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(apontamentos)
Almeida Garrett
(breve biografia)
Absolutismo
Liberalismo
In Infopédia
O Romantismo
O termo romantismo é de origem inglesa seiscentista (romantic) e deriva do
substantivo francês romaunt, que designava os romances medievais de
aventuras.
No final do século XVIII, Letourneur e Rousseau, filósofo da revolução
francesa, adoptaram este termo, fazendo a distinção entre “romantique”
(romântico) e romanesque” (romance). A palavra rapidamente se difundiu pelas
restantes culturas europeias, originando a oposição entre romântico e clássico.
O Romantismo é um movimento literário e artístico que surgiu na cultura
europeia nos finais do século XVIII, num contexto de grande insegurança e de
necessidade de exaltação dos valores nacionais, devido às Invasões
Francesas. A tentativa de hegemonia do poder napoleónico fez a Europa
despertar para os valores nacionais e procurar a liberdade plena: política,
religiosa, cultural e literária.
Em Inglaterra, este movimento literário difundiu-se através de nomes como
William Blake, William Wordsworth, Lord Byron ou o escocês Walter Scott. Em
França, o Romantismo impôs-se no final da década de 1820 com Victor Hugo,
Chateaubriand e o importante contributo de Madame de Staël. Na Alemanha, a
publicação da peça dramática Sturm und Drang de Klinger e a incontornável
obra de Goethe lançaram as bases deste movimento estético-literário.
O ideário romântico teve expressão nas várias demonstrações artísticas, onde
imperavam temas dramático-sentimentais: na poesia, no teatro, no romance
histórico, na pintura (Delacroix, Goya e Constable), na escultura e na música
(Shubert, Mendelssohn, Wagner e Chopin). Na arte romântica, a paisagem já
não era um cenário, mas um meio de expressão.
O Romantismo manifestou-se também na sociedade civil, dando eco aos ideais
revolucionários burgueses que advogavam uma maior intervenção do povo no
plano político. Ao exaltarem os valores populares e a cultura de raízes
nacionais, os românticos colocaram a burguesia num estatuto privilegiado.
O Romantismo em Portugal
Os românticos portugueses
Valorização do “eu”
- intimismo
- Sentimentalimo
- Egocentrismo
Inovação estética
- “Locus horrendus”
- Homem na sua realidade total
- Pessimismo
Consciência histórica
- Democratização
- Nacionalismo
- Culto da Idade Média
Independência criativa
- Byronismo
- Liberdade de criação
O teatro romântico
Linguagem
Prosa e linguagem corrente
- marcas de oralidade;
- vocabulário simples, coerente com a personagem.
Personagens
Personagem real
- demonstração de sentimentos;
- forte sensibilidade;
- personagens do povo.
Nacionalismo
Frei Luís de Sousa foi criado com a intenção de ser representado, logo trata-se
de um texto dramático. O texto dramático, escrito pelo dramaturgo, destina-se a
ser representado, tornando-se, desta forma, texto teatral ou peça de teatro. No
entanto, é importante não confundir texto dramático com a sua transformação
em teatro como espectáculo (representação).
Na passagem do texto para a representação estão envolvidos aspectos como a
encenação, a entoação, a mímica e a expressão corporal, a caracterização das
personagens, o cenário, etc.
Para levar a cabo a representação de um texto dramático é indispensável
conjugar esforços de diversos profissionais, como o encenador, o cenógrafo, o
aderecista, os técnicos de luz e som, o maquinista de cena, o contra-regra, os
actores, entre outros. O encenador coordena as etapas da representação,
dirige a peça e ocupa-se da selecção dos actores e dos técnicos. Cabe ao
cenógrafo estudar o espaço e orientar a execução do cenário. Este profissional
desenha as maquetas e plantas, de modo a conseguir retratar o ambiente onde
se desenrola a acção dramática. O aderecista auxilia o cenógrafo, pois é ele
quem escolhe os elementos que ornamentam o palco, bem como alguns
recursos necessários à caracterização das personagens. O técnico de som
instala os microfones e opera a mesa de mistura durante o espectáculo, é ele
quem regula o som de acordo com as condições acústicas da sala, de modo a
que o público possa ouvir o que os actores dizem. O técnico de luz tem a seu
cargo o desenho das luzes de acordo com as características do espaço a
iluminar e identifica o tipo e a quantidade de material necessário, é também
responsável pela iluminação durante o espectáculo. Finalmente, quando todos
os profissionais estão a postos e os espectadores sentados nos seus lugares
dá-se início ao espectáculo.
a) Estrutura externa:
A obra Frei luís de Sousa divide-se em três actos. O número de cenas varia em
cada um dos três actos:
Acto I – 12 cenas
Acto II – 15 cenas
Acto III – 12 cenas
b) Estrutura interna:
Personagens
Espaço
Tipos de discurso
Fontes literárias
“Memória ao Conservatório Real” é uma introdução à peça Frei Luís de
Sousa, lida em conferência ao Conservatório Real de Lisboa a 6 de Maio de
1843. Neste texto, Garrett tece inúmeras considerações sobre a literatura, o
teatro e a função do artista na sociedade, o que contribui para melhor
conhecermos o pensamento e os objectivos do escritor.
As opções de Garrett
Em termos de linguagem:
- recusa da utilização do verso: "(...) posto que eu não creia no verso como
língua dramática possível (...)"
- defesa da utilização da prosa: "(...) repugnava-me também pôr na boca de
Frei Luís de Sousa outro ritmo que não fosse o da elegante prosa portuguesa
(...)"
Em termos de assunto:
- poucas situações;
- poucas personagens;
- atitudes simples.
Contextualização da obra
O estudo do homem é o estudo deste século
Como executar?
- Coligir os factos do homem.
Como executar?
- Comparar os factos do homem, achar a lei de suas séries.
A quem compete executar?
- Ao filósofo, ao político.
Como executar?
- Revestir os factos do homem das formas mais populares.
- Derramar assim pelas nações um ensino fácil, uma instrução intelectual e
moral.
Surpreender os ânimos e os corações da multidão, no meio dos próprios
passatempos.
As notas do autor
O carácter pedagógico da escrita de Garrett verifica-se na peça Frei Luís de
Sousa. Para além de todas as características típicas de um texto dramático,
esta peça possui notas do autor que pretendem instruir, mais do que elucidar,
trata-se de mais uma característica do Romantismo.
Repara:
«Destes antigos familiares das casas ilustres, ou que viviam à lei de nobreza, ainda
na minha infância conheci alguns representantes. Nas províncias, e principalmente
nas do Norte, até o começo deste século, o escudeiro não era um criado, era um
companheiro muitas vezes nem inferior em nobreza, e só dependente pela fortuna. Foi
o último vestígio do pouco que havia de patriarcal nos hábitos feudais. O escudeiro é
uma figura característica no quadro dos costumes portugueses, enquanto os houve; e
hoje mais interessante, depois que se apagou toda a fisionomia nacional com as
modas e usos estranhos, nem sempre mais elegantes que os nossos». (A. Garrett)
«Não é de invenção minha este argumento que convence tão fortemente o bom do aio
velho, e que me lisonjeio de ser uma das coisas mais características e originais que o
observador não vulgar encontrará talvez nesta composição. Tirei-o de um precioso
tesouro donde tenho havido quási tudo o que em meus escritos literários tem tido a
fortuna de ser mais aplaudido. O tesoiro são as reminiscências da minha infância, e o
estudo que incessantemente tenho feito da linguagem, do sentir, do pensar e do crer
do nosso povo, que é o mais poético e espirituoso povo da Europa.(…)‖ (A. Garrett)
«É o antiquado de fareis, que Maria aqui imprega com graciosa afectação, para falar
em estilo de donzela romanesca, dando ordens ao seu escudeiro. Ponho isto aqui,
porque sei que me notaram o arcaísmo como impróprio do tempo; era-o com efeito no
século XVII em que aí estamos, se não fora trazido assim.» (A. Garrett)
«Os Lusíadas eram decerto então no princípio do século dezassete um livro da moda
e que devia andar sobre o bufete de todas as damas elegantes. Hoje está provado que
só no primeiro ano da sua publicação se fizeram em Lisboa duas edições, que por sua
grande similhança confundiram muito tempo os críticos e bibliófilos. Até o ano de
1613, época da separação de Manuel de Sousa Coutinho e D. Madalena de Vilhena,
as edições dos Lusíadas eram já nove, desde a primeira, de 1572, até à do referido
ano de 1613, que é a dos célebres comentários de Manuel Correia, feita por Pedro
Craesbeck. Das Rimas contam-se três edições do mesmo período; a quarta fez-se no
seguinte ano de 1614. Dois autos tinham, saído na colecção do Prestes». (A. Garrett)
«De todos os retratos de D. Sebastião que sei existirem, creio que o mais autêntico é o
que está, ou estava, pelo menos até 1828, em Angra, na Ilha Terceira, no palácio do
Governo, que antigamente fora Colégio dos Jesuítas. É tradição ter sido para ali
mandado por el-rei mesmo em sua vida. Muitas vezes contemplei longamente aquele
retrato na minha mocidade, e por ele é feita a descrição que pus na boca de Maria.»
(A. Garrett)
120
121
Do teu Príncipe ali te respondiam
As lembranças que na alma lhe moravam,
Que sempre ante seus olhos te traziam,
Quando dos teus formosos se apartavam;
De noite, em doces sonhos que mentiam,
De dia, em pensamentos que voavam;
E quanto, enfim, cuidava e quanto via
Eram tudo memórias de alegria.
122
De outras belas senhoras e Princesas
Os desejados tálamos enjeita,
Que tudo, enfim, tu, puro amor, desprezas
Quando um gesto suave te sujeita.
Vendo estas namoradas estranhezas,
O velho pai sesudo, que respeita
O murmurar do povo e a fantasia
Do filho, que casar-se não queria,
123
Tirar Inês ao mundo determina,
Por lhe tirar o filho que tem preso,
Crendo co sangue só da morte indina
Matar do firme amor o fogo aceso.
Que furor consentiu que a espada fina
Que pôde sustentar o grande peso
Do furor Mauro, fosse alevantada
Contra ua fraca dama delicada?
124
Traziam-a os horríficos algozes
Ante o Rei, já movido a piedade;
Mas o povo, com falsas e ferozes
Razões, à morte crua o persuade.
Ela, com tristes e piedosas vozes,
Saídas só da mágoa e saudade
Do seu Príncipe e filhos, que deixava,
Que mais que a própria morte a magoava,
125
Pera o céu cristalino alevantando,
Com lágrimas, os olhos piedosos
(Os olhos, porque as mãos lhe estava atando
Um dos duros ministros rigorosos);
E depois nos mininos atentando,
Que tão queridos tinha e tão mimosos,
Cuja orfindade como mãe temia,
Pera o avô cruel assim dizia:
“MADALENA
(repetindo maquinalmente e devagar o que acaba de ler)
Naquele ingano d’alma ledo e cego que a fortuna não deixa durar muito…(1)
Com paz e alegria d’alma… um ingano, um ingano de poucos instantes que seja…
deve de ser a felicidade suprema neste mundo.
E que importa que o não deixe durar muito a fortuna? Viveu-se, pode-se morrer. Mas
eu!… (Pausa) . Oh! que o não saiba ele ao menos, que não suspeite o estado em que
eu vivo… este medo, estes contínuos terrores, que ainda me não deixaram gozar um
só momento de toda a imensa felicidade que me dava o seu amor. Oh! que amor, que
felicidade… que desgraça a minha! (Torna a descair em profunda meditação; silêncio
breve).‖
A obra Frei Luís de Sousa inicia-se com dois versos retirados do episódio
de Inês de Castro d' Os Lusíadas. A personagem D. Madalena comenta os
versos que lê, fazendo referência a um “ingano”: Uma felicidade aparente.
A aproximação que Garrett faz entre Inês de Castro e Dona Madalena indicia
logo no início da obra um fim trágico.
No excerto acima, as interjeições e a pontuação evidenciam um sentimento de
inquietação, típico do Romantismo.
Dona madalena casou pela primeira vez com D. João de Portugal, um nobre
cavaleiro. Seu marido partiu numa jornada para África, lutou lado a lado com D.
Sebastião na batalha de Alcácer Quibir e desapareceu tal como o rei. Durante
7 anos procuraram-no, mas em vão. D. Madalena voltou a casar com Manuel
de Sousa Coutinho e teve uma filha, Maria.
O aio Telmo Pais foi um fiel servidor de D. João de Portugal e tem dúvidas em
relação à morte de D. João de Portugal:
"MADALENA
(...)
Sabeis como chorei a sua perda, como respeitei a sua memória, como durante sete
anos, incrédula a tantas provas e testemunhos da sua morte, o fiz procurar por essas
costas de Berberia, (...)
Tudo inútil; e a ninguém mais ficou resto de dúvida…
TELMO
— Senão a mim.
(...)
TELMO
(gravemente)
(...)
Não me esqueceu uma letra daquelas palavras; e eu sei que homem era meu amo
para as escrever em vão: — «vivo ou morto, Madalena, hei-de ver-vos pelo menos
ainda uma vez neste mundo». — Não era assim que dizia?
(...) "
A crença de Telmo no regresso do seu amo era vista como um agouro por D.
Madalena que passou a ver a figura de D. João de Portugal com um fantasma.
Telmo desempenha assim o papel tradicional que o coro assumia nas tragédias
gregas, anunciando o mal que viria sem intervir na acção.
Telmo considera Maria merecedora de uma situação mais digna, porque é fruto
de um casamento que ele considera ilegítimo
Tendo em conta o texto, podemos concluir que Madalena considera que a sua
filha necessita de moderar a sua curiosidade.
―MARIA
— Não é isso, não é isso; é que vos tenho lido nos olhos… Oh, que eu leio nos
olhos, leio, leio!… e nas estrelas do céu também, e sei cousas…
MADALENA
— Que estás a dizer, filha, que estás a dizer? que desvarios!
Uma menina do teu juízo, temente a Deus… não te quero ouvir falar assim. Ora
vamos: anda cá, Maria, conta-me do teu jardim, das tuas flores. Que flores tens tu
agora? O que são estas? (Pegando nas que ela traz na mão.)
MARIA
(abrindo a mão e deixando-as cair no regaço da mãe)
— Murchou tudo… tudo estragado da calma… Estas são papoulas que fazem dormir;
colhi-as para as meter debaixo do meu cabeçal esta noite; quero-a dormir de um sono,
não quero sonhar, que me faz ver cousas… lindas às vezes, mas tão
extraordinárias e confusas…‖
Cenas V e VI do Acto I
Num texto dramático a passagem de uma cena para a outra ocorre quando
entra ou sai uma personagem.
Frei Jorge traz uma notícia que provoca inquietação nas personagens: os
governadores decidem instalar-se na casa de Manuel de Sousa Coutinho.
―MANUEL
Rezaremos por alma de D. João de Portugal nessa devota capela que é parte da sua
casa; e não hajas medo que nos venha perseguir neste mundo aquela santa alma que
está no céu, e que em tão santa batalha, pelejando por seu Deus e por seu rei, acabou
mártir às mãos dos infiéis. Vamos, D. Madalena de Vilhena, lembrai-vos de quem sois
e de quem vindes, senhora… e não me tires, querida mulher, com vãs quimeras de
crianças, a tranquilidade do espírito e a força do coração, que as preciso inteiras nesta
hora.‖
Há uma mudança de tratamento de vós, que ele usa para apelar ao seu
estatuto social, para tu, que demonstra a proximidade afectiva entre marido e
mulher.
Manuel de Sousa Coutinho, ao incendiar a sua própria casa, diz: "- Ilumino a
minha casa para receber os muito poderosos e excelentes senhores governadores
destes reinos...(...)", utilizando a ironia.
"MANUEL
— Meu pai morreu desastrosamente caindo sobre a sua própria espada. Quem sabe
se eu morrerei nas chamas ateadas por minhas mãos?"
D.Sebastião - "(...) a ousadia reflectida que está naqueles olhos rasgados, no apertar
daquela boca!…(...)"
Camões - "(...) aquele teu amigo com quem tu andaste lá pela Índia, nessa terra de
prodígios e bizarrias, por onde ele ia… como é? ah, sim…Nua mão sempre a espada
e noutra a pena."
D. João de Portugal - "Aquele aspecto tão triste, aquela expressão de melancolia
tão profunda… aquelas barbas tão negras e cerradas… e aquela mão que descansa
na espada, como quem não tem outro arrimo, nem outro amor nesta vida… (...) "
(enumeração)
A escolha destes três retratos, por parte de Garrett, tem uma intencionalidade
subjacente:
A escolha do retrato de Camões demonstra um gosto pela exaltação
nacional, tipicamente romântico, visível em Os Lusíadas.
A escolha do retrato de D. João de Portugal remete para o mito
sebastianista.
A escolha do retrato de D. Sebastião tem como objectivo representar a
ideia do sebastianismo latente da época.
O reconhecimento
"MANUEL (sorrindo)
— Se tu sabes tudo, Maria, minha Maria! (amimando-a.) Mas não
sabias ainda agora de quem era aquele retrato…
MARIA
— Sabia.
MANUEL
— Ah, você sabia e estava fingindo?
MARIA
(gravemente)
— Fingir, não, meu pai. A verdade… é que eu sabia de um
saber cá de dentro; ninguém mo tinha dito; e eu queria ficar certa.
MANUEL
— Então adivinhas, feiticeira. (Beija-a na testa.) Telmo, ide ver se
chamais meu irmão; dizei-lhe que estou aqui.‖
No excerto que se segue da Cena III faz-se uma alusão, por parte das duas
personagens, a um provérbio: “O hábito não faz o monge”.
―MANUEL
— Ora ouve cá, filha. Tu tens uma grande propensão para achar maravilhas e
mistérios nas coisas mais naturais e singelas. E Deus intregou tudo à nossa razão,
menos os segredos de sua natureza inefável, os de seu amor e de sua justiça e
misericórdia para connosco. Esses são os pontos sublimes e incompreensíveis da
nossa fé! Esses crêem-se; tudo o mais examina-se. Mas vamos: (sorrindo) não dirão
que sou da Ordem dos Pregadores? Há-de ser destas paredes, é unção da casa: que
isto é quási um convento aqui, Maria… Para frades de S. Domingos não nos falta
senão o hábito…
MARIA
— Que não faz o monge…
MANUEL
— Assim é, querida filha! (…)‖
O Provérbio
O provérbio, sendo uma máxima característica da sabedoria popular, funciona
como uma marca do Romantismo, onde se exalta tudo o que é nacional e
popular. Este provérbio surge neste contexto com uma intencionalidade, uma
vez que ele permite antever o destino final de Manuel Sousa Coutinho, que virá
a abraçar a vida religiosa como Frei Luís de Sousa.
No diálogo entre pai e filha (cena II e III) ocorre uma revelação: Maria identifica
o retrato de D. João de Portugal como sendo o do primeiro marido de sua mãe.
Manuel de Sousa Coutinho explica à filha, sem receios, que, embora ambos
lamentem o triste destino de D. João, a sua morte permitiu a vida de Maria, sua
querida filha.
Indícios de tragédia
Intensificação dramática
Nas cenas V, VI e VII há uma variação do estado emocional de D. Madalena
que confere um grande dramatismo às cenas.
Restabelecimento da calma ―Estou boa já, não tenho nada…‖, ―As tristezas
acabaram…‖ Retoma do terror "- Sexta-feira! (aterrada) Ai que é sexta-feira!",
―Logo hoje!...‖, ―— Oh, Maria, Maria… também tu me queres deixar! Também tu me
desamparas… e hoje!" Terror "— Cuidados!… Eu não tenho já cuidados. Tenho
este medo, este horror de ficar só… de vir a achar-me só no mundo."
―MANUEL
— (…) Olha a condessa de Vimioso, esta Joana de Castro, que a nossa Maria tanto
deseja conhecer… Olha se ela faria esses prantos, quando disse o último adeus ao
marido…
MADALENA
— Vivos ambos… sem ofensa um do outro, querendo-se, estimando-se… e separar-
se cada um para sua cova! Verem-se com a mortalha já vestida e… vivos, sãos…
depois de tantos anos de amor… e convivência… condenarem-se a morrer longe um
do outro, sós, sós! E quem sabe se nessa tremenda hora… arrependidos!…
JORGE
— Não o permitirá Deus assim… oh, não. Que horrível coisa seria!
MANUEL
— Não permite, não. Mas não pensemos mais neles: estão intregues a Deus…
(Pausa.) E que temos nós com isso? A nossa situação é tão diferente… (Pausa.) Em
todas nos pode ele abençoar. Adeus, Madalena, adeus! Até logo. Maria já lá vai no
cais a esta hora… Adeus! Jorge, não a deixes. (Abraçam-se: Madalena vai até fora da
porta com ele).
"CENA IX
JORGE
(só)
— Eu faço por estar alegre, e queria vê-los contentes a eles… mas não sei já que diga
do estado em que vejo minha cunhada, a filha… Até meu irmão o desconheço! A
todos parece que o coração lhes adivinha desgraça… E eu quási que também já se
me pega o mal. Deus seja connosco!"
O coro aparece nas tragédias gregas com a função de comentar o enredo das
peças e anunciar o desenlace das mesmas sem nunca participar na acção.
A sexta-feira
A sexta-feira assume para D. madalena um carácter funesto. D. Madalena
casa-se com D. João de Portugal numa sexta-feira. Numa sexta-feira, D.
madalena conhece Manuel de Sousa Coutinho e de imediato se apaixona por
ele, apesar de ainda estar casada com D. João. Mortificada pela culpa, vê esse
dia como se fosse o dia do início da sua desgraça. D. João, juntamente com D.
Sebastião, desaparece na Batalha de Alcácer Quibir que se trava numa sexta-
feira de 1578. Esse desaparecimento veio permitir o amor de D. Madalena por
Manuel de Sousa Coutinho. Manuel de Sousa Coutinho, já casado com D.
Madalena, resolve incendiar a sua própria casa, obrigando-a a regressar à
casa de seu primeiro marido e aí ficar mais perto do passado. Tudo isto a uma
sexta-feira. O terror de ficar só numa sexta-feira na casa de seu antigo marido
ainda mais se acentua, contribuindo para o evoluir dramático das cenas que
preparam o clímax. Nesse mesmo dia, sexta-feira, surge alguém inesperado.
O Romeiro
As falas do Romeiro dão-nos indícios de quem ele efectivamente é:
"— Do Santo Sepulcro de Jesus Cristo." - Chegada de África.
"(...) morei lá vinte anos cumpridos." - Permanência demorada.
"(...)Oh! eu não merecia estar onde estive: bem vedes que não soube morrer lá." -
Estada forçada e amargurada em África.
"— A minha família… Já não tenho família." - Perda da sua família.
―ROMEIRO
— Hoje há-de ser. Há três dias que não durmo nem descanso nem pousei esta
cabeça nem pararam estes pés dia nem noite, para chegar aqui hoje, para vos dar
meu recado… e morrer depois… ainda que morresse depois; porque jurei… faz hoje
um ano… quando me libertaram, dei juramento sobre a pedra santa do Sepulcro de
Cristo…‖
Esta didascália que introduz o Acto III, mostra-nos que, nesta altura, Manuel de
Sousa Coutinho e seu irmão já sabem do regresso de D. João de Portugal.
Estas indicações cénicas revelam-nos o estado de choque de Manuel de
Sousa Coutinho e a inquietação de seu irmão.
"MANUEL
— Oh, minha filha, minha filha! (Silêncio longo.) (...)Uma filha bela, pura, adorada,
sobre cuja cabeça — oh, porque não é na minha! — vai cair essa desonra, toda a
ignomínia, todo o opróbrio que a injustiça do mundo (...)"
Fruto de um casamento ilegítimo, uma vez que D. João se encontra vivo, Maria
torna-se uma grande preocupação para os pais.
Romeiro e Telmo
"TELMO
(em grande ansiedade)
— Senhor, senhor, não tenteis a fidelidade do vosso servo! É que vós não sabeis… D.
João, meu senhor,
meu amo, meu filho, vós não sabeis…
ROMEIRO
— O quê?
TELMO
— Que há aqui um anjo…(...) "
O fim
Maria aparece nesta cena querendo impedir o inevitável. Ela representa a luta
de uma filha pelos pais que recusa o destino escolhido pelos dois.
Manifestando o seu sentido visionário, esta frágil figura revela que sempre
pressentira a desgraça. Nos seus sonhos, Maria via uma figura terrível que a
assombrava. Este indício trágico é concretizado ao reconhecer no Romeiro a
figura que tanto temia.
Maria acaba por morrer em grande sofrimento, assumindo esta morte um
carácter romântico.
Acção dramática
Frei Luís de Sousa conta o drama que se abate sobre a família de Manuel de
Sousa Coutinho e D. Madalena de Vilhena. As apreensões e pressentimentos
de Madalena de que a paz e a felicidade familiar possam estar em perigo
tornam-se gradualmente numa realidade. O incêndio no final do Acto I permite
uma mutação dos acontecimentos e precipita a tensão dramática. E no palácio
que fora de D. João de Portugal, a acção atinge o seu clímax, quer pelas
recordações de imagens e de vivências, quer pela possibilidade que dá ao
Romeiro de reconhecer a sua antiga casa e de se identificar a Frei Jorge.
O tempo dramático
Assim, é possível situar a acção desta peça em 1599, pois sabemos que D.
João regressa 14 anos após o segundo casamento de D. Madalena e 21 anos
depois do seu desaparecimento na Batalha de Alcácer Quibir. Mais
concretamente, a acção de Frei Luís de Sousa desenrola-se entre os dias 28
de Julho e 5 de Agosto de 1599, portanto durante pouco mais de uma semana.
É de salientar que a acção começa a uma sexta-feira (28 de Julho) e o
segundo acto decorre novamente a uma sexta-feira (dia 4 de Agosto).
Simbologia do número 9
O número nove procura simbolizar a passagem para um outro nível de
existência, neste caso representa a passagem de uma vida mundana para uma
vida religiosa.
Concentração dramática
Antes de 1578 (casamento de D. Madalena com D. João)
De 1578 a 1585 (procura de D. João por D. Madalena)
De 1585 a 1599 (D. Madalena casa-se com Manuel de Sousa Coutinho
e têm uma filha)
De 1598 a 1599 (D. João é libertado e regressa)
De 28 de Julho a 4 de Agosto (estada da família de Manuel de Sousa
Coutinho na casa de D. João)
4 de Agosto (Chegada do Romeiro - Clímax)
5 de Agosto (Incursão dos esposos na vida religiosa)
Podemos verificar pela natureza trágica da obra uma certa tendência para a
concentração temporal. De períodos de tempo relativamente prolongados,
passa-se a períodos mais curtos de dias e horas.
Frei Luís de Sousa é perpassado por algumas referências históricas, das quais
se destacam:
a Batalha de Alcácer Quibir;
a conjuntura nacional, após a perda da independência de Portugal
e consequente anexação a Espanha;
as alusões a Camões, feitas por D. Madalena e Telmo;
as referências a Bernardim Ribeiro, feitas por Maria;
o mito sebastianista, cuja génese se encontra enraizada na época
histórica aqui retratada.
Espaço
Espaço Físico
A primeira característica da estruturação do espaço em Frei Luís de Sousa é a
concentração.
Os espaços desta peça são em número reduzido, sendo que a mudança de
acto implica a alteração de cenário.
Primeiro acto
Decorre no palácio de Manuel de Sousa Coutinho, em Almada, numa sala
ampla e decorada de forma rica e luxuosa, ―câmara antiga, ornada com todo o
luxo e caprichosa elegância dos princípios do século XVII". Este espaço caracteriza-
se pela luminosidade, pela abertura ao exterior (através das grandes janelas
rasgadas), pelas sugestões cromáticas e pela liberdade de movimentos, o que
espelha a felicidade daquela família, que será, apenas aparente.
O retrato de Manuel de Sousa Coutinho que está nesta sala é um elemento
simbólico: ao ser devorado pelas chamas que consomem o palácio, funciona
como indício de desgraça.
Segundo acto
Passa-se ―no palácio que fora de D. João de Portugal, em Almada, salão antigo,
decorado num gosto melancólico e pesado, com grandes retratos de família…‖. Aqui
o retrato de Manuel de Sousa Coutinho é substituído pelos retratos de D. João
de Portugal, de D. Sebastião e de Camões. O retrato de D. João funciona como
anunciador de uma fatalidade iminente: Maria e D. Madalena fitam-no como
que fascinadas e no final deste acto torna-se o meio de reconhecimento do
Romeiro.
No salão deste palácio, a vontade própria das personagens desvanece, a
abertura dá lugar ao fechamento e as portas cobertas de reposteiros fazem o
mundo exterior desaparecer.
As evocações do passado e a melancolia prenunciam a desgraça fatal.
Terceiro acto
Desenrola-se na parte baixa do palácio de D. João de Portugal, cuja porta
comunica com a capela da Senhora da Piedade. O espaço perde abertura e luz
e ganha frieza e escuridão, tornando-se mais restrito e austero (―é um casarão
vasto sem ornato algum‖). Este espaço denuncia o fim das preocupações
materiais. Os bens do mundo são abandonados.
Podemos concluir que o afunilamento gradual do espaço em Frei Luís de
Sousa anda a par com o avolumar da tragédia.
Espaço Psicológico
As coordenadas do espaço psicológico da obra são delimitadas pelos sonhos
proféticos e devaneios de Maria, assim como por diversos monólogos:
- o monólogo de D. Madalena, que reflecte sobre uns versos d’ Os Lusíadas,
dando conta das preocupações constantes em que vive (cena I, acto I);
- o monólogo de Manuel de Sousa Coutinho, quando decide incendiar o seu
palácio (cena XI, acto I);
- as reflexões ponderadas de Frei Jorge, que parece antever a desgraça que
se vai abater sobre a família de seu irmão (cena IX, acto II);
- o monólogo de Telmo, que revela verdadeiramente o seu conflito interior no
final da peça (cena IV, acto III).
Espaço Social
Existem várias indicações que contribuem para a integração das personagens
numa classe social elevada - a nobreza: D. Madalena tem o epíteto dona, que
só se dava no século XVII às senhoras da aristocracia (D. Madalena de
Vilhena, lembrai-vos de quem sois e de quem vindes, senhora); Manuel de
Sousa Coutinho é cavaleiro de Malta, uma ordem religiosa unicamente para
nobres; D. João de Portugal pertence à família de Vimioso e Maria, a dona
bela, tem sangue dos Vilhenas e dos Sousas.
O espaço social é também delimitado pela crítica que o autor dirige à opressão
social causada pelo domínio filipino e ao preconceito que recai sobre a
ilegitimidade (problema que afectou a própria filha de Garrett).
A Atmosfera
Há ao longo da intriga dramática uma atmosfera psicológica do sebastianismo
com a crença no regresso do monarca desaparecido e a crença no regresso da
liberdade. Telmo Pais é quem melhor alimenta estas crenças, mas Maria
mostra-se a sua melhor seguidora.
Percebe-se também uma atmosfera de superstição, nomeadamente
desenvolvida em redor de D Madalena.
Personagens
- «Não é uma figura típica da época clássica, em que vive, em oposição ao que
acontece com Manuel de Sousa. Toda a ordem abstracta de valores encontra nela
uma ressonância pouco profunda, todo o idealismo generoso se empobrece dentro
dos limites de um seu conceito prático, objectivo, pessoal de felicidade imediata, toda
a espécie de transcendência choca, numa zona muito íntima da sua personalidade,
com uma aspiração vitalista de realização humana e terrena.» - Luís Amaro de
Oliveira, Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett, Realização Didáctica;
- apesar de se não duvidar do seu amor de mãe, é nela mais forte o amor de
mulher, ao contrário do que acontece com Manuel de Sousa Coutinho, que se
mostra muito mais preocupado com a filha do que com a mulher;
- a consciência da sua condição social mantém a sua dignidade, mas tal não a
impediu de ter amado Manuel de Sousa ainda em vida de D. João de Portugal
e de ter casado sem a prova material da morte do seu marido;
- supersticiosa.
Manuel de Sousa Coutinho terá o mesmo destino que sua esposa – morte
psicológica – Catástrofe -, não devido à fraqueza de carácter, mas por
constatar a ilegitimidade da sua presença naquele casamento, naquela família
(―Fui eu o autor de tudo isto, o autor da minha desgraça e da sua desonra deles…‖);
ele que sempre zelou pela integridade, mesmo sofrendo, não deixou de tomar
as decisões que lhe pareceram certas e adequadas a determinada situação
(incêndio do seu palácio e decisão de professar). Com a chegada do Romeiro
(D. João de Portugal, que é o dono daquela casa, o marido da sua mulher),
Manuel de Sousa Coutinho retirou-se da vida (―Para nós já não há senão estas
mortalhas (tomando os hábitos de cima da banca) e a sepultura de um claustro.‖).
Manuel de Sousa Coutinho menospreza os receios de sua esposa quanto a
mudarem-se para o palácio de D. João, apelidando-os de “vãs quimeras de
crianças” e “caprichos” e não evidencia, ao longo da peça, qualquer temor ou
constrangimento, no entanto, submete-se ao Destino; ele que se mostrou ao
longo da peça ser capaz de desafiar (“Hybris” – incendeia o seu palácio para
não dar alojamento aos governadores) e de se impor (dá ordens, é activo, não
se deixa influenciar pelo pânico da esposa), parecendo-lhe livre nas suas
resoluções, está, contudo, a contribuir drasticamente para a fatalidade, o Fado
que sobre ele – o português, o marido, o pai – caiu (juntamente com a sua
família). A par de tal dinamismo, Manuel revela-se ingénuo e pouco perspicaz
no menosprezo para com as inquietações de sua esposa ( ―Madalena! / Oh!
Querida mulher minha, parece que vou eu agora embarcar num galeão para a Índia…
Ora vamos;‖), ao mesmo tempo que esta sua atitude toma um cariz irónico para
o espectador (―E o presente, esse é meu, meu só, todo meu (…)‖), uma vez que
Manuel de Sousa Coutinho não se apercebe que, de facto, o seu presente, a
sua vida inclui necessariamente D. Madalena e, à vida desta, está inerente a
presença de D. João de Portugal: Manuel de Sousa Coutinho mostrou-se
determinado em separar o passado do presente, mas foi irremediavelmente
condenado por este (―(…) arrastei na minha queda, que lancei nesse abismo de
vergonha (…)‖). Manuel de Sousa Coutinho ao refugiar-se num convento, que
lhe proporciona o isolamento necessário à escrita, encarna o mito romântico do
escritor.
Maria de Noronha tem 13 anos, é uma menina bela, pura, terna, corajosa,
ingénua, culta, mas frágil, tem tuberculose, e acredita com fervor que D.
Sebastião regressará (culto sebastianista). Tem uma grande curiosidade e
espírito idealista. Ao pressentir a hipótese de ser filha ilegítima sofre
moralmente. Será ela a vítima sacrificada no drama.
Maria, débil fisicamente, desde cedo nos deixa antever, que o seu
desenvolvimento precoce, a nível psicológico, a faz sofrer (―E eu agora é que
faço de forte e assisada, que zombo de agouros e de sinas… para animar, coitada!...
que aqui entre nós, Telmo, nunca tive tanta fé neles. Creio, oh, se creio! Que são
avisos que Deus nos manda para nos preparar. – E há… oh! Há grande desgraça a
cair sobre meu pai… decerto! E sobre minha mãe também, que é o mesmo.‖; ―Mãe,
mãe, eu bem o sabia… nunca to disse, mas sabia-o;‖; ―É a voz de meu pai! Meu pai
que chegou. / Pois oiço eu muito claro‖) e que a sua fraca saúde agudiza esse
sofrimento – “Pathos” – (―Que febre que ela tem hoje, meu Deus! Queimam-lhe as
mãos… e aquelas rosetas nas faces…‖; ― Naquele corpo tão franzino‖, tão delgado,
que mais sangue há-de haver? – Quando ontem a arranquei de ao pá da mãe e a
levava nos braços, não mo lançou todo às golfafdas aqui no peito? (Mostra um lenço
branco todo manchado de sangue.).‖ Maria reforça o sebastianismo de Telmo pelo
seu entendimento profético, fazendo com que o passado esteja sempre
presente; é adulta nas sua preocupações relativas às injustiças sociais
(―Coitado do povo! – Que mais valem as vidas deles? Em pestes e desgraças assim,
eu entendia, se governasse, que o serviço de Deus e do rei me mandava ficar, até à
última, onde a miséria fosse mais e o perigo maior, para atender com remédios e
amparo aos necessitados.‖) e pela cultura (―Menina e moça me levaram da casa de
meus pai‖ – é o princípio daquele livro tão bonito que a minha mãe diz que não
entende: entendo-o eu.‖). Maria é a prova clara e concreta da situação ilegítima
de seus pais, a prova do crime por eles cometido e, como tal, não sobrevive –
por um lado por ver a decisão de renúncia ao mundo tomada por ambos, que
adora, não conseguindo resistir ao seu sofrimento (―Esperai: aqui não morre
ninguém sem mim. (…) Que Deus é esse que está nesse altar, e quer roubar o pai e a
mãe a sua filha? (…) Mate-me, mate-me, se quer, mas deixem-me este pai, esta mãe,
que são meus‖); por outro lado, por perceber precocemente o pecado da sua
existência (morte física) – Catástrofe – (―Essa filha é filha do crime e do pecado!...‖
Não sou; dize, meu pai, não sou… dize a essa gente toda, dize que não sou‖; ―Minha
mãe, meu pai, cobri-me bem estas faces, que morro de vergonha… (esconde o rosto
no seio da mãe) morro, morro… de vergonha… (Cai e fica morta no chão. Manuel de
Sousa e Madalena prostram-se ao pé do cadáver da filha)‖. Maria é a mulher-anjo
bom, é o modelo de mulher romântica.
Desafio (hybris)
Sentimento (Pathos)
Alteração (Peripécia)
Reconhecimento (Anagnórisis)
- O reconhecimento do Romeiro como sendo D. João de Portugal.
Cimax
Destruição (Katastrophé)
Drama ou Tragédia
Factos verídicos
- Garrett optou por não respeitar a lei das três unidades da tragédia clássica, na
qual uma só acção devia passar-se num só dia e num só espaço.
- Manuel de Sousa Coutinho incendeia a sua própria casa num acto patriótico
de desafio aos representantes do domínio espanhol.
Ideologia cristã
- Apresentação do caminho religioso como solução para a impossibilidade de
D. Madalena e Manuel de Sousa Coutinho continuarem casados.
Mensagem anti-sebastianista
- Nascimento de Maria
Desenlace
Garrett
Desenlace