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CAPACITAÇÃO PRESENCIAL DE SESSÃO 1/6

COORDENADORES DOCENTES

OBJETIVOS SITUAÇÃO DE RECURSOS TEMPO


APRENDIZAGEM
(ATIVIDADE)

Apropriação da 1. Cenário. Texto. Retroprojetor. 10’


proposta do Som. Música: Adágio de
programa Albinoni.
“Jovem
Aprendiz Rural” 2. Apresentação. Vídeo. Filme Sonhos. 45’
(Plano de
Curso). 3. Expectativas. Som. Música: Bolero, de 45’
Ravel.

Vivenciar INTERVALO 15’


estratégias
pedagógicas 4. O Caminho do Kit-bagunça. Cartolinas. 120’
previstas, Programa. Som. Música: Meditação
possibilitando um de Thais e Missa da
acesso envolvente Coroação, de Mozart.
e significativo à
metodologia do 5. Fechamento. 5’
programa.

1. Cenário

Antes do início e da entrada dos participantes para a primeira sessão de


trabalho, se possível, você deve reduzir a luz da sala. Coloque, como fundo
musical, uma música suave e que induza à reflexão. Use o Adágio de Albinoni,
por exemplo. No CD Karajan Forever, Hamburgo, Deutsche Grammophon,
2003, existe uma gravação do Adágio que pode ser usada aqui. Projete o
poema de Borges, denominado O Espelho em uma das paredes da sala.
Observe que a ambientação é uma reprodução parcial de um dos cenários
utilizados no componente curricular Projeto de Vida.

O ESPELHO

Por que persistes, incessante espelho?


Por que repetes, misterioso irmão,
O menor movimento de minha mão?
Por que na sombra o súbito reflexo?
És o outro eu sobre o qual fala o grego
E desde sempre espreitas. Na brunidura
Da água incerta ou do cristal que dura
Me buscas e é inútil estar cego.
O fato de não te ver e saber-te
Te agrega horror, coisa de magia que ousas
Multiplicar a cifra dessas coisas
Que somos e que abarcam nossa sorte.
Quando eu estiver morto, copiarás outro
E depois outro, e outro, e outro, e outro...

Jorge Luiz Borges, O espelho. Do livro de poesias


“O Ouro dos Tigres” (tradução de Josely Vianna
Baptista), incluído em “Jorge Luis Borges - Obras
Completas II”, São Paulo, Editora Globo, 2000,
pág. 550.

Sobre as cadeiras, dispostas em círculo, em número idêntico aos dos


participantes, coloque cópias do texto A Nova Flauta ou, no momento
oportuno, solicite a leitura do texto no Manual da Oficina Aprender a Aprender.

A NOVA FLAUTA
Um deus pode fazê-lo. Mas como um
homem pode penetrar as cordas da lira?
RANIER MARIA RILKE

Uma nova flauta foi inventada na China. Descobrindo a sutil beleza de sua
sonoridade, um professor de música japonês levou-a para o seu país,
onde dava concertos por toda parte. Uma noite, tocou com uma
comunidade de músicos e amantes da música que viviam numa certa
cidade. No final do concerto, seu nome foi anunciado. Ele pegou a nova
flauta e tocou uma peça. Quando terminou, fez-se silêncio na sala por um
longo momento. Então, a voz do homem mais velho da comunidade se
fez ouvir do fundo da sala: "Como um deus!"
No dia seguinte, quando o mestre se preparava para partir, os músicos o
procuraram e lhe perguntaram quanto tempo um músico habilidoso
levaria para aprender a tocar a nova flauta. "Anos", ele respondeu. Eles
lhe perguntaram se aceitaria um aluno, ele concordou. Depois que o
mestre partiu, os homens se reuniram e decidiram enviar-lhe um jovem e
talentoso flautista, um rapaz sensível à beleza, dedicado e digno de
confiança. Deram-lhe dinheiro para custear suas despesas e as lições de
música, e o enviaram à capital, onde o mestre vivia.
O aluno chegou e foi aceito pelo professor, que lhe ensinou uma única e
simples melodia. No início, recebeu uma instrução sistemática, mas logo
dominava todos os problemas técnicos. Agora, chegava para a sua aula
diária, sentava-se e tocava a sua melodia - e tudo o que o professor lhe
dizia era: "Falta alguma coisa". O aluno se esforçava o mais que podia,
praticava horas a fio, dia após dia, semana após semana, e tudo o que o
mestre dizia era: "Falta alguma coisa". Implorava ao mestre que
escolhesse outra música, mas a resposta era sempre "não". Durante
meses e meses, todos os dias ele tocava e ouvia "Falta alguma coisa". A
esperança de sucesso e o medo do fracasso foram se tornando cada vez
maiores, e o aluno oscilava entre a agitação e o desânimo.
Finalmente, a frustração o venceu. Ele fez as malas e partiu furtivamente.
Continuou a viver na capital por mais algum tempo, até que seu dinheiro
acabou. Passou a beber. Finalmente, empobrecido, voltou à sua província
natal. Com vergonha de mostrar-se a seus antigos colegas, foi viver
numa cabana fora da cidade. Ainda mantinha sua flauta, ainda tocava,
mas já não encontrava nenhuma nova inspiração na música. Camponeses
que por ali passavam ouviam-no tocar e enviavam-lhe seus filhos para
que ele lhes desse lições de música. E assim ele viveu durante anos.
Uma manhã, bateram à sua porta. Era o mais antigo mestre da cidade,
acompanhado de seu mais jovem aluno. Eles lhe contaram que naquela
noite haveria um concerto e que todos haviam decidido que não tocariam
sem ele. Depois de muito esforço para vencer seu medo e sua vergonha,
conseguiram convencê-lo, e foi quase num transe que ele pegou uma
flauta e os acompanhou. O concerto começou. Enquanto esperava atrás
do palco, no final do concerto, seu nome foi anunciado. Ele subiu ao palco
com fúria. Olhou para as mãos e percebeu que havia escolhido a nova
flauta.
Agora ele sabia que não tinha nada a ganhar e nada a perder. Sentou-se
e tocou a mesma melodia que tinha tocado tantas vezes para o mestre no
passado. Quando terminou, fez-se silêncio por um longo momento. Então,
a voz do homem mais velho se fez ouvir, soando suavemente do fundo da
sala: "Como um deus!"

Nachmanovitch, Stephen. Ser Criativo. São Paulo, Summus Editorial, pág. 13 à 15

2. Apresentação

Comece a primeira sessão com a projeção, em vídeo, do episódio "Povoado


dos Moinhos" do filme "Sonhos" (Kuroshawa). Após a projeção, solicite uma
breve apresentação de cada participante (nome, formação, local de trabalho,
experiência educacional com jovens). A apresentação deve ser concluída com
uma breve relação entre o texto A Nova Flauta, o filme Povoado dos Moinhos
e o Programa “Jovem Aprendiz Rural.

Antes de iniciar a apresentação, conceda uns 5 minutos para que cada um


pense na sua apresentação (e na relação entre texto, filme e Programa) de
forma que a fala de cada um seja a mais bonita e sintética possível e não
ultrapasse 1 minuto.

Termine apresentando-se, comentando as relações efetuadas e fazendo uma


breve exposição sobre os símbolos contidos no filme e no texto. Relacione-os
com a proposta geral do Programa “Jovem Aprendiz Rural, sua metodologia e
a educação profissional orientada por competências (“Como Um Deus”).
3. Expectativas

Inicie a situação de aprendizagem colocando como música de fundo o Bolero,


de Ravel. Depois apresente à classe o seguinte desafio: fazer, em subgrupos,
uma representação em três tempos:
• Como estou chegando.
• Como espero que a capacitação seja desenvolvida.
• Como quero sair do processo de capacitação.

Isso significa representar as expectativas presentes no subgrupo em relação


ao curso que se inicia. A representação deverá ser feita através de expressão
corporal e movimentos rítmicos, da forma mais bela (plástica) e expressiva
possível. A palavra não deve ser utilizada. O som pode ser usado. A música
que dará ritmo à apresentação será o Bolero, que poderá ser ouvido no fundo.

Organize os subgrupos. Os subgrupos deverão criar e ensaiar a coreografia


em pé para que possam manter a mobilidade e agilidade necessária e concluir
o trabalho em torno de 10 minutos. Concluída a preparação, todos ainda em
pé, o primeiro subgrupo se apresenta. Terminada a apresentação do grupo,
todos os participantes, inclusive os do subgrupo protagonista, replicam a
coreografia. Depois, o segundo subgrupo se apresenta e assim
sucessivamente. Durante cada apresentação, o aumente o volume da música
de fundo e transforme-o no tema musical da apresentação.

Ao final da última apresentação, retorne com os participantes ao semicírculo


para análise e julgamento dos trabalhos. Uma a uma as coreografias serão
analisadas pelo grupo, que interpretam as expectativas expressas na
representação. O trabalho em foco será interpretado pelos que o assistiram e,
em seguida, o grupo criador apresenta a intenção da expressão, fazendo o
confronto com as interpretações antes apresentadas.

Por fim, apresente rapidamente o programa da Capacitação Presencial,


indicando quais expectativas serão atendidas e formas de superar as
necessidades dos participantes que não serão atendidas pelo programa.

Ao final, convide os participantes para um pequeno intervalo. Procure


respeitar o tempo previsto (15 minutos).

4. O Caminho do Programa

Antes da volta dos participantes, coloque como música de fundo Meditação de


Thais (música composta por Jules Massenet. Pode ser usada a gravação de
Karajan em: Karajan Forever, Hamburgo, Deutsche Grammophon, 2003).
Distribua o texto Jardim de Infância pelas carteiras ou, no momento oportuno,
solicite a leitura do texto na página 7 do Manual da Oficina de Aprender a
Aprender.
JARDIM DA INFÂNCIA

Grande parte do que eu realmente precisava saber a respeito da vida, de


como viver, do que fazer e de como ser, aprendi no jardim de infância. A
sabedoria não estava no cume da montanha da faculdade, mas ali na
caixa de areia da escola maternal. Essas são as coisas que aprendi:
compartilhe tudo; seja leal; não magoe as pessoas; recoloque as coisas no
lugar onde as encontrou; limpe aquilo que sujar; não pegue o que não for
seu; peça desculpas quando machucar alguém; lave as mãos antes de
comer...
Biscoitos quentes e leite frio são bons para você; leve uma vida
equilibrada; aprenda um pouco, pense um pouco, desenhe, pinte, cante,
dance, brinque e trabalhe um pouco a cada dia; tire uma soneca todas as
tardes; quando sair para o mundo, fique atento no trânsito; dê as mãos e
mantenha-se unido; perceba a maravilha...
Pense como o mundo seria melhor se todos nós - o mundo inteiro - tivesse
biscoito e leite por volta de três horas de todas as tardes e depois deitasse
com suas mantas para tirar um cochilo, ou se tivéssemos uma política
básica em nossa nação e em outras nações de sempre recolocar as coisas
no lugar onde as encontramos e limpássemos as sujeiras que fizéssemos.
E isto continua a ser verdade, não importa a idade: quando sair para o
mundo, é melhor dar as mãos e manter-se unido.
Robert Fulghum

Citado no livro "O Empresário Criativo", de Roger Evans e Peter Russel, São Paulo, Editora Cultrix,
pg.169.

Ao final da leitura, estimule os aprendizes a fazerem comentários sobre a


compreensão que tiveram.

Valorizada a aprendizagem do jardim de infância, proponha uma atividade


nela inspirada. Em pequenos grupos, os participantes, utilizando os materiais
disponíveis, vão criar uma colagem, instalação, pintura e/ou representação
gráfica que representem o público alvo (Retrato do Jovem Rural), a trajetória
(Caminho do Programa) e os resultados (Retrato do Egresso) do Programa
“Jovem Aprendiz Rural”.

Divida a classe em pequenos grupos e determine o tempo de 40 minutos para


a construção das representações. Coloque como música de fundo uma missa
de Mozart.

Após a construção, o produto de cada pequeno grupo é analisado por um dos


outros grupos. As conclusões da análise deve ser organizadas em torno dos
temas: Características do Público Alvo, Proposta do Programa “Jovem
Aprendiz Rural” e Resultados do Programa. As conclusões devem se
registradas em tarjetas brancas (público), amarelas (proposta) e verdes
(resultados esperados). Antes da análise, construa, com tarjetas, um quadro
com a orientação para o registro das conclusões utilizando tarjetas.

TARJETAS - REGRAS DE UTILIZAÇÃO


• Escreva nas tarjetas com pincel atômico (azul ou preto).
• Só registre uma conclusão por tarjeta.
• Escreva em letra de forma, maiúscula.
• Não use mais do que três linhas em cada tarjeta.
• Garanta que o texto escrito na tarjeta possa ser visto a
distância.
• Use cores diferentes para assuntos diferentes.

Os grupos constroem painéis com as conclusões. O tempo total para a escrita


das conclusões e para a elaboração do painel será de 40 minutos. Os painéis
de conclusão terão o seguinte formato:

Jovem Caminho do Retrato do


Rural Programa Egresso
Tarjeta 1 Tarjeta 1 Tarjeta 1
Tarjeta 2 Tarjeta 2 Tarjeta 2
Tarjeta 3 Tarjeta 3 Tarjeta 3
Tarjeta 4 Tarjeta 4 Tarjeta 4
Tarjeta 5 Tarjeta 5 Tarjeta 5
Tarjeta n Tarjeta n Tarjeta n

Em seguida, os grupos apresentam rapidamente suas conclusões. Sem falar


os participantes transformam os vários painéis em um único painel de
conclusões. Os diversos painéis vão dar origem a um único painel-síntese, que
representará a compreensão dos participantes a respeito do público, da
proposta do programa e dos resultados desejados. Concluindo a atividade
promova a comparação e compare o painel final com o plano de curso do
Programa “Jovem Aprendiz Rural”.

5. Encerramento
Peça que os participantes avaliem a sessão com uma única palavra.

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