You are on page 1of 8

Doenças da Pele

Acne (Cravos e espinhas)

O que é ?

A acne é uma doença de predisposição genética cujas manifestações dependem da


presença dos hormônios sexuais. Devido a isso, as lesões começam a surgir na
puberdade, época em que estes hormônios começam a ser produzidos pelo organismo,
atingindo a maioria dos jovens de ambos os sexos.

A doença não atinge apenas adolescentes, podendo persistir na idade adulta e, até
mesmo, surgir nesta fase, quadro mais frequente em mulheres.

As manifestações da doença (cravos e espinhas) ocorrem devido ao aumento da


secreção sebácea associada ao estreitamento e obstrução da abertura do folículo
pilosebáceo, dando origem aos comedões abertos (cravos pretos) e fechados (cravos
brancos). Estas condições favorecem a proliferação de microorganismos que provocam a
inflamação característica das espinhas, sendo o Propionibacterium acnes o agente
infeccioso mais comumente envolvido.

Manifestações clínicas

A doença manifesta-se principalmente na face e no tronco, áreas do corpo ricas em


glândulas sebáceas. Os sintomas variam de pessoa para pessoa, sendo, na maioria da
vezes de pequena e média intensidade.

Em alguns casos, o quadro pode tornar-se muito intenso, como a acne conglobata (lesões
císticas grandes, inflamatórias, que se intercomunicam por sob a pele) e o acne
queloideano (deixa cicatrizes queloideanas após o desaparecimento da inflamação).

O quadro clínico pode ser dividido em quatro estágios:

Acne Grau I: apenas cravos, sem lesões inflamatórias (espinhas).

Acne Grau II: cravos e "espinhas" pequenas, como pequenas lesões inflamadas e pontos
amarelos de pus (pústulas).
Acne Grau III: cravos, "espinhas" pequenas e lesões maiores, mais profundas, dolorosas,
avermelhadas e bem inflamadas (cistos).

Acne Grau IV: cravos, "espinhas" pequenas e grandes lesões císticas, comunicantes
(acne conglobata), com muita inflamação e aspecto desfigurante.

Tratamento

Sendo doença de duração prolongada e algumas vezes desfigurante, a acne deve ser
tratada desde o começo, de modo a evitar as suas sequelas, que podem ser cicatrizes na
pele ou distúrbios emocionais, devido à importante alteração na auto-estima de jovens
acometidos pela acne.
O tratamento pode ser feito com medicações de uso local, visando a desobstrução dos
folículos e o controle da proliferação bacteriana e da oleosidade. Podem ser usados
também medicamentos via oral, dependendo da intensidade do quadro, geralmente
antibióticos para controlar a infecção ou, no caso de pacientes do sexo feminino, terapia
hormonal com medicações anti-androgênicas.

A limpeza de pele, que pode ser realizada por esteticistas devidamente capacitadas, tem
ação importante para o esvaziamento de lesões não inflamatórias (cravos), evitando a sua
transformação em espinhas.

Em casos de acne muito grave (como a acne conglobata), ou resistente aos tratamentos
convencionais, pode ser utilizada a isotretinoína (Roacutan), medicação que pode curar
definitivamente a acne em cerca de seis a oito meses na grande maioria dos casos.

Apesar de não ter participação na causa da doença, a dieta pode ter influência no curso
da acne em algumas pessoas. Alimentos como chocolate, gorduras animais, amendoim e
o leite e seus derivados devem ser evitados pelos pacientes que apresentem acne e
percebam agravação dos sintomas após a ingestão dos mesmos.

O lado emocional dos pacientes não deve ser menosprezado. A desfiguração causada
pela acne mexe com a auto-estima do adolescente, que passa a evitar o contato social
com vergonha de suas lesões e das brincadeiras dos colegas. Quando necessário, deve
ser fornecido suporte psicológico.

O tratamento da acne deve ser orientado por um médico dermatologista, que é o profissional
capacitado para indicar os medicamentos ideais para cada caso. Não use remédios
indicados por pessoas leigas ou que tenham um quadro semelhante ao seu. Eles podem
não ser apropriados ao seu tipo de pele. A duração do tratamento é longa, geralmente
nunca é menor do que seis meses, portanto, paciência. Esclareça suas dúvidas com o
dermatologista que o acompanha, ele sempre poderá ajudá-lo.

É importante saber que algumas pessoas apresentam melhoras com certos


medicamentos e outras não. Por isso, pode ser que seu médico precise trocar a sua
medicação caso o tratamento inicial não esteja surtindo efeito para o controle da doença.

Rosácea ("acne rosácea")


O que é?

A rosácea é uma doença inflamatória crônica que afeta principalmente os adultos


após os 30 anos de idade, sendo mais frequente nas mulheres. A causa é
desconhecida. O parasita Demodex folliculorum, presente nos folículos pilo-sebáceos,
parece estar envolvido com a doença apenas de forma oportunista. Predisposição
pessoal e alterações gastrointestinais também podem ter participação na causa da
doença.

Certos alimentos podem piorar o quadro em alguns pacientes (café, bebidas


alcoólicas, picles, pimenta e molhos quentes). Além disso, frio e calor intenso, assim
como a exposição solar, podem estar implicados na piora das lesões. A pele
danificada pelo sol ao longo dos anos também pode predispor ao surgimento da
doença.

Manifestações clínicas

A doença atinge principalmente a região central da face. O quadro inicia-se por


vermelhidão, a princípio transitória, mas que depois torna-se persistente. Com a
progressão da doença, surgem também pequenos vasos sanguíneos dilatados
(telangiectasias), lesões avermelhadas e elevadas (pápulas) e pústulas (pontos
amarelos), que parecem espinhas, daí a denominação acne rosácea, pela
semelhança com a acne.

Casos mais graves podem atingir áreas extensas da face, com inflamação e edema
da pele, formando placas avermelhadas e nódulos. Em alguns pacientes podem
ocorrer alterações oculares inflamatórias, como conjuntivite ou inflamação da córnea,
pálpebra e íris.

Nos homens, o quadro pode ser mais grave e a evolução da doença pode levar ao
surgimento do rinofima, quando ocorre o aumento do volume do nariz, cuja pele se
apresenta infiltrada, com os poros dilatados e com elevações na superfície.

Tratamento

A rosácea é uma doença de curso crônico e não existe um tratamento que a elimine
definitivamente, mas ela pode ser mantida sob controle. Deve-se evitar os fatores que
provocam a sua exacerbação, como: frio intenso, sol e os alimentos citados no início
do texto, caso se perceba que pioram o quadro.

A medicação inclui o uso de antibióticos por via oral até se obter a melhora, quando a
dose deve ser diminuída gradativamente. A manutenção pode ser feita com
antibióticos específicos, de uso local. Eventualmente, se houver piora das lesões,
deve ser restituída a medicação por via oral. A indicação do tratamento adequado e a
sua duração vai depender da intensidade de cada caso, devendo ser definida pelo
médico dermatologista.

As telangiectasias podem ser esclerosadas através da fulguração ou laser. O tratamento


do rinofima é cirúrgico, podendo ser utilizada a dermoabrasão, o laser de CO2 ou o
shaving.

Acne solar

O que é ?

A acne solar caracteriza-se por uma erupção que atinge principalmente o tronco e a
raiz dos membros superiores e que surge poucos dias após a exposição intensa
destas áreas ao sol.

Manifestações clínicas

Formam-se lesões papulosas (semelhantes a pequenas "bolinhas endurecidas") e


pustulosas (bolhinhas de pus), sendo algumas delas doloridas e avermelhadas devido
à inflamação.

Tratamento

Muito comum durante o verão, a acne solar pode ser evitada com a utilização de filtros
solares, de preferência aqueles em base não oleosa ("oil free"), aplicados antes e
durante a exposição ao sol.

O tratamento pode ser feito com as medicações usualmente utilizadas para tratar a
acne vulgar, como esfoliantes e antibióticos em loção ou gel, quando houver
inflamação. Mesmo sem tratamento, com o passar do tempo e evitando-se a
exposição solar, a acne solar tende a ir melhorando gradativamente.

Alopécia Androgênica (Calvície)


O que é?

A alopécia androgênica ou calvície masculina é uma manifestação fisiológica que


ocorre em indivíduos geneticamente predispostos, não sendo considerada uma
doença. A herança genética pode vir do lado paterno ou materno.

A alopécia androgênica é resultado da estimulação dos folículos pilosos por


hormônios masculinos que começam a ser produzidos na adolescência (testosterona).
Ao atingir o couro cabeludo de pacientes com tendência genética para a calvície, a
testosterona sofre a ação de uma enzima, a 5-alfa-redutase, e é transformada em
diidrotestosterona (DHT).

É a DHT que vai agir sobre os folículos pilosos promovendo a sua diminuição
progressiva a cada ciclo de crescimento dos cabelos, que vão se tornando menores e
mais finos. O resultado final deste processo de diminuição e afinamento dos fios de
cabelo é a calvície.

Manifestações clínicas

A característica principal é a queda continuada dos cabelos com substituição por fios
cada vez mais finos e menores até a interrupção do crescimento, levando à rarefação
e ao afastamento da linha de implantação para trás.

A progressão do quadro leva à calvície, caracterizada pela ausência de cabelos na


parte superior e frontal da cabeça, poupando as áreas laterais e posterior.

Produção aumentada de oleosidade e descamação no couro cabeludo (caspa)


também podem estar presentes acompanhando o processo de queda, mas não são
responsáveis pela calvície.

As mulheres com níveis hormonais normais também podem ser atingidas, porém não
chegam à calvície total, apresentando um quadro de rarefação difusa dos pêlos que
também tornam-se mais finos. Geralmente as manifestações agravam-se após a
menopausa.
Tratamento

O tratamento visa o prolongamento da vida útil dos folículos pilosos retardando ou


interrompendo o processo de queda dos cabelos. Pode ser feito através do uso de
substâncias aplicadas diretamente no couro cabeludo ou com medicamentos por via
oral.

A finasterida revolucionou o tratamento da alopécia androgênica, pois bloqueia a ação


da enzima que dá origem à DHT. A medicação tem eficácia no controle da queda dos
cabelos na grande maioria dos pacientes tratados e até mesmo na reversão de pêlos
velus (finos e pequenos) para pêlos normais, caracterizando a repilação (fotos
abaixo).

A indicação do tratamento mais apropriado vai depender de cada caso, devendo ser
feita por um médico dermatologista, pois o quadro clínico varia muito de paciente para
paciente.

Alopécia Areata

O que é?

A alopécia areata, conhecida vulgarmente como "pelada", é uma doença de causa


desconhecida que atinge igualmente homens e mulheres, caracterizando-se pela
queda repentina dos pêlos nas áreas afetadas, sem alteração da superfície cutânea.

Entre as possíveis causas, estão uma predisposição genética que seria estimulada
por fatores desencadeantes, como o estresse emocional e fenômenos auto-imunes.

Manifestações clínicas

A doença se caracteriza pela queda repentina dos pêlos formando placas circulares
de alopécia ("pelada"), sem alteração da pele no local, que se apresenta sem qualquer sinal
inflamatório. Pode atingir o couro cabeludo e também outras regiões como a área da barba, supercílios,
cílios ou qualquer outra região pilosa.
A "pelada" pode ter remissão espontânea ou tornar-se crônica, com o surgimento de
novas lesões e evolução para a alopécia total, que atinge todo o couro cabeludo e
até mesmo para a alopécia universal, quando caem todos os pêlos do corpo. Estes
casos são de controle mais difícil.

Geralmente, a doença não se acompanha de nenhum outro sintoma. A repilação pode


ocorrer totalmente em semanas ou meses e, algumas vezes, os pêlos nascem
brancos para depois repigmentarem. É comum ocorrer a recidiva das lesões.

Tratamento

São vários os tratamentos utilizados na alopécia areata e a característica clínica de


cada caso é que determinará qual deles deve ser utilizado. As medicações utilizadas
podem ser de uso local ou sistêmico e a duração do tratamento vai depender da
resposta de cada paciente. O diagnóstico e o tratamento da alopécia areata deve ser
feito por um médico dermatologista.

You might also like