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Juizado Especial Cível:

Breves observações sobre o rito


sumaríssimo e função dos Juízes
Leigos

Prof. Me.: Joel Saueressig


Características principais:
ISENÇÃO DE CUSTAS

RAPIDEZ

ACESSIBILIDADE

(art. 2º: princípios gerais dos juizados)


Na CF/88
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e
os Estados criarão:
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou
togados e leigos, competentes para a conciliação, o
julgamento e a execução de causas cíveis de menor
complexidade e infrações penais de menor potencial
ofensivo, mediante os procedimentos oral e
sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em
lei, a transação e o julgamento de recursos por
turmas de juízes de primeiro grau;
Competência
Os Juizados decidem ações de menor
complexidade, como por exemplo as de
reparação de danos, de recusa em substituir
bem com defeito, de descumprimento
contratual, de despejo para uso próprio, de
acidentes de veículos, de cobrança de
condomínio, de execução de cheque, etc.
Não se julga através da lei 9099/95:
Ações de alimentos, ações de família, dissolução de
sociedade conjugal, guarda, regulamentação de
visitas, revisão de alimentos), as relativas ao
estado e capacidade das pessoas (investigação de
paternidade, alteração de registro civil,
interdição, emancipação), as ações de falência, as
ações contra a Fazenda Pública (do município,
estado e União), as ações de acidentes de
trabalho, assim também os inventários e
arrolamentos – art. 3º, par. 2º.
Neste caso, os critérios de
competência adotados são:
MATÉRIA
VALOR DA CAUSA (até 40 salários)
– art. 3º
(competência territorial – art. 4º)
Parte autora:
Poderão propor ação perante o Juizado Especial todas as
pessoas físicas capazes e as maiores de 18 anos e as ME
e EPP(art. 74, LC 123/2006).

Em que pese o novo texto da lei 9099/95 admitir apenas a


ME – renda bruta anual de até R$ 240.000,00 – o
enunciado 135 do FONAJE admite as EPP mediante
comprovação de rendimentos.

Houve alteração recente no art. 8º, § 1º que agora


permite outras PJ a proporem ação.
O inc. 3º permite que PJ qualificadas como
Organização da Sociedade Civil de
Interesse Público – lei 9790/99 e incluído
na lei 9099/95 pela lei 12126/09.

Estas PJ não podem ter finalidade


comercial ou ser de finalidade religiosa,
por exemplo. (Art. 2º e incs. da lei
9790/99)
Ainda, podem ser proponentes as
sociedades de crédito ao micro
empreendedor – lei 10.194 – que são
sociedades de responsabilidade limitada,
fechadas e regidas pela lei das SA.

OBS: No caso de PJ como parte ré, a


mesma será representada por preposto
credenciado sem a necessidade de vínculo
de emprego (Art. 9º, §4º, alterado com a
lei 12137/09).
Requisitos para ajuizar ação:
Para ingressar com ação nos Juizados Especiais é necessário
apresentar pedido, escrito ou oral, à Secretaria.

O interessado deverá informar o nome, endereço, profissão,


etc.; os fatos e os fundamentos que originaram o pedido; o
objeto do pedido e o valor.

É recomendável a apresentação de documentos que possam


auxiliar na solução da causa, tais como notas fiscais,
recibos, declarações, contratos, títulos extrajudiciais, entre
outros. O interessado deverá também, se for o caso, indicar
testemunhas que confirmem os fatos narrados.
Rito adotado:
Após o interessado protocolar seu pedido no Juizado,
será marcada audiência de conciliação, na
tentativa de um acordo entre as partes.

Se a conciliação acontecer, o acordo será


homologado por sentença pelo juiz. Caso
contrário, será marcada audiência de instrução e
julgamento, na qual o juiz ouvirá as partes e
testemunhas, analisará os documentos existentes
e, por fim, decidirá a questão em uma sentença.
Presença ou não de advogado:
Os Juizados Especiais foram criados com o objetivo
de simplificar procedimentos em ações menos
complexas.

Nas causas de valor até 20 salários mínimos, as


partes poderão ser assistidas por advogado; nas
de valor superior, até o limite de 40 salários, a
assistência é obrigatória.

O advogado também será presença obrigatória


caso as partes recorram de qualquer decisão.
Outras características
- Atos processuais noturnos, quando necessários;
- Citação por correspondência ou por oficial, vedada a citação por
edital;
- Manifestação imediata das partes sobre as provas apresentadas
em audiência;
- Contestação oral;
- Contra pedido permitido, reconvenção não;
- Produção de provas na instrução, facultado ao juiz o
indeferimento de outras que protelem o julgado;
- Máximo de 03 (três) testemunhas;
- Sentença líquida, sem relatório e sem condenação em honorários;
- Dez dias para interposição de recurso com preparo
obrigatório;

- Em regra, apenas efeito devolutivo para o recurso;

- Cinco dias para embargos declaratórios (oral ou por


escrito);

- Erros materiais corrigidos de ofício;

- Execução julgada no próprio juizado;

- Não admissão de ação rescisória.


Juiz Leigo
Conduta e atribuições
A lei nº 9099/95 criou, em seu art. 7º, a figura
do juiz leigo,
que é designado não apenas para presidir a
audiência de conciliação, mas
para dirigir toda a fase instrutória e, ao final,
redigir uma proposta de parecer/sentença,
submetida à apreciação do magistrado.
A figura do conciliador ainda é mais notada que a do
juiz leigo, principalmente em SC, onde os juizados
passaram a funcionar com dispositivos anteriores à lei
9099/95 – resgatando a competência dos estados em
termos de organização judiciária neste sentido (art. 98,
I da CF/88).

Em SC foi o Ato Regimental nº 27/95 e a Resolução nº


06/95 que cuidaram do tratamento dos juizados
especiais, mas com foco em outras questões da lei
9099/95.
“O mesmo não se pode dizer dos juízes leigos,
que deveriam ser uma
das vigas mestras dos juizados especiais, nas são
na verdade uma abstração,
por não contarem com a simpatia dos juízes
togados, que nunca os vêem com
bons olhos (...)”. (ALVIM, J. E. Carreira. Juizados
especiais cíveis estaduais. 2.
ed. Curitiba: Juruá, 2004. p. 38).
Justificativas para o pouco
prestígio do juiz leigo:
- O fato do juiz togado ser substituído por uma
outra pessoa em atos que acha ser de seu
exercício;
- A designação “leigo” adotada na lei;
- Exigência da lei que este profissional recaia
sobre advogados com 5 anos de prática.
OBS: Joel Dias Figueira Junior defende a
ampliação do rol de leigos para o alcance de
outros profissionais (p. 105).
Tabus a serem quebrados:
- O juiz leigo não é um estranho no Poder Judiciário,
mas um profissional da confiança do juiz togado;
- Não está incompatibilizado do exercício da advocacia
mas apenas impedido;
- A distância do juiz togado dos atos do processo nos
juizados não impede o magistrado de tomar
conhecimento do conteúdo das lides.
Importante!
A atuação nos juizados especiais fornece pontos
para a prova de títulos na seleção de ingresso
na magistratura - art. 37, § 1º, VIII, da
Resolução nº 04/06-TJ que dispõe sobre o
Regulamento do Concurso para Ingresso na
Carreira da Magistratura do Estado de SC.
Deveres:
I. tratar com urbanidade as partes, os membros do Ministério Público, os advogados,
as testemunhas, bem como os juízes, os funcionários e os auxiliares da Justiça;
II. cumprir com independência, serenidade e exatidão, as disposições legais e os atos
de ofício;
III. abster-se de advogar perante o Juizado Especial em que atua como juiz leigo;
IV . declarar-se impedido nas hipóteses previstas pelo art. 134 do Código de Processo
Civil;
V . declarar-se suspeito nas hipóteses previstas pelo art. 135 do Código de Processo
Civil;
VI. não exceder injustificadamente os prazos para sentenciar ou
despachar;
VII. determinar as providências necessárias para que os atos processuais se realizem
nos prazos legais;
VIII. comparecer pontualmente à hora de iniciar-se o expediente ou a sessão e não se
ausentar injustificadamente antes de seu término;
IX. manter conduta irrepreensível na vida pública e particular.
Observação:
Nas tutelas de urgência – tanto cíveis quanto
criminais -, a capacidade do juiz leigo deve ser
reduzida ao encaminhamento do pedido ao
juiz togado que o apreciará.

Não cabe ao juiz leigo, como colaborador do


Judiciário decretar, por exemplo, a prisão de
alguém.
Referências:
ALVIM, J. E. Carreira. Juizados especiais cíveis estaduais. 2. ed.
Curitiba: Juruá, 2004.

FIGUEIRA JUNIOR, Joel Dias. Manual dos juizados especiais cíveis


estaduais e federais. São Paulo: RT, 2006.

Fórum Nacional dos Juizados Especiais (www.fonaje.org.br)

Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul

Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina

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