O documento descreve a Teoria da Diversidade e Universalidade do Cuidado Cultural desenvolvida por Madeleine Leininger, que defende que o cuidado é um fenômeno universal vivenciado de forma diversa entre as culturas e que é fundamental para o desenvolvimento da prática de enfermagem transcultural e centrada no paciente.
O documento descreve a Teoria da Diversidade e Universalidade do Cuidado Cultural desenvolvida por Madeleine Leininger, que defende que o cuidado é um fenômeno universal vivenciado de forma diversa entre as culturas e que é fundamental para o desenvolvimento da prática de enfermagem transcultural e centrada no paciente.
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O documento descreve a Teoria da Diversidade e Universalidade do Cuidado Cultural desenvolvida por Madeleine Leininger, que defende que o cuidado é um fenômeno universal vivenciado de forma diversa entre as culturas e que é fundamental para o desenvolvimento da prática de enfermagem transcultural e centrada no paciente.
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LEININGER(1991) refere que o cuidado Humano é Universal, sendo
vivenciado nas diversas culturas, e, em sua Teoria sobre a Diversidade e
Universalidade do Cuidado Cultural, enfatiza que o mesmo é necessário para o desenvolvimento da prática assistencial de enfermagem. Esta teorista desvelou o termo Enfermagem Transcultural como sendo um comparativo e análise de culturas em relação às práticas de cuidado de enfermagem, visando um atendimento significativo e eficaz às pessoas de acordo com seus valores culturais e seu contexto saúde-doença. LEININGER(1991) apresenta três tipos de interação entre enfermeiro/cliente: 1- Preservação do cuidado cultural (as ações do enfermeiro precisam apoiar, facilitar ou capacitar o cliente para o restabelecimento da saúde ou enfrentamento da morte. 2- Ajustamento do cuidado cultural (a assistência profissional visa à adaptação, ajustamento ou negociação do cliente, visando alcançar um resultado de saúde benéfico ou satisfatório. 3- Repadronização/reestruturação do cuidado cultural (intervenções profissionais que necessitam modificar os padrões de saúde do cliente para alcançar adequada qualidade de vida, respeitando os valores culturais e crenças dos pacientes(clientes).
Através desta visão, a assistência de enfermagem será adaptada à cultura do
cliente não havendo incongruências entre o cliente e o cuidador. Um dos conceitos centrais de sua teoria diz que cuidar é um verbo que se refere a ações de assistir, ajudar, facilitar o outro indivíduo ou grupo, com necessidades evidentes ou que podem ser antecipadas, que levam a melhorar ou aperfeiçoar uma condição humana ou modo de vida. E cuidado é um substantivo que se refere às atividades empregadas na assistência, ajuda ou facilitação desse indivíduo ou grupo com necessidades evidentes ou antecipadas, a fim de melhorar a condição ou modo de vida humana ou para se defrontar com a morte (LEININGER, 1981). Na sua visão transcultural, Leininger considera o ser humano inseparável do seu conhecimento cultural e social; refere que o cuidar humano é um fenômeno universal e que suas expressões, processos e padrões variam entre culturas. Acrescenta que o cuidar tem várias dimensões que podem ser estudadas e praticadas para prestar cuidados holísticos às pessoas. A teorista diferencia o cuidar no sentido genérico, do cuidar no sentido profissional. No sentido genérico, o cuidar se refere a atos de assistência, suporte ou facilitação dirigidos a um indivíduo ou grupo. No sentido profissional, refere-se aos modos, cognitivamente aprendidos, humanísticos e científicos de ajudar e capacitar o indivíduo, a família ou a comunidade a receber serviços personalizados, através de processos, técnicas e padrões de cuidados específicos e culturalmente definidos, para melhorar ou manter uma condição favoravelmente saudável para a vida ou morte. Os estudos de LEININGER (1991) e de outras pesquisadoras da área de enfermagem investigam comportamentos de cuidar entre algumas culturas, ilustrando como as pessoas mantêm muitos dos rituais de cuidar que representam os valores de suas culturas; inclusive muitos desses rituais de cuidado permanecem fiéis às suas origens, passando de geração a geração através dos tempos. LEININGER, expressa que cada cultura tem maneiras próprias de definir, compreender, refletir e explicar a saúde e a doença, sendo assim o cuidado, um fenômeno culturalmente construído. COMO LEININGER – TEORIA TRANSCULTURAL DO CUIDADO – DESCREVE: ENFERMAGEM : Ciência e arte humanística que enfoca comportamentos de cuidado, (individual ou de grupo), funções e processos direcionados à promover e manter comportamentos de saúde ou recuperação de doença os quais tem significância física, psicocultural e social pelos seres assistidos geralmente por um profissional de enfermagem ou alguém com papel similar em termos de competência. É um fenômeno transcultural. Enfermagem é cuidar/cuidado. PESSOA/SER HUMANO : Um ser que apresenta comportamentos de cuidar/cuidado que variam segundo as culturas, porém é universalmente um fenômeno humano. As pessoas se caracterizam por padrões de cuidar/cuidado. Pessoas expressam cuidado de acordo com valores. SAÚDE : Fala de saúde, doença e bem estar – são culturais e baseados em valores. O cuidado é um processo. A cura não existe sem o cuidar. MEIO AMBIENTE : O ambiente influencia a forma de expressar cuidar/cuidado assim como política, religião, parentesco e valores culturais. O cuidado é um construto social. Transculturalidade
Pesquisas transculturais - donde a expressões transculturalismo ou
transculturalidade - são aquelas realizadas em diferentes culturas sobre um mesmo tema, no sentido de identificar as semelhanças e diferenças da questão pesquisada em relação a cada cultura. Um exemplo é a Psiquiatra Transcultural (1) e na prática um grande esforço nesse sentido foi a realização do CID-10 (10ª edição da Classificação Internacional de Doenças) pela Organização Mundial da Saúde (OMS) com a participação de psiquiatras de 40 países (2) para definir os conceitos sobre transtornos de modo comum e consensual. Há autores que consideram a transculturalidade um problema, alegando que "a transculturalidade irradia a cultura hegemônica através de regras estáveis e unificadas"(3). Se esse é um cuidado importante a ser observado criticamente, também é verdade que a iniciativa da OMS representa um avanço em relação ao tempo em que apenas manuais de psiquiatria americanos ou europeus estavam à disposição de profissionais de diversos países com culturas e questões comportamentais significativamente diferentes dos padrões euro-americanos. Ligações Externas e Referências (1)Psiquiatria Transcultural (2) Organização Mundial da Saúde. Classificação dos Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10. Artes Médicas, Porto Alegre, 1993. (3) Canevacci, Massimo. Transculturalidade, interculturalidade e sincretismo
MADELEINE LEININGER E A TEORIA DA DIVERSIDADE E
UNIVERSALIDADE DO CUIDADO CULTURAL – UM RESGATE HISTÓRICO Introdução De acordo com Spradley e Allender (1) desde 1600 chegavam europeus e africanos (vindos como escravos) que foram se estabelecendo nos Estados Unidos da América (EUA). Em 1900 a imigração de países como Índia, Chile e Coréia cresceram de forma extraordinária em território americano. Ainda segundo as autoras os padrões de imigração ao longo dos anos contribuíram indubitavelmente para a construção de uma diversidade cultural nos EUA. Destarte, visitar ou morar nos EUA significa, antes de mais nada, entrar em contato não só com o povo e a cultura americana mas conviver nas atividades do dia-a-dia com pessoas de diversos países como China, Japão, Sérvia, Israel, Índia, África, Filipinas, Bangladesh, Grécia, Rússia, Alemanha, Espanha para citar apenas alguns. Desta feita, os setores de prestação de serviços dentro do território americano precisaram se adaptar a essa sociedade cosmopolita. Neste sentido, destacamos a necessidade que os enfermeiros americanos sentiram de conhecer e compreender as culturas de seus clientes para melhor assistí-los. A partir deste contexto não é de se estranhar que a Teoria da Diversidade e Universalidade do Cuidado Cultural (TDUCC) tenha nascido naquele país. Objetivando obter uma compreensão da evolução histórica da TDUCC realizamos uma pesquisa documental das trajetória e produção intelectual de Madeleine Leininger (fundadora do campo de enfermagem transcultural e autora da teoria em foco neste estudo). Metodologia Para este estudo documental utilizamos como principais recursos para a coleta de dados o acervo bibliográfico da Claude Moore Health Sciences Library da University of Virginia, consultas à base de dados (Medline), páginas da internet relacionadas à Leininger (www.tcns.org, www.humancaring.org/). O material consultado, aproximadamente 70 documentos, foi organizado cronologicamente e por categoria (livros e periódicos). Com o material organizado foram realizadas diversas leituras para traçarmos a trajetória de Madeleine Leininger. Este estudo foi realizado entre Janeiro e Novembro de 2004. Quem é Madeleine Leininger? Madeleine Leininger nasceu em Sutton, Nebraska, EUA, e freqüentou as escolas Sutton High School e Scholastica College. Leininger iniciou sua carreira em 1948 ao concluir o curso de graduação em enfermagem em St Anthony’s School of Nursing (Denver-Colorado-EUA). Em 1950 concluiu também o curso de graduação em Ciências Biológicas no Benedictine College em Atkinson, Kansas (2) . Com essa formação Leininger atuou como instrutora, chefe da unidade médico-cirúrgica e abriu uma nova unidade psiquiátrica no St Joseph’s Hospital em Omaha. Em 1954, Leininger obteve o título de Mestre em enfermagem psiquiátrica na Catholic University of America (Washington, DC) (2) . A realização do curso de mestrado foi importante para que Madeleine conduzisse e publicasse suas pesquisas na área de enfermagem psiquiátrica (3-8) . Enquanto trabalhava em uma unidade psiquiátrica em meados dos anos 50, em Cincinnati, Leininger passou a perceber uma lacuna na compreensão dos fatores culturais que influenciavam no comportamento das crianças que estavam sob seus cuidados, e isso passou a preocupá-la em demasiado. A partir de então Leininger passou a refletir sobre a interrelação entre enfermagem e antropologia, e procurou adquirir conhecimentos específicos de antropologia para subsidiar sua assistência. Tal interesse fez com que Madeleine Leininger buscasse o programa de doutorado em Antropologia Psicológica, Social e Cultural da University of Washington (Seattle) em 1959 e procurasse fundamentar seus estudos nos aspectos conceituais relacionados à cultura, enfermagem e etnociência (9-19) . Durante seu curso de doutorado Leininger desenvolveu o primeiro método de pesquisa genuinamente da enfermagem o qual denominou de Etnoenfermagem. Leininger define etnoenfermagem como o método de pesquisa qualitativa da enfermagem focalizada na abordagem naturalística, aberta à descoberta e amplamente indutiva para documentar, descrever, explicar e interpretar a visão de mundo, significados, símbolos e experiências de vida dos informantes e como eles enfrentam o atual ou potencial fenômeno do cuidado de enfermagem (20) . Com o método previamente definido Leininger passou a realizar estudos etnográficos/etnoenfermagem durante dois anos em Eastern Highlands (Nova Guiné) em uma população indígena (Gadsup). Destarte, Leininger não só observou questões específicas daquela cultura mas também percebeu uma marcante diferença cultural entre os povos do ocidente e oriente especialmente no que se refere aos cuidados à saúde e práticas saudáveis. Essa experiência na Nova Guiné foi de grande importância para a fundamentação e validação de sua teoria. Leininger constituiu-se na primeira enfermeira com o título de doutor em antropologia ao concluir o curso em 1965. Ciente da importância de partilhar os conhecimentos adquiridos com sua formação e contribuir para a formação de enfermeiros transculturais Leininger ofereceu em 1966 o primeiro curso de Enfermagem Cultural na University of Colorado. Com a expansão multicultural da população americana os enfermeiros sentiram, em maior escala, a necessidade de receber adequada formação para cuidar de forma transcultural. A partir desse contexto a enfermagem transcultural foi inserida por Madeleine como disciplina da graduação em 1970. A inserção dessa disciplina nos programas de mestrado e doutorado teve início nos anos 80 em diversas universidades americanas, tais como na Minnesota State University, College of Health & Nursing Sciences da Delaware University, Southern Mississippi e University of Nebraska Medical Center. Dentre os países que oferecem cursos dessa natureza podemos citar Alemanha, Austrália e Equador. Atualmente, Madeleine Leininger continua atuando nas áreas de pesquisa, educação e consultoria em enfermagem transcultural. Teoria da Diversidade e Universalidade do Cuidado Cultural Madeleine Leininger cunhou o termo enfermagem transcultural, a qual considera ser diferente da antropologia médica e disciplinas afins, por estar focalizada em diferentes culturas, no cuidado cultural, nos fenômenos da saúde e da enfermagem. Foi Leininger também quem cunhou o termo cuidado culturalmente congruente (nos idos de 1960) para embasar o principal objetivo de sua teoria, qual seja: identificar os meios para proporcionar um cuidado de enfermagem culturalmente congruente aos fatores que influenciam a saúde, o bem-estar, a doença e a morte das pessoas de culturas diversas e semelhantes. Os primeiros documentos publicados por Leininger que podem ser considerados os marcos iniciais da teoria foram os livros Nursing and anthropology: two worlds to blend (15) e Transcultural nursing: concepts, theories, and practice (21) . Outras produções de Madeleine continuaram a nortear a expansão do conhecimento da enfermagem transcultural (22-28) , até que em 1991 a teoria foi publicada e discutida de forma mais ampla em seu livro Culture care diversity and universality: a theory of nursing (29) de leitura obrigatória para quem quer conhecer, estudar e aplicar a teoria. Outros textos continuaram a ser publicados como forma de atualizar e reforçar o conhecimento da enfermagem transcultural (30-33) . Ao usar a TDUCC o mais importante para o enfermeiro é descobrir o significado do cuidado cultural, as práticas de cuidado específicas de cada cultura e como os fatores culturais especialmente religião, política, economia, visão de mundo, ambiente, gênero dentre outros fatores, podem influenciar no cuidado ao ser humano. Para tanto a teorista utilizou os seguintes conceitos para fundamentar a teoria: Cultura, Valores culturais, Cuidado de enfermagem culturalmente diverso, Etnocentrismo, Generalização, Estereótipo, Congruência cultural, Etnoenfermagem e Enfermagem transcultural. Na concepção de Madeleine Leininger o fim último da teoria é usar os achados das pesquisas para proporcionar um cuidado congruente (com os valores, crenças e práticas culturais), seguro e significativo para as pessoas de culturas diversas e similares (20) . A partir desse prisma a teorista considera que existe uma diversidade e uma universalidade cultural na prática do cuidar que precisa ser conhecida e compreendida para que a enfermagem possa assistir sua clientela de maneira satisfatória e humanística. Tamanha preocupação em construir um cuidado cultural evidencia o quanto a teorista tem focalizado seus estudos no cuidado humano, sendo este um dos focos principais de sua teoria e de sua produção intelectual (34-44) . Dessa forma, Madeleine Leininger é reconhecida como a líder dos estudos do cuidado humano. Se inicialmente sua teoria não recebeu o crédito e o devido valor da comunidade científica, como relata a própria autora (29) nos dias atuais a teoria de Leininger é amplamente utilizada em diversos países do mundo. Tal fato fez com que Leininger considerasse importante fundar uma instituição que pudesse estabelecer um fórum de debates sobre a teoria, disseminar os conhecimentos adquiridos a partir da enfermagem transcultural e apoiar os pesquisadores da área. Para cumprir com esses objetivos a Transcultural Nursing Society foi criada em 1974. Essa instituição mantém uma página na internet (www.tcns.org) com informações de interesse para os pesquisadores transculturais, realiza uma conferência anual, aberta à comunidade científica objetivando congregar os pesquisadores para discutir novas estratégias no campo de enfermagem transcultural e mantém há 15 anos um periódico especialmente dedicado à discutir a influência da cultura nos cuidados à saúde, o Journal of Transcultural Nursing. Aplicação Interdisciplinar da TDUCC Ao longo dos anos, a teorista tem revelado à comunidade científica que a TDUCC pode e deve ser aplicada nas diversas disciplinas da enfermagem. Tal fato, é notório quando evidenciamos a aplicação da teoria na administração de enfermagem (45-47) , educação (48-55) , pesquisa (26;31;56-60) e saúde mental (6;8;16) . O Futuro da TDUCC Diante da globalização ora vigente, Leininger se mantém preocupada com a solidificação da enfermagem transcultural não só como uma disciplina mas como ciência e sua respectiva aplicação nesse terceiro milênio, sendo este o foco principal da produção de Leininger no início deste século (20;61-64) . Na concepção de Madeleine a utilização da teoria pode proporcionar diversos benefícios não só para a comunidade onde a teoria está sendo aplicada mas para a sociedade internacional como um todo. A partir dessa premissa é que nos últimos anos Leininger tem inclusive defendido a tese de que conhecer, compreender e cuidar do outro a partir de sua realidade cultural é fundamental para o estabelecimento da harmonia e paz mundial. Em seu texto Leininger defende que tragédias como os atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA, dentre outros conflitos, poderiam ter sido evitados se o conhecimento do cuidado transcultural fosse usado em todo mundo para prevenir tais atos humanos destrutivos (20) . Dentro dessa proposta, a teorista lista os principais desafios para os pesquisadores da enfermagem transcultural nesse terceiro milênio (65) : 1. usar de forma mais explícita os conhecimentos da enfermagem cultural em todas as áreas clínicas de enfermagem; 2. desenvolver mais estudos e avaliar os benefícios do cuidado culturalmente competente; 3. promover e usar as políticas, princípios, paradigmas e perspectivas teóricas da enfermagem transcultural para guiar as decisões e ações da enfermagem; 4. a necessidade de especialistas em enfermagem transcultural impactar o conhecimento da enfermagem transcultural na mídia, nas agências governamentais, dentre outros; 5. conduzir pesquisas criativas para descobrir outras culturas ainda pouco conhecidas; 6. abordar questões éticas, morais e legais relacionadas à diversas culturas; 7. estabelecer colaboração de educação, pesquisa e prática multi e interdisciplinares mantendo o foco distinto de cada disciplina; 8. disseminar o conhecimento da enfermagem cultural em publicações internacionais; 9. a necessidade de estabelecer fundos para a educação e pesquisa transcultural e 10. a necessidade de estabelecer uma rede global de enfermagem transcultural. Considerações Finais A TDUCC vem sendo utilizada ao longo dos anos como referencial teórico e/ou metodológico de estudos conduzidos pela enfermagem em diversos países. No Brasil a teoria tem se mostrado um importante instrumento para se conhecer a clientela que a enfermagem precisa assistir. Tal fato contribui para a construção de um corpo próprio de conhecimentos que devem culminar com a implementação de um cuidado culturalmente congruente à realidade do indivíduo. Assim, acreditamos que esta visão geral do contexto vivido por Leininger e suas influências para a construção de uma teoria de enfermagem internacionalmente aceita, possa ser útil para aqueles que desejam se enveredar pela pesquisa na área de enfermagem transcultural a encontrar um caminho para guiar a sua prática assistencial, de ensino e pesquisa. Florence Nightingale Florence Nightingale (12 de Maio 1820, Florença, então Grão-ducado da Toscana - 13 de Agosto 1910, Londres) foi uma enfermeira britânica que ficou famosa por ser pioneira no tratamento a feridos de guerra, durante a Guerra da Criméia. Também contribuiu no campo da Estatística, sendo pioneira na utilização de métodos de representação visual de informações, como por exemplo gráfico setorial (habitualmente conhecido como gráfico do tipo "pizza") criado inicialmente por William Playfair. História Sua família, rica e bem-relacionada, vivia em Florença, no Grão-ducado da Toscana. Por isso, Florence recebeu o nome em inglês da cidade em que nasceu, como sua irmã mais velha Parthenope nascida em Partênope (Nápoles). Moça brilhante e impetuosa, rebelou-se contra o papel convencional para as mulheres de seu estatuto, que seria tornar-se esposa submissa, e decidiu dedicar-se à caridade, encontrado seu caminho na enfermagem. Tradicionalmente, o papel de enfermeira era exercido por mulheres ajudantes em hospitais ou acompanhando exércitos, muitas cozinheiras e prostitutas acabavam tornando-se enfermeiras, sendo que estas últimas eram obrigadas como castigo. Florence Nightingale ficou particularmente preocupada com as condições de tratamento médico dos mais pobres e indigentes. Ela anunciou sua decisão para a família em 1845, provocando raiva e rompimento, principalmente com sua mãe. Em dezembro de 1844, em resposta à morte de um mendigo numa enfermaria em Londres, que acabou evoluindo para escândalo público, ela se tornou a principal defensora de melhorias no tratamento médico. Imediatamente, ela obteve o apoio de Charles Villiers, presidente do Poor Law Board (Comitê de Lei para os Pobres). Isto a levou a ter papel ativo na reforma das Leis dos Pobres, estendendo o papel do Estado para muito além do fornecimento de tratamento médico. Em 1846, Florence visitou Kaiserwerth, um hospital pioneiro fundado e dirigido por uma ordem de freiras católicas na Alemanha, ficando impressionada pela qualidade do tratamento médico e pelo comprometimento e prática das religiosas. A contribuição mais famosa de Florence foi durante a Guerra da Crimeia, que se tornou seu principal foco quando relatos de guerra começaram a chegar à Inglaterra contando sobre as condições horríveis para os feridos. Em outubro de 1854, Florence e uma equipe de 38 enfermeiras voluntárias treinadas por ela, inclusive sua tia Mai Smith, partem para os Campos de Scurati localizados na Turquia Otomana. Florence Nightingale voltou para a Inglaterra como heroína em Agosto de 1857 e, de acordo com a BBC, era provavelmente a pessoa mais famosa da Era Vitoriana além da própria Rainha Vitória [1]. Contudo, o destino lhe reservou um grande golpe quando contrai febre tifóide e permanece com sérias restrições físicas, retornando em 1856 da Crimeia. Impossibilitada de exercer seus trabalhos físicos, dedica-se a formação da escola de enfermagem em 1859 na Inglaterra, onde já era reconhecida no seu valor profissional e técnico, recebendo prêmio concedido através do governo inglês. Fundou a Escola de Enfermagem no Hospital Saint Thomas, com curso de um ano, era ministrado por médicos com aulas teóricas e práticas. Em 1883, a Rainha Vitória concedeu-lhe a Cruz Vermelha Real e em 1907 ela se tornou a primeira mulher a receber a Ordem do Mérito. Florence Nightingale faleceu em 13 de agosto de 1910, deixando legado de persistência, capacidade, compaixão e dedicação ao próximo, estabeleceu as diretrizes e caminho para enfermagem moderna. WANDA DE AGUIAR HORTA (1926 a 1981)
Nasceu em 11 de agosto de 1926, natural de Belém do Pará. Permaneceu em
Belém até os 10 anos de idade onde iniciou seus estudos primários no Colégio Progresso Paraense. Em 1936 a família Aguiar muda-se para Ponta Grossa, no Paraná, onde concluiu o curso no Colégio Regente Feijó da mesma cidade. Graduada pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, em 1948. Licenciada em história natural pela Faculdade de Filosofia, Ciências e letras da Universidade do Paraná, Curitiba em 1953. Pós-graduada em pedagogia e didática aplicada à Enfermagem na Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, em 1962. Doutora em Enfermagem, na Escola de Enfermagem Ana Néri da Universidade Federal do Rio de Janeiro com a tese intitulada "A observação sistematizada na identificação dos problemas de enfermagem em seus aspectos físicos", apresentada à cadeira de Fundamentos de Enfermagem, Rio de Janeiro, em 31 de outubro de 1968. Docente-livre da cadeira de Fundamentos de Enfermagem, da Escola de Enfermagem Ana Néri da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 31 de outubro de 1968. Professora livre-docente, Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, em 1970. Professora Adjunto, Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, concurso realizado em 2 de abril de 1974. Trabalhou em diversas instituições no período de 1948 a 1958 entre as quais destacamos, Chefe de Enfermagem do Serviço de Enfermagem do Hospital Central Sorocabano, São Paulo, no período de 1954 a 1955 e como professora do Curso de Auxiliares de Enfermagem do Hospital Samaritano, São Paulo, no período de 1956 a 1958. Na escola de enfermagem da Universidade de São Paulo no período de 1959 a 1981, como professora auxiliar de Ensino da cadeira de Fundamentos de Enfermagem de 1959 a 1968, como Professor Livre Docente no período de 1970 a 1974, como Professor Titular das disciplinas Introdução à Enfermagem e Fundamentos de Enfermagem, no período de 1968 a 1974, como Professor adjunto de 1974 a 1977. Em 1981, ano do seu falecimento, foi proclamada Professor Emérito pela Egrégia Congregação da Escola de Enfermagem da USP. A menina Wanda, cedo demonstrou possuir uma inteligência privilegiada. Precocemente estudiosa, procurava aprender a essência do que lhe era ensinado e por isso era muito elogiada por seus professores. Sua mensagem ultrapassou não só fronteiras geográficas, sendo estudada também a nível internacional, como também venceu as barreiras do tempo permanecendo ainda viva e atual. Horta buscou ao longo de sua trajetória criar e transmitir um conceito de enfermagem que englobasse os aspectos, muitas vezes conflitantes, de arte humanitária, ciência e profissão. Adorava dar aulas que eram sempre enriquecidas por sua cultura geral e científica e seu maior prazer era acompanhar os estágios dos alunos. Ao retornar à Escola de Enfermagem da USP, em 1959, começa a desenvolver o núcleo central de seu trabalho que constitui na elaboração de vasta fundamentação teórica para a enfermagem, culminando com a elaboração da Teoria das Necessidades Humanas Básicas. Essa teoria é considerada o ponto alto de seu trabalho e a síntese da todas as suas pesquisas. A obra de Horta permite ser interpretada, na enfermagem brasileira, como um divisor de épocas - antes de se falar em teorias de enfermagem e depois, quando se fala sobre teorias de enfermagem construída por enfermeiros. Duas questões fundamentais foram perseguidas no trabalho de Wanda Horta. A primeira, a quem serve a enfermagem? Respondida finalmente em sua teoria como uma afirmação: "a enfermagem é um serviço prestado ao ser humano", e a segunda, com que se ocupa a enfermagem? Respondida então que "a enfermagem é parte integrante da equipe de saúde e como tal se ocupa em manter o equilíbrio dinâmico, prevenir desequilíbrios e reverter desequilíbrios em equilíbrio do ser humano". Em 1968 ela publica pela primeira vez seu próprio conceito de enfermagem: "Enfermagem é ciência e a arte de assistir o ser humano no atendimento de suas necessidades básicas, de torna-lo independente desta assistência através da educação; de recuperar, manter e promover sua saúde, contando para isso com a colaboração de outros grupos profissionais". Suas realizações são tantas que se torna impossível enumerá-las. Participou em muitas conferências em diversos pontos do país e no exterior, organização de cursos de graduação e pós-graduação em diversos estados brasileiros, o comparecimento em atividades culturais no Brasil e no exterior, a orientação de diversos trabalhos de pesquisa, participação em inúmeras comissões de estudo e bancas examinadoras. Horta enfrentou muitas resistências. As idéias desta pioneira pertubaram os baluartes conservadores da enfermagem. Inúmeras barreiras tiveram que ser vencidas. Para melhor divulgar suas idéias, criou e manteve de 1975 a 1979, sem apoio de qualquer órgão oficial, a revista Enfermagem em Novas Dimensões, onde divulgou 13 artigos e 22 editoriais. Esta publicação se tornou um marco editorial da enfermagem brasileira. Era uma revista dinâmica, de diagramação moderna, voltada para a divulgação e o estímulo à pesquisa científica na comunidade da enfermagem. Suas armas nesta batalha foram sua inteligência viva, seu carisma pessoal, sua disposição sem limites e seu entusiasmo pela enfermagem. Atravessou momentos difíceis, vitima de uma doença degenerativa, a esclerose múltipla, tendo vivido os últimos anos de sua vida em cadeira de rodas. Em fevereiro de 1981, quando se aposentou, o Professor Dr. Carlos da Silva Lacaz externou os sentimentos de todos os funcionários, professores e alunos da Escola de enfermagem dizendo do apreço que lhe era atribuído por dignificar a classe a que servia e, pela contribuição que havia dado ao desenvolvimento da enfermagem em nosso país, lhe outorgava o título de professor Emérito, a ser entregue posteriormente. Faleceu em 1981
Necessidades Humanas Básicas (Wanda de Aguiar Horta)
Oxigênio: Necessidade básica da sobrevivência, a carência de oxigênio impossibilita o funcionamento celular; Manutenção da temperatura: o ser humano é homotérmico e não suporta temperaturas altas ou baixas (> 37,3ºC ou <36ºC), afetando os sistemas do organismo, podendo ser fatal a sua sobrevivência; Nutrição: Os nutrientes fornecidos pela adequada ingestão de alimentos são os materiais de construção, manutenção e equilíbrio do corpo humano; Hídrica: a água é necessária à formação de todos os líquidos corporais, além de garantir as reações químicas que garantem o equilíbrio, as funções e a vida; Eliminação: o organismo necessita eliminar sunstâncias indesejáveis ou presentes em quantidades excessivas, que são nocivas à saúde, se permanecerem; Repouso e Sono: o corpo e a mente precisam repousar, para ter tempo de restaurar as forças e ficar livre dos estresses físicos ementais; Evitar a dor: a presença da dor interfere no bem-estar do indivíduo, desorganizando sua capacidade de se alimentar, dormir ou de desempenhar suas atividades; Sexo e Sexualidade: reprodução humana, fonte de prazer imediato ou contínuo, alívio de tensões, aumento da auto-estima e satisfação das necessidades de amor e gregárias; Estimulação: estimular os sentidos humanos, além do posicionamento, equilíbrio, atividade muscular e movimentação do corpo, promovem a interação entre a pessoa e o meio em geral; Segurança, Amor e Gregária: Essas necessidades emergem quando as necessidades fisiológicas são satisfeitas, somando-se às atitudes dos cuidadores que estabeleçam a confiança, estabilidade, respeito, inclusão, atenão e humanização; Espiritualidade: geralmente é diante de crises que os clientes tomam consciência desta necessidade estar afetada; suas crenças afetarão diretamente no seu restabelecimento e sua aquisição à terapêutica. Auto-Estima: a auto-estima do próprio cuidador é muito observada peloa clientes, e pode resultar numa autovalorização, elevando a auto-estima deles e promovendo o equilíbrio dos conflitos internos e agentes estressantes; Auto´Realização: essa necessidade é muito importante porque sua expressão é uma busca universal, e seu impedimento leva a sérias dificuldades para a vida das pessoas. Teoria do Cuidado Transpessoal de Jean Watson
Watson propõe uma filosofia e ciência centrada no cuidado, o que constitui o
eixo da prática de Enfermagem(3-7). O cuidado é mais que uma conduta ou uma realização de tarefas, pois envolve a compreensão exata dos aspectos da saúde e a relação interpessoal entre enfermeiro e cliente(8). A Teoria do Cuidado Humano desenvolvida por Jean Watson surgiu entre 1975 e 1979, período em que lecionava na Universidade do Colorado. A teoria emergiu do resultado dos estudos realizados pela autora, no decorrer do Doutorado em Clínica e Psicologia Social(1,9). Este estudo deu origem ao livro publicado em 1979, denominado "The Philosophy and Science of Caring", o qual trouxe novos significados e dignidade para o mundo da Enfermagem e do cuidado ao cliente(3,7). A Teoria do Cuidado Humano está centrada no conceito de cuidado e em pressupostos fenomenológicos existenciais, que traz o olhar para além do corpo físico. É a abertura e atenção aos mistérios espirituais e dimensões existenciais da vida e da morte; cuidado da sua própria alma e do ser que está sendo cuidado(7). A autora afirma que sua teoria tanto é ciência como arte, e busca na inter- relação de conceitos, uma ciência humana própria da enfermagem, que evolui por meio da interação enfermeiro e cliente ,visando ao cuidado terapêutico. Já em 1985, a referida teoria sofreu alterações por sua autora, bem como na redefinição dos conceitos utilizados como base de seu trabalho assim como, introduziu o paradigma do cuidado humano transpessoal na ciência do cuidado. Este paradigma enfoca, segundo ela, o ideal moral, o significado da comunicação e do contato intersubjetivo mediante a co-participação do self como um todo(4). Considera o cuidado humano transpessoal como o contato dos mundos subjetivos do enfermeiro e do cliente, o qual tem o potencial de ir além do físico-material ou do mental-emocional, já que entra em contato e toca o mais alto senso espiritual do "self", da alma, do espírito(10). O cuidado humano transpessoal ocorre numa relação eu-tu, e este contato é um processo que transforma, gera e potencializa o processo de heling*. Os valores humanos eram enfatizados por meio dos fatores de cuidado, na formação de um sistema humanista-altruísta, na fé-esperança e no cultivo da sensibilidade ao self, os quais eram empregados no cotidiano do processo de cuidar e se estabeleciam nas relações de intersubjetividade(11). O cuidado transpessoal com base na definição utilizada determina uma atitude de respeito pelo sagrado, que é o outro, estando este ser conectado ao universo e ao outro, sem divisões de espaço, tempo ou nacionalidades, o que Watson, a partir de 2005, chama em sua teoria de Caritas e Communitas(7). É neste contexto de desenvolvimento que os fatores de cuidado, inicialmente utilizados na teoria em apreço, são substituídos pelos elementos do processo clinical caritas, e, ao expô-los, a autora amplia seus conceitos, inclui a sacralidade do ser cuidado, a conexão do ser humano para um plano que extrapola o concreto e visual e a proposição do healing como reconsituição do ser(12). Entende-se então, que o processo clinical caritas aborda o outro com delicadeza, sensibilidade, dá-lhe atenção especial e exercita uma atenção cuidadosa. É o que a autora diz ao modificar o conceito "Carative" para "Caritas", onde pretendeu fazer "evocação ao amor e cuidado conectados com uma dimensão existencial-espiritual e com as experiências e processos da vida humana"(7 ).
Rosemarie Parse
Rosemarie Rizzo Parse construiu uma teoria
de enfermagem muito peculiar, a qual designou de Teoria da Evolução Humana (antes denominada teoria de “Homem-Vida-Saúde”), a partir de uma síntese da ciência dos seres humanitários da obra de Martha Rogers, tomando emprestado deste modelo seus três grandes princípios de “integralidade, ressonância e helicidade e seus quatro conceitos principais de campo de energia, abertura, padrão e organização”(20:193-4), bem como as idéias da corrente existencial-fenomenológica articuladas por Heidegger, Sartre e Merleau-Ponty, sintetizando os princípios de intencionalidade, subjetividade humana, co-constituição, coexistência e liberdade de situação. Como resultado desta articulação, criou uma teoria com uma visão do ser humano como sendo uma “unidade vital”, ou seja, um ser unitário, não fragmentário, em inter-relação contínua e mútua com o ambiente, e cuja saúde consiste em uma expansão neguentrópica. Neste particular, vale esclarecer que a neguentropia está relacionada à entropia que é um processo pelo qual todas as formas organizadas tendem a exaustão, à desorganização, à desintegração, até chegar a morte. Para sobreviver, os sistemas abertos precisam mover-se para deterem o processo entrópico e se reabastecerem de energia mantendo indefinidamente a sua estrutura organizacional. A este processo reativo de obtenção de reservas de energia dá-se o nome de entropia negativa ou neguentropia(21). A estrutura teórica construída por Parse está sustentada por três elementos fundamentais: “fortalecer (é uma maneira de revelar e ocultar a imagem), originar (é uma manifestação da capacidade e de limitação de valores) e transformar (desdobra-se na expressão lingüística de ligação e separação)”(20:271). Parse considera também que sua teoria possui como caratectrísticas distintivas, a crença de que o ser humano é mais do que a soma das partes, evolui reciprocamente com o ambiente, participa na co-criação da sua própria saúde escolhendo significados às situações; e atribui significado com base em valores pessoais que refletem seus sonhos e esperanças. Assim, tendo o presente estudo como referencial teórico-filosófico a Teoria da Evolução Humana de Rosemarie Rizzo Parse, apresentase os pressupostos da referida teórica e os pessoais, seguidos dos conceitos fundamentados na teoria e em idéias próprias das autoras. Pressupostos da Teoria da Evolução Humana de Parse Inicialmente Parse apresentou nove pressupostos e conceitos relacionados para sua teoria, sendo posteriormente sintetizados em três, a saber: “a evolução humana é o significado pessoal livremente escolhido que se dá nas situações dentro do processo intersubjetivo de valores prioritários relacionados”(22:161-2); “a evolução humana é um conjunto de padrões rítmicos de co-criação dentro de um marco de intercâmbio aberto com o universo”(23:6); e “a evolução humana é a co-transcendência multidimensional para as oportunidades que vão aparecendo (os possíveis em expansão)”( 24:10). Em relação ao primeiro pressuposto, Parse considera o ser humano como um ser aberto, com liberdade para escolher significados a partir de seus valores pessoais. No que diz respeito ao segundo pressuposto, Parse considera que, embora diferentes, o ser humano e ambiente, criam o padrão de cada um, ou seja, um é participante na criação do outro. E quanto ao terceiro pressuposto, significa que para Parse o ser humano é capaz de ir além do self, em todos os níveis do universo(
segundo Parse, são encontros vivenciando
o esclarecimento do significado que se dá no processo de interpretação. Assim o processo apresenta três dimensões práticas: § A primeira dimensão prática do processo de enfermagem é esclarecer o significado que é dar sentido, através da revelação daquilo que era e do que será, tal como aparece agora. Interpretando o que é neste momento, une-se ao que era e ao que será. A enfermeira orienta o indivíduo ou a família para que relacionem o significado da situação. No relacionamento recíproco, o significado modifica-se e é melhor esclarecido. § A segunda dimensão prática do processo de enfermagem é a sincronização de ritmos, que aparece no processo de tratar do fluxo da cadência inter-humana (a 42 mudança, o movimento rotativo e o impulso das relações humanas). Ao invés de acalmar ou tentar equilibrar esses ritmos, a enfermeira vai nos ritmos fixados pelo indivíduo ou pela família. Ela os conduz, através da discussão, no sentido de reconhecer a harmonia que existe no próprio contexto vivido pela família. § A terceira dimensão prática do processo de enfermagem é a mobilização da transcendência que se dá pelo processo de ir além do significado do momento para aquilo que ainda não é. Essa dimensão focaliza o sonhar com os possíveis e o planejar para realizar os sonhos. Uma vez mais, a enfermeira orienta o indivíduo ou a família no planejamento da mudança dos padrões vividos de saúde Parse apud (HICKMAN,1993, p.277).