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O espírito das plantas de poder

Mario Polia Meconi - 02/02/2005

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O poder de uma planta psicotrópica, terapêutica ou simplesmente mágico-defensiva ou ofensiva é resultado


da interação destes fatores:
1. o poder próprio da espécie vegetal
2. o poder do lugar onde ela cresce
3. o período de coleta da planta
4. a observação dos ritos e tabus tradicionais que regulamentam a coleta da espécie e seu uso
5. o poder dos cantos e fórmulas (citações) que servem para "despertar" o poder da planta
(pg. 295)

Todas as plantas que curam, têm seu espírito curandeiro, além do seu espírito vital. Com a medicina (San
Pedro ou Wachuma), pode-se ver o espírito curandeiro das plantas. O San Pedro tem a capacidade de
chamar o espírito curador das plantas.

1. todas as plantas, sem exceção, têm um espírito vital, mas somente algumas possuem um espírito que
outorga a visão, como no caso do San Pedro, ou então possuem um espírito curandeiro.

2. O espírito curandeiro evita o "contágio", a energia negativa que produz as enfermidades, quando se passa
no paciente varas de certas madeiras cuja característica é possuir esse tipo de espírito. Essas varas
defendem também o xamã(ou mestre) e clientes dos ataques dos "maleros".

3. O espírito da planta "sente", mas sua maneira de atuar depende da atitude que se tem com ela: uma
atitude ritualmente correta traz como resultado uma ação positiva, enquanto que uma atitude descuidada no
que diz respeito ao aspecto ritual, ou de desrespeito, produz como reação uma ação negativa, um "castigo".
E mais: o tipo e o valor das ofertas (oferendas, o autor usa a palavra "pagos") podem fazer com que o poder
de uma planta volte-se contra quem está usando-a para favorecer o inimigo que ofereceu uma melhor
oferenda(mejores "pagos").

4. O "poder", por si só, nuca é bom ou mau. É ambivalente, bom e mal ao mesmo tempo: Todas estas
plantas também têm espírito curandeiro ou "malero". Se usam na mesa do curandeiro e do "malero", com
fins opostos. O que determina que as plantas atuem positivamente (curando, defendendo, permitindo a
visão) ou negativamente (contagiando, ofendendo, obscurecendo) depende da intensão do praticante e da
finalidade do rito oficiado por ele. Emerge, com toda evidência, a estrutura arcaica do sagrado cujo poder
deve ser oportunamente propiciado e controlado - polarizado - para não resultar em danos. A partir desta
perspectiva, é significativa a atitude ritual do xamã que apresenta as oferendas aos instrumentos do seu
inimigo(ou seja, aos espíritos que animam esses instrumentos) para neutralizar seu poder. Este
procedimento tem a mesma estrutura do rito romano da "exauguratio" cujo objetivo era propiciar o favor de
todos os deuses do inimigo de Roma. Ao que se refere ao Peru, há notícias de ritos para fazer diminuir o
poder das "huacas" dos inimigos. Obs. huaca - conforme o autor, espírito protetor que vive nas pedras e
locais sagrados. Apesar desse ser o significado mais usual, huaca também pode ser o animal de poder como
o puma, o gato, a serpente; varas mágicas, pedras atingidas por raios, pedras com formas diversas ou
insólitas, ossos de múmias pré-colombianas, etc.

5. Por meio da bebida ritual que desentrava as portas da visão, os espíritos das plantas se manifestam
assumindo as formas das plantas na plenitude de seu florescimento. O espírito das plantas psicotrópicas -
como o San Pedro - pode assumir formas zoomórficas ou antropomórficas, ou falar com o xamã como uma
voz que o instrui.

6. A reação negativa das plantas cujo espírito fica "bravo" com as infrações rituais produz a síndrome da
"schucadura" em uma forma particular com manchas e erupções cutâneas. (pags. 297 e 298).

Nota: (Tradução: Menkaiká

Fonte: "DESPIERTA, REMEDIO, CUENTA...": ADIVINOS Y MÉDICOS DEL ANDE - Tomo I e II - Pontificia
Universidade Catolica del Peru - Autor: Mario Polia Meconi)

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