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Discurso Oficial:

Ilustre Diretor da Faculdade de Medicina,

Ilustre Paraninfo

Ilustre Patrono da turma

Ilustres Professores Homenageados,

Ilustre Funcionário Homenageado,

Senhores Pais, amigos, familiares

Senhoras e senhores,

Boa noite...

A razão de ser desta noite .: Formatura da turma de medicina 2009.1 da Universidade Federal
da Bahia.

Hoje é uma noite especial, uma noite para celebrarmos a medicina 9 CELBRARMOS UMA
TRAVESSIA E NELA, A MEDICINA

Palavra que, derivada do latim ars medicinas, significa a arte da cura,

Então façamos agora, juntos, uma pequena viagem sobre esta arte, CIÊNCIA, TECNICA E
prática, que tanto despertou interesse ao longo dos tempos...

Hipócrates, na Grécia antiga, ainda antes de cristo, já tentava explicar os males da humanidade
que segundo ele vinham do desequilíbrio entre os quatro fluidos do corpo: bílis amarela, bílis
negra, a fleugma e o sangue .

E tanto tempo se passou desde então...

E a medicina foi além...

Na Itália em 1543, um médico chamado Andrea Vesalius, conhecido pela habilidade de


desenhar, e pelo hábito “sinistro” de roubar cadáveres, publica o livro De humanis copore
fabrica que inaugura a anatomia moderna, decifrando alguns dos segredos do interior do
corpo humano.

Não bastava conhecer as peças do quebra cabeça, e sim como elas funcionavam

Então o Sir. William Harvey, vinte anos mais tarde, médico inglês, inspirado pelos estudos de
Andrea, descreve com perfeição:

“As artérias e as veias são canos que carregavam nutrientes pelo corpo. E o coração é o centro
de toda energia vital.”

Mas se por um lado já se entendia o funcionamento das engrenagens complexas do corpo,


nada ainda podia ser feito contra simples infecções.
Mas a medicina foi além...

No início do século XX, um sujeito INCOMUM muda o curso dessa “arte da cura”

Astuto, Alexander Fleming na desorganização do seu laboratório em Londres, notou que


algumas das sua culturas de bactéria não estavam crescendo, e um certo tipo de fungo
ocupava o lugar, e pensou... porque não usar o estrato desse fungo para matar as bactérias?
Assim estava descoberta a penicilina e inaugurada a era dos antibióticos.

A medicina precisa de muito mais,

Precisava da insulina para tirar dos diabéticos a sentença de morte.

Precisava da morfina para diminuir o sofrimento.

Precisava dos contraceptivos para dar as mulheres o poder da escolha.

Precisava desvendar os segredos do DNA, do que realmente somos feitos.

Precisava combater os vilões do coração como o colesterol e a hipertensão.

Precisava dos raios-x, para enxergar o corpo através da pele.

Mas como disse Confúcio:

Nada como "Pensar o passado, para compreender o presente e preparar o futuro"

Que futuro...?

A cura da AIDS, do câncer, o uso de órgãos artificiais, a terapia gênica,

Quanta coisa está por vir...

É deste universo fascinante que estamos falando.

É desse universo fascinante que hoje entraremos para fazer parte.

De um exército de homens e mulheres que se dedicam: a aliviar o sofrimento, a confortar, a


ouvir, a cuidar.

É nesta noite que perante a sociedade nos tornamos médicos.

Mas será isso mesmo? Será que hoje num passe de mágica nos tornamos médicos???

Na verdade esta história começa muito antes...

Senhores Pais, pasmem, aqueles jovens, só pensavam em sair com os amigos, videogames,
jogar bola, ir ao shopping, mas estes já davam os primeiros passos rumo a um novo modo de
vida...

Para vencer a etapa do vestibular tão concorrido começamos a cultivar certas virtudes tão
necessárias ao exercício da medicina.
A resignação, o empenho, a dedicação, a responsabilidade, passavam a ser companheiros
diários.

Disse o próprio Einstein: “Deus não joga dados”. Algo parecia dizer:

Conseguiríamos.

E na cabeça daqueles neófitos tão inexperientes perante a vida, muitos vivendo longe da
família,naquele momento, desejo de ser médico, era o sentimento comum.

E a vovó na sua inocência já pedia para aferir a pressão, os vizinhos já pediam para receitar
algum comprimido para febre, os amigos, a estes interessava saber se a cerveja fazia mal junto
com o antibiótico.

Parecia que de repente não havia um limite já havíamos sido tocados pela mágica da medicina.

Há e o caminho foi longo, não foi fácil...

Tivemos pedras pelo caminho...

Tivemos apostilas pela sala e fotocopias do caderno da colega mais aplicada...

Tivemos olheiras nos olhos ao acordar as 5 horas da manhã para fazer a famosa RDM (revisão
da morte) antes daquela prova.

Tivemos a paixão pela garrafa de café, a falta de tempo, o contato com a morte, a insegurança
com o primeiro paciente.

Tivemos a corrida por boas notas, atividades extras, pesquisa, plantões.

E se no o cansaço do dia – a – dia nos fez fraquejar?

Pensamos em jogar a toalha. É isso mesmo???? Tenho que enfrentar tudo isso?

Mas como disse o Sir Winston Churchill

“Enquanto um pessimista vê a dificuldade em cada oportunidade; um otimista vê uma


oportunidade em cada dificuldade.”

Não bastava ter vontade de caminhar,a pé não chegaríamos, mas o nosso sonho tinha um
motor de Ferrari. Calibrado com a vontade de vencer, de ir em frente, sem pit stops, nessa
jornada. Abastecidos de combustíveis nobres: O amor dos nossos pais, o apoio dos mestres, o
sorriso dos enfermos, o milagre da recuperação, o fascínio pelo corpo humano em sua
complexidade, o milagre do nascimento o milagre da vida...

O bem educado: “Obrigado Doutor” do paciente do ambulatório, as peripécias dos GURIS da


pediatria, o primeiro parto, o balet perfeito da cirurgia bem sucedida, e foram tantas as
recompensas que já não precisávamos de mais nada, estávamos convencidos.
Era isso que fazia a medicina tão desafiadora, afinal se apóia na ciência e faz do conhecimento
uma ferramenta essencial, porém sem deixar de ser arte, ao lidar com pessoas em sua
complexidade e diversidade.

Então senhoras e senhores hoje marcamos nossas vidas com a opção por uma vida na qual
com certeza vamos abdicar de um dia-a-dia comum. SaIremos por aquela porta com a certeza
de assumir novas responsabilidades perante aos que sofrem, com o compromisso de estar em
contato vitalício com o aprendizado, com a promessa de aliviar a dor dos que padecem.

É vestir o jaleco branco que nos empossa de um poder tão forte quanto à responsabilidade
neste depositada. Para lidar com o maior patrimônio que cada ser humano pode ter: A saúde.

Porém, SENHORAS E senhores, hoje além de um dia de celebração é um dia de reflexão...

Já que essa medicina, que abrevia sofrimentos, que salva, que cura, está doente...

Sofremos com o mal da desvalorização, já que refém dos planos de saúde, acabamos
trabalhamos acima da média de qualquer outra categoria profissional.

Sofremos do mal das más condições de trabalho, na qual os profissionais se tornam bode
expiatório, de um estado que pouco se preocupa com a qualidade da assistência. Inclusive há
quem tenha dito que os médicos são como o sal: Branco e Barato.

Sofremos com a multiplicação descontrolada das escolas de médicas, com qualidade de


formação cada vez mais duvidosa.

Mas nada disso é motivo para desanimar, afinal aprendemos ao longo dos anos que todo mal
tem um tratamento.

Não abriremos mão da nossa dignidade. Ainda que ajudaremos os que padecem, não seremos
vítimas da tirania do capital que sangra a nossa classe. Formaremos sim, um exército maior,
em torno da valorização destes profissionais, que cuidam da saúde do nosso país, soldados do
front em prol de uma medicina pública de qualidade, de uma remuneração médica digna, de
tempos melhores e áureos para aqueles que decidem hoje por cuidar daqueles que precisam.

E assim nos tornaremos mais médicos a cada dia, como se o senhor tempo nos presenteasse
com a confiança, a experiência, o conhecimento e a sabedoria necessária. Sem ferir a ética, a
moral, hoje, com a convicção dos ingênuos, prometemos manter vivas as promessas, desafiar
as expectativas, sendo

Guardiões da ARS MEDICINA, que recheada da frieza sábia da ciência, ainda será a arte da
Cura!

PARA ENCERRAR, APELO PARA A LICENÇA POÉTICA DO GRANDE GUIMARÃES ROSA PARA
DIZER COMO RIOBALDO QUE “ O REAL NÃO ESTÁ NA SAÍDA NEM NA CHEGADA;
ELE SE DISPÕE PARA A GENTE É NO MEIO DA TRAVESSIA.”

Foi um orgulho ser colega de vocês , FAZER A TRAVESSIA JUNTO COM VOCÊS , turma
formandos de 2003.1
Parabéns!

Obrigado,

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