Na CF/88 Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau; Competência Os Juizados decidem ações de menor complexidade, como por exemplo as de reparação de danos, de recusa em substituir bem com defeito, de descumprimento contratual, de despejo para uso próprio, de acidentes de veículos, de cobrança de condomínio, de execução de cheque, etc. Não se julga através da lei 9099/95: Ações de alimentos, ações de família, dissolução de sociedade conjugal, guarda, regulamentação de visitas, revisão de alimentos), as relativas ao estado e capacidade das pessoas (investigação de paternidade, alteração de registro civil, interdição, emancipação), as ações de falência, as ações contra a Fazenda Pública (do município, estado e União), as ações de acidentes de trabalho, assim também os inventários e arrolamentos – art. 3º, par. 2º. Neste caso, os critérios de competência adotados são: MATÉRIA VALOR DA CAUSA (até 40 salários) – art. 3º (competência territorial – art. 4º) Parte autora: Poderão propor ação perante o Juizado Especial todas as pessoas físicas capazes e as maiores de 18 anos e as ME e EPP(art. 74, LC 123/2006).
Em que pese o novo texto da lei 9099/95 admitir apenas a
ME – renda bruta anual de até R$ 240.000,00 – o enunciado 135 do FONAJE admite as EPP mediante comprovação de rendimentos.
Houve alteração recente no art. 8º, § 1º que agora
permite outras PJ a proporem ação. O inc. 3º permite que PJ qualificadas como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – lei 9790/99 e incluído na lei 9099/95 pela lei 12126/09.
Estas PJ não podem ter finalidade
comercial ou ser de finalidade religiosa, por exemplo. (Art. 2º e incs. da lei 9790/99) Ainda, podem ser proponentes as sociedades de crédito ao micro empreendedor – lei 10.194 – que são sociedades de responsabilidade limitada, fechadas e regidas pela lei das SA.
OBS: No caso de PJ como parte ré, a
mesma será representada por preposto credenciado sem a necessidade de vínculo de emprego (Art. 9º, §4º, alterado com a lei 12137/09). Requisitos para ajuizar ação: Para ingressar com ação nos Juizados Especiais é necessário apresentar pedido, escrito ou oral, à Secretaria.
O interessado deverá informar o nome, endereço, profissão,
etc.; os fatos e os fundamentos que originaram o pedido; o objeto do pedido e o valor.
É recomendável a apresentação de documentos que possam
auxiliar na solução da causa, tais como notas fiscais, recibos, declarações, contratos, títulos extrajudiciais, entre outros. O interessado deverá também, se for o caso, indicar testemunhas que confirmem os fatos narrados. Rito adotado: Após o interessado protocolar seu pedido no Juizado, será marcada audiência de conciliação, na tentativa de um acordo entre as partes.
Se a conciliação acontecer, o acordo será
homologado por sentença pelo juiz. Caso contrário, será marcada audiência de instrução e julgamento, na qual o juiz ouvirá as partes e testemunhas, analisará os documentos existentes e, por fim, decidirá a questão em uma sentença. Presença ou não de advogado: Os Juizados Especiais foram criados com o objetivo de simplificar procedimentos em ações menos complexas.
Nas causas de valor até 20 salários mínimos, as
partes poderão ser assistidas por advogado; nas de valor superior, até o limite de 40 salários, a assistência é obrigatória.
O advogado também será presença obrigatória
caso as partes recorram de qualquer decisão. Outras características - Atos processuais noturnos, quando necessários; - Citação por correspondência ou por oficial, vedada a citação por edital; - Manifestação imediata das partes sobre as provas apresentadas em audiência; - Contestação oral; - Contra pedido permitido, reconvenção não; - Produção de provas na instrução, facultado ao juiz o indeferimento de outras que protelem o julgado; - Máximo de 03 (três) testemunhas; - Sentença líquida, sem relatório e sem condenação em honorários; - Dez dias para interposição de recurso com preparo obrigatório;
- Em regra, apenas efeito devolutivo para o recurso;
- Cinco dias para embargos declaratórios (oral ou por
escrito);
- Erros materiais corrigidos de ofício;
- Execução julgada no próprio juizado;
- Não admissão de ação rescisória.
Juiz Leigo Conduta e atribuições A lei nº 9099/95 criou, em seu art. 7º, a figura do juiz leigo, que é designado não apenas para presidir a audiência de conciliação, mas para dirigir toda a fase instrutória e, ao final, redigir uma proposta de parecer/sentença, submetida à apreciação do magistrado. A figura do conciliador ainda é mais notada que a do juiz leigo, principalmente em SC, onde os juizados passaram a funcionar com dispositivos anteriores à lei 9099/95 – resgatando a competência dos estados em termos de organização judiciária neste sentido (art. 98, I da CF/88).
Em SC foi o Ato Regimental nº 27/95 e a Resolução nº
06/95 que cuidaram do tratamento dos juizados especiais, mas com foco em outras questões da lei 9099/95. “O mesmo não se pode dizer dos juízes leigos, que deveriam ser uma das vigas mestras dos juizados especiais, nas são na verdade uma abstração, por não contarem com a simpatia dos juízes togados, que nunca os vêem com bons olhos (...)”. (ALVIM, J. E. Carreira. Juizados especiais cíveis estaduais. 2. ed. Curitiba: Juruá, 2004. p. 38). Justificativas para o pouco prestígio do juiz leigo: - O fato do juiz togado ser substituído por uma outra pessoa em atos que acha ser de seu exercício; - A designação “leigo” adotada na lei; - Exigência da lei que este profissional recaia sobre advogados com 5 anos de prática. OBS: Joel Dias Figueira Junior defende a ampliação do rol de leigos para o alcance de outros profissionais (p. 105). Tabus a serem quebrados: - O juiz leigo não é um estranho no Poder Judiciário, mas um profissional da confiança do juiz togado; - Não está incompatibilizado do exercício da advocacia mas apenas impedido; - A distância do juiz togado dos atos do processo nos juizados não impede o magistrado de tomar conhecimento do conteúdo das lides. Importante! A atuação nos juizados especiais fornece pontos para a prova de títulos na seleção de ingresso na magistratura - art. 37, § 1º, VIII, da Resolução nº 04/06-TJ que dispõe sobre o Regulamento do Concurso para Ingresso na Carreira da Magistratura do Estado de SC. Deveres: I. tratar com urbanidade as partes, os membros do Ministério Público, os advogados, as testemunhas, bem como os juízes, os funcionários e os auxiliares da Justiça; II. cumprir com independência, serenidade e exatidão, as disposições legais e os atos de ofício; III. abster-se de advogar perante o Juizado Especial em que atua como juiz leigo; IV . declarar-se impedido nas hipóteses previstas pelo art. 134 do Código de Processo Civil; V . declarar-se suspeito nas hipóteses previstas pelo art. 135 do Código de Processo Civil; VI. não exceder injustificadamente os prazos para sentenciar ou despachar; VII. determinar as providências necessárias para que os atos processuais se realizem nos prazos legais; VIII. comparecer pontualmente à hora de iniciar-se o expediente ou a sessão e não se ausentar injustificadamente antes de seu término; IX. manter conduta irrepreensível na vida pública e particular. Observação: Nas tutelas de urgência – tanto cíveis quanto criminais -, a capacidade do juiz leigo deve ser reduzida ao encaminhamento do pedido ao juiz togado que o apreciará.
Não cabe ao juiz leigo, como colaborador do
Judiciário decretar, por exemplo, a prisão de alguém. Referências: ALVIM, J. E. Carreira. Juizados especiais cíveis estaduais. 2. ed. Curitiba: Juruá, 2004.
FIGUEIRA JUNIOR, Joel Dias. Manual dos juizados especiais cíveis
estaduais e federais. São Paulo: RT, 2006.
Fórum Nacional dos Juizados Especiais (www.fonaje.org.br)
Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul