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Pegou o ônibus em frente ao hospital onde acabara de visitar sua mãe. Com uma doença rara em
estado terminal já não havia mais esperanças de recuperação, os médicos disseram-lhe que daquela
semana ela não passava. Uma estranha sensação de indiferença lhe acompanhava desde o primeiro
momento daquela manhã. Uma semana antes havia terminado seu namoro por motivos
aparentemente banais, a demissão do trabalho na véspera parecia dar um tom de prenúncio às novas
que viria a ouvir no hospital. Sentada no ônibus, tudo isso passava por sua cabeça, não conseguia ter
fosse do trabalho, da mãe ou da namorada, até que uma violenta freada do ônibus lhe trouxe uma
simples questão. Não sabia que ônibus havia tomado e por isso não fazia idéia para onde estava
indo. Ignorou por alguns instantes esse fato e seguiu observando as paisagens pela janela antes de
virar pra cobradora e perguntar: "Esse ônibus vai pra onde?" A cobradora não notou ou ouviu sua
pergunta, o que logo lhe fez perceber que, de fato, não faria a menor diferença qualquer que fosse a
resposta. Mas a pergunta....ah! essa sim lhe fez companhia até o fim da viagem, que no final das
contas nem a deixou tão longe de casa. No fim das contas, foi só uma questão de saber quando
puxar a cordinha.