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Basicamente, o Antigo Egito era a estreita faixa de terra cultivada que se estendia por ambos os
lados do rio Nilo, desde o seu delta até as cataratas de Assua, no nordeste da África, onde
começava a Núbia.
O antigo Egito era geográfica e culturalmente uma civilização potâmica. Toda sua organização
social e cultural se fundamentava na agricultura de regadio, organizada às margens do rio Nilo. O
historiador grego Heródoto afirmou: "O Egito é uma dádiva do Nilo". Mas, atualmente, boa parcela
dos estudiosos da civilização egípcia procura relativizar o papel da irrigação como justificativa para
a existência do Estado faraônico, fortemente centralizado. Isso porque o sistema de irrigação
adequava-se a um controle mais regional e até local, e as grandes obras de irrigação, pelo que se
tem notícia, só começaram a surgir um milênio após a unificação de país. Portanto, podemos dizer
que, se a existência do Nilo, em uma área desértica, foi fundamental para o surgimento dessa
grande civilização, isso, por si só, não explica as características assumidas pela civilização egípcia.
Os habitantes do Egito começaram a se instalar no vale do rio Nilo por volta do período inicial do
Neolítico. A agricultura era incipiente. Os egípcios estavam, então, organizados em gens, pequenas
comunidades sustentadas por laços de parentesco, que se caracterizavam pela propriedade
coletiva do solo, pois o indivíduo só usufruía os bens da terra enquanto membro da comunidade. As
gens não desenvolviam ainda os canais de irrigação, mesmo porque no período Neolítico a
agricultura e a pecuária eram possíveis em faixas muito mais extensa; foi no final do período pré-
dinástico e no início da unificação que se acentuou fortemente a queda da pluviosidade e a
desertificação do norte da África, o que obrigou essas comunidades a desenvolverem rústicos
sistemas de irrigação. A diferenciação entre os membros dessas comunidades não se processou
de forma uniforme. Porém, mesmo tendo deixado de ser igualitárias, tais comunidades perduraram
ao longo da história egípcia, mantendo sua solidariedade através de diversos mecanismos.
O faraó Amenófis IV (1372 – 1345 a.C.) transformou radicalmente as crenças religiosas impondo o
culto a um único deus, Aton, que se identificava com o disco visível do Sol. Essa reforma religiosa
teve conotações políticas, pois visava enfraquecer os sacerdotes do deus Amon, que
representavam um perigo para a monarquia, devido ao seu grande poder político e econômico. Os
bens dos templos de Amon foram confiscados pela monarquia e a cidade de Tebas, cidade do deus
Amon, deixou de ser a capital, que foi transferida para El Amarna.
Como essa pretensa reforma religiosa não tinha bases sociais sólidas, os sacerdotes de Amon
recuperaram seu poder após a morte de Amenófis IV, que havia mudado seu nome para Akhenaton
para identificar-se com o novo deus.
Por volta dos séculos XIII e XII a.C., os povos do mar invadiram o Egito e conquistaram boa parte
de suas colônias na Ásia, o que provocou uma diminuição nos ganhos da aristocracia militar e dos
sacerdotes, compensada pela intensificação na expropriação dos camponeses e na exploração dos
escravos, fato que deu origem a várias revoltas. As tribos líbias, aproveitando-se da crise interna,
conquistaram o norte, e os núbios, o sul.
Os sacerdotes de Amon aumentaram seu poder concentrando em suas mãos grandes extensões
de terra e se tornaram praticamente independentes da monarquia. As más colheitas, a fome e a
miséria grassavam pelo país. Houve uma fase de divisão do poder e de dinastias paralelas,
encerradas em 712 a.C.; a partir da reunificação pela dinastia Núbia. Em Tebas, o controle político
era exercido por uma dinastia de sumos sacerdotes de Amon. A anarquia política e a convulsão
social facilitaram a conquista do Egito pelo império persa, por volta de 517 a.C.
À civilização egípcia também coube a invenção da escrita hieroglífica, surgida no período Pré-
dinástico e aperfeiçoada nos primeiros tempos da unificação. Como era uma escrita bastante
trabalhosa, surgiu uma forma simplificada conhecida como hierática, posteriormente simplificada
ainda mais, dando origem à escrita demótica. Entretanto, a escrita sempre foi um "bem cultural"
dominado por poucos, cuja aquisição era garantida nas escolas do palácio ou dos templos. Os
escribas gozavam de grande prestígio e poder entre a aristocracia burocrática e sacerdotal.
Para a maioria dos Egípcios, a vida e o estilo de vida não mudaram muito durante centenas de
anos. O Séc. XX deixou com certeza as suas marcas na forma de refrigerantes, Levis, e televisão.
No entanto, para a maioria da população Fellahin (camponeses), as casas continuam a ser as
mesmas de sempre. Há uma atitude entre a maioria dos egípcios de que o será, será. Permanece
uma visão quase fatalista, produto de milhares de anos de peste, fome, invasões e inundações.
Para grande parte deles, a vida é ditada pelas mesmas circunstancias que existiam para as
gerações anteriores.
Desde que os primeiros adobes foram colocados na Pirâmide de Unas em Saqarra no séc. XIV
a.C., que a pintura faz parte da vida egípcia. Mas foram os Faraós que foram especialmente
generosos em adornar os interiores das suas tumbas, com imagens do além e da ressurreição. A
pintura contemporânea egípcia foi fortemente influenciada pela cultura ocidental e foi só a partir da
Segunda metade do séc. XX que pintores egípcios começaram a romper com estas influências.
Entres os artistas contemporâneos mais conhecidos encontram-se Gazba Serri, Inji Eflatoun, Abdel
Wahab Morsi e Wahib Nasser.
A musica popular no Egito, significava até á pouco tempo, a voz única de Om Kolthum, “ a mãe do
Egito “. Morreu em 1975 mas a sua música e a sua lenda sobreviveram. Baseadas em operetas e
poesia as suas canções são as mais conhecidas para os ouvintes ocidentais.
Elementos da musica pop ocidental, estão gradualmente a ser integrados na música egípcia
contemporânea e como expoentes de um novo estilo estão Iheb Tawfik, Mohammed Fouad e
Hakim.
Apesar do Egito ser famoso pela “dança do ventre”, o movimento ondulante do corpo é encarado
geralmente como vulgar e promíscuo. Grande parte das bailarinas da dança do ventre que se
encontram nas estâncias turísticas são na realidade europeias ou norte americanas, pois para uma
mulher Árabe, é considerado impróprio um comportamento tão provocante.
As bailarinas Árabes, tal como Fifi Abdou, têm que ter guarda costas para as protegerem dos
islâmicos mais radicais. No entanto, nas grandes reuniões de família - casamentos ou festas
privadas - dançar é por vezes parte dos divertimentos.
Em 1988, Naguib Mahfouz recebeu o prémio Nobel da literatura pelo livre ”A Trilogia do Cairo”.
Mahfouz tem mais de quarenta livros e guiões editados com o seu nome. O seu livro de 1956
“Crianças do Beco” , continua a ser banida no Egipto, e muitos encaram-na como uma blasfémia
( em 1995 foi realizado um atentado ao autor de 83 anos e pensa-se que o livro tenha sido a
principal causa). Outros grandes autores são Tawfiq al- Hakim, Yahya Haqqi e Yusuf Idris . A seguir
a Mohfouz, será provavelmente Nawal el- Saadawi a autora mais conhecida do Egito sendo no
entanto mais respeitada no estrangeiro.
História do Egito
Pré-HistóriaPré-História
Durante o Paleolítico o clima do Egipto sofreu uma alteração, passando de um clima úmido e
equatorial para um clima seco. O processo dedesertificação da região que é hoje o Saara,
concentrou no vale do rio Nilo as populações circundantes.
No quinto milénio a.C , o vale do Nilo, já com as características climáticas actuais, conheceu uma
série de culturas neolíticas (Faium, Tasa, Merimde). Os habitantes do Egipto domesticaram animais
como o porco, o boi e cabra e cultivaram o trigo, cevada e o linho.
O quarto milénio a.C. corresponde àquilo que a historiografia designa como o período pré-dinástico
(ou proto-dinástico). Nele surge o cobre e na região do Alto Egipto surgem sucessivamente três
civilizações: a badariense, a amratiense e gerzeense. Esta última civilização acabaria por se
difundir por todo o território do Egipto.
Antigo Egito
O Antigo Egito é a civilização que se desenvolveu no vale inferior e no delta do rio Nilo entre 3100
a.C. e 30 a.C.. Entre 3200 a.C. e 2800 a.C. ocorreu a unificação dos reinos do Alto Egito e do Baixo
Egipto por um soberano de nome Menés.
O estudo da civilização do Antigo Egito formou-se como disciplina própria no século XIX com o
nascimento da Egitologia. Esta disciplina dividiu a história do Antigo Egito em várias etapas. Assim,
as duas primeiras dinastias egípcias correspondem à Época Tinita ou Arcaica. Neste período as
formas culturais, artísticas, governamentais e religiosas do Antigo Egito, que se mantiveram pouco
alteradas até ao fim da sua história, já se encontravam definidas.
A Época Tinita foi seguida pelo Império Antigo, época marcada pela construção de pirâmides, onde
as mais conhecidas são as pirâmides de Gizé do tempo da IV dinastia. O Império Antigo começou a
cair no reinado de Pepi II, tendo o Egito entrado no Primeiro Período Intermediário(sob domínio
externo). Após esse primeiro período intermediário surgiu o Médio Império, que durou
aproximadamente 500 anos, seguido pelo segundo período intermediário. Mais uma vez
expulsando os invasores, o Novo Império surge em 1200 a.C. e vive seu apogeu com Ramsés.
Alguns séculos depois foram submetidos por povos mesopotâmicos.
O Egipto ptolemaico
Em 333 a.C., Alexandre Magno derrotou os Persas na Batalha de Issus, e, no Outono do ano
seguinte, ocupou o Egipto, onde foi recebido como libertador pelo povo. Antes de partir para novas
campanhas militares no oriente, Alexandre fundou na região ocidental do delta do Nilo a cidade
de Alexandria, que seria nos séculos seguintes a metrópole cultural e económica do Mediterrâneo e
capital da dinastia.
Alexandre morreu em 323 a.C., mas sua sucessão não ficou assegurada. Nos anos seguintes os
seus generais dividiram entre si o império criado por ele. Um destes generais,Ptolemeu, que já
estava instalado como governador do Egipto, pegou em 305 a.C. o título de basileus (rei), fundando
a dinastia ptolemaica que governou o Egipto até 32 a.C..
A última representante da dinastia ptolemaica foi a famosa rainha Cleópatra, que tentou recuperar a
glória do reino anterior, tornando-se aliada dos romanos Júlio César e Marco António. Os seus
esforços mostraram-se inúteis, sendo vencida pelas forças romanas de Octaviano na Batalha de
Ácio.
De acordo com a tradição, o cristianismo teria sido introduzido no Egipto por São Marcos, mas esta
afirmação não é sustentada pelas fontes históricas. No final do século III, o Egito já tinha se
cristianizado. Em 325 o Concílio de Niceia institui o Patriarcado de Alexandria, que era o segundo
mais importante após o Patriarcado de Roma, exercendo a sua autoridade sobre o Egito e a Líbia.
Em 451 o Concílio de Calcedónia condenaria a doutrina do monofisismo (segundo a
qual Jesus depois da encarnação tinha apenas uma natureza, a humana), gerando a dúvida que
separou a cristianidade egípcia (adepta do monofisismo) dos outros cristãos da época.
Em 395 o Império Romano dividiu-se em duas partes, ficando o Egito inserido no Império Romano
do Oriente, que mais tarde se chamaria Império Bizantino.
Antiga religião egípcia
Antiga religião egípcia (ou mitologia egípcia) é o nome dado a religião praticada no antigo Egito desde
o período pré-dinástico, a cerca de 3.000 anos a.C. até o surgimento do cristianismo. Inicialmente era uma
religião politeísta por crer em várias divindades, como forças da natureza. Ao passar de séculos, a crença
passou a ser mais diversificada, sendo considerada henoteísta, porque acreditava em uma divindade criadora
do universo, tendo outras forças independentes, mas não iguais a este. Também pode ser
considerada monoteísta, pois tinha a crença em um único deus, as outras divindades eram neteru (plural
de neter), o que podem ser chamados de "anjos de deus", o que seriam vários aspectos de um mesmo deus.
A religião era praticada em templos e santuários domésticos. A religião ainda é praticada atualmente, porém
com minorias. O kemetismo é uma reconstrução neopagã da religião ainda praticada atualmente.
Estudo e fontes
Cosmologia e criação
O princípio do universo é a formação única de Deus, que não se fez do nada, e sim, autocriou seus aspectos.
Os aspectos de Deus, como dito anteriormente, chamam-se neteru (no singular: neter no masculino e netert
no feminino). Tudo vem a início de um líquido infinito cósmico chamado Nun (Nu ou Ny), este é o ser subjetivo.
Quando esse líquido se autocria e torna-se real, é Atum, o ser objetivo. Essa passagem é semelhante a
passagem de inconsciente para consciente do ser humano. Atum criou uma massa única universal, que deu
origem há uma explosão, porém pré-planejada. Atum também tem o poder de "tornar-se a si mesmo", que
segundo os antigos egípcios, é algo muito complicado para um humano, seria uma "obra divina". Mas isto é o
princípio da Terra. A oração para a transformação de Atum, é a seguinte:
Fui anterior aos dois anteriores que criei, pois tinha prioridade sobre os dois anteriores que criei.
Visto que meu nome é anterior ao deles, porque criei-os antes dos dois anteriores.
Os próximos neteru a serem gerados eram Geb e Nut, que criaram os dois ambientes da Terra: o céu e a terra
(plana). Estes também deram origem aos quatro neteru da vida: Osíris,Ísis, Seth e Néftis. Osíris criou a vida
no além e todo o processo de jornada até o céu. Ísis é responsável por todos os seres vivos. Seth representa
os opostos, mas também coisas más, como ódio e caos. Néftis representa o deserto, a orientação, e o ato de
morte. A história desses quatro neteru é a origem do próximo a ser gerado. Lembrando que as próximas
histórias são semelhantes aos humanos porque esses neteru eram de espécies bem próximas aos humanos.
Existem milhares de versões, no geral a história é a seguinte: Osíris era o neter que criou o ciclo de vida e
morte, por isso governava a terra. Seth, movido a inveja, resolveu armar uma forma de matá-lo. Então, de
forma incerta, provavelmente mostrando outra intenção, o trancafiou em um caixão e jogou no Nilo para se
perder e ninguém nunca achar. Néftis percebeu isso e avisou Ísis, quando começaram a procurar e
encontraram um caixão, e recuperaram Osíris. Seth como era uma forma do mal, esquartejou a forma material
de Osíris em 40 pedaços e espalhou-os por todo o deserto e no Nilo. Ísis, depois de muito tempo, conseguiu
encontrar todos eles, exceto o pênis, que foi devorado por três peixes. Então, Osíris uniu-se a Ísis e gerou um
filho, a primeira ideia de "imaculada concepção", ela ficou conhecida com "Virgem Ísis". O filho era Hórus, o
herdeiro que então lutou contra Seth, perdendo um olho na batalha, mas consegui vencê-lo. Esse olho ficou
conhecido como "Olho de Hórus", que foi reconhecido como símbolo de proteção pelos egípcios. A seguir uma
oração relacionada a isso:
Ó benevolente Ísis
Hórus também era conhecido como o "salvador da humanidade". Depois disso, Seth se tornou um neter
menor. Também há histórias dizendo que Hórus encarnou na terra e mostrou ensinamentos à humanidade.
Ele seria guiado pela estrela Sirius e presenteado em seu nascimento por três reis, que seriam representados
pelas Três Marias. Também fez milagres na terra, como andar sobre as águas do Nilo. Em outra versão, teria
ressuscitado um homem chamado El-Azar-Us. Foi morto pelo faraó (por inveja deste) e também teria
ressuscitado alguns dias depois. Fora da terra, teria se casado com Hator.
Os templos
Os templos no Antigo Egipto eram entendidos como os locais onde residia a divindade (hut-netjer, "casa do
deus"), que poderia ser acompanhada pela sua família e por outras Divindades, sendo por isso muito
diferentes dos modernos edifícios religiosos onde se congregam os crentes.
Os templos dos períodos mais antigos da história do Antigo Egipto, como o Império Antigo e o Império Médio,
não chegaram em bom estado até aos dias de hoje, pelo que são as construções do Império Novo e da época
ptolomaica que permitem o conhecimento da estrutura dos templos. Na estrutura "clássica" dos templos
egípcios podem ser distinguidas três partes: o pátio, as salas hipóstilas e o santuário.
Um pilone era uma porta monumental composta por duas torres em forma de trapézio, entre as quais se
situava a entrada propriamente dita. Nas paredes do pilone representavam-se as divindades ou muitas vezes
a cena clássica na qual se vê o faraó a atacar os inimigos do Egipto.
Passado o pilone existia uma grande pátio (uba), a única zona acessível ao público, onde a estátua da
Divindade era mostrada nos dias de festa. O pátio era rodeado por colunas e possuía por vezes um altar
(aba), onde se efectuavam os sacrifícios.
Este pátio precedia uma sala hipóstila (ou seja uma sala de colunas), mais ou menos imersa na escuridão,
que antecedia outros salas onde se guardavam a mesa de oferendas e a barca sagrada. Finalmente, achava-
se o santuário do deus (kari). Se os faráos entedessem ampliar um templo construiam-se novas salas, átrios e
pilones.
Os templos mais importantes poderiam possuir um lago sagrado, nilómetros, Per Ankh Casas de Vida,
armazéns e locais para a residência dos sacerdotes.
Teoricamente o rei egípcio tinha o dever de realizar a liturgia em cada templo. Uma vez que era fisicamente
impossível para o rei estar presente em todos os templos que existiam no Egipto, o soberano nomeava
representantes para realizar as cerimónias a Deus. Os reis só visitavam os templos em ocasiões especiais
associadas a festivais, o que não impede que sejam representados nos templos fazendo oferendas as
Divindades.
A vida nos templos seguia o curso da vida normal. Antes do nascer do sol, abatiam-se os animais que seriam
oferecidos as Divindades. Os sacerdotes purificavam-se com água e vestidos com trajes brancos entravam em
procissão no templo. No pátio do templo os sacerdotes apresentavam as suas oferendas e
queimavam incenso. Um sacerdote dirigia-se ao santuário da Divindade, uma sala especialmente consagrada,
localizada na parte mais reservada do templo. Aqui o sacerdote acendia um archote e abria o naos,
tabernáculo onde se guardava a estátua da Divindade. O sacerdote apresentava-se a Divindade e anunciava
vir cumprir os seus deveres. Limpava o tabernáculo, queimava incenso, lavava a estátua e aplicava sobre ela
óleos, vestia-a, maquilhava-a e colocava-lhe a coroa. Terminado este processo o sacerdote coloca a estátua
no naos, abandonando a sala apagando o archote e as pegadas que fez. Ao meio-dia poderia ser feita uma
nova cerimónia na qual se oferecia alimentos.
Sacerdotes
Sacerdotes vestidos com pele de leopardo realizam rituais de purificação. Túmulo de Userhat. XIX Dinastia
No Antigo Egipto não existiu uma estrutura sacerdotal centralizada; cada Divindade possuía um grupo de
homens e mulheres dedicados ao seu culto. O termo mais comum para designar um sacerdote em egípcio
era hem-netjer, o que significa "Servo de Deus".
Não se sabe em que época da história egípcia se estruturou o grupo sacerdotal. Na época do Império Antigo
os sacerdotes não estavam ainda organizados em corpos fixos como sucederá no Império Novo. De acordo
com os Textos das Pirâmides, datados do Império Antigo, os reis tinham cinco refeições diariamente, três no
céu e duas na terra; estas últimas estavam a cargo dos sacerdotes funerários.
As fontes do Império Novo mostram que os sacerdotes estavam organizados em quatro grupos (em
grego: phyles), cada um dos quais trabalhava durante um mês cada três meses. Durante os oito meses que
tinham livres, os sacerdotes levavam uma vida comum inserida na comunidade, junto das suas esposas e
filhos.
O clero egípcio estava estruturado de forma hierárquica. O rei era em teoria o líder de todos os cultos
egípcios, mas como já foi referido este delegava o seu poder a outro homem devidamente preparado por
Deus, o Sumo Sacerdote, que na hierarquia era seguido do segundo sacerdote, por sua vez seguido do
terceiro e quartos sacerdote. O grupo seguinte era o dos "pais divinos" e dos "puros". Existiam também os
sacerdotes leitores, os que calculavam o momento ideal para realizar um determinada cerimónia através da
observação do sol ("horólogos") e os que determinavam os dias fastos e nefastos ("horóscopos"). Finalmente,
pode distinguir-se um grupo dedicado aos serviços de manutenção do templo (imiu-seté).
As mulheres também trabalhavam nos templos seguindo o mesmo regime de rotatividade dos homens.
Frequentemente estas mulheres eram esposas dos sacerdotes. As mulheres poderiam ser cantoras (chemait),
músicas (hesit) ou dançarinas (khebait). Durante o Império Antigo e o Império Novo muitas mulheres da classe
abastada serviram a deusa Hathor. No culto de Amon o cargo mais importante ocupado por mulheres era o de
"Adoradora Divina". As mulheres que ocuparam este cargo foram filhas ou irmãs do faraó governante.