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A idéia de uma “era glacial” remete- timo, muito citado em várias obras que
nos a uma imagem de começo, de pri- pensam uma “fundação teórica do jorna-
mórdios, de contexto de gênese de uma lismo”, mas pouco acessível em publica-
série de processos. E é justamente disso ções de língua portuguesa. Precedendo
que trata A Era Glacial do Jornalismo, cada um dos textos, estão comentários
188 de proposições teóricas que, diretamen- de alguns autores que buscam analisar
te ligadas ao pensamento sociológico não só as idéias presentes nos escritos
emergente do século XIX, destinaram-se em questão, como também as relacio-
a estudar um fenômeno social, já desde nam ao pensamento mais geral do autor
a época, carente de análise: a imprensa tratado. Mais que introdutórios tais co-
periódica e sua penetração na socieda- mentários são uma interessante “porta
de. São teorias que partem da sociedade de entrada” para os originais que lhes
para falar da imprensa e que, ao alcan- sucedem. E, sem antecipá-los, reiteram
çá-la, constituem um novo ponto de par- a importância de suas leituras, enrique-
tida, de onde nós, pesquisadores da área, cendo-as com outros elementos; o que é
podemos iniciar trajetórias. Textos que, válido principalmente para aqueles lei-
podemos dizer, antecedem ou revelam tores que pela primeira vez estão pisan-
um cenário de formação daquelas que do no terreno destas reflexões.
tomamos hoje por “Teorias do Jornalis- A introdução, um texto de Hanno Har-
mo”. dt2, destaca historicamente o processo de
A obra, primeiro número de uma co- crescimento dos jornais nas sociedades
leção de dois volumes1, centra-se em ocidentais, o aumento de circulação de
escritos de três grandes pensadores so- informação e notícias, e a penetrabilida-
ciais alemães: Max Weber, Ferdinand de da imprensa na vida cotidiana. Cená-
Tönnies e Otto Groth. Os dois primeiros, rio este que fez com muitos intelectuais,
muito lidos na teoria sociológica, e o úl- a partir do século XVII, voltassem suas