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UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E EDUCAÇÃO


CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

A MODERNIZAÇÃO DOS PORTOS: UM OLHAR DO SERVIÇO SOCIAL


SOBRE POLÍTICA PORTUÁRIA DO BRASIL NA COMPANHIA DOCAS DO
PARÁ.

Anna Nery da Silva

BELÉM-PA
2001
UNIVERSIDADE DA AMAZONIA
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E EDUCAÇÃO
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

A MODERNIZAÇÃO DOS PORTOS: UM OLHAR DO SERVIÇO SOCIAL


SOBRE AS CONSEQÜÊNCIAS DA POLÍTICA PORTUÁRIA DO BRASIL, NA
COMPANHIA DOCAS DO PARÁ.

Trabalho de Conclusão de Curso,


elaborado pela aluna Anna Nery da Silva,
apresentado ao Curso de Serviço Social
da Universidade da Amazônia, como
requisito para a obtenção do grau de
Assistente Social, sob orientação da
Professora Ana Cristina Morgado.

BELÉM/PA
2001
FOLHA DA AVALIAÇÃO

NOTA ATRIBUÍDA:

NOTA NO PROCESSO: ___________

ORIENTADOR : __________________

EXAMINADOR :__________________

MÉDIA DA BANCA: ______________

NOTA FINAL: ___________________

DATA: ______/______/________
AGRADECIMENTOS

- A DEUS, Ser Supremo, por ter guiado meus passos nos momentos de incertezas e
ajudado a superar e vencer os obstáculos que apareceram em minha caminhada;

- À minha família, principalmente a meus pais, que me deram todo apoio e incentivo para
que eu conquistasse essa vitória, participaram de todos os momentos e conduziram-me
sempre com amor, carinho e dedicação; eles são responsáveis por tudo de bom em minha
vida;

- Ao meu amor DENIS, que acompanhou a minha trajetória acadêmica, sempre dando
apoio e incentivo à dedicação que tenho aos estudos.

- Aos professores, por todo o conhecimento e aprendizado; em especial, ao coordenador do


curso EDVAL BENARDINO, pela competência, dedicação, paciência e, sobretudo,
agradável convivência estabelecida entre mestre e discípula.

- Às minhas grandes amigas, orientadoras de campo GISELE ARAÚJO e JÔ, a minha


eterna gratidão;

- À minha orientadora, professora ANA CRISTINA MORGADO, pela paciência e


compreensão nesta busca de conhecimento;

- A todas as pessoas amigas que direta ou indiretamente contribuíram para a conclusão


deste .momento;

- Às minhas amigas de coração e constantes companheiras ÂNGELA, DULCI, ANA


CLAUDIA, LANA,MARTA, pela riqueza de sua amizade.
“Ter razão é fácil; perceber que os outros a têm, eis o problema”.
Mário de Silva Pinto
A MODERNIZAÇÃO DOS PORTOS: UM OLHAR DO SERVIÇO SOCIAL
SOBRE AS CONSEQÜÊNCIAS DA POLÍTICA PORTUÁRIA DO BRASIL, NA
COMPANHIA DOCAS DO PARÁ.

Anna Nery da Silva

RESUMO: O presente estudo objetiva a compreensão da importância da atuação do profissional de Serviço


Social no processo de modernização dos portos do Brasil, dando enfoque a situação portuária da
Companhia Docas do Pará – CDP, relacionando aspectos e ações que afetaram as relações de trabalho,
assim como as conseqüências provenientes da Lei 8.630/90, no que concerne à relação capital x trabalho. É
base de elaboração do presente estudo a pesquisa empírica, através de entrevistas aplicadas nas áreas de
atuações dos sujeitos deste trabalho, além de pesquisa bibliográfica como referencial teórico para análise
das abordagens apresentadas. Perante a questão, conclui-se que o profissional de Serviço Social, através de
procedimentos e pesquisas pertinentes à questão social nas relações de trabalho, pode colaborar de forma
expressiva para o bom desempenho e conceito de uma empresa no mercado.

A atividade portuária no Brasil sempre foi tradicional, merecendo enorme


importância na economia. Devido ao processo de modernização dos portos com o advento
da Lei nº 8.630/93, um grande marco institucional – legal na transformação das relações
capital x trabalho no porto, promoveu inovações nas formas de organização do trabalho da
comunidade portuária, bem como desencadeou o processo que viria compatibilizar as
sistemáticas operacionais dos portos internacionais. O processo de globalização da
economia mundial é praticamente irreversível e afeta os setores portuários que não
acompanham o processo evolutivo da modernização portuária.

Com a implantação da Política Brasileira de Modernização dos Portos observa-se


que as mudanças decorrentes deste processo trouxeram a possibilidade de tornar os portos
brasileiros competitivos em relação a alguns portos mundiais que adotaram mecanismos
de modernização em sua infra-estrutura para dar eficiência às atividades desenvolvidas no
setor, além de alterar as relações de trabalho tanto em termos de organização da mão-de-
obra como na qualificação do profissional portuário.

A Companhia Docas do Pará – CDP, ao adotar as determinações da Lei de


Modernização dos Portos, vem promovendo, em seu contexto institucional, mediante
oferta de instalações e serviços portuários de hidrovias de alto padrão de qualidade, o
desenvolvimento econômico e social do Estado; e no âmbito da questão capital x trabalho,
algumas determinações impostas pela referida Lei, no que concerne à questão social nas
relações de trabalho, vêm sendo postas em prática através de ações continuadas
desenvolvidas no setor portuário da CDP.

O reflexo da reestruturação produtiva no processo de modernização dos portos


torna-se evidente quando a organização, para obter maior competitividade, investe em
tecnologia e inovação organizacional. As relações trabalhistas também modificam-se para
seguir o novo perfil organizacional e gerencial adotado pela empresa que opera alguns
“ajustes” nos setores, para manter, na prática, as medidas e ações e da Lei de
Modernização dos Portos, e atingir maiores índices de eficiência e racionalização no setor
portuário.

Para o assistente social, as questões sociais provenientes do processo de


modernização dos portos reflete a real situação que criou-se com adoção da política
portuária que alterou, de certa forma, as relações sociais de trabalho de algumas
organizações, e a atuação do referido profissional torna-se relevante, pois o compromisso
com a atualização profissional e a sintonia com as mudanças no cenário nacional presente,
poderão auxiliar bastante para o bom desempenho da empresa no mercado competitivo,
além de promover a qualificação profissional do quadro funcional, fator determinante para
se alcançar bons resultados na área econômica e social.

1. POLÍTICA BRASILEIRA DE MODERNIZAÇÃO DOS PORTOS.

Com o advento da lei n°8.630/93 – Lei de Modernização dos Portos, decretada pelo
Congresso Nacional e sancionada pelo Sr. Presidente da Republica Itamar Franco em
24.02.93 o Brasil deu o primeiro passo para acompanhar a modernidade dos serviços
portuários, estabelecendo, dessa maneira, um novo modelo para os portos nacionais que
passarão por profundas e radicais mudanças em seus múltiplos aspectos jurídicos,
institucionais e operacionais.

A Lei de Modernização dos Portos tem como objetivo a integração dos portos à infra-
estrutura sócio-econômica em contribuição ao progresso das atividades que se
desenvolvem no setor. As alterações promovidas pela Lei, que dispõe sobre o regime
jurídico da exploração dos portos são as seguintes:
!"
Criação do Conselho de Autoridade Portuária – CAP;
!"
Criação do Conselho Operador Portuário;
!"
Criação do Órgão Gestor de Mão-de-Obra (OGMO);
!"
Mudança na competência de infra-estrutura marítima do porto;
!"
Modernização da sistemática da administração portuária e aduaneira nos portos
organizados;
!"
Modernização na sistemática das concessões, arrendamentos e terceirização do
complexo portuário.

Uma das mudanças mais significativas instituídas pela Lei n°8.630/93 foi a criação da
figura dos Órgãos Gestores de Mão-de-Obra (OGMO) que têm a competência de
administrar a oferta e a qualificação dos trabalhadores portuários, servindo como
intermediários entre o capital e o trabalho.

A Lei de Modernização dos Portos introduz poderosos mecanismos que ensejam:

!"
A privatização da exploração dos portos organizados através da concessão;
!"
A construção, reforma, ampliação, melhoramento, arrendamento e exploração de
instalações portuárias, mediante contrato de concessão ou autorização do ministério
competente;
!"
A privatização da prestação de serviços portuários, através de pré-qualificação de
empresas operadoras portuárias.

No que diz respeito à relação capital x trabalho, as principais modificações dizem respeito
à:
!"
Transferência da Gestão de Mão-de-Obra do trabalho portuário, dos sindicatos dos
trabalhadores para os Órgãos Gestores de Mão-de-Obra;
!"
Transferência da prerrogativa de registro e identificação do trabalhador portuário, da
União para uma entidade privada, no caso o Órgão Gestor de Mão-de-Obra;
!"
Subordinação às normas que forem pactuadas em contrato, convenção ou acordo
coletivo de trabalho de todos os aspectos das relações capital x trabalho no porto,
inclusive a gestão de mão-de-obra.
O aspecto mais revolucionário quanto à administração do porto é a criação do
Conselho de Autoridade Portuária (CAP), que delega à comunidade local, tanto a
supervisão da atuação da administração do porto, quanto a distribuição do planejamento e
das decisões sobre o desenvolvimento de cada porto organizado.

O GEMPO – Grupo Executivo para Modernização dos Portos criado pelo Decreto
n°1.467 de 27 de abril de 1995 tem por objetivo coordenar as providências necessárias à
modernização do Sistema Portuário Brasileiro, com o advento da Lei n°8.630/93.

A edição da Lei n°8.630/93 teve como intuito revolucionar a relação capital x trabalho
no setor portuário, com a redução do excessivo contingente de trabalhadores avulsos e
pondo fim a alguns problemas setoriais, objetivando basicamente os custos das operações
portuárias no Brasil.

“Dada a complexidade das matérias tratadas na lei, cujo projeto inicial sofreu diversas
modificações e a versão final, até pelo seu tamanho, foi pouco divulgada, e são poucos os
técnicos, empresários e sindicalistas que, no momento, podem interpretá-la e visualizar a sua
aplicação” (OLIVEIRA, 1996: 53-54).

Nesse processo de estruturação, é fundamental o estabelecimento de prioridades


para as categorias monotécnicas, que realizam apenas uma única função, e também os
operadores de equipamentos dos portos, tais como programas de treinamento e reciclagem,
visando a formação de trabalhadores multifuncionais, aptos para realização de várias
tarefas diferentes. Com a superação desse vício, por meio da multifuncionalidade, todos
ganham com a redução dos custos e aumento da eficiência do operador, o que torna o
trabalhador polivalente em suas funções, ampliando suas opções de colocação, e tornando
os portos do país mais competitivos no mercado internacional cada vez mais globalizado.

2 – ORGANIZAÇÃO PORTUÁRIA DA CDP – COMPANHIA DOCAS DO PARÁ

Com sede em Belém, capital do Pará, constitui uma “holding”, a CDP, Companhia
Docas do Pará, com 34 anos de funcionamento, foi autorizada pelo Decreto- Lei n°155, de
10 de fevereiro de 1967. Atualmente, tendo como Diretor Presidente o Eng.º Carlos
Acatauassú Nunes, a empresa administra 10 portos (terminal de Miramar, Vila do Conde,
Santarém, Altamira, Itaituba, Marabá, Óbidos e Barcarena, inclusive o porto de Macapá,
no Estado do Amapá. É também responsável pela administração das hidrovias da
Amazônia Oriental, AHIMOR e Tocantins-Araguaia, AHITAR.

A CDP tem participado ativamente na implementação de grandes projetos do


Governo do Estado do Pará como, por exemplo, a Estação das Docas, e vem realizando
melhorias e modernizando seus portos. O porto de Vila do Conde, em Barcarena/PA, por
exemplo, passa por um processo de ampliação para tornar-se um porto de alto gabarito.

Em seu contexto institucional, a missão da companhia Docas do Pará é promover a


integração entre os diversos modais de transportes, através da oferta de instalações e
serviços portuários de hidrovias de alto padrão de qualidade, contribuindo para o
desenvolvimento econômico e social dos Estados do Pará e Amapá e das Regiões
Amazônica e Centro - Oeste do Brasil, buscando a satisfação dos seus clientes diretos e
indiretos.

Convém ressaltar que existe total harmonia entre as diversas autoridades que atuam
no âmbito dos portos organizados administrados pela CDP – Companhia Docas do Pará,
pois a atuação do Programa de Harmonização das Atividades dos Agentes de Autoridade
nos Portos (PROHAGE) é considerado como um dos mais atuantes do país.

A CDP conta atualmente com 03 (três) Órgãos Gestores de Mão-de-Obra (OGMO)


sendo 01 para os portos de Belém e Vila do Conde, 01 para o porto de Macapá e outro para
o porto de Santarém.

Com sede administrativa na capital, o OGMO de Belém e Vila do Conde estão


instalados dentro do porto da capital, estando plenamente capacitado para o desempenho
das tarefas que por Lei lhe competem, possuindo um corpo de empregados distribuídos nas
áreas administrativa, operacional e de segurança e medicina do trabalho, móveis e
equipamentos, em número e condições de implementar o processo de gestão de mão-de-
obra avulsa nos referidos portos.

Além das atribuições acima citadas, a CDP mantém um serviço especializado em


Segurança e Saúde dos Trabalhadores Portuários –SESSTP, organizado pelo OGMO de
Belém e Vila do Conde, com dimensionamento determinado na Norma Regulamentadora -
NR29, possui Engenheiro de Segurança, Técnicos de Segurança, Médico do Trabalho e
Auxiliar de Enfermagem.

O OGMO também constitui a Comissão de Prevenção de Acidentes no Trabalho


Portuário – CPATP, que está em pleno funcionamento no âmbito da Companhia Docas do
Pará. Entre outras atribuições do OGMO de Belém e Vila do Conde, está a realização de
cursos de aprimoramento técnico e profissional dos trabalhadores portuários na Companhia
Docas do Pará – CDP. Existem atualmente duas distinções entre os trabalhadores: os que
possuem vínculo empregatício e os trabalhadores portuários avulsos. Os primeiros são os
atuais empregados da CDP e os operadores portuários, e os segundos atuam conforme as
determinações do OGMO (Órgão Gestor de Mão-de-Obra).

Atualmente, o Conselho de Autoridade Portuária encontra-se devidamente


instituído nos portos de Belém, Santarém, Vila do Conde, no Pará, e em Macapá, Amapá,
onde já atendeu às suas atribuições básicas, conforme o artigo 30 da Lei n°8.630/93 – Lei
de Modernização dos Portos; as demais atribuições, por se tratar de ações continuadas,
vêm sendo desempenhadas satisfatoriamente.

De acordo com o artigo 33 da Lei n°8.630/93, a Companhia Docas do Pará e


Amapá, vem desempenhando regularmente suas atribuições, inclusive as constantes no
parágrafo 5°, inciso I da referida Lei, que celebrou em janeiro de 1998 contrato com o
Centro de Sinalização Náutica e Reparos Almirante Moraes Rego (CANR) da Marinha do
Brasil.

Na CDP em obediência ao que determina o artigo 26 da Lei n°8.630/93, o trabalho


portuário em alguns setores é realizado por trabalhadores portuários com vínculo
empregatício a prazo indeterminado e por trabalhadores portuários avulsos, sendo que
atualmente a mão-de-obra empregada nas operações de carga da CDP é
predominantemente de trabalhadores avulsos.

Quanto às negociações trabalhistas entre entidades representativas dos operadores


portuários e dos trabalhadores, essas se iniciaram em 1996 e vêm se desenvolvendo até
hoje, com a exceção do Sindicato dos Arrumadores do Estado do Pará que, por falta de
acordo, resultou em dissídio, ainda em processo e pendente da decisão da Justiça do
Trabalho.
O Plano de Incentivo ao Desligamento Voluntário (PDV), elaborado pela
Companhia Docas do Pará, o qual, após a aprovação da SEST(Serviço Especializado em
Segurança do Trabalho) e do TEM (Ministério de Trabalho e Emprego), encontra-se em
vigor. A CDP conta atualmente com cerca de 300 servidores atuando nos setores de
administração e operação de seus 10 portos e duas administrações hidroviárias e espera-se
com o referido plano reduzir o efetivo de pessoal para cerca de 250 empregados.

De acordo com o que se pode observar no decorrer do trabalho em questão, a CDP


– Companhia Docas do Pará, e os demais órgãos envolvidos (CAP, Secretaria da Receita
Federal, Capitania dos Portos, IBAMA, Ministério da Agricultura, Polícia Federal,
Ministério da Saúde, Ministério do Trabalho, OGMO e o Sindicato dos Trabalhadores
Avulsos), após vencido o período de indefinições, próprio de leis que suscitam alterações
profundas nos sistemas constituídos, caminham para a definitiva implementação da Lei
n°8.630/93 – Lei de Modernização dos Portos.

Segundo pesquisa de campo realizada para fins deste trabalho, a Lei nº 8.630/93 só
passou a surtir efeito na CDP a partir de 1996, pois, para seguir as determinações impostas
pela Lei, houve um gradual processo de redução do excedente pessoal, o qual tornava-se
uma barreira para a aplicabilidade das determinações da Lei da Modernização dos Portos.

E para contornar a situação de excedente de mão-de-obra portuária, a Companhia


Docas do Pará, como citado anteriormente, elaborou o Plano de Desligamento Voluntário,
objetivando reduzir o quadro funcional efetivo, para, enfim, seguir as determinações legais,
além de revolucionar a relação capital x trabalho no setor portuário, pondo fim aos
problemas setoriais.
3- O REFLEXO DA REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA NO PROCESSO DE
MODERNIZAÇÃO DOS PORTOS.

A partir do processo de modernização dos portos, as companhias portuárias, para


obterem maior competitividade em nível global, reestruturam-se através de um fenômeno
muito ligado à globalização chamado reestruturação produtiva, que se caracteriza pela
inovação tecnológica e pela inovação organizacional.
Na década de 90, com a implantação da Lei de Modernização dos Portos, as
inovações tecnológicas e organizacionais passaram a difundir-se para o conjunto da
economia. As companhias portuárias, para reagir à crise e à maior concorrência, fizeram
uso das inovações tecnológicas objetivando aumentar a produtividade, reduzir o custo de
produção e melhora qualidade de seus serviços.

No que concerne à Modernização dos Portos do Brasil, as inovações tecnológicas


foram introduzidas apenas parcialmente. Nesse contexto, a gestão autoritária do processo
de trabalho manteve-se inalterada, mas agora associada à tentativa de garantir a adesão dos
trabalhadores aos Círculos de Controle de Qualidade (CCQ), aos programas participativos,
e outros.

Essa renovação se respalda em dois aspectos que, numa análise comparativa com os
sistemas mais modernos e produtivos no setor portuário são responsáveis pela necessidade
da implementação de mudanças. O primeiro diz respeito à desatualizada regulamentação,
que rege as operações do cais, obsoletas, e o segundo são os equipamentos e instalações,
com tecnologias ultrapassadas e sem a manutenção necessária para o bom desempenho das
atividades realizadas nos portos.

“O problema dos portos brasileiros é de simples equação em face às irrestorquíveis


condições exigidas para sua necessária modernização, e o governo não dispõe dos vurtuosos
recursos para o dispensável reequipamento, e a empresa privada não aplicará um centavo
sequer nos elevados investimentos para aplicação e aquisição de novos equipamentos foi, sem
dúvida, a principal causa da rápida privatização dos maiores portos mundiais.” (OLIVEIRA,
1996: 35).

Isso se reflete em exigências como a inovação das relações trabalhistas, pois estão
diretamente ligadas ao processo de investimentos públicos e privados nos portos
brasileiros. Portanto é importante vincular e acompanhar essas mudanças, pois são fatores
de definição para a canalização de investimentos para ampliação e modernização das
atividades portuárias no sentido de atingir maiores índices de eficiência e racionalização.
“a introdução das inovações tecnológicas é acompanhada e subordinada à implementação de
novas formas de organização da produção e do trabalho e inúmeros programas de controle e
desenvolvimento de qualidade, sendo que a marca mais característica da reestruturação
produtiva é a predominância das inovações organizacionais e gerenciais”. (SILVA, 1996: 45).

Percebemos que essas inovações na redução dos níveis hierárquicos têm gerado
alteração na natureza do trabalho e das funções e profissões, reforçando a atuação dos
chamados operadores e eliminando diversas profissões.

A questão do trabalho desenvolvido nos setores portuários, a polivalência no Brasil,


ao contrário de diversas experiências internacionais, não significa necessariamente que o
trabalho dos operários seja valorizado ou enriquecido. Na maioria das vezes, o trabalhador
portuário passa a executar as mesmas atividades que antes eram executadas por um número
maior de trabalhadores, sem haver alterações salariais e nem melhores condições de
trabalho.

Analisando a questão dos investimentos na área tecnológica nos principais portos


do Brasil, podemos observar que a realidade do setor portuário brasileiro deixa muito a
desejar se equiparado a portos de outros países que adotaram os procedimentos de
modernização. Devido ao avanço tecnológico, a legislação brasileira tornou-se bastante
volumosa e complexa, inadequando-se à realidade portuária e à Lei nº 8.630/93, que
chegou para contornar a situação portuária no Brasil.

“Comprovando o atraso tecnológico, e enorme diferença de qualidade e custo dos serviços de


alguns portos do Brasil e os maiores complexos, como Roterdã, Antuérpia, Singapura e
Hamburgo, e diante dessa questão não há “jeitinhos” nem “características próprias” que
possam ser avocadas, e a solução é mesmo seguir o exemplo internacional dos mais
movimentados e eficientes” (OLIVEIRA, 1996: 33).

Visando competir com os portos mais desenvolvidos, como visto acima, o processo
das inovações tecnológicas nos portos brasileiros almeja torná-los mais aptos a disputarem
em um mercado globalizado, sendo que fica subtendido que na realidade um outro objetivo
está por trás de toda inovação tecnológica, que é o controle sobre o trabalhador, como
afirma Pablo Gentili: “as novas tecnologias, ao mesmo tempo em que diminuem a
necessidade quantitativa do trabalho vivo, aumentam a necessidade qualitativa do mesmo”
(GENTILI, 1995: 50-53).
Com vistas a melhoria de qualidade dos serviços no setor portuário, a Lei 8.630/93
possibilitou a criação do Órgão Gestor de Mão-de-Obra (OGMO) que substitui os
sindicatos organizados no controle da mão-de-obra avulsa nos portos, trazendo inovações
como o cadastramento do trabalhador avulso portuário, implicando em racionalização dos
custos. O consenso entre o sindicato dos trabalhadores avulsos e sindicatos dos operadores
portuários definirá o número de trabalhadores necessários para executar o serviço
portuário. Em vista disso, os empresários do setor defendem um contrato coletivo,
alegando que cada porto possui realidades diferentes; em contrapartida, os trabalhadores
defendem um contrato em nível nacional, criando uma barreira no processo de
modernização.

O trabalhador do setor portuário precisa adaptar-se a uma nova realidade no seu


setor de trabalho. A qualificação do trabalho passou a fazer parte desse novo processo
modernizador. Diante dos aspectos aqui assinalados, percebemos que o capital prescinde
do saber do trabalhador e da experiência e é forçado a demandar trabalhadores com o nível
de capacitação teórica mais elevado, o que implica mais tempo de escolaridade e de melhor
qualidade, revelando de outra parte, que o capital mediante diversos mecanismos, busca
manter tanto a subordinação do trabalhador quanto a “qualidade” de sua formação.

A necessidade de um conhecimento diversificado explicita as demandas emergentes


do sistema produtivo capitalista, dentro do novo padrão tecnológico, e a adaptação do
trabalhador portuário a outros tipos de atividades têm sido a solução para manter a
demanda de trabalhadores condizentes com as determinações da Lei 8.630/93. A questão
torna-se conflitante, quando o programa de qualificação profissional empregado pela
empresa não for eficiente, podendo causar o surgimento de trabalhadores com atividades
polivalentes que não demandam nenhuma qualificação nos serviços portuários, tratando-se
apenas de intensificação do trabalho.

As inovações tecnológicas no setor, ao atingir a mão-de-obra, tornam-se também


uma das formas de reajuste estrutural frente à necessidade de menores custos. A
implantação da Lei de Modernização dos Portos propiciou alterações no que concerne ao
trabalhador portuário, já que o emprego de novas tecnologias no setor levam as empresas a
substituir trabalhadores por equipamentos, e a falta de qualificação dos trabalhadores em
face das exigências das tecnologias mais avançadas gera conflitos onde incide a “lei dos
mais fortes”, na visão de Paul Singer (Folha de São Paulo - Caderno de economia,
24/03/99).

Ainda que o Brasil esteja fazendo sua reforma portuária em um período de alto
índice de desemprego e ela vá resultar na redução de mão-de-obra, terá que prosseguir
nesta Reforma, porque todos seriam perdedores com a estagnação do país provocada por
portos obsoletos e com tecnologia rudimentar em relação aos portos mundiais, pois numa
economia globalizada a competitividade será cada vez mais acirrada.

4- O OLHAR DO SERVIÇO SOCIAL SOBRE AS QUESTÕES SOCIAIS


ADVINDAS DAS INOVAÇÕES DA POLÍTICA PORTUÁRIA.

4.1- A QUESTÃO SOCIAL NAS RELAÇÕES DE TRABALHO DO ASSISTENTE


SOCIAL

Como múltiplas expressões da questão social podemos considerar a insegurança,


seja no mercado de trabalho, na organização sindical, na renda, na contratação, na
representação do trabalho e na defesa do trabalho, objeto o qual incide o trabalho
profissional, e reconhece-se que um dos aspectos centrais das questões sociais, hoje, é a
ampliação do desemprego e a precariedade das relações de trabalho.

Em virtude da crescente globalização, no que tem de excludente e desigual, há


maior exposição das atividades econômicas nacionais à competição externa, ao mesmo
tempo em que estimula a incorporação de novos paradigmas tecnológicos e de gestão,
poupadores de mão-de-obra, objetivando a elevação dos padrões de produtividade e
rentabilidade do capital em nome da concorrência no mercado.

“As raízes do crescimento do desemprego estão associadas a um processo de globalização


financeira, fazendo com que a lógica da valorização financeira predomine nas decisões do
empresariado, que passam a ser guiadas não pelo lucro operacional, mas pela variação do
câmbio e dos juros” (IAMAMOTO: 115).

Ao lado disso, segundo IAMAMOTO (1988: 130-131), algumas empresas com


necessidades de reformulação organizacional solicitam os serviços de um assistente social
para atuar no campo de treinamento e reciclagem de pessoal, no desenvolvimento de
programas voltadas à saúde do trabalhador (prevenção de estresse, do uso de drogas, de
doenças sexualmente transmissíveis, de acidentes de trabalho e atendimento à saúde da
mulher), coordenações programas de escolarização, programas de orientação à saúde
envolvendo acompanhamento de pacientes, inserção em equipe indisciplinar.

Quanto à questão das chamadas “ações sociais ou filantrópicas”, o empresário


passa atribuir um novo significado por ele impulsionado. Expresso na atualidade, o “novo
espírito social” de dirigentes de grandes grupos econômicos, não pode ser confundido com
impulsos distribuídos e/ou humanitários generosos. Trata-se de uma recente tendência das
empresas de apresentarem uma face social inserida em suas estratégias de marketing.
Explicando de forma mais clara, tal artifício ou “mote” de solidariedade humana, da
preservação da natureza para o desenvolvimento auto-sustentado, do compromisso com a
redução da pobreza e exclusão passam a ser utilizadas como meios de atribuir
respeitabilidade e legitimidade social ao empreendimento, estimulando a elevação de seus
índices de rentabilidade.

“O investimento em dinheiro, tecnologia, mão-de-obra por parte das empresas realiza-se em


busca de uma melhor imagem social, de ampliar vendas e conquistar mercado, a
preocupação com a própria sobrevivência empresarial, com a vantagem de usufruírem os
estímulos oferecidos pelo incentivo fiscal de 2% sobre o lucro operacional” (IAMAMOTO
1998: 127).

Podemos concluir que como todos os demais trabalhadores, os assistentes sociais


estão sujeitos às mesmas tendências do mercado de trabalho, sendo inócua qualquer
iniciativa isolada corporativista para a defesa de seu trabalho específico. O problema de
insegurança do trabalho ou da redução de posto de trabalho não é peculiar ao assistente
social, pois o seu enfrentamento exige, ao contrário, ações comuns que fortaleçam a
capacidade de articulação e organização mais ampla de coletivos de trabalhadores, a
desarticulação política e sindical, amplamente estimulada pelas políticas de cunho
neoliberal.

O mercado profissional do trabalho sofre impactos diretos dessas transformações


operadas na esfera produtiva e estatal que alteram as relações entre o Estado e a sociedade.
O setor público tem sido o maior empregador de assistentes sociais, sendo a administração
direta a que mais emprega, especialmente nas esferas estadual, seguida da municipal, em
que constata-se uma clara tendência à interiorização da demanda, daí a necessidade de
maior atenção à questão regional e ao poder local.

Partindo para a área de recursos humanos, no campo das organizações empresariais


ou não, tem crescido o espaço ocupacional dos assistentes sociais. Acompanhando ou não
os processos de reestruturação produtiva, a alteração das formas de gestão da força de
trabalho nas organizações que vem diversificando as requisições feitas aos assistentes
sociais, os quais têm sido chamados a atuar em programas de “qualidade de vida do
trabalho”, saúde do trabalhador, gestão de recursos humanos, prevenções de riscos sociais,
círculo de qualidade , gerenciamento participativo, clima social, sindicalismo de empresa,
reengenharia, administração de benefícios estruturados segundo padrões meritocráticos,
elaboração e acompanhamento de orçamentos sociais, entre outros programas.

Existem outras atribuições do assistente social que tornarão mais eficaz sua atuação
nas organizações como, por exemplo, em trabalhos voltados para o atendimento de grupos,
tendo em mente objetivos socias atingir e o seu papel no contexto da administração de
recursos humanos; no aprimoramento de suas condições de trabalho.

Podemos considerar que o clima organizacional e o reflexo do estado de espírito


dominante das pessoas nas empresas em determinado período, são afetados por fatores
internos quanto externos à empresa, revelando o grau de satisfação dos recursos humanos
quanto às causas do próprio desempenho organizacional.

Observa-se que alguns critérios adotados por determinadas empresas, tais como
exigências e requisitos para o ingresso na esfera empresarial, extrapolam o campo de
conhecimentos para abranger “habilidades e qualidades pessoais”, tais como experiência,
criatividade, desembaraço, versatilidade, iniciativa e liderança, capacidade de negociação e
apresentação em público, fluência verbal, habilidade no relacionamento e “capacidade de
sintonizar-se com as rápidas mudanças no mundo dos negócios, e para tanto é
imprescindível o conhecimento de informática e línguas, e nesse contexto também insere-
se o assistente social.

A questão da chamada “cultura de qualidade” merece destaque, pois algumas


empresas vêm implantando-a em seus ambientes. A implantação de programas de
qualidade total envolve o compromisso da alta administração e a sensibilização e o
envolvimento do pessoal, com o foco no quadro gerencial, estimulando a “satisfação do
empregado de trabalhar na empresa”. A educação e treinamento de pessoal para “ouvir a
voz do cliente” é fundamental, fazendo com que a empresa se torne comprometida com a
“arte de encontrar o cliente”, interno e externo, arte assim definida por IAMAMOTO:

Encantar o cliente significa fazer mais do que simplesmente satisfazê-lo. Significa oferecer mais
que o prometido, sobretudo de forma surpreendente, e encantamento do cliente deve ser praticado
de forma decidida, o final, sabe-se que a conquista de um novo cliente apresenta um custo de uma
de 5 vezes mais a manutenção de um cliente regular” (1998: 132).

Com a globalização, orientar o trabalho profissional nos rumos aludidos requisita


um profissional de Serviço Social culto e atento às possibilidades descortinadas pelo
mundo contemporâneo, capaz de formular, avaliar e recriar propostas ao nível das políticas
sociais e da organização das forças da sociedade civil. Um profissional informado, crítico e
propositivo, que aposte no protagonismo dos sujeitos sociais, mas também um profissional
ousado no instrumental técnico – operativo, capaz de realizar as noções profissionais, aos
níveis de assessoria, planejamento, negociação, pesquisa e ação direta, estimuladoras de
participação dos usuários na formulação, gestão e avaliação de programas e serviços
sociais de qualidade.

“A afirmação de um perfil profissional propositivo requer um profissional de novo tipo,


comprometido com sua atualização permanente, capaz de sintonizar-se com o ritmo das
mudanças que presidem o cenário social contemporâneo em que, “tudo que é sólido desmancha
no ar1, e também um profissional que seja pesquisador, que invista em sua formação intelectual
e cultural e no acompanhamento histórico – conjuntural dos processos sociais para deles extrair
potenciais propostas de trabalho – ali presentes como possibilidades, transformando-as em
alternativas profissionais.” (IAMAMOTO, 1998: 145).

Torna-se relevante incorporar a pesquisa como atividade constitutiva do trabalho


profissional, acumulando dados sobre as múltiplas expressões da questão social, campo em
que incide o trabalho do assistente social. É fundamental, ainda, que os projetos de
trabalho elaborados estejam calçados em dados estatísticas disponíveis, munidos de
informações atualizadas e fidedignas, que respaldem a capacidade de argumentação e
negociação dos profissionais na defesa de suas propostas de trabalho junto às instâncias
demandatárias ou competentes. A pesquisa é ainda um recurso importante no
acompanhamento da implementação e avaliação de políticas, subsidiando a (re)formulação
de propostas de trabalho capazes de ampliar o espaço ocupacional dos profissionais
envolvidos . A consolidação acadêmica da área supõe o reforço da produção acadêmica, do
investimento na pesquisa, e estímulos à publicação dos resultados alcançados.

nº 1 – 178. A assertiva, utilizada por Marx, para caracterizar a modernidade, revela-se hoje dotada de maior
atualidade. Cf. MARX, K. Engels, F. “O Manifesto Comunista”. In: textos 3. São Paulo, Ed. Sociais, 1977, pp: 13-47.

O trabalho do assistente social, no que concerne às condições e relações sociais,


atribui à profissão uma dimensão política por excelência, que não se confunde com a
militância política partidária. Apoia-se no fato de o seu trabalho realizar-se inserido na
relação de poder, inerentes às relações sociais entre classes que estruturam a sociedade
capitalista. A face visível dessas relações, para aqueles que as virem no controverso do
poder, são as desigualdades expressas nas múltiplas formas de exploração, subordinação e
exclusão do usufruto das conquistas da civilização por parte de segmentos majoritários da
população. O cotidiano do trabalho do assistente social apresenta-se como um campo de
expressões concretas das desigualdades referidas, de desrespeito aos direitos sociais e
humanos, atingindo, inclusive, o direito à vida. Atribuir-lhe visibilidade é o meio de
potenciar a dimensão política inerente a esse trabalho especializado, pela utilização da
mídia para denúncia das desigualdades, demandas, desrespeito aos direitos humanos e
sociais identificados, reforçando a dimensão pública das ações profissionais. Soma-se a
isso a articulação de profissionais e unidades de ensino por meio de redes de comunicação
via internet, além da utilização de recursos oferecidos pelos canais de TVs comunitárias e
universitários. A esses canais de difusão se alia a publicação de estudos, pesquisa e ensaios
elaborados sobre situações relevantes detectadas no campo profissional.

As estratégias defensivas das grandes empresas, no enfrentamento da crise,


conduzem, assim, a uma alteração das bases tecnológicas e das formas de gestão e controle
da força de trabalho. Consiste em produzir com maior eficiência e menor custo, isto é, em
elevação dos níveis de produtividade em aperfeiçoar a qualidade dos produtos e serviços,
tendo em vista a concorrência internacional, materializada em programas de “qualidade
total”, o que vem sendo re-traduzido para os trabalhadores como “qualidade de vida”.

Observamos que todo processo de transformação que vem ocorrendo no “mundo do


trabalho” altera substancialmente a demanda de qualificação de profissionais de Serviço
Social, tornando necessário que adquiram centralidade no processo de formação
profissional, porque tem uma centralidade na contemporaneidade de vida social. Exige que
a formação profissional possibilite aos assistentes sociais compreender criticamente as
tendências do atual estágio da expansão capitalista e nas repercussões, na alteração das
funções tradicionalmente atribuídas à profissão e no tipo de capacitação e requerida pela
“modernização” da produção e serviços e pelas novas formas de gestão de força de
trabalho que dê conta dos processos que estão produzindo alterações nas condições de vida
e de trabalho da população, que é alvo dos serviços profissionais, assim como das novas
demandas dos empregadores na esfera empresarial.

4.2- AS QUESTÕES SOCIAIS POSTAS COMO DEMANDA AO SERVIÇO SOCIAL


DA CDP

As mudanças estruturas da companhia Docas do Pará – CDP vêm sendo


acompanhadas com atraso pelo Serviço Social, haja vista que a implementação do setor
veio quase em seguida à Lei de Modernização dos Portos, por exigência da mesma, tendo a
atribuição de implantar e implementar ações interventivas, elaboração de proposta
implementadas pela análise de suportes legais da companhia, assim como, criar
instrumentos facilitadores para a participação de todos os funcionários da CDP que
optarem por ações/atividades que elevassem seu compromisso coparticipação das ações, a
fim de acompanhar e compreender todo o processo iniciado no dia-a-dia advindo das
transformações pertinentes à globalização, como das relações existentes agora
diferenciadas de capital x trabalho.

Ao realizarmos a análise institucional deparamos com questões peculiares das


instituições no inicio do século passado, com todos vícios “militaristas e tradicionais” e,
sobretudo, sem nunca ter experimentado a integração e abordagem junto ao Serviço Social.
Assim, o trabalho se desenvolvia segundo as condições estabelecidas no contexto
institucional. Neste sentido, pode-se dizer que o Serviço Social intervem tardiamente no
avanço da organização dos trabalhadores.

Observamos que o trabalho desenvolvido, atualmente, pelo Serviço Social atua em


níveis do aqui e agora através de demandas espontâneas – Assistência Psicossocial; com o
exercício de grupalização tanto para eventos e/ou atividades planejadas, tendo como
exemplo as datas comemorativas, onde a valorização e humanização se fazem presentes, o
coral, a Associação Recreativa (ARDOCAS), e assuntos educativos na prevenção de
acidentes e de saúde, além do evento anual (Semana da Cidadania). Tais espaços são, para
o Serviço Social, a possibilidade de transformar as informações do senso comum em
conhecimento transformador à conquista da autonomia.

Por vezes as ações nos parecem fragmentadas, porém sustentadas pelo


entendimento teórico dialético, o que nos traz a compreensão do processo de ampliação do
capital que por conseqüência aprofunda mais a divisão social do trabalho, agravando as
emergências das questões sociais, pois é sabido que o processo de formação e reprodução
da força de trabalho para o capital ocorre simultaneamente a constituição da classe
trabalhadora, assim como o acumulo de capital pela classe capitalista.

Deste modo as políticas sociais se constituem como mediadoras de assegurar,


através de normas e coerções, a dominação política da classe existente, acobertada pela
busca de legitimidade perante a vontade popular reforçando e desenvolvendo a
apropriação/ expropriação da força de trabalho e o padrão de acumulação capitalista. Isto é
bem claro quando percebemos as políticas setoriais respondendo aos problemas sociais
aguçados e gerados na dinâmica da reprodução das relações sociais de produção, assim é
percebida a Lei de modernização dos Portos em vigor na CDP. Neste sentido é válido
ressaltar a importância do Serviço Social neste contexto.

“O Serviço Social é uma profissão que nasce enraizada na questão social, que envolve os
“menos favorecidos” ou os mais expoliados e tem sancionado seu exercício profissional, pelas
instituições e/ou programas de bem- estar social de natureza pública ou privada. Sua história e
sua trajetória na sociedade capitalista de produção acompanha, contribui e serve
politicamente à sua finalidade”. (ALVES 1992: 149):

Dessa forma, podemos considerar que o campo de ações do assistente social, como
trabalhador técnico decorre, fundamentalmente, da inserção dos Serviços Sociais como
Política Social, na relação capital x trabalho, o que ocorre no contexto da CDP

Podemos constatar que, quando se pretende colocar em questão a competência


profissional da assistente social, não se pode prescindir da constatação de que a natureza da
profissão é interventiva sobre as demandas sociais reais e a proposta de ação se dá a partir
da investigação de realidade, da definição do objeto e dos objetivos, e se operacionaliza
pela determinação de um instrumental técnico que a viabilize; portanto, a competência
profissional se coloca na interseção entre a consciência dos limites e o compromisso com o
possível: atender à demanda real.
Muitas questões credenciadas no contexto da CDP exigem do profissional de
Serviço Social atualização para responder às várias formas de gestão de força de trabalho
do “capital”, que apesar de excluir e substituir algumas propriedades continua a ser sistema
capitalista em expansão.

O regente da “solidariedade”, isto é, democratização, desmistificação do sistema


capitalista junto aos empregados da CDP, encaminhando-se para a cooperação, dando
rumos legítimos aos sindicatos, hoje divididos - levando ao enfraquecimento de ambos -
além de buscar o desenvolvimento sustentado atuando nas diversas frentes (seguridade
social, meio ambiente, realinhamento organizacional, gestão e execução), possibilita a
todos os agentes do processo a responsabilização pelos rumos históricos a serem escritos.
6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante das questões levantadas a respeito das relações de trabalho do assistente


social, podemos concluir que o mercado de trabalho é bastante restrito nessa área, levando
em consideração algumas exigências de contratação que abrangem “habilidades e
qualidades pessoais”. E com a globalização, o mercado busca profissionais comprometidos
com sua atualização permanente, e em sintonia com as mudanças que presidem o cenário
social atual, e que incorporam a pesquisa no âmbito profissional, investindo na sua
formação intelectual e cultural, e transformando-a em novas propostas de trabalho na
esfera social. A criação de programas de “qualidade total” nas empresas, em virtude da
modernização dos campos de trabalho, requerem novas formas de gestão de força de
trabalho e atuação profissional, o que causa alterações nas condições de vida e de trabalho,
cabendo ao assistente social compreender criticamente as tendências decorrentes da
expansão capitalista na atualidade, e capacitar-se para atuar diretamente nas questões
sociais apresentadas em determinado setor profissional.

A exigência de novos direcionamentos da prática profissional, no atual mercado de


trabalho globalizado, compatíveis com as novas demandas sociais relacionadas ao trabalho.
As alterações no mundo do trabalho, no âmbito das questões sociais, estabelecem novas
mediações no que se refere às demandas pertinentes a questão capital x trabalho, devido às
rápidas mudanças que vêm ocorrendo no processo produtivo nas empresas, o que provoca
um significado aumento de problemas de saúde e ligados a questões trabalhistas. O papel
do assistente social dentro da empresa requer amplo conhecimento referente às várias áreas
de atuação profissional, além de trabalhar conjuntamente com os outros setores para
resolver questões que prejudicam a qualidade de vida dos trabalhadores.

A abordagem feita a respeito da questão social nas relações de trabalho do


assistente social engloba toda as situações constantes a respeito da modernização dos
portos com implantação da Lei nº 8.630/93, mostrando de forma geral todas as situações
que envolvem as relações capital x trabalho, evidenciando a atuação do assistente social
em diversas áreas mostrando a interdisciplinaridade do profissional na área de Serviço
Social.
A atuação do Serviço Social na Companhia Docas do Pará é recente, mas tem
provocado mudanças no contexto institucional com a implantação de ações e programas
voltados para a melhoria da qualidade de vida no âmbito do trabalho. O avanço
tecnológico que dinamiza a produção faz com que o profissional de serviço social trabalhe
as contradições que passam a existir diante deste contexto possibilitando à instituição um
realinhamento no qual a interação “empresa e cidadão trabalhador” possa ter uma visão de
apoio mútuo que perceba sua função social e priorize, neste processo, a qualidade de vida
política e social ao cidadão trabalhador e à sociedade em geral.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AVAILABLE FROM WORLD WIDE WEB < URL: http:

//www.nathaw.com/brazil/tropical/tr/lebrtr/lebrtr6.htm.translate

ALVES, J.M. A Questão da competência técnica para o Assistente Social, Seminar: CI,
SOC. 1 HUM, Londrina, V. 13, Ed. 3, P. 148-157, Setembro de 1992.

COMPANHIA DOCAS DO PARÁ. AUTORIDADE PORTUÁRIA. “Relatório de


Gestão 2000”.1996. 64F. Monografia (Bacharel em Administração). Universidade da
Amazônia – UNAMA, Belém.
IAMAMOTO, Marilda Vilela. O Serviço Social na Contemporaneidade: Trabalho e
formação profissional – São Paulo, Cortez, 1998.

MENESES, Kleber. “CDP e a Lei de Modernização dos Portos “ [ mensagem pessoal] <
Kleber@cdp.com.br> 05.01.2001.

OLIVEIRA, Carlos Tavares de, “Modernização dos Portos”, 2º Edição – São Paulo:
Edit. Aduaneiras, 1996.

SOUZA, Telma de, “Modelo integrador dos portos”. O Estado de São Paulo, 05 de janeiro
1995. Caderno de economia, P. B-2.

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