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At uma poca recente, nossas bssolas, diversas como so entre si, indicavam um mesmo norte: o Pai. Acreditava-se em um patriarcado antropolgico e invariante. Seu declnio foi acelerado com a igualdade de condies, a ascenso do poder do capitalismo, o domnio da tecnologia. Estamos na fase de sada da era do Pai. Outro discurso est em vias de suplantar o anterior. A inovao no lugar da tradio. Mais do que a hierarquia, a rede. O atrativo do advir substitui o peso do passado. O feminino sobrepe o viril. Ali onde tnhamos uma ordem imutvel, os fluxos transformacionais franqueiam incessantemente os limites. Freud da era do Pai. Ele trabalhou muito para salv-lo. A Igreja acabou se dando conta. Lacan seguiu a via aberta por Freud, mas ela o levou a formalizar que o Pai um sintoma. Ele o mostra aqui a partir do exemplo de Hamlet. O que se guardou de Lacan a formalizao do dipo, o foco colocado no Nome-do-Pai foi somente seu ponto de partida. O Seminrio 6 j o reformula: o dipo no mais a nica soluo do desejo, apenas sua forma padronizada; esta aqui patognica, no esgota o destino do desejo. De onde vem o elogio da perverso que termina o volume. Lacan lhe confere o valor de uma rebelio contra as identificaes que garantem a manuteno da rotina social. Este Seminrio anuncia os rearranjos dos conformismos anteriormente instaurados, at sua ruptura. Ns estamos nisso. Lacan fala de ns . Jacques-Allain Miller Campo Freudiano Coleo fundada por Jacques Lacan
Capa: Alegoria com Vnus e Cupido, Bronzino (v.1545), leo sobre madeira. Londres, National Gallery. Getty Images.