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O Amor de Deus e o Amor do proximo

« Pois, como há de querer amar ao Pai, que ele não vê, quando não
ama a seu irmão, a quem vê e conhece a sua necessidade! »

Jakob Lorber
O Grande Evangelho de João – Volume I

125. Continuação da controvérsia entre o Senhor e os discípulos de João, a


respeito dos essênios. A inteligência comum do cidadão. A casa do aduaneiro
Matheus como exemplo humanitário. Bênção e Confiança Divinas.
Testemunho do Senhor sobre João Baptista. Séria advertência sobre a
caridade e misericórdia para com os pobres. O inimigo de Deus.

1. Dizem todos: “Por acaso agimos mal, vivendo de acordo com os


ensinamentos dados por João? Foi ele um pregador severo, mas nunca
nos deu lição igual a esta!
2. Conhecemos a ordem dos essênios, que também é bastante severa
e cujo preceito máximo é a verdade. Mas, que adianta tudo isto? Quem
os considera? Nem os judeus, nem os gregos; contam alguns adeptos
entre os romanos. Sua doutrina pode ser boa, mas não é aplicável a toda
a Humanidade!
3. De que nos servem palavras bonitas e retumbantes a favor
do humanismo?
4. Vê, esta casa é grande, boa e hospitaleira, não havendo outra que
se lhe possa comparar; achas, porém, que ela deva sempre prontificar-se a
receber todas as pessoas, nossos irmãos? Mesmo com a maior boa vontade,
isto não seria possível pela insuficiência de espaço, meios, mantimentos
etc.
5. Suponhamos que um casal de pobres conseguisse, com muito
sacrifício, a construção de um casebre e juntasse o imprescindível para se
alimentar durante o inverno; se se aproximassem dele dez pessoas e exigissem
pousada e passadio, dize-me Tu, – existiria uma doutrina que
obrigasse ou, apenas, aconselhasse aqueles dois a aceitar os dez, pois que
seria bom e meritoso, conseguindo, desta maneira, sua própria ruína?!”
6. Digo Eu: “Todo pássaro canta de acordo com o seu bico e vós
falais dentro de vossa razão! Eis tudo que Eu vos posso dizer! Pois se vos
falasse coisas mais elevadas e verdadeiras, dos Céus, não Me entenderíeis,
porque vosso coração vos impediria disto!
7. Tolos, quem faz crescer e amadurecer os frutos nesta terra? Quem
conserva e lhe fornece a energia necessária para tanto? Pensais que Deus
não quer, ou não pode recompensar aquele que se sacrifica em favor do seu
irmão? Ou julgais que Ele seja Injusto, exigindo do homem o impossível?!
8. Penso que uma vontade verdadeiramente boa e o desejo forte de
auxiliar o próximo é possível a todos!
9. Se todos se empolgassem com esta idéia, não haveria na terra um
casebre que fosse habitado, apenas por duas pessoas.
10. Vede, esta casa de Matheus abrigou a muitos e deu-lhes de bom
coração todo o seu provimento; se não o acreditais, verificai sua despensa
e seu celeiro e não encontrareis um grão sequer! Aqui se encontra o dono
da casa, perguntai-lhe se disse u’a mentira!”
11. Diz Matheus: “Senhor, infelizmente é assim e não sei como cuidar
amanhã dos meus hóspedes. Isto já se deu muitas vezes, mas eu confiei
em Deus – e eis que tudo se renovou e eu pude satisfazê-los!”
12. “Vede”, digo Eu, “assim pensa e age um homem justo desta terra
e não se queixa de que o Pai o abandonasse! Assim foi e será eternamente!
13. Quem confia em Deus, merece também Sua Confiança e Seu
Amparo! Mas aqueles, como vós, que embora crendo, não confiam Nele
inteiramente, pois seu coração lhes diz que não merecem uma Ajuda
Divina, a estes Deus não atenderá. Não têm confiança no Pai, mas sim,
unicamente em suas forças e meios que julgam inatingíveis, e dizem:
“Olha, se queres ser ajudado, faze algo por ti, pois todo homem é o seu
semelhante mais próximo e deve tratar primeiro do seu bem-estar!” Até
que tenha conseguido isto, o necessitado morre!
14. Eu vos digo: Se tratardes primeiro de vós, sereis abandonados
por Deus e desprovidos de Sua Bênção e de Sua Ajuda segura! Pois Ele
não fez o homem por egoísmo, fê-lo por Amor – por isso devem as
criaturas corresponder a este Amor, que lhes deu a vida!
15. Se viverdes e agirdes sem amor e confiança no Pai, transformareis
o que é divino em vós, em diabólico, afastando-vos Dele para vos tornardes
servos do inferno, que vos dará o prêmio merecido, isto é: a morte na ira
de Deus.
16. Alegais que os essênios, que vivem pela doutrina de Pitágoras, são
considerados apenas por alguns romanos, em virtude de sua pura filantropia.
17. Eu também não os considero, por negarem a imortalidade da
alma; entretanto, o pior entre eles é superior ao melhor entre vós!
18. Digo-vos, abertamente: entre todos que, desde o início deste
mundo, nasceram pela mulher, não houve maior do que João; de agora
em diante, porém, o mais humilde dos Meus discípulos no Verdadeiro
Reino de Deus, será maior do que ele, que chamais vosso mestre, sem,
entretanto, jamais o compreenderdes! Ele vos mostrou o caminho que se
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Me conduz e vos aplainou este caminho, mas o mundo em vós, cegou
vossos corações; por isto não reconheceis se de fato já vos achais Comigo!
19. Ide, portanto, e tratai de vosso mundo, de vossas mulheres e
filhos, para que não andem desnudos e não venham a sofrer fome e sede;
em breve, porém, far-se-á sentir o benefício que lhes proporcionastes
com isto! Digo-vos, que Deus não cuidará deles!
20. Digo mais: Todo aquele que possuir fortuna, terras ou ofícios
que lhe dêem grandes lucros, fazer economias para si e seus filhos, e, no
entanto, desprezar os irmãos necessitados, afastando as crianças pobres
quando lhe pedirem um óbolo – é um inimigo de Deus! Como também
aquele que disser a um pobre: “Volta daqui a alguns dias ou semanas, que
farei isto ou aquilo em teu benefício”, – e, quando o pobre todo esperançoso,
procurá-lo para o cumprimento das promessas, ele desculpa-se alegando
que no momento essa ajuda não é possível (embora tendo a possibilidade
para tanto), em verdade vos digo: Também é um inimigo de
Deus! Pois, como há de querer amar ao Pai, que ele não vê, quando não
ama a seu irmão, a quem vê e conhece a sua necessidade!
21. Eu vos digo: Quem abandona seu irmão na miséria abandona,
juntamente – Deus e o Céu! E Deus o abandonará sem que ele se dê
conta disto!
22. Mas, quem não desamparar seus pobres irmãos, mesmo se Deus
lhe mandar uma provação, este será abençoado mais fartamente na terra
e no Céu, do que a despensa e o celeiro de nosso hospedeiro!”

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