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meliponicultor
A criação racional das abelhas da tribo meliponini e da tribo trigonini é denominada de meliponicultura.
Conhecidas popularmente como abelhas sem ferrão ou abelhas nativas ou indígenas, essas abelhas
possuem ferrão atrofiado, não conseguindo utilizá-lo como forma de defesa. Algumas espécies são pouco
agressivas, adaptam-se bem a colméias racionais e ao manejo e produzem um mel saboroso e apreciado.
No Brasil são conhecidas mais de 400 espécies de abelhas sem ferrão que apresentam grande
heterogeneidade na cor, tamanho, forma, hábitos de nidificação e população dos ninhos. Algumas se
adaptam ao manejo, outras não. Embora vantajosa, a criação racional dessas abelhas é dificultada pela
escassez de informações biológicas e zootécnicas, pois muitas sequer foram identificadas ao nível de
espécie. Entretanto, muitos produtores em busca de enxames para povoarem os meliponários, acabam
atuando como verdadeiros predadores, derrubando árvores para retirada das colônias, que, muitas vezes,
acabam morrendo devido a falta de cuidado durante o translado e ao manejo inadequado.Outra causa da
morte das colônias é a criação de espécies não adaptadas à sua região
Abelha Jandaira - Melípona subnitida - Envólucro Abelha Jandaira - Melípona subnitida - Potes de
do ninho, Disco e Rainha. Mel e Pólen
CAIXA POTES DE MEL
Atração de Enxames
Para se atrair enxames, utilizam-se caixas de madeira. No seu interior coloca-se um pouco de cerume e
resina, retirados de colônias de abelhas indígenas. Usam-se, também, caixas nas quais estiveram
instalados colônias dessas abelhas, que foram transferidas e que ainda contêm restos da colônia original.
Estas caixas devem estar bem fechadas e possuir uma abertura por onde as abelhas possam penetrar.
Devem ser colocadas em locais protegidos, onde existam colônias naturais, que possam enxamear.
Devem ser periodicamente inspecionadas, retirando colônias de formigas e outros animais que possam aí
haver se instalado. Quando uma colônia de abelha indígena enxameia, ela contém um vínculo
relativamente duradouro com a colméia mãe, da qual as operárias levam, aos poucos, alimento e cerume
para a nova colônia. Por esta razão, um enxame recém -estabelecido, com boa quantidade de favos e
alimento estocado, pode então ser transportada para o meliponário
Divisão de Colônias
Para a divisão, retiram-se favos com cria velha (pupas e abelhas prestes a emergir), devendo-se usar,
para isso, colônias fortes, com bastante cria. Se a colônia for de uma Melipona (mandaçaia, manduri,
uruçu, jandaíra, tujuba, tiúba, etc), espécies que se caracterizam por serem relativamente grandes e
construírem a entrada do ninho com barro, formando uma estrutura raiada, não há necessidade de se
preocupar com célula real, pois estas abelhas não as constroem, estando a cria, que dará origem às
rainhas, distribuídas pelo favo, em células iguais àquelas de onde nascem as operárias e machos. Se a
colônia for de uma espécie da tribo Trigonini (Jataí, iraí, mandaguari, tubiba, timirim, mirim, mirim preguiça,
moça-branca, etc), é necessário que , nos favos, exista uma ou mais células reais, de preferência prestes
a emergir. Esta célula real é facilmente reconhecida por ser maior que as células das quais emergirão
operárias e machos. Além dos favos, retiram-se, também, cerume e potes de alimento com mel e pólen da
colméias que estão sendo divididas, cuidando-se para não danifica-los. Com esses elementos monta-se a
nova colméia, tomando-se todos os cuidados na transferência para outra caixa. A nova colméia deve
receber abelhas jovens, reconhecidas pela sua cor clara e por não voarem. Após a montagem da nova
colônia, esta deve ser colocada no local onde se encontrava a antiga que deve ser transportada para outro
lugar. Este cuidado visa suprir a nova colônia com abelhas campeiras. A nova colônia deve estar bem
protegida contra o ataque de formigas, pois nesta fase o enxame ainda está desorganizado. Na formação
de uma nova colônia podem ser utilizados elementos de mais de uma colônia da mesma espécie,
tomando-se o cuidado para não misturar abelhas adultas de mais de uma colméia, pois isto acarretaria
luta e, consequentemente, a morte de muitas delas. A divisão de colônias deve ser realizada em época na
qual as abelhas estejam trabalhando intensamente, e deve ser realizada pela manhã, em dia quente e só
deve envolver colônias fortes nas quais existam bastante alimento e favos de cria.
Colméias Racionais
As abelhas indígenas sem ferrão podem ser acondicionadas em caixas rústicas de tamanhos variados,
com volume semelhante ao do ninho natural. Este tipo de acondicionamento tem sido muito utilizado em
diversas regiões. Muito comum também é o alojamento de colônias de abelhas indígenas dentro de
cabaças, sendo comum encontrar abelhas, assim, acondicionadas em casas da zona rural. As abelhas
que constroem ninhos subterrâneos normalmente só sobrevivem quando acondicionadas em abrigos
subterrâneos. Estes abrigos podem ser construídos com tijolos ou mesmo vasos de barro, opostos pela
boca. Quando estes abrigos estão enterrados completamente, é importante deixar um tubo conectando o
abrigo com o exterior para funcionar como tubo de saída das abelhas. O tamanho do abrigo deve ser
semelhante ao da cavidade, onde o ninho estava alojado. O professor Paulo Nogueira Neto, sem dúvida o
maior especialista em criação de abelhas indígenas, idealizou uma colméia racional para estas abelhas,
que facilita o manuseio e extração do mel e a divisão das colméias. Seu livro sobre este assunto é leitura
indispensável àqueles que desejam criar abelhas indígenas sem ferrão. Para se transferirem colônias para
este modelo de caixa, deve-se tomar cuidado especial com os potes de alimento, pois a altura dos
espaços destinados a eles é limitada. Só devem ser transferidos diretamente os potes, se tiver certeza de
que não se vai danifica-los. O resto do alimento deve ser transferido, posteriormente, como já descrito.
Alimentação artificial
No sertão, quando chove, tudo floresce. Na zona da mata atlântica, não. Por isso, nos meses de maio a
agosto, quando mais chove, inspecionamos as colméias mensalmente. Não tendo mais potes de mel,
deverão ser alimentadas. Como as colméias geralmente estão próximas das casas, sempre haverá
suprimento de polem nem que seja de coqueiro. Porisso não nos preocupamos com a alimentação
proteica.
O melhor alimento energético para as uruçus é o mel da melífera (abelha italiana ou africanizada), que
pode ser fornecido “in-natura”, internamente. Se for fornecido em demasia, será armazenado nos potes.
Será que pode,ser considerado esse mel como verdadeiro mel de uruçu? E de origem floral e contém
enzimas da uruçu, mas permanece a dúvida. Que fale o pessoal que trabalha com análise, em laboratório.
Não conseguimos até hoje, talvez pela grande população, um aumentador externo de resultado satisfatório.
Comparando com outras abelhas, as uruçus são briguentas: quando encostam uma noutra, mesmo num
alimentador mais distante, se atracam e morrem as duas. Problemas de feromônio as separam. Relatam
que, nessas brigas com as abelhas africanizadas, as uruçus vencem até 80% das lutas, devido a grande
força nas mandíbulas que degolam aquelas. Mesmo assim, não há vantagem, pois proporcionalmente as
colméias de uruçu saem perdendo.
Lembramos que, para alimentador externo, o xarope ou mel deverão ser bem diluídos com água, tornando-
se menos pegajosos para as asas das abelhas.
Retiramos a colméia escolhida, colocando outra, vazia, no lugar, para abrigaras campeiras.
Deslocamos a colméia para um recinto com menos luz (dentro de casa, por exemplo) e a abrimos.
Com um palito de churrasquinho ou outra ferramenta pontiaguda abrimos um furo na face superior
dos potes de mel. Não furamos os potes de polem (estes têm a tampinha superior mais clara) para
não sujar o palito . Caso aconteça, limpamos o palito para não provocar a fermentação do mel.
Com uma seringa de injeção grande e bem limpa, ou com um sugador de saliva usado por dentista,
extraímos o mel diretamente dos potes. Se tratar-se de poucas caixas, usamos a seringa. Se são
muitas caixas, o sugador motorizado dá maior produção.
Extraído o mel dos potes da camada superior, destruímos esses potes com uma faquinha tipo serra,
entortada, e um garfo. Assim, temos acesso a outras camadas inferiores. Só destruímos os potes
necessários à operação.
Se na colheita derramar um pouco de mel, não nos preocupamos, pois as abelhas colherão de volta
para os potes. Mas se a quantidade derramada é grande, retiramos esse mel com um sugador
semelhante ao testador de líquido de bateria, trasfega ou transferidor de gasolina. Esse mel, após
filtrado, destinamos ao nosso consumo mais imediato, ou doamos às abelhas em aumentador. Não
havendo meio de colher essa grande quantidade de mel na colméia durante a colheita,
providenciamos a sua drenagem.
Após a operação, repomos a colméia no seu lugar, com o lado dos filhos um pouco mais elevado,
para que o mel escorra em direção à outra extremidade. A caixa vazia que se encontrava no lugar
da colméia é aberta para que as abelhas voltem para o seu ninho.