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Titulo original: “Herder Lexicon — Symbole”. Copyright © 1978, 1990 Verlag Herder Freiburg im Breisgaer. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou usada de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrénico ou mecanico, inclusive fotocopias, gravagdes ou sistema de armazenamento em banco de dados, sem permissio por escrito, exceto nos casos de trechos curtos citados em resenhas criticas ou artigos de revistas, Composigao: Cireulo do Livro. CAPA: A criagdo do homem. Na presenga dos deuses do Olimpo, Prometeu se prepara para instilar vida no corpo do primeiro homem (baixo-relevo). O primeiro nimero & esquerda indica 2 edigdo, ou reedigdo, desta obra. A primeira dezena 2 direita indica 0 ano em que esta edigdo, ou reedigo foi publicada. Edigto Ano 10-11-12-13-14-15 07-08-09-10-11-12-13 Dircitos de tradugo para a lingua portuguesa adquiridos com exclusividade pela EDITORA PENSAMENTO-CULTRIX LTDA. Rua Dr. Mario Vicente, 368 — 04270-0600 — Sdo Paulo, SP Fone: 6166-9000 - Fax: 6166-9008 : pensamento@cultrix.com.br hitp://www.pensamento-cultrix.com.br que se reserva a propriedade literdria desta tradugao. Introducgao Toda linguagem transmite e comunica experiéncias. E como todas elas, a linguagem dos simbolos também vive da tensdo que ha entre o significante ¢ o significa- do. Contudo, enquanto as unidades lingiiisticas — as pa- lavras — estéo somente subordinadas aos respectivos objetos referidos, o simbolo une significante e significa- do de maneira indissoltivel. Muitas vezes, sobretudo na visao de mundo mitico-magica, essa ligacao era téo es- treita que quase se assemelhava a uma identidade. Inu- meros conteudos ainda percebidos como simbolos eram, em sua origem, a expresso de realidades imediatas; as- sim, 0 Sol nao era simbolo da luz divina, mas ele pr prio um deus; a serpente nao era simbolo do mal, mas a propria maldade; ¢ a cor vermelha nao era um mero simbolo da vida, mas a propria forca vital. Por essa r zo, é dificil delimitar com precisao as fronteiras exi: tentes entre as concepgées miticas e magicas e 0 pensa- mento simbdlico. Outra caracteristica do simbolo como portador de significados é sua riqueza de interpretacdes, freqiiente- mente tao ampla que mesmo significados opostos podem combinar-se em um unico simbolo. Se por um lado é pos- sivel reduzir ou atenuar a multiplicidade de sentidos dos signos linguisticos falados e escritos acrescentando ou- tros signos e observando as regras gramaticais, por ou- tro, sé é possivel traduzir a riqueza de interpretagdes do simbolo de maneira incompleta ou vaga, por meio de des- crigGes contextuais: o contetido da imagem simbodlica per- manece, afinal, intraduzivel, circunscrito a visdo interior. Todos os que se ocupam dos simbolos deparam com essas dificuldades. Além disso, o presente volume viu-se colocado fundamentalmente diante da questdo da esco- tha, visto que ele tenta dar informag6es sucintas a res- peito de simbolos oriundos de intimeros circulos culturais. Foram incluidos de preferéncia os simbolos ainda presen- tes na consciéncia do homem europeu. O conceito ‘‘simbo- lo” foi assim entendido de maneira bem ampla; entretanto, por questdo de espaco, quase nado foram abordadas as ale- gorias e os signos. Consideraram-se sobretudo as concep- gGes simbdlicas ‘‘antigas’”’ que permaneceram vivas para muitos povos durante séculos ou aquelas ainda existentes (por essa razao, as fontes nao foram indicadas com preci- sao). Eventualmente, foram incluidas as representacdes equi- valentes a simbolos que ainda estejam vivas em nossa consciéncia, na linguagem coloquial ou nas expressdes idio- maticas; também foram levadas em consideracao diversas especulagGes supersticiosas reiteradamente ligadas ao pen- samento simbélico. Outrossim, ocupam aqui um espaco re- lativamente amplo as interpretages plasticas do mundo associadas ao pensamento mistico (por exemplo, as cosmo- g6nicas ou alquimicas). Por outro lado, figuras mitoldgi- cas como deuses e herdis nao foram aqui tratadas, excetuan- do-se os diversos monstros e seres hibridos da Antiguida- de, metade homem e metade animal (por exemplo: Centauro, Quimera, Furias etc.) que, no linguajar atual, ainda desem- penham o papel de imagens com cardter simbélico. Gru- pos de simbolos, como os da Virgem Maria, do Dircito, os sexuais e os da morte ndo foram incluidos, salvo algumas excegdes (por exemplo, as estagdes do ano) devido a abun- dancia de material a ser abordado. Assim, a,interpretacao psicanalitica dos simbolos s6 foi expressamente indicada quando sua relacdo com a analise psicolégica profunda era bem evidente. Em principio, enfatizamos sempre que pos- sivel 0 significado psicanalitico do simbolo. O leitor encontrara neste volume uma visdo geral da riqueza do pensamento simbélico humano apoiado em exem- plos e, ao mesmo tempo, sera estimulado a continuar a pes- quisar por conta propria. Por isso esperamos que este livro possa contribuir para que nés, que costumamos menospre- zar os simbolos como algo demasiado simples e como se fossem imprecisées irracionais, ndo sé continuemos a con- sumir a torrente de imagens criadas pelos meios de comu- nicacéo, mas também reativemos os resquicios de nosso pensamento pidstico atrofiado ao longo de nossa evolucdo. Na verdade, um simbolo nunca é¢ tao preciso quanto a pa- lavra abstrata, mas transmite, sem dtivida alguma, uma rea- lidade bem mais complexa. Abano — ? Leque. Abelha — E um simbolo relacionado com diversas quali- dades, sobretudo com a aplicacdo, a organizacdo e a pure- za, j4 que a abelha evita a impureza e vive do “‘perfume”’ das flores. Na Caldéia e na Franca imperial, era simbo!o da realeza (por longo tempo a abelha-mestra foi vista co- mo um rei); presumivelmente, a flor-de-lis de Bourbon desenvolveu-se a partir da abelha como simbolo. Na Gré- cia, ela era considerada um animal sacerdotal (as sacerdo- tisas de Eléusis e de Efeso se chamavam abelhas, numa provavel referéncia a ‘“‘virgindade"’ das abelhas operarias). Por parecer que morre no inverno ¢ ressurge na primavera, a abelha também surge diversas vezes como simbolo da mor- te e da ressurreigao (Deméter — Perséfone, Cristo). Além disso, seu trabalho incansdvel fez com que se tornasse no cristianismo um simbolo da esperanca. Para Bernardo de Clairvaux, ela era um simbolo do Espirito Santo. A rela- cdo entre / mel e ferrdo foi um outro motivo para fazer da abelha um simbolo de Cristo: o mel representa, nesse caso, a docura e a misericordia de Cristo, e o ferrao representa © proprio Cristo, o juiz do mundo. Visto que as abelhas, de acordo com as antigas tradi¢des, ndo produzem elas mes- mas a sua prole, mas a retiram das flores, foram conside- radas na Idade Média um simbolo da Imaculada Con- ceigao. Por fim, também simbolizavam muitas vezes a clo- qiiéncia meliflua, a inteligéncia ¢ a poesia. Abertura da boca — / Boca. Abetarda — Grou que se movimenta freqiientemente ca- minhando. O macho é acompanhado quase sempre de mui- tas fémeas, sendo por isso, para os povos da Africa negra, simbolo da poligamia. Por ficar preso a terra, esse passaro também é€ visto como simbolo das criangas que nado que- rem se desprender da mae. Abismo — O insondavel e o sem-fundo simbolizam os es- tados (ainda) informes ou inimaginaveis do ponto de vista da consciéncia; por conseguinte o abismo simboliza tanto as origens como o fim do mundo, envoltos em trevas, a in- definic&o da primeira infancia ¢ a dissolucdo da pessoa na morte; mas também a integragéo com o absoluto na unio mystica. Para C. G. Jung, o simbolo do abismo esta ligado ao arquétipo (7 arquétipos) da mae amorosa e ao mesmo. tempo terrivel, e também as forcas do inconsciente. Ablucao — Em quase todas as religides, lavam-se sobretu- do as mdos em sinal de purificagao ritual antes das agdes Abelha: duas abelhas com favo de mel; pingente mindico Abelha: hierdglifos acerca da nomeacio do rei; 0 junco ea abelha, rei do Alto e do Baixo Egito Abobada Ablugdo: lava-pés de Jesus; segundo uma representagéo encontrada no epistoldrio da Catedral de Speyer Abraio: Seio de Abrado; miniatura do século XH ABRACADABRA ABRACADABR Silaciério 10 sagradas. Pilatos lavou as mos expressando assim, simbo- licamente, a rentincia a responsabilidade. O lava-pés era con- siderado no Oriente um obséquio aos estranhos e aos hés- pedes; Cristo lavou os pés de seus discipulos como prova e simbolo de seu amor obsequioso; desde o século VII essa cerim6nia é executada na liturgia catélica da Quinta-Feira Santa. 4 Banho, / batismo. Abébada — / Cupula. Abébora — Em razdo de suas inimeras sementes é um'sim- bolo de fecundidade, como a roma, a cidra (/ cidreira) etc. Para os povos da Africa negra, entre outros, a abébora sim- boliza também 0 Ovo do Mundo (f ovo) e 0 utero. No taois- mo é venerada também como alimento que concede a longevidade ¢ a imortalidade fisica. Duas metades de abé- bora seca, usadas para beber, tinham na China o significa- do simbélico da pureza original partida em dois pedacos. Na iconografia crista, por crescer e estragar-se rapidamen- te, a abobora significa quase sempre a brevidade e a fragi- lidade da vida. Abraao — O patriarca biblico era freqiientemente conce- bido como figura simbdlica de uma nova geracao humana; representa o homem escolhido por Deus e abengoado com promessas cumpridas (riqueza, descendéncia); considerado, além disso, 0 protétipo de uma fé absoluta e submissa e de uma abnegacdo incontestavel. O ‘‘sacrificio’’ de seu fi- lho Isaac foi interpretado muitas vezes como a prefigura- go simbdlica da Paixao de Cristo. As representagdes do Seio de Abrado séo um simbolo do amparo dos fiéis em Deus: Abrado, considerado no Novo Testamento um pri- vilegiado no Paraiso, aparece segurando ao colo um grupo de eleitos envoltos por seu manto; eventualmente, encontra- se também Lazaro no colo de Abraao (em uma referéncia a parabola do pobre Lazaro). Abracadabra — Palavra magica j4 conhecida nos escritos gregos posteriores, provavelmente relacionada com / abra- xas. Utilizada como inscrigéo em amuletos, sobretudo no Silactério (t ), para ‘‘fazer sumir’’ as doencas, da mes- ma forma que as letras vdo desaparecendo. Abraxas — Palavras magica, nome do deus do ano en- tre os gnésticos gregos; a palavra compde-se provavel- mente das letras iniciais do nome de Deus em hebraico. As sete letras do nome tém o valor numérico de 365 (a= 1, b=2, r=100, x= 60, s = 200). A palavra é encontrada co- mo signo magico e simbolo da totalidade (referindo-se, Acanto entre outras coisas, ao ntimero / sete) nos papiros magicos helenisticos e também nos amuletos de pedra medievais ¢ da Antiguidade, quase sempre relacionada com tronco hu- mano com cabeca de galo, bracos humanos e pernas de serpente. Absinto — Losna; espécie de artemisia da familia das com- Ppostas com inflorescéncias de até um metro de altura; planta medicinal e condimento nas regides quentes da Eurasia; seu sabor amargo fez dela um simbolo da dor e da amargura. Abutre — Em muitas culturas indigenas é simbolo relacio- nado com o poder purificador e doador de vitalidade do ? fogo e do # Sol; para os maias, simbolizava também a morte. Por alimentar-se de carniga, transformando-a, por- tanto, em forga vital, é considerado muitas vezes na Africa como o ser que conhece o segredo da verdadeira transmu- taco de matérias sem valor em # ouro. No Egito, 0 abu- tre era um protetor dos faraés; as rainhas egipcias usavam_ o elmo de abutre protetor, uma peca de vestuario em for- ma de abutre cujas asas cobriam lateralmente a cabeca de- las, enquanto a cabeca do abutre salientava-se sobre a testa. A Antiguidade via no abutre um passaro que prenuncia o destino com seu v6o; era consagrado a Apolo. Visto que, segundo a antiga concep¢ao da natureza, os ovos do abu- tre fémea sao fecundados pelo vento leste, ele é um simbo- lo da virgindade de Maria, no simbolismo cristao. Abraxas: camafeu Abutre: 0 abutre como protetor dos reis egipcios Acacia — Arvore freqiientemente equiparada a robinia ou a mimosa. A madeira da acacia auténtica é muito res te, sendo por isso considerada um simbolo da imutabilida- bi de, Ela é, sobretudo para os franco-macons, um simbolo aa de pureza, imortalidade ¢ iniciagao. Anni peatedo — A Groce: e Acima: flor e fotha; Acanto — Planta de paises mais quentes, semelhante a0 car- gygixo: 0 acanio em do. As folhas largas e recortadas das duas espécies de acan- um capite! 1 Acha Adio e Eva: Eva entregando a magi a Adio; Catedral de Reims; século XII 12 to da regiao mediterranea serviam de modelo para ornamen- tos, empregadas sobretudo no capitel corintio; o acanto era utilizado também como entrelagamento para a cobertura de superficies. O significado simbélico dessa planta rela- ciona-se provavelmente com seus espinhos; indica que uma questao dificil foi completamente resolvida. Acha — / Machado. Agor — Ave de rapina bastante conhecida, era um simbo- lo da morte na iconografia crista da Idade Média. Actleo — / Espinho. Adao — No relato biblico da criacao, representa o primei- ro homem, i.e., o homem propriamente dito. Na iconogra- fia aparece muito raramente sem Eva (f Adao e Eva). Segundo a lenda, a colina chamada Gdlgota foi o lugar do sepultamento de Addo, representado por seu cranio freqiien- temente encontrado ao pé da cruz nas imagens da crucifi- cacao (eventualmente também com a costela de que surgiu Eva ou com o esqueleto inteiro); referéncia simbdlica a Cris- to como o novo Adio. Na alquimia, significa por vezes a materia prima. ParaC. G. Jung, simboliza o ‘‘homem cés- mico”’, a origem de todas as energias psiquicas; surge co- mumente nos sonhos sob a forma do velho sabio. Adao e Eva — Segundo 0 relato biblico da criacao, perso- nificam, o primeiro, i.e., 0 casal tipico. Representagao mais freqiiente: a tentagdo da / serpente, junto muitas vezes com © surgimento da vergonha e a expulsdo do Paraiso. Adao e Eva aparecem também nos dois lados da cruz de Cristo, representando todos os homens que, segundo Cristo, en- contrardo a reden¢ado. Nao raro encontram-se tracos sim- bédlicos em Adao e Eva: um / cordeiro junto aos pés de Eva refere-se a Cristo, um de seus descendentes. Ovelhas, espi- gas e ferramentas indicam o trabalho que deve ser feito no outro lado do Paraiso. Advento, coroa do — f Coroa. Aerélito — 7 Pedra. Agarico — f Visco. Agata — Pedra de adorno muito apreciada desde a Anti- guidade; usada como remédio ¢ afrodisiaco ¢ também co- mo protegdo contra tormenta, picada de cobra e mau-olha- do, entre outras coisas. Agave — Aloés, babosa; 0 aloés mencionado na Biblia é uma arvore alta de cuja madeira se extrai um 6leo aromati- co, amargo e muito valioso, freqiientemente utilizado jun- tocom af mirra; 0 aloés e seu dleo eram considerados sim- bolos da peniténcia e da abstinéncia; visto que é menciona- do no sepultamento de Cristo, também se relaciona simbo- licamente com a morte dele. Do agave de vida longa (e também do aloés de cem anos), brota somente uma vez um ramo comprido, carregado de flores, que murcha em segui- da; essa planta era considerada na Idade Média um simbo- lo da maternidade da Virgem Maria. Agriménia — Planta da familia das rosaceas, com cachos eretos e flores amarelas; antiga planta medicinal e magica. Afirmava-se que, colhida na Sexta-Feira Santa com um ins- trumento que ndo fosse de / ferro, a agriménia proporcio- naria as mulheres simpatia e amor. E encontrada muitas vezes em murais medievais ao lado da Virgem Maria como simbolo da cura. Agua — Simbolo com um horizonte complexo de signifi- cados. Como massa informe, indiferenciada, simboliza a infinitude de possibilidades ou os primérdios de todo o de- vir, a materia prima. Nesse sentido, aparece em inimeros mitos da criagdo: na mitologia hindu, por exemplo, carre- ga o Ovo do Mundo (f ovo). O Génese fala do espirito de Deus pairando sobre as aguas, nos primdrdios. Para diver- SOS povos, junta-se ainda a essa concep¢ao 0 fato simbdli- co de um animal que mergulha nas profundezas trazendo um pouco de terra das aguas infinitas. A Agua simboliza também a forca de regenerescéncia ¢ purificacao fisica, psi- quica e espiritual, tanto no islamismo, no hinduismo e no budismo como no cristianismo (f banho, f ablucdo, # ba- tismo). Nesse contexto, incluem-se também as concepc6es da Agua como fonte da juventude (f fonte). Na China, a Agua esta subordinada ao principio yin (f yin e yang) eem. outras culturas também esta ligada quase sempre ao femi- nino, 4 profundeza escurae 4 / Lua. Bastante difundido € 0 simbolismo da dgua (/ mar, / chuva) associado a ferti- lidade e 4 vida, opondo-se eventualmente, nesse aspecto, ao deserto. Também a fertilidade e a vida espiritual sao fre- qiientemente simbolizadas pela 4gua (f nascente); a Biblia, por exemplo, fala da agua da vida no sentido espiritual; tam- bém como simbolo da eternidade (Agua da vida eterna) a Agua a que nao se pode impor limites é encontrada em di- versos contextos. Mas a 4gua também pode ter, como po- der destruidor, um carter simbélico negativo; por exemplo, como dilivio. A psicandlise vé na agua sobretudo um sim- bolo do feminino e das forcas do inconsciente. Na alqui- mia, simboliza-se a 4gua com o sinal V . A astrologia associa Agua a) Agua: Aqudrio, signo do zodiaco; Denderah (Egito) b) Agua: Como elemento de unido € de opasicées; segundo uma representacdo em Trésor des trésors; século XVIT 13 Aguardente a) Aguia-real: medieval, com uma cabeca ) Aguia-real, com duas cabegas; a@ partir de 1401 ©) Aguia: como simbolo do espirito; de Hermafrodito, filho do Sol e da Lua; 1752 d) Aguia: simbolo do evangelista Jodo; capitel do Mosteiro de Saint-Trophime; Arles, século XI 14 a Agua aos seguintes signos do / zodiaco: Cancer, Escor- pido e Peixes. Aguardente — # Alcool. Aguia — Simbolo bastante difundido, quase sempre rela- cionado com o 7 Sole com / céu, eventualmente também com 0 / raio e com 0 # trovao. Acentuadamente simboli- cos eram, sobretudo, sua forga e resisténcia e seu voo em direc&o ao céu. Em muitas culturas indigenas, a aguia opde- se, na qualidade de parente do Sol ¢ do céu, ao ctdnico # ja- guar. Suas penas, simbolos dos raios do Sol, sao utilizadas como adorno cultual. A aguia é vista como a “‘rainha’’ das aves e j4 na Antiguidade era um simbolo dos reis e dos deu- ses. Na Antiguidade greco-romana, era 0 animal-simbolo que acompanhava Zeus (Jupiter). Na iconografia romana, uma aguia voando para o alto personifica ou carrega a al- ma do soberano que sobe aos céus apos a incineracgao do cadaver. As legides romanas tinham-na como signo cam- pal. Na Biblia, encontramo-la como simbolo de Deus todo- poderoso ou entao da forca da fé. O 7 ‘‘*Bestiario” atribui 4 dguia as mesmas caracteristicas legendarias da / fénix, sen- do por isso na Idade Média, um simbolo do renascimento ¢ do batismo ¢, eventualmente, também de Cristo ¢ (em ra- zo de seu v6o) de sua ascensao. Os misticos muitas vezes comparavam a Aguia levantando vo coma prece. Visto que ela, segundo consta (de acordo com Aristételes), ao alear v6éo olha diretamente para 0 Sol, é considerada também sim- bolo da contemplagao e do conhecimento espiritual. Em vir- tude disso e de seu v6o nas alturas, é também atributo do evangelista Jodo (f evangelistas, simbolos dos). Entre os sete pecados capitais, a dguia simboliza a soberba e, entre as qua- tro virtudes cardeais, a justica. C. G. Jung vé na dguia um simbolo paterno. Seguindo a tradi¢ao romana, era 0 em- blema do império alemao, sendo hoje o da Republica Fe- deral Alema; como signo da soberania, aparece também em muitos outros brasGes nacionais. Alamo — Choupo-tremedor; em razao de suas folhas tre- mularem ao vento mais brando, o alamo simboliza a dor e alamentacao; considerado pelos gregos a drvore que cresce nos infernos e, nesse sentido, simboliza o lamento finebre. Alcione — Espécie de martim-pescador; costuma voar aos pares, sendo por isso, simbolo da felicidade conjugal, so- bretudo na China. Na linguagem simbdlica crista, representa a ressurreigao, visto que ele, segundo a concep¢ao medie- val, renova anualmente toda a sua plumagem. Alquimia Alcool — Aguardente; simboliza a uniao dos elementos opostos / fogo e 7 agua, sendo portanto simbolo da ener- gia vital. Alecrim — Pequeno arbusto aromatico dos paises mediter- raneos, queimado pelos romanos nos sacrificios por causa de seu perfume. De acordo com os costumes populares, era considerado um remédio contra doengas e espiritos malig- nos ¢ utilizado nesse sentido sobretudo nas cerimOnias de nascimento, casamento e morte. O alecrim, planta robusta e sempre verde, é além disso um antigo simbolo do amor, da fidelidade e da fertilidade, da mesma forma que é — co- mo planta de defunto — um simbolo da imortalidade; ou- trora, as coroas nupciais geralmente eram feitas de alecrim, antes de passarem a ser trancadas com murta. Alfa — A primeira letra do alfabeto grego e a primeira le- tra da palavra arche = principio; simboliza na Biblia e na iconografia e literatura crista os primérdios. 4 Alfa e 6mega. Alfabeto — 7 Letras. Alfa e é6mega — A e Q: letras inicial e final do alfabeto grego, que ‘‘contém’’ todas as outras letras; por essa ra- zao, simbolizavam o abrangente, a totalidade, Deus e, so- bretudo, Cristo como o primeiro e 0 ultimo (motivo se- cundario freqiiente no monograma de Cristo). Teilhard de Chardin utilizou essas duas letras como ilustragao de sua teoria da evolugdo. # Alfa, * émega. 7 Alfazema — / Lavanda. Alfa e Omega: o alfa . i € 0 6mega com 0 Algarismos — f Nimeros. monograma de Cristo Alho — E considerado por muitos povos um remédio con- tra mau-olhado e espiritos malignos; provavelmente em vir- tude de seu cheiro forte, dotado simbolicamente de uma forga protetora, era usado também na Europa central so- bretudo para afastar vampiros. Na Grécia atribuia-se 4 mera pronincia da palavra ‘‘alho’’ um efeito esconjuratério. Almofariz — Junto com 0 pistilo (pilao), é um popular sim- bolo sexual. Aloés — ¢ Agave. Alquimia — Labor tedérico ¢ experimental com elementos quimicos surgido principalmente no Egito e na Idade Mé- dia, floresceu até 0 inicio da Idade Moderna. A alquimia significou 0 Apice do pensamento simbélico, representan- do antigamente uma estreita interpenetracdo de concepcdes psicoldgicas, religiosas e cientificas; além disso, estava es- treitamente ligada a astrologia e 4 medicina da época. As praticas alquimicas visavam sobretudo o refinamento das Alho Alquimila Altar: imolagdo do bezerro no altar dos sacrificios, segundo uma miniatura encontrada no epistolirio de Auerbach; séeulo XI Alturas: a unido das alturas e das profundezas; detathe de uma representacio de Maria Prophetissa em: Symbola aureae mensae, de Maier, 1617 16 substancias e a uniao mistica do micro e do macrocosmo, assim como — ligada a isso — a purificagéio da alma. Os elementos considerados pelos alquimistas eram, além dos quatro da filosofia natural grega (4 fogo, / agua, f# ar e f terra), os ‘elementos filosdficos”’ 7 sal, f enxofre e argento-vivo (f mercurio). Alquimila — Sinau; chamada na linguagem popular de ‘‘a camisola de nossas queridas mulheres’’ por causa da for- ma de suas folhas; planta da Virgem Maria. Altar — Lugar elevado (a/tum) localizado no interior do recinto de culto que serve em quase todas as religides ao ificio ¢ a outros atos sagrados. A elevacdo simboliza a subida das oferendas para os deuses ou para Deus; tam- bém foi interpretado muitas vezes como 0 centro espiritual do mundo. No cristianismo, simboliza a mesa da Santa Ceia com Cristo ou o préprio corpo de Cristo (a toalha branca no altar simboliza a mortalha). Desde o século IV, o altar é visto também como local de protegao e de reftigio: mes- mo os maiores criminosos nado podiam ser presos dentro da igreja, sobretudo préximo ao altar. Alturas — Como imagem simbolica, representa a esfera do espirito e do que é divino; é a meta do desenvolvimento es- piritual e moral. Amarelo — Cor muito clara, associada ao significado sim- bélico do / ouro, da/ luze do # Sol; como 0 ouro, muitas vezes é simbolo da eternidade e da transfiguragao. Além de ser cor outonal, é encontrada também como cor da matu- ridade. Na China, opGe-se ao / preto, mas ao mesmo tem- Po, como seu complemento, é estreitamente ligada a ele e corresponde as relacGes multiplas dos dois principios yang (amarelo) e yin (preto). # Yin e yang. Assim, por exemplo, o amarelo emerge do preto como a terra das aguas primor- diais. Visto que o amarelo caracteriza o centro do univer- so, ele é também a cor do imperador. Encontra-se muitas vezes uma clara separacdo entre as diversas nuances do ama- relo. Por exemplo: amarelo-ouro = bom, luminoso; ama- relo-enxofre = mau, diabdlico. No islamismo, o amarelo- ouro caracteriza a sabedoria e o bom conselho; o amarelo- palido, a traigdo e a iluséo. Na Idade Média, prevalecem as interpretacGes negativas: o amarelo é a cor da inveja (co- mo também no antigo Egito) ou a cor da infamia nas vesti- mentas dos judeus, dos hereges e das prostitutas. E encontrado positivamente nos murais medievais substituindo sobretudo 0 ouro. Ambrosia — Manjar dos deuses mencionado com freqiiéncia na Antiguidade junto ao néctar; proporciona a imortalida- de. Na literatura crista, a palavra de Deus e a eucaristia so muitas vezes caracterizadas simbolicamente como ambrosia. Ameixeira — No Extremo Oriente, é simbolo da primave- ra, da juventude e da pureza, devido ao seu florescimento prematuro, enquanto a arvore ainda esta desfolhada. Na interpretacdo psicanalitica dos sonhos, a ameixa € vista co- mo um simbolo sexual feminino. Amém — Palavra litirgica de aclamacao e confirmacao em- pregada nos cultos das sinagogas judaicas, no Novo Testa- mento, em todas as liturgias cristés ¢ no islamismo. No Apocalipse, o Cristo é simbolicamente chamado de ‘‘o Amém”’. # Noventa e nove. Améndoa — Por ser fruta doce com casca dura, é simbolo do essencial, do espiritual, oculto atras das aparéncias. E simbolo de Cristo e também de sua encarnacdo, pois sua natureza humana esconde a divina. Devido ao seu carogo bem protegido como o da noz, na Antiguidade foi conside- rada simbolo da gravidez e da fertilidade, sendo por isso distribuida nas cerim6nias de casamento. Visto que para comé-la é preciso primeiro tirar 0 carogo da casca, a amén- dog é também um simbolo da paciéncia. O dleo extraido dela tinha para os gregos um significado falico, sendo con- siderado o sémen de Zeus. Amendoeira — Floresce nos paises mediterraneos em ja- neiro; tornou-se por isso o simbolo da vigilancia (porque ela ‘‘acorda’”’ cedo) e do renascimento. Ametista — Na Antiguidade foi considerada um remédio contra veneno e bebedeira (amethysios: que nao esta em- briagado). Na linguagem simbolica crista, é simbolo da hu- mildade por trazer a modéstia da cor violeta e ser também uma referéncia simbdlica 4 Paixao de Cristo (f violeta). Con- siderada, além disso, uma das pedras fundamentais da / Je- rusalém Celeste. Amora — / Sicémoro. Amoreira — Na China, é relacionada com 0 / sol nascen- te. Afirmava-se que as flechas atiradas com um arco de ma- deira de amoreira (ou de madeira de f pessegueiro) em direcdo aos quatro pontos cardeais podiam eliminar as in- fluéncias maléficas. Amor-perfeito — Familia das violaceas; tem o nome bota- nico de Viola tricolor por possuir quase sempre trés cores, razdo pela qual a planta muitas vezes é vista como simbolo Amor-perfeito 17 Ampulheta MYN GLAS LOOPT RAS a Ampulheta: representacao em uma obra de Joost Hartgers; Amsterdam, 1651 Amuleto: D) Amuleto astrolégico contra doencas 2) Amuleto protetor feito de chifre de biifalo, contra “mau- olhado”* 3) Amuleto: passaro dos tungusios (Siberia) 4) Amuleto: figa (contra inveja ou calinia) usada sobretudo nos paises do sul 5) Amuleto: ‘medalhao com pentéculo 18 da Trindade. Paralelamente, atribuiram-se ainda ao amor- perfeito diversos significados simbélicos; assim, ele é 0 sim- bolo da timidez das jovens, da fidelidade dos amantes e da inveja atribuida sobretudo as madrastas. Ampulheta — E simbolo do passar do tempo e da morte. Como ela deve ser virada apés a passagem da areia, é tam- bém simbolo do fim e do recome¢o de ciclos ou de épocas ou das influéncias alternadas do céu sobre a terra e vice- versa. Entre as quatro virtudes cardeais, simboliza a mo- deracao. Amuleto — Pequeno objeto carregado quase sempre junto a0 corpo, que serve aos homens — numa visdo magica do mundo — de talisma protetor (contra espiritos, mau-olhado, desgracas, doengas) e para trazer sorte; nesse caso, a rari- dade ou o formato especifico do objeto eram provavelmente vistos como expressdo simbolica da intervencdo de poderes sobrenaturais ¢ singulares. Os tipos de amuleto predomi- nantes sao: f chifre, répteis, aranhas, folhas de trevo (f tre- vo), # figas obscenas, pedras preciosas e semi-preciosas, nomes ou letras, formas naturais extravagantes (# mandra- gora), mas também santinhos etc. O uso de adornos rela- ciona-se provavelmente, em sua origem, com 0 uso de amu- letos. Eles j4 eram comuns nas épocas pré-histéricas, sen- do especialmente difundidos no antigo Oriente e na China; no Egito, as mumias eram protegidas contra a “‘morte’” com amuletos. A crenga em amuletos continua viva, em parte, até os nossos dias. # Abracadabra, # abraxas, / pentagra- ma, / Sator Arepo, formula. Anao — Seres presentes nas crencas populares: pequenos, velhos, com pés quase sempre de pato, ganso ou passaro, ora visiveis ora invisiveis, prestativos, zombeteiros, maldo- sos e semelhantes ao homem; interpretados, entre outras coisas, como a personificagdo simbélica de forcas natu- rais titeis, embora de qualquer modo incontrolaveis, e de vivéncias e manifestagdes obscuras e inacessiveis do incons- ciente. Ancora — E atributo de diversas divindades maritimas. Vis- to que a Ancora significa 0 tinico apoio do navio durante as tempestades, ela é o simbolo da esperanga, sobretudo no simbolismo cristao (freqiientemente, em cenotafios e sar- céfagos), e um simbolo da constancia e da fidelidade. Com o acréscimo de uma trave, foi utilizada no inicio do cristia- nismo como simbolo secreto da cruz. Anémona IL Ancora: formas variantes Andas — (Pernas de pau). Na China, 0 uso de andas (nas dangas rituais, por exemplo) permitia identificar-se com 0 ? grou, um simbolo da imortalidade. Andorinha — Por ser ave migradora que volta regularmente, era muitas vezes simbolo da primavera e, desse modo, tam- bém da luz e da fecundidade. Ter um ninho delas em casa significa boa sorte. Na Idade Média, era simbolo da res- surreigao, porque ela retorna com a luz apdés a passagem do inverno e porque dizem que ela pode dar a visio a seus filhotes com a seiva da f quelidénia, como Deus no Dia do Juizo Final devolverd a visio aos mortos (por isso, essa plan- ta se chama também erva-andorinha). Para os povos da Afri- ca negra, simboliza a pureza, ja que nao pousa no solo, nao entrando portanto em contato com a sujeira. Andrajos — Farrapos; sio um simbolo da pobreza mate- rial; por tras deles pode estar oculta, sobretudo nos contos de fadas, a riqueza interior: sio simbolos da superioridade da esséncia sobre a mera aparéncia. Andrégino — / Hermafrodito. Anel — Devido a sua forma sem comeco nem fim, é 0 sim- bolo da eternidade; além disso, ¢ simbolo da unido, da fi- delidade, da integracéo em uma comunidade; por isso ele aparece também como condecoracao, distingdo e honraria (anel dos senadores romanos, dos funcionarios publicos, dos cavaleiros e dos médicos). A concepcdo do poder magico dof circulo faz parte também do simbolismo dos anéis; as- sim, atribui-se com freqiiéncia ao anel um efeito prodigio- so (por exemplo, contra o mau-olhado), e por essa razao ele é usado como /# amuleto; nas crengas populares, a per- da ou o rompimento do anel significam desgraca. Anémona — Na Antiguidade, simbolizava o efémero, vis- to que nao tem vida longa (anemos significa ‘“‘vento’”’, em grego). Ea flor de Adénis, que foi transformado por Vé- nus em uma anémona vermelho-pirpura. No simbolismo 19 Angélica Angélica Animais: 0 deus egipcio Horos com cabeca de falcéo 20 cristéo, as anémonas (ao lado das rosas e das margaridas), significam 0 sangue derramado pelos santos. Angélica — Umbelifera do hemisfério norte; uma das plan- tas-simbolo mais antigas do cristianismo. Na arte, simboli- za a Trindade ¢ o Espirito Santo, porque o caule cresce en- tre duas peliculas que se envolvem mutuamente. Era consi- derada o remédio principal contra a peste; segundo a len- da, um anjo trouxe a um monge essa planta medicinal. Animal — Representa freqientemente as forcas simbélicas sobrenaturais, divinas e césmicas, como também os pode- res do inconsciente ¢ do instinto. As representagGes de ani- mais na / pintura rupestre estao provavelmente em estreita relagdio com as ceriménias e as concepgdes mitico-religiosas. Os deuses foram representados por muitos povos por figu- tas com cabeca de animais (por exemplo, no Egito e na in- dia); mesmo no cristianismo, o Espirito Santo é figurado com um animal: a # pomba. Para os povos primitivos, 0 animal atua quase sempre como o “‘alter ego’’ do homem. No simbolismo de muitas culturas, os animais — incluindo- se Os animais fabulosos — aparecem como simbolos de ca- tacteristicas humanas. Seres compostos de animais e homens simbolizam geralmente a natureza dupla — fisico-espiritual — do homem. f Evangelistas, simbolos dos, # Minotauro, ? sacrificio, 4 zodiaco, # Centauro. Ankh — Cruz ansada egipcia; simboliza a fecundacao da Terra pelo Sol e também a vida. Muito comum na arte egip- cia, aparece com freqiiéncia nas maos de deuses e reis. Nas representagées de rituais de sepultamento, é segurada qua- se sempre por cima, pela ansa (ou asa, simbolizando uma chave que abre o Reino dos Mortos?). Os egipcios cristaos (coptas) acreditavam ser esse signo um simbolo da forca nu- triente da cruz de Cristo. Ankh: a) adoracdo do deus 1) Ankh: a deusa Nut, com Horos com cabeca de falcdo, uma ankh em cada pulso, junio ao disco solar ea ankh carregando 0 sol; pintura do sobre os joelhos: himulo mimero dois de do Papiro de Ani Khabeket, XX dinastia Anturio — Bastdo-de-aardo; planta com flores em forma de copo, folhas largas e brancas, semelhantes ao lirio; na Idade Média, atributo da Virgem Maria. Além disso, visto que a planta se refere ao bastao verdejante de Aarao, associa- se, como ele, ao simbolismo da ressurreigao. Apocalipse — O ultimo livro canénico ¢ 0 unico profético do Novo Testamento, escrito por so Joao em Patmos; con- tém sete epistolas as comunidades cristas da Asia Menor e vis6es acerca do premente e esperado final dos tempos que so, em parte, de dificil compreensao; descrevem os horro- res iminentes, 0 dominio do Anticristo e sua superagdo. Apéfis — / Serpente. Apéstolos, atributos dos — Desde o século XIII, na icono- grafia crista, distinguem-se os apéstolos pelos seus atribu- tos (veja coluna a direita) Aquario — E o décimo primeiro signo do / zod{aco; seu elemento € 0 f ar. Ar— Ao lado da terra, da/ agua e do / fogo, é um dos quatro # elementos segundo a cosmogonia de muitos po- vos; como o fogo, é um elemento mével, ativo e masculi- no, ao contrario da agua e da terra, elementos femininos e passivos. O ar esta simbolicamente em estreita relagao com o 7 sopro e com 0 / vento; considerado com freqiiéncia a matéria ténue do reino intermediario entre as esferas terre- na e espiritual, é visto muitas vezes como um simbolo do espirito invisivel, mas sensivel em seus efeitos. Na astrolo- gia, associa-se aos seguintes signos do / zodiaco: Gémeos, Balanga e Aquério. Na alquimia, o ar costuma ser simboli- zado pelo sinal 4. Arado — Em muitas culturas, 0 trabalho do arado na terra é comparado a fecundacdo da mulher, efetuada pelo homem; por isso é um simbolo falico, pois representa a fecundidade. Aranha — E um simbolo com significados opostos. Em ra- z&o de sua rede em raios, tecida habilmente, e de seu posi- cionamento central é considerada na India simbolo da ordem césmica ¢ “tecela’? do mundo sensivel. Visto que produz de si mesma os fios de sua rede, como o Sol os seus raios, é também um simbolo solar, ¢ deste ponto de vista, a rede pode representar também a emanacdo do espirito divino. Como caminha pelos fios tecidos por ela mesma, aparece nos Upanixades também como simbolo da autolibertacao espiritual. No islamismo, as aranhas brancas sdo conside- radas boas e as pretas, ruins. Na Biblia, a aranha aparece como simbolo da fragilidade e da esperanca va, por causa de sua rede pouco resistente. As crencas populares muitas Aranha Atributos dos apéstolos: André — (cruz de santo André, basido em forma de cruz) Bartolomea — (faca, pele de animal) Tiago, o velho — (clava, traje de pere- ‘grino com concha) Tiago, 0 joven — (espada, pildo ou bandeira) Joao — (imberbe, ta- $a com serpente) Judas Tadeu — (cruz, clava, livro) Mateus — (espada, bolsa, acha) Paulo — (espada, li- vro em rolo) Pedro — (chave, cruz) Filipe — (basi em forma de cruz, cruz de santo Anténio) Simao — (cruz, livro) Tomé — (langa, es- quadro) Matias — (acha, pedra) avr Aquério: signo do zodiaco. Aranha: Maya, a eterna tecela do mundo sensivel e ilusério, como uma aranha envolvida pelo do frontispicio de uma coletdnea de mndximas bramanistas 21 Arar Area: a arca de Noé; segundo uma representasdo do Saltério da rainha Marya; século XIV Archote: 0 olho-de- Horos segurando ur archote; segundo um mural de uma sepultura egipeia a) Arco e flecha: Eros com arco e flecha; detathe de uma pintura de Franceschini 22 vezes opGem a aranha venenosa 4 / abelha; a supersticao considera seu aparecimento, dependendo da hora do dia, um sinal de boa ou de ma sorte. Arar — Segundo uma concep¢ao muito difundida, signi ca a fecundacao da terra ou, nesse sentido, a uniao entre of céue af terra, efetuada pelo homem. 7 Arado. Arca — Na Biblia, a arca de Noé é 0 7 barco com que Noé, sua familia e os animais eleitos escaparam do Diluvio. A arca de Noé é vista como modelo da salvacdo mediante 0 batismo. E também um simbolo da Igreja, representando além disso a totalidade do conhecimento sagrado que nao pode submergir. C. G. Jung fala da arca como um simbolo do seio materno. A arca da unido significa a arca da Alian- ¢a dos israelistas; também a mae de Deus, como mediado- ra da salvacdo, é chamada desse modo. Archote — Tocha; forma concentrada do elemento / fo- go, de certo modo reduzida a um fendmeno isolado e, de modo geral, equivale a ele simbolicamente. Utilizado nos ritos de iniciagdo como simbolo de purificacao e de ilumi- nagao. Na Antiguidade, 0 archote voltado para baixo, nas maos de um adolescente ou de um génio, era um simbolo vivo da morte como extingao da vida. Nas representacdes simbélicas dos pecados capitais, também representa a ira. Nos costumes populares, sobretudo no inverno e na prima- vera, 0 archote desempenha o papel de simbolo da ferti- lidade. Arco e flecha — Simbolo da guerra e do poder. O arco in- dica muitas vezes elasticidade e forca vital; a flecha é um simbolo da rapidez e também da morte subita (por exem- plo: é eventualmente simbolo da peste!); representa com fre- qgiiéncia um movimento que ultrapassa uma determinada fronteira; por vezes simboliza também 0 raio de sol (por exemplo: as flechas de Apolo); é ao mesmo tempo simbolo da luz e do conhecimento; além disso, pode ter também um. significado falico; por isso na arte medieval, sobretudo na romnica, 0 arqueiro relaciona-se em geral com a sensuali- dade e a voliipia (raramente com o deus punitivo); atribui- se a ele quase sempre um significado semelhante ao # Cen- tauro atirando flechas. Amor (Cupido) é representado ge- ralmente com arco, flecha e aljava, disparando as flechas do amor. No hinduismo e no budismo, a silaba ¢ ‘‘Om’" significa uma flecha que parte do homem, subentendido co- mo arco, atravessa a ignorancia e atinge o Ser sublime e verdadeiro; por outro lado, Om pode significar também o arco do qual parte a flecha do Eu em direcao ao Absoluto (Brahma) com quem se quer unir. Atingir 0 alvo com arco e flecha de forma nAo intencional é uma conhecida técnica japonesa de meditacdo (kyudo) que visa a liberacdo da von- tade propria, ligada ao Eu. Praticas semelhantes encontram- se também no islamismo. Arco-iris — Simbolo da uniao entre o / céuea? terra. Cria- do, segundo a tradicdo talmtidica, na noite do sexto dia da criacao. Na mitologia grega, 0 arco-iris ¢ a personificagao de Iris, a mensageira dos deuses. Depois do Diltivio, Deus colocou no céu um arco-iris como sinal de sua alianca com os homens; nesse sentido, Cristo reina, por exemplo, nas representagdes medievais do Juizo Final tendo como trono um arco-iris. Por isso ele também se tornou um simbolo da Virgem Maria, a mediadora da conciliagao. A interpre- tacdo simbélica das cores do arco-iris depende das cores que se podem distinguir; na China, conhecem-se aproximada- mente / cinco, cuja sintese é simbolizada pela unido de / yin e yang. No cristianismo, baseado na tradicdo da triparti- cao aristotélica, distinguem-se com freqiiéncia somente as trés cores primarias (um simbolo da Trindade), ou o azul (a agua do Diluvio ou a procedéncia celeste de Cristo), 0 vermelho (0 mundo terminando em fogo ou a Paixao de Cristo) e o verde (o novo mundo ou a volta de Cristo). 7 Ponte. Areia — Em virtude do imenso numero de seus graos, é sim- bolo da infinitude. Argento-vivo — # Merctirio. Argila — f Vaso. Ariadne, fio de — ¢ Fio. Aries — Carneiro; ¢ simbolo da forga. Era uma das viti- mas favoritas dos sacrificios, na Antiguidade. O deus cria- dor egipcio Knhum era representado com uma cabega de carneiro. Gregos e romanos originalmente veneravam o deus egipcio do vento Amun, como a forma visivel do deus mais sublime na figura de Jupiter — (Zeus )— Amon com cabe- ga de carnciro. Atributo de Indra ¢ de Hermes. No cristia- nismo, a representagao de um carneiro estava ligada por vezes ao “‘sacrificio” de Isaac como a prefiguragdo simbé- lica da imolacdo de Cristo. Aries é 0 primeiro signo do f z0- diaco; seu elemento é 0 / fogo. Arma — Simbolo do poder; ¢ simbolicamente ambigua, pois serve tanto para 0 ataque como para a defesa e a prote¢ao; atributos dos herdis e deuses guerreiros. Na linguagem sim- b) Arco e flecha: a ‘morte com arco e flecha cavalgando & caca de homens; detathe de uma xilogravura em: O camponés da Boémia, de J. v. Tepl; 1461 Areo-tris: Cristo sobre o arco-iris; detalhe de um quadro do Jutzo Final; 1543 a) Aries: signo do xodiaco 23 ) Carneiro: sacrificio de um carneiro a Siipiter-Amon; segundo uma representacao em: Oedipus Aegyptiacus, de A. Kircher; 1652 a) Arvore: a Arvore da Sabedoria com Adio ¢ Evaea Serpente; segundo uma representacdo no Codice Vigilanus seu Albeldensis 24 bélica da Biblia, tanto Satandés como Javé possuem arma- duras e armas. Outros simbolos podem servir também de arma espiritual; por exemplo: empunhar a cruz. Arminho — Doninha branca e grande; em razao de sua cor, é simbolo da pureza, da inocéncia e da incorruptibilidade (neste sentido, é freqiientemente utilizada como pele nos rou- poes dos soberanos). Na iconografia crista, é simbolo de Cristo como vencedor do Diabo, visto que ele caca e mata f serpentes. Arnica — Planta da familia das compostas com flores ama- relas muito aromaticas; para os germanos, planta medici- nal. Foi originalmente consagrada a deusa-mae dos germa- nos, Frija; mais tarde, 4 Virgem Maria; considerada tam- bém como protegdo contra raios, bruxas e feiticeiros. Arqueiro — / Arco e flecha. Arquétipos — Modelos primordiais; segundo a filosofia do final da Antiguidade, sao os protétipos ou idéias existentes no mundo espiritual. C. G. Jung utilizou o conceito para designar simbolos, figuras e imagens comuns a toda a hu- manidade (ao inconsciente coletivo) e encontradas tanto nos sonhos como nos mitos, fabulas etc., que tornam possivel aos homens a compreensao das estruturas fundamentais sem- pre presentes no processo de desenvolvimento individual, Arroz — E 0 alimento mais importante nos paises asiati- cos; corresponde ao / trigo na Europa e comporta a mes- ma significagéo simbélica essencial. No Japao, 0 arroz, sobretudo 0 celeiro repleto desse cereal, é além disso um simbolo da abastanca e também da riqueza espiritual. Na China, sobretudo 0 arroz vermelho é considerado simbolo da imortalidade. O trabalho arduo no cultivo do arroz foi muitas vezes entendido como conseqiiéncia de uma ruptu- ra entre o / céue af terra. Artemisia — Familia das compostas. Diversas espécies de artemisia sao usadas como buqué de noiva, sendo por isso relacionadas também com a Virgem Maria, a noiva celes- tial. * Absinto. Arvore — E um dos simbolos mais significativos e mais di- fundidos; representagdo poderosa do reino vegetal, foi fre- qiientemente venerada como simbolo de substncias divinas ou morada de poderes numinosos. A drvore de folhagem com suas folhas que se renovam anualmente é sobretudo um simbolo do renascimento da vida que sempre vence a morte, e a conifera verde é um simbolo da imortalidade. A forma das arvores com suas raizes presas a terra, seu tron- co robusto subindo verticalmente ¢ a copa parecendo dirigir- se ao céu tornaram-nas muitas vezes um simbolo da liga- do entre a esfera cdsmica e o mundo subterraneo cténico e entre a vida na terra e no céu. Esses aspectos atuam tam- bém na concepcao da Arvore do Mundo, vista como sus- tentaculo do universo ou, mais freqiientemente, como personificacao do # Eixo do Mundo (por exemplo, a Mi- 5) Arvore: danca em tologia nordica, o sempre verde Freixo Césmico Yggdra- jpita de uma devore. sil); folhas e ramos dessas arvores cosmicas so geralmente ‘dolo, modelo de habitados por animais mitoldgicos, pela alma dos mortos 24"re de Clipe: ou pelos que ainda nao nasceram (quase sempre sob a for- ° ma de 7 passaros) ou sao entao o local por onde descem e sobem o Sol e a Lua; relacionados provavelmente com o 7 zodiaco, encontram-se também em muitas concepgdes mitolégicas — por exemplo, na India ¢ na China — doze passaros do sol que habitam os ramos da Arvore do Mun- do; passaros que vivem na copa dessa drvore podem ser, além disso, simbolos de seres e graus de desenvolvimento espiritual elevados. Bastante difundidas sao as interpreta- des antropomorficas (ereta como o homem e, assim como ele, cresce ¢ morre); desse modo ela aparece em diversos grupos étnicos — por exemplo, na Asia central, no Japao, a) Agere a spore na Coréia, na Australia, como antepassado mitico dos ho- paraiso, representada mens. Outra identificacao simbélica entre a drvore eo ho- como Arvore da mem, difundida em muitas regides da India, objetivando {forte: wosravura de o fortalecimento da fertilidade, ¢ o costume de casar a noi- va com uma arvore antes do matrimOnio; casamentos sim- bolicos entre duas arvores, cuja energia vital deve passar para um determinado casal, estao também inseridos nesse contexto, A arvore que traz o fruto e concede sombra e pro- tecdio, é vista por muitos povos como simbolo feminino, ou seja, materno; seu tronco ereto, entretanto, é via de regra um simbolo falico. Muito difundida também é a relacdo en- tre a arvore e 0 / fogo, o que provavelmente esta ligado a energia vital atribuida a ela: o fogo esta oculto na madei- ra de determinadas arvores de onde pode ser retirado me- diante friccfo. A tradico indiana conhece a concepcao de uma 4rvore invertida, cujas raizes esto fixadas no céu € Os ramos espalhados sob a terra, possivelmente um simbo- lo, entre outras coisas, da forga nutriente do Sol na esfera fisica, e da / luz espiritual na esfera psiquica (f alturas, a Arvore: Arvores ? profundezas). O Bhagavad-Gita interpreta a arvore inver- 4 Vida. sobre um tida também como simbolo do desdobramento de toda exis- /2”70 it yidro exiPeio Sees 3 fo mais antigo do téncia a partir de uma causa origindria: as raizes representam — mundo); 1500 a.C. 25 Arvore-Cruz Arvore-Cruz: a Igreja personificada com a ‘cruz verdejante; itustragdo; cerca de 1180 x fut Ascensio: ascensio de Cristo; H. L. Schaeufelein; xilogravura (detalhe; aten¢do para as pegadas!). Ascensio: ressurreigéo de Cristo; segundo um quadro de Matthias Grinewald, encontrado no Altar de Isenheim 26 0 principio de todos os fenédmenos; e os ramos, a realiza- cdo concreta e pormenorizada desse principio. A arvore in- vertida surge também em outros contextos; por exemplo, na Cabala, como Arvore da Vida e Arvore da Ciéncia do Bem e do Mal. A Arvore da Vida simboliza a abundancia paradisiaca dos primordios, sendo ao mesmo tempo um sim- bolo da esperada concretizacao do fim do mundo; a Arvo- re da Sabedoria simboliza, com seus frutos convidativos, o estimulo para transgredir os mandamentos de Deus. A iconografia ¢ a literatura crista atestam com freqiiéncia uma estreita relacdo simbélica entre as drvores do Paraiso e a cruz de Cristo que “nos devolveu 0 Paraiso” (* Arvore- Cruz) e que é a ‘‘verdadeira Arvore da Vida’’. A psicandli- se considera a arvore um simbolo importante, quase sem- pre interpretado em relagao simbolica com a mae, com 0 desdobramento psico-espiritual ou, entao, com o definha- mento e a degenerescéncia. Certos testes de comportamen- to psicolégico tentam avaliar desenhos de arvores como esquemas de expressao simbdlica da personalidade como um todo. # Maca, 7 Arvore da Filosofia, 7 Arvore-Cruz, 7 pe- reira, # carvalho, / freixo, / figueira, # Arvore da Vida, f tilia, 7 oliveira, # pessegueiro, * ameixeira, f Natal, dr- vore de, # Jessé, arvore de, f cedro, f cipreste. Arvore-Cruz — Arvore com a forma da cruz de Cristo, en- contrada sobretudo na Alemanha e na Itdlia, com folhas, flores e frutos, como simbolo da superacio da morte (f ar- vore). Muitas vezes, uma arvore com flores e frutos trazendo 0 Crucificado indica também a Arvore da Sabedoria no Pa- raiso e, desse modo, a superagao do pecado original por intermédio de Cristo. Arvore Boddhi — / Figueira. Arvore da Filosofia — Arbor Philosophica, Arbor Dianae, Arvore de Prata; fendmeno de cristalizacdo de uma solu- ¢do de nitrato de prata misturada com mercurio sob a for- ma de uma arvorezinha com ramos; considerada pelos alquimistas um simbolo e uma prova da “natureza vegetal germinante”’ dos metais. O conceito designa, além disso, a maior parte das doze “‘operacées alquimicas’’ (Calcina- tio, Solutio, Elementorum separatio, Coniunctio, Putrefac- tio, Coagulatio, Cibatio, Sublimatio, Fermentatio, Exaltatio, Augmentatio, Proiectio) cuja relacdo reciproca é com fre- qgiiéncia representada sob a forma de uma arvore ramificada. Arvore de Cristo — / Natal, arvore de. Arvore de Prata — # Arvore da Filosofia. Asas — f Passaro. Ascensaio — Representacdo de uma figura ascendendo ao céu, geralmente com os bracos abertos e erguidos. Simbo- liza a alma depois da morte (7 dguia) ou ent4o uma consa- gracdo, um chamado espiritual, uma unido com Deus. Asfédelo — Planta da familia das liliaceas, natural da re- giao mediterranea, com paniculas brancas e raiz carnosa e acucarada. Para os gregos e romanos, planta dos mortos (por isso, consagrada a Hades e a Perséfone); consideravam- se as raizes manjar dos defuntos, figurados por sua vez even- tualmente (Homero) caminhando pelos campos de asféde- lo. Considerada, além disso, protegéo contra espiritos malignos. Na Idade Média, relacionava-se o asfédelo com o planeta Saturno. Asno — Burro; um animal com significados absolutamen- te opostos: no Egito, considerava-se 0 asno vermelho uma entidade perigosa, com que a alma se depara apés a morte. Na India, o asno aparece como montaria de divindades ne- fastas. A Antiguidade via-o, por um lado, como um ani mal estupido e teimoso; por outro, eram sacrificados em Delfos; Dioniso ¢ seus discipulos cavalgavam asnos; os ro- manos associavam 0 asno ao deus da fertilidade Priapo. Na Biblia, o asno aparece as vezes como simbolo da indecén- cia, mas também é mencionado em diversos contextos de maneira positiva: assim, por exemplo, a jumenta falante de Balaao representa a criatura capaz de entender, mais do que o homem, a vontade de Deus. O asno ¢ o boi na manjedou- ra ligam-se possivelmente a confirmacao da profecia do pro- feta Isafas: ‘‘O boi conhece o seu Senhor ¢ 0 asno a manjedoura de seu Senhor’’; diversas vezes também 0 as- no é interpretado como simbolo dos pagaos; ¢ 0 boi, como simbolo do povo judeu. A montaria de Cristo na entrada de Jerusalém é uma jumenta, quase sempre vista como sim- bolo da mansiddo e da humildade (a par disso, porém, 0 burrico e sobretudo o asno branco eram considerados na- quela época um simbolo da distincao). Especialmente na arte romanica, 0 asno aparece com freqiiéncia como sim- bolo da impudicicia, da preguica ¢ da estupidez. Asnos lendo durante a missa associam-se geralmente a famosa festa dos loucos (festa dos asnos) da Idade Média. # Onagro. Aspide — A Serpente ou / dragao (eventualmente também quadripede) representada na escultura e arte livresca da Ida- de Média junto ao # basilisco, ao/ lefo e ao f dragdo; apa- rece diversas vezes com uma orelha junto ao chao, tapando a outra com a cauda. Simbolo da maldade e da obstinacdo. a) Asno: ser hibrido meio humano, meio animal, com cabega de asno; simbolo da rudeza e da obtusidade; em: Monstrorum historiae; de V. Aldrovandi; 1642 6) Asno: entrada de Crisio em Jerusalém, cavalgando uma Jjumenta; segundo 0 Mestre Bertram Aspide: reprodugao de uma miniatura inglesa 27 Astrais, dangas Aura: veriagées diversas: coroa de raios de luz ou disco com cruz, para Cristo; quadrangular para pessoas vivas; triangular para o Deus-Pai Auréola: ressurreigéo de Cristo; detalhe de uma pintura mural; A. da Firenze; 1366 28 Astrais, dangas — Dangas rituais difundidas em muitas cul- turas, simbolizando 0 movimento das estrelas; expressam quase sempre a evocaciio dos poderes césmicos. Atar e desatar — Acdo simbdlica, muito freqiiente nas pra- ticas magicas, com a intencdo de obstruir ou liberar deter- minadas forgas respectivamente atando ou desatando. ? Lagos, f nd. Athanor — Cadinho alquimico onde se realizavam as trans- mutagées fisicas, misticas e morais; diversas vezes compa- rado ao 7 Utero ou entéo ao Ovo do Mundo (/ ovo). Atlantida — Segundo Platao, reino lendario localizado no oceano Ailantico e tragado pelo mar. Em sentido figura- do, simbolo do paraiso perdido e da Idade do Ouro. Atma — f Sopro. Aum — / Om. Aura — Gloria, halo; segundo antigo modelo (f nimbo) na pintura crista (e as vezes também na escultura). E simbolo da divindade, da grandeza e da magnificéncia sob a forma de uma superficie arredondada, quase sempre dourada, ou de uma coroa de raios de luz em volta da cabeca de pessoas (ao contrario da / auréola e da # mandorla); colocada pri- meiro em Cristo, 0 Cordeiro, em Deus-Pai (com freqiién- cia também na forma triangular) e na pomba do Espirito Santo, sendo muitas vezes inserida no monograma de Cris- to ou na cruz como cruz-nimbo; mais tarde, colocada na Virgem Maria, nos anjos, nos apéstolos, nos profetas ¢ nos santos, mas também em personalidades vivas; nesse caso, geralmente eram quadrangulares (7 quadrado). Auréola — Uma coroa de raios ou um clarao simbolizan- do a luz divina que envolve a figura inteira, sobretudo na iconografia crista; é 0 oposto da / aura, reservada na ico- nografia crista principalmente a Cristo e 4 Virgem Mari: em forma de améndoa, chamava-se 4 mandorla. Auriga — Na Antiguidade, simbolo da dominacao das paixdes e dos impulsos; representa também a razdo. 7 Carro. Aurora — Simbolo universal da esperanca, da juventude, da abundancia de possibilidades, do recomego. Para os gre- gos, personificada pela deusa Eos, irma de Hélio (f Sol) e de Selene (f Lua), a aurora representa ‘‘os dedos cor-de- rosa’? que precedem o carro do sol. No simbolismo cris- to, é o nome as vezes dado a Virgem Maria, pois ela nos trouxe o Cristo-Sol. Avareza — (Avaritia); personificacio feminina de um dos Azeviche Auriga: carro de corridas grego com auriga e rédeas; alto- relevo de uma vitdria olimpica; final do século V sete pecados capitais; ela monta um sapo, um texugo ou um lobo, entre outros. Ave — / Passaro. Aveleira — Tem muitas vezes um papel relevante nas cren- gas populares ¢ na feiticaria, talvez em virtude de sua flexi- bilidade, e também de seu florescimento prematuro, pelo fato de ser atingida pelo raio. E considerada uma protecao contra espiritos malignos e contra cobras. A varinha de ave- leira era um instrumento popular na procura de ouro e agua, visto que ela supostamente oscila quando depara com um Eat] veio de agua ou de ouro. Posteriormente também foi u zada em bruxarias. Avental — Vestimenta ritual dos franco-magons; é quase sempre 7 branco; é simbolo do trabalho e da inocéncia. Avestruz — As penas de avestruz eram consideradas pelos a) Avestruz: 0 sol egipcios simbolos da justiga e da verdade (personificasdio da chocando os ovas de deusa Maat ¢ da ordem universal). Segundo a concepgéio maya re ‘am medicval da natureza (/ bestidrio) 0 avestruz nao choca os Maria de Outobeuren; préprios ovos, mas fixa os olhos neles até os filhotes sairem (detalhe); cerca de da casca. O ovo de avestruz era considerado, portanto, sim- '9?"46 bolo da meditacdo. Segundo outras concepcées, 0 avestruz deixa que 07 sol choque os seus ovos, sendo por isso tam- bém um simbolo de Cristo ressuscitado por Deus. O ovo de avestruz simboliza também a gravidez imaculada de Ma- ria, O avestruz que abandona seus ovos é, no sentido nega- tivo, um simbolo do homem esquecido por Deus. Além disso, a Sinagoga que permanece espiritualmente cega apare- ce eventualmente aos pés da imagem do avestruz com a cabe- ¢a enfiada na areia (as vezes também € simbolo de um peca- do capital: a preguiga). Esse significado manteve-se até hoje numa referéncia aos homens que fecham os olhos para os fatos desagradaveis. Azeite — 7 Oleo. x b) Avestruz: segundo Azeviche — Gagata; um carvao bastante compacto usado ina representagdo para polir; recurso muito difundido na qualidade def amu- — egipcia; XX dinastia 29 aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. Boi — Biifalo, ao contrario do / touro selvagem, é um sim- bolo da bondade e da forca pacifica. O boi e o bifalo, na Asia oriental e na Grécia, sao animais sagrados e vitimas favoritas nos sacrificios. Na Asia oriental, 0 buifalo é con- siderado a montaria dos sabios, por exemplo, a cavalgada de Lao-Tse em direcdo ao Ocidente. Como 0 / asno, 0 boi quase nunca esta ausente nas representacdes da manjedou- ra de Jesus. Boi é o segundo signo do / zodiaco chinés e corresponde a Touro. Boi: estampa com a Boi: 0 boi e 0 burro na representacao de um biifalo; manjedoura; relevo de uma de Mohenjo-Daro pia batismal do Batistério de Freckenhorst; primeira metade do século XI Bolha — Borbulha; simbolo de planos € desejos futeis ¢ ir- realizaveis. No contexto moral e religioso, sobretudo no bu- dismo e no taoismo, simboliza a vaidade e a impermanéncia do mundo. Bom Pastor — 7 Pastor. Bonina — Maravilha, malmequer; erva da familia das com- postas, das zonas temperadas. Originalmente consagrada & deusa-mae germAnica Frija e, na iconografia medieval, atributo freqiiente da Virgem Maria; simboliza a vida eter- nae a redencdo, mas também, como a / margarida, as la- grimas e as gotas de sangue. Borboleta — Devido a sua leveza ea sua beleza multicolor, €0 simbolo da mulher, no Japao; duas borboletas simboli- zam a felicidade matrimonial. O significado simbdlico es- sencial da borboleta baseia-se, contudo, em sua metamor- fose, de # ovo para f lagarta e de crisdlida, presa a rigidez da morte, para inseto alado com cores brilhantes e voltado para a luz do sol. Por isso, na Antiguidade ela ja era um simbolo da alma (em grego, ‘‘psyché’’), pelo fato de nao se extinguir apés a morte fisica; em €pocas posteriores, no Borboleta ih Borboleta: Eros com um arado puxado por borboletas; camafeu; século XVIII 37 aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. Cachimbo da paz — Cachimbo que os indios norte- americanos fumam em circulo nas celebragdes de paz, de acordos e em sinal de amizade; é visto quase sempre como uma espécie de imagem do homem primordial e simboliza sua forca e sua imortalidade; considerado muitas vezes — sobretudo em relacdo a sua/ fumaca — simbolo da unido do homem com a natureza e também com 0 céu. Cachoeira — Cascata, queda d’dgua; motivo importante na pintura paisagistica chinesa. Seu movimento descendente contrapGe-se ao ascendente do / rochedo; seu dinamismo, a impassibilidade dele; e associa-se ao par de opostos / yin e yang. Sua forma aparentemente invariavel, mas na reali- dade um movimento constante de gotas de agua, era para o budismo um simbolo da fugacidade e da impermanéncia de tudo o que € terreno, Caduceu — Kerykeion; bastao de arauto, originalmente uma vareta magica, um bastao com duas / serpentes enroladas no sentido inverso com as cabegas voltadas uma para a ou- tra; atributo sobretudo de Hermes (Mercurio); foi interpre- tado de varias maneiras, muitas vezes como simbolo da fecundidade: duas serpentes acasaladas sobre um falo em erecdo, o que deve ser entendido, talvez, sobretudo como simbolo do equilibrio. Na alquimia, simboliza a unido de forcas contrarias. f Esculdpio, caduceu de. Caixa — Estojo, cofrinho; simbolo da protegao, do seio ma- terno ou de um segredo oculto. Caixas trancadas e coft nhos (em geral, trés) contendo o Bem e o Mal, surgem as vezes nos contos de fadas em momentos decisivos como sim- bolos de verdades que nao se revelam a todos. Cajado — 7 Bastao. ‘Cdélamo — Planta da familia das zingiberdceas (bastao-de- aarao), muito comum na costa da Asia e da Europa; dela se extrai dleo balsmico; serve também como remédio; por essa razao, é encontrada na Idade Média como planta da Virgem Maria. Calgado — Sapato; na Antiguidade, andar calcado era um privilégio e um simbolo do homem livre; os escravos anda- vam descalcos. Além disso, 0 sapato associa-se ao simbo- lismo falico do 7 pé (sua contrapartida feminina) e era um simbolo da fecundidade em diversos costumes ligados a co- lheita e ao casamento. Caldeirio — No caldeiréo — sobretudo nas mitologias indo- européias, nos contos de fadas, nas praticas e rituais alqui- micos etc. — realizam-se as transmutagOes magicas e miti- Caldeirao (Caduceu: Hermes com 0 caduceu Caldeiréo: duas bruxas fazendo transmutacoes ‘mdgicas em um caldeirdo; xilogravura de Tractatus das mulheres mds chamadas bruxas; Ulm, cerca de 1490 4 aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. de forgas primitivas excepcionais (Polifemo, Ciclope); ex- pressa também o saber divino (Odin). Caos — Na Antiguidade e no relato biblico da criagao (To- hu wa bohu) é, entre outras coisas, simbolo do estado do mundo anterior ao surgimento dos seres. Segundo antigas concepgées egipcias, 0 caos existia sob a forma do oceano original Num, anterior a criagéo do mundo e envolvendo- 0 desde entéo como fonte constante de renovagao e forga. Para os alquimistas, era uma das designag6es da prima ma- teria, Na psicanalise, simboliza a passividade total. 7 Abis- mo. Capa — 7 Manto. Capacete — 7 Elmo. Capim — / Feno. Capricério — E 0 décimo signo dof zodiaco; seu elemento éaf terra. ‘Capuz — Vestimenta de diversos deuses, deménios ¢ feiti- ceiros; faz parte do vestudrio dos monges; ao lado do as- pecto pratico, ha o contetido simbdlico de concentra¢ao da forca espiritual ou da dissimulacdo. Cobrir a cabeca com um / véu ou um capuz simboliza muitas vezes a morte, nas cerim6nias iniciaticas. Caracol — Simbolo lunar em intimeras culturas; visto que ele mostra e esconde suas antenas é, por conseguinte, uma imagem do continuo aparecimento e desaparecimento da Lua; nesse sentido, € também simbolo universal da reno- vacao constante. Deuses indigenas dos ventos foram repre- sentados sob a forma de caracol, exprimindo muitas vezes sua capacidade de penetrar em todos os cantos (como 0 ca- Tacol se recolhe em sua casa). Como a / concha, o caracol foi comparado também muitas vezes ao érgdo sexual femi- nino; por essa razao ¢ devido a sua casa protetora, era, em algumas culturas indigenas, um simbolo corrente da con- cepedo, da gravidez e do parto. Foi considerado no cristia- nismo um simbolo da ressurreigdo, por romper na primavera a cobertura de sua concha. Devido a forma de sua concha, relaciona-se também simbolicamente com a / espiral. O kau- ri ou madrepérola foram usados por muitos povos primiti- vos, ndo somente como adorno e moeda, mas também como amuletos e simbolos da fertilidade. Caranguejo — Lagosta, cancer; por ser animal que vive na ? agua, é relacionado freqiientemente com o simbolismo da Agua ou do mar original (* mar). Devido a casca que 0 pro- tege do mundo exterior, 0 caranguejo associa-se as sig- Caranguejo Caos: caos dos elementos; Utsiusque Cosmi Historia, de Roberto Fludd; Oppenheim, 1916 Capricérnio: signo do zodfaco Capuz: eremita; fragmento de um desenho do conde de Ur; 1512 Caracol: 0 deus dos ventos dos maias saindo de um caracol 45 aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. muitas regides da Europa e também do Extremo Oriente, o dom de fazer brotar fontes com a pancada do seu casco. Também aparece ligado 4 Lua. Associado ao Reino dos Mortos (por exemplo, na Asia central e para muitos povos indo-europeus) aparece, portanto, também como guia de almas; por isso as vezes era enterrado junto com 0 defunto ou sacrificado na ocasido da morte de seu dono. O lado es- curo € negativo do simbolismo do cavalo aparece, por exem- plo, no zoroastrismo, onde o espirito maligno Arima muitas vezes se apresenta sob a forma de um cavalo. Ligados ao lado escuro do simbolismo do cavalo estéo também os se- res compostos de cavalo ¢ homem, encontrados na mitolo- gia grega (* Centauro, Sileno, Satiros) cujas partes do cavalo representam quase sempre a instintividade incontrolavel. ? Pégaso, o cavalo alado da mitologia grega, é visto de ou- tro modo; relaciona-se com o simbolismo da luz desenvol- vido posteriormente ¢ complementando 0 cténico (por exemplo, na China, na India e na Antiguidade). Sob esse aspecto luminoso, 0 cavalo, sobretudo 0 cavalo branco, tornou-se um animal solar e celeste, a montaria dos deu- ses, simbolo da forga domada pela razdo (compare a co- nhecida parabola dos dois cavalos no Fédon de Platao) ou o simbolo da alegria e da vitoria (representagdes nas sepul- turas dos martires). Como simbolo da juventude, da for- ¢a, da sexualidade ¢ da virilidade, o cavalo participa tanto do lado escuro como do lado claro do simbolismo acima mencionado. Cavalo é 0 sétimo signo do # zodiaco chinés e corresponde a / Balanca. * Cavaleiro. Caveira — 7 Cranio. Caverna — Ja na época pré-histérica as cavernas serviam as praticas liturgicas (7 pintura rupestre). O significado sim- bolico da caverna relaciona-se com a esfera da morte (com © espaco escuro) e com o nascimento (0 utero materno), dai serem veneradas como lugares de pousada e nascimento de deuses, herOis, espiritos, demOnios, mortos etc.; sao vistas geralmente como passagens para o Reino dos Mortos. Os sumérios situavam o Reino dos Mortos em uma caverna na montanha césmica (* montanha). Os egipcios acreditavam que a gua nutriente do Nilo jorrava de uma caverna. As cavernas tinham um importante papel nos ritos de inicia- cao (regressus ad uterum), por exemplo, nos mistérios de Eléusis ou nos ritos do ordculo de Trofénio, deus da ferti- lidade. A pardbola da caverna, de Platao, é uma represen- tacao simbélica da situagdo do conhecimento humano em Caverna Cavalo: cavalo alado sassinida; século X 49 aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. vida (em uma referéncia aos quarenta e dois salmos). Even- tualmente, simboliza a melancolia, visto que ele ama a soli- dao. Devido ao seu comportamento inquieto no cio, é con- siderado além disso um simbolo do ardor sexual masculino. Cesta — Simbolo do seio materno; a cesta cheia de frutas é, eventualmente, um atributo das deusas da fertilidade, por exemplo, de Artemis de Efeso. Cetro — Simbolo do poder supremo e da dignidade, é con- siderado freqtientemente 0 portador das for¢as divinas; tam- bém é muitas vezes um atributo dos deuses; desenvolveu-se a partir do 7 bastao. Céu — O céu, antigamente visto muitas vezes como um he- misfério abobadado sobre o disco terrestre, tem um impor- tante papel nas concepgdes mitoldgicas e religiosas de quase todos os povos, como lugar do qual atuam os deuses e as divindades e para o qual as almas subirdo apdés a morte. Decisivo para essa interpretacdéo — vista originalmente de maneira real, e nao simbdélica — deve ter sido o fato de que 0 céu esta ‘‘em cima’? (f alturas), da mesma forma que os movimentos regulares e ordenados dos astros, as chuvas vin- das do céu, fertilizantes e necessarias 4 vida, 0 temor e 0 respeito despertado pelos fenémenos da natureza, como a trovoada, of raio, os cometas, os meteoritos, o 4 arco-iris etc. Encontra-se freqiientemente a concepg¢ao de que o céu ea terra teriam sido originalmente unidos. Sob esse aspec- to, o céu representa somente uma das metades do mundo; liga-se a essa concepcdo 0 paralelismo igualmente difundi- do: céu = masculino, ativo; terra = feminino, passivo; da fecundagao da Terra pelo Céu surgiram todos os seres ter- renos (no Egito, entretanto, dominava a concepcao inver- sa: a deusa-mae Nut — o Céu — como esposa do deus Geb —a Terra). Sdo também difundidas as concep¢des de mui- tos céus ou esferas celestes sobrepostas, correspondendo as Céu: 0 Céu fecunda a Terra e cria 0 homem; segundo Thenaud em: Traité de la cabale: século XVI Céu: a deusa celeste egipcia Nut, em cujo corpo curvado sobre a Terra — aqui representada como um disco — subia e: descia 0 Sol; relevo em um sarcéfogo; XXX dinastia 53 aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. ménica de? yin e yang. No hindufsmo, o cinco é, entre ou- tras coisas, o numero do principio da vida; concebe-se 0 deus Xiva, por vezes, com cinco faces (a quinta, voltada para 0 alto e identificada com 0 7 Eixo do Mundo, nao cos- tuma ser representada); além disso, é venerado também sob a forma de cinco /inga (f linga). Os alquimistas procura- vam com a quintesséncia (a quinta substancia, i.e., 0 quin- to elemento, acrescentando-se aos outros quatro) o espirito que cria e guarda.a vida; a reincidéncia do cinco, observa- da muitas vezes nos ornamentos das igrejas cristas da Ida- de Média, relaciona-se provavelmente com essas concepgées. ? Pentagrama. Cinocéfalo — 4 Macaco. Cingiienta — Na Biblia, numero da alegria e da comemo- rac&o. O qilinquagésimo dia apés a Pascoa (originalmente apés 0 inicio da colheita) era para os hebreus uma alegre festa da colheita. Em todo jubileu os escravos eram liber- tados; as dividas, perdoadas; folgava-se no trabalho etc. A primeira festa de Pentecostes, a descida do Espirito Santo, ocorreu cingiienta dias apés a ressurreicao de Cristo. Cinto — Devido a sua forma circular e a sua funcao de amarrar, é simbolo da forga, do poder, da iniciagdo, da fi- delidade (vinculo com uma pessoa, grupo ou tarefa), da pro- tego e da castidade. Roubar o cinto de alguém significa, em contrapartida, arrebatar-lhe os vinculos e a forga, even- tualmente também a dignidade. Na India, 0 ato de o guru colocar o cinto é uma parte essencial da iniciacdo espiritual. Na Biblia, menciona-se o cinto também como simbolo da prontidao (rins cingidos e pés calcados). Para hindus, gre- gos e romanos, havia o costume de 0 noivo desatar 0 cinto da noiva na noite de nipcias. O cinto de Vénus era consi- derado capaz de magicas irresistiveis. Na esfera erética, po- rém, 0 cinto tem ao mesmo tempo a funcao de separar ¢ esconder; 0 primeiro cinto mencionado na Biblia ¢ 0 de fo- Ihas de figueira usado por Addo e Eva para cobrir 0 sexo. Os anjos usam cintos assinalando sua forga e o dominio de sua poténcia genésica; o mesmo sentido tém o cinto dos ere- mitas, dos monges e dos sacerdotes na missa. Na Idade Mé- ia, as prostitutas ndo podiam usar véu nem cinto. Atri- buia-se aos cintos de diversos santos a capacidade de facili- tar os partos. Cinza — O significado simbdlico da cinza relaciona-se com © fato de ser semelhante ao pé e de ser aquilo que resta — frio e, por assim dizer, purificado — apds a extingao do Cinza 57 aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. gado a alma ou ao corpo por uma corda astral de ouro. Para os franco-macons, uma corda com nds simboliza sua co- munidade. Cordao umbilical — E, eventualmente, um simbolo do vin- culo que nos liga 4 mae e a primeira infancia. Cordeiro — Ovelha; devido a sua candura e tolerancia e a sua cor branca, é simbolo da mansidao, da inocéncia e da pureza. Na Antiguidade, era a vitima preferida nos sa- crificios, ao lado dof carneiro; dai também ser simbolo de Cristo e de sua imolacao. Na iconografia crista, um cor- deiro no meio de outras ovelhas, ou parado ao longe, indi- cao cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo. Grupos de cordeiros ou de ovelhas representam também os fi¢is ou a Igreja dos martires (Cristo aparece no papel do Bom # Pastor). O Juizo Final é representado as vezes pela imagem de Cristo separando os carneiros dos bodes. Carneiro é 0 oitavo signo do f zodiaco chinés e corresponde ao / Es- corpiao. Cornalina — 7 Jaspe. Cornucépia — 7 Chifre. Coroa! — Distingue-se da / coroa?, sobretudo por seu ma- terial (quase sempre de ramos e flores) e na Antiguidade servia de adorno, de condecoracao e de sinal da graga de Deus nos jogos esportivos, nas festas e sacrificios (os ani- mais imolados também usavam uma coroa). Acreditava-se que era possivel proteger-se da bebedcira usando uma co- roa (a principio, de hera; mais tarde, de ervas arométicas). A Biblia menciona coroas de honra, de alegria e de vitéria (bem préximo do sentido da palavra # coroa?). A coroa da vitoria da Antiguidade recebeu no cristianismo o significa- do de signo da salvagdo alcancada; nesse sentido, aparece também em sepulturas etc. as vezes ligada ao monograma dof Cristo ou a? pomba e ao / cordeiro. Soberanos e ven- cedores costumavam ser representados, na Antiguidade, na Idade Média e na Idade Moderna, com uma coroa de lou- ros (? louro). A partir do humanismo, a coroa de louros (apoiando-se na Antiguidade) tornou-se também uma po- pular condecoragao de artistas, poetas ¢ sabios eminentes. A coroa do advento de pinheiro verde com quatro velas — uma particularidade dos paises de lingua alema — é sim- bolo da preparacao e da esperanca, e surgiu depois da Pri- meira Guerra Mundial. Coroa? — Como adorno da parte mais nobre do homem, a coroa tem 0 significado simbélico de realcar a pessoa; de- Coroa? Cordeiro: cordeiro pascal; terracota, da oficina de A. Della Robbia coroa; da Coluna de Maria, de H. Gerhard, Marienplaiz, Munique 65 aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. de suas pétalas, é também um simbolo solar. E o emblema da casa imperial japonesa. Crisma — Ungiiento utilizado na Igreja Catolica — mistu- ta de azeite e especiarias — para simbolizar a dupla natu- reza — humana e divina — de Cristo. ‘Cristal — Simbolo da pureza e da clareza, dai também ser simbolo do espirito. Associa-se ao significado simbolico do 7 diamante. Como corpo material, porém transparente, ¢ também, ao inverso de outros minerais, um simbolo da uniao dos contrarios, sobretudo do espirito e da matéria. Como. ele mesmo no produz fogo, mas pode originar uma luz me- diante os raios de sol que o perpassam, é considerado no cristianismo um simbolo da Imaculada Conceic¢ao, sendo portanto também um simbolo da Virgem Maria. Cristo, monograma do — Figura que se apresenta de dife- rentes formas, compostas pelas letras iniciais gregas do no- me de Cristo: X (k aspirado) e P (rd) ou — antigamente — pelas letras iniciais de Jesus Cristo (1 e X), simbolizando geralmente Cristo ou entdo o cristianismo (ja na época de Constantino, o Grande). As duas letras estao geralmente inscritas em um f circulo, dando a impressdo de uma f ro- da, e tornaram-se ao mesmo tempo simbolos solar e cés- mico. Acrescentavam-se muitas vezes as letras A e Q (A alfa e dmega), ou entdo o Sol e a Lua, referindo-se a crucifica- ¢ao (quando o Sol escureceu e a Lua surgiu). # Ressurrei- go, cruz da. Croco — Familia de plantas com mais de sessenta espécies; na Antiguidade, estimava-se sobretudo uma de suas espé- cies: 0 a¢afrdo; supunha-se que coroas de croco protegiam da bebedeira. Do estigma do acafrao preparava-se uma ma- téria corante amarela, um simbolo da luz e da grandeza: por isso, as vestes de deuses € reis eram em geral de cor amarelo-agafraéo. Devido a cor de ouro de seu estilete, o cro- co é, na literatura cristé, eventualmente um simbolo do / Ouro e ao mesmo tempo da virtude mais sublime, o amor. Crocodilo — Jacaré; é relacionado freqiientemente com 0 simbolismo da / 4gua; como ele vive, porém, na 4gua e na terra, seu significado simbdlico muitas vezes é ainda mais complexo. Goza de veneracao especial no Egito, pois consi- AER NOELLE ETT ETE << TT i Crocodilo ‘Monograma do Cristo: duas formas diferentes; segundo mosaicos de catacumbas Crocodilo: 0 deus da terra egipcio, Geb, sob a forma de um crocodilo, adorado por um morto as ‘margens do rio do mundo; (detathe); segundo uma representacdo no Livro dos mortos, de Heri-uben; XXI dinastia 69 aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. gesto de defesa. Desde tempos remotos, nos paises medi- terrAneos, considera-se a figa (enfiar o polegar entre o de- do médio eo indicador, com a mao fechada) uma protecao contra mau-olhado, um insulto grosseiro ¢ também um sim- bolo sexual. Na iconografia ocidental, um dedo colocado sobre a boca significa siléncio. O Menino Jesus com o de- do sobre a boca ou sobre a lingua refere-se, ao contrario, ao logos como palavra falada. # Mao. Deésis — Representagdo de Cristo no trono como juiz su- premo situado entre a Virgem Maria e Joao Batista, que intercedem pelas almas; é freqiientemente usada como sim- bolo do Juizo Final. Deformidade — A deformagao fisica indica freqiientemente capacidades especiais ¢ misteriosas (benéficas ou maléficas). 7 Caolho, / perneta, 7 coxo. Delfim — Animal agil, bastante inteligente e amigo do ho- mem, 0 delfim foi, para muitos povos ligados ao mar, mo- tivo de interpretagdes miticas. A cultura creto-micénica, e também os gregos € os romanos, consideravam-no seme- Ihante aos deuses. Na Grécia, era consagrado sobretudo ao deus-iuz Apolo, mas também a Dioniso (protetor dos ma- rinheiros), a Afrodite (nascida do mar) e a Posséidon (deus dos mares). Considerado, além disso, um guia que leva as almas em seu dorso para 0 Reino dos Mortos. Sob esse as- pecto, o delfim foi adotado pela iconografia crista, em seus primérdios, como um simbolo relacionado com Cristo, 0 Salvador. Deljim: diversas apresentagdes do delfim em moedas antigas Dente-de-ledo — Antiga planta medicinal lactescente, da fa- milia das compostas, muito difundida; talvez em virtude de suas flores semelhantes aos raios de sol, foi associada, na iconografia cristaé da Idade Média, a Cristo e a Virgem Ma- tia. Como muitas plantas lactescentes, é além disso um sim- bolo da morte de Cristo e dos martires. Dente-de-ledo j Dedos: a figa como amuleto ‘maritima de Dioniso; de uma taca grega; cerca de 350 a.C. Delfim: ancora € delfim; catacumbas; século II 73 aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. pla) com © ‘movimento de involucdo e evolugao de todo © cosmo”’, com o “‘retorno e renovacao’’, e muitas vezes também com 0 / ‘‘labirinto’’. Espirro — Muitos povos primitivos atribuem-no as influén- cias de demdnios que, desse modo, pretendem expulsar a alma do corpo. Os lapées acreditavam que um espirro vio- lento poderia provocar a morte. Dessa crenga provém 0 cos- tume, existente desde a Antiguidade, de se desejar sorte e satide a quem acaba de espirrar. Espora — Planta da familia das ranunculaceas; na Idade Média, por causa de suas flores semelhantes a esporas, era relacionada com a nobreza cavalheiresca, tornando-se por isso um simbolo das virtudes nobres; nas imagens da Vir- gem Maria, é também simbolo de sua dignidade na quali- dade de mae de Deus. Esquadro — Instrumento utilizado para tracar 0 f quadra- do, sendo freqiientemente um simbolo da Terra (relacionado com o nimero / quatro); visto que sé se pode desenhar an- gulos retos com o esquadro, ele simboliza também a reti- dao, a sinceridade e a legalidade; desempenha um papel especial no pensamento simbélico dos franco-macons. Associa-se simbolicamente ao / compasso. Esqueleto — Personificacdo da morte, representado freqiien- temente em uma postura meditativa ou com a / foicee a # ampulheta; é encontrado jé no final da Antiguidade (os gregos personificaram a morte ora como o irmao adoles- cente de Sono, ora como génio com um archote voltado para baixo). Motivos ligados 4 danga macabra, no final da Ida- de Média, mostravam pessoas de ambos os sexos, de todas as idades e posicGes sociais, dancando em roda com esque- letos, que em seguida os arrebatavam; em representagGes posteriores, o esqueleto aproxima-se dos homens como uma ameaca inesperada, no meio da vida. Esquilo — Na mitologia germanica, o esquilo era consa- grado ao fogo e ao deus do trovao; vivia no freixo cosmico Yggdrasil (f arvore). Para o simbolismo cristéo da Idade Média, representava o Diabo, em virtude de sua agilidade extraordindria e de sua cor vermelho-fogo. Estagées do ano — Representadas freqiientemente nas ar- tes por personificacées, sobretudo por figuras femininas ou por génios com atributos: flores, cordeiros, cabritos, repre- sentavam a primavera; um feixe de trigo, uma foice, um dragaio cuspindo fogo, o vero; um cacho de uvas, uma le- bre, cornucépias, frutos, 0 outono; a caca era simbolizada Estagdes do ano 6 presumivelmente como simbolo da vida e da fertilidade; Bacha, Suécia, periodo neolitico Esqueleto: xilogravura de: La danse macabre des fernmes; (detathe); Paris, 1486 89 aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. mo fase anal, relaciona-se também com a grande valoriza- ¢o dos excrementos. Faca — Por ser instrumento de trabalho de corte afiado, como a / tesoura, a faca € um simbolo do principio mascu- lino e ativo, que molda a matéria feminina e passiva. No hinduismo, é um atributo de divindades terriveis. Para mui- tas culturas, a faca tem o poder de afastar as influéncias maléficas, 0 que parece associado talvez ao simbolismo do ferro. A faca encontrada na mao de personagens do Anti- go Testamento é a da circuncisdo e refere-se ao ingresso em uma antiga corporacao. Faisao — Nas concepg¢ées mitolégicas, sobretudo chinesas, é um simbolo da harmonia césmica, em virtude de seu can- to e de sua danga; seu pio € o ruflar de suas asas relacionam- se com 0 / trovao; por conseguinte, com a trovoada, a 7 chuva e a primavera. Consideravam-no ligado ao princi- pio yang (/ yin e yang). Na mudanca das estacées, o faiséo transforma-se em / serpente, ligada ao principio yin, e vice- versa. Na Antiguidade e na Idade Média, 0 faisdo dourado associava-se a / fénix. Faiséo dourado — f Faisdo. Faixa — / Venda, lacos. Faleaio — De maneira geral, 0 falcio é um simbolo solar, masculino e celeste; no Egito, em razao de sua forga, de sua beleza e de seu véo elevado, ele era simbolo dos deu- ses; era animal sagrado do deus solar Ré, entre outros; 0 deus Horo assume, via de regra, a forma de um falco ou de um homem com cabega dessa ave, mas outras divinda- des aparecem também sob a forma de falcdo. O falcdo en- capuzado simboliza, sobretudo na Renascenca, a esperanca na luz que clareia as trevas, associado, por exemplo, a di- visa: Post tenebras spero lucem (depois das trevas espero a luz). Falena — Como af borboleta, que ¢ irresistivelmente atraida pela / luz, morre queimada por desatencao; a falena é sim- bolo do amor mistico, abnegado e altruista da alma em torno da luz divina. Falo — E considerado em toda parte um signo da fecundi- dade, das energias especiais e césmicas e da fonte da vida; por isso é utilizado freqiientemente como amuleto e vene- Falo Faledo: Horo em forma de falco; ‘mural egipcio de uma sepultura Falo: herma de Siphos 93 aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. ra invertida que cresce no céu é simbolo do mundo. A dr- vore Bodhi & a figueira sob a qual Buda recebeu a ilumina- cio (= bodhi) sendo considerada um simbolo do conhecimento. A atitude de Jesus ao amaldicoar uma fi- gueira estéril, no Novo Testamento, é interpretada como a condenacdo do povo judeu; desse modo, uma figueira seca simboliza, na iconografia crista, a Sinagoga. Filha do rei — Princesa; nos contos de fadas tradicionais de muitos povos, é simbolo de uma meta e do bem mais sublime, que 0 herdi sé pode alcangar apdés superar diver- sos obstaculos e perigos. Na psicanilise, é interpretada tam- bém como a personificacao do inconsciente individual em oposicao ao ‘‘rei velho’’, na qualidade de representante do inconsciente coletivo. f Filho do rei. Filho do rei — Principe; é encontrado em inumeros contos de fadas como herdi radiante, como a personificagao da transformacdo e do comportamento adolescente, ativo e mo- ralista, mas também do padecimento constante. Na psica- ele pode ser visto como o representante das forcas vitoriosas do Eu. / Filha do rei. Fimbria — Orla de vestimenta; tem um papel simbdlico bas- tante significativo no Oriente Préximo; beijar ou tocar a fimbria de um manto era considerado um gesto de reverén- cia ou de submissao. Por outro lado, cortar a fimbria era, para alguns povos, uma punicdo desonrosa ou, no minimo, a expressdo simbolica do poder de dispor de uma pessoa (relacionado, as vezes, com 0 corte de / cabelos, pelo seu significado simbélico semelhante). Fio — De maneira geral, ¢ simbolo da ligacao; por exem- plo, os Upanixades falam de um fio que liga este mundo ao Além e todos os seres entre si. O tempo ea vida séo tam- bém comparados muitas vezes a um fio (f Moiras). Na mi- tologia grega, o fio de Ariadne refere-se a um novelo que Ariadne, filha do rei Minos, deu a Teseu e com o qual ele conseguiu sair do labirinto; é simbolo proverbial do prin- cipio que leva ao conhecimento. da vida — 7 Moiras. de Prumo — Nivel; simbolo da verticalidade, por ve- zes também do / Eixo do Mundo. Sobretudo na franco- maconaria, é simbolo do equilibrio e da retiddo espiritual. Nas artes plasticas, simboliza as vezes a arquitetura, a geo- metria, mas também a moderacdo e a justica. Flamejante — 7 Vermelho. Flamejante 97 aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. Fortuna Fonte — Associa-se simbolicamente 4 / agua, e ao mesmo tempo, contudo, a profundeza do mistério e ao acesso a ma- nanciais ocultos. Descer a fonte (por exemplo, nos contos de fadas) simboliza geralmente 0 acesso ao conhecimento esotérico ou a esfera do inconsciente. O mergulho na 4gua da fonte corresponde simbolicamente, quase sempre, a be- ber uma / pocdo especial (7 elixir): proporciona imortali- dade, juventude e satide (fonte da juventude). E encontrada na Biblia relacionada simbolicamente com a purificacdo, Fonte: a fonte da a: fe . « x vida como fons a béncdo, e a dgua da vida. Nos paises arabes, as fontes _ mercurialis; em: rodeadas por um muro quadrado sao consideradas muitas Rosarium fe ¥ shill yh ; 1550 vezes simbolos do Paraiso. / Nascente. Pee Forga — Personificacao da valentia, uma das quatro virtu- des cardeais; é freqiientemente representada com os atri- butos da 7 clava, da / espada, do escudo, da bandeira da vitéria e do f ledo. Formiga — Como a7 abelha, é simbolo da aplicagao e da vida social organizada; em virtude de sua farta provisao ar- mazenada para o inverno, é também simbolo da previdén- cia sébia. Na India, em razdo de sua atividade incessante, é simbolo da inutilidade de todas as aces da vida terrena. Para os povos africanos, o formigueiro relaciona-se mui- tas vezes com as concep¢des cosmogonicas, sendo associa- do também a fecundidade que ele supostamente concede as mulheres que se sentam sobre ele. Formigueiro — ¢ Formiga. Fornilho — Forno; associa-se simbolicamente ao fogo; mui- to significativo, sobretudo na alquimia, nos processos de transmutacao de metais, da / agua, do / ar, da terra etc. € nos processos misticos e morais a eles ligados. O forno era especialmente um simbolo do seio materno; “‘ser colo- cado no forno’’ pode ser interpretado também como sim- bolo do retorno ao estado embriondrio; e ‘“‘ser incinerado no forno’’, como simbolo da morte e do renascimento. Forno — / Fornilho. Fortaleza — De maneira geral, ¢ um simbolo de protecao, de refiigio e muitas vezes também de afastamento do mun- do, de didlogo interior com Deus ou consigo mesmo. ? Burgo. Fortuna — Deusa romana do destino; mais tarde, somente da sorte; identificada com Tique; encontrada freqiientemente nas artes plasticas da Renascenga; como personificag40 da pyruna: Fortuna, de sorte casual e oscilante, é representada quase sempreem pé_V Solis, o Velho 101 aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. nhecimentos ocultos e, por outro lado, também da curiosi- dade (que mete o bico em tudo). Na Idade Média, como outros animais exterminadores de serpentes, era um sim- bolo de Cristo. A garca cinzenta era considerada simbolo da peniténcia em virtude de sua plumagem cor de cinza. Vis- to que, segundo Plinio, a garca nao é capaz de verter lagri- mas de dor, também relaciona-se simbolicamente com o Cristo no Horto das Oliveiras. Gataria — / Valeriana. Gato — E um simbolo ambivalente. No Japao, é um ani- mal de mau augurio. Na Cabala e no budismo, associa-se simbolicamente a / serpente. No Egito, venerava-se o gato doméstico, jeitoso e titil, como animal sagrado da deusa Bas- tet, a protetora do lar, das maes e das criancas. Na Idade Média,consideravam-se os gatos (sobretudo os pretos) ani- mais de bruxas; ¢ o macho preto, em especial, era simbolo do Diabo; a supersti¢ao via nele, portanto, um causador de desgracas. Gato € 0 quarto signo do f zodiaco chinés e corresponde a Cancer (4 Caranguejo). Gavela (feixe de espigas) — E simbolo da colheita ¢ da abun- dancia. Nos ritos ligados a colheita, atribuia-se ao primei- ro ou ao ultimo feixe atado poderes especiais que se tor- nariam negativos caso nao fossem cumpridas certas regras; por exemplo, da-lo de presente ou atira-lo nas terras do vi- zinho. Por ser juncdo de muitos elementos isolados, a ga- vela corresponde simbolicamente ao / ramalhete. Gaviio — No Egito, é 0 passaro de Horo e, portanto, um simbolo solar; também para os gregos e romanos ligava-se ao sol. O fato de a fémea ser maior e mais forte que 0 ma- cho, faz também do gavido um simbolo do dominio da mu- Iher no casamento. Gazela — E simbolo da rapidez; na [ndia, por exemplo, esta relacionada com 0 ar ecom 0 vento. No mundo semita, so- bretudo por causa de seus olhos, é 0 supra-sumo da beleza. Devido a acuidade visual, no cristianismo € considerada um simbolo do agudo conhecimento espiritual. Nas artes plas- ticas, é encontrada freqiientemente como vitima, persegui- da e morta por um animal selvagem e feroz: simbolo da aniquilacio do nobre e do indefeso pela brutalidade selva- gem; a psicanalise vé nessas imagens também um simbolo de tendéncias autodestrutivas oriundas do inconsciente. Gémeos — Sao encontrados com diversas caracterizacées: idénticos na forma e na cor; ou um claro e 0 outro escuro; um vermelho e 0 outro azul; um com a cabeca voltada pa- Gato: a deusa egipcia Bastet; estatueta de bronze do fim da Antiguidade Gémeos: signo do zodiaco 105 aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. Habito monastico — Traje; segundo a tradicdo monastica, é quase sempre um simbolo da pobreza, do isolamento do mundo e da integracdo em uma comunidade religiosa; no cristianismo, aparece relacionado simbolicamente com a rou- pa de batismo. Halito — / Sopro. Harpa — # Lira. Hepatica — Planta com virtudes curativas considerada re- presentacdo da Virgem Maria, na simbélica crista. Por causa das trés partes da sua folha, ela simboliza também a Trindade. Hera — Como a maioria das plantas sempre verdes, sim- boliza a imortalidade. A cor invariavelmente verde dessa planta trepadeira e seu carater, por assim dizer, ‘‘aconche- gante”’, fizeram dela também um simbolo da amizade e da fidelidade, razao pela qual era entregue — por exemplo, na antiga Grécia — ao casal de noivos na ceriménia de casa- mento. Devido a sua necessidade de apoio, a hera foi con- siderada muitas vezes também um simbolo feminino. A par disso, na Antiguidade, essa planta vigorosamente verde sim- bolizava a forga vegetativa e a sensualidade, desempenhando Por isso, nos cultos a Dioniso (Baco), um papel significati- vo; desse modo, as Ménades (bacantes), os satiros e os sil- vanos, por exemplo, usavam coroas de hera ¢ 0s f tirsos eram adornados com essa planta. Hera-terrestre — Trepadeira labiada, quase sempre com flo- res azul-violeta. Na Idade Média era uma planta medicinal muito difundida; por essa razdo era também um simbolo da Virgem Maria. Afirmava-se que uma coroa feita de hera- terrestre colhida na noite de Valburga concedia a capaci- dade de reconhecer as bruxas no dia seguinte. Hércules (Heracles) na encruzilhada — 7 Encruzilhada. Hermafrodito — Andrdgino; simbolo da coexisténcia ou da mediagao dos opostos, assim como do homem perfeito. A divindade era concebida, em muitas religides, como um ser bissexual. Platdo relata em O banquete o mito do ho- mem que tinha em sua origem dois sexos. A materia prima ea? pedra filosofal da alquimia, que seria produzida pela religacdio dos principios masculino e feminino (depois da antiga separacdo), aparecem nas reproducées, freqiientemen- te, como hermafroditos. 4 Merctrio, # Rebis. Heréi — Segundo a interpretacdo psicanalitica do simbo- lismo do sonho e dos contos de fadas, é geralmente a per- sonificagéo da vitéria das forgas do Eu. Herdi i Hepitica Hermafrodito sobre a lua crescente; em Philosophia reformata, de Mylius; 1622 109 aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. boliza também o reftigio que impede o envolvimento com a vida. Tluminacéo — / Luz. Ima — / Magnetita. Imolacao (de animais) — / Sacrificio. Incenso — E utilizado nos cultos de inimeros povos. O sim- bolismo do incenso baseia-se no perfume, na fumaga e na combinagao de resinas nao deterioraveis: a fumaga simbo- liza as preces que sobem em direcao ao céu, o perfume ex- pulsa os maus espiritos e as influéncias malignas, e a resina simboliza a perenidade. No cristianismo, foi utilizado pri- meiramente nos enterros e depois nas praticas liturgicas em geral. Incineragio — E simbolo da purificacao perfeita e da trans- mutacdo da matéria em substancia espiritual, que assim se eleva (/ alturas, 7 fumaca); tem um papel importante, por exemplo, nas ceriménias de sepultamento (particularmen- te na cremag¢do de cadaveres) e na wre ? Fogo. inferno, fogo do — 7 Fogo. Iniciag&o — Para muitos povos primitivos, é 0 ingresso em uma nova fase da vida acompanhada de praticas rituais, sobretudo na passagem para a maturidade sexual, associa- da a provas e a acées simbdlicas (por exemplo, a circunci- sao). Ocorre entéo, quase sempre, um processo de trans- formacdo, visto como simbdlico e, ao mesmo tempo, co- mo efetivo e real, abrangendo geralmente as fases: a morte da forma de vida anterior, 0 isolamento e, finalmente, 0 retorno ¢ a reincorporacao do metamorfoseado na comu- nidade. No sentido estrito, designa os ritos que represen- tam 0 pressuposto para a aceitac4o em corporag6es secretas e em cultos de mistérios. Freqiientemente, a vivéncia de uma morte simbélica (realizada muitas vezes até em covas e cai- x6es feitos exclusivamente para isso) e um renascimento es- piritual em uma esfera mais elevada desempenham nesses ritos um papel significativo. Parte integrante de diferentes ritos eram também as praticas vistas respectivamente co- mo regresso ao Utero materno e um novo nascimento. A Iniciagaio Incenso: oferenda de incenso; aito-relevo encontrado no Templo de Ostris, em Abidos, Egito Incineragao: 0 espirito personificado desprendendo-se da prima materia, no proceso de incineragao; representacdo em: Tractatus qui dicitur Thomae Aquinatis de alchimia; 1520 113 aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. Labirinto Labirinto: desenho encontrado no chéo da Igreja de San Vitale; Ravenna; século VI 118 Labirinto — Foi originalmente a designagao do palacio do rei Minos, na ilha de Creta, munido de inumeros e intrica dos corredores, e mais tarde da moradia do /# Minotauro, construida por Dédalo. A partir dai, torna-se a designacaio de todos os jardins labirinticos na arquitetura e nas artes plasticas. Atravessar o labirinto era, muitas vezes, parte in- tegrante dos ritos de / iniciagdo; ele simboliza tanto a des- coberta do centro espiritual oculto, como a ascensdo das trevas para a luz. Os labirintos representados no chao de muitas igrejas antigas sao simbolos da vida humana com todas as suas provacoes, dificuldades e descaminhos; o cen- tro simboliza, geralmente, a esperanga de salvagdo sob a forma da / Jerusalém Celeste. Lagos — Simbolizam freqiientemente 0 poderio soberano ou judiciario; designam o poder de atar e desatar. Mas, em outros contextos, podem ser também simbolo dos compro- missos contraidos espontaneamente. Lagarta — Larva rastejante (corresponde ao = verme), € muitas vezes simbolo da baixeza e da feitira. Na India (por- que passa pelo estado de crisalida e chega ao de borboleta) é também simbolo da transmigracao. Lagarto — Esta estreitamente ligado ao simbolismo do 7 Sol e da 7 luz, devido a sua afeicao pelo Sol. Aparece ge- ralmente como simbolo da alma que procura a f luz (do conhecimento, de Deus, da vida no Além), sendo encon- trado nesse sentido, por exemplo, nos cenotafios antigos e nas urnas funerdrias, como também na iconografia cris- ta. Mesmo as representacdes de Apolo matando lagartos (Sauroktonos) remontam a esse significado: ele simboliza a an- sia de morrer pela mio da luz divina e de chegar pela morte a luz do Além. A Idade Média estabeleceu uma compara¢io entre o anseio por Cristo e uma suposta capacidade do lagar- to, relatada no / bestiario: cego, na velhice, ele readquire a visdo enfiando-se em uma fenda de um muro voltado pa- ta o leste e olhando fixamente para o sol nascente; da mes- ma forma, o homem, cujo olhar interior ameaca eclipsar-se, deveria voltar os olhos para Cristo, o sol da justiga. Além disso, a mudanga de pele anual do lagarto fez dele um sim- bolo da regeneracdo e da ressurreicgdo. O lagarto tem tam- bém um significado simbélico negativo nos paises quentes, onde seu surgimento freqiiente relaciona-se com os perio- dos de calor e seca. Lago — Lagoa; é interpretado plasticamente quase sempre como um / olho aberto da terra. E visto muitas vezes co- aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. Leme Leopardo: Ménade com 0 leopardo; de uma taca do pintor Brigo; cerca de 490 ac, 122 lidade. Por sua cor ¢ seu gosto suave, relaciona-se freqiien- temente com a/ Lua que, ao contrario do Sol, irradia uma luz branca e suave. Em algumas regides da Asia e da Euro- pa, predomina a crenga de que of raio ou os incéndios cau- sados por ele s6 podem ser apagados com leite. Segundo concep¢des cosmogénicas hindus, o mundo era, nos primér- dios, um mar de leite transformado por um gigantesco mo- linilho ou por chicotadas (4 chicote) em manteiga, o primeiro alimento dos seres vivos. A iconografia crista, que também representa a mae de Deus amamentado (Maria lacians), dis- tingue a boa mae que nutre com 0 leite da verdade e a mae que da o peito a / serpentes. O leite é encontrado ligado ao / mel, tanto na Antiguidade como no Antigo Testamento, na qualidade de supra-sumo dos mais sublimes bens divi- nos e da vida bem-aventurada (compare, por exemplo, a Terra Prometida, de onde manam leite e mel). Por isso, 0 leite e 0 mel desempenham um importante papel em dife- rentes mistérios da Antiguidade; também nos costumes dos primérdios da Igreja crista, 0 leite ¢ o mel aparecem como simbolos litirgicos e eram dados aos neédfitos, quando es- tes recebiam assim a futura salvacdo. Leme — Timdo; simbolo da responsabilidade, da autori- dade e da sabedoria suprema. Leopardo — Simboliza freqtientemente a ferocidade, a agressividade, a luta ou a altivez. Considerado na China, em oposicao ao cardter solar do / ledo, um animal lunar. Nos mitos africanos, por outro lado, associa-se a luz do sol da manha. A Antiguidade conhecia 0 leopardo como atri- buto de Artemis ¢ de Dioniso, sendo considerado um sim- bolo da forga € da fertilidade; nesse sentido desempenhava um importante papel nos cultos a Dioniso (Baco); devido a seus sallos impetuosos, foi comparado as Ménades (ba- cantes). ¢ Pantera. Leque — Foi usado na Babilénia, na india, na China, na Pérsia, pelos gregos e pelos romanos ¢ em outras culturas, especialmente como abano feito de folhas de palmeira, pe- nas de avestruz ou de pavao, simbolizando a dignidade real. No hinduismo, o leque é, entre outras coisas, um simbolo do sacrificio ritual, visto que serve para aticar 0 fogo. So- bretudo na China e no Japio, os movimentos do leque associam-se a prote¢do contra espiritos malignos. Lerna, Hidra de — / Hidra. Letras — Na maioria das culturas, as letras apresentam sig- nificados simbdlicos particulares; assim, o islamismo dis- aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. Lua Lua: A Luna com ramos (2) ¢ chifre, caminhando sobre nuvens, com duas rodas e um signo do zodiaco (Cancer); xilogravura; século xv Lua: @ Lua como principio feminino (Luna); Vaticano, século XV Lula: decoragéo de um peso de pérfiro; Cnosso, Creta 128 sobretudo a Apolo. Relacionado com os cortejos triunfais, veio 4 tona primeiramente por causa da virtude purifica- dora que lhe era atribuida: as pessoas o usavam para pu- rificar-se do sangue derramado na guerra; mais tarde, foi considerado simplesmente um simbolo da vitoria, do triunfo e da imortalidade adquirida; nesse sentido, foi utilizado tam- bém como condecoragao por feitos especiais nas ciéncias e nas artes (sobretudo literdrias), quase sempre sob a for- ma de coroa. Lua — Desempenha um papel significativo no pensamento simb6lico, magico e religioso da maioria dos povos. Deci- sivo nesse caso é, sobretudo, o fato de parecer “‘ter vida’, em fungao de sua forma sempre varidvel, de associar-se de maneira evidente aos diferentes ritmos de vida sobre a ter- ra e de ter-se tornado um importante ponto de referéncia na cronometria. Por isso, no antigo Oriente, a Lua desem- penhava um papel mais significativo que 0 do # Sol. Mui- tos povos veneravam-na como um deus ou (na maioria das vezes) deusa (por exemplo, para os gregos era Selene; para os romanos, Luna). Por ‘‘minguar” e ‘‘crescer’’ e por suas influéncias sobre a Terra, principalmente sobre o organis- mo feminino, associa-se estreitamente a fertilidade femini- na, a chuva, a umidade e, de maneira geral, a tudo o que é transitério e perecivel. Alguns povos conheciam ritos es- peciais para salvar ou fortalecer a Lua, na lua nova e nos eclipses lunares, entendidos como fraqueza e ameaca do as- tro noturno. Ao contrario do Sol, um astro de luz prépria, quase sempre interpretado como masculino e associado ao principio yang (/ yin e yang), a Lua aparece geralmente co- mo simbolo do suave, do que necessita de apoio, do femi- nino e liga-se ao principio yin. Em contrapartida, encon- tra-se mais raramente a concep¢ao da Lua como homem (velho); por exemplo, nos paises de lingua alema. Em mui- tos mitos, ela aparece como irma, mulher ou amante do Sol. Na astrologia e na psicologia profunda, a Lua é vista, en- tre outras coisas, como simbolo do inconsciente, da passi- vidade fecunda e da concepgao. f Meia-lua, /coelho, /leite. Lula — Aparece tanto na arte ornamental dos celtas como na dos cretenses; em virtude de seus tentaculos quase sem- pre volteados, relaciona-se simbolicamente a f aranha e a f espiral; por ser habitante do mar que expele um liquido escuro contra seus inimigos, a lula é de certo modo vista também como simbolo dos poderes subterraneos. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. brenatural. Os autores judeus e cristaos interpretam-no tam- bém como simbolo do /ogos. Mandala — Antiga designacdo hindu para / ‘‘circulo”’; a palavra caracterizou mais tarde sobretudo os sinais de me- ditacdo abstratos ou impregnados de elementos plasticos, nas religides hindus, sob a forma de um circulo ou de um poligono; representa simbolicamente as experiéncias religio- sas e pretende ser um recurso para auxiliar a uniaéo com o divino por meio da meditagdo. C. G. Jung interpretou as mandalas como simbolos da individuacdo, constatando os correspondentes asiaticos também na simbolica dos sonhos do homem moderno. / Yantra. Mandala: duas formas basicas Mandorla — E uma auréola em forma de /améndoa e par- ticipa também de seu simbolismo; foi utilizada desde o ini- cio da era cristé, sobretudo nas representacdes de Cristo glorificado e da Virgem Maria. Mandraégora — Planta de Circe; designa normaimeme a raiz da mandragora, uma planta da familia das solanaceas que, segundo as crengas populares, nasce do esperma de um en- forcado, sob o patibulo (por essa razdo, na Alemanha a raiz também chamada homenzinho da forca). O caule em for- ma de cenoura, geralmente ramificado, lembra quase sem- pre a figura de um homem. A mandragora é utilizada ha muito tempo de diversas formas, como remédio, em prati- cas magicas e também como afrodisiaco. No que diz res- peito a esse ultimo efeito, foi muitas vezes considerada — por exemplo, no Egito e pelos hebreus — um simbolo da magia amorosa e da fecundidade. Nas crengas populares medievais, atribuia-se 4 mandragora a capacidade de tra- zer sorte, fecundidade e riqueza; desde entao, € menciona- da indmeras vezes nesse sentido em expresses idiomaticas. 7 Ginseng. Mandragora Mandorla: Cristo na mandorla; segundo uma miniatura; Pontifical de Chartres; inicio do século XII Mandrégora: em Hortus sanitatis; 1485 133 aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or reached your viewing limit for this book. aa You have either reached a page that is unavailable for viewing or 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DICIONARIO DE SIMBOLOS Herder Lexikon Enriquecido com mais de 400 ilustragdes, a maior parte das quais desenhadas especialmente para este volume, este Diciondrio de Simbo- fos, cuja redagao foi confiada a professores especializados em cada uma de suas dreas, esclarece as origens ¢ 0 significado de todos os sinais e simbolos mais importantes provenientes das mais diversas civilizacdes. Entre os simbolos aqui reproduzidos e analisados, encontramos animais da fauna e do fabuldrio universal (como, por exemplo, a 4guia, 0 cordeiro, 0 unicérnio, 0 lefo, a fénix, a serpente); plantas (0 lirio, o l6tus, 0 miosétis); objetos (0 cinto, 0 martelo, a faca, o arado, a ampu- Iheta, © cdlice); a natureza (0 sol, a lua, a montanha, o vale, a luz, a sombra, 0 fogo, a 4gua); simbolos destinados a favorecer a meditagao (como o Yin, o Yang, o Yantra); € as cores, entre outros. Cada um dos verbetes aqui contidos nos dé uma visdo exata dos miultiplos significados de cada simbolo, considerado como a condensa- gao — numa jéia, num objeto, num aderego, num mural, numa cor, num gesto — das crengas, idéias ou fobias de um povo ou de uma civilizagao. Trata-se, sem diivida, de um verdadeiro tesouro para todos os que, por mativos profissionais ou nao, precisarem ou quiserem ter uma noticia completa, embora concisa, do sentido oculto nas intimeras formas esco- thidas através dos séculos para representar 0 cerne do pensamento uni- versal, comens cure fill

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