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Angola faz fronteira a norte com uma das regiões mais ricas e instáveis do mundo,
marcada por contínuas guerras e movimentações de milhões de pessoas (refugiados,
emigrantes), conhecida por África Central ou Região dos Grandes Lagos. Dois
países da região têm uma influência decisiva em Angola: a República Democrática do
Congo (Congo-Kinshasa ou ex-Zaire, antiga colónia belga) e República Popular do
Congo (Congo-Brazzavile, antiga colónia francesa).
A Leste (Zambia) e a Sul (Namíbia) as fronteiras são menos turbulentas por múltiplas
razões como veremos.
1. R.D.do Congo. Antiga colónia belga faz fronteiras a norte com Angola. Durante
as guerras coloniais (1961-1974) o ditador Mobutu Sese Seko apoiou a FNLA, mas
também a UNITA. Mobutu nunca deixou de procurar intervir na política angolana,
nomeadamente tentando anexar a província de Cabinda (rica em petróleo).
Em Julho de 1975 invadiu Angola, para apoiar a FNLA. Rapidamente Mobuto percebe
que a FNLA não tem capacidade para conduzir a guerra contra o governo (MPLA), e
passa a apoiar a Unita, permitindo-lhe criar uma base na região do Katanga, para
controlar e exportar diamantes de Angola. Apoiou também os movimentos separatistas
em Cabinda.
Em 1997 Mobutu é obrigado a deixar o país, que entram em mais uma luta fraticida.
As tropas de Angola invadem então a R.D. do Congo, em apoio a Laurent Kabila. Foi
apenas o começo de um conjunto de operações militares que os angolanos tem
realizado na região.
Nos últimos anos este país tem acusado Angola de estar a invadir o seu território,
ocupando uma zona rica em diamantes.
A R.P. do Congo deu um enorme apoio ao MPLA na sua luta durante a guerra colonial
(1961-1974) e depois na manutenção do poder durante a longa guerra civil (1975-
2002).
Os dois regimes acabaram por se ajudar mutuamente nas últimas décadas da Guerra
Fria. Ambos contaram também com o apoio da antiga União Soviética, que enviou
para a região milhares de cubanos que se estabeleceram em Angola (1975) e depois
na R.P.Congo (1977), onde só saíram em 1991 na sequência derrocada da União
Soviética.
Nas reviravoltas que se sucedaram, após a morte de Mobutu (1997), foi a R.P.do
Congo que passou a apoiar a UNITA. O governo angolano (MPLA) reage e ajudou
pouco depois a derrubar o governo democraticamente eleito de Pascal Lissouba. Este
país mergulhou mais uma vez na mais completa instabilidade.
O Reino do Congo
4. Namíbia. Antiga colónia alemã, em 1914 foi ocupada pela África do Sul. Tornou-se
independente em 1990. Foi através desta fronteira que entre 1975 e 1988 o regime racista
da África do Sul invadiu e depois apoiou a UNITA.
5. Àfrica do Sul. Na África subsariana Angola e a África do Sul são as duas grandes
potências regionais, embora com dimensões muito diferentes. Em 2006 a África do Sul
ocupava a 6ª. posição entre o grupo dos principais fornecedores de Angola, com 8%. (a
lista era liderada por Portugal com 17%, seguido dos EUA 9,8%, Brasil e China com 8,5%).
A África do Sul tem importantes investimentos directos em Angola nas áreas
mineira, financeira e da construção Civil.
6. Moçambique
..
Contexto Internacional
Não deixa de ser irónico que os dois maiores produtores de petróleo da África - Nigéria e
Angola -, apesar das suas enormes riquezas, a maior parte da sua população viva na mais
extrema pobreza. A existência de petróleo, diamantes e minérios em certos continentes
nem sempre é sinónimo de prosperidade. Angola confirmou isto mesmo ao longo de 27
anos de guerra civil, em que o petróleo e os diamantes serviram para alimentar a própria
guerra.
7. EUA. O crude existente em toda a costa ocidental de África é vital para a economia
dos EUA. Desde os anos 70 que este país fez questão de assinalar facto, envolvendo-se
nas lutas políticas internas angolanas para assegurar os seus interesses. Primeiro apoiou
e financiou a FNLA, depois a UNITA. Quando percebeu que a situação militar se havia
alterado no terreno, abandonou a UNITA e apoiou o MPLA. Embora o governo de Angola
só em 1993 tenha sido reconhecido pelos EUA, mas este facto nunca impediu a
exploração do petróleo pelas empresas norte-americanas.
Cerca de 38% das exportações de petróleo de Angola destinam-se aos Estados Unidos.
Em 2007 a África Ocidental representava 16% dos fornecimentos de petróleo aos Estados
Unidos (só Nigéria e Angola representam 14%). Os estratégas norte-americanos afirmam
que nos próximos anos este valor atinja os 25%. Angola a nível mundial é o 6º.
fornecedor de crude aos EUA, e as suas maiores empresas do sector operavam no país:
Chevron-Texaco, Exxon-Mobil (Esso), BP, Eni, Total e Norsk Hydro. Os EUA marcam a
sua prseença em Angola através da USAID e de várias ONG’s americanas.
9. Brasil. O Brasil tem tudo para se tornar no principal parceiro de Angola: a mesma
língua, uma história e cultura afins, proximidade geográfica. As relações muito intensas
durante o período colonial (até 1974), foram depois secundarizadas. Só foram reactivadas
com a paz em 2002. Em 2006 era o 3º. maior fornecedor de Angola. O Brasil vem
ganhando importância crescente com as suas empresas e investimentos em
áreas como a energia, obras públicas, petróleo, mineração e imobiliário.
VISÃOGERALDAECONOMIA
Em termos de superfície, Angola é o terceiro país da região da
SADC mas é relativamente sub-povoado. Angola ocupa 14 por cento
da superfície total da SADC, mas a sua população é somente 6,6
por cento da população total da Região (ver Tabele 2-1). A
contribuição de Angola para o produto interno bruto (PIB) da SADC
alcança 5,5 por cento, com um rendimento per capita de US$901
(2003).
Tabela 2-1: Dados Básicos – SADC
5.1OprocessodeintegraçãoeoempenhodeAngola
Angola como membro da SADC, da COMESA e da EASWA está a
passar por um processo de ponderação sobre o seu papel de
membro de acordos duplos visto que é altamente dispendioso
cumprir todos os compromissos assumidos, e a tendência é focalizar
a SADC. A sua posição geográfica e o seu potencial económico
fazem com que a Angola seja um importante membro destas
organizações regionais, mesmo que, até ao presente, os benefícios
de pertencer a estas organizações de integração regional tenham
sido insignificantes.
As relações comerciais externas de Angola são, principalmente, com
países industrializados enquanto o comércio intra-regional é
bastante insignificante, excluindo a importância crescente da África
do Sul, como uma fonte de importação de produtos alimentares. A
curto prazo, Angola não espera ganhos substanciais do processo
de integração, visto que estes benefícios no crescimento económico
são a longo prazo.
O governo está empenhado na integração regional como sendo uma
maneira de evitar a marginalização na economia mundial, e de
introduzir mais eficiência no sector produtivo interno. Contudo, temese
que a concorrência regional crescente seja prejudicial ao sector
industrial de Angola, muito fragilizado, visto que a SADC encoraja
especificamente os fluxos transfronteiriços dos investimentos e
projecta estabelecer uma Zona de Comércio Livre (FTA/ZCL) até
2012.
Os planos da SADC relativos ao estabelecimento de uma União
Aduaneira beneficiarão Angola, colocando-a numa posição em que
pode aumentar a sua quota de exportações na Região. A União
Aduaneira não deve levantar quaisquer problemas de filiações
múltiplas em outras iniciativas de integração regional, visto que a
política de Angola é de ser totalmente dedicada à SADC tendo
também em conta o papel desempenhado pela SADC no processo
de paz.
As autoridades estão a contemplar, plenamente, a questão dos
planos da SADC promover uma integração mais profunda, alcançar
o Mercado comum até 2015 e a união monetária até 2018. Contudo,
não é uma prioridade política, presentemente. Os benefícios de um
mercado comum, com a liberalização total do comércio em bens e
serviços, e a livre circulação de factores de produção, são claros
para os responsáveis políticos de Angola. A redução dos custos das
transacções resultantes da harmonização dos procedimentos
jurídicos e dos quadros reguladores certamente que beneficiará o
sector privado Angolano. Contudo, a participação plena no processo
de integração dependerá muito da capacidade dos políticos
manterem a estabilidade económica e social no país, e, por outro
lado, da resolução dos problemas estruturais que limitam o potencial
total do sector produtivo. Relativamente à mobilidade da força
laboral, é provável que Angola seja o recipiente da mão de obra da
Região, no caso da economia crescer como está previsto. Contudo,
a experiência de outros mercados comuns comprova que a
mobilidade da mão de obra é, geralmente, prevista nos tratados,
mas raras vezes é alcançada em pleno; os países encontram
sempre maneiras de invalidar as normas, impondo requisitos que
tornam difícil, ou mesmo impossível, um grande fluxo de
trabalhadores. Reconhecemos que a união monetária é um
resultado desejável do processo de integração, mas questiona-se o
calendário. A união monetária, de facto, invalida a possibilidade de
se usar as políticas monetária e cambial para se concretizar os
objectivos do desenvolvimento económico e social. Portanto, não é
provável que até 2018, as autoridades estejam preparadas para
suportar os custos da união monetária. O sentimento é de que o
resultado possa ser alcançado através de um processo a dois níveis,
com a maioria dos países mais desenvolvidos na região a entrar na
união monetária em 2018, dando aos restantes países mais tempo
para satisfazerem as condições impostas. Esta geometria variável
está consagrada no RISDP e no Tratado.
5.2ApertinênciadosIndicadoresdas
MetasMacroeconómicasdaSADC
O balanço do processo de concretização das metas de convergência
macro-económica coloca-nos a questão da pertinência dos
indicadores seleccionados. As instituições de Bretton Woods,
normalmente, analisam estes indicadores na avaliação da
estabilidade económica de um país.
4.1.4 Inflação
A inflação é uma medida do equilíbrio macroeconómico geral entre a
procura e a oferta e uma baixa taxa de inflação é considerada
benéfica, visto que evita distorções na distribuição das receitas.
As metas da SADC são estabelecidas em termos da inflação
principal, isto é, o índice de preços no consumidor que exclui
fenómenos inflacionários temporários, que não requerem
ajustamentos compensadores noutros sectores da economia (por
exemplo, choques sazonais nos sectores alimentar e energético).
Existem muitas maneiras diferentes de medir esta inflação, e poucos
Estados Membros da SADC têm uma medida para a sua inflação
(CORE). Angola não possui uma media para a mesma. Como foi
indicado acima, a taxa de inflação pode subestimar a inflação no
país, devido à cobertura limitada, e ao facto de que o cabaz de
artigos parecer reflectir mais os padrões de vida urbanos.