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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 02544/07

Objeto: Recurso de Reconsideração


Relator: Auditor Renato Sérgio Santiago Melo
Impetrante: Osvaldo Balduíno Guedes Filho
Advogado: Dr. Rodrigo dos Santos Lima
Procuradores: Sr. Ricardo Simplicio Mota e outros

EMENTA: PODER EXECUTIVO MUNICIPAL - ADMINISTRAÇÃO


DIRETA - PRESTAÇÃO DE CONTAS ANUAIS - PREFEITO - AGENTE
POLÍTICO - CONTAS DE GOVERNO - EMISSÃO DE PARECER
CONTRÁRIO - ORDENADOR DE DESPESAS- CONTAS DE GESTÃO -
IRREGULARIDADE - IMPUTAÇÃO DE DÉBITO - FIXAÇÃO DE PRAZO
PARA RECOLHIMENTO - APLICAÇÃO DE MULTA - ASSINAÇÃO DE
LAPSO TEMPORAL PARA PAqAMENTO - ENVIO DA DELIBERA,ÇÃOA
SUBSCRITORES DE DENUNCIA E DE REPRESENTAÇAO -
RECOMENDAÇÕES - REPRESENTAÇÕES - INTERPOSIÇÃO DE
RECURSO DE RECONSIDERAÇÃO REMÉDIO JURÍDICO
ESTABELECIDO NO ART. 31, INCISO n, C/C O ART. 33, AMBOS DA
LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL N.o 18/93 - Elementos probatórios
capazes de elidir parte das máculas que fundamentaram a decisão
guerreada e de diminuir a imputação de débito - Subsistência das
demais eivas. Conhecimento do recurso e, no mérito, pelo
provimento parcial. Remessa dos autos à Corregedoria da Corte.

Vistos, relatados e discutidos os autos do RECURSO DE RECONSIDERAÇÃO interposto pelo


ex-Prefeito Municipal de Junco do Seridó/PB, Sr. Osvaldo Balduíno Guedes Filho, em face da
decisão desta Corte de Contas consubstanciada no ACÓRDÃO APL - TC - 967/08, de 03 de
dezembro de 2008, publicado no Diário Oficial do Estado - DOE de 12 de dezembro do
mesmo ano, acordam os Conselheiros integrantes do TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA
PARAÍBA, por unanimidade, com a declaração de impedimento do Conselheiro Substituto
Oscar Mamede Santiago Melo, em sessão plenária realizada nesta data, na conformidade da
proposta de decisão do relator a seguir, em:

1) TOMAR conhecimento do recurso, diante da legitimidade do recorrente e da


tempestividade de sua apresentação, e, no mérito, dar-lhe provimento parcial, apenas para "
reduzir o débito inicialmente imputado de R$ 5.818,06 para R$ 5.753,60, concernente a r
despesas com obrigações patronais empenhadas sem a correspondente comprovação da sua j
efetiva quitação, bem como para reconhecer a insubsistência das irregularidades atinentes
aos gastos com pessoal do Município e do Poder Executivo acima dos limites definidos na Lei
de Responsabilidade Fiscal, reduzindo, como consequência, a divergência entre o montante
da despesa com pessoal indicado no Relatório de Gestão Fiscal - RGF do 2° semestre e
aquele calculado com base nos dados da prestação de contas, que evidenciam, após os
devidos ajustes, os valores, respectivamente, de R$ 2.698.023,08 e R$ 2.672.307,34.
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2) REMETER os presentes autos à Corregedoria deste Sinédrio de Contas para as


providências que se fizerem necessárias.

Presente ao julgamento o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas


Publique-se, registre-se e intime-se.
TCE - Plenário Ministro João Agripino

João Pessoa, 03 de junho de 2009

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Consel.h. eirtrfê> ~odrtgues Catão
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Relator

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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

PROCESSOTC N.o 02544/07

O Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, em sessão plenária realizada no dia 03 de


dezembro 2008, através do PARECER PPL - TC - 178/08, fls. 1.498/1.499, e do ACÓRDÃO
APL - TC - 967/08, fls. 1.500/1.525, ambos publicados no Diário Oficial do Estado - DOE
datado de 12 de dezembro do mesmo ano, fI. 1.526, ao analisar as contas do exercício
financeiro de 2006 do Município de Junco do Seridó/PB, decidiu: a) emitir parecer contrário à
aprovação das contas de governo do então Prefeito, Sr. Osvaldo Balduíno Guedes de Filho;
b) julgar irregulares as contas de gestão do Ordenador de Despesas da Comuna à época,
Sr. Osvaldo Balduíno Guedes de Filho; c) imputar-lhe débito no montante de R$ 5.818,06,
concernente a despesas com obrigações patronais empenhadas sem a correspondente
comprovação da sua efetiva quitação; d) fixar prazo para recolhimento da dívida; e) aplicar
multa ao administrador municipal em 2006, no valor de R$ 2.805,10; f) assinar lapso
temporal para pagamento da penalidade; g) enviar cópia da deliberação a subscritores de
denúncia e de representação; h) fazer recomendações ao Alcaide; i) enviar informação à
Delegacia da Receita Federal do Brasil em Campina Grande/PB; e j) remeter cópia de peças
dos autos à Procuradoria Geral de Justiça do Estado.

As supracitadas decisões tiveram como base as seguintes irregularidades remanescentes:


a) gastos com pessoal do Município e do Poder Executivo acima dos limites definidos na Lei
de Responsabilidade Fiscal - LRF; b) divergência entre o valor da despesa com pessoal
apresentado no Relatório de Gestão Fiscal - RGF do segundo semestre do período e o
apurado na prestação de contas; c) inconformidades na Lei Orçamentária Anual - LOA;
d) encaminhamento da Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO ao Tribunal fora do prazo
estabelecido; e) ausência de equilíbrio entre receitas e despesas orçamentárias; f) existência
de déficit financeiro para liquidar os compromissos de curto prazo, no valor de
R$ 509.281,20; g) carência de realização de vários procedimentos de licitação para despesas
no montante de R$ 219.261,82; h) locação de veículos pertencentes ao esposo da Chefe do
Legislativo, a Vereador da Comuna e a servidor municipal; i) envio com atraso de balancetes
mensais à Câmara Municipal e omissão de remessa dos comprovantes de despesas
concernentes ao mês de agosto do exercício; j) precário funcionamento do Conselho de
Acompanhamento e Controle Social - CACS do FUNDEF; k) registro de contribuições
previdenciárias supostamente repassadas ao Instituto Nacional do Seguro Social - INSS sem
a necessária comprovação documental, na quantia de R$ 5.818,06; I) falta de
empenhamento, pagamento e contabilização de parte das obrigações patronais devidas à
Previdência Social, na soma de R$ 340.160,06; m) ausência de recolhimento de parte das,
retenções previdenciárias efetuadas sobre remuneração dos segurados, na importância de \\
R$ 70.270,74; e n) inexistência de controle das aquisições e distribuições de medicamentos'x---
e gêneros alimentícios. V\
Não resignado, o ex-Chefe do Poder Executivo de Junco do Seridó/PB, Sr. Osvaldo Balduíno
Guedes Filho, interpôs, em 26 de dezembro de 2008, recurso de reconsideração,
fls. 1.527/1.565, bem como juntou documentos posteriormente, fls. 1.568/1.580. Nas
referidas peças processuais, o interessado alegou, sumariamente, que: a) o art. 56, inciso I
da Lei Orgânica do TCE/PB não pode ser aplicado ao caso em comento, pois o disposi .
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deve ser considerado não só pelo aspecto material, mas também formal, em interpretação
estrita, merecendo ser suprimida a multa aplicada; b) a unidade técnica desta Corte, após a
análise da defesa inicial, havia reduzido o percentual dos gastos com pessoal do Município de
63,19% para 53,25% da Receita Corrente Líquida - RCl, subtraindo o valor a ser pago com
contribuições previdenciárias; c) a documentação apresentada demonstra que as obrigações
patronais empenhadas em 2006 foram devidamente quitadas; d) a Comuna recolheu ao
INSS o montante de R$ 7.489,17, ratificado pela Guia da Previdência Social - GPS e certidão
negativa de débito emitida pela Autarquia Federal anexadas; e e) o suposto débito
previdenciário da Urbe, apontado pelos técnicos do Tribunal, foi parcelado na íntegra, não
subsistindo qualquer pendência, consoante termo já acostado aos autos.

Ato contínuo, o álbum processual foi encaminhado aos peritos da unidade de instrução da
Corte, que emitiram o relatório de fls. 1.582/1.584, onde concluíram pela permanência das
determinações contidas no Acórdão APl - TC - 967/08, baseado nas irregularidades
apontadas no Parecer PPl - TC - 178/08 e mantidas após a análise do recurso, com exceção
da imputação do débito, no montante de R$ 5.818,06, referente a despesas previdenciárias
sem comprovação da quitação, então reduzida para R$ 4.769,60.

Instado a se pronunciar, o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, através do parecer


de fls. 1.586/1.590, destacando a necessidade de uniformização da jurisprudência acerca da
exclusão das contribuições previdenciárias no cálculo da despesa com pessoal, pugnou, em
preliminar, pelo conhecimento do presente recurso, por atender aos pressupostos de
admissibilidade, e, no mérito, pela procedência parcial do pedido para, considerando firme e
válida a decisão consubstanciada através do Acórdão APl - TC - 967/2008, alterar tão
somente o débito imputado ao gestor para R$ 4.769,60.

Solicitação de pauta para a sessão do dia 27 de maio do corrente, conforme fls. 1.591/1.592,
e adiamento para a presente assentada, tendo em vista requerimento do patrono do
Prefeito, fls. 1.594/1.598 dos autos.

É o relatório.

Recurso de reconsideração contra decisão do Tribunal de Contas é remédio


jurídico - remedium júris - que tem sua aplicação própria, indicada no art. 31, inciso li, <r>::

c/c o art. 33, ambos da lei Complementar Estadual n.O 18/93 - lei Orgânica do TCE/PB -,
sendo o meio pelo qual o responsável ou interessado, ou o Ministério Público junto ao \v
Tribunal, dentro do prazo de 15 (quinze) dias, interpõe pedido, a fim de obter a reforma ou
a anulação da decisão que refuta ofensiva a seus direitos, e será apreciado por quem houver
proferido o aresto vergastado.

In radice, evidencia-seque o recurso interposto pelo ex-Chefe do Poder Executivo de Junco


do .~er!dó/PB, Sr. Osvald.o. Balduíno Guedes Filho, atende, aos pressupostos processuais e ) _
legitimidade e tempestividade, sendo, portanto, passível de conhecimento por \ / .. :,

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ego Tribunal. Entrementes, quanto ao aspecto material, algumas ponderações devem ser
feitas.

Quanto ao pedido de reconsideração da pena pecuniária imposta, é importante realçar, de


início, que a multa disciplinada na Lei Orgânica do Tribunal de Contas do Estado
(Lei Complementar Estadual n.O 18, de 13 de julho de 1993) está em total consonância com
o estabelecido nos artigos 5°, inciso U, e 71, inciso VIU, ambos da Constituição de
República, não se podendo cogitar inobservância ao princípio da legalidade. Com efeito,
qualquer transgressão a dispositivos normativos constitucionais, infraconstitucionais ou
regulamentares de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional ou patrimonial
pode ensejar a aplicação de penalidade, concorde dispõe o art. 56, inciso U, da referida Lei
Orgânica do TCE/PB - LOTCE/PB, in verbis:

Art. 56 - O Tribunal poderá também aplicar multa de até Cr$ 50.000.000,00


(cinqüenta milhões de cruzeiros) aos responsáveis por:

I - (omissis)

II - infração grave a norma legal ou regulamentar de natureza contábil,


financeira, orçamentária, operacional e patrimonial;

No que respeita aos gastos com pessoal do Município e do Poder Executivo acima dos limites
estabelecidos na Lei Complementar Nacional n.o 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal),
observa-se que a decisão inicial desconsiderou o disciplinado no Parecer Normativo
PN - TC - 12/2007 e tomou como base unicamente o disposto no art. 18, cabeça, da Lei de
Responsabilidade Fiscal - LRF, que é taxativo ao determinar a inclusão das contribuições
previdenciárias no cálculo da despesa com pessoal para fins da verificação de cumprimento
dos limites de 60% e 54%, estabelecidos, respectivamente, no art. 19, inciso Ill, e no
art. 20, inciso UI, alínea "b", ambos da LRF.
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Em relação às despesas com contribuições previdenciárias patronais em favor do Instituto


Nacional do Seguro Social - INSS, contabilizadas no exercício de 2006, mas sem efetiva
comprovação da sua quitação, verifica-se que, da importância inicialmente imputada ao
ex-gestor, R$ 5.818,06, apenas R$ 64,46 foram devidamente comprovados nesta
oportunidade com a Guia da Previdência Social - GPS e o seu comprovante de pagamento,
fls. 1.562/1.565.

Importa notar que a Guia de Despesa Extraorçamentária n.> 00203-3, no valor de


R$ 984,00, refere-se, em verdade, a recolhimento de Imposto sobre Serviços de Qualquer
Natureza - ISSQN, fls. 1.535/1.538, e as demais guias, fls. 1.539/1.561, embora indiquem a
retenção de contribuições para a previdência social em notas fiscais de serviços de
pavimentação no Distrito Bom Jesus, objeto de Convênio Estadual n.O 02112006, não estão
acompanhadas dos respectivos comprovantes do recolhimento junto ao INSS. Sendo assim,
divergindo do valor apurado pelos analistas deste Pretório de Contas na análise da peça
recursal, fi. 1.584, remanesce sem comprovação, na realidade, a quantia de R$ 5.753,60.

Impende comentar, ainda, que o recolhimento ao INSS de R$ 7.489,17 mencionado pelo


interessado, fI. 1.570, refere-se à competência 13/2007, conforme GPS em anexo, fi. 1.574,
e, portanto, não se relaciona ao período sub examine. Além disso, o suposto termo de
parcelamento da dívida do Município junto à autarquia previdenciária federal, diferentemente
do que informou o postulante, não foi acostado aos autos.

Por fim, cumpre salientar que as demais irregularidades remanescentes não devem sofrer
qualquer reparo, seja em razão da ausência de pronunciamento do impetrante a respeito, ou
porque as informações e os documentos inseridos no caderno processual não induziram à
sua modificação por ato oficial.

Ante o exposto, proponho que o Tribunal de Contas do Estado da Paraíba:

1) TOME conhecimento do recurso, diante da legitimidade do recorrente e da tempestividade


de sua apresentação, e, no mérito, dê-lhe provimento parcial, apenas para reduzir o débito
inicialmente imputado de R$ 5.818,06 para R$ 5.753,60, concernente a despesas com
obrigações patronais empenhadas sem a correspondente comprovação da sua efetiva '<

quitação, bem como para reconhecer a insubsistência das irregularidades atinentes aos
gastos com pessoal do Município e do Poder Executivo acima dos limites definidos na Lei de '\r----/
Responsabilidade Fiscal, reduzindo, como consequência, a divergência entre o montante da
despesa com pessoal indicado no Relatório de Gestão Fiscal - RGF do 20 semestre e aquele li \
calculado com base nos dados da prestação de contas, que evidenciam, após os devidos
ajustes, os valores, respectivamente, de R$ 2.698.023,08 e R$ 2.672.307,34.

2) REMETA os presentes autos à Corregedoria deste Sinédrio de Contas para as providências


que se fizerem necessárias.

É a proposta.

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