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ESCOLA DE ENGENHARIA
TRABALHO VIRTUAL
HIPERESTÁTICA
SALVADOR.
DEZEMBRO DE 2009
Princípio dos Trabalhos Virtuais
O método do trabalho virtual é uma alternativa que pode simplificar a solução de vários
casos, além de encontrar aplicações em outras técnicas mais avançadas como análises
por elementos finitos.
Figure 9.1: Ponto material sujeito a várias forças e com deslocamento virtual
Uma vez que o trabalho de uma força pode ser represntado a partir do produto escalar
(9.1)
Com sendo igual ao número de forças que atuam sobre o ponto material. Uma vez
que é constante, podemos reescrever a Equação (9.1) do
seguinte modo:
(9.2)
Uma vez que o sistema está em equilíbrio, temos que a força resultante deve ser nula, e
portanto, teremos que:
(9.3)
A Equação (9.3) apenas expressa que o trabalho virtual das forças externas que atuam
sobre um ponto material em equilíbrio, é nulo. Esse trabalho é chamado de virtual por
que foi realizado sob um deslocamento virtual, ou seja, um deslocamento que não
ocorre na realidade, que é apenas utilizado como artifício para a solução de
determinados problemas em mecânica.
O princípio dos trabalhos virtuais pode ser aplicado a um corpo rígido com o seguinte
enunciado: Se o corpo rígido está em equilíbrio, o trabalho virtual total de todas as
forças externas que atuam sobre o corpo é nulo para qualquer deslocamento virtual
realizado pelo corpo. Como em um corpo rígido o trabalho virtual das forças internas
também é nulo, pode-se afirmar que para um corpo rígido em equilíbrio o trabalho
virtual total devido as forças externas é igual ao trabalho virtual total devido as forças
internas que atuam no corpo.
Aplicações
Veremos a aplicação do método dos trabalhos virtuais em cada um dos casos acima
citados.
Equilíbrio de Mecanismos
De modo bastante simplificado podemos dizer que os mecanismos são estruturas que
não se sustentam por si próprias, e quando submetidos a forças se movimentam. O
movimento se dá porque os vínculos não são suficientes para restringir o movimento.
Do ponto de vista matemático, os mecanismos constituem sistemas onde o número de
reações de apoio é menor que o número de equações de equilíbrio disponíveis para
resolver o sistema de equações de equilíbrio.
A Figura 9.2 apresenta um exemplo de mecanismo. São várias barras articuladas através
de pinos que permitem o giro e que que estão igualmente apoiadas sobre dois pinos que
também permitem o giro. A ``intuição mecânica'' 9.1 nos indica que essa estrutura ``irá
cair'' devido as forças que atuam sobre a mesma, e que as reações de apoio nada podem
fazer para impedir isso.
nos pontos
onde estão respectivamente aplicadas as forças e a tração
. Como
somente estas forças estão aplicadas sobre pontos que se deslocam, somente elas
provocarão o trabalho virtual. Como o deslocamento tem o mesmo sentido da força
o trabalho de será positivo, ao passo que o deslocamento
tem sentido
contrário ao da tração
, por isso o
trabalho de
será negativo. Escrevendo a equação do trabalho virtual total, teremos que:
Portanto,
Voltando para a expressão original do trabalho virtual total pode-se escrever que:
Na estrutura apresentada na Figura 9.6 os dois apoios do segundo gênero irão dar
origem a quatro reações de apoio, e como só existem 3 equações de equilíbrio
disponíveis para o caso estudado, se usarmos apenas as equações de equilíbrio, teremos
um sistema com 3 equações e 4 incógnitas. Vejamos então como resolver esse problema
utilizando o método dos trabalhos virtuais.
Uma vez que o deslocamento está com o mesmo sentido da força o trabalho
virtual de será positivo. O mesmo não acontece com o trabalho de
teremos que:
Uma vez que o sinal de cada parcela de trabalho já foi previamente definido, quando
montou-se a equação da soma total dos trabalhos virtuais, tomaremos agora, os valores
das grandezas e , em módulo. Desse modo teremos que:
A grande maioria dos problemas que usam o método dos trabalhos virtuais para achar
forças que equilibram mecanismos, ou reações em sistemas hiperestáticos recai em uma
equação do tipo , que na realidade é oriunda da expressão em que a soma total de
todos os trabalhos virtuais deve ser nula. Para resolver esse tipo de equação tem-se que
achar um modo de relacionar todos os 's que aparecem na equação, de modo a
expressar os trabalhos virtuais envolvidos em função de um único tipo de deslocamento.
Nos exemplos anteriores optou-se por exemplo em trocar os e envolvidos por
um trabalhos virtuais
envolvidos no problema ficassem em função de
, possibilitando assim, a
solução da equação do princípio dos trabalhos virtuais, uma vez que todos os trabalhos
virtuais envolvidos no problema estavam em função de um único tipo de deslocamento.
Uma passagem crucial na tentativa de encontrar uma relação entre os vários 's que
podem surgir na equação do PVT é a escolha do sistema de coordenadas. A escolha
adequada da origem do sistema pode facilitar sobremaneira a solução do problema, uma
vez que uma escolha equivocada pode dificultar muito ou até mesmo nos conduzir a
resultados completamente errados. Um cuidado básico que se deve tomar quanto a
escolha da origem do sistema de coordenadas é a garantia de que o mesmo não se
deslocará quando for imposto um deslocamento virtual ao sistema de corpos rígidos.
Para que as relações entre os 's seja correta é necessário que a origem do sistema de
coordenadas seja a mesma para tanto para o sistema indeslocado, quando para o sistema
deslocado.
Para um considerável número 9.2 das vigas isostáticas usuais, o trabalho virtual das
forças internas pode ser expresso em função de um único esforço seccional que é o
momento fletor, do seguinte modo:
(9.4)
Onde:
Em primeiro lugar, devemos calcular os valores das reações de apoio (verticais), que
para o caso estudado serão iguais a
, devido a simetria do
problema. Uma vez que achamos os valores das reações de apoio podemos construir o
gráfico do momento fletor devido ao carregamento real . O gráfico do momento fletor
devido a carga é apresentado na Figura 9.10.
Figure 9.10: Gráfico de
Do mesmo modo que procedemos para a carga real devemos proceder para a carga
virtual, ou seja, devemos calcular as reações de apoio e obter o diagrama do momento
fletor. Procedendo desse modo, teremos para o DMF da carga virtual, o diagrama
apresentado na Figura 9.11:
, devemos achar as
expressões analíticas para essas duas curvas, para que possamos integra-las conforme é
indicado na Equação (9.4). Devido a simetria de geometria e carregamentos, podemos
nos contentar em achar uma expressão para curva do momento fletor válida apenas para
meio vão e depois multiplicar os resultados obtidos por dois, desse modo, podemos
expressar e do seguinte modo:
(9.5)
Substituindo os valores de (9.5) em (9.4), e lembrando que devemos multiplicar por
dois os valores obtidos pela integração, podemos expressar o trabalho virtual das forças
internas do seguinte modo:
(9.6)
Resolvendo a Equação (9.6) chegaremos a seguinte expressão para o trabalho das forças
internas:
(9.7)
E como a carga virtual que provocou o TRABALHO VIRTUAL EXTERNO foi igual a
1, temos a seguinte expressão para o trabalho virtual externo:
(9.8)
E como já sabemos que o trabalho virtual externo DEVE ser igual ao trabalho virtual
interno, basta igualar as Equações (9.7) e (9.8) para acharmos o valor do deslocamento
no meio do vão, desse modo temos para a viga estudada que o deslocamento no
meio do vão devido a uma carga posicionada igualmente no meio do vão será dado
por:
(9.9)
os valores de
encontram-se tabelados, o que facilita muito a obtenção dos valores de deslocamentos
em vigas isostáticas. Uma tabela que abrange um considerável número de combinações
entre e
[1] José Carlos Süssekind, Curso de Análise Estrutural. Editora Globo, São Paulo - SP,
Edição, 1985.