You are on page 1of 452
FLAVIO VELLINI FERREIRA 5? edi¢cao NO DIVISAO ODONTOLOGICA Cows nk wow on) INDICE Fundamentos Biolégicos Basicos em Ortodontia, 1 Crescimento ¢ Desenvolvimento Craniofacial, 31 Desenvolvimento da Denticio, 57 Oclusao e Equilibrio dos Dentes, 73 Classificacao das Mas Oclusées, 97 Fotografia em Ortodontia, 115 Moldagem e Modelos de Estudo, 141 Andlise de Modelo, 159 Extracées Seriadas, 171 Radiografia de Mao e Punho, 187 Andlise de Bolton, 225 Etiologia das Mas Oclu: s Dentais, 233 Habitos em Ortodontia, 253 Avaliacio Fonoaudiolégica, 281 Cefalometria Clinica, 311 Anilises Cefalométricas: Tweed e Steiner, 331 Andlise Cefalométrica de McNamara, 347 Biomecanica do Movimento Dental, 361 Ancoragem, 399 A Informatica na Clinica Ortodéntica, 427 Ficha Clinica, 447 Diagnéstico € Planejamento Clinico, #73 INTRODUGAO Os conceitos biokigicos basicos sio funda- meniais para a pritica ortodéntica moderna, Dai este capitulo abranger os diferentes aspec- tos anatomofuncionais do aparelho mastigador como um todo. Procuramos resumir, nos parigrafos seguin- tes, os fundamentos anatomicos que interessam 4 ortodontia clinica, mais sob 0 ponto de vista funcional do que estético, proprian Embora 0 interesse primordial das indagacdes mi a estrutura, esta e a funcio devem ser consideradas integradamente. A evolucio da anatomia tem ocorrido 10 sentido de tornéta uma ciéncia dinamica, ao invés de uma ciéneia calcada em dados puramente es peculativos, nao orientacos para seu verdadeiro sentido de aplicacdo. A morfologia pura e simples busca na fiungao a complementagao de suas inda- gagdes descritivas. Se assim nao fose, 0 estudo de lum miiscuto seria enfadonho, desde que nag ace- nase para 0 porqué de sua existéncia, de suas relagdes ¢ fangSes. Os conhecimentos anatémi- cos nao podem abstrairse dos fisiolégicos, 0 que dizer — forma e fumeao nao podem ser sepa- radas. A evidéncia das idéias expostas destacase, sobretudo, em ortodontia, no estudo da anato- mia do tecido dsseo. Neste, a funcio se integra exatamente na estrutura, ¢ a oposicio entre a forma e a funcio nao tem sentido algum, pois a atividade funcional se insere no arcabougo anatd- ico. Embora os conceitos aqui expressos convir- jam, em esséncia, para o aparelho mastigador, rio se pode abstrair do fato de que ele é parte do aparelho de nutri¢io que, por sua vez, é parte integrante ¢ integradora do ser individual, As unidades biolégicas que contribuem para o desempenho de uma funcio geral deter minada ¢ que se constituem num aparelho (ou sistema), nao sio independentes, mas sim co nectaclas anatémica e funcionalmente, através de miiltiplas interacdes estabelecidas entre dr gaos de um mesmo aparelho, ou de 6 aparelhos diferentes. Exemplos destas correla- ces morfofuncionais so dados pelo sistema nervoso € endécrino, quando unem partes para a formacio de um todo. Assim sendo, algumas vezes a5 mas oclusdes refletem disfungdes distantes do aparelho mas- 8 desfavordveis nte dito, a0 tratamento ortodéntico sdo imputadas a cer tas glandulas endécrinas, devido a alteracoes no metabolismo do calcio que podem ocorver durante a adolescéncia, TOS BIOLOGICOS BASICOS EM RTO! 1— ESTRUTURAS CONSTITUINTES DO APARELHO MASTIGADOR Os constituintes do aparetho mastigador so: 1. Estruturas passivas * ossos de sustentacdo + juntura temporomandibular #dentes e elementos de suporte ‘+ mucosa bucolingual. 2. Estruturas ativas autos { Mstigadores, cutineos, supra € infrachioideos *# Libios, bochechas e soalho bucal gua + glindulas salivares * vasos € nervos Tentar estabelecer para o aparelho masti- gador estruturas mais ou menos importantes €, certamente, incidir em erro. Isto porque todas so essenciais para o bom funciona- mento do sistema e do organismo, un que cada uma desempenha papel preponde. rante para o bem-estar do todo. Nas socieda- des celulares altamente organizadas dos me~ tazoarios mais evoluidos, 2 divisio do traba- Iho (especializacdo) das unidades biolégicas € levada a0 extremo, sempre com a finalida- de de servir, de funcionar para o bem geral de todo 0 organismo. A hierarquizacio fun- cional s6 pode ser estabelecida quando se de fine ponto de vista do observador, que é sempre convencional, ainda que possa pare- cer morfofuncionalmente justificavel. Dizer, por exemplo, que os dentes € oss0s sio, para 6 ortodontista, as mais importantes pecas do aparelho mastigador nio tem sentido, desde que nao se defina 0 ponto de vista do obser- vador. E necessirio ter em mente que este aparelho representa, anatomica e functonal- mente, uma parte corpérea ¢, por conse- qiiéncia, nao pode ser analisado © tratado como uma unidade anatémica separada, sem que se voltem as vistas para a satide geral do individuo. Contudo, e apenas com finalidade didatica, costumasse colocar, sob 0 ponto de ista da conceituacao “stricto sensu”, 0 termo mastigador com 0 significado de triturador, esmagador, despedacador de substincias mentares, Daf a razao de se dar maior énfase as partes que mais ostensivamente exercem estas fungSes, a saber: dentes com os tecidos de sustentacao, ossos, junturas © muisculos, 4 ORTODONTIA + DIAGNOSTICO E PLANEJAMENTO CLINICO. Il — EVOLUGAO FILOGENETICA Procedendose a uma ripida inspecio na histéria filogenética do aparelho mastigador, notase claramente que em sua organizacio predominam os processos de adaptacao € espe- cializacio. Uma tendéncia caracteristica na evo- lucao da dentadura humana, documentada pe- los fésseis hominideos, atesta uma involucao do referido aparelho. A auséncia dos dentes terce- ros mokares, incisivos laterais superiores e, nos freqiientemente, segundos premolares in- feriores ¢ fato interpretado como inelicio destas tendéncias. A esses caracteres & preciso acres centar os devides aos suportes dsseos (maxila e mandibula): diminuicio dos maxilares com conseqiiente encurtamento da absbada palati- na ¢ fusionamento precoce da pré-maxila; re- ducio da dimensio anteroposterior da mandi- bula, verticalizarao da sinlise € formacao do mento. © crescimento do encéfalo € 0 encuramento dos maxilares, a diminuicéo voluméarica dos mi culos mastigadores ¢ o desvio para tris dos oss0s do macico facial mostram que, em relacio a0s outros Primates, 0 homem possi tum aparelho mastigador pouco especializado, sobre o qual se manifesta indiscutiveis sinais de reducio. No tocante 4 ordem de erupcao dos dentes, os segundos € terceitos molares monofisiios sdo 0s iiltimos a irromperem. Observando-se 0 que acontece em toda ordem dos Primates, veri= fica-se que esta particularidade humana ¢ 0 re- sultado do retardamemto gradual da erupeio destes dente Segundo Schult, a ordem de erupcio origi- nal e primitiva dos dentes dos. primatas seria Contudo, enquanto a erupgao do ML c serva seu niimero de ordem original ¢ pti vo, ado M3 e depois a do M2 ¢, pauta te (A medida que se sobe na eseala dos prima tas), precedida pela erupeio dos in: por tiltimo, pela erupcao dos premolares ¢ dos caninos, de sorte que no Hono sapiens temse a seqiiéncia de erupgio: 1. Primeiros molares 2 Incisivos centrais ¢ laterais inferiores 3, Incisivos centrais superiores 4 Incisivos laterais superiores Caninos inferiores 6, Primeiros premolares 7. Segundos premolares 8, Caninos superiores 9. Segundos molar 10. Terceiros molares. Estudos realizados por Della Serra a respei to da ordem de erupgao dos dentes defini dos simios do lemuriformes f6sseis ow viventes, sobre maca cos catarrineos ¢ antropomorfos, bem como sobre o homem fossil ¢ vivente, estio sintetiza dos no quadro geral das tendéncias erupt dos dentes, como segue: ‘ODEN DE ERUPCAO DoS DENTES DEFINITIVOS DOS PRIMATES (Seunoo Scuuttze Delia Seana) | | | Formule ofiginal hisotética Schutz) Actes | Archaeclemur Lemur Saimiri Alouat, Atcles, rostyieles, Cebus logoshix, Pihecia Collcebus, Popio, Hylobotes, Pongo, Fon, Gevila Homo nearclenhalesis bosquimanos, rumerosos homens fseis prchistvicos Homo sopiens a MI M2 M3 i 12) PPC | MI M2 M3 1 12 PPP OC Te wh ~~ MI M2 11 12) M3 PPP 0 MI oM2 1112 PPR | | | MI il 12 M2 Pe ce Pe OM

You might also like