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Todos os trabalhos de artes visuais são composições, e para compreendê-las é necessário ter conhecimento dos elementos que
estruturam a linguagem e os princípios que regem a combinação desses elementos.
A composição é o arranjo dos elementos da arte visual de acordo com os princípios da arte visual.
Os elementos que estruturam a linguagem visual são chamados de elementos formais. Estes elementos fazem parte de objetos de
arte visual, como as imagens, esculturas e edifícios, e transmitem muitos sentimentos e sensações. Os elementos formais são:
Ponto Valor
Linha Forma
Textura Figura
Cor Espaço
Podemos organizar os elementos da linguagem seguindo alguns princípios. Os artistas visuais utilizam os elementos a fim de
criar um trabalho especial e pessoal, que resulta em expressão.
Equilíbrio Ritmo
Ênfase Padrão
Proporção Harmonia
Movimento Variedade
PONTO – O ELEMENTO MAIS SIMPLES
Quando batemos com a ponta do lápis no papel estamos fazendo um registro, uma marca.
Este registro pode ser feito com materiais diferentes em suportes diferentes e, por isso, pode ter características peculiares e ter
diversas interpretações.
Por exemplo: um ponto feito com carvão ou giz pastel é mais seco, e deixa registrado o gesto do artista, a intensidade da força de
sua mão ao desenhar.
Pontos coloridos pintados numa superfície, um ao lado do outro, podem criar uma ilusão de ótica que une as cores para criar outra
cor. Essa técnica de pintura é chamada de Pontilhismo, e seu
criador foi Georges Seurat, pintor francês pós-impressionista.
TIPOS DE LINHA
Linha e expressão
Esses elementos da linguagem visual também podem expressar sentimentos e sensações. Por
exemplo:
Linhas quebradas não estão nem na vertical nem na horizontal, e portanto estão em movimento. Elas
nos passam uma sensação de raiva e força.
Linhas diagonais são confusas, vibrantes. Nas composições bidimensionais linhas diagonais indicam profundidade,
criando uma ilusão de perspectiva.
Linhas sinuosas são sensuais e suaves, e podem nos transmitir uma sensação de sonho.
Observe este trabalho de Van Gogh, pintor holandês pós-impressionista. Ele usou linhas curvas para
desenhar a textura do campo de trigo e das plantas, e também para desenhar as montanhas e as
nuvens, transmitindo uma sensação de movimento, de alucinação.
Textura desenhada
Na linguagem visual, a textura pode ser trabalhada de diversas maneiras. Nós podemos desenhar
texturas usando pontos, linhas retas, curvas, sinuosas ou quebradas.
Observe esta litografia de Honoré Daumier, pintor e caricaturista francês do século XIX. Usando
apenas linhas e pontos ele fez uma crítica da sociedade da época.
Outra maneira de desenharmos texturas é fazendo frottage. É uma técnica que foi valorizada por um pintor surrealista
chamado Max Ernst. Consiste em rabiscar, com grafite, num papel sobre uma superfície que tenha uma textura
característica, como por exemplo um chão de madeira.
Então, como mágica, a textura da madeira passa para o papel, e é justamente essa força do acaso e das infinitas
possibilidades de reprodução que encantou os surrealistas. Para eles, a arte tinha a função de representar o inconsciente, o
acaso; eles buscavam a arte pura dos loucos e das crianças.
Alguns artistas modernos e contemporâneos trabalham com texturas como tema em si. Suas pinturas e esculturas enfocam
a sensação que as texturas causam nos espectadores, seja por meio do olhar ou do tato.
São múltiplas mídias, ideias e suportes. A imagem e seu simbolismo são revalorizados em todas essas linguagens.
Colagens e relevos
Para conseguirmos o efeito de textura num desenho, podemos colar objetos texturizados numa
superfície ou usar materiais como massa corrida e gesso, que dependendo de como os
trabalhamos, quando secam ficam rugosos ou ásperos.
Observe a capa desse manuscrito do século XI, onde foram incrustadas pedras e objetos entalhados:
Nós podemos tocar os relevos e as esculturas e sentir a textura dos materiais com que foram feitos. Podemos criar texturas entalhando a
madeira ou a pedra, vincando o metal ou marcando a argila. Observe estes relevos.
Coquille baillante (1964-65) é uma escultura realizada pelo escultor e poeta dadaísta francês
Jean Arp. Criada em mármore, é uma cópia de um estuque ou gesso original. Arp, que foi
um dos primeiros escultores a criar formas deste tipo, as
denominou "concreções".
COR – UM MUNDO EXPRESSIVO
Nós vemos as cores por causa da luz.
Cada coisa neste mundo, quando iluminada, emite ondas que nos fazem ver determinada cor.
Cada pessoa percebe a cor diferentemente de outra pessoa, pois a cor também depende do olho de quem vê.
Muitas vezes uma mesma cor pode mudar quando está perto de uma outra cor, pois a nossa percepção cria uma terceira
cor entre elas. Observe como a mesma cor parece diferente dependendo da cor do fundo do desenho:
Os artistas visuais estudam as cores e os efeitos que elas causam umas nas outras quando estão juntas. Eles
experimentam várias combinações de cores como forma de estudo e também para escolher a sua paleta.
Algumas cores quando estão juntas criam um conjunto harmonioso, suave, delicado. Observe esta pintura de Gino
Severini, pintor italiano fundador do Futurismo, movimento da arte moderna.
Algumas cores quando estão juntas criam um efeito vibrante, contrastante. Observe este quadro de Rosso Fiorentino,
pintor italiano maneirista.
“Descida da cruz” (1521), de
Rosso Fiorentino
Propriedades da cor
Amarelo
Valor: É a característica de claridade ou escuridão de uma cor, ou a quantidade de preto ou de branco que uma cor tem.
Amarelo
Amarelo claro
escuro
Tanto a gradação suave de intensidade quanto a gradação suave de valor de um tom ou matiz nos dão a sensação de luz, de iluminação.
As cores primárias são três cores que, quando misturadas, criam todas as outras cores.
A partir do final do século XIX o vermelho pigmento aceito como primário é o vermelho magenta, pois esse pigmento puro só
foi desenvolvido nessa época.
As cores secundárias são aquelas que conseguimos com a mistura de duas cores primárias em partes iguais:
As cores terciárias, que conseguimos com a mistura das cores secundárias entre si, criam o marrom e seus tons e são as
chamadas cores terrosas.
+ =
Na linguagem visual, de modo geral, para pintar nós precisamos das tintas.
Os pigmentos, que dão a cor às tintas, em geral são encontrados na natureza, como os minerais e as plantas, e são utilizados em
pó.
O solvente é o líquido que dissolve a tinta. Por exemplo: o solvente da tinta óleo é a terebentina; o solvente do guache, da têmpera
e da aquarela é a água.
4Cores complementares
.
As cores complementares são aquelas que ocupam lugares
opostos no círculo cromático.
Vermelho e verde
Laranja e azul
Amarelo e roxo
Tanto as cores complementares quanto o preto e o branco, quando estão juntos, criam um efeito contrastante, vibrante:
Observe esta tela de Stuart Davis, artista americano expressionista abstrato. Ele usou cores puras, vibrantes, contrastantes, como
as cores complementares, o preto e o branco.
É uma gama muito extensa de cores e tons, portanto o que importa é a sensação que as cores passam para nós e não uma regra
específica sobre quais são as cores frias e quais são as quentes.
O conjunto das cores em uma pintura, por exemplo, pode ser mais frio ou mais quente dependendo da maioria das cores do quadro.
As cores frias e quentes também podem estar associadas aos sentimentos, como alegria e tristeza. As cores quentes são cores mais
alegres, e as cores frias são cores mais tristes.
Observe esta pintura de Pieter Brueghel, o Velho, pintor renascentista flamengo. As cores desta pintura são predominantemente
frias.
Agora observe esta outra pintura de Pieter Brueghel. Esta tela tem cores quentes.
“A Torre de Babel” (1563), de Pieter Brueghel, o Velho
FORMA - REPRESENTAÇÃO
Na linguagem visual, as formas podem estar nas imagens, como nos desenhos, pinturas, fotografias, vídeos e filmes.
“Split” (“Divisão”), pintada em 1959, de Kenneth Noland,
pintor americano expressionista abstrato.
Formas figurativas
Tanto as imagens das formas quanto as formas construídas podem ser figurativas, representações de coisas conhecidas,
verdadeiras cópias da realidade. Observe esta tela de Jan Vermeer, pintor holandês barroco. Ela é quase uma fotografia, e
registra um momento do dia-a-dia de uma holandesa do século XII.
“A leiteira” (1659-1660), de
Vermeer
Formas abstratas
As formas também podem ser abstratas. As formas abstratas podem ser orgânicas, geométricas, ornamentais ou
simbólicas.
Formas orgânicas são formas irregulares e assimétricas. Observe esta obra de Barbara
Hepworth, escultora inglesa moderna. Ela usava o espaço vazio em suas obras.
“Hieroglyph”, de Barbara
Hepworth
Formas abstratas geométricas
Outro tipo de formas são as simbólicas. São formas figurativas que perdem seu significado original porque o artista lhes deu
outro significado. Observe esta instalação de George Segal, escultor americano contemporâneo. Ele utilizou elementos do
cotidiano para expressar solidão.
Na linguagem visual, quando pensamos em formas, imaginamos que elas existem em relação a um fundo, um espaço, que
pode ser o plano do papel ou mesmo o espaço real, no caso de uma escultura.
A relação entre a figura e o fundo nos traz uma outra definição de forma:
Observe esta tela de Franz Kline, pintor americano expressionista abstrato. Ele pintava grandes formas de cor negra que
parecem flutuar sobre a brancura da tela.
O reconhecimento do que é figura e do que é fundo é um grande passo no aprendizado da linguagem visual.
A percepção de figura e fundo está condicionada por nosso instinto de colocar ordem e significado nas informações visuais.
Quando olhamos para uma imagem tendemos a finalizar uma conclusão sobre o significado, e ignoramos as outras
possibilidades. É difícil perceber as outras imagens. Treinar o olho a perceber depois da primeira impressão é um
desenvolvimento crucial na alfabetização visual.
Bidimensional: É a representação do espaço tridimensional em uma superfície bidimensional, como a superfície do papel ou a
tela da pintura.
Num desenho, quando a figura e o fundo se separam, temos a impressão de que existem vários planos e de que as formas são
tridimensionais. Por exemplo: pinturas, imagens de fotografias, imagens da tv, do cinema, dos cartazes, das revistas e dos livros
estão em superfícies bidimensionais e mesmo assim representam formas tridimensionais.
Espaço tridimensional
Essas formas têm o ar como elemento circundante, como fundo. Nós podemos
acrescentar ou retirar partes desses objetos, de todos os lados.
As formas tridimensionais podem ser uma unidade que foi escavada ou entalhada,
como nas esculturas de argila e pedra.
Artesão modelando a
argila.
As formas tridimensionais podem ser formadas por partes interligadas, como nas esculturas de metal soldado.
Artista soldando o metal para construir uma
escultura.
As formas tridimensionais podem ser convexas. Por exemplo: nosso corpo tem formas convexas, e as esculturas figurativas
realistas utilizam formas tridimensionais convexas.
Observe este detalhe de uma escultura de Anthony Caro, escultor minimalista inglês. Ele
utilizou formas planas em sua obra.
Podemos desenhar as formas no espaço bidimensional com pontos, linhas retas, linhas curvas, linhas sinuosas, linhas quebradas,
com cores, com texturas, com todos esses elementos juntos ou com cada um separadamente.
Nesta tela de Gustav Klimt, pintor austríaco que pertenceu ao grupo dos Nabis, as formas são definidas pelas texturas e padrões
criados pelo artista.
Sobreposição
Quando duas formas estão sobrepostas em um desenho, aquela que tem o contorno
completo é a que está na frente, e isso nos dá a impressão de existirem vários planos.
Observe esta pintura de René Magritte, pintor belga surrealista. Sabemos que o homem
está atrás da maçã porque seu rosto está incompleto, e sabemos que o homem está na frente
do muro de pedras, porque o desenho do muro está interrompido, incompleto.
Perspectiva atmosférica
Na perspectiva atmosférica o que está mais perto tem mais detalhes, contraste, textura e está
desenhado na metade inferior do desenho. Normalmente a maioria dessas qualidades são
usadas em combinação e nos dão a impressão de profundidade, de três dimensões.
Transparência
O uso de formas transparentes em desenhos ou pinturas é um recurso para criar a ilusão de vários planos. Em geral, as formas
transparentes parecem estar na frente de formas opacas. Observe como o círculo parece estar mais próximo de nós.