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Cintilografia das paratireóides

Etiologia do hiperparatiroidismo

O hiperparatiroidismo é uma desordem generalizada do metabolismo cálcio e fosfato, com


repercussão no esqueleto, como resultado da secreção aumentada do hormônio
paratiroideano. Existem dois tipos de hiperparatiroidismo: primário e secundário.
O hiperparatiroidismo primário é a causa mais comum de hipercalcemia em doentes
ambulatoriais, sendo mais encontrado em mulheres pós-menopausadas. Ele é causado,
geralmente, por adenoma e raramente por neoplasia (81% adenoma, 4% carcinoma) e
compromete, na maioria das vezes, apenas uma glândula (85%) e com menos frequência
múltiplas glândulas (15%).
O hiperparatiroidismo secundário é encontrado geralmente em doentes renais crônicos e na
deficiência de vitamina D.

Avaliação cintilográfica do hiperparatiroidismo

Diferentes técnicas cintilográficas têm sido utilizadas para a detecção de paratireóides


anormais, usando uma combinação de traçadores, entre eles o Tálio-201 e o sestamibi-Tc
99m, para localização das paratireóides anormais; e pertecnetato-Tc 99m e iôdo-123 ou
iôdo-131 para localização da tireóide. Nesta técnica as imagens com os diferentes
traçadores são adquiridas separadamente e depois processadas (correção da radiação de
fundo [background] e subtração da imagem da tireóide da imagem composta (tireóide +
paratireóides). As imagens da tireóide são adquiridas com o pertecnetato-Tc 99m ou iôdo e
as imagens da paratireóide são adquiridas com tálio ou sestamibi. Esta técnica é muito
demorada, pois requer diferentes tomadas de imagens com diferentes traçadores e requer
alguma habilidade no manuseio das imagens para a devida subração eletrônica.
Em 1992, Taillefer descreveu uma nova técnica de cintilografia paratiroideana utilizando
uma única dose de sestamibi-Tc 99m. O princípio básico desta técnica é o seguinte: 3-4
horas após a injeção do traçador, pouca ou nenhuma atividade permanece na tireóide e
paratireóide normais, sendo que a lavagem do sestamibi é mais lenta nas paratireóides, e
nos casos de adenoma ou hiperplasia destas glândulas esta lavagem se torna ainda mais
lenta. Assim sendo, a presença de atividade remanescente após 2 horas representa tecido
paratiroideano hiper-funcionante.
Neste método, injeta-se 20-25 mCi de sestamibi-Tc 99m IV. As imagens são adquiridas com
colimador de furo paralelos e de baixa energia. Estas imagens são tomadas precocemente
(10-15 minutos) e tardiamente (2-3 horas). Nas imagens iniciais temos um somatório das
paratireóides e tireóide e na imagem tardia veremos apenas a atividade paratiroideana
anormal. Quando as paratireóides estão normais, não vemos atividade nestas glândulas nas
imagens tardias.
Em um trabalho científico feito pelo autor acima mencionado, com um grupo de 23
pacientes, foram detectados 21 adenomas (sensibilidade de 90%) e apenas um falso-
positivo (adenoma da tireóide).
Este método apresenta várias vantagens: é necessário apenas uma injeção do radio-
fármaco, o paciente não precisa ficar imóvel durante muito tempo e não há necessidade de
processamento sofisticado das imagens.

Comparação da cintilografia das paratireóides com outras modalidades de


imagem:

Um trabalho prospectivo comparando a cintilografia das paratireóides com a tomografia


computadorizada, ultra-som, ressonância magnética de 100 pacientes mostrou o seguinte
resultado:

Sensibilidade Especificidade
Cintilografia das paratireóides 73% 94%
Tomografia computadorizada 68% 92%
Ultra-som 55% 95%
Ressonância magnética 50% 87%

Impacto da localização pré-operatória no tratamento de tumores paratiroideanos:

A literatura sobre o valor da localização pré-operatória de tumores paratiroideanos mostra


falta de consenso.
Um grupo de trabalhos recomends o uso da técnica em todos os pacientes, enquanto outro
grupo não o recomenda para os pacientes que estão sendo submetidos à cirurgia pela
primeira vez.
Contudo, existe um acordo universal no uso pré-operatório da cintilografia nos pacientes
que estão sendo submetidos a uma nova cirurgia devido a hiperparatiroidismo recorrente
após uma cirurgia inicial.
Os exames de imagem ajudam a aboradagem cirúrgica, porque eles mostram onde o tecido
paratiroideano está localizado, se na região cervical ou no mediastino.

Os pacientes com hiperparatiroidismo primário, quando operados por um cirurgião


experiente sem usar um exame de imagem para localizar as paratireóides, mostraram
índice de cura que variava de 90 a 96%.
Vários pesquisadores analisaram os motivos de falha em pacientes que tiveram de ser
submetidos a nova cirurgia.
Em aproximadamente 1/3 dos casos a doença estava presente em várias glândulas, em
outro 1/3 a paratireóide tinha localização ectópica, e finalmente, no 1/3 restante a falha
devia-se à inexperiência do cirurgião.
Na realidade, muitas destas falhas poderiam ser evitadas com o uso da cintilografia pré-
operatória.
Em um grupo de 64 pacientes com hiperparatiroidismo primário que foram submetidos a
este tipo de exploração pré-operatória, houve um aumento percentual de cirurgias bem
sucedidas. Além disso, houve uma diminuição do tempo cirúrgico de 1-1,5 hora para 25-40
minutos.

Cintilografia normal das paratireóides


Referências:
1. Taillefer R, Boucher Y, Potvin C, Lambert R. Detection and localization of parathyroid
adenomas in patients with hyperparathyroidism using a single radionuclide imaging
procedure with technetium-99m-sestamibi (Double-phase study). J Nucl Med 1992;
33:1801-1807.

2. Krubsack AJ, Wilson SD, Lawson TL et al. Prospective comparison of radionuclide


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tumors. Surgery 1989; 106:639-646.

3. Attie JN, Khan A, Rumancik WM, Moskowitz GW, Hirsh MA, Herman PG. Preoperative
localization of parathyroid adenomas. Am J Surg 1988; 156:323-326.

4. Irvin GL, Prudhomme DL, Derisco GT, Sfakianakis GS, Chandarlapaty SKC. A new
approach to parathyroidectomy. Ann Surg 1994; 219(5):574-581.

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7. Carty SE, Norton JA. Management of patients with persistent or recurrent primary
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