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CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

Disciplina: Métodos de pesquisa

Prof. Dr. André Ofenhejm Mascarenhas


Colaboração: Prof. Augusto Roque
DESIGN DE PESQUISA

Módulo 4

Design da pesquisa: estratégias (amostragem e


instrumentação, análise e validação) e delimitação.

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DESIGN DE PESQUISA

NATUREZA GENÉRICA DA PESQUISA

 Pesquisa Quantitativa. A pesquisa quantitativa é um método de pesquisa


social que utiliza técnicas estatísticas. Está associada à idéia de quantificação à
medida que tal procedimento permite ao pesquisador analisar fenômenos em
função da freqüência em que ocorrem ou de sua quantidade (Dencker; Da Viá,
2002).

As pesquisas quantitativa são mais adequadas para apurar opiniões,


racionalizações e atitudes explícitas e conscientes de um grande número de
entrevistados, pois utilizam instrumentos estruturados (geralmente
questionários), que permitem a comparação. Se a amostra tiver
representatividade dentro de um determinado universo (isto é, se for
aleatória), as inferências podem ser generalizados e projetados para aquele
universo. Em muitos casos geram índices que podem ser comparados ao longo
do tempo, permitindo traçar um histórico da informação.

Fonte: DENCKER, Ada de Freitas Maneti; VIÁ, Sarah Chucid da. Pesquisa
empírica em ciências humanas: (com ênfase em comunicação). 2. ed. São
Paulo: Futura, 2002. 190 p.

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DESIGN DE PESQUISA

NATUREZA GENÉRICA DA PESQUISA

 Pesquisa Qualitativa. A pesquisa qualitativa pode ser caracterizada como a


tentativa de compreensão detalhada dos significados e características
situacionais apresentadas pelos entrevistados, ou seja, um esforço de
interpretação e construção de versões da realidade.

A Pesquisa Qualitativa está associada à idéia de uma relação dinâmica entre


mundo real e sujeito: o sujeito está inserido em um contexto, em uma cultura,
constrói interpretações sobre sua realidade, suas experiências, suas
prioridades. Estas interpretações não são independentes do sujeito, mas a
expressão de suas inclinações pessoais e culturais. A pesquisa qualitativa busca
apreender estas interpretações, reconstruindo os mini-mundos dos
pesquisados. A pesquisa qualitativa é interpretativa, servindo a pesquisas
descritivas e exploratórias.

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DESIGN DE PESQUISA

NATUREZA GENÉRICA DA PESQUISA

Dadas as questões fundamentais e específicas do estudo, devemos escolher entre


uma variedade de estratégias possíveis de investigação. Estas escolhas passam
pela verificação da natureza genérica da pesquisa, que indicará quais
estratégias são adequadas ou possíveis. As pesquisas podem ser:

 Explanatórias. Pesquisas explanatórias buscam verificar relações de causa e


efeito entre variáveis, que podem ser classificadas de dependentes e
independentes. Hipótese é a assertiva (a suposição do pesquisador) que
postula as relações entre estes tipos de variáveis, serve de guia do estudo
devendo ser testada ao longo do processo de pesquisa. As variáveis são
“aspectos, propriedades, características, fatores, quantidades, qualidades,
fenômenos, peso e forma que decorrem das hipóteses” (OLIVEIRA, 2007, p.
32). As variáveis independentes (causas) operam naturalmente no âmbito da
hipótese, enquanto as variáveis dependentes (efeitos) sofreriam a ação das
independentes, sendo determinadas por elas. A pesquisa explanatória busca
isolar e entender as relações entre variáveis.

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DESIGN DE PESQUISA

NATUREZA GENÉRICA DA PESQUISA

 Descritivas. As pesquisas descritivas buscam descrever, entender, interpretar


e classificar fenômenos. A ênfase da pesquisa descritiva é na compreensão de
como se manifestam os fenômenos, quais as dimensões relevantes ao seu
entendimento e como estas se inter-relacionam. Assim, estas pesquisas devem
permitir uma descrição detalhada da forma com que se apresentam os
fenômenos, das variáveis relevantes e de suas inter-relações. O pesquisador
deve ser guiado pelos objetivos da pesquisa, admitindo opcionalmente
hipóteses de trabalho que facilitem a coleta de dados e o processo
interpretativo.

 Exploratórias. Pesquisas exploratórias dão uma primeira visão aprofundada


sobre determinado fenômeno, quando a construção de hipóteses objetivas não
é possível devido ao desconhecimento das particularidades deste fenômeno. A
pesquisa exploratória pode constituir-se num primeiro passo a uma pesquisa
mais ampla, na qual hipóteses são formuladas e formalmente testadas, ou
constituir-se numa estratégia capaz de desvendar as particularidades do
fenômeno objeto de estudos por meio de sua delimitação. Neste último caso,
seus princípios aproximam-se bastante da pesquisa descritiva, descrita acima.

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DESIGN DE PESQUISA

ESTRATÉGIAS DE PESQUISA

Dadas as questões do estudo, o pesquisador deve entender a natureza de sua


pesquisa e de seus objetivos, escolhendo então entre uma variedade de
estratégias possíveis de investigação. Dada a natureza do TCC (primeiro
exercício de pesquisa do aluno), especificaremos aqui somente aquelas
estratégias mais acessíveis aos alunos:

 Survey
 Entrevistas
 Análise de dados secundários
 Estudos de caso

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DESIGN DE PESQUISA

ESTRATÉGIA DE PESQUISA

Cada estratégia de pesquisa demanda uma série específica de decisões, que


podem ser genericamente classificadas por amostragem, instrumentação,
análise e validação.

 Amostragem. Decisões a respeito da seleção de unidades de análise a


serem investigadas, bem como indivíduos ou entidades a serem incluídas
no estudo (amostra).

 Instrumentação. Decisões a respeito da elaboração adequada dos


instrumentos de levantamentos de dados, tais como questionários e
roteiros de entrevistas, que devem refletir os objetivos da pesquisa.

 Análise. Decisões a respeito dos procedimentos de análise dos dados


levantados, e

 Validação. Decisões a respeito dos procedimentos que gerarão


credibilidade à pesquisa, à construção e delimitação das conclusões.

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DESIGN DE PESQUISA - SURVEY

ESTRATÉGIA DE PESQUISA – Survey

“A pesquisa survey pode ser descrita como a obtenção de


dados ou informações sobre características, ações ou
opiniões de determinado grupo de pessoas, indicado como
representante de uma população alvo, por meio de um
instrumento de pesquisa normalmente um questionário”.

(PINSONNNEAULTT e KRAEMER, 1993, p. 7)

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DESIGN DE PESQUISA - SURVEY

ESTRATÉGIA DE PESQUISA – Survey


 A pesquisa survey assume freqüentemente um caráter explanatório, quando
se busca a compreensão de relações de causa e efeito entre dois fenômenos.
Hipóteses de pesquisa são assertivas que contemplam estas relações, testadas
freqüentemente por meio do instrumento questionário. Em outros casos, a
pesquisa survey pode ser descritiva, quando se busca descrever fenômenos,
interpretá-los e classificá-los. Pesquisas de clima organizacional ou de
satisfação de funcionários são deste tipo.
 Em geral, surveys são realizados com amostras, buscando–se entender a
incidência ou particularidades da problemática na população da qual a amostra
foi selecionada. Por isso, pesquisas de survey demandam o tratamento
estatístico dos dados. Surveys explanatórios permitem maior capacidade de
generalização que as outras estratégias aqui apresentadas. Nestes casos,
análises explicativas buscam desenvolver proposições gerais sobre a
problemática.
 O survey assume como pressuposto básico a idéia de que a avaliação do
grupo tem maior probabilidade de ser confiável do que as opiniões individuais.
Pressupõe-se que as informações agregadas permitam cancelar questionários
inválidos.

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DESIGN DE PESQUISA - SURVEY

ESTRATÉGIA DE PESQUISA – Survey

 O survey é uma estratégia comum quando se quer levantar e analisar


informações de populações (ou, mais comumente, amostras) quando
encontros pessoais são difíceis e/ou numerosos e dispendiosos. Para isso, o
questionário é um instrumento popular porque preenchê-lo é relativamente
rápido e razoavelmente fácil e barato.
 O ato de medir é um dos problemas da pesquisa em survey. As relações de
causa e efeito entre variáveis requer defini-las adequada e precisamente,
bem como isolá-las de outras variáveis que eventualmente influenciem estas
relações. É necessário que o grupo de TCC tenha uma compreensão
adequada do instrumento de medição e dos conceitos por detrás dele.
 Por meio da análise estatística, o survey explanatório permite maior
capacidade de generalização ao abranger amplamente o universo ou a
população de incidência do fenômeno. Entretanto, os dados gerados pelos
questionários são considerados superficiais (“thin data”), isto é, não
permitem que o pesquisador acesse o subjetivo dos respondentes, e não
permitem a emergência de temas não previstos, já que o questionário dita
as possibilidades de resposta às questões pré-determinadas.

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DESIGN DE PESQUISA - SURVEY

ESTRATÉGIA DE PESQUISA – Survey

As seguintes perguntas de pesquisa podem ser respondidas por meio de


pesquisas tipo survey:

 A percepção individual de responsabilidade social contribui à fidelização do


cliente? (pesquisa explanatória)
 Quais as principais mudanças vislumbradas pelas empresas em seus modelos
de gestão de pessoas? (pesquisa descritiva)
 Qual o impacto dos padrões de liderança à performance das equipes de
trabalho? (pesquisa explanatória)
 Qual o cenário atual de intenção de votos para presidente e governadores de
estado? (pesquisa descritiva)
 Qual o perfil do aluno da FEI? Qual o perfil do ex-aluno da FEI? (pesquisa
descritiva)

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DESIGN DE PESQUISA - SURVEY

Fonte: INSTITUTO AKATU. Como e porque os brasileiros praticam o consumo consciente? Disponível em:
<http://www.akatu.org.br/akatu_acao/publicacoes/perfil-do-consumidor>. Acesso em: 12 out. 2008.

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DESIGN DE PESQUISA - ENTREVISTAS

ESTRATÉGIA DE PESQUISA – Entrevistas

A entrevista é um encontro preferencialmente pessoal, cara-a-cara (mas pode


acontecer por telefone, por internet, entre outros meios), no qual o
entrevistador segue um roteiro ao fazer perguntas ao entrevistado. O roteiro
de entrevistas é um desdobramento direto dos objetivos fundamentais e
questões secundárias de pesquisa, estando intimamente relacionado a estas
questões.

Utiliza-se a entrevista como estratégia de pesquisa quando se investiga o ponto de


vista e as experiências de indivíduos. Os dados coletados geralmente refletem
impressões, sentimentos, racionalizações e explicações das pessoas à
problemática em um nível que pode chegar a ser considerado profundo.
Investigar com base em entrevistas implica identificar unidades de análise,
selecionar um número de indivíduos a serem entrevistados, analisar as
entrevistas de forma a lançar luzes sobre uma problemática. Entrevistas são
usadas comumente em pesquisas exploratórias e descritivas, podendo compor
também estratégias explanatórias.

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DESIGN DE PESQUISA - ENTREVISTAS

ESTRATÉGIA DE PESQUISA – Entrevistas

As seguintes perguntas de pesquisa podem ser respondidas por meio da estratégia


de entrevistas:

 Como aconteceu o processo de gestão das mudanças organizacionais na


empresa Alpha? Quais foram suas implicações a líderes e liderados?
 Quais as principais tendências de mudança estratégica na logística do setor
cervejeiro?
 Quais as principais dificuldades enfrentadas pelos produtores artísticos à
captação de recursos para seus projetos segundo os parâmetros da Lei Federal
Roaunet?
 Quais as principais dificuldades e desafios enfrentados pelos profissionais
considerados talentos em suas empresas?

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DESIGN DE PESQUISA - ENTREVISTAS

Entrevistas - caracterização

Entrevistas podem ser formais e informais. Entrevistas formais devem ser


marcadas com antecedência. Entrevistas informais são possíveis, mas
dependem da inserção do pesquisador no campo de estudos e de seus
relacionamentos com os entrevistados. É sempre interessante uma combinação
destes dois tipos de entrevistas.

 Entrevistas formais podem acabar focalizando conteúdos oficiais ou “bonitos”,


mascarando questões também (ou até mais) importantes à pesquisa
(problemas na implementação de um projeto, conteúdos mais difíceis de se
extrair de administradores, por exemplo). Se você não conhece o entrevistado,
deve ter a competência inter-pessoal necessária para gerar empatia e
confiança junto a ele(a) o mais cedo possível, pois isso terá implicações na
profundidade do conteúdo ao qual terá acesso.
 Entrevistas informais podem se caracterizar pela maior proximidade entre
entrevistado e entrevistador (talvez um colega seu), pela maior descontração e
filtros menos rígidos para o conteúdo da entrevista (teu colega no trabalho
pode contar-lhe com mais detalhes os problemas em um projeto). Estes são
eventos que podem acontecer em qualquer momento (uma conversa no
intervalo, ao telefone, ou mesmo um encontro marcado no formato de bate-
papo).

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DESIGN DE PESQUISA - ENTREVISTAS

Entrevistas – amostragem

Quem iremos entrevistar? Quantas entrevistas devemos fazer? Quando parar?


Estas são questões que devem ser respondidas segundo princípios de
amostragem.

 Unidades de análise. Em primeiro lugar, devemos identificar qual(is) a(s)


unidade(s) de análise relevantes ao nosso estudo: quais são as entidades-
chave as quais você gostaria de explorar com seu estudo? Todas as unidades
de análise que de alguma maneira puderem contribuir à compreensão da nossa
problemática devem ser incluídas no estudo. Unidades de análise podem ser
indivíduos, grupos (organizações, grupos de trabalho, comunidades, etc.),
eventos, processos, etc. Um estudo pode ter uma, duas ou mais unidades de
análise (estudos em diferentes momentos históricos, estudos comparativos,
etc.). Como regra geral, pode-se dizer que mais de uma unidade de análise
permite que o pesquisador acesse diferentes ângulos da problemática,
tornando o estudo mais rico (vide validação).

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DESIGN DE PESQUISA - ENTREVISTAS

Entrevistas - amostragem

Quais as unidades de análise relevantes à investigação das seguintes perguntas de


pesquisa?
 Como aconteceu o processo de gestão das mudanças organizacionais na
empresa Alpha? Quais foram suas implicações a líderes e liderados?
(Unidades de análise: Indivíduos nos departamento(s) que
vivenciaram a mudança, líderes e liderados, dirigentes)
 Quais as principais tendências de mudança estratégica na logística do setor
cervejeiro? (Unidades de análise: dirigentes de uma indústria do setor,
gerentes e analistas de logística do setor, membros do sindicato do
setor, especialistas)
 Quais as principais dificuldades enfrentadas pelos produtores artísticos à
captação de recursos para seus projetos segundo os parâmetros da Lei Federal
Roaunet? (Unidades de análise: produtores artísticos que captam
recursos segundo os parâmetros da lei)
 Quais as principais dificuldades e desafios enfrentados pelos profissionais
considerados talentos em suas empresas? (Unidades de análise: Indivíduos
considerados talentos na(s) empresas(s); Indivíduos não considerados
talentos na(s) empresas(s); profissionais de RH envolvidos com
processos de “retenção de talentos”)

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DESIGN DE PESQUISA - ENTREVISTAS

Entrevistas – amostragem

Definidas as unidades de análise, a seleção dos indivíduos a serem entrevistados


deve seguir três princípios básicos:

 Amostragem proposital ou amostragem aleatória? Em estudos exploratórios e


descritivos, a seleção de indivíduos é proposital, isto é, atende ao princípio de
que a(s) entrevista(s) deve(m) maximizar a quantidade de informações
disponíveis ao pesquisador. Nestes casos, a seleção dos entrevistados pode
acontecer por intermédio de um informante (alguém que conheça bem o
contexto e possa auxiliar os pesquisadores a encontrar a melhor seleção de
entrevistas), ou ainda acontecer ao longo da pesquisa, já que cada entrevista
pode indicar nossas necessidades de levantamento de dados. Em estudos
explanatórios, a amostragem aleatória deve garantir que todos na população
tenham a mesma probabilidade de ser escolhidos.

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DESIGN DE PESQUISA - ENTREVISTAS

Entrevistas – amostragem

 Comparação. Devemos estar atentos ao conteúdo das entrevistas buscando


não somente identificar padrões em opiniões e relatos, mas também ouvir
opiniões conflitantes ou divergentes. O princípio de comparação sugere que
devamos contrastar e confirmar constantemente os dados, comparando
entrevistas, dentro de cada unidade de análise e também entre unidades de
análise. Estes procedimentos permitiria o aprofundamento da compreensão da
problemática, aumentando a credibilidade da pesquisa (vide validação).

 Saturação. Em pesquisas exploratórias, assume-se que a hora de parar de


entrevistar chega quando não aprendemos muito com cada entrevista adicional
(o valor marginal de cada entrevista é muito baixo). Quando começamos a
ouvir novamente o que já ouvimos algumas vezes, e nada ou pouco mais é
acrescentado, pode-se parar de selecionar entrevistados. Entretanto, este
princípio deve ser aplicado com cuidado. Não aprender muito com cada
entrevista adicional pode significar que não estamos conseguindo engajar as
pessoas a falar, ficando o processo somente no superficial. Além disso, muitas
pesquisas de TCC sofrem com a limitação de tempo e recursos, o que
impossibilita a aplicação adequada deste princípio.

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DESIGN DE PESQUISA - ENTREVISTAS

Entrevistas - Instrumentação

O roteiro de entrevistas é o instrumento que guia o pesquisador à coleta de dados,


refletindo os objetivos da pesquisa e a complexidade da problemática. O roteiro
pode ser estruturado, semi-estruturado ou não-estruturado:

 O roteiro estruturado reflete estreitamente as proposições e questões


relevantes à pesquisa, geralmente extraídas da literatura. Estes roteiros
caracterizam-se por questões mais direcionadas, de foco mais estreito e,
geralmente, de respostas mais objetivas e curtas. É mais utilizado em
pesquisas com amostras maiores, com objetivos mais diretos (normalmente
bem atrelados a proposições da literatura), apoiados ou não por hipóteses. O
formato destes roteiros pode aproximar-se bastante dos questionários,
diferenciando-se pelo contato pessoal bem estruturado com o entrevistado.
Mais utilizado em pesquisas explanatórias e descritivas.

 O roteiro semi-estruturado também reflete intimamente as proposições e


questões relevantes à pesquisa, geralmente extraídas da literatura. Contudo,
considera-se que durante a entrevista estas questões possam assumir um
caráter de orientação ao entrevistador(a), que deve estar atento(a) a assuntos
e tópicos emergentes e úteis à compreensão da problemática. Neste sentido,
as questões objetivas derivadas da teoria servem como um guia, e não como
uma camisa de força. Mais utilizado em pesquisas exploratórias e descritivas.

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DESIGN DE PESQUISA - ENTREVISTAS

Entrevistas - Instrumentação

 O roteiro não-estruturado é utilizado em entrevistas nas quais se dá ênfase a


conteúdos não previstos pelos pesquisadores. Neste caso, tem-se uma(s)
pergunta(s) mais ampla(s) de entrevista (tópicos) e deixa-se o entrevistado
desenvolver mais livremente suas considerações a respeito do tópico sugerido.
O entrevistador deve garantir que o entrevistado não fuja do assunto ou da
problemática, direcionado a conversa mas deixando-a fluir o mais
naturalmente possível. O entrevistador pode aproveitar “ganchos” gerados
pelos entrevistados, quando estes falam de temas não planejados pelo
entrevistador mas provavelmente relevantes à compreensão da problemática.
A entrevista pode assumir o formato de um relato ou um testemunho. Utilizado
em pesquisas exploratórias e descritivas.

Numa pesquisa baseada em entrevistas, decisões de instrumentação abrangem o


tipo de roteiro de entrevista a ser utilizado, e devem levar em conta o grau de
flexibilidade requerido ao processo de levantamento de dados. Estas decisões
dependem da natureza da pesquisa e do grau de “amarração” entre o processo
de coleta de dados e as proposições da literatura.

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DESIGN DE PESQUISA - ENTREVISTAS

Entrevistas - Instrumentação

Elaboração de roteiros de entrevistas. As entrevistas devem refletir


as perguntas de pesquisa (principal e secundárias). Os roteiros
estruturado e semi-estruturado refletem geralmente a complexidade
do referencial teórico, amarrando as questões de pesquisa ao
processo de levantamento de dados. Em pesquisas exploratórias nas
quais há pouco referencial teórico consolidado, ou quando se busca
essencialmente interpretar as experiências, sentimentos e explicações
dos entrevistados, os roteiros de entrevistas freqüentemente
assumem formatos menos estruturados.

Os slides seguintes ilustram estes tipos de roteiros à seguinte pergunta


de pesquisa: Como aconteceu o processo de gestão das mudanças
organizacionais na empresa Alpha? Quais foram suas implicações a
líderes e liderados? (Unidades de análise: Indivíduos nos
departamento(s) que vivenciaram a mudança, líderes e liderados,
dirigentes)

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DESIGN DE PESQUISA - ENTREVISTAS

Entrevistas - Instrumentação

Roteiro de entrevista estruturado (entrevistas com os dirigentes da empresa):

 Quando surgiu a empresa?


 Porque a ISO 9001 foi implantada?
 Houve um planejamento para sua implementação?
 Quais foram as estratégias usadas na sua implementação?
 Quais eram os objetivos pretendidos com sua implementação?
 Esses objetivos foram alcançados?
 A implementação da ISO 9001 atendeu às expectativas?
 Quais foram os problemas surgidos com sua implementação?
 Surgiram resistências à sua implementação?
 Os processos sofreram remodelamento após a implementação da ISO 9001?
 Como se deu a consulta aos funcionários da base da estrutura hierárquica?

As respostas tendem a ser mais diretas, objetivas, o que permite um número


maior de entrevistas e maior capacidade de comparação direta entre respostas.
São mais adequadas ao uso do e-mail como ferramenta de acesso aos
entrevistados, implicando, muito freqüentemente, em perda do detalhamento
da informação.
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DESIGN DE PESQUISA - ENTREVISTAS

Entrevistas - Instrumentação

Roteiro de entrevista semi-estruturado (entrevistas com os dirigentes):


 Como surgiu a empresa?
 Por quê a ISO 9001 foi implantada?
 A decisão de implementá-la foi baseada em que? Foi por necessidades internas, ou houve
pressões de mercado para fazê-lo? Neste caso, quais eram os objetivos pretendidos com a sua
implantação?
 Se foi interna, que necessidade foi esta? Quem a expressou? De onde surgiu? Como eram os
processos internos antes da implantação?
 Houve um planejamento para a sua implantação? Como aconteceu? Quem participou?
 Como ocorreu a sua implantação? Quais foram as etapas? Como foram envolvidos os
funcionários em cada uma das etapas? Houve negociação de interesses?
 Como se deu o processo de comunicação da implantação da ISO junto aos funcionários, em cada
etapa?
 Os objetivos estratégicos da mudança foram alcançados, na visão dos dirigentes? Se não, por
quê?
 Quais foram os problemas surgidos durante a implantação? Quais problemas se relacionavam aos
funcionários envolvidos ou afetados pelo processo de mudança? Explique.
 Surgiram resistências, conflitos ou divergências durante a sua implantação? Como foram
tratados estas resistências e conflitos?
As perguntas são mais subjetivas, dando maior espaço a particularidades da
problemática, indo mais a fundo nos fatos, interpretações e explicações, de forma
consistente com a referencial teórico. Servem como guia ao entrevistador, que deve
maximizar o conteúdo à sua disposição dadas as necessidades refletidas nas
diversas questões.
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DESIGN DE PESQUISA - ENTREVISTAS

Entrevistas - Instrumentação

Roteiro de entrevista não-estruturado (entrevistas com os


dirigentes da empresa):

 Por quê a ISO 9001 foi implantada?


 Como aconteceu o processo?
 Como foram envolvidos os funcionários no processo?
 Como os(as) senhores(as) avaliam os resultados do processo ?

As perguntas servem como um instrumento que guia o entrevistador


durante a entrevista, que freqüentemente assume o formato de
relato. Ao usar este formato, o entrevistador deve estar atento às
respostas do entrevistado, “pegando ganchos” e buscando
aprofundar conteúdos não-previstos e relevantes.

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DESIGN DE PESQUISA - ENTREVISTAS

Entrevistas - Instrumentação
Algumas dicas úteis à entrevista:

 Planeje bem suas entrevistas. Marque com antecedência as primeiras, e tente deixar
para marcar as últimas no decorrer do processo. Assim, você pode fazer possíveis
ajustes na escolha dos entrevistados, dadas as informações que coletará.
 Comece a entrevista conhecendo melhor seu entrevistado. Pergunte sobre sua
trajetória, sobre seu trabalho (se o entrevistado trabalhar numa organização, claro..).
Esses dados serão importantes para você entender a inserção do entrevistado no
contexto de pesquisa, além de gerar uma empatia imediata devido ao interesse
demonstrado. Mas controle o tempo, não deixe o entrevistado se alongar demais em
sua auto-apresentação (ele tende a fazê-lo) e tenha os objetivos da pesquisa em
mente sempre.
 Coerentemente, evite começar a entrevista com as perguntas mais difíceis ou com
maior potencial de desconforto. Estas devem ser feitas quando se percebe uma certa
empatia entre entrevistador e entrevistado.
 Teste seus equipamentos de gravação antes da entrevista. Entrevistas em locais
abertos ou com muito barulho não são recomendáveis. O melhor é entrevistar em
salas fechadas, mas isso nem sempre é possível. Caso não for possível, considere não
gravar as entrevistas pois você poderá perder grande parte dos dados devido ao
barulho.
 Selecionar os entrevistados requer que conheçamos bem nossas necessidades de
informações. Se você precisa conhecer o histórico de implementação de um projeto,
assegure-se que o entrevistado tenha vivenciado o processo, caso contrário, a
entrevista ficará inutilizada.
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DESIGN DE PESQUISA - ENTREVISTAS

Entrevistas – validação

Como gerar credibilidade a nossa pesquisa?


A credibilidade de uma pesquisa diz respeito à possibilidade dos leitores se
assegurarem que as conclusões do estudo foram construídas segundo critérios
e procedimentos considerados adequados pela comunidade científica. Numa
estratégia de entrevista, a credibilidade pode ser gerada seguindo-se os
seguintes critérios:
 Respeito aos princípios de amostragem. O princípio de comparação sugere
que devamos buscar sempre por visões alternativas ou divergentes do
fenômeno investigado, construindo um quadro mais amplo e completo de
interpretações subjetivas dos respondentes. Identificar exaustivamente as
unidades de análise relevantes ao estudo e levantar dados em cada uma delas
pode viabilizar o princípio da comparação. Além disso, esgotarmos o retorno
marginal com as entrevistas gera credibilidade extra ao trabalho (princípio da
saturação).

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DESIGN DE PESQUISA - ENTREVISTAS

Entrevistas – validação

Como gerar credibilidade a nossa pesquisa?

 Identificar informantes entre os entrevistados, pessoas às quais o grupo têm mais acesso e
confiança, para uma checagem crítica das conclusões. Cuidado com os vieses e interesses dos
informantes, que podem deturpar seus comentários. A checagem por mais de um informante
pode minimizar estes riscos.
 Envolver a todos do grupo no processo de levantamento, codificação e análise dos dados
(múltiplos pesquisadores), já que estes processos, sendo executados coletivamente,
diminuem a possibilidade de vieses individuais exercerem influências significativas nas
conclusões. É interessante que cada um faça todo o processo individualmente, para depois
contrastarem e discutirem seus resultados, chegando a um consenso sobre códigos, conteúdos e
categorias. A idéia é que cada um referencie as conclusões e construções analíticas dos demais
por meio da checagem dos procedimentos.
 Documentar os passos procedimentais (entrevistas transcritas, listas de códigos construída
com exemplos) e incluí-los como anexo no trabalho de TCC, pois isso salienta a transparência no
processo e permite que qualquer um verifique a validade dos procedimentos de análise.

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DESIGN DE PESQUISA - ENTREVISTAS

Entrevistas - análise

A análise das entrevistas depende do registro dos dados coletados. Os conteúdos


gerados pelas entrevistas formais e informais devem ser registrados segundo
três abordagens possíveis:

 Gravar as entrevistas. Neste caso você deve ter um gravador (os digitais são
muito versáteis) e pedir ao entrevistado permissão para gravar. As entrevistas
gravadas podem perder em conteúdo, pois as pessoas podem se sentir
ameaçadas em dar-lhe informações minimamente ameaçadoras (muitas vezes
estas informações são muito relevantes), omitindo-se. Entretanto, gravar as
entrevistas permite a transcrição integral das conversas, da maneira como se
desenvolveu. Neste caso você pode aproveitá-las ao máximo na fase de
análise. Assim, há vantagens e desvantagens com a gravação... Tome sua
decisão!

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DESIGN DE PESQUISA - ENTREVISTAS

Entrevistas – análise

 Não gravar as entrevistas. Neste caso você deve ter um caderno de


apontamentos e registrar em frases curtas, palavras-chave ou até em trechos
mais longos o conteúdo da entrevista. Pode-se organizá-la cronologicamente,
ou ainda reservar uma página do caderno para cada questão, anotando
rapidamente o que se fala. Entre as características deste procedimento, você já
estará analisando os dados ao anotá-los, pois deverá desde cedo selecionar o
que achar mais relevante na fala do entrevistado. Além disso, você poderá
levantar mais dados por deixar o entrevistado mais relaxado, já que suas
palavras não estão sendo gravadas. Muito importante nesta abordagem é você
terminar a entrevista e preparar rapidamente um relatório, expandindo o que
você anotou para o formato de parágrafos completos, tentando reproduzir da
maneira mais completa possível a entrevista. Se não o fizer imediatamente,
perderá grande parte de seus dados (e de seu tempo) pois nossa memória não
os armazenará por muito tempo.

 Gravar parte da entrevista, deixando a outra parte (não-gravada) para os


assuntos mais delicados. Neste caso, assume os procedimentos de ambas as
abordagens anteriores.

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DESIGN DE PESQUISA - ENTREVISTAS

Entrevistas – análise

Em pesquisas baseadas em entrevistas, a fase de análise dos dados se inicia junto


com a coleta, já que o pesquisador deve de alguma maneira guiar as
conversas, selecionar tópicos emergentes relevantes, e anotar seletivamente o
conteúdo das entrevistas para a elaboração posterior de um relatório (quando
você não grava as entrevistas). Esta fase inicial do processo de análise dos
dados encontra-se ilustrada abaixo. As decisões de amostragem relacionam-se
à execução das entrevistas num processo que requer a contínua análise por
parte do pesquisador, que precisa maximizar os conteúdos à sua disposição.

Decisões de amostragem – Execução e registro das


seleção de entrevistados entrevistas

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DESIGN DE PESQUISA - ENTREVISTAS

Entrevistas – análise

A análise dos dados continua após as entrevistas terem sido feitas (de preferência
cumprindo com os três princípios de amostragem), registradas e
disponibilizadas aos pesquisadores, o que frequentemente requer a sua
transcrição. Transcrever literalmente as entrevistas pode ser uma tarefa
cansativa, por isso grupos de TCC com mais recursos à pesquisa podem
terceirizar esta etapa para ganhar tempo. Fazê-la você mesmo implica
vantagens, contudo. À medida que os pesquisadores transcrevem as
entrevistas, ganham maior familiaridade com os dados e percebem dimensões
dos discursos dos entrevistados (muitas vezes sugeridos por tons de voz, tom
sarcástico, etc) que poderiam ter passado despercebido e que dificilmente
aparecerão tão claramente na transcrição em papel.

Uma vez transcritas e disponibilizadas aos pesquisadores, estes deverão ler o


material diversas vezes, até dominarem seus conteúdos. Neste processo, os
pesquisadores deverão identificar temáticas ou assuntos recorrentes nas
entrevistas, e que de alguma maneira contribuem ao entendimento da
problemática da pesquisa. O procedimento de codificação é uma das
maneiras de se organizar este processo.

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DESIGN DE PESQUISA - ENTREVISTAS

Entrevistas – análise

 Codificar é associar uma palavra ou uma expressão (código) que identifica um assunto,
um tema ou uma dimensão do conteúdo de especial relevância à pesquisa.

Mas quais são as fontes de códigos? Os códigos podem ser deduzidos do referencial
teórico ou mesmo surgir da lógica interna dos próprios dados. Não haverá um conjunto
de códigos pré-estabelecidos, pois os pesquisadores o farão. Não há um número limite
para códigos, mas é importante que os pesquisadores relacionem os códigos entre si.

A identificação e atribuição de códigos é um processo interativo e contínuo. Os códigos


identificados podem ser repensados à medida que novos trechos de entrevistas são
analisados. Ao final, os pesquisadores têm à sua disposição códigos que remetem a
agrupamentos de trechos de falas e discursos (sempre identificados e referenciados ao
entrevistado, para o pesquisador não se perder) e que permitem aos pesquisadores
compor suas categorias de análise e seus argumentos.

34
DESIGN DE PESQUISA - ENTREVISTAS

Entrevistas – análise

O que são categorias de análise?


 São conceitos, variáveis ou temas relevantes à construção dos argumentos de um
estudo, e que aparecem desarticuladamente nas falas de entrevistados em uma ou
mais unidades de análise.
 Da mesma forma que os códigos, as categorias de análise podem ser derivadas do
referencial teórico ou surgirem espontaneamente da coleta de dados (categorias
emergentes).
 Os conteúdos das categorias podem ser constituídos pelos conteúdos de códigos
agrupados, ou ainda pelos conteúdos de um só código.
 Categorias de análise podem ser analisadas em termos de sua evolução temporal
(agregando seqüencialmente códigos que definem as particularidades da categoria em
diferentes momentos), ou ainda em termos de sua incidência e particularidades em
unidades de análise distintas (dois casos distintos – vide estudos de múltiplos casos).
De qualquer forma, a análise do conteúdo das categorias é um procedimentos
fundamental à construção dos argumentos do estudo de TCC baseado em entrevistas.

35
DESIGN DE PESQUISA - ENTREVISTAS

Entrevistas – análise

Por exemplo, à questão de pesquisa Quais as principais dificuldades e desafios


enfrentados pelos profissionais considerados talentos em suas empresas? Os
códigos podem refletir visões e experiências distintas (complementares ou não)
típicas de cada unidade de análise (U.A. 1: indivíduos considerados talentos na(s)
empresas(s); U.A. 2: indivíduos não considerados “talentos” na empresa”, U.A. 3:
profissionais de RH envolvidos com processos de “retenção de talentos”). Estes códigos
poderiam ser (esta é somente uma especulação ilustrativa!):
Categoria: Dificuldades
 Dificuldades de relacionamento (U.A. 1 e 2) dos talentos

 Dificuldades de direcionamento da carreira (U.A. 1 e 3)


Categoria: Dificuldades
 Dificuldades com a retenção de “talentos” (U.A. 3)
à retenção de talentos
E isso sem falar nos “desafios enfrentados pelos talentos”...
Esses códigos (temas), que podem surgir das entrevistas ou previstas pelo
referencial teórico, podem ainda ser quebrados em códigos mais estreitos, de
forma a facilitar a análise dos dados. Estes processo reverte-se ao se re-
agrupar os códigos em torno de categorias de análise.

36
DESIGN DE PESQUISA - ENTREVISTAS

Entrevistas – análise

Uma vez codificados os dados, e agrupados em categorias de análise, o


pesquisador terá à sua disposição elementos que poderão ser contrastados à
literatura de apoio ao trabalho (revisão teórica), ou se constituirão em novos
elementos conceituais capazes de contribuir a uma teoria e/ou criticá-la,
especificando relações entre as categorias de análise ou as particularidades do
contexto estudado.
Devemos lembrar que a estratégia de entrevista é mais comumente utilizada em
pesquisas exploratórias e descritivas, nas quais a generalização não é
automática. Categorias de análise relevantes e seus conteúdos podem ser
dispostos em quadros explicativos, sendo esta uma boa maneira de deixar
suas conclusões mais atraentes aos leitores.

37
DESIGN DE PESQUISA – DADOS SECUNDÁRIOS

Análise de Dados Secundários

Dados secundários são informações ou dados já existentes que são utilizados –


tabulados, classificados e analisados – no âmbito de um projeto de pesquisa.
Estes dados podem ser provenientes de matérias na mídia, balanços financeiros
de empresas, balanços sociais de empresas, sites da internet, documentos
internos e externos às organizações, institutos de pesquisas, sindicatos
setoriais, etc. Estas informações podem complementar outras fontes de dados
(vide Estudos de caso) ou constituir-se na fonte principal ou única, quando a
pesquisa assume um caráter exploratório ou descritivo.

38
DESIGN DE PESQUISA – DADOS SECUNDÁRIOS

Em estudos de natureza exploratória ou descritiva, a análise de dados


secundários serve bem a perguntas de pesquisa que girem em torno das
particularidades destes mesmos dados, ou que possam ser respondidas por
eles. As seguintes perguntas de pesquisa estão bem ajustadas a este
método:
 Quais as estratégias de diferenciação do Banco Alpha em serviços de
homebanking? (Estratégia)
 Quais as estratégias de gestão de carreira mais propagadas pela mídia
especializada? (Gestão de Pessoas)

A análise de dados secundários constitui-se em uma estratégia comum aos


alunos de TCC. Suas vantagens incluem:
 Facilidade de acesso aos dados, publicados ou disponibilizados.
 Facilidade na organização dos dados, que de alguma forma devem ser
formatados à publicação.
Suas desvantagens incluem:
 Limitações na análise, já que os dados secundários refletem o que se
quer/pode publicar, explicitando “discursos oficiais”, possivelmente
enviesados, e freqüentemente mascarando dimensões importantes da
realidade. Por isso, deve-se evitar responder por meio de dados secundários
perguntas de pesquisa que requerem informações “de dentro”.

39
DESIGN DE PESQUISA – DADOS SECUNDÁRIOS

Em estudos de natureza exploratória ou descritiva que se utilizam da técnica


de análise de dados secundários, as decisões de amostragem,
instrumentação, análise e validação assumem os seguintes parâmetros
principais:

 Amostragem. Quais dados secundários selecionar? Essa decisão passa pela


análise cuidadosa do problema de pesquisa e das fontes de dados secundários
disponíveis. Liste-os. Certamente, nem todos os dados secundários estão
facilmente disponíveis ao grupo. A delimitação do período de tempo analisado
(se for o caso), do tipo de documento mais apropriado, visões alternativas sobre
o fenômeno ou a problemática (que muitas vezes aparecem em documentos de
fontes diferentes) são algumas das questões que devem guiar os estudantes em
sua busca pela base de dados documental adequada.
 Instrumentação. Nesta estratégia, as decisões de instrumentação estão
intrinsecamente relacionadas com as decisões de amostragem, já que o
resultado final de ambos os grupos de decisões devem ser a construção da base
de dados adequada às análises.
 Análise. Os procedimentos de análise dos dados secundários são análogos
àqueles descritos para a estratégia de entrevistas. Os dados secundários
constituem-se em material escrito, sujeito aos procedimentos de codificação,
categorização e análise comparativa, descritos anteriormente.
 Validação. A validação de projetos de pesquisa baseados em dados secundários
acontece por meio da atenção aos itens 1, 2, 3, 4, definidos pela estratégia de
entrevistas.

40
DESIGN DE PESQUISA – ESTUDO DE CASO

Estudo de caso - conceituação

Segundo Yin (2001, p. 32) o estudo de caso é “um questionamento


empírico que investiga um fenômeno contemporâneo com seus
contextos de vida real, quando as fronteiras entre o fenômeno e o
contexto não são claramente evidentes, e nos quais múltiplas fontes de
evidência são usadas”.

Um caso pode ser um indivíduo, uma empresa, um


departamento, uma comunidade ou até uma nação. Pode-se
dizer que grande parte dos TCCs são estudos de caso
realizados em empresas.

A estratégia de estudo de caso pode ser caracterizada como


estudo de caso único ou estudo de múltiplos casos.

41
DESIGN DE PESQUISA – ESTUDO DE CASO

Estudo de caso único - conceituação

No estudo de caso único, as particularidades do caso


(dado seu contexto) são estudadas à luz das questões
de pesquisa buscando respondê-las, problematizando,
aprofundando ou criticando a(s) teoria(s) levantadas
na revisão bibliográfica.

O estudo de caso único é com freqüência a estratégia


utilizada por alunos que buscam fazer uma pesquisa
exploratória ou descritiva, centrada na caracterização
do que o caso tem de único ou relevante à discussão
da problemática.

42
DESIGN DE PESQUISA – ESTUDO DE CASO

Estudos de caso único são utilizados quando se pretende especificar as


particularidades de um contexto, extraindo o que existe de mais relevante
neste contexto dada a problemática de pesquisa. Por ser uma estratégia
centrada na especificação do particular (quanto mais a fundo no caso formos,
melhor), as conclusões destes estudos podem servir à reflexão em
Administração, sem implicar generalização ampla e automática. Adotando-se
estratégias sofisticadas de análise, estudos de caso únicos podem gerar novas
teorias, ou proposições transferíveis a outros casos, apesar de alegações
comuns de impossibilidade de generalização a partir de somente um caso.
Proposições e interpretações construídas com base em estudos de casos únicos
podem ser transferidas a outros casos dependendo de sua adequação à
transferência (vide metodologia)

As seguintes perguntas de pesquisa podem ser respondidas segundo o método de


estudo de caso único:
 Como ocorreu a mudança organizacional na empresa Alpha com a
implementação da ISO9000? Foi este processo satisfatório a dirigentes e
funcionários?
 Qual o impacto das altas taxas de juros brasileiras nas finanças de uma
pequena empresa paulistana do setor têxtil?
 Qual o impacto das atividades educacionais da Ong Cuidar na comunidade
atendida?

43
DESIGN DE PESQUISA – ESTUDO DE CASO

QUAIS OS DIFERENTES FORMATOS POSSÍVEIS DE UM ESTUDO DE CASO


ÚNICO? (YIN, 2001, p. 61)

Estudo de caso único holístico Contexto


Define-se o caso como uma única unidade de
análise sujeita às condições do contexto. O
Caso
estudo de caso busca interpretar o fenômeno (a
problemática) em sua totalidade, de forma
contextualizada (Risco: não conseguir perceber
detalhes ou dimensões específicas importantes
que compõem o caso).

Estudo de caso único incorporado


Define-se o caso como duas ou mais unidades de Contexto
análise incorporadas sujeitas a inter-relações e Caso
às condições do contexto. O estudo de caso
busca interpretar o fenômeno (a problemática) U.A 1 U.A 2
com atenção a subgrupos ou outras dimensões
da totalidade, de forma contextualizada (Risco:
não conseguir caracterizar o caso de maneira
ampla, não associando entre si as unidades de
análise).

44
DESIGN DE PESQUISA – ESTUDO DE CASO

Estudos de caso único – Decisões de pesquisa


 Amostragem: Estudos de caso único requerem a seleção adequada do caso
segundo alguns critérios possíveis: (1) o caso representativo, que permite o
teste de uma teoria ou referencial teórico, (2) o caso é considerado uma
situação exclusiva ou rara, permitindo inclusive o desenvolvimento de
proposições teóricas, (3) ou um caso revelador, que permite investigação de
fenômenos previamente inacessíveis. Num estudo de caso incorporado, deve-se
ainda selecionar as unidades de análise relevantes (vide entrevistas).
 Instrumentação. As estratégias de estudo de caso costumam associar
entrevistas, análise de dados secundários, observações (vide slides adiante para
conceituação) e, por vezes, questionários. Os princípios e procedimentos de
instrumentação e coleta de dados são análogos aos discutidos nas respectivas
estratégias de pesquisa.
 Análise. A análise dos dados começa pela coleta, como discutido anteriormente,
mas abrange também a organização dos dados, dada a variedade de
instrumentos de coleta. Dada a problemática e o referencial teórico, códigos
podem ser identificados a priori (ou surgirem de maneira emergente) e os
procedimentos de codificação permitem a construção de categorias de análise e
a discussão do referencial teórico. Em estudos de caso longitudinais (que
analisam desenvolvimentos no decorrer do tempo), pode-se interpretar
cronologicamente o desenvolvimento do fenômeno dispondo-o numa narrativa.
45
DESIGN DE PESQUISA – ESTUDO DE CASO

Estudos de casos únicos– Decisões de pesquisa

 Validação. Critérios e decisões de validação incluem a triangulação de métodos,


a documentação das evidências, a re-codificação, e o uso de informantes, entre
outras técnicas possíveis. Por triangulação entende-se o uso complementar de
dados de diferentes fontes como estratégia de geração de credibilidade. Cada
método (entrevistas, observações, questionários, análise de documentos) traz ao
banco de dados informações de diferentes características. Convergentes e
divergentes, os dados reforçam-se mutuamente minimizando (junto a outras
estratégias de validação) possíveis vieses, dados equivocados ou interpretações
idiossincráticas. Outros procedimentos incluem a documentação de todas as
evidências ou dados coletados (por exemplo, como anexo ao TCC, que ficariam
disponibilizados a qualquer auditoria, tais como a banca de TCC); o uso de
múltiplos analistas (ou pesquisadores do grupo de TCC) para os
procedimentos de codificação (quanto mais coincidentes forem os resultados de
suas análises em separado, melhor é a confiabilidade destas análises) e,
finalmente, o uso de informantes, que poderiam ler e discutir as análises e
conclusões do grupo, corroborando-as ou apontando a necessidade de
aprofundamentos. Mais de um informante é sempre melhor que um, já que
podemos confrontar as opiniões entre eles(as).

46
DESIGN DE PESQUISA – ESTUDO DE CASO

Estudo de múltiplos casos - conceituação

No estudo de múltiplos casos, são estudadas e


contrastadas as particularidades dos casos (dado
seus contextos) à luz das questões de pesquisa
buscando respondê-las, problematizando,
aprofundando ou criticando a(s) teoria(s)
levantadas na revisão bibliográfica.

O estudo de múltiplos casos é com freqüência uma


estratégia utilizada por alunos que buscam fazer
uma pesquisa exploratória ou descritiva.

47
DESIGN DE PESQUISA – ESTUDO DE CASO

Estudos de múltiplos casos também giram em torno da especificação das


particularidades dos casos, extraindo o que existe de mais relevante em cada
caso dada a problemática de pesquisa. Contudo, esta estratégia permite
comparações entre os casos, gerando mais insights e resultados mais
robustos. As conclusões destes estudos podem servir à reflexão em
Administração, sem implicar necessariamente em generalização ampla e
automática. Estudos de múltiplos casos que adotam estratégias sofisticadas de
análise podem gerar novas teorias, assumindo naturezas explanatórias, à
medida em que são identificados padrões ou diferenças entre os múltiplos
casos, associadas variáveis ou categorias, dada uma problemática.

As seguintes perguntas de pesquisa podem ser respondidas segundo o método de


estudo de múltiplos casos:
 Quais os impactos do Real sobre-valorizado no setor importador têxtil e no
setor exportador calçadista?
 Como se caracterizam os modelos de gestão de pessoas em uma empresa
altamente inovadora e em outra mais reativa?
 Como se compara o uso estratégico da ISO 9000 em duas empresas: um
escritório de arquitetura e uma fábrica de insumos para a indústria
automobilística?
 Como acontece a inovação de produtos no setor aeroespacial brasileiro?

48
DESIGN DE PESQUISA – ESTUDO DE CASO

QUAIS OS DIFERENTES FORMATOS POSSÍVEIS DE UM ESTUDO DE


MÚLTIPLOS CASOS? (YIN, 2001, p. 61)

Estudo de múltiplos casos holístico


Contexto Contexto
Define-se os casos como unidades de análise
holísticas sujeitas às condições de seus contextos. Caso Caso
O estudo de caso busca interpretar o fenômeno (a
problemática) no âmbito de cada caso, de forma
contextualizada, contrastando-os (Risco: não
conseguir perceber detalhes ou dimensões
específicas importantes que compõem os casos,
diminuindo a qualidade da comparação).

Estudo de múltiplos casos incorporado


Define-se cada caso como duas ou mais unidades de Contexto Contexto
análise incorporadas sujeitas a inter-relações e às
Caso Caso
condições do contexto. O estudo de caso busca
interpretar comparativamente o fenômeno (a U.A U.A U.A U.A
problemática) com atenção a subgrupos ou outras 1 2 1 2
dimensões das totalidades (dos casos), de forma
contextualizada (Risco: não conseguir caracterizar
os casos de maneira ampla, não associando entre
si as unidades de análise, diminuindo a qualidade
da comparação).

49
DESIGN DE PESQUISA – ESTUDO DE CASO

Estudos de múltiplos casos – Decisões de pesquisa


 Amostragem: Estudos de múltiplos casos requerem a seleção adequada dos casos
segundo uma lógica de replicação, e não de amostragem (casos escolhidos
aleatoriamente). A lógica de replicação implica que cada caso seja selecionado de
forma a cumprir um propósito específico e planejado dentro do projeto de pesquisa
(resultados similares, ou replicação literal; resultados contraditórios, ou replicação
teórica). Num estudo de caso incorporado, deve-se ainda selecionar as unidades de
análise relevantes (vide entrevistas).
 Instrumentação. As estratégias de estudo de caso costumam associar entrevistas,
análise de dados secundários, observações (vide slides adiante para conceituação) e,
por vezes, questionários. Os princípios e procedimentos de instrumentação e coleta de
dados são análogos aos discutidos nas respectivas estratégias de pesquisa. Em
estudos de múltiplos casos, para se poder comparar dimensões específicas da
problemática entre os casos, unidades de análise, roteiros de entrevistas, observações
e documentos analisados tendem a ser análogos ou iguais.
 Análise. A análise dos dados começa pela coleta, mas abrange também a
organização dos dados, devido à quantidade de casos. Dada a problemática e o
referencial teórico, códigos são geralmente identificados a priori (ou surgem de
maneira emergente) e os procedimentos de codificação e construção de categorias
fazem a ligação entre os casos, permitindo comparações. Em estudos de caso
longitudinais (que analisam desenvolvimentos no decorrer do tempo), pode-se
interpretar cronologicamente o desenvolvimento do fenômeno dispondo-os em
narrativas, e contrastando os casos segundo as categorias de análise relevantes.
50
DESIGN DE PESQUISA – ESTUDO DE CASO

Estudos de múltiplos casos – Decisões de pesquisa

 Validação. Em pesquisas do tipo exploratória ou descritiva, os critérios e


decisões de validação incluem a triangulação de métodos, a documentação das
evidências, a re-codificação, e o uso de informantes, entre outras técnicas
possíveis. Por triangulação entende-se o uso complementar de dados de
diferentes fontes como estratégia de geração de credibilidade. Cada método
(entrevistas, observações, questionários, análise de documentos) traz ao banco
de dados informações de diferentes características. Convergentes e divergentes,
os dados reforçam-se mutuamente minimizando (junto a outras estratégias de
validação) possíveis vieses, dados equivocados ou interpretações
idiossincráticas. Outros procedimentos incluem a documentação de todas as
evidências ou dados coletados (que ficariam disponibilizados a qualquer
auditoria, tais como a banca de TCC); o uso de múltiplos analistas (ou
pesquisadores do grupo de TCC) para os procedimentos de codificação (quanto
mais coincidentes forem os resultados das análises em separado, melhor é a
confiabilidade destas análises) e, finalmente, o uso de informantes, que
poderiam ler e discutir as análises e conclusões do grupo, corroborando-as ou
apontando a necessidade de aprofundamentos. Mais de um informante é sempre
melhor que um, já que podemos confrontar as opiniões entre eles(as).

51
DESIGN DE PESQUISA – ESTUDO DE CASO

Estudos de casos – observações em campo

Já analisamos detalhadamente as estratégias de pesquisa baseadas em


entrevistas, em questionários e na análise de dados secundários. Princípios e
procedimentos válidos a estas estratégias (amostragem, instrumentação e
análise) também são válidos aos estudos de caso, à medida que esta
incorpora procedimentos das estratégias anteriores. Resta-nos especificar
mais um método de levantamento de dados comumente utilizado nos estudos
de caso, as observações. Por observações entende-se a atitude do
pesquisador de observar e registrar seletivamente os traços do fenômeno em
estudo no contexto estudado, de forma a complementar os outros métodos de
levantamento de dados. Observar requer que prestemos atenção aos
seguintes princípios:
 Amostragem. Nosso olhar no campo deve estar direcionado àqueles processos e
eventos que estariam direta ou indiretamente ligados à problemática, segundo a
proposta do pesquisador. Selecioná-los não é uma tarefa fácil, pois o pesquisador pouco
conhecedor do contexto estará imerso em uma infinidade de eventos ou atos observáveis
que poderão parecer absolutamente úteis ou inúteis à compreensão da problemática.
Sugere-se que o pesquisador questione seu informante, capaz de indicar eventos cuja
observação seria útil à compreensão da problemática. Contudo, isso depende de um
planejamento das observações (que pode ou não ser executado) que indique os tipos de
eventos, os participantes, os locais etc. mais desejáveis. Muitas vezes, as decisões de
observação podem ser derivadas de posturas investigativas, quando necessidades ou
oportunidades surgem após informações levantadas em entrevistas, ou ainda, assumir
uma natureza mais oportunística, resultado das oportunidades naturais e inesperadas
que surgem no decorrer do período em campo.
52
DESIGN DE PESQUISA – ESTUDO DE CASO

Estudos de casos – observações em campo


 Instrumentação e Análise. Às observações, os processos de instrumentação e
análise estão interligados. Feito um planejamento dos eventos a serem observados
(que devem estar relacionados à problemática da pesquisa; ou ainda, planejamento
este emergente no decorrer de entrevistas), o pesquisador deve utilizar um caderno
de anotações para registrar palavras-chave, expressões, indicar situações,
contextualizando-as. Estes registros devem ser transformados em relatórios (os
mais completos possíveis) com a descrição (ou interpretação) do evento observado.
Quanto mais detalhada a descrição, melhor é, pois permitirá análises mais ricas e
gerará mais credibilidade (vide validação). Observar, interpretar e anotar é um
processo de análise dos dados, já que o pesquisador estará selecionando o que
considera mais adequado à compreensão da problemática. Contudo, é interessante
que este processo não fique tão amarrado às proposições preliminares da pesquisa
(por exemplo, derivadas do referencial teórico), já que informações contextuais,
inesperadas ou aparentemente contra-intuitivas (mas pertinentes) somente
enriquecerão sua pesquisa. A elaboração do relatório de observações (das
expressões e palavras chave aos parágrafos descritivos) deve acontecer logo após
as observações (o que demanda a gestão do seu tempo), sob pena de esquecermos
grande parte dos detalhes. O processo de análise continua com a codificação e
construção de categorias de análise. Neste caso, o material gerado pelas
observações irá compor o banco de dados junto com as entrevistas,
complementando as informações disponíveis. Um risco: as pessoas tendem a agir
“conforme o script adequado” quando observadas. O pesquisador deve saber disso
e tentar minimizar o impacto que sua presença tem no contexto em estudo.

53
DESIGN DE PESQUISA – ESTUDO DE CASO

Dados secundários Observações Entrevistas Questionários


 Internos  Eventos, processos/ Estruturadas,  Distribuídos uma
 Externos planejadas e/ou semi-estrutradas vez ou várias vezes.
emergentes. ou livres.
 Refletem o  Refletem o que  Acesso ao  Acesso ao presente
passado registrado. acontece no presente – presente e ao e ao passado
real time passado (memória)
(memória)
 Proporcionar  Permitem que se  Acesso a  Acesso a
acesso ao discurso capture interações, experiências, percepções de uma
oficial. comportamentos. sentimentos, amostra grande.
 Boa ferramenta  Permitem que o opiniões, Permitem
para traçar pesquisador vivencie o explicações. comparações amplas
cronologias. fenômeno e sistemáticas.

 Não abrange  Não proporcionam  Vieses de  Dados superficiais.


sentimentos, acesso à vida interior memória,
motivos escondidos, do indivíduo. Risco de percepção e
etc. impacto no contexto. apresentação.
Tabela 1: Triangulação dos dados – como eles se complementam? Fonte: Adaptado de
LANGLEY, 2007
54
DESIGN DE PESQUISA

COMO ESCOLHER A ESTRATÉGIA DE PESQUISA ADEQUADA???

Dadas estas estratégias de pesquisa, e considerando que o TCC deve ser


em primeiro lugar factível (viável), a estratégia de pesquisa deve ser
pensada conjuntamente com a pergunta de pesquisa. Esta decisão tão
importante requer o conhecimento profundo dos objetivos da pesquisa
e dos meios (estratégias) possíveis, buscando-se a adequação mais
perfeita. É útil questionarmos:

 Qual a natureza genérica de nossa pesquisa? O que pretendemos com ela?


(explicar, descrever, explorar).
 Qual a abrangência de nossa pesquisa, ou de nossa pergunta de pesquisa?
Trabalharemos com casos e contextos específicos (estudos de caso) ou com
amostras de populações (survey)?
 Nossa pergunta de pesquisa pode ser respondida com análise de dados
secundários somente? Ou com entrevistas somente? Se não, quais seriam as
vantagens com a utilização de estratégias alternativas (como o estudo de
caso)?
 Se nossa pergunta dá ênfase a um contexto real de pesquisa, quais as
vantagens, restrições e oportunidades em se buscar um (estudo de caso
único), ou mais de um (estudo de múltiplos casos) caso à pesquisa?

55
DESIGN DE PESQUISA

COMO ESCOLHER A ESTRATÉGIA DE PESQUISA ADEQUADA???

Tomadas estas decisões, estas devem ser viáveis. Uma pergunta de


pesquisa pode demandar uma estratégia de pesquisa inviável, dadas
as limitações que enfrentam os grupos de TCC, o que demanda
reformulações. Essas limitações incluem acesso aos dados, acesso a
equipamentos, acesso aos casos, competências específicas de
pesquisa, desinteresse ou conflitos no grupo, etc. Se orientador(a) e
grupo concordarem que a estratégia original é arriscada demais,
deve-se reformulá-la, ou, em última hipótese, buscar uma nova
pergunta de pesquisa.

Definição da Avaliação da
Estratégia é Sim: ir
pergunta de estratégia de
viável? em
pesquisa pesquisa frente
adequada

Não: abandonar
estratégia
original

56
DESIGN DE PESQUISA

COMO ESCOLHER A ESTRATÉGIA DE PESQUISA


ADEQUADA??? – Estudos de caso

Viabilizar um estudo de caso(s) requer o acesso aos casos. Esta é


sempre uma questão crucial. Os alunos de TCC têm mais
facilidade em conseguir o acesso à sua própria empresa
(seleção oportunística do caso), o que acaba por limitar as
possibilidades de pesquisa. Devido à problemática limitada
iluminada pelo(s) caso(s) ao(s) qual(is) o grupo tem acesso,
tem-se freqüentemente uma situação em que a pergunta de
pesquisa é definida em função das possibilidades abertas
pelo(s) caso(s).

Definição pela Definição Análise das Definição da


estratégia de oportunística particularidades pergunta de
Estudo de do(s) caso(s) do(s) caso(s) pesquisa
caso(s)

57
ANÁLISE, INTRODUÇÃO, CONCLUSÃO E
METODOLOGIA

Módulo 5

Análise, introdução, conclusão e metodologia

58
ANÁLISE, INTRODUÇÃO, CONCLUSÃO E
METODOLOGIA

Seja qual for a estratégia de pesquisa, a análise dos dados


levantados será a chave para a conclusão do trabalho, sendo
estes dois os itens mais importantes à avaliação do TCC. A
análise dos dados deve permitir a construção de argumentos
válidos (metodologicamente consistentes) e capazes de lançar
luzes ao problema de pesquisa. A análise dos dados deve ser a
mais completa possível, e poderá se beneficiar de:

 Figuras ou elementos gráficos em geral, como gráficos descritivos (por


exemplo em estratégias descritivas de survey),
 Tabelas explicativas que resumam os pontos principais da análise dos dados,
 Tabelas explicativas que resumam os principais conceitos da revisão
bibliográfica (estes devem ser inseridos na seção revisão bibliográfica),
 Trechos significativos de falas (entrevistas) selecionadas pelo pesquisador, e
que dêem suporte aos seus argumentos, etc. Neste caso, é importante que as
falas não fiquem soltas, mas sejam remetidas ao autor, mesmo que citado
somente seu nível hierárquico, por exemplo.

59
ANÁLISE, INTRODUÇÃO, CONCLUSÃO E
METODOLOGIA

A Conclusão

A conclusão é a parte mais importante do TCC, e deve refletir


a contribuição do grupo dada a reflexão ao longo do trabalho.

A conclusão deve retomar explicitamente a pergunta de


pesquisa, sucintamente conceitos e teorias da revisão
bibliográfica, sintetizando os argumentos construídos na seção
“análise dos dados” de forma a problematizar ou responder a
pergunta de pesquisa, ou ainda contribuir ou criticar as teorias
que dão sustentação à pergunta de pesquisa. Na conclusão os
alunos poderão, a partir da análise dos dados, formular e
propor implicações gerenciais dada a problemática (cuidado
com a pertinência destas implicações, já que as pesquisas
admitem tipos distintos de generalização, vide slide adiante).
Poderão também indicar limitações do estudo, proposições de
estudos futuros que aprofundem ainda mais a problemática.

60
ANÁLISE, INTRODUÇÃO, CONCLUSÃO E
METODOLOGIA

A Conclusão

Assim, a conclusão é:

• Uma síntese de todo o trabalho, com ênfase na contribuição dos autores


• A articulação dos argumentos empíricos construídos pelos alunos à
proposição de pesquisa
• A contribuição principal dos alunos, que deve se caracterizar pela
criatividade, lógica, análise e pertinência. Gastem tempo com as
conclusões!

Assim, a conclusão não é:


• Somente retomar e recolocar a justificativa do trabalho,
• Fechar o trabalho, com poucos parágrafos, repetindo conteúdos já
apresentados anteriormente.

61
ANÁLISE, INTRODUÇÃO, CONCLUSÃO E
METODOLOGIA

A Introdução

A introdução é a seção de abertura do trabalho. Recomenda-se


que seja finalizada junto com o trabalho, ou até mesmo que
seja feita ao final do trabalho. A introdução deve ser uma
espécie de “isca” ao leitor, que deve conhecer de imediato a
proposta do trabalho, sua justificativa e, há quem prefira, as
conclusões apresentadas de maneira sucinta. A introdução
serve como uma espécie de resumo do trabalho, dando uma
visão ampla mas superficial sobre seu conteúdo.

62
ANÁLISE, INTRODUÇÃO, CONCLUSÃO E
METODOLOGIA

A Introdução

Assim, a introdução é:
 Uma visão geral e objetiva sobre o trabalho, um roteiro pelo trabalho, apesar
de sucinto.
 Deve indicar temática, explicada brevemente, e objeto de pesquisa, justificado.
 Pode indicar quais teorias ou referenciais teóricos foram utilizados como
sustentação à problemática, indicando também sucintamente a estratégia de
pesquisa utilizada para respondê-la.

Assim, a introdução não é:


 Um tratado histórico sobre a relevância do tema,
 Um apanhado de frases-feitas em Administração que contextualizam de forma
muito pobre e pouco criativa a problemática,
 Somente a justificativa do trabalho.

63
ANÁLISE, INTRODUÇÃO, CONCLUSÃO E
METODOLOGIA

A Metodologia

A metodologia é uma seção intermediária ao trabalho (pode ser


localizada entre a revisão teórica e a caracterização e análise dos
dados) que indica aos leitores e avaliadores as decisões metodológicas
tomadas pelos alunos. Quanto mais detalhada esta seção, maior o
potencial de credibilidade do trabalho. A seção de metodologia deve
conter os seguintes itens:

 Pergunta de pesquisa
 Proposições secundárias de pesquisa
 Hipóteses de pesquisa
 Natureza genérica e estratégia de pesquisa
 Unidades de análise (quando aplicável)
 Decisões de amostragem, instrumentação e análise (codificação) (os porquês, as limitações,
as dificuldades)
 Procedimentos de validação
 Delimitação e generalização (vide próximo slide)

64
ANÁLISE, INTRODUÇÃO, CONCLUSÃO E METODOLOGIA

Cada estratégia de pesquisa caracteriza-se por possibilidades de


generalização de naturezas distintas. Devemos explicitar qual
tipo de generalização nossa pesquisa admite. Vejamos:

 Survey. A estratégia de survey baseada em amostras probabilísticas


estatisticamente significativas permite a generalização à população de onde a
amostra foi selecionada, dado o erro estatístico inerente ao estudo. Neste caso,
tomadas todas as precauções quanto ao design do estudo estatístico, pode-se
falar em generalização empírica, quando os resultados são estendíveis à
população.

 Entrevistas, Análise de dados secundários e Estudos de Caso. Em geral,


estas estratégias de pesquisa permitem a transferência das conclusões
(transferability), quando a riqueza dos dados contextuais permite que o leitor
julgue a pertinência dos argumentos a outros casos. Outra possibilidade é a
generalização analítica, quando cada estudo de caso representa um teste
completo de teoria, uma espécie de experimento. A generalização analítica vai
em direção à teoria, e não à população.

 Por fim, há casos em que a generalização não é relevante, pois a pesquisa


centra-se no particular e não no geral, ou ainda na proposição de novas teorias
ou argumentos a serem testados mais profundamente em outras ocasiões.

65
ANÁLISE, INTRODUÇÃO, CONCLUSÃO E
METODOLOGIA

A Metodologia

De maneira geral, os alunos devem descrever com o maior


número de detalhes os passos metodológicos dados à
execução da pesquisa. A lei é ser honesto quanto aos
procedimentos metodológicos implementados, descrevendo
exatamente o que aconteceu no decorrer da pesquisa. Se
houve problemas metodológicos, é recomendável ser claro em
relação a estes problemas indicando possibilidades de
aprofundamento e melhorias futuras (vide conclusões). É
ainda recomendável que os instrumentos de levantamento de
dados estejam disponíveis em anexo, bem como a transcrição
das entrevistas (quando aplicável), os documentos analisados
e outros materiais que o grupo julgar pertinentes (vide
critérios de validação).

66
ANÁLISE, INTRODUÇÃO, CONCLUSÃO E
METODOLOGIA

Resumo, Abstract e Palavras-chave

É obrigatória a elaboração de um resumo (em português) e de um


Abstract (em inglês), que sintetizem a proposta e os resultados do
trabalho. Estes resumos costumam ter no máximo 250 palavras
(vide exigências específicas da sua instituição de ensino), o que
requer um trabalho relevante de síntese. Palavras-chave que
também sintetizam o trabalho devem ser selecionadas junto à
bibliotecária (o vocabulário possível é restrito e controlado) e
colocadas logo após os resumos, em português e inglês. Deixem este
trabalho para o final. O resumo deve conter, de maneira bem
objetiva:

 A contextualização da pesquisa (temática),


 A formulação do problema de pesquisa (objeto de pesquisa),
 A indicação das teorias de sustentação ao trabalho,
 A estratégia metodológica explicada de maneira sucinta e
 Os resultados ou conclusões, sucintamente.

67
ANÁLISE, INTRODUÇÃO, CONCLUSÃO E
METODOLOGIA

Resumo – exemplo (163 palavras)

Impactos da tecnologia na gestão de pessoas – um estudo de caso.

Pesquisas sobre gestão de pessoas no Brasil indicam uma fase de transição pela qual a área
de RH passa atualmente, de uma atuação predominantemente operacional para modelos
mais estratégicos de gestão de pessoas (TEMÁTICA). Neste contexto, a implementação de
tecnologias, como a informatização por meio de aplicações de RH auto-atendimento, vem
sendo considerada uma maneira de viabilizar novos arranjos organizacionais da gestão de
pessoas. Este artigo tem como objetivo discutir os impactos da tecnologia da informação e o
seu papel estratégico no contexto de transição da gestão de pessoas (PROBLEMA E
OBJETO). Por meio de um estudo de caso (METODOLOGIA), mostramos que a tecnologia
pode ser ferramenta útil na consolidação de novas estratégias de gestão de pessoas na
medida em que interaja com outros aspectos organizacionais para a emergência de novo
sistema social. Podemos verificar que a informatização viabilizou a emergência do modelo
político de gestão de pessoas, que é condição que viabiliza formas orgânicas de
organização, nas quais a informação é melhor aproveitada para a aprendizagem
organizacional (RESULTADOS).

Palavras-chave: Gestão de pessoas. Tecnologia da informação. RH auto-atendimento.

68
ÉTICA EM PESQUISA

Módulo 6

ÉTICA EM PESQUISA

69
ÉTICA EM PESQUISA

ÉTICA NA PESQUISA

Questões éticas devem permear o desenvolvimento de uma pesquisa. A pesquisa


não tem implicações somente para o grupo de TCC, mas pode implicar
conseqüências aos pesquisados. Estas conseqüências podem ser
essencialmente positivas (discussão de um projeto bem sucedido em uma
empresa) ou negativas (exposição de dados confidenciais ou de indivíduos em
situações repreensíveis, por exemplo). De qualquer maneira, é importante que
os pesquisadores sejam claros e honestos em relação a seus objetivos frente
aos pesquisados, evitando qualquer tipo de prejuízo às partes envolvidas
(CRESWELL, 2007). Vejamos nos slides a seguir alguns procedimentos capazes
de minimizar possíveis conflitos éticos inerentes ao processo de pesquisa.

70
ÉTICA EM PESQUISA

Procedimentos éticos durante pesquisa:

 Descrever claramente os objetivos da pesquisa aos pesquisados, buscando


levá-los a entender o porquê de sua participação e os benefícios da
pesquisa.
 Perguntar ao entrevistado sobre a possibilidade de gravação das
entrevistas. É inadmissível gravar sem autorização.
 Não utilizar linguagem ofensiva ou palavras preconceituosas em razão de
gênero, orientação sexual, grupo étnico, deficiência ou idade. A pesquisa
deve buscar destruir preconceitos, e não os perpetuar.
 Práticas fraudulentas, tais como a falsificação ou invenção de dados ou
resultados para atender às necessidades de um pesquisador ou de um
público constituem má conduta científica.
 Ao planejar um estudo, é importante prever as repercussões da pesquisa
com determinados públicos e não fazer mau uso dos resultados.

71
ÉTICA EM PESQUISA

Procedimentos éticos durante a pesquisa:

 Conversar com os seus interlocutores na empresa (se for o caso) sobre a


possibilidade de expor o nome da organização. Algumas empresas não o
permitem, o que força os alunos a inventar um nome fictício e até omitir
alguns dados que revelariam a identidade da empresa. A mesma observação
vale para os entrevistados e documentos.

 É recomendável que os dados coletados de indivíduos sejam tratados de forma


agregada, sendo identificados somente em casos nos quais se ilustram
interpretações dos autores com falas selecionadas. Neste caso, pode-se
identificar somente o nível hierárquico, a função ou outros atributos relevantes
à compreensão dos argumentos dos pesquisadores. De qualquer forma, a
regra é simples: se o entrevistado não permitir a revelação de sua identidade,
você deve escondê-la, utilizando os dados para compor seu argumento de
forma agregada. Há outras estratégias para preservar a identidade de
entrevistados. Pense.

72
CRONOGRAMA

Módulo 7

Cronograma

73
CRONOGRAMA
Mais do que versar sobre o cronograma específico imposto pela instituição de ensino, devemos
reconhecer a necessidade de gerenciarmos o tempo à execução do TCC. Algumas etapas levam
mais tempo que outras. Sugerimos que os grupos organizem-se segundo este esquema:

Formação do grupo Este processo pode demorar, já que se deve construir consensos
entre os alunos.
Definições fundamentais Com o auxílio do(a) orientador(a), este processo costuma ser rápido,
mas pode ser revisto posteriormente (10% do tempo total).

Revisão bibliográfica Com as indicações do(a) orientador(a) e da bibliotecária, a revisão


deve ser objetiva (20% do tempo total).
Definições fundamentais II Conhecidas as teorias e conceitos, deve-se escolher estratégia de
pesquisa, proposições secundárias, bem como planejar amostragem,
instrumentação e validação. O auxílio do(a) orientador(a) é
fundamental neste momento (15% do tempo total)

Estudo de Campo A ida a campo deve ser planejada e executada com calma, e com
antecedência ao final do processo. É provável que ocupe 20 a 25%
do tempo total, dependendo da estratégia.
Análise dos dados e A esta etapa fundamental deve-se dar atenção especial. Neste
conclusão momento, o(a) orientador(a) deve dar apoio, mas o trabalho criativo
é responsabilidade dos alunos (25% do tempo total)
Formatação e itens finais Não deixe a formatação para o final! De qualquer maneira, o final do
trabalho requer ajustes e itens formais, tomando 5% do tempo total.

Tabela 2 – cronograma sugerido à execução do TCC. Fonte: elaborado pelo autor


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REFERÊNCIAS

CENTRO UNIVERSITÁRIO DA FUNDAÇÃO EDUCACIONAL INACIANA PE. SABÓIA DE


MEDEIROS. Manual para apresentação formal de trabalhos acadêmicos. 2.
ed. São Bernardo do Campo, 2007.

CRESWELL, J. Projeto de pesquisa. Métodos qualitativo, quantitativo e misto.


Porto Alegre: Bookman, 2007.
LANGLEY, A. Triangulação de dados. In: SEMINÁRIO DE ANÁLISE QUALITATIVA.
São Paulo: Uninove, 2007.

LEARNING CENTER. What is plagiarism. Disponível em :<


http://www.plagiarism.org/learning_center/what_is_plagiarism.html>. Acesso em:
21 nov. 2007.
MASCARENHAS, A.; VASCONCELOS, F.; VASCONCELOS, I. Impacto da tecnologia
na gestão de pessoas – um estudo de caso. Revista de Administração
Contemporânea, São Paulo, v.49, n.1, p.125-147, jan./mar. 2005.

OLIVEIRA, M. Como fazer pesquisa qualitativa. Petrópolis: Vozes, 2007.

PINSONNEAULTT, A.; KRAEMER, K. Survey research methodology in management


information systems : an assessment. Journal of Management Information
Systems, Saddle River, v.10, n.2, p.75-105, 1993.

YIN, R. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2.ed. Porto Alegre: Bookman,


2001.

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As referências estão de acordo com a ABNT 6023 (2002)

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