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Propostas para uma boa escrita jornalística em

ambientes portáteis
Mario Lima Cavalcanti∗
Maio de 2006

Índice 1 Introdução
1 Introdução 1 A espantosa popularização de dispositivos
2 Observações 2 móveis como telefones celulares, smartpho-
3 Canais de conteúdo do telefone celular 2 nes1 e PDAs (Assistentes Pessoais Digitais)
4 Alguns formatos de serviços noticio- e a crescente criação de serviços dos mais
sos 3 diferentes ramos para esse meio sugerem o
5 Webjornalismo convencional X web- desenvolvimento de estudos e pesquisas em
jornalismo móvel 4 torno da apresentação de conteúdo de qual-
6 O conteúdo granular 5 quer espécie para ambientes móveis, visando
7 Considerando o público-alvo e os di- não só possíveis maneiras de construir-se
ferentes tipos de dispositivos móveis 5 uma boa informação, mas também a forma
8 A multilinearidade no ambiente portá- como ela será levada ao receptor e o modo
til 5 como este a receberá.
9 Escrevendo notícias para o meio mó- Nascido da necessidade de começar a dis-
vel 6 cutir com outros investigadores das mídias
10 Conclusão 7 digitais o conteúdo noticioso para o meio
11 Bibliografia 8 móvel, este estudo objetiva a reflexão sobre

algumas propostas básicas para uma boa es-
Jornalista; pesquisador de mídias digitais; fun-
crita jornalística neste ambiente. Sendo o
dador e diretor executivo do sítio Jornalistas da
Web <www.jornalistasdaweb.com.br>; ex-colunista foco do estudo o texto e a redação noticiosa,
de jornalismo online do portal Comunique-se não estão em questão aqui, portanto, as pos-
<www.comunique-se.com.br>; e idealizador da Bi- sibilidades de inserção de elementos multi-
blioteca de Cibercultura e Comunicação Digital mídia em ambientes móveis e o aprofunda-
(BCCD) da FACHA (Faculdades Integradas Hélio
Alonso), na cidade do Rio de Janeiro, no Brasil. 1
Do inglês, “telefone inteligente”. Segundo a Wi-
kipedia, é um "telefone celular com funcionalidades
estendidas através de programas que podem ser car-
regados para rodarem no seu sistema operacional".
Pode ser entendido ainda como um telefone celular
com funcionalidades de um palmtop ou vice e versa.
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mento na questão das limitações – em qual- contexto, Tom Burgess4 observa5 que,
quer sentido2 – dos dispositivos portáteis. diferente da mídia online convencional,
composta em princípio por um só grande
canal de conteúdo (onde vários objetos
2 Observações
encontram-se)6 , o meio móvel possui qua-
Em diversos pontos deste texto serão utili- tro7 grandes canais de apresentação. Cada
zados alguns termos de uso não muito co- um desses canais possui a sua particulari-
mum3 . Por questões práticas e para uma me- dade, o seu diferencial, e todos eles têm
lhor compreensão do texto que segue, cabe, se mostrado férteis no que diz respeito à
portanto, explicar que: transmissão de notícias e aproveitamento
publicitário. Analisando-os em separado,
1. Por ambiente portátil e móvel, meio a visualização de suas respectivas possi-
portátil e móvel ou mídia portátil e mó- bilidades e objetividades torna-se mais clara:
vel entender-se-ão o ambiente de na-
vegação de dispositivos como telefones Web – Nessa categoria encaixam-se os
celulares, smartphones e PDAs; sítios móveis, páginas montadas como de
costume (em HTML, XHTML, ASP, PHP
2. Por meio online convencional ou meio etc), às vezes pensadas exclusivamente para
online tradicional entender-se-á o ambi- o ambiente móvel. São acessadas a partir
ente online comumente acessado a par- do navegador do aparelho por um processo
tir de computadores pessoais convenci- bem semelhante ao do acesso a um sítio,
onais, não-portáteis; digamos, não-móvel. A navegação nesse
3. Por escrita portátil, texto portátil, infor- formato de apresentação de conteúdo é mais
mação portátil, notícia portátil e jornal confortável nos smartphones e nos PDAs.
portátil entender-se-ão a escrita, o texto,
a informação, a notícia e o jornal feitos SMS (Short Message Service) – Um dos
exclusivamente para ambientes móveis. serviços mais antigos da telefonia celular, o
SMS, vulgo torpedo, tornou-se popular por
seu eficiente modo de comunicação através
3 Canais de conteúdo do telefone
4
CEO da Third Screen Media <thirdscreenme-
celular dia.com>, empresa de publicidade voltada para o
meio online.
O campo móvel já oferece algumas opções 5
Em entrevista concedida ao jornalista Phil Leg-
(talvez ainda modestas se comparadas ao giere e publicada na newsletter BehavioralInsider,
que estamos acostumados a consumir hoje pertencente ao sítio MediaPost <mediapost.com>.
6
no meio online tradicional) de transmissão Em uma página Web convencional, podem coe-
e apresentação de informações. Nesse xistir textos, vídeos, áudios, animações, imagens es-
táticas, notícias, anúncios publicitários, sistemas inte-
2 rativos etc.
Salvo a limitação espacial dos visores, questão
7
importante neste estudo. Tomando como base os recentes aparelhos mó-
3 veis do mercado, com visores coloridos e suporte à
Por se tratar de um campo relativamente e teori-
camente novo. multimídia.

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de mensagens textuais. Atualmente, a partir Java Applets – São programas12 que o


desse formato, um usuário pode solicitar usuário instala em seu aparelho13 da mesma
notícias, efetuar pagamentos e receber in- forma como faz em um computador pessoal
formações como saldo bancário. Programas tradicional. Esse formato de apresentação
televisivos têm utilizado o SMS para criar de conteúdo pode ser uma boa opção para
promoções8 pelas quais os telespectadores veículos móveis, pois, além de ter a estética
podem participar enviando mensagens de como ponto forte, torna possível a coleta de
texto para um determinado número. Em ter- alguns dados14 .
mos de conteúdo noticioso, alguns veículos
de comunicação criaram, digamos, versões
4 Alguns formatos de serviços
SMS de seus noticiários. Nesse modelo, um
leitor diz9 ao veículo que tipos de notícia noticiosos
quer receber e estas são então enviadas para Com a popularização de smartphones e de
o telefone celular do usuário em forma de PDAs com suporte à Web, sítios e serviços
mensagens textuais. noticiosos interessantes criados exclusiva-
mente para esses aparelhos estão tornando-se
VOD (Video On Demand) e transmis- mais comuns.
são ao vivo de vídeo – Telefones celulares Meramente a título de ilustração, a seguir
com tecnologias de captura de sinais de TV estão relacionados alguns modelos conhe-
e/ou com recursos suficientes para receber e cidos de serviços noticiosos portáteis. A
reproduzir vídeos digitais estão se tornando partir da idéia dos quatro grandes canais
cada vez mais populares e acessíveis. Tendo móveis, apresentada no terceiro capítulo,
em mãos um telefone celular com um leitor a identificação de alguns tipos de veículos
de arquivos de vídeo10 e com acesso banda torna-se mais fácil:
larga à Internet, é teoricamente possível
assistir canais televisivos online. Esse
modelo de apresentação de informações
ainda é muito recente e imaturo, mas o coti-
diano mercadológico11 nos mostra que esse 12
Desenvolvidos sob medida para visores de de-
será um canal fortemente utilizado em breve. terminados aparelhos, garantindo assim uma esté-
tica de qualidade. Talvez os principais exemplos
8 desse canal sejam a versão móvel do navegador Opera
Trívias, enquetes, sorteios etc.
9 <opera.com> e os jogos que precisam ser baixados
Geralmente através do sítio ou da central de aten-
para serem jogados. O Opera Mobile foi desenvol-
dimento do veículo.
10 vido para diferentes tipos de tela e para os principais
Smartphones já vêm equipados com alguns apli-
sistemas operacionais móveis, o que faz ele ficar com
cativos multimídia como, por exemplo, o Microsoft
uma aparência sempre bonita e robusta em vários te-
Windows Media Player.
11 lefones celulares.
A cada dia novos aparelhos portáteis com su- 13
Todos os modelos de smartphones e PDAs dispo-
porte à áudio e vídeos digitais e à captura de sinais
níveis hoje no mercado permitem, quando conectados
de televisão são postos no mercado.
à Internet, baixar programas.
14
Por exemplo, o número de downloads realizados
da interface que exibirá o noticiário.

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Notícias em tempo real (hard news) cobrado17 e o leitor geralmente paga pelo
via SMS – Nesse modelo, as notícias são tempo de navegação.
enviadas15 em texto puro via torpedo SMS
e geralmente o leitor paga16 por cada uma
5 Webjornalismo convencional X
delas. A assinatura desse tipo de serviço ge-
ralmente é feita a partir do próprio aparelho webjornalismo móvel
ou através do site convencional do veículo A escrita jornalística para dispositivos mó-
emissor. veis é certamente diferente daquela para o
meio impresso ou até mesmo da realizada no
Notícias em tempo real via página Web meio online convencional. Algumas das di-
– Como na Web convencional, o leitor ferenças mais visíveis estão relacionadas às
navega, através de links e páginas, por um limitações de tamanho do visor, de largura
sítio de notícias portátil, podendo encontrar de banda de comunicação18 e de poder de
complementos informativos como áudios, processamento. No entanto, apesar de tais li-
vídeos, fotos e infográficos. Nesse modelo, mitações nítidas, existem algumas dicas tex-
em geral, o leitor paga somente pelo tempo tuais – como formatação do corpo e estru-
de navegação, taxa cobrada pela operadora turação em blocos – que podem ser tranqüi-
de telefonia celular. lamente absorvidas/herdadas do meio online
tradicional, como veremos mais adiante, no
Notícias em tempo real via interface oitavo capítulo.
gráfica – O usuário instala em seu dispo- Os formatos de conteúdo19 utilizados no
sitivo um programa que exibirá manchetes meio portátil são teoricamente os mesmos do
baixadas da Internet. Nesse formato, no convencional, exigindo apenas algumas lapi-
qual o usuário geralmente paga pelo tempo dações para chegarmos a uma forma agra-
de navegação e/ou pelas informações que dável no ambiente menor. A diferença en-
são baixadas, a interface é desenvolvida tre os textos do webjornalismo tradicional
sob medida para um determinado aparelho, e do portátil estará geralmente centrada na
o que costuma tornar a navegação bem questão espacial, visto que os dois ambientes
agradável. carregam, em uma primeira instância, prati-
camente as mesmas características naturais
Revistas portáteis via página Web – São (multilinearidade, instantaneidade, multimí-
similares aos sítios portáteis de notícias em dia, onipresença, permanência etc.), o que
tempo real, porém, em geral com um apelo sugere um aproveitamento e um desenvolvi-
visual maior e recheadas de páginas nave- mento do meio similares, mas exige um tra-
gáveis e recursos audiovisuais. Nesse mo- tamento textual um tanto quanto particular.
delo, o acesso ao conteúdo pode ou não ser
17
Dependendo da proposta da revista.
15 18
Às vezes uma por dia, às vezes várias por dia, Pode ser entendido como a velocidade de cone-
dependendo da proposta do veículo. xão com a Internet.
16 19
Uma quantia geralmente similar a da cobrada Textos ASCII, imagens nos formatos bmp, gif e
pelo envio de um torpedo SMS. jpg, vídeos no formato MPEG etc.

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6 O conteúdo granular O público-alvo de um veículo portátil e/ou


o formato de apresentação de conteúdo es-
O conteúdo granular, ou seja, o conteúdo em
colhido também vão definir como o texto
grãos, reza, no âmbito jornalístico, a redução
noticioso deverá ser tratado. Por exemplo,
de um determinado texto sem a perda da es-
visores monocromáticos com 72x28 pixels
sência da informação. Formato aconselhado
exibem, geralmente, apenas quatro linhas de
para dispositivos com visores pequenos, a
texto e cerca de vinte caracteres por linha.
escrita jornalística granular pede atenção e
Para este tipo de dispositivo é aconselhável
conhecimento, pois o jornalista que estiver
textos enxutos e objetivos, além da não utili-
trabalhando nesse meio deverá saber elimi-
zação de imagens. Mas se um veículo por-
nar20 (e saber quando eliminar) dados supér-
tátil tem por objetivo ser multimídia e dar
fluos, que não demonstrarão o mesmo peso
ao leitor uma experiência de navegação mais
da informação principal ou que não repre-
próxima à do meio online convencional, ele
sentarão um complemento de grande impor-
deve considerar as especificações de dispo-
tância desta. Um verdadeiro e intenso exer-
sitivos como os smartphones e os assistentes
cício de estruturação textual.
pessoais digitais, que possuem visores maio-
res, suporte a multimídia e possibilidade de
7 Considerando o público-alvo e navegação rápida na Internet.
os diferentes tipos de
dispositivos móveis 8 A multilinearidade no
Existem inúmeros tipos de dispositivos mó- ambiente portátil
veis hoje no mercado com visores cujos ta- Apesar de este estudo se concentrar na ques-
manhos podem variar entre cerca de 70x20 tão da redação, vale registrar a importân-
pixels e cerca de 240x320 pixels. Apesar cia da hipertextualidade no ambiente móvel,
de todos eles representarem uma área teori- principalmente no que diz respeito ao uso de
camente limitada para apresentação de gran- hiperligações.
des volumes de informação, a diferença en- Assim como no meio online convencio-
tre visores é de uma extensão grande e deve nal, no portátil a multilinearidade apresenta-
ser levada em consideração. Quem deseja se como uma de suas características prin-
criar um veículo móvel ou escrever para um cipais e a hipertextualidade exibe um papel
deve ter em mente a existência de dois gran- de grande importância, não só por sua eficá-
des grupos de dispositivos móveis: telefones cia em torno da organização de informações,
celulares (cujos visores variam desde peque- mas também por uma questão de necessi-
nos e monocromáticos até médios e colori- dade devido ao limitado tamanho dos visores
dos) e dispositivos inteligentes (smartphones dos dispositivos móveis. Tendo um bom co-
e PDAs). nhecimento das possibilidades da hipertextu-
20
Não necessariamente descartar, mas retirar do alidade, é possível estruturar de forma efici-
texto noticioso principal e inserir, se pertinente, em ente o conteúdo noticioso de um veículo, não
um texto secundário que poderá ser acessado pelo lei- só a partir da inserção de ligações externas,
tor a partir de hiperligações.

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ou seja, para outros sites, mas também atra- rápida. Em mídias portáteis, objetividade é
vés de links internos que permitirão a divi- o que o leitor procura;
são de uma notícia em várias partes ou então
o aprofundamento dela. Título persuasivo e objetivo – Nova-
mente, a objetividade em questão. Como
em qualquer outro meio, no portátil um
9 Escrevendo notícias para o
título forte e direto tem grandes chances
meio móvel de ganhar a atenção do leitor. Deve-se
Como já dito, a escrita para ambientes mó- evitar, principalmente levando em conside-
veis é diferente da escrita para ambientes on- ração dispositivos com largura de banda de
line tradicionais. A diferença se dá princi- comunicação baixa, títulos abstratos e/ou
palmente no tamanho do visor que exibe as recheados de sensacionalismo. A manchete
informações para o receptor. Pouco espaço no ambiente portátil deve procurar um meio
para dizer muito esbarra em reflexões sobre termo entre a persuasão e a objetividade.
como seria um bom texto para dispositivos Persuasiva para chamar a atenção do leitor e
portáteis. objetiva para ganhar tempo. Uma manchete
O jornalista deve conhecer bem o meio pode tranqüilamente ser forte, chamativa e
para que possa aproveitá-lo ao máximo e, objetiva sem ser apelativa e fria.
principalmente, levar ao leitor informações
concretas, sem a perda de dados importan- Ordem direta – Por tratar-se de um
tes. ambiente pouco confortável se comparado à
Os atributos a seguir podem ajudar jorna- tela de um monitor de vídeo, o visor portátil
listas a alcançar uma boa escrita portátil: pede frases na ordem direta (sujeito - verbo
- complemento);
Frases curtas – Um estudo21 da Ericsson
desenvolvido em 2002, quando telefones Texto coloquial – “Como todo veículo de
celulares com visores monocromáticos comunicação em massa, a Internet também
ainda representavam a maioria no mundo atinge um maior número de leitores quando
dos dispositivos móveis, aconselhava o má- o texto de um site está em linguagem
ximo de mil toques/caracteres para o corpo coloquial”23 . Apesar de o meio online ser
de um texto, uma norma a ser levada em democrático e aberto a livres expressões, o
consideração e que, dependendo do caso22 , texto do jornalista para este ambiente deve
pode representar a melhor opção. Frases procurar ser o mais neutro possível, evitar
curtas e bem elaboradas geralmente vão gírias e visar uma melhor “abrangência e
resultar em um texto objetivo e de leitura penetração em qualquer grupo de leitores”24 .
21
ERICSSON. How to make a web site mo-
bile. Disponível em: <ericsson.com/mobility
world/sub/open/technologies/wap/docs/mobile_web_ 23
MOURA, Leonardo. Como escrever na rede.
site>. Acesso em: 30 abr. 2006. São Paulo: Record, 2003. Pág. 57.
22 24
No caso do SMS, é uma regra a se levar em con- MOURA, Leonardo. Como escrever na rede.
sideração. São Paulo: Record, 2003. Pág. 81.

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Ordem decrescente de importância de enfatização (negrito, itálico etc.) e de


(pirâmide invertida) – É sabido que uma classificação (título, subtítulo etc.) devem
das técnicas de estrutura mais comuns em ser, quando possível, utilizados no meio
uma notícia é a da "pirâmide invertida". portátil;
Novamente, devido a um certo desconforto
causado por visores pequenos, deve-se Contextualização hipertextual – Em al-
preferir a utilização desta técnica. O guns casos, principalmente em ambientes
jornalista não pode esquecer que um dos portáteis que permitem uma experiência de
atributos principais de uma notícia portátil é navegação mais próxima da Web convenci-
a objetividade. Por isso, neste ambiente, é onal (como smartphones e PDAs), recursos
aconselhável que as principais questões que de hiperligações podem ser usados para aju-
envolvem um fato sejam respondidas logo dar a estruturar e organizar melhor uma no-
no lide; tícia. Um texto noticioso portátil deve ter os
seus links bem empregados. Inserir links em
Divisão por blocos – Como dito acima, palavras estratégicas27 dentro de uma notícia
para telefones celulares com visores mono- elimina a utilização de termos como “clique
cromáticos ou para notícias enviadas a partir aqui” ou “leia mais”, o que significa ganho
de SMS (torpedo), é aconselhável dar a de tempo e de espaço.
notícia em um único parágrafo. No entanto,
se nessas situações uma notícia pedir mais
10 Conclusão
de um parágrafo, deve-se, assim como no
meio online convencional, dividi-los em Após as discussões e situações levantadas
blocos não muito grandes. Em termos neste estudo, podemos chegar a algumas
de leitura, dois blocos concisos de texto, conclusões no que diz respeito a uma boa
mesmo em ambiente móvel, são melhores escrita jornalística para ambientes portáteis.
que um único bloco robusto; De fato, tais conclusões não devem ser en-
caradas como dogmas e nem mesmo repre-
Exploração da formatação de texto – sentam a totalidade da escrita portátil. O
Textos sem formatação e não separados por assunto, na verdade, ainda engatinha e está
blocos, ainda mais em ambientes móveis, muito distante do esgotamento. Certamente,
podem parecer para o leitor um grande novas situações e novos atributos para uma
ruído, uma grande “massa cinza de tipos”25 . melhor escrita irão surgir. Portanto, ao jor-
Recursos26 de formatação de texto com fins nalista que se deparar com esse meio, caberá
25
refletir constantemente sobre as proprieda-
Idéia sugerida no artigo “How to Write for
the Web” (“Como escrever para a Web”), publicado des textuais mencionadas e sobre um abraço
no sítio Online Journalism Review. Disponível em de possíveis novas.
<ojr.org/ojr/wiki/Writing>. 27
26
Recursos estes que exigem do jornalista um certo Por exemplo, se um jornalista está noticiando o
conhecimento da linguagem HTML, de sistemas com lançamento da mais nova obra de um escritor e quer
opções de formatação ou de alguma outra forma de dar detalhes sobre a vida dele, é aconselhável que o
alteração do comportamento do texto. link para tal perfil esteja no nome do escritor.

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8 Mario Lima Cavalcanti

Escrever para as mídias portáteis e desen- RODRIGUES, Bruno. Webwriting – Pen-


volver conteúdos granulares é estudar cons- sando o texto para a mídia digital. São
tantemente a evolução do meio e dialogar Paulo: Berkeley, 2000.
com a objetividade, com a ética e com o bom
senso. Escrever para o meio portátil é, sobre- WIKIPEDIA. Disponível em:
tudo, um exercício contínuo de redação e de <http://pt.wikipedia.org>.
construção de notícias. Acesso em: 22 abr. 2006.

11 Bibliografia
BARBOSA, Gustavo Guimarães; RABAÇA,
Carlos Alberto. Dicionário de Comuni-
cação. Rio de Janeiro: Campus, 2002.

CAVALCANTI, Mario Lima. Os quatro


canais de conteúdo do celular. 2006.
<comunique-se.com.br>. Acesso em:
30 abr. 2006.

ERICSSON. How to make a web site


mobile. 2002. Disponível em: <erics-
son.com/mobilityworld/sub/open/techn
ologies/wap/docs/mobile_web_site>.
Acesso em: 30 abr. 2006.

LEGGIERE, Phil. Targeting The Small


Screen. Março de 2006. Dispo-
nível em: <publications.mediapost.
com/index.cfm?fuseaction=Articles.sho
wEdition&art_send_date=2006-03-24
&art_type=31>. Acesso em: 30 abr.
2006.

MOURA, Leonardo. Como escrever na rede.


São Paulo: Record, 2003.

OJR. How to write for the Web. Dis-


ponível em: <http://www.ojr.org/ojr/
wiki/Writing/>. Acesso em: 26 abr.
2006.

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