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Isso é tudo relativo

Relativismo é uma ideologia egoísta. A frase anterior parece ser paradoxal, já que o
relativismo prega que cada um tem seu ponto de vista e deve ser respeitado por isso.
Em outras palavras, o que é verdade para você, necessariamente não será verdade
para outros, dessa maneira, tudo que existe é mentira. O que me atesta de que tudo
ao meu redor não é pura ilusão?

Vejamos por esse ponto, a gravidade. Você sabe que ela existe, entretanto eu posso
acreditar na existência dela ou não, mas se eu não acreditar na gravidade, isso fará
com que eu voe? Claro que não. Da mesma forma que existe uma lei absoluta que rege
a física do nosso planeta, por que não haveria uma só verdade absoluta que pode e
deve reger as nossas vidas?

Partindo deste pressuposto, há no ser humano uma incrível necessidade de apontar um


sentido para as nossas vidas, esse sentido nós delimitamos como certo, aquele mais
próximo do melhor que pode existir, desta maneira foram “criadas” as religiões. Seja
você, meu caro leitor, budista, espírita, protestante, católico, ou até mesmo ateu, de
alguma forma você crê que a ideologia que aponta para sua vida um sentido é a
ideologia correta.

Tomemos por exemplo um cristão, ou até mesmo um espírita. Um espírita crê que
devemos fazer boas obras para que nas próximas reencarnações sejamos pessoas
melhores até alcançarmos a pessoa de Cristo, então por que não falar para o mundo
praticar boas obras para que todos, assim, sejam a cada vida melhores e melhores?
Dessa maneira o mundo seria melhor, e se tornaria mais fácil praticar boas obras e
ficaria cada vez mais fácil chegar à pessoa de Cristo.

Um cristão crê que Jesus é o caminho para a Deus, crê que todos aqueles que
conhecem a Jesus terão um sentido para sua vida, então por que não falar ao mundo
do amor de Deus, que irá transformar as pessoas e dar-lhes-á sentido à vida?

O que estou querendo comunicar não é o fato do que as religiões discutem, se está
certo ou errado, mas sim, o fato de não vermos mais rodas de debates de religiões,
não se discute mais qual está certa ou errada, não se estuda para mostrar ao mundo o
porquê do que eu creio é correto e, entrando no mundo protestante, nem mais vemos
cristãos discutindo biblicamente sobre doutrinas e suas fundamentações. E quando as
pessoas discutem, associam a ideologia à pessoa com quem se está debatendo o que
trás o desconforto e faz com que não se tenha relacionamento.

O fato é que as pessoas têm medo de discutir, e por isso assumem uma posição que
anula totalmente o grande mérito do altruísmo, qual seja, se o que eu faço é bom para
mim, se o que eu faço é certo, então por que não distribuir isso ao mundo? Mas se eu
distribuir isso ao mundo encontrarei pessoas conflitantes que vão rebater meus
argumentos, me desrespeitar e etc. Esse impasse faz com que as pessoa se acomodem
e prefiram não falar a que aprender a fazê-lo.

Também não estou afirmando que devamos sair por aí xingando e ofendendo, estou
dizendo que devemos sim defender nossos argumentos e crenças, contudo,
entendermos que existe um outro ser humano que, por questões históricas,
psicologias, físicas e – por que não? – espirituais, acredita em determinada ideologia ou
religião. Discussões e debates não precisam ser quentes e cheios de ataques (e nem
devem acontecer a todo o momento), mas podem ser apenas conversas.
A situação é tão crítica que nós não instigamos uma discussão nem para vermos quais
são os pontos de vista diferentes, para vermos os erros de nossas teorias e
reavaliarmos nossa condição de ser. Nós fugimos de enfrentarmos os outros para não
enfrentarmos a nós mesmos. É como se nos víssemos em um espelho torto e
achássemo-

nos lindos e quando nos deparássemos com um espelho que nos refletisse a verdade
concluíssemos que o problema está no espelho.

Observem como algo que parece simples pode desencadear tamanho problema. O
relativismo é sim egoísta, porque enquanto eu penso na minha verdade, tenho medo
de passar aquilo que é de bom para o mundo. Não ensino nem aprendo, não troco
informações, ou histórias, em suma, não me relaciono. E se me relaciono, tenho um
limite muito raseiro para o mesmo, já que se for profundo demais, farei aquilo que não
quero, qual seja, gerar o conflito, o desconforto. E sem conflito, sem desconforto, SEM
DOR, não há crescimento, e sem crescimento seremos seres medíocres que nada
fazem além de enxergarmos nosso próprio umbigo, e morreremos sem deixar
“saudade alguma”.

Ora, meu caro amigo, entenda que o mandamento de Cristo “Ide por todo o mundo e
pregai o evangelho a toda a criatura” (Mc 16: 15) nada mais é que uma regra que você
DEVE obedecer quando você não conseguir entender que o que você tem é bom
demais para ficar só com você. Se entendermos que amar não é só respeitar pelo que
o outro é, mas AMOROSAMENTE (atenção à palavra), ensinarmos às pessoas sobre o
amor de Deus (2 Tm 4: 2), como um pai [dentro de suas devidas proporções] que ama
e educa o filho. Aí vem a pergunta, então por que anteriormente você citou que não se
vê mais grupos de cristãos discutindo sobre as doutrinas do cristianismo? Ora, por que
deveriam haver discussões entre batistas e presbiterianos, pentecostais e batistas,
luteranos e anglicanos? Concordo com você leitor ao dizer que o fato de os cristãos já
serem salvos é a única coisa que importa, mas eu lhe respondo a pergunta com outra
pergunta: Jesus disse que Ele É o caminho para Deus (Jo 14: 6), e se, o seu irmão,
(cristão, como você), juntamente contigo são o corpo de Cristo, ora por que você se
pouparia de aprender sobre o maravilhoso Deus que te salvou e libertou? E por que
você pouparia o teu irmão de conhecer este mesmo Deus?

Não estou dizendo que a minha doutrina é a correta, mas se você se intitula
protestante, seja você batista, pentecostal, neo-pentescostal, presbiteriano,
presbiteriano independente, luterano, anglicano, por qual razão você não protesta, e
questiona, e busca soluções para a sua própria doutrina e para a doutrina dos outros?
Questione, critique, veja os problemas e proponha-lhes uma solução não para gerar
contenda, mas que você JUNTAMENTE com teus irmãos adorem melhor ao único Deus
verdadeiro.

Mas não se esqueça de um detalhe, antes de questionar os outros, você deve


questionar-se (Mt 7: 5), afim de que você não seja levado pelo vento, e não se
posicione, saiba primeiro quem você é e naquilo que você crê; para isso você deve,
simplesmente, ler a bíblia e não só lê-la, antes, entendê-la e não questioná-la, mas
questionar-se a partir dela, afinal, “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o
ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o
homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda a boa obra.” (1 Tm
3: 16-17).

Jonatas Lopes de Oliveira.


(19/04/2011)

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