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REGULAR
Deliberação.
Passados trinta e seis anos (repletos de resoluções e decretos), a
Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997, foi sancionada, instituindo o
Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
Aprovada. O atual CTB dispensa um capítulo (com seis artigos) exclusivo ao
tema Educação para o Trânsito.
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No Código Nacional de Trânsito de 1961 a palavra educação
aparece duas vezes; o termo campanhas educativas, quatro vezes;
a palavra aprendizagem, duas vezes. Assim, o tema educação
aparece num total de oito vezes, o que representa pouco mais de
6%, levando em conta os 131 artigos da Lei.
No CTB, a palavra educação pode ser lida vinte e oito vezes,
além de mais 13 palavras e termos correlatos (aprendizagem,
campanha educativa, especialização, nível de ensino, currículo
de ensino, currículo interdisciplinar, escola pública etc.) que
aparecem vinte e uma vezes.
O tema é abordado, portanto, quarenta e nove vezes, o que
representa 15% dos 341 artigos da Lei.
ALMEIDA, Dílson de Souza. Palestra proferida em 1999.
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significativas em comparação à Lei anterior (5.692/71). A atual
LDB estabelece somente dois níveis escolares: a Educação
Básica (composta pela Educação Infantil, Ensino Fundamental
Conjunto de termos
e Ensino Médio) e a Educação Superior.
peculiares a uma
arte ou ciência. Como se pode perceber, a nomenclatura utilizada no CTB não está
de acordo com a utilizada na LDB.
• Para implementar a educação de trânsito na Educação Básica
e na Educação Superior, o CTB estabelece que o Ministério
da Educação e do Desporto (MEC) – mediante proposta
do CONTRAN e do Conselho de Reitores das Universidades
Brasileiras diretamente ou mediante convênio – promoverá
a adoção de um currículo interdisciplinar com conteúdo
programático sobre segurança no trânsito.
No entanto, a LDB é clara quando dispõe que:
• Os currículos do ensino fundamental têm uma base nacional
comum (Parâmetros Curriculares Nacionais). Porém, cabe
a cada sistema de ensino e a cada escola oferecer uma parte
diversificada de acordo com as características regionais e locais
da sociedade, da cultura, da economia e da clientela.
• A base nacional comum é o estudo da língua portuguesa e da
matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da
Que não é realidade social e política, especialmente do Brasil. O ensino
obrigatória. da arte e da educação física (facultativa nos cursos noturnos)
também é componente curricular obrigatório. O ensino da
História do Brasil levará em conta as diferentes culturas e
etnias para a formação do povo brasileiro.
grupos humanos • Para atender a LDB, assim como à Constituição Brasileira,
homogêneos quanto que estabelece a necessidade e a obrigação de o Estado elaborar
à língua, cultura etc.
parâmetros claros capazes de orientar ações educativas do ensino
obrigatório, de forma a adequá-los aos ideais democráticos e à
busca da melhoria do ensino nas escolas brasileiras, foram criados
os Referenciais Curriculares Nacionais da Educação Infantil
(RCNEI), os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino
Fundamental e do Ensino Médio (PCN).
Como se pode notar, a LDB não contempla o estudo do trânsito em
sua base nacional comum. Da mesma forma, os RCNEI e os PCN não
indicam o trânsito sequer como tema transversal.
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• Favorecer a compreensão da realidade e a participação
social: temas que possibilitassem uma visão ampla e
consistente da realidade brasileira (e do mundo) e a Sólido.
participação social dos alunos.
De acordo com esses critérios, os temas transversais eleitos
foram: Ética, Pluralidade Cultural, Meio Ambiente, Saúde e
Orientação Sexual.
Trabalho e Consumo foi um tema escolhido apenas para os
alunos de 5ª a 8ª séries, além dos cinco citados.
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transversal, que o trânsito deve ser tratado “dentro” dos temas transversais
eleitos pelo MEC, que deve ser inserido nas especificidades das disciplinas (o
que isso quer dizer?) ou, pior ainda, que é obrigatório por lei dar aulas de
trânsito nas escolas. Uma série de afirmações descabidas, sem a menor
fundamentação.
Por isso, não se deve acreditar em tudo o que se ouve e em
tudo que se lê. É importante buscar novas informações, pesquisar e
analisar as informações recebidas. No CD, integrante deste material,
Totalidade. estão disponíveis documentos (CTB, LDB, RCNEI, PCN) na íntegra
para que seja feita uma leitura mais aprofundada sobre este assunto.
Fato histórico
O MEC, um dia, pensou em educação de trânsito na
escola...
Em 1991, no dia 15 de maio, o Diário Oficial da União
publicou a Portaria n. 678, de 14 de maio, do Ministério da
Educação, trazendo como conteúdo:
1 – Os sistemas de ensino em todas as instâncias, níveis e
modalidades contemplem, nos seus respectivos currículos, entre
outros, os seguintes temas/conteúdos referentes à:
a) Prevenção do uso indevido de substâncias psicoativas;
b) Educação Ambiental;
c) Educação no trânsito;
d) Educação do Consumidor;
e) Prevenção da DST/AIDS.
f) Prevenção de acidentes de trabalho;
g) Defesa Civil;
h) Relação contribuinte/Estado; e,
i) Educação em saúde.
2. CURRÍCULO INTERDISCIPLINAR
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O que é currículo?
O que é interdisciplinar?
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conhecimento, de modo a permitir ao mesmo tempo uma melhor
compreensão da realidade e do homem como o ser determinante
e determinado.
LÜCK, Heloísa. Pedagogia interdisciplinar: fundamentos teórico-metodológicos.
Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.
ATIVIDADE
Já foi visto que o trânsito não foi eleito pelo MEC como tema
transversal. Porém, se quiserem, as escolas podem encaminhar sua
prática educativa nesta direção.
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Tema transversal
Interdisciplinaridade X Transversalidade
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Trânsito como tema transversal
ATIVIDADE
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Abertura,
c) A transversalidade pode ser considerada como uma oportunidade.
“brecha” no ensino formal para mencionar questões sociais.
d) Os conteúdos dos temas transversais potencializam Tornam possível.
valores, fomentam comportamentos, desenvolvem atitudes e
não podem ser contemplados de maneira casual. Promovem o
desenvolvimento,
estimulam.
Resposta c. A transversalidade não pode ser considerada como uma “brecha”
no ensino. Os temas transversais devem estar ser escolhidos, seqüenciados,
desenvolvidos e avaliados permanentemente.
Alertas!
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• Geralmente, na Semana Nacional do Trânsito, os órgãos
gestores trabalham, exaustivamente, promovendo ações
educativas: elaboram materiais, mandam fazer camisetas,
promovem seminários... No entanto, é fundamental acreditar
que qualquer ação educativa de trânsito – que tenha como
objetivo ensinar valores – deve ser permanente. E para
isso, ações devem ser planejadas, programadas, pensadas e
desenvolvidas no decorrer de todo o ano.
• Muitas vezes, as “pequenas” ações são mais eficazes que
“grandes” obras. Um exemplo disso são as mini-cidades.
A construção de um ambiente como este implica enorme
gasto de dinheiro público que poderia ser utilizado para o
desenvolvimento de programas permanentes. Em vez de
uma mini-cidade, por que não promover passeios orientados
pela cidade? Que tal a implementação de um projeto voltado
para a descoberta da cidade: o desenho das ruas, das casas, das
praças..
Para reflexão
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Jaqueline Moll, professora da Faculdade de Educação da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul e conferencista do
painel “Cidade educadora: construção de currículos e produção
do conhecimento”, defendeu a mudança nos currículos. “A
escola deve ser vista como uma habitante da cidade; processos
educativos devem ser realizados fora da sala de aula. A escola e
a cidade devem ser reinventadas; caso contrário, nosso discurso
será um simulacro”. Aparência, fingimento.
Para reflexão
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