimento inicial pelos agentes físicos do entemperismo, sofrem transformações
químicas relativamente profundas. Entretanto, o começo real da gênese do solo só se dá
quando for possível o acúmulo de matéria orgânica, tanto dentro como sobre a capa
superficial. Dizem Lyon e Buckman: “Não pode formar-se um verdadeiro solo sem a
presença e destruição de matéria orgânica. A simples alteração física e química das rochas
não deve confundir-se com a formação do solo, de modo então, que os processos
pedogenéticos são de natureza direta e indiretamente biológica”. É, pois quando aos
elementos grosseiros, acumulados pela ação dos fatores intempéricos, se juntam elementos
coloidais, favorecendo assim a instalação dos organismos vivos, que se dá a formação do
verdadeiro solo. Ele é, portanto a resultante do trabalho que ao dispersar os produtos de
destruição das rochas, formam, o que no conceito de Wiegner é o “sistema coloidal
heterogêneo”. O solo juntamente com a atmosfera e a água constitui a base fundamental em
que se apóia a produção das plantas cultivadas ou da vegetação espontânea, se bem que
algumas podem desenvolver-se em soluções nutritivas.
6
A formação do solo segue um verdadeiro ciclo no qual o sistema solo aparece como
um dos estados de aparente equilíbrio. Este ciclo evolutivo é constituído por fases distintas,
no qual a primeira corresponde a formação da matéria bruta – a massa do solo – e a
segunda, a conversão deste material no verdadeiro solo. Na primeira fase temos os
processos de intemperização: desintegração, decomposição e recomposição das rochas e
minerais, onde há liberação de energia, muitas das quais exotérmicas; e na segunda, com o
aparecimento da vida, a pedogênese, ou a formação do solo.
Do exposto, deduzimos ser o aparecimento dos microorganismos o ponto de partida
para que o material, até então inerte, adquira propriedades fortemente dinâmicas,
representadas por um conjunto de reações que constituem um processo natural evolutivo.
Dependendo do material, temos a formação de duas frações coloidais: uma de origem
mineral e outra orgânica, constituindo um conjunto complexo, no qual as fases líquidas,
sólidas e gasosas reagem entre si, mantendo-se em equilíbrio com o meio ambiente.
A fase sólida é representada por duas frações, uma mineral e outra orgânica. A
mineral – partículas de dimensões variadas – constitui o resultado da decomposição das
rochas e minerais pelos agentes intempéricos; e a orgânica, formada por detritos de origem
animal e vegetal decomposto, em vários estágios de decomposição ou mesmo pelos
próprios organismos vivos.
A fase líquida é formada pela água do solo que se movimenta ou pára entre as
partículas sólidas.
Finalmente a fase gasosa, que como a água, ocupa os poros, ou seja, os espaços
entre as partículas sólidas.
O solo nada mais é do que a resultante da ação conjunta dos agentes intempérico
sobre restos minerais depositados e enriquecidos de detritos orgânicos. É, portanto, um
processo natural de acumulação e evolução dos sedimentos minerais, aos quais se vão
juntando lenta e progressivamente restos e produtos orgânicos, pois a sua formação tem
início no momento em que as rochas entram em contato com o meio ambiente e começam a
sofrer transformações. Com uma intensidade que é função do meio, a rocha e seus minerais
são submetidos à ação dos agentes do meio, a rocha e seus minerais são submetidos á ação
dos agentes do intemperismo, tocha esta às vezes inicialmente compacta que se transforma
lentamente em fragmentos cada vez menores, os quais vão se acumular nas encostas,
baixadas ou mesmo sobre o próprio material de origem. É sobre este material geológico
alterado, denominado de material parental, que se desenvolve o verdadeiro solo, resultante
da ação das forças pedogenéticas.
Na formação do solo, a sua matéria prima tem origem da transformação de ordem
física e química operada nas rochas da litosfera. Os materiais primitivos sofrem
inicialmente, processos de hidratação e hidrólise, originando produtos secundários e
conforme o processo evolui, há desaparecimento de quase todos os minerais primários,
ficando somente em substituição, sesquióxidos e silicatos mais ou menos hidratados de
formação secundária, os quais, se recristalizados, originam argilas fortemente coloidais.
7
Não sabemos até que ponto prossegue os processos geológicos de destruição,
transporte e deposição dos materiais alterados pelo intemperismo, pois os mesmos
continuam através dos processos pedogenéticos, criando condições ao desenvolvimento da
vida orgânica.
Um solo verdadeiro não pode se formar sem que haja no material, a presença e
decomposição da matéria orgânica. A simples alteração física e química da rocha não deve
confundir-se com solo, o que deixa claro, serem todos os processos de sua formação, de
natureza direta ou indiretamente biológica. Ele é então um corpo natural, com
características próprias e marcantes, diferentes do material de origem. É como diz Vieira
citando Lyon e Buckman “a parte superior da litosfera alterada e biologicamente
modelada”.
O seu aparecimento começa, na realidade, quando aos detritos mecânicos
acumulados se juntam substâncias coloidais, favorecendo assim a instalação e fixação dos
organismos vivos. É necessário o aparecimento da matéria orgânica, proveniente da vida
animal e vegetal da superfície terrestre, para que a massa mineral passe a funcionar como
solo. Sem isto, qualquer rocha finalmente pulverizada poderia ser tida como solo, mas na
realidade ai as plantas não se desenvolvem normalmente.
Não há, como conseguinte, uma nítida separação entre a geologia e a pedologia,
pois os processos genéticos caminham sem solução de continuidade através dos processos
pedogenéticos, daí se considerar a formação do solo em duas fases: a gênese pertencente a
geologia, que estuda a destruição das rochas, transporte e a deposição dos materiais
alterados; e a pedogênese, da alçada da ciência do solo ou pedologia, que engloba os
conhecimentos referentes aos fatores e as reações que contribuem para a transformação da
matéria mineral, resultante dos processos genéticos, em solo e sua posterior evolução.
8
II. 3. AGENTES FORMADORES DO SOLO.
O que significa ser a formação do solo resultante da ação combinada desses fatores,
os quais podem agir intensa e concomitantemente.
9
II. 4. NOMENCLATURA DOS HORIZONTES.
10
FIGURA – PERFÍL HIPOTÉTICO DO SOLO.
11
atividade biológica e que está mais sujeito às variações de temperatura e umidade. Está
dividido em:
A1 – Horizonte com alto teor de matéria orgânica profusamente misturada com
matéria mineral, usualmente de coloração escura. Esta é a primeira divisão do verdadeiro
solo, enquanto que os anteriores são somente camadas de acumulação de restos orgânicos.
É o horizonte do solo de máxima atividade biológica e que está mais sujeito às variações de
temperatura e umidade.
A2 – Horizonte geralmente de coloração mais clara que o A1 em virtude da
diminuição do conteúdo de matéria orgânica com a profundidade e perda de argilas
minerais, de ferro e de alumínio.
A3 – Horizonte de transição entre o A e o B, com características mais próximas do
A.
A/B – Horizonte transicional entre o A e o B que tem sua parte superior dominada
por propriedades do B, e onde as duas partes não podem ser separadas convenientemente
em A1 e B1. Estes horizontes combinados são geralmente pouco espessos.
A e B – Horizonte que deveria ser classificada como A2, mas que não o é por
incluir partes, com menos de 50% do volume que seria classificado como B.
AC – Horizonte transicional entre o A e o C e que possui propriedades subordinadas
tanto ao A como ao C, mas que não está dominado nem por uma nem por outra.
Rocha R – Representa a rocha inalterada, que pode ser ou não a rocha matriz do
solo acima desenvolvido.
12
Observem a foto que mostra o perfil do SOLO, demonstrando os seus horizontes.
13
unidos. Por conseguinte, a decomposição química das partículas minerais se faz como
conseqüência da ação dissolvente da água e por intermédio de reações entre as substâncias
nelas dissolvidas e em suspensão, como por exemplo, o anidrido carbônico, o oxigênio,
álcalis e ácidos orgânicos. Algumas dessas reações chegam a processar-se a profundidade
de 10m ou mais, o que vem demonstrar a sua importância na formação da crosta de
intemperização e, por conseguinte nos processos de formação do solo.
Antes do aparecimento da vida orgânica sobre a terra, as rochas e minerais já eram
submetidos a esses processos destrutivos. Não havendo manto vegetal, encontrando-se, por
conseguinte, desprotegida a superfície do Globo, os processos erosivos transportavam
constantemente as partículas intemperizadas, trazendo como conseqüência uma penetração
progressiva dos agentes naturais na crosta em erosão. Após a formação dessa matéria prima
de origem mineral, as transformações locais, sejam decorrentes da decomposição “in situ”
da rocha matriz ou de depósitos de materiais erodidos e transportados, constituem
fenômenos que recebe a designação geral de PEDOGÊNESE, a qual subentende o
desenvolvimento do perfil com suas camadas mais ou menos distintas, denominadas de
horizontes.
No período de formação e evolução do solo, esta zona de intemperização,
denominada de REGOLITO, já possui condições para a subsistência de certas espécies
animais e vegetais, capazes de subsistirem à natureza inóspita do solo ainda em fase inicial
do seu desenvolvimento. É aí que começa o efeito decisivo dos seres vivos na sua
formação, muito embora de início, compreendam as simples ações de uma microfauna e
microflora reduzida. O aparecimento desses elementos rudimentares da biosfera constitui o
marco de partida para a criação do solo, não só contribuindo para ativar as ações físicas e
químicas da intemperização dos minerais, mas, particularmente para confirmar a lei natural
que a cada ação – processo destrutivo das rochas – corresponde uma ação – a formação do
solo. Os primeiros organismos a aparecerem são os liquens, que podem viver sobre a rocha
viva, a seguir aparecem os fungos, algas e bactérias. Nessa oportunidade a movimentação
da água e do ar através do perfil, mantém a continuidade dos processos intempéricos,
concorrendo para a desintegração progressiva da rocha primitiva e formação de suas argilas
minerais – a fração ativa do solo. Com o passar dos tempos, as ações conjugadas dos
fatores formativos do solo, intensificam os processos biológicos criando pouco a pouco
condições favoráveis ao aparecimento das plantas herbáceas, matas de raízes
dominantemente superficiais, às quais associam-se posteriormente vegetais de exigências
maiores, até o aparecimento de bosques e florestas. Como conseqüência da sucessão de
tipos vegetais sobre a matéria mineral, há aparecimento de restos orgânicos que pela
decomposição originam produtos residuais, bem como produtos intermediários, que irão
tornar a matéria coloidal orgânica do solo – HUMUS.
Na parte mais superficial da litosfera, seja ela formada pelo transporte de partículas
oriundas da circunvizinhança ou da bacia hidrográfica ou pela intemperização “in situ” da
rocha subjacente, tem lugar fenômenos de migração de partículas e de compostos químicos
que irão se depositar mais abaixo na chamada zona de acúmulo.Não havendo erosão capaz
de retardar ou impedir esses fenômenos naturais, a evolução da zona de intemperização
continua normalmente, culminando com a formação do perfil modal.
14
II. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS SOLOS.
A parte cheia, formada pela matéria orgânica e matéria mineral, ocupa mais ou
menos 50% do volume do solo. Por entre as partículas minerais (pedras, seixos, areias,
limo e argila) e a matéria orgânica ficam vazios; são os poros que ocupam
aproximadamente 50% do volume.
Pode-se dizer, apenas para efeito de orientação, que a parte mineral do solo ocupa
mais ou menos 45% do volume, a matéria orgânica 5%, a água 25% e o ar 25%. A parte
mineral tem sua origem nas rochas e é formada por partículas de vários tamanhos. A argila
é a menor delas (tem menos de 0,002 milímetros de diâmetro); além de ser a menor é
também a mais ativa. As outras partículas minerais são praticamente inertes, isto é, não tem
capacidade de fornecer, embora tenham os nutrientes às plantas. É dessas partículas, as
argilas, que a planta retira, através da solução do solo, o fósforo, potássio, cálcio, enxofre,
manganês, magnésio, zinco, ferro, boro, molibdênio, cobre e cloro. O nitrogênio 13º
nutriente, é orgânico, não é constituinte das argilas.
15
A matéria orgânica, formada por resíduos vegetais e animais, às vezes já
decompostos e incorporados; são ramos, frutos, folhas, flores; são animais, de vários
tamanhos e formas, mortos e às vezes já apodrecidos e incorporados.
Normalmente a quantidade de matéria orgânica diminui à medida que se aprofunda
no solo; o subsolo quase não tem matéria orgânica e ela, praticamente, inexiste no material
original ou na rocha bruta.
O enriquecimento do solo em matéria orgânica se dá de cima para baixo. A
quantidade de matéria orgânica é variável; nas turfeiras chega a 70% ou mais; nos solos de
mata a 6 ou 7%; nos terrenos muito cultivados baixa a 2 ou 3%.
A matéria orgânica torna o solo poroso, fofo, solto, escuro, fresco, cheiroso; ela
retém a umidade, forma galerias e enriquece o solo em nutrientes, muito especialmente o
nitrogênio.
A matéria orgânica dá vitalidade aos solos.
Os poros – 50% do volume do solo – estão cheios de água e de ar, formando a
atmosfera e a água ou solução do solo.
Mais ou menos 25% dos poros é ocupado pelo ar e 25% pela água. Nos solos de
baixada, de brejo, ou depois das chuvas (quando o solo está bem molhado) a água preenche
grande parte dos poros. Nos solos de encosta, nos períodos de seca, quando os solos têm
pouca água os poros estão quase todos ocupados pelo ar.
Esse é o mecanismo: quando a água entra, expulsa o ar; quando sai, cede lugar ao
ar.
A água do solo ou solução do solo é mais rica em sais; ela se encontra em
permanente movimento. Por ocasião de uma chuva ela caminha descendente (para baixo) e
lateralmente. Quando para de chover, além dos movimentos para baixo e laterais, ela se
movimenta ascendentemente (evaporação e transpiração).
A água é um constituinte essencial de todas as células; entra nas suas composições
em quantidades variáveis; na semente do amendoim com 3%, e na melancia, pepino,
chuchu, alface com mais de 90% ou 95%.
Ela existe sempre em maiores quantidades nos órgãos jovens e também nas plantas
novas.
A água é absorvida pelas raízes e expelida pela transpiração através das folhas; é
também evaporada diretamente do solo. A planta precisa retirar grandes quantidades de
16
água do solo para “fazer” os seus tecidos; normalmente as plantas precisam retirar do solo
de 300 a 1.000 litros de água (solução do solo) para cada quilo de matéria seca que forma
(algumas hortaliças precisam 2.500 litros ou mais para formar um quilo de matéria seca);
um cafeeiro pode retirar do solo e posteriormente lançar (transpirar) para a atmosfera 15 ou
20 litros de água por dia, nas regiões quentes de São Paulo – (dias quentes solos úmidos,
etc.).
A planta retira a água, onde estão dissolvidos os nutrientes, fixa-os, e expele-a na
transpiração, pelos estômatos foliares.
Há, no solo, um limite ideal de água para as plantas. Água em demasia pode ser tão
prejudicial quanto a sua falta. A planta precisa de água, mas precisa também de ar. Num
solo alagado, em que os poros estão tomados pela água, a planta morre asfixiada (afogada);
as raízes apodrecem e a planta morre.
- Água higroscópica
- Água capilar
- Água gravitacional
17
A água gravitacional, ou, ainda, água supérflua, existe, principalmente, depois das
chuvas saturando o solo e se perde por gravidade.
Imaginemos um vaso com terra, colocado por muitas horas no sol. Nessa terra só
tem (praticamente), água higroscópica. Se colocarmos água em excesso (além daquela que
a terra pode reter) ela sairá por baixo. É o excesso, a água de gravidade ou supérflua.
Depois de alguns minutos, toda a água de gravidade terá saído, ficando o solo úmido. Aí
estarão a água higroscópica (que já se encontrava na terra) e mais a água capilar.
A água aproveitada pela planta é a água capilar. Quando ela existe em quantidades
muito pequenas ou inexiste, a planta murcha.
18
A quantidade de ar está na dependência da porosidade e quantidade de água; a
possibilidade de renovação depende da textura, da estrutura e do grau de compactação. A
renovação do ar do solo evita uma concentração exagerada de carbono (que é prejudicial) e
permite manter um nível ideal de oxigênio.
O ar do solo apresenta algumas diferenças do ar da atmosfera exterior.
Normalmente, tem:
III. 2. TEXTURA
Cascalho >2
Areia 2 -0,2
grossa
19
OBS:
De acordo com a textura um solo pode ser definido de acordo com o percentual de
partícula variável, denominada de classes:
Além dessas três classes principais, existem o que se chama de classes secundárias,
como: muito argiloso, areno-argiloso, limo-argiloso, areno-barrento, etc.
Os solos arenosos são também denominados solos leves e os argilosos solos
pesados (os termos leves e pesado não se referem ao peso do solo, mas, à facilidade com
que são trabalhados).
Os solos arenosos são permeáveis e soltos; mais sujeitos ao arrastamento pelo vento
e pela água; mais facilmente levados pelas águas de infiltração; queima maior quantidade
de matéria orgânica (devido a uma maior aeração); normalmente não se encharcam; podem
ser desde altamente férteis a extremamente pobres.
Os poros são grandes (são pouco porosos, mas muito permeáveis), favorecendo o
movimento do ar e da água. Exige cuidados especiais, sobretudo no manejo da matéria
orgânica (muito importante para estes solos) e no controle a erosão. Devem-se evitar as
queimadas e os excessos de lavras (arações e gradagens); evitar cultivar as glebas muito
caídas; fazer as rotações de culturas.
Os solos argilosos são pesados, liguentos, agarram-se aos implementos agrícolas,
encharcam-se facilmente e quando secam ficam duros e racham muito. As maiorias dos
seus poros são pequenas (microporos) e por isso são muito porosos (50% ou mais), pouco
permeáveis, mal drenados, pouco arejados, empedram muito.
Os solos argilosos são mais frios (porque retêm mais umidade); neles as raízes
desenvolvem-se menos e irregularmente.
Os solos limosos ou barrentos apresentam condições médias entre os argilosos e os
arenosos.
A textura é uma característica do solo que não pode ser alterada (um solo arenoso
será arenoso, não poderá ser transformado em solo argiloso); ela depende, em grande parte
da rocha original e dos processos de formação do solo.
A textura está diretamente vinculada a uma série de outras características do solo,
principalmente à permeabilidade, coesão, porosidade e estrutura, e é de grande importância
20
no estudo do manejo dos solos. A cada dia que passa ganha maior destaque no estudo dos
solos. É, sobretudo na superfície das partículas minerais mais finas (argilas principalmente)
que se processam o fenômeno fundamental da nutrição vegetal.
III. 3. ESTRUTURA.
A estrutura não é como a textura, uma característica imutável; ela pode ser alterada, e
deve ser, quando, não sendo boa, cria dificuldades para o desenvolvimento das plantas.
Quando um solo está muito solto, pulverizado, desagregado (solos arenosos), deve-se
aplicar matéria orgânica. Ela aglutinará (agrupará) as partículas. Quando a estrutura estiver
excessivamente adensada e compactada, comum nos solos muito argilosos, deve-se usar
uma série de artifícios, dos quais podemos citar:
21
O movimento freqüente de máquinas e implementos muito pesado tende a tornar o
solo muito compacto; as arações feitas sempre a uma mesma profundidade podem dar
origem ao que se chama “piso de arado”, região ou camada do solo endurecida e
impermeável que dificulta o movimento do ar e da água e o desenvolvimento das raízes.
OBS: Quadro demonstrando a relação entre Textura e Estrutura, ou seja, Tipo de Solo
e Características e os métodos para o melhoramento.
III. 4. – POROSIDADE.
22
quantidade de matéria orgânica diminui, que os horizontes se tornam mais adensados, a
porosidade diminui.
Podem-se distinguir, no solo, dois tipos de poros: os macroporos e os microporos. Os
macroporos são os poros grandes e os microporos os poros pequenos.
Nos poros grandes, a água e o ar movimentam-se mais facilmente. Num solo, há
predominância de água nos microporos e de ar nos macroporos.
Os solos que tem grande quantidade de macroporos, como os arenosos, são pouco
porosos e muito permeáveis; dificilmente se encharcam, e, secam com rapidez; são bastante
arejados e laváveis muito sujeitos à erosão, facilmente trabalháveis ( aração, gradeação,
etc.).
Os solos que tem grande quantidade de microporos, como os argilosos, são muito
porosos, mas pouco permeáveis; encharca-se com facilidade; são mais úmidos e frios;
demoram mais para secar e quando secam, racham-se muito e ficam duros e empedrados;
são mais difíceis de serem trabalhados (agarra-se aos implementos); são mais resistentes à
erosão.
III. 5. – PERMEABILIDADE.
É a maior ou menor capacidade que um solo apresenta em deixar passar água e ar.
23
água, que deve encontrar condições de livre movimentação, penetrando com facilidade e
deslocando-se em todas as direções conforme as necessidades.
É verdade, também, que os solos permeáveis são mais laváveis (a água carreia para
longe das raízes os nutrientes) e neles a matéria orgânica é queimada mais rapidamente.
A permeabilidade, normalmente, não é a mesma em todos os horizontes do solo; ela,
geralmente, é menor no subsolo; por isso, é comum encontrar-se solos em que a
permeabilidade e rápida no solo (horizonte A) e moderado ou lento no subsolo (horizonte
B).
Pode acontecer de existir ou formar-se, no solo (superfície) ou no subsolo, camadas
impermeáveis; na superfície são conhecidas como “camadas envidradas” e são removidas
ou destruídas pela escarificação, aração, gradeação, etc.; no subsolo são quebradas ou
rompidas pela subsolagem ou arações profundas.
III. 6. – DENSIDADE.
O peso do solo pode ser expresso em densidade de suas partículas sólidas (minerais e
orgânicas).
Densidade é o peso de um centímetro cúbico de partículas do solo; assim, se um
centímetro cúbico de partículas do solo pesa 2.6 gramas diz-se que a sua densidade é de
2.6.
DENSIDADE POROSIDADE
APARENTE
1 a 1,2 55 a 62%
24
1,6 a 1,8 40%
A diferença entre a densidade das partículas sólidas e a densidade relativa ou
volumétrica é que, na primeira considera-se só a parte sólida (1 centímetro cúbico de
partículas sólidas) ao passo que, na segunda considera-se também a parte vazia ou poros,
que representa 50% do volume do solo.
A densidade é extremamente variável, uma vez que os minerais constituintes do solo
apresentam pesos diferentes (existem minerais mais leves e minerais mais pesados); o teor
de matéria orgânica varia de solo para solo e num mesmo solo, de acordo com a
profundidade (a matéria orgânica é mais leve que os minerais).
No caso da densidade volumétrica, tem grande importância à textura e a estrutura do
solo; os solos argilosos são menos pesados; pode-se dizer que os solos argilosos
apresentam uma densidade aparente que gira em torno de 1,0 a 1,5 ao passo que um
arenoso gira em torno de 1,5 a 1,8. Solo muito compacto (pouco porosos) pode apresentar
densidade relativa superior a 2,0.
Normalmente, à medida que se aprofunda no solo a densidade aumenta.
Para efeito de orientação, pode-se dizer que um hectare (10.000 metros quadrados) de
solo, na sua camada arável (15 – 17,5cm) pesa de 10 a 12 mil quilos.
III. 7. – COR.
Existem solos das mais variadas cores; solos amarelos, solos pretos, vermelho-claros
e vermelho-escuros, cinzas; existem até solos com manchas de várias cores (mosqueados).
Os solos, normalmente, apresentam-se com cores próximas do pardo; são mais
escuros na superfície e vão clareando à medida que se aprofundam.
O que dá cor aos solos?
Existe um número muito grande de “coisas” que influem na cor do solo; dentre elas,
podemos destacar:
- A matéria mineral;
25
- A matéria orgânica;
- A água;
26
- Figura da esquerda-solo descuidado, desequilibrado
figura da direita - solo protegido, em equilíbrio.
Apresenta características bem aproximadas da rocha matriz, com solo raso, com variação
nas diferentes paredes da trincheira, com textura granulométrica maiores e textura arenosa.
Visualmente, foram identificados os horizontes A e C. O horizonte A apresenta matéria orgânica
em decomposição e em decorrência disso, sua cor era cinza escuro; e o horizonte C, rocha em
decomposição, mas ainda fortemente coesa com coloração alaranjada/ amarelada, pela presença
de óxido de ferro hidratado (goethita).
A matéria mineral, que normalmente tem a mesma cor da rocha de origem, confere
cor ao solo. Em geral, o solo é da cor do material de que é originado. Esta cor é
27
influenciada e alterada pelas presenças, maiores ou menores, de matéria orgânica, água e
óxidos de ferro.
Assim, os solos que tem origem em rochas claras terão matéria mineral clara, com
tendência a dar solos claros, mas que podem ser influenciados pelos outros fatores; podem
ser escurecidos pela água ou pela matéria orgânica.
Entende-se por profundidade efetiva de um solo a região até onde as raízes das
plantas podem alcançar no sentido vertical.
28
A profundidade é muito importante em agricultura; solos rasos oferecem sempre
muitos problemas. Limitam as culturas, ou seja, nem todas as culturas podem ser feitas
nesses solos; constituem problemas no estabelecimento de terraceamentos; na construção
de barragens; etc...
Existem plantas de sistemas radiculares profundos; alfata até 3 metros; nozes até 3,70
metros e plantas de sistema radicular bastante superficial; alface 0,20 metros; cebola 0,30
metros. Ao se estabelecer às culturas é necessário que se tenha idéia da profundidade
efetiva do solo e da extensão do sistema radicular da cultura, para não se incorrer em erros
desastrosos.
Inferiormente, o que limita a penetração das raízes e pode tornar um solo raso são:
- Rocha;
- Água;
- Camada impermeável e adensada.
No caso da rocha viva ser o empecilho, (limitar a profundidade do solo), nada se pode
fazer para aumentar essa profundidade; quando, entretanto, o obstáculo for a água ou
adensamentos (camadas endurecidas), às vezes pode-se remover esse obstáculo. O nível da
água pode ser abaixado através da drenagem; a camada adensada pode ser rompida pela
subsolagem.
III. 9. – REAÇÃO
Entende-se por reação do solo o seu maior ou menor grau de acidez ou alcalinidade,
isto é, as proporções em que entram os íons hidrogênio (H) e os íons oxidrilas (OH).
Os solos das regiões de altas precipitações, submetidas a intensas lavagens, são de um
modo geral ácidos. As águas que se infiltram lavam o perfil retirando as bases (potássio,
cálcio, sódio, magnésio) e liberando íons hidrogênio e íons alumínio, tornando-o um
ambiente difícil para o desenvolvimento das plantas.
Os solos de regiões áridas, com pequenas precipitações, evaporações intensas, são
quase sempre alcalinos, chegando, muitas vezes, a ter camadas de sais na superfície.
As reações extremas, ácidas de um lado e alcalinas (salinas) do outro, são igualmente
prejudiciais.
A reação do solo é medida em pH; p, que dizer potencial (quantidade), e, H quer dizer
íons hidrogênio (sinal de acidez); ela vai de 0 a 14, conforme o gráfico a seguir:
29
O pH dos solos minerais varia de 3,5 a 10,5; os solos turfosos podem ter pH menor
que 3,5; os solos salinos podem ter pH superior a 10,5. Os solos minerais de regiões áridas
o pH varia de 7 a 9.
As terras, de acordo com a sua reação, podem ser classificadas da seguinte maneira:
A acidez é mais importante que a alcalinidade, porque ela estende-se por áreas
agrícolas muitos maiores, principalmente no Brasil. Por isso merecerá maiores atenções.
30
A declividade é muito importante em Conservação do Solo.
Quando se estuda a declividade deve-se levar em conta:
a- Grau de declividade, ou seja, o grau de inclinação ou caída;
b- O comprimento do declive, ou seja, a extensão da rampa ou do lançante;
c- A regularidade ou uniformidade, maior ou menor desse lançante.
31
O declive constitui-se num dos fatores mais importantes no fenômeno da erosão,
como veremos quando tiveres oportunidade de conhecer o assunto.
O “Manual Brasileiro para Levantamento Conservacionista” distribui os declives por
classes e lhes atribui denominações.
Classes de Declive
NOTEM:
32
Segundo Fernando Amaral, pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa de Solos,
da Embrapa em abril de 2002 para a Revista Globo Rural, nos cerca de 8,5 milhões de
quilômetros quadrados que compõem o território brasileiro, há uma grande variedade de
solos, com as mais diferentes limitações. Somente 9% do território brasileiro apresentam
boa reserva de nutrientes, boa drenagem, propriedades físicas adequadas (estrutura, textura
e profundidade) e quantidade de água suficiente para promover a produção agrícola. A
maior parte das terras brasileiras, cerca de 84%, apresenta problemas de acidez.
Geralmente, trata-se de solos onde se observa uma concentração elevada de alumínio e, em
menor escala, de ferro e de manganês. Tais elementos prejudicam o desenvolvimento das
raízes da planta e inibem a absorção de alguns nutrientes.
A acidificação é um processo natural que ocorre nos solos que, sob ação das chuvas
e altas temperaturas, tornam-se deficientes, principalmente, dos elementos cálcio e
magnésio. Mas essa limitação pode ser corrigida com aplicação de corretivos específicos,
feita sob a supervisão de um engenheiro agrônomo, que levará sempre em conta a análise
da fertilidade e do grau de acidez desse solo.
33
Um pouco menos porosos, os latossolos compreendem também os terraços da
Amazônia Oriental, as chapadas sedimentares do Nordeste e os tabuleiros costeiros. Ao
todo, as áreas de latossolos correspondem a aproximadamente 39% das terras brasileiras.
De modo geral, apesar de suas excelentes condições físicas, os latossolos possuem baixa
fertilidade e precária capacidade de reter água, tornando-se vulneráveis aos veranicos e às
secas prolongadas.
Latossolos: Cambissolos
34
Latossolos: Amarelos
Sem Solução. As áreas que dispõem de pequeno volume para o desenvolvimento
radicular, os chamados solos rasos, representam apenas 7% do território brasileiro e se
encontram espalhados em várias regiões do país. Nesse tipo de solo, as plantas ficam
facilmente sujeitas à deficiência hídrica e ao tombamento. Infelizmente, não há como
corrigir o problema.
35
classes cujo principal objetivo era a produtividade. Para isto tomava uma ou duas
características, dividindo-os em mais ou menos produtivos ou ricos e pobres.
Vários tipos de solos em função das suas características próprias (cor, textura,
porosidade, estrutura, teor de matéria orgânica), etc.
.
Latossolo Roxo (classif. Anterior)
36
Latossolo Amarelo e Vermelho – Amarelo.
37
Vária têm sido as classificações apresentadas. A de Thaer que tinha por base a
textura dividiu os solos em: 1) argilosos; 2) silte-argilosos; e 3)arenosos. Trata-se de uma
classificação deficiente, pois nada diz sobre sua profundidade, suas propriedades química,
material originário, adaptabilidade das culturas, etc.
Para Vieira e Vieira e para mim também, o melhor sistema de classificação de solos
é aquele que toma por base o perfil como sendo o resultado dos processos de formação,
conceito este do qual foi precursor Dokuchaev.
38
produtivas que outras e que algumas eram demasiadamente encharcadas, ou mesmo
arenosas ou endurecidas para suportar um cultivo normal.
Os mais antigos documentos, que se conhece, deixados pelas civilizações agrícolas,
demonstram que as terras eram utilizadas de acordo com a sua produtividade, o que implica
no conhecimento do solo como um meio de desenvolvimento das plantas. Na China, por
exemplo, a 6.500 anos AC. As suas terras foram divididas em nove classes, de acordo com
a produtividade, para que o tamanho das propriedades e o valor de seu imposto territorial
estivessem baseados na sua capacidade produtiva.
Centenas de anos após, grandes civilizações desenvolveram-se na Mesopotâmia,
Egito e Índia, onde a prosperidade desses povos foi devida a existência de solos ricos,
principalmente das planícies aluviais do Nilo, Eufrates, Tigre e Indo, onde a agricultura era
a atividade mais importante.
Na Grécia, 2.500 anos AC. Vários trabalhos fazem menção a fertilidade da terra,
entre os quais os de Heródoto, 2.000 anos Ac, Teofrasto, 300 anos AC, e outros, muito
contribuíram para legar-nos conhecimentos agrícolas da idade antiga. Entre os antigos
romanos vários escritores deixaram documentos que constituíram vasta literatura sobre
agricultura, trabalhos esses que até época relativamente recente, mantiveram uma posição
de destaque. Essa literatura foi condensada por Petrus Crescentius (1249) em um livro
intitulado “De Agriculture Vulgare”, que constitui, sem dúvida, um dos tratados sobre
agricultura mais popular de todos os tempos e cujo texto serviu de motivo a uma grande
série de tratados europeus dos séculos XVI e XVII.
Durante a Idade Média, um dos períodos mais obscuros da ciência, pouco ou
nenhum conhecimento foi adicionado ao que já se sabia.
Várias teorias surgiram para explicar os múltiplos comportamentos dos solos com
relação às plantas. A fisiológica de Mitscherlich talvez seja uma das mais antigas. Ela dizia
serem os solos um mero reservatório passivo de nutrientes às plantas, considerando,
portanto, o solo do ponto de vista estático, como um meio onde as plantas poderiam
desenvolver o seu sistema radicular e manter sua sustentação, onde os processos genéricos
não influenciavam em nada no montante do volume das colheitas.
No início do século XIX este conceito fisiológico, atribuído ao solo, foi relegado a
plano secundário com o aparecimento da Teoria Húmica de ª vom Thaer, que dizia serem
apenas as substâncias orgânicas responsáveis pela fertilidade dos solos. Este conceito,
embora hoje em dia seja tido em parte como verdadeiro, foi naquele tempo abandonado,
com o surgimento de Teoria Mineral de Justus von Liebig (1840). Com seus trabalhos
Liebig revolucionou as práticas agrícolas então dominantes, ao afirmar serem as
substâncias minerais os verdadeiros nutrientes que entravam no metabolismo vegetal. Esta
teoria foi rapidamente aceita e mais robustecida ficou com os trabalhos de Hunphrey Davy
que estabeleceu forte colaboração no sentido geológico e petrológico, fazendo uma relação
entre o solo e a rocha matriz, eliminando assim definitivamente a Teoria Causuística de
Mitscherlich.
Outros trabalhos importantes também surgiram como o de Carl Sprengel que disse
ser o solo resultante da decomposição climatérica das rochas, conceito este que foi
considerado também por Dokuchaev e Sibirtzev na Rússia, por Hilgard nos Estados
Unidos, por Ramann na Alemanha e por outros tidos como de igual importância.
39
A ciência do solo envolve várias áreas, tais como gênese (formação), química, física, fertilidade, ensino, uso, manejo e
conservação, biologia, classificação, levantamento, mineralogia, e morfologia; dentre outras. Devido a importância do solo, em
muitas universidades e institutos de pesquisa, este tema tem departamentos que se dedicam especificamente ao seu estudo.
40
Na Ordem Zonal estão incluídos solos que se apresentam bem amadurecidos e são
tidos como o reflexo da influência predominante das forças ativas do solo: o clima e a
biosfera. Os fatores climáticos exercem grandes influências na intemperização e
decomposição do material através da intensidade de variação e distribuição anual da
temperatura e umidade. A cobertura vegetal, por sua vez, determina o sentido da evolução,
pois a sua copa intercepta os raios solares e a intensidade dos fatores meteorológicos:
temperatura e umidade, que agem sobre o material parental.
Na Ordem Intrazonal são colocados solos que apresentam características
pedogenéticas mais ou menos desenvolvidas com reflexo de algum fator dominante local
como relevo e material originário sobre o efeito normal do clima e da vegetação.
A Ordem Azonal inclui solos jovens e conseqüentemente sem características
pedogenéticas desenvolvidas.
De acordo com os fatores dominantes de gênese temos:
a) ORDEM:
AZONAL – quando o fator tempo não foi suficiente para imprimir características
ao solo. Trata-se de solos jovens ou imaturos.
Grupando os solos de acordo com o clima, vegetação, posição topográfica,
material parental ou combinação deles, temos a:
41
Para fins de planejamento agrícola em pequenas áreas pode ser usada a FASE do
solo, que inclusive pode ser utilizada em qualquer categoria anteriormente referida.
Para Vieira 1975, existem outros sistemas de classificação dos que já apresentados,
que são chamados de Classificações Técnicas.
A Classificação Técnica agrupa indivíduos em uma ou mais categorias, tendo por
base características selecionadas, reação do indivíduo, reação entre indivíduos com um fim
especifica, visando à memorização e compreensão de todas as características observadas.
Inúmeras são as Classificações Técnicas possíveis de serem estabelecidas, entretanto,
citaremos somente algumas, para se ter uma idéia e uma melhor compreensão do assunto.
Assim: 1) Classificação tendo por base uma única propriedade; 2) Catena; 3)
Adaptabilidade a uma única cultura; 4) Capacidade de Uso da Terra; e 5) Sistema de
Capacidade de Uso da Terra para Levantamento de Solos.
Sua finalidade é estudar a relação existente entre o solo e uma única característica
importante, como por exemplo o pH. Assim, os solos seriam grupados em classes de solos
ácidos, pouco ácidos e alcalinos. Nesta classificação é possível deduzir que a primeira
classe necessita de corretivos, a segunda pouco ou nada e a terceira dispensa esta prática
que torna-se mesmo até contra indicada.(Vieira, 1975.).
42
Esta classificação devida a MILNE compreende um agrupamento de Séries e Grandes
Grupos, diferentes de acordo com a seqüência topográfica, isto é, solo do alto, meio
encosta e de baixada.
Para Vieira, este tipo de classificação diz respeito ao problema conservacionista, onde
entre outras necessidades há a da defesa ou não contra a erosão e a drenagem. Apesar de
não fazer referências específicas aos fertilizantes que devem ser utilizados em determinadas
culturas anuais, esta classificação poderá indicar as que melhor se adapta aos solos, o modo
de cultivo, etc.
A Classificação para Capacidade de Uso, que utiliza 8 classes, divide as terras em
Próprias para Cultivos Anuais, que inclui as usadas sem práticas especiais, necessitando de
práticas simples, de práticas complexas e de uso restrito; w impróprias para Cultivos
Anuais, que abrangem as não adaptadas a culturas de ciclo curto, mas que servem para
pastagens, florestas ou mesmo para a vida selvática e recreação (classe VIII).
Primeiro foram estabelecidas as 8 classes e em segundo lugar foi convencionada uma
cor para indicar cada classe de terra no mapa. A cor indica, portanto, a qualidade da terra, a
sua aptidão a culturas intensivas, moderadas, etc., ou não e o grau geral de dificuldades e
riscos que está sujeita em seu uso direto sem avarias. É, por conseguinte, a cor um dos
símbolos que mostram as diversas classes, as quais são chamadas de Classe de Capacidade
de Uso.
Além das cores, as classes são representadas por números romanos, acrescidos de
índices correspondentes às suas diversas limitações. (fig. 13.1).
43
As classes I, II e III incluem as terras que estão capacitadas a um regular cultivo,
enquanto a classe IV, as que podem ser cultivadas ocasionalmente, isto é, de uma maneira
limitada.
As classes V, VI, VII abrangem as não adaptadas ao cultivo freqüente, a não ser
pastagens ou florestas. A classe VIII é reservada às que não servem para cultivos, pastos e
florestas, mas que em parte podem ser destinadas à vida selvagem, a recreação, etc.
CLASSE 1 – Terra MUITO BOA sob todos os pontos de vista. É quase que
inteiramente plana e não facilmente lavada. Retém a água muita bem, é otimamente
provida de nutrientes. Esta classe pode ser diretamente usada e das mais variadas maneiras
que forem escolhidas. Naturalmente que devem ser administrados nutrientes de modo a
suprir as necessidades das plantas e manter as boas condições físicas existentes. As outras
classes são cultivadas com muito maior dificuldade e risco que a terra da classe I.
Serve, portanto, para cultivos permanentes, com produção e colheita de média a alta,
sem práticas especiais.
No mapa aparece com a cor VERDE.
44
não existem classes I e II devido à natural escassez de umidade adquirida, apesar de pouca,
é bastante para brotar as culturas, muito embora requeira um cuidado muitíssimo especial.
Esta classe de terra necessita de medidas complexas ou intensas para que produza
boas colheitas.
As classes I, II e III abrangem todas as terras que podem ser recomendadas para
cultivos regulares.
Os fatores que limitam o uso desta aterram são pedras ou drenagem deficiente, baixa
produtividade, o que requer práticas especiais de melhoramento do solo, além das práticas
comuns. Estes fatores são idênticos aos da classe II, porém em grau mais acentuado.
CLASSE VI – Não utilizável para qualquer cultivo de ciclo curto e seu uso é
limitado, de algum modo, para pastagens e florestas por características tais como solo
pouco profundo ou declive acentuado. Quando a queda pluviométrica é favorável à
produção vegetal, as limitações de classe VI são provavelmente declives acentuados, solos
rasos ou excessivamente molhados que não pode ser corrigida pela drenagem, prática estas
que viria permitir ser usada em cultivos regulares.
Apresenta-se medianamente suscetível de danificação, necessitando de restrições
moderadas em seu uso com ou sem práticas especiais.
45
Os fatores limitantes são a topografia ondulada ou acidentada, capacidade baixa de
armazenamento de água, umidade excessiva, salinidade ou alcalinidade média, sendo o
solo medianamente erodido e suscetível à erosão.
46
qualquer levantamento pedológico, pois fornece uma base concreta para a sua utilização e
proporciona meios de correlação com outros solos similares.
É evidente que quando os solos são mapeados e classificados, os dados obtidos neste
estudo permitem determinar a sua aptidão agrícola, possibilidades de práticas de manejo e
outras aplicações que contribuem para uma melhor utilização e conseqüentemente
melhoramento econômico-social da região em apreço.
Como base de interpretação vai utilizar o Sistema de Classificação de Uso da Terra
para levantamento de Reconhecimento de solos idealizados por BENEMA, BEEK E
CAMARGO, por se tratar de um sistema maleável, com altas possibilidades de adaptação
local.
Dentre os seis sistemas de manejo propostos pelos autores nos pareceu melhor a
adoção de somente dois, motivo porque para as condições da Amazônia os reagrupamos
em dois sistemas que passaremos a chamar de Sistema Primitivo de Agricultura e
Sistema Melhorados de Agricultura.
Na descrição das condições agrícolas dos solos foi tomado como base um solo
hipotético, no qual a fertilidade natural é boa, não há deficiência de água ou de oxigênio,
não apresenta suscetibilidade à erosão e não tem impedimento ao uso de implemento
agrícola. É, portanto considerado o solo agrícola ideal, no qual qualquer planejamento de
uma agricultura racional obterá os mais altos rendimentos. Ressalta-se, entretanto, que
determinadas culturas, como, por exemplo, o arroz (Oriza sativa), adaptado ao excesso de
água e como a do algodão (Gossypium sp), condicionada a uma época seca no fim de seu
período vegetativo, tem o ótimo de seu desenvolvimento em condições bastante diferente
às do solo hipotético. Disto se deduz que as condições agrícolas reais das diferentes
unidades de solos são descritas como desvio ou limitações do solo ideal.
Para a interpretação das condições agrícolas dos solos, inicialmente são analisados os
cinco aspectos que estão em relação com uma ou mais propriedades do solo e do meio
ambiente, propriedades estas nas quais é feita uma avaliação em termos relacionados com o
desenvolvimento e produção das culturas. Assim sendo, como principais fatores limitantes
aparecem:
47
1. Deficiência de Fertilidade
2. Deficiência de Água
a) Condições climáticas
b) Textura
c) Espécie de argila
d) Conteúdo de carbono
e) Profundidade efetiva do solo
f) Profundidade do lençol freático; e
g) Permeabilidade.
a) Condições climáticas
b) Relevo local
c) Textura
d) Profundidade do lençol freático
e) Permeabilidade do solo e do subsolo; e
f) Riscos de inundação.
4. Suscetibilidade à Erosão
a) Condições climáticas;
b) Relevo;
c) Textura;
d) Profundidade efetiva do solo;
e) Permeabilidade;
f) Coerência do material; e;
g) Uso da terra e vegetação natural.
48
a) Relevo
b) Profundidade efetiva do solo
c) Condições de má drenagem
d) Presença de pedras
e) Presença de voçorocas
f) Textura.
Sendo o solo agrícola descrito como desvio ou limitação do solo hipotético, é possível
utilizar, dentro das condições agrícolas, cinco graus de limitações, denominadas de: NULA,
LIGEIRA, MODERADA, FORTE e MUITO FORTE, que comportarão as definições a
seguir, nas quais foram introduzidas modificações adaptadas à região amazônica. (VIEIRA,
1975.).
NULA e LIGEIRA - Solos com altos níveis de nutrientes disponíveis para as plantas
e sem conter sais tóxicos, produzindo bons rendimentos durante vários anos. Solos com B
latossólico ou textural pertencentes a este grau devem apresentar mais do que 50% de
saturação de bases ou menos de 50% de saturação de alumínio e soma de bases trocáveis
maiores que 3,00 me/100 g de solo. Devem se apresentar praticamente livres de excesso de
sais e/ ou com condutividade elétrica menor que 4 mmhos/cm a 25°C
49
Estão incluídos neste grau solos com sais tóxicos que somente permitem o
crescimento de plantas tolerantes e/ou com condutividade elétrica de 8 a 15 mmhos/cm a
25ºC.
NULA – Solos em que a deficiência de água disponível não limita o crescimento das
plantas ou o uso agrícola. Nestes estão incluídos:
a) Solos com drenagem livre em climas sem estação seca;
b) Solos com nível freático elevado em clima com estação seca.
FORTE – Solos que apresentam uma grande deficiência de água disponível durante
um período prolongado que coincide com o ciclo vegetativo da maioria das plantas
cultivadas. Somente se desenvolvem culturas muito bem adaptadas.
Os solos pertencentes a esta classe encontram-se somente em climas com período
seco prolongado, maior que 7 meses. Pertencem a este grau:
a) Quando os solos são pouco profundos ou muito arenosos podem ocorrer em
climas com estação seca com duração que irá de 3 a 7 meses.
50
2. Graus de limitações por excesso de água
NULA – Solos que durante qualquer período do ano não apresentam problemas de
aeração causados pelo excesso de água. Normalmente apresentam-se de bem a
excessivamente drenados.
LIGEIRA – Solos nos quais as plantas que têm raízes sensíveis a certa deficiência de
ar, são prejudicadas durante a estação a estação chuvosa.
Normalmente são solos moderadamente drenados ou que apresentam riscos de
inundação ocasional.
MODERADA – Solos nos quais as plantas que tem raízes sensíveis a certa
deficiência de ar não se desenvolvem satisfatoriamente já que a aeração do solo é
prejudicada, em forma considerável, pelo excesso de água durante a época das chuvas.
Normalmente são solos imperfeitamente ou que apresentam riscos de inundação freqüente.
FORTE – Solos nos quais as plantas não adaptadas ao excesso de água somente
podem se desenvolver satisfatoriamente com o auxílio de drenagem artificial. Normalmente
apresentam-se mal drenados ou com riscos de inundação anuais curtas e médias.
MUITO FORTE – Solos nos quais, para o desenvolvimento das plantas não
adaptadas ao excesso de água, são necessários trabalhos intensivos e complexos de
drenagem, Normalmente são solos mal a muito mal drenados ou que apresentam riscos de
inundação anual longa ou permanecem inundados durante todo o ano.
É considerada a erosão que ocorre em solos quando forem usados sem levar em
consideração a declividade e as condições protetoras ou medidas de controle aos fatores
erosivos.
NULA – Solos não suscetíveis à erosão. Tais solos com o uso agrícola prolongado
(10 a 20 anos) não apresentam erosão ou se ocorrer será pouco notada na maior parte da
área.
A camada superficial (horizonte A) não se encontra praticamente removida.
51
MODERADA – Solos moderadamente suscetíveis à erosão. Com o uso agrícola
prolongado (10 a 20 anos) podem ter de 25 a 75% de sua camada superficial (horizonte A)
removida. Em geral são solos de declives moderados (8 a 20%), porém quando as
propriedades físicas forem muito desfavoráveis à erosão podem apresentar declives
maiores ou quando o clima e as propriedades físicas forem favoráveis ocorrem também em
declives suaves (3 a 8%). É possível aparecer pequenas voçorocas.
O manejo para o controle à erosão deve ser intensivo.
FORTE – Solos fortemente suscetíveis à erosão. Com o uso agrícola prolongado (10 a
20 anos), tais solos perdem mais de 75% de sua camada superficial e também parte do
subsolo (horizonte B). Em geral apresentam declives fortes (de 20 a 40%), às vezes
superiores a 40%, quando as propriedades físicas são muito desfavoráveis à erosão e
declives mais suaves (8 a 20%) quando as propriedades físicas do solo são muito
favoráveis.
O controle à erosão exige práticas conservacionistas intensivas, difíceis e custosas.
MUITO FORTE – Este grau de limitação inclui declives muito fortes, superiores a
70%, podendo também incluir declives menores quando as propriedades físicas do solo são
extremamente desfavoráveis à erosão. Quando usados com agricultura estes solos serão
destruídos em poucos anos. É comum a presença de voçorocas profundas.
Proteção e controle à erosão normalmente não são possíveis.
O presente grau de limitação possui influência sobre a produtividade dos solos sob
sistema de manejo melhorado.
NULA – Solos em que pode ser usado, sem dificuldade, durante o ano inteiro, todo
tipo de máquina agrícola. O rendimento do trator é superior a 90%. Normalmente são solos
de relevo plano ou com declives menores que 8% e que não apresentam nenhum outro
impedimento ao uso de mecanização.
LIGEIRA – Solos nos quais, durante parte do ano, na maior parte da área, pode ser
usada a maioria dos implementos agrícolas sem ou com pequena dificuldade. O
rendimento do trator vai de 60 a 90%.
Normalmente apresentam declives de 8 a 20% quando não há outros impedimentos
sérios. Inclui solos com ligeiro impedimento devido a rochosidade (2 a 10%), a
pedregosidade (0,05 a 1%), à textura, à drenagem natural e a pouca profundidade efetiva.
MODERADA – Solos nos quais, durante parte do ano, na maior parte da área,
somente podem ser usados tipos leves de implementos agrícolas. Geralmente os
implementos agrícolas são de tração animal. O rendimento do trator, quando usado, é
menor que 60%.
52
Normalmente apresentam declives de 20 a 40%, inclui solos com moderados
impedimentos devido a rochosidade (10 a 25%), a pedregosidade (1 a15%), à textura, à
drenagem natural e à pouca profundidade efetiva.
FORTE – Solos nos qual a maior parte da área somente pode ser cultivada com
implementos manuais.
Normalmente apresentam declives de 40 a 70% e incluem fortes impedimentos
devido a rochosidade (25 a 70%), a pedregosidade (15 a 40%), a drenagem natural e a
pouca profundidade efetiva.
MUITO FORTE – Solos que não devem ou somente com grandes dificuldades
poderão ser usadas para a agricultura. Não há possibilidade de uso de implemento agrícola.
Apresentam declives maiores que 70% ou impedimentos muito fortes devido a rochosidade
(maior que 70%), a pedregosidade (maior que 40%), reduzida profundidade efetiva,
incluindo aqui também aqueles permanentemente inundados.
a) Deficiência de Fertilidade
53
c) Excesso de Água.
1’ – Drenagem em valas.
- Desobstrução de drenos naturais
d) Susceptibilidade à Erosão
1 - Cobertura viva.
54
Boas safras poderão ser obtidas na maioria dos anos, porém as limitações existentes
são suficientes para reduzir o rendimento médio, a opção de culturas e as possibilidades de
uso das práticas de manejo.
CLASSE IV - INAPTA.
As condições agrícolas apresentam uma ou mais limitações que não podem ser
removidas e são suficientemente fortes para tornar impossível uma agricultura econômica.
Existem culturas especializadas que podem se adaptar a estes solos, entretanto com
práticas especiais de manejo.
Tomando-se por base o sistema aqui proposto, para efeito de exemplo, poderão ser
observados os Mapas de Aptidão Agrícola, nos dois sistemas, do Centro Pré-Profissional
Rural de Capitão Poço, Estado do Pará. De acordo com os solos encontrados na área em
estudo, foi estabelecida uma legenda de identificação, sendo empregada a letra C para
culturas de ciclo curto, a letra L para culturas de ciclo longo, as letras CL para culturas de
ciclo curto e longo, após os símbolos representativos das sub-classes, além de outros
símbolos conseqüentes como f ou deficiência de fertilidade, a ou deficiência de água, d ou
excesso de água, e ou suscetibilidade à erosão e m ou impedimento ao uso de implementos
agrícolas. Assim foram utilizadas, para os dois sistemas, as seguintes legendas:
55
VI. MODALIDADES DE LEVANTAMENTO DE SOLOS.
1. Levantamento Exploratório.
2. Levantamento de Reconhecimento
3. Levantamento de Reconhecimento Detalhado ou Semi-Detalhado.
4. Levantamento Detalhado Básico.
56
A escala de publicação para este tipo de levantamento, usualmente está entre 1:25.
000 e1: 75.000 com intensidade de observações variáveis de acordo com o método usado.
Assim VINK (1963) estipulou entre 12 e 25/100 hectares, com fotointerpretação e 1 a 3 por
cada 100 hectares sem fotointerpretação. Pelo sistema tradicional as observações podem
chegar mesmo a cada 500 m.
As unidades utilizadas são geralmente fases de Grandes Grupos, Famílias, Séries,
Associações de Fases ou mesmo Complexos de Solos.
57
de complicar desnecessariamente a sua leitura. Assim, correspondendo a escala de
publicação do mapa a área mínima a ser mapeada será:
Para as unidades de mapeamento além do Grande Grupo, Série e Fase, podem ser
utilizadas as Associações de Solos, os complexos de Solos, os Grupos Indiferenciados e
alguns autores ainda consideram as Miscelâneas de Terra.
Associações.
Complexos
58
Seu conceito é semelhante ao da Associação com a diferença de que a nenhuma
escala utilizada, podem os solos ser separados por constituírem unidades muito pequenas e
intimamente interligados.
Grupo Indiferenciado
Miscelânea de Terra
É uma unidade que se utiliza para representar áreas que não justificam o seu
mapeamento pelo caráter de não permitir um uso possível. Ex: Areias com rochas, areias
pantanosas, dunas, áreas escarpadas, etc.
Para Mello et al. (1983), não existe um acordo geral sobre o termo fertilidade do solo.
Alguns consideram que um solo fértil deve ter boas propriedades físicas e fornecer às
plantas os nutrientes que dele são absorvidos, em quantidades razoáveis e
convenientemente balanceados. Tal solo não deve conter substâncias ou elementos tóxicos
em quantidades que possam prejudicar o desenvolvimento dos vegetais e deve estar
localizado numa zona climática tal que fatores, como luz, temperatura, umidade, etc., não
sejam limitantes do crescimento.
59
Como descrito, é produtivo e fértil.
Alguns autores firmam o conceito de que a habilidade de um solo para fornecer
nutrientes às plantas, a presença de maiores ou menores quantidades de substâncias ou de
elementos tóxicos e suas propriedades físicas são suficientes para definir-lhe a fertilidade.
Segundo esse modo de apreciar o assunto, um solo rico em nutrientes essenciais, presentes
em quantidades convenientemente balanceadas, livre de materiais tóxicos em altos níveis é
um solo fértil, embora possa não ser produtivo.
De acordo com esta última concepção, as condições ambientais, como temperatura,
luz, luminosidade, aeração, etc., são ignoradas. Leva-se em conta apenas a capacidade
potencial do solo para produzir boas colheitas. Pode-se, então, definir das seguintes
maneiras um solo fértil e um solo produtivo.
Solo fértil é aquele que contém, em quantidades suficientes e balanceadas, todos os
nutrientes essenciais em formas assimiláveis. Deve estar razoavelmente livre de materiais
tóxicos e possuir propriedades físicas e químicas satisfatórias. Todos os solos férteis são
potencialmente produtivos.
Solo produtivo é aquele que, sendo fértil, se encontra localizado numa zona climática
capaz de proporcionar suficiente umidade, luz, calor, etc., para o bom desenvolvimento das
plantas nele cultivadas.
Vê-se, pois, que a grandeza da produção agrícola não depende apenas do solo, mas
também de outras condições importantes, como as ligadas ao ambiente, à planta e aos
tratamentos dados a ela.
Deve-se acrescentar que fertilidade do solo e produtividade são características
dinâmicas, podendo permanecer inalteradas, ser elevadas ou reduzidas.
Lembre-se, também, que é difícil separar os conceitos de fertilidade e de
produtividade, pois, quando se fala que um solo é fértil, pensa-se logo nas altas produções
nele obtidas. (Mello et al, 1983.).
O raio médio da Terra mede aproximadamente, 6370 km. Porém, as plantas retiram a
maior parte dos nutrientes que necessitam da camada superficial do solo, até a
profundidade de 20 cm.
Segundo Mello et al (1983), diz que, por outro lado, os oceanos ocupam 70,8% da
superfície do planeta. Descontando dos 29,2% restantes as áreas ocupadas por rios e lagos e
as que atualmente não são propícias à agricultura e à pastagem (desertos, florestas, regiões
muito acidentadas ou cobertas por geleiras, etc.), pode-se fazer uma idéia do valor do
estudo da fertilidade do solo e da necessidade de mantê-la no grau mais elevado possível: é
que desse “resíduo” do planeta dependem todas as formas de vidas terrestres, animais e
vegetais. E esse “resíduo” representa cerca de 1,33% da área do globo terrestre, segundo
cálculos feitos a partir dos dados de MIYASAKA et al, citados pela Sociedade Brasileira
de Ciência do Solo (1976).
Raij (1991), comentando sobre a Importância da Fertilidade do Solo, diz que não se
pode ignorar a importância de solos férteis. Em ambientes naturais, sem limitação de
chuvas, eles sustentam ecossistemas com florestas exuberantes, ricos em flora e fauna.
Quando usados para a agricultura, permitem a obtenção de colheitas fartas, sem uso de
60
fertilizantes, pelo menos enquanto a riqueza natural do solo em nutrientes para as plantas
persistir.
A agricultura moderna exige o uso de corretivos e fertilizantes em quantidades
adequadas, de forma a atender a critérios racionais, que permitam conciliar o resultado
econômico positivo com a preservação dos recursos naturais do solo e do meio ambiente e
com a elevação constante da produtividade das culturas.
Isso não pode ser conseguido com a adoção de práticas de manejo generalizadas,
ignorando as particularidades dos solos de diferentes locais. É preciso identificar os
problemas e as necessidades de cada caso.
A fertilidade do solo busca isso. Através da aplicação de seus conhecimentos chega-
se às melhores soluções possíveis. Isso porque ela congrega um conjunto de informações
decorrentes da pesquisa científica, suportada por uma enorme quantidade de experimentos
realizados em todo o mundo. A fertilidade do solo descreve a inter-relação entre fatores que
afetam os efeitos de corretivos e fertilizantes sobre solos e plantas cultivadas, organizando
os conhecimentos para uso na produção agrícola.
As amostras de solos que poderão ser feitas, de uma maneira geral, são:
a) Amostragem para caracterização analítica do perfil; e.
b) Amostragem para a avaliação de fertilidade de uma área.
Uma vez descrito o perfil do solo procede-se a coleta de amostras dos horizontes ou
camadas que serão enviadas ao laboratório para análises físicas, químicas e mineralógicas.
61
Marcados os horizontes do perfil, procede-se à tomada de amostras que compreende
duas operações: a) Coleta da prova volumétrica; e b) Tomada de amostras para análises
gerais.
a) Coleta da Prova Volumétrica - a prova volumétrica tem por finalidade a
determinação da quantidade de água, ar e matéria sólida do solo em condições
naturais, bem como a densidade aparente ou peso específico aparente do solo.
A coleta deverá sempre ser feita dos horizontes inferiores para os superiores, por
horizontes ou camadas, de maneira que materiais que não a do horizonte em estudo, sejam
coletado como deste.
Ao ser fechado o saco procede-se a etiquetagem com o auxílio de etiquetas de
cartolina, em duas vias, uma no interior e outra amarrada à sua parte estrema.
Nas etiquetas correspondentes as amostras dos vários horizontes dos solos estudadas,
deverão constar:
62
Projeto ou Instituição.
Unidade de mapeamento.
N. do perfil.
Município, Estado.
Horizonte e profundidade.
Coletor.
Data.
2 - Cada uma das áreas escolhidas deverá ser percorrida em ziguezague, retirando-se, com
um trado, de 15 a 20 pontos diferentes, que deverão ser colocadas juntas em um balde
63
limpo. Na falta de trado poderá ser usado um tubo ou uma pá. Todas as amostras
individuais de uma mesma área uniforme deverão ser muito bem misturadas dentro do
balde, retirando-se uma amostra final de aproximadamente 200 g.
Para Vieira 1983, ele comenta que vários são os fatores que vão determinar a
tomada de amostras de solos para análises. Entretanto, deverá ser evitada uma grande
variação de amostras que pode confundir ou dificultar o proprietário rural.
d) A profundidade da amostragem;
INTRODUÇÃO.
64
Processos erosivos ocorrem de forma moderada em um solo coberto, sendo esta
erosão chamada de geológica ou normal.
Uma vez modificado, para cultivo ou desprovido de sua vegetação originária têm
início a erosão, capaz de remover mil vezes mais material do que se este mesmo solo
estivesse coberto. Por ano o Brasil perde aproximadamente 500 milhões de toneladas de
solos através da erosão.
Provável que a degradação dos solos seja o problema mais urgente dos atuais
problemas É, uma área do tamanho da China e Índia tem sido erodida. Deste total, pode-se
dizer que nove globais. Desde 1945 1,2 bilhões de hectare milhões de hectares foram
totalmente danificados; em 300 milhões de hectares a agricultura está totalmente
prejudicada. A maior parte das áreas afetadas está em países que possuem uma
superpopulação em relação à capacidade de produção de alimentos.
IX. 1. CONCEITOS.
65
Fig. Solo que apresenta sinais de erosão.
IX. 2. AGENTES.
a- Água
b- Ventos
c- Geleiras
66
No Brasil, o agente mais “trabalhador” é a água, embora o vento já seja problema
em algumas regiões e com o passar dos anos vem intensificando sua ação; por isso mesmo
já deve merecer atenção da nossa parte.
IX. 3. FASES.
Qualquer que seja o agente, a erosão se processa em três fases, nem sempre muito
distintas uma das outras porque podem realizar-se concomitantemente.
1º Fase – Desagregação.
Esta fase é tão importante que é considerada, por alguns especialistas, como um tipo
de erosão.
No caso da erosão pelo vento, ele solta as partículas e estas vão batendo e atritando
contra outra, soltando-as.
2º Fase – Transporte.
O transporte pode ser feito pelas geleiras, pelos ventos e pelas águas.
3º Fase – Deposição.
67
solo, partículas médias em suspensão e finas em solução; as partículas param tão logo
encontrem um obstáculo (uma pedra, um toco, uma árvore deitada uma moita de capim
ou...), ou então quando o declive se suaviza (se torna menor) no final do lançante, ou,
ainda, se por alguma razão, a água for dividida (dispersada); as partículas suspensas
depositam-se quando a água perde velocidade (elas só assentam quando a água perde a
velocidade). As partículas finas vão a grandes distâncias, sendo, muitas vezes,
transportadas aos lagos, mares ou oceanos.
IX. 4. TIPOS.
Continuando com Galeti 1973, diz que quando tratamos da sua formação, o solo é
produto da desintegração e decomposição de rochas pelo trabalho da água, temperatura, ar
organismos, etc. Esse processo é considerado como um tipo de erosão. É uma erosão
extremamente lenta; processada sobre a rocha, recebe o nome de erosão Geológica. É útil,
porque dela resulta a formação dos solos.
Nesse estudo, o que nos interessa é a erosão acelerada, nociva, realizada sobre o
solo, provocando o seu desgaste.
A erosão hídrica pluvial é aquela provocada pelas águas das chuvas; a fluvial é
provocada pelas águas dos rios; a lacustre pelas águas dos lagos (ondas, etc.); marinhas
pelas águas do mar.
Erosão laminar;
Erosão em sulcos;
Erosão subterrânea.
68
Erosão laminar, em lençol ou superficial, quando se verifica na superfície; a
desagregação e deslocamento do material se processam superficialmente, sem se formar
sulcos. O agente desgasta por igual; retira uma lâmina na superfície.
IX. 5. FATORES.
Ainda Galeti 1973, já vimos que para o Brasil o mais importante tipo de erosão é
aquele provocado pelas águas das chuvas.
Uma parte da água se evapora da atmosfera, das folhas e dos ramos das plantas e da
superfície do solo; é o filete de infiltração. Uma parte se infiltra solo adentro; é o filete de
infiltração. Uma terceira parte, a sobra, se escorre sobre o solo em forma de enxurrada; é o
filete de escorrimento.
Figura: da direção tomada pelas águas das chuvas. Pg.52 (Conservação do Solo-
Reflorestamento e Clima.
69
As águas que não se evaporam e não conseguem se infiltrar, correm pela superfície
e provocam a desagregação e o transporte de materiais dos vários horizontes do solo. É a
erosão. A intensidade da erosão depende de várias coisas:
- Topografia;
- Cobertura vegetal;
Intensidade é o volume de água precipitada (caída) dividido pelo tempo; assim, uma
chuva de 20 mm em 60 minutos é menos intensa que uma chuva de 20 mm em 120
minutos; uma chuva de 20 mm em 60 minutos é mais intensa que uma chuva de 10 mm em
60 minutos.
Com relação à chuva, pode-se dizer ainda que chuvas mais esparsas provoquem
menor erosão, porque encontram o solo seco, com maior capacidade de infiltração e,
também, no começo da chuva, a erosão é menor, porque ele ainda não está saturado
(encharcado) e, à medida que o tempo passa o solo vai se saturando até não poder mais
absorver água, tendo esta, que correr superficialmente.
70
Ainda no declive, outro elemento importante a considerar é o comprimento do
lançante. A velocidade e o volume da enxurrada aumentam à medida que aumenta o
lançante.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICA.
VIEIRA, L. S. Manual da Ciência do Solo. São Paulo, Ed. Agronômica Ceres, 1975
71
São Paulo, Ed. Agronômica Ceres, 1983.
WWW.embrapa.br
http://www.uesb.br/
http://www.ambientebrasil.com.br
72