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Algumas anotações
01. Nasceu em Sacramento, MG, em 01/05/1880.
02. Desencarnou em Sacramento, em 01/11/1918, com pouco mais de 38 anos.
03. Filho de Hermógenes de Araújo “seu Mogico” e de Jeronima Pereira de
Almeida “dona Meca”.
04. Terceiro filho de numerosa família mineira de 15 irmãos.
05. Fisicamente franzino, teve uma infância muito pobre.
06. Sua mãe era o centro de sua atenção, e por sofrer insidiosa enfermidade com
crises periódicas constituía sua maior preocupação, apesar da pouca idade.
07. Já demonstrava grande interesse e respeito pelos mais velhos, relato nos
informa que cuidava de uma tia, também muito doente, até seu decesso.
08. Freqüentou a escola primária do sr. Joaquim Vaz de Melo, onde rapidamente
aprendeu a ler e a fazer contas.
09. Morou com a família durante algum tempo na vila da Estação do Cipó, da
Estrada de Ferro Mogiana.
10. Quando retornou a Sacramento ingressou no Colégio Miranda que lá se
instalara, sob a orientação do prof. João Darwil de Miranda e do prof. Inácio
Gomes de Mello. Tornou-se brilhante aluno, e foi promovido a instrutor de turmas e
finalmente professor.
11. Seu interesse pela Medicina vinha da primeira infância, lembra-se que em
1.889, com apenas 9 anos de idade, numa consulta que sua genitora realizara no
consultório do dr. Onofre Ribeiro, na sala de espera, ficou lendo com atenção
diversos livros de Medicina da época.
12. A infância e a juventude foi de pessoa religiosa e cumpridora de suas
obrigações para com o catolicismo, que seguia com devoção.
13. Ajudava o pai na contabilidade de suas lojas no comércio, e todos seus
recursos iam para ajudar no sustento da numerosa família, e quando não para
socorrer pessoas carentes.
14. Ainda jovem ajudou a fundar o Grêmio Dramático Sacramentano, onde figurou
como ator e eram apresentadas diversas peças clássicas.
15. Em 1.901 seguiu para o Rio de Janeiro, com o pai para se informar e procurar
matricula na escola preparatória de medicina da marinha. Mas de retorno a
Sacramento desiste da idéia pelo estado de saúde de sua mãe.
16. Eurípedes tornou-se um autodidata, e aprendeu nos livros aquilo que não pode
fazer nas faculdades. Desenvolveu amplos conhecimentos da língua francesa, do
latim, apegou-se a Geografia e Astronomia, adquiriu muitos conhecimentos de
Farmácia e Medicina da época.
17. Eurípedes era um grande amigo da leitura, tratava com grande respeito os
velhos e as crianças e se via brotar nele as qualidades que o transformariam no
grande missionário que foi.
18. Graças a sua grande memória, participava de encontros culturais, onde era
dado a declamação de longos e belos poemas, a todos impressionando pela
sensibilidade e arte que apresentava.
19. Mas, tinha uma preocupação obsedante, obter a cura de sua mãe, que já
percorrera vários médicos, com diferentes diagnósticos, uns diziam-na epilética,
outros, histérica, tornando-se Eurípedes um enfermeiro voluntário da mãe em suas
crises.
20. Tornou-se amigo de Ormênio Gomes, que vindo a residir em Sacramento
trouxe para lá preciosa biblioteca de livros homeopáticos, a qual teve acesso e
absorveu vasta informação.
21. Além da motivação da doença de sua mãe, o coração piedoso de Eurípedes
queria ajudar os mais pobres, pois, naquela época, médicos eram um luxo que
poucos poderiam se dar.
22. Eurípedes nunca faltou a um compromisso e nas reuniões era sempre o
primeiro a chegar.
23. Para ele, brancos e pretos, velhos e crianças, pobres e ricos eram todos
iguais, e a todos tratava por ‘senhor’, ‘senhora”, inclusive os próprios irmãos.
24. Essa dignidade transparecia em seu modo de trajar, usava sobrecasaca que
lhe descia até os joelhos, colarinho alto, gravata borboleta, chapéu coco.
25. Moço culto, educado e bem apessoado, evidentemente falavam de
casamento, e ele respondia: “casar, não posso, estou casado com a pobreza”.
26. Antes de completar 20 anos, era co-fundador da irmandade de São Vicente de
Paulo, já possuía pequena farmácia e visitava os lugares pobres de Sacramento,
levando alimentos, remédios, roupas, palavras de estímulo e orientação.
27. Aos 21 anos lançou a ‘Gazeta de Sacramento”, e como jornalista tinha a
esperança de ajudar o povo culturalmente, e abrir um espaço aos interessados
nas letras e informações.
28. Aos 22 anos, com ilustres figuras da cidade, fundou em 31 de janeiro de 1.902
o “Liceu Sacramentano”, onde se tornou professor de diversas matérias, entre elas
o Francês e Geografia.
29. Após muita relutância, aceitou e se tornou vereador em 1.902, ocupando então
04 postos, com grande carga de trabalho: jornalista, professor, vereador e
secretário da Irmandade de São Vicente de Paulo. Foi vereador até 1.910, quando
renunciou a uma prorrogação de mandato por discordar do autoritarismo do então
presidente do estado de minas gerais.
30. Sua vida se manteve neste ritmo até os vinte e cinco anos de idade, 1.905,
quando a espiritualidade marcava seu encontro com a doutrina espírita.
31. Antes de sua conversão, alguns parentes seus realizavam sessões mediúnicas
em Santa Maria, a 14 km. de sacramento. As reuniões eram realizadas na casa do
sr. Honorato Ferreira da Cunha (tio de Eurípedes). Ali, em 28 de agosto de 1.900,
foi fundado o Centro Espírita “Fé e Amor”. Vários médiuns notáveis trabalhavam a
serviço do povo, com passes e remédios homeopáticos, através de receitas,
psicografia, etc. Eurípedes sabia disso, mas dava pouca importância.
32. Entre os freqüentadores do centro havia porem um ao qual dr. Eurípedes tinha
a maior estima, seu tio, Mariano da Cunha Junior, que antes de espírita havia sido
materialista.
33. Numa visita à casa de Eurípedes o sr. Mariano emprestou um livro ao mesmo:
“Depois da Morte”, de Leon Denis, ao qual Eurípedes deu uma rápida olhada e
logo se interessou.
34. Leu a noite toda, impressionou-se com o estilo fluente, surpreendeu-se com as
revelações espirituais e por ver algumas de suas dúvidas serem discutidas com
naturalidade, fluência e sabedoria pelo autor.
35. Ganhando o livro do tio, leu mais demoradamente e consolidou sua impressão.
Conceitos sobre a vida e a morte, a reencarnação, o destino do ser humano após
a morte, tudo isso abalou sua alma estudiosa e sequiosa de conhecimentos.
36. A primeira sessão mediúnica que eurípedes assiste é em Santa Maria, e
através do seu tio Mariano, em transe, ouve as primeiras e inesquecíveis palavras
do dr. Bezerra de Menezes, que o saúda alegremente. A seguir, noutra
incorporação ouve, Eurípedes, surpreso, uma comunicação do seu espírito
protetor, São Vicente de Paulo, que lhe faz revelações de seu passado espiritual e
da nova missão que deveria desempenhar a partir de agora. Vicente de Paulo o
aconselha deixar a Irmandade Vicentina e se afastar da Igreja Católica, abraçando
o Espiritismo.
37. Noutra incorporação Eurípedes, através de um médium humilde, ouve uma
mensagem em francês, esclarecendo-o sobre o sermão da montanha, de Jesus,
identificando-se o Espírito como João Evangelista.
38. Finalmente o próprio Eurípedes sofre o desdobramento de sua mediunidade e
recebe as revelações de sua missão: caridade e cura.
39. Estes acontecimentos espíritas tocaram profundamente a alma de Eurípedes,
e em companhia de seu tio, Mariano, vai visitar Carlos, o leproso, a quem abraça
comovidamente, desfazendo antigo preconceito contra a doença.
40. O retorno a Sacramento marca mudanças na vida de Eurípedes: possuído de
nova fé, tem que enfrentar o Padre Maia, e a própria família, católica praticante.
Mas, com toda serenidade afasta-se da Irmandade Vicentina, suportando toda a
pressão, e ao comunicar o fato à sua mãe, ela cai, em nova crise. Neste momento
Eurípedes percebe que a doença de sua genitora era obsessão, pois vê o espírito
que a perturba. Em companhia de seu tio Sinhô (Mariano da Cunha) evoca tal
espírito e ao afastá-lo de sua mãe consegue a cura tão pretendida de uma doença
antiga.
41. Inicia Eurípedes suas pregações públicas no bairro da Zagaia, falando aos
pobres e enfermos. Sua voz crescia e o povo o ouvia comovido comunicar as
grandes novas do espiritismo.
42. Como era esperado, cresceu contra ele uma campanha de descrédito,
promovida pelos religiosos, seus antigos companheiros da igreja e da irmandade.
43. Na noite de 27 de janeiro de 1.905, fundava em sua residência o Grupo
Espírita Esperança e Caridade, onde se realizaria grande trabalho de doutrinação
e esclarecimento de espíritos endurecidos, ocorrendo cura para muitas pessoas
perturbadas.
44. Amplia Eurípedes o trabalho de sua farmácia, passando a atender
intensivamente e gratuitamente a população local e pessoas vindas de outros
locais. Pela mediunidade recebe de dr. Bezerra de Menezes grande receituário,
promovendo o completo restabelecimento de muitos doentes. Sob a supervisão do
mesmo Bezerra realiza as primeiras cirurgias, sem assepsia previa ou anestesia, e
tudo isso é, uma resposta à campanha difamatória da Igreja local.
45. Forçado a sair do Liceu Sacramentano, e renunciando a vereança, volta-se
inteiramente para as atividades espíritas.
46. Em março de 1.907, fundou o Colégio Allan Kardec, que se tornaria com o
tempo modelar instituição de ensino, oferecendo aos estudantes pobres de
sacramento e região uma nova opção. O ensino ia do primário ao colegial,
oferecendo metodologia moderna e eficiente. Visitado e inspecionado por
autoridades de ensino, ganhou elogios e citações favoráveis. Eurípedes mostrava-
se com um grande educador. Adotou o método de Pestalozzi, como grande
novidade para aquele tempo.
47. Ia se delineando a missão de Eurípedes nos seguintes campos:- educacional,
médico e farmacêutico, e como espírita nas atividades do grupo de desobsessão,
transformando sacramento num centro de tratamento de doenças mentais, e
trabalhando como médium e divulgador da doutrina.
48. Cartas do Brasil inteiro, solicitando receituário e remédios chegam a
Sacramento e Eurípedes completa o ciclo de suas mediunidades com psicografia,
psicofonia, vidência, clauri-audiência, bi-corporiedade, transporte e cura.
49. A farmácia torna-se núcleo de assistência de centenas de necessitados, e é
mantida pela ajuda de alguns idealistas, pois não há cobrança aos enfermos.
50. Jorge Rizzini, cita em livro, mais de 35 casos autênticos de pessoas operadas
por Eurípedes com instrumentos cirúrgicos rudimentares e até improvisados.
Eurípedes fica famoso por assistir centenas de partos, inclusive casos de gravidez
de alto risco, em que usando os recursos que o plano espiritual coloca ao seu
dispor, preserva a saúde das mães e presencia o nascimento de muitos bebês
sadios.
51. Sofre Eurípedes, intensa campanha dos padres contra o seu trabalho, e suas
idéias espíritas o levam a enfrentar em praça pública um debate com o famoso
padre jesuíta Yague, de Campinas, a quem trata respeitosamente. Este debate foi
assistido por mais de 2.000 pessoas, e Eurípedes tratou de convencer o povo que
o assistia que o Espiritismo nada tinha de diabólico ou ateu. Sai, apesar de
sua humildade, Eurípedes carregado pela multidão, ficando o tal padre Yague em
grande desconforto pela habilidade da argumentação de seu opositor.
52. Pela imprensa, sustenta polêmica sobre a natureza de Deus e Jesus,
esclarecendo seus leitores que eram pai e filho, ao contrário do dogma da
“santíssima trindade”.
53. Em abril de 1.917, chega a Sacramento, de Igarapava, o Cel. Azarias Arantes,
que acometido de grave enfermidade, foi completamente curado pelo dr. Bezerra
através de Eurípedes. A retumbância desta cura e todas as outras levaram
algumas pessoas a promoverem contra o médium indecoroso processo penal.
54. Sofre Eurípedes o processo por exercício ilegal da Medicina, o qual causa
grande apreensão e sofrimento para os espíritas de Sacramento. Mas depois de
um ano de idas e vindas, não encontrando juiz que o queira julgar, o tal processo é
arquivado e o réu “impronunciado”.
55. Durante o processo recebe Eurípedes o apoio de muitos homens ilustres e
inclusive de outros estados. A prescrição do processo é festejada em Sacramento
com um enterro simbólico do mesmo, na noite de 9 de maio de 1.918.
56. Chegamos a 1.918, e a gripe espanhola chega a Sacramento, fazendo
inúmeras vítimas e sobrecarregando o trabalho de Eurípedes e da farmácia.
57. Esgotado materialmente, acometido da mesma gripe, em 1o. de novembro de
1.918, retorna Eurípedes ao plano espiritual após 38 anos de vida produtiva.
58. A missão de Eurípedes e seus reflexos para o movimento espírita podem ser
sentidos nas palavras de Zeus Wantuil no livro ‘grandes espíritas do Brasil’:-
‘Eurípedes foi um trabalhador esforçado, foi um dos maiores espíritas do estado
de minas gerais... E o povo em peso, chorando, acompanhou seus despojos
mortais ao cemitério.”
59. O apóstolo do triangulo mineiro, como foi cognominado pelo jornal “Lavoura e
Comércio”, de Uberaba, fez o seguinte comentário: “foi o apóstolo do bem, ao seu
lado nenhuma lágrima ficou sem consolo e, sem bálsamo, dor nenhuma...”.
60. Em 1.929, 1o. De maio, os espíritas de Sacramento inauguraram no jardim do
Colégio Allan Kardec, uma herma em memória do grande benfeitor Eurípedes
Barsanulfo, tendo o Juiz de Direito da Comarca de Sacramento, dr. Francisco
Candido da Gama Júnior, proferido na ocasião, como orador oficial da festa, um
belo e emocionante discurso.
61. Muitos ex-alunos do colégio compareceram com ilustres espíritas de outros
estados àquela festa do coração, destacando, em vibrantes e sentidas orações, a
personalidade valorosa do homenageado.
62. Sobre um pedestal de granito, cor rosa, repousa o busto em bronze do
saudoso companheiro, de autoria do escultor italiano Prof. Armando Zago, inscrita
em letras de bronze a seguinte frase: “à Eurípedes Barsanulfo, homenagem da
família espírita”.
63. Mas, Eurípedes, continuou no plano espiritual a sua obra. Narram-se vidências
e as curas de pessoas doentes continuaram, marcando manifestações de seu
espírito.
64. Francisco Candido Xavier, em algumas ocasiões psicografou mensagens de
eurípedes, revelando o mesmo o carinho e o brilho de suas atividades no plano
espiritual, onde continua ativo educador e orientador. Muitas obras foram
construídas em seu nome, como lares infantis, sanatórios, centros espíritas,
mocidades, e em seu nome se distribuem alimentos, remédios, assistência
material e espiritual.
65. Os seguidores de Eurípedes se espalharam pelo Brasil inteiro e muitas obras
se ergueram em homenagem ao seu nome. Em sacramento mesmo no ano de
1.959 (1o. De maio) deu-se a inauguração do Lar de Eurípedes, instituição
destinada ao amparo de crianças, quando o espírito de Eurípedes, pela
mediunidade de Chico Xavier psicografou a seguinte mensagem:-
“Senhor Jesus!
Esta é a casa que nos deste por tua benção.
Ajuda-nos a encontrar dentro dela, não apenas um abrigo de pedra e cal, mas
acima de tudo, o teu próprio coração em forma de lar, pulsando de amor.
Construíste-nos um santuário.
Clareia-nos a fé.
Ergueste-nos uma escola.
Conduze-nos a lição.
No trabalho, sê nosso guia.
Em nossa debilidade, sê nossa força.
Ante o esplendor desta hora que só a ti pode ser tributada, debalde procuro
palavras para exprimir-te gratidão, porque encontro apenas as lágrimas de alegria
que me vertem do peito. ...
E quanto a mim que sou, nesta casa, o último dos últimos servos a quem tudo
tens dado e que nada te deu ainda, trazido pelos amigos para algo dizer-te, não
tenho outro recurso senão lembrar o cego de Jericó e rojar-me diante de tua
bondade e de tua glória, a fim de pedir-te em pranto:
- “senhor, que eu veja!
Que eu veja a tua vontade para que eu saiba servir.”
Eurípedes Barsanulfo
(Allan Kardec).
Oração Inicial:
Senhor Jesus, rogamos ao Teu coração amigo que nos envolva neste
momento, pacificando nossos espíritos, fortalecendo nossa vontade de
servir. Que a Tua paz se faça sentir em nossos corações. Que seja em Teu
nome, em nome dos Espíritos amigos que conduzem este trabalho, mas,
sobretudo em nome de Deus, a realização de mais um momento de
estudo e reflexão, em torno da Doutrina Espírita. Que assim seja!
Considerações iniciais do palestrante:
Boa noite! Na verdade o que ocorrerá será uma exposição do tema.
Depois, se houver tempo, estaremos abertos a perguntas. Vamos lá! É
com muita alegria que hoje estamos participando do 9º Encontro Espírita
Sobre a Vida e a Obra de Eurípedes Barsanulfo e, em especial,
participando da palestra virtual. Que Jesus abençoe o nosso dia de
trabalho e que Eurípedes, o personagem central do nosso estudo, possa
nos auxiliar na realização do propósito deste encontro, que é falar sobre
os prováveis motivos que o levaram a reencarnar.
Exposição do Tema:
Mas quem é Eurípedes Barsanulfo?