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HELOISA MENDES DE SOUZA MOURA

MARISTELA BARBOSA DE JESUS SOUZA


SIMONE DE PAULA ROCHA SOUZA

UM OLHAR DIFERENTE SOB A ÓTICA DA INCLUSÃO.

Relatório apresentado às disciplinas


Pesquisa e Prática Pedagógica II e Estágio I
no Curso de Licenciatura em Pedagogia,
modalidade à distância, da Faculdade
Educacional da Lapa – FAEL/EDUCON e/ou
Universidade do Tocantins – UNITINS.
Prof. Leociléa Aparecida Vieira

Nara Regina Becker Ploharski

PONTES E LACERDA, MT
2007
2

Sumário

1.Introdução 03
2.1 Identificação do perfil do professor 04
2.2 Perfil do professor na era da inclusão 07
2.3 Dificuldades para alcançar as propostas da inclusão 08
3.Considerações Finais 10
4.Bibliografia 11

1.Introdução
3

A inclusão começou a permear as reflexões dos educadores há algum


tempo, no entanto a realidade da inclusão nas escolas de nosso município
ainda está caminhando. É necessário que a cada dia repensemos nossas
práticas e analisemos se estamos realmente fazendo a inclusão acontecer. A
nova realidade que desponta através do Decreto nº 5.296/2004 assegura as
crianças com deficiência à acessibilidade a escola.
Ao pensarmos em inclusão é fundamental que mudanças aconteçam em
todas as esferas, o perfil do professor para atender a essa nova realidade
precisa ser adaptado. Para atender as diferentes habilidades que a inclusão
propõem é fundamental repensar as formas de trabalhar com cada uma delas.
Sabemos que cada indivíduo é único, portanto sua forma de aprender também
é única, assim faz-se necessário que as metodologias estejam voltadas para as
especificidades de cada criança.
Assim, para melhor discutirmos sobre o papel do professor neste
paradigma, discorreremos sobre as diferentes facetas que constituem a
formação profissional proposta para atender a educação inclusiva.Para atuar
nesta perspectiva é preciso conhecer o vasto universo que permeia cada
deficiência. Desse modo, é necessário que bases como à reciprocidade e
afetividade estejam interligadas, pois a partir desses pressupostos estaremos
prontos, enquanto educadores, a conhecer as potencialidades de cada ser
humano.
4

2.1 Identificação do perfil do professor

A Escola Estadual São José, está localizada à Avenida Mato Grosso, n°


1966, Bairro São José, Município de Pontes e Lacerda, no Estado de Mato
Grosso. Criada pelo Decreto n° 2.956/90, de 24 de outubro de 1990, publicada
em D.O.E. de 24/10/90. Foi inaugurada em 30/03/90 e autorizada pela
Resolução n° 296/9, D.O de 23/12/91 e reconhecida pela Portaria n° 3277/92
D.O de 29/12/92.

A referida escola foi construída em alvenaria, a qual possui três pavilhões


que se dividem em dezoito salas de aulas, uma sala da coordenadoria, uma
sala da direção, uma sala dos professores, uma sala de articulação, uma Sala
de Recurso e uma sala de vídeo. Em um dos pavilhões há dois banheiros
(masculino e feminino) com subdivisões em sanitários. Há também um
pequeno banheiro destinado ao pessoal administrativo. No pátio encontra-se a
quadra de esporte coberta, o refeitório e a cozinha, destinados para servir a
merenda escolar. Recentemente foi construído um novo prédio no espaço físico
desta unidade escolar, no qual funciona a secretaria escolar e a biblioteca. Em
um terreno vizinho está sendo desenvolvido o projeto do “Quintal Produtivo”, no
qual faz-se o plantio de hortaliças que auxiliam na merenda escolar.

As professoras entrevistadas desta instituição tem formação acadêmica


em Letras, atuando no magistério aproximadamente há 02 anos. Desenvolvem
seu trabalho na Sala de Recurso, espaço de intervenção aos alunos com
necessidades especiais, espaço este entendido pelo MEC como Atendimento
educacional Especializado.
Entrevistamos as três professoras em momentos distintos, e percebemos
que mesmo sem a qualificação profissional esperada para atuar nestas salas,
esmeram-se em fazer sempre o melhor, buscando alternativas para
implementar seu trabalho.
Atualmente muito se tem discutido sobre a inclusão de pessoas com
necessidades especiais. Ao longo dos anos essa discussão tem atingido os
mais diversos níveis e os mais variados setores da sociedade, principalmente
a rede educacional, pois é na escola que, na maioria dos casos, nos
deparamos diretamente com pessoas com necessidades especiais. Assim,
5

através da entrevistas com as professoras que trabalham na Sala de Recurso,


conhecemos algumas estratégias de aprendizagem bem como procedimentos
e mecanismos para se trabalhar com alunos que possuem essas
necessidades.
Ao serem indagadas sobre o que é ser professor destacaram que a
relevância do fazer docente, como destaca Libâneo ( 1986, p.43) a prática
pedagógica é uma prática social envolvendo uma inter-relação adultos-
aprendizes, observada a fase de desenvolvimento psicológico e social destes
últimos e que visa modificações profundas nos sujeitos envolvidos a partir da
aprendizagem de saberes existentes na cultura, conduzidas de tal forma a
preencher necessidades e exigências de transformação da sociedade.Desse
modo, vêem a prática pedagógica como uma eterna busca do saber, pois só
assim “conseguiremos” êxito diante das inovações da sociedade hodierna.
Para as professoras entrevistadas a prática docente vista em uma ótica
mais abrangente perpassa os limites da sala de aula, “pois exige do docente
um envolvimento maior, não basta preocupar-se somente com a aprendizagem,
mas com todos os aspectos que envolvem o cognitivo. Para Wallon, os afetos
(emoções) e o corpo da criança(desenvolvimento motor)participem, juntamente
com os aspectos cognitivos, do seu desenvolvimento e de sua
aprendizagem.Portanto,a afetividade tem um destaque importante, tendo em
vista que é necessário conhecer a realidade da criança para saber qual o
suporte que ela trás em relação ao conhecimento formal”1.
Sabemos que, como afirma Freire (1996, p.32) não há ensino sem
pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que-fazeres se encontram um no
corpo do outro. Enquanto ensino continuo, buscando, reprocurando. Ensino
porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para
constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo.Pesquiso
para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar
novidade.Diante dessas afirmações do autor, percebemos que o perfil das
professoras entrevistadas está próximo do que chamamos de professor
reflexivo, pautadas no tripé da ação-reflexão-ação.

1
Fala da professora ‘A”
6

2.2 .Perfil do professor na era da inclusão


7

As professoras enfatizaram sobre as dificuldades da inclusão, “ainda


temos em nossa sociedade muitos preconceitos em relação à pessoa com
deficiência, na Sala de Recurso as crianças sentem-se acolhidas, no entanto
na sala regular ainda sofrem algum tipo de preconceito”2. Segundo as
professoras, aprendemos aquilo que vivenciamos,é fundamental o contato com
as outras crianças, pois o conhecimento se constrói mediante essa troca.
Diante disso, é essencial que as crianças com necessidades educacionais
especiais não fiquem em um mundo à parte.
Para educar não basta somente saberes, mas como ressalta Perrenold,os
professores não possuem apenas saberes, mas também, competências
profissionais que vão muito além do domínio dos conteúdos a serem
ensinados.A evolução exige que todos os professores possuam competências
antes reservadas aos inovadores ou aqueles que precisavam lidar com
públicos difíceis.Não podemos mais classificar os alunos indisciplinados como
“problemas” ou “difíceis”, sabemos que nossa prática docente vai mais além, a
inclusão exige dos educadores o rompimento de antigos paradigmas, antes
reservados aos alunos com dificuldades de relacionamento.
Uma das professoras chamou a atenção para a mudança de atitudes
frente a novos desafios, “Não podemos permitir que barreiras atitudinais
centralizadas apenas nas limitações e não nas habilidades, que todos temos
enquanto indivíduo, impossibilitem crianças como algumas limitações, deixem
de traçar seus próprios caminhos, sem serem condicionados por alguém que
acredita estar levando-as pelo caminho certo. São experiências como estas,
vivenciadas através da Sala de Recurso, que nos impulsionam a lutar pelo
acesso dessas crianças, dando condições para interagir e aprender”3.

2.3 Dificuldades para alcançar as propostas da inclusão

2
Fala da professora “B”
3
Fala da professora “C”.
8

Por ser um desafio a concepção de ensinar e aprender adotada pela


escola, a educação inclusiva abala seus padrões convencionais concebidos
para uma aprendizagem em moldes idealizados. Assim a urgência na mudança
de paradigma emerge, pois se não acontecerem jamais conseguiremos
alcançar estes alunos, “é inconcebível a aprendizagem de forma homogênea, o
caminho não é recorrer a subterfúgios de adaptação, mas oportunizar a
emancipação intelectual desses alunos”4.
É necessário modificarmos nossas práticas, tarefa esta que exige uma
reflexão contínua para abandonarmos antigos preconceitos e reestruturarmos
nosso trabalho a partir de uma concepção de aprendizagem como ação
humana criativa, individual e heterogênea. “Para conseguirmos sair de práticas
exclusivas e avançarmos no caminho de uma proposta educacional inclusiva
precisamos desenvolver um trabalho coletivo”5.Tendo em vista que, a escola é
um local de encontros existenciais, da vivência das relações humanas e da
veiculação e intercâmbio de valores e princípios de vida, como ressalta Haidt
( 2001, p.56)
O professor deve ter a liberdade para buscar condições de ensino e de
aprendizagem.
Segundo as professoras, “o Atendimento Educacional Especializado não
pode ser meramente um treino para categoria dos treináveis e educáveis, seu
papel é oferecer a pessoa com necessidades educacionais condições de
aprender,portanto, inovar e promover o acesso a tudo o que é próprio do
saber”6.
Ficaram perceptíveis as dificuldades que as professoras enfrentam, pois
em muitos casos, a própria família não aposta no sucesso da criança,
reservando a esta um mundo de exclusão e limitação. “A escola precisa
urgentemente repensar suas práticas pedagógicas e desenvolver estratégias
que contemplem na sala de aula os alunos com necessidades educacionais, e
mais, para que o processo de inclusão ocorra em toda a extensão da palavra é
fundamental que o Estado cumpra seu papel oportunizando uma equipe de
profissionais especialistas que façam o atendimento na área da saúde, esse

4
Fala da professora “B”.
5
Fala da professora “A”.
6
Fala da professora “A”.
9

acompanhamento é imprescindível para o desenvolvimento do processo


pedagógico”7.

Finalizando,“acredito entretanto, que a escrita de uma história real de


inclusão começa a despontar em nossos escolas e somos nós enquanto
educadores que podemos iniciar este processo”8.

7
Fala da professora “C”.
8
Fala da professora “ C”.
10

Considerações Finais

Todo processo de mudança leva algum tempo para acontecer, todavia


algum dia ele começa a despontar, se nos remetermos a alguns anos atrás
verificaremos uma triste história de exclusão. Grandes conquistas já foram
feitas, e páginas de uma educação inclusiva estão sendo escritas em nosso
país.
Neste processo de construção e ressignificação de conceitos e práticas
muitos sonhos são alcançados e projetos são planejados,como escreve
Shakespeare “há quem diga que todas as noites são de sonhos.Mas há
também quem garanta que nem todas, só as de verão. Mas no fundo isso não
tem muita importância.O que interessa mesmo não são as noites em si, são os
sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre”, são estes sonhos que a
educação precisa sonhar, uma escola que contemple as habilidades de cada
pessoa, que preocupe-se em oportunizar a cada um o conhecimento e que seja
capaz de compreender e valorizar as diferenças.
Desse modo, pensar em educação inclusiva é acreditar no ser humano,
romper barreiras, superar limites e construir uma sociedade mais humana, pois
segundo Freire, não há saber mais ou saber menos.Há saberes diferentes.

Bibliografia
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HAIDT , Regina Célia C. Curso de didática geral.São Paulo:Ática, 2001.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática


educativa.São Paulo: Paz e terra, 1996.

LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da escola pública: a pedagogia


crítica-social dos conteúdos. São Paulo: Loyola, 1986.

PERRENOULD, Phillippe.; TRURLER, Monica Gather.As competências para


ensinar no século XXI.Porto Alegre: Artmed,2003.

Secretaria de Educação Especial/MEC - Revista da Educação


Especial.Brasília, Ano 2, nº 03,2006.

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