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SEMINÁRIO DE MICROBIOLOGIA BÁSICA

BMM 271

Bactérias do gênero Neisseria

1. Propriedades Gerais
1.1. Características básicas do gênero.
- Diplococos (Fig. 27.1)
- Gram negativos
- Imóveis
- Produzem a enzima catalase, contra efeito letal do íon Oxigênio.
- Aeróbicos
- Apenas N. gonorrhoeae e N.meningitidis são patogênicas, as outras espécies são
comensais.

1.2. Espécies:habitat e patogenicidade


- habitat: Aeróbicas (crescem em meios com oxigênio)
- N. gonorrhoeae infecta mucosa genital, anal e orofaringe e N. meningitidis infecta a
nasofaringe e meninges

1.3. Cultivo
- Meios enriquecidos, como Ágar chocolate (patogênicas) e Ágar nutriente(saprófitas)
- temperatura ótima de crescimento entre 35ºC a 37ºC

1.4. Resistência a antimicrobianos e agentes físicos e químicos.


Tanto N.meninditidis como N.gonorrhoeae apresentam cepas resistentes à penicilina
e tetraciclina, portanto, torna –se necessário que se realize o Antibiograma para saber se a
cepa isolada possui ou não resistência à tais antibióticos.

2. Neisseria gonorrhoeae
São conhecidos como gonococos, gonorréia, uretrite gonocócica ou blenorragia.
- Sensíveis a condições ambientais adversas = autólise
- Sem forma esporulada
- Aeróbio ou anaeróbio facultativo
- Possuem cápsula
2.1. Transmissão e Patogenia
É a única espécie de Neisseria que não faz parte da flora normal do homem podendo
ser sintomática ou assintomática.
1º) Aderência a microvilosidades do epitélio colunar não ciliado, através de IgA e proteína
II de fímbrias.
2º) Entrada do gonococo na célula por fagocitose, graças a anulação da atividade ciliar das
célular do epitélio pelos lipossacarídeos
3º) Proliferação do gonococo dentro do fagossomo
4º) Na face subepitelial da célula causa processo inflamatório resultando na lise celular do
hospedeiro, liberando o germe e recomeçando o ciclo infeccioso.
A transmissão se dá por contato sexual sem a devida proteção com preservativo,
sendo uma DST, portandos endo necesspario o uso de preservativo para evital a doença.
** Em recém nascido causa oftalmia neonatal, devido ao contato com a bactéria materna
durante o parto.

2.2. Diagnóstico de laboratório


2.2.1. Colheita do material
No homem se colhe o sedimento do primeiro “jato” de urina , coleta de material da
próstata.
Na mulher coleta da secreção uretral, endocervical ou também raspagem da uretra,
endocervix ou também fundo de saco vaginal.
* No início da doença a maioria do gonococos está fagocitada pelos leucócitos.
** Testes alternativos rápidos diretamente do material clínico, como a sonda genética, PCR
e reação de ligação em cadeia.

2.2.2. Exame bacterioscópico


É feito a partir da análise de secreções uretral, cervical, da orofaringe, retal ou da
conjuntiva, corados pela técnica de Gram, observando diplococos gram-negativos
intracelulares (dentro de leucócitos)
2.2.3. Cultivo
Deve ser realizado em meio seletivo Thayer-Martin ( Ágar chocolate, vancomicina
colistidina e trimetoprim que são antibióticos que os gonococos possuem resistência
natural) , semeada logo após a coleta e incubadas a 35 a 37ºC, com 5% de CO² e
examinados durante 72 horas.
As colônias que apresentarem de 0,5 a 1 mm devem ser examinadas por exame
bacterioscópico e reação de oxidase.

2.2.4. Provas bioquímicas para diferenciação das espécies


Gram negativa e oxidase positiva = provas bioquímicas para identificação das espécies.
Se faz através de reações de oxidação, fermentação e catalase. Porém a interpretação
dos resultados é demorada e difícil, torna-se necessário o exame bacterioscópico, para se
realizar o rápido tratamento da doença.

2.3. Tratamento
Uso de cefalosporinas (B-lactâmicos) ou uso duplo de Fluorquinolonas e
Eritromicina.
Penicilina e tetraciclina não são usadas mais devido a existência de cepas resistentes a tais
antibióticos por mecanismos já visto em sala de aula
A forma ideal para o tratamento inclui a pesquisa de sensibilidade à penicilina,
tetraciclina, cefalosporina e fluorquinolona, através de cepa isolada e identificada.

3.Neisseria meningitidis
Causa a doença meningite C, que é muito grave. São cocos gram-negativos
3.1. Meningite meningocócica
Refere-se a meningite causada pela bactéria N. meningitidis cujo quadro de sintomas é:
- mau-estar
- febre
- estado mental alterado
- cefaléia
- vômito
- fotofobia
* Presença da cápsula polissacarídea, com atividade antifagocitária , importante fator de
virulência.

3.2. Transmissão e patogenia


- não secreta toxinas;
- fator de virulência relacionado à invasão e aderência, semelhante a gonococo
- cápsula polissacarídea antifagocitária
- Faz parte da flora normal da garganta, porém no aparelho genitourinário não é.

A infecção inicia-se com a colonização da mucosa da nasofaringe, atravessa seu


epitélio, atraves de endocitose e invade a corrente circulatória e lá se adapta às
condições do hospedeiro.
Porém, na sua forma mais grave, a bactéria segue até as meninges, no cérebro,
onde produz toxinas causando inflamação das meninges.
Podem ser adquiridos de indivíduos doentes ou de portadores assintomáticos,
através do contato direto com a secreção da nasofaringe. A transmissão indireta é
questionada, pois o meningococo é extremamente sensível às variações de temperatura e à
dissecação.
* Crianças menores de 3 anos tem resistência devido aos anticorpos maternos.

3.3. Diagnóstico de laboratório


Exame bacterioscópico do líquor (meningite) ou do sangue (meningococcemia),
coletado através de punção e corado por Gram e cultivo (em Ágar chocolate ou Thayer-
Martin preaquecidas a 37ºC observadas durante 72 horas) dele e também do sangue para
isolamento e identificação.
Utiliza-se também materiais de lesões cutâneas.
Colônias suspeitas Gram-negativas devem ser submetidas a exame bioquímicos
como reação oxidase positivas e catalase positiva.

3.4. Sorotipos e sua importância epidemiológica


São classificados de acordo com os antígenos polissacarídeos da cápsula, os mais
freqüentes são os sorogrupos A,B,C,W135 e Y. Podem também ser classificados em
sorotipos e subtipos de acordo com os antígenos protéicos da parede externa do
meningococos. Estes polissacarídeos são responsáveis pela gravidade da doença e pela
produção de anticorpos, o que determina a imunidade. O meningococo também pode ser
classificado de acordo com a sua sorotipagem, sendo esta classificação muito importante
para a identificação da bactéria em endemias ( quando se tratam de diferentes sorotipos) e
epidemias (quando se identificam o mesmo sorotipo) .
Vacina contra sorogrupo B é pouco imunogênica devido ao ácido siálico que
também tem no organismo (reação cruzada).
Entre os sorogrupos a capacidade potencial de provocar epidemias é diferenciada.
Os sorogrupos A e C têm a maior taxa de ataque, podendo chegar até 500 casos em cada
100 000 habitantes. Historicamente, o sorogrupo A foi o responsável pelas maiores
epidemias. O sorogrupo B ocorre de forma endêmica em todos os continentes, inclusive nos
países desenvolvidos, porém a taxa de ataque, durante uma epidemia, não ultrapassa 100
casos por 100000 habitantes.
As maiores epidemias registradas no Brasil ocorreram na década de 70 e foram
determinadas pelos sorogrupos A e C.

Casos esporádicos = sorogrupos B e C


Casos epidêmicos = sorogrupo A

3.5. Tratamento
Tratamento feito com penicilina e tetraciclina que no caso da meningite atravessa a
barreira hematoencefálica.
Cloranfenicol e cefalosporinas são usados em casos de alergia à penicilina.
O tratamento é feito com antibióticos por via endovenosa e medidas de suporte
(como hidratação). Das pessoas que sobrevivem, 9 a 11% ficam com algum tipo de seqüela
permanente (surdez, paralisias, convulsões, amputação de extremidades).

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA OU BIBLIOGRAFIA:


- TRABULSI, L.R. ; ALTERTHUM, F. Neisseria In. Trabulsi, L.R , Microbiologia , 4ª
edição, 2004, capítulo X . p. 219 a 227

- CASTIÑEIRAS, T. M. P. P.; PEDRO, L. G. F.; MARTINS, F. S. V. Doença


meningogócica. 2004. Fonte: http://www.cives.ufrj.br/informacao/dm/dm-iv.html.
Acessado em: março de 2005.

- Division of AIDS, STD, and TB Laboratory Research, Neisseria mingitidis Neisseria


gonorrhoeae. Fonte: http://www.cdc.gov/ncidod/dastlr/gcdir/NeIdent/Nmen.html
http://www.cdc.gov/ncidod/dastlr/gcdir/NeIdent/Ngon.html
Acessado em março de 2005

- Centers for Disease Control and Prevention, Atlanta, Georgia, U.S.A, Identification of
Neisseria and related species.Fonte:
http://www.cdc.gov/ncidod/dastlr/gcdir/NeIdent/Index.html
Acessado em março de 2005

- SCHIAVINI, J.L, Uretrites – Guia prático de urologia, Capítulo 39. Fonte:


http://www.sbu-mg.org.br/guia/guia%20pratico%20-%20cap%2039.pdf

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