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A arte contemporânea Anne Cauquelin

Sociedade do consumo: produtor  intermediários  consumidor


Sociedade da comunicação: rede (circularidade)

***

Conceitos:

Rede

 Sistema de ligações multi-polares


 Múltiplas entradas
 Diversos canais tecnológicos ligados entre si
 Mobilidade extrema
 Noção de “sujeito comunicante” se apaga (exemplo: mídia / agência de
notícias)

Anelação

 Já não se pode sair da rede


 Cada parte da rede é virtualmente a rede total
 A rede repete-se a si própria

Redundância e saturação

 Redundância assegura a manutenção da rede, mas condena-a à


saturação
 Redistribuição instantânea que anula a diferença

Nominação

 Serve para atenuar a dificuldade decorrente da saturação


 Nome cria a diferença
 A nominação é individualizante
 O número de ligações a partir de cada entrada é medida de complexidade

Construção da realidade

 Realidade não é apreendida pelos sentidos, mas pela linguagem


 A intencionalidade do sujeito cede lugar à intencionalidade única de
comunicar

 Benjamin: novas tecnologias influem na forma de apreensão do mundo

***
Transformações se refletem no domínio artístico:

 Registro da circulação (mercado)


 Registro intra-artístico (conteúdo das obras)
***

1. O efeito da rede

a) Produtores

 transformam a informação através dos circuitos ultra-rápidos que as


novas tecnologias oferecem
 Passar a informação é também fabricá-la
 Agentes: conservadores dos grandes museus, galeristas, peritos,
diretores de fundações internacionais
 Determinam o valor econômico e, por conseqüência, o estético
 Velocidade de transmissão
 Avanço do signo sobre a coisa (antes de ter sido exposta, o signo de uma
obra já circula pela rede)
 Se a galeria que lança o artista faz parte da rede, isso garante que o
artista é bom

b) Níveis de produção

 Redes de primeira grandeza (trabalhada ativamente) e redes satélites


(acaso)
 Fluidez do poder de decisão (não é central: uma instituição só tem poder
na medida em que é capaz de estar presente em toda a rede)

c) A encomenda

 Provém de instituições como museus ou departamentos de arte


contemporânea
 Tem por função designar ao público o que é a arte contemporânea
 Promoção das obras: seguiria critérios puramente estéticos (mito) / rede
não considera o conteúdo das transmissões; apenas sua circulação
(verdade)
 Encomenda das obras já valorizadas e escolhidas pelos produtores
 Circularidade: os grandes colecionadores-marchands, que configuram o
valor econômico, remetem aos conservadores (colecionadores do
Estado), que determinam o valor estético
d) Os auxiliares de produção

 Crítico de arte (figura influente no cenário da arte moderna) hoje surge


acompanhado dos publicitários
 É peça do dispositivo de visualização
 Papéis não são individuais

e) Os “artistas-criadores”

 Obra e artista são elementos constitutivos (sem eles, a rede não existe),
mas são também um produto da rede (sem a rede, eles não existem)
 O que define o artista é a idéia (projeto) da obra.

2. O efeito da anelação

 Reconhecemos não as obras singulares, mas uma imagem da própria


rede
 Quando vemos uma obra de “arte contemporânea”, vemos a arte
contemporânea em seu conjunto (anulação do sujeito comunicante)
 Mecanismos não estão escondidos: Kunst Kompass (estabelece escala
de notoriedade dos artistas e determina escolhas futuras)
 Tudo tornar público: a informação manipulada é fato do antigo regime,
em que emissor era distinto do receptor; hoje a velocidade de
transmissão exerce papel descriminante.
 Artista ou é internacional, ou não é nada
 Ubiqüidade / objeto de giro circular: produz espécie de vertigem,
saturação.
 Torna-se necessário renovar, multiplicar novas entradas.
 Vanguardas da arte moderna colocavam-se fora do mercado oficial para
preservar autonomia da arte; com a arte contemporânea dá-se uma
absorção da autonomia pela comunicação.
 Necessidades contraditórias; renovação e redundância.
 Sinal de identidade: é preciso que se repita, faça eco a si próprio
 Usura de sua visualização ofuscante

O consumidor da rede

 Destinatários são os próprios gestores da rede; o mesmo que fabrica a


informação irá consumi-la.
 Público: seu julgamento de valor é posto entre parêntesis. O preço
assegura que o espetáculo tem seu valor. O público só faz “coro”.
 A visualização traz a significação (invólucro sobre conteúdo)
3. O efeito “realidade-segunda”

 Encobrimento: imagem que fazemos da arte entra em contradição com o


processo contemporâneo de sua valorização.
 Há o desejo de manter esta construção mental “tradicional” do mundo da
arte.
 Realidade-segunda da arte: não tem a ver com o gosto, o belo, o gênio, o
único, ou seja, não tem mais uma realidade em si própria (uma
autonomia), ela constrói-se fora das qualidades próprias da obra, na
imagem que ela suscita nos circuitos da comunicação.
 Estética: atividade na qual são julgadas as obras (valores essenciais da
arte) x campo artístico: campo das atividades da arte contemporânea.
 Denominação: será dita artística toda obra que aparece no camo definido
como domínio da “arte”.

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