Atenção 3 de fevereiro de 2009

Matéria importante

RTT - Quem deve optar?

Com a publicação da Lei nº 11.638 em 2007, da MP nº 449 em

dezembro de 2008 e, principalmente, com a edição das normas
previstas pelo CPC - Comitê de Pronunciamentos Contábeis,
aprovados pela CVM - Comissão de Valores Mobiliários, o Brasil
ingressou definitivamente em uma nova era da contabilidade.

Conforme ampla divulgação anterior, o legislador já havia previsto

na Lei nº 11.638 que tais alterações nas legislações societária e
contábil não deveriam produzir efeitos tributários, todavia, existia
grande ansiedade por parte dos contribuintes para entender como
tal neutralidade tributária seria operacionalizada.

Finalmente, foi publicada a MP nº 449/2008, que procurou atender

ao objetivo da neutralidade tributária, permitindo que os
contribuintes optassem pelo RTT - Regime Tributário de Transição.
Índice
De forma geral, as empresas optantes pelo RTT poderão continuar
1 RTT - Quem deve optar?
apurando o IRPJ e a CSLL com base nos métodos e critérios
3 MP nº 449/2008 - Novidades que preocupam
contábeis vigentes em 31/12/2007 e, para garantir a neutralidade,
poderão efetuar adições e exclusões das diferenças de critério
contábil diretamente no Lalur Livro de Apuração do Lucro Real.
Matéria importante

A formalização da opção ocorrerá na
entrega da DIPJ referente ao ano-
calendário de 2008, cujo prazo, como
em anos anteriores, deverá ser fixado
em até 30/6/2009 e valerá para o
biênio 2008/2009. Quem não optar
pelo RTT não terá a neutralidade
assegurada.
Ocorre que, para alguns casos, a
decisão pela adesão ao RTT parece ser
menos complexa. Entretanto, em
algumas situações, esta decisão precisa
ser cuidadosamente avaliada.
Por outro lado, casos em que os ajustes da Lei nº 11.638/2007 sejam
de natureza devedora no resultado do exercício, como por exemplo,
empresas que promovam ajustes a valor presente (AVP) sobre contas
a receber de longo prazo, podem ser indícios de que não vale a pena
optar. Vejamos, na tabela abaixo, um resumo com algumas alterações
que podem gerar efeitos tributários.
Descrição Opção pelo RTT NÃO Opção
Ágio fundamentado por Dedutibilidade da Em princípio, não
rentabilidade futura amortização assegurada, aproveita fiscalmente,
(após incorporação) de acordo com o critério sendo necessária a
vigente em 31/12/2007. avaliação do efeito do
teste de recuperação.
(Benefício via Lalur)

Arrendamento mercantil Dedutibilidade da Passará a registrar a

Listamos, a seguir, algumas hipóteses – Leasing contraprestação paga depreciação dedutível do
em que a opção pelo RTT parece ser assegurada, de acordo bem ativado e encargos
com o critério vigente em financeiros do passivo
necessária sob o ponto de vista de 31/12/2007. registrado.
manutenção da carga tributária:
(Controle via Lalur)

n empresas que possuem incentivos
fiscais considerados como
subvenção para investimento:
como tais subvenções passam a ser
contabilizadas no resultado do
exercício, a não tributação pelo
IRPJ, CSLL e, inclusive o PIS e a
COFINS, somente ocorre se a PJ
optar pelo RTT;
n empresas que estão amortizando
ágio justificado por rentabilidade
futura (após incorporação):
considerando que as novas práticas
determinam que este ativo diferido
não será mais amortizado, mas sim
submetido ao teste de recuperação,
a opção pelo RTT parece
assegurar, ao menos para 2008 e
2009, a dedutibilidade da
Depreciação – alteração Se a taxa for aumentada,
de vida útil econômica será necessária a
comprovação para
atendimento inclusive do
Fisco.
Ajustes a valor presente Efeitos de natureza
de contas a receber e a credora ou devedora serão
pagar neutralizados no Lalur.
(Adição/exclusão)
Reserva para subvenção Não tributação
de investimento / prêmio assegurada, de acordo
na emissão de ações com o critériovigente em
31/12/2007.
Ativo diferido – Dedutibilidade ocorrerá
despesas pré - pelo critério vigente em
operacionais 31/12/2007, qual seja,
amortização pelo prazo de
recuperação, não inferior a
cinco anos (art. 327 do RIR).
(Adição temporária)
Mesmos efeitos da opção,
se considerarmos que não
ocorre mudança de critério
contábil, somente revisão
de estimativa da vida útil.
.
Os ajustes aumentarão ou
reduzirão o lucro tributável,
conforme o caso.
Será tributado para fins de
IRPJ, CSLL, PIS e COFINS.
Também deverá cumprir o
critériofiscal previsto no
artigo 327 do RIR
(cinco anos).

amortização com base no critério Teste de recuperação Tratamento de provisão Tratamento de provisão
vigente em 31/12/2007; (Impairment) temporariamente temporariamente
n empresas que operam com indedutível. indedutível.

contratos de arrendamento
mercantil (leasing): para fins
contábeis, alguns destes contratos Mensagem final:
deverão ser considerados como
uma operação de compra e venda a As empresas precisam, urgentemente, identificar quais ajustes são
prazo. Portanto, o bem estará aplicáveis em suas demonstrações contábeis, avaliando os reflexos
sujeito à depreciação, fiscais que decorram dos respectivos ajustes, para terem condições
normalmente com taxas que levam de avaliar e decidir pela opção ou não ao RTT.
em conta a vida útil efetiva,
resultando em apropriação de
despesas relativas a estes contratos
num período de tempo superior.

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MP nº 449/2008 - Novidades que preocupam
Dentre as mudanças introduzidas pela MP nº
449/2008, algumas mostram claramente a intenção de
restringir alguns dos direitos das empresas que
pareciam perfeitamente estabelecidos. Estas
restrições já estão sendo questionadas pelos
contribuintes através de medida judicial, tal como a
vedação da compensação, já a partir da competência
dezembro, de valores de IRPJ e CSLL devidos por
estimativa.
Em nossa opinião, é necessário avaliar, com base nas
projeções de resultado para 2009, qual deverá ser a
melhor sistemática de tributação a ser adotada para o
ano que se inicia, lembrando que a opção se
manifesta através do primeiro recolhimento do ano.
A possibilidade de utilização do lucro real trimestral
pode ser uma alternativa viável para reduzir os
efeitos da vedação de compensação das estimativas de
IRPJ e CSLL imposta pela MP.
Lembramos que a possibilidade de utilização de
créditos federais para compensação de outros débitos
próprios, tais como o PIS, COFINS, IPI, etc.,
continua em vigor.
Ademais, destacamos outras novidades que devem
preocupar o empresário:
n parcelamento de débitos: necessidade de
oferecimento de garantia real ou fidejussória,
inclusive fiança bancária, idônea e suficiente para
o pagamento do débito;
n arrolamento de bens na fiscalização: foi alterada
a Lei nº 9.532/1997, que instituiu o arrolamento
de bens. De acordo com a MP, devem ser
identificados também os bens ou direitos;
ü em nome do cônjuge, desde que não
comunicáveis na forma da Lei, se o crédito for
contra pessoa física; e
ü em nome dos responsáveis tributários (sócios e
administradores).
n mais de uma fiscalização sobre o mesmo
período de apuração: passa a ter previsão
expressa possibilitando mais de um procedimento
de fiscalização sobre o mesmo período e tributo,
mediante ordem emitida por autoridade
administrativa competente, nos termos definidos
pelo poder executivo.
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Contato
Wanderlei Costa Ferreira Sérgio Agrício Kubiak
wanderlei@tercogt.com.br kubiak@tercogt.com.br
O objetivo deste informativo é compilar,
sucintamente, as principais alterações nas
legislações tributária, trabalhista e societária e
em práticas contábeis ocorridas. Sendo estas
informações de caráter genérico, recomendamos
que, antes de ser tomada qualquer decisão em
relação aos conceitos aqui apresentados, seja
feita uma consulta profissional específica.
Regis Ricardo Grasciano
regis@tercogt.com.br
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