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Educomunicação no

Parna Descobrimento e Resex Corumbau

Produto 4
Relatório sobre oficinas de capacitação
Parque Nacional do Descobrimento

Alunos das oficinas apresentando leitura crítica de jornais

Projeto para a Conservação


e Manejo dos Ecossistemas Brasileiros (PROECOS)
Projeto PNUD BRA/00/009 - Edital 02/09 – cód. 327

Débora Menezes
Jornalista e educomunicadora
(73) 9922-4691 - debieco@uol.com.br
Apresentação

Este relatório tem como objetivo apresentar uma síntese do que foi trabalhado nas
oficinas de educomunicação junto às comunidades indicadas pelo Parque Nacional do
Descobrimento.

A proposta dessas oficinas foi a de reunir temas como cidadania, mobilização


coletiva, educação ambiental e técnicas de jornalismo comunitário, para incentivar o
grupo de alunos a produzir um jornal impresso que tenha “a cara” de suas
comunidades e desperte para a busca de informações – que serão utilizadas não sí
para a produção do jornal, mas em seu dia-a-dia como cidadãos.

O processo de produção do jornal e o acompanhamento dos beneficiários da


capacitação serão melhor detalhados no relatório final, que será entregue em
dezembro/2009. A consultoria optou ainda por realizar uma avaliação coletiva com os
alunos posteriormente, conforme o Plano de Trabalho proposto no início da
contratação. Essa avaliação final está prevista para novembro de 2009.
O processo de mobilização para as oficinas

A orientação do gestor da UC foi a de procurar algumas lideranças locais que


mantêm contato constante com a instituição Parque Nacional do Descobrimento, para
iniciar o planejamento coletivo das oficinas, e propôr a eles um trabalho de mobilização
para trazer participantes. Basicamente, são lideranças das associações de
moradores/produtores rurais das comunidades de Pontinha I, Pontinha II e Riacho das
Ostras. As três fazem divisa com o Parque e foram apontadas pelo gestor para que o
conceito de cidadania fosse trabalhado, de forma a que essas pessoas entendessem
um pouco mais sobre as suas responsabilidades em relação a própria unidade de
conservação, entre outros.

Posteriormente foi feito contato com as lideranças de uma quarta comunidade, a do


Primeiro de Abril, que não faz divisa com o Parque, mas está relativamente próxima a
Riacho das Ostras e na área de entorno. Esta comunidade, um assentamento
legalizado pelo INCRA, tem estrutura para a realização de oficinas em um centro de
referência mantido pelo Movimento dos Sem Terra.

A consultoria achou positiva a presença de participantes do Primeiro de Abril nas


oficinas, não apenas por contar com o espaço, mas também pela ligação dos
comunitários com Riacho das Ostras, outro assentamento ligado ao MST. Além disso,
uma das lideranças locais, o senhor Benedito “Bacurau”, mostrou-se aberto às oficinas
e mantém ainda boas relações com a gestão do Parque.

O gestor já havia conversado com essas lideranças sobre a consultoria em


educomunicação. Após uma conversa inicial com essas pessoas, optou-se por não
divulgar o curso por meio de cartazes ou folhetos, por exemplo, mas contar com sua
mobilização para chamar participantes. Entretanto, Dernivaldo de Sousa Alves, líder do
Riacho, optou por imprimir cerca de 70 convites por conta própria, distribuído entre os
jovens de sua comunidade.

Foram realizadas três reuniões nas comunidades de Pontinha I, II e Riacho das


Ostras, com uma média de 10 a 15 pessoas por reunião, sendo que três
representantes da comunidade de Primeiro de Abril participaram do encontro no Riacho
das Ostras. A proposta básica das oficinas foi apresentada (40 horas de jornalismo
comunitário e noções básicas de cidadania e educação ambiental, 20 participantes),
sendo que o grupo se comprometeu a comunicar os moradores locais sobre a
realização dessas oficinas. Também foi definido o local inicial das oficinas – o centro
comunitário do Primeiro de Abril, e a data do início das atividades.

Os comunitários de Pontinha II mostraram-se mais abertos a proposta das oficinas.


Já os participantes de Pontinha I, que foram convocados pelo líder Rogério da Silva
Santos, confundiram o objetivo da reunião, achando que seria para decidir uma
questão interna da comunidade (a falta de água na escola). Ficaram insatisfeitos em
relação aos objetivos da reunião e, mesmo após conversas com os mais jovens,
apenas duas pessoas se interessaram pela proposta.

É interessante destacar que Pontinha I e II são comunidades vizinhas, onde a


maioria dos moradores têm parentesco. Uma divisão política interna é que resultou em
duas associações de moradores – e daí a necessidade de realizar duas reuniões, uma
na Pontinha I, outra na Pontinha II. Entretanto, duas professoras que são líderes da
Pontinha II e dão aulas na Pontinha I – Erinelza bezerra de Oliva e Makuele Bezerra de
Oliva, contribuíram tentanto incentivar os moradores vizinhos a participar das oficinas,
até como forma de união entre as comunidades.

Já o líder Rogério, por questões de falta de tempo – hoje ele é do Sindicato dos
Produtores Rurais de Prado - e por não morar mais na Pontinha I, não teve
participação efetiva no processo de “chamamento” das pessoas.

Mais duas reuniões foram realizadas, na Pontinha e no Riacho, para fechar a data
final do curso e organizar a logística. Os comunitários fizeram sugestões, que foram
acatadas – realizar cinco encontros de oito horas, às quartas-feiras; que os encontros
incluíssem visitas guiadas pelas comunidades onde as oficinas seriam realizadas, para
que todos tivessem a oportunidade de conhecer um pouco de cada uma delas; e
conseguir declaração junto a Secretaria de Educação para que os professores
interessados fossem liberados das aulas para participarem do curso.

Sobre esse apoio da Secretaria de Educação: foi feita reunião com o secretário e a
coordenadora das escolas rurais, para explicar sobre o trabalho que seria feito, e a
coordenadora explicou que se as professoras achassem substitutas para os dias das
oficinas, estariam liberadas para a participação. Entretanto, isso não foi possível, e
mesmo Erinelza e Makuele tiveram que faltar um dia por não terem encontrado
substitutas.

Durante essas reuniões, a falta de apoio financeiro para a alimentação do grupo


durante o curso foi questionada. A crítica geral era a de que “o Parque está dando um
curso mas nós é que temos que pagar para participar”. Após muita negociação foi
finalmente entendido que a idéia era que o próprio grupo se organizasse para a
alimentação, como exercício de mobilização comunitária, e ficou combinado que as
compras de cada dia seriam divididas pelo grupo que estaria recepcionando as oficinas
– utilizamos espaço do Primeiro Abril para o primeiro e último dias, de Pontinha na
segunda e quarta oficina, e de Riacho das Ostras na quinta oficina.

Com o decorrer do curso, o grupo conseguiu se organizar a ponto de trazer


produtos de suas comunidades para complementar as refeições. Apenas no último dia
a comunidade de Primeiro de Abril ficou sobrecarregada, porque nem todos trouxeram
dinheiro para pagar as compras.

Nessas reuniões também ficou acordada a logística de transporte dos grupos para
cada local de realização de oficinas, o qual foi disponibilizado pelo Parque.

Vale destacar, também, que muitos comunitários não entenderam os objetivos reais
de “participar uma oficina para fazer jornal sem impressão garantida”, mesmo sabendo
que o processo de articulação para garantir esse apoio financeiro seria estimulado
durante o curso. Ainda assim, o grupo de participantes inicial se manteve praticamente
até o final da capacitação.

No primeiro dia de oficina houve uma pequena avaliação do grupo sobre os critérios
de participação e chamamento para essas oficinas, detalhado no item Metodologia das
Oficinas.

A seguir, a lista de participantes do curso – um total de 25 pessoas participou da


primeira oficina, sendo que até o final do curso restaram 19 participantes.

Primeiro de Abril

Tiago do P. Santos

Pauliana de Jesus Bonfim

Sebastiana Maria de Jesus

Catarina Rocha de Souza* **

Ednalva de Jesus

Érica dos Santos Loures* **

Alveriza Bispo dos Santos * **

Alexsandro da Paixão Rocha **

Arisnando de Aragão Ribeiro * **

Agnaldo dos Santos Ribeiro

Riacho das Ostras

Stênio Bruno Oliveira Santos

Geisa Teles dos Santos

Marailde Abaeté

Dernivaldo de Souza Alves

Stéfany Oliveira Santos **


Sebastião Rodrigues de Sousa **

Jaciele de Oliveira Franskozwaky * **

Pontinha II

Gilvan Santos da Costa

Jaqueline Silva de Jesus

Geisa Teles dos Santos

Alisângela Oliva Pereira * **

Makuele Bezerra de Oliva

Natalice Batista de Oliveira Amaral

Jackson Oliva Costa

José Alves Rodrigues **

Pontinha I

Shirley Alves Moreira * **

* Só participaram um ou dois dias, não participaram do restante das oficinas, mas contribuíram
com a produção do jornal.

** Não participaram da produção do jornal.


Metodologia das oficinas

A sequência da metodologia descrita no Plano de Trabalho sofreu algumas


alterações no decorrer dos encontros realizados com o grupo de participantes. Optou-
se por diminuir alguns conteúdos para adequar ao ritmo desse grupo, e ainda
readequá-los. É interessante notar que o perfil dos participantes foi bem diversificado
no que diz respeito a idade – havia jovens e uma parcela significativa de pessoas com
mais de 40 anos (cinco pessoas), dois deles em processo de alfabetização. A maciça
maioria dos participantes era formada por agricultores.

A seguir, um breve roteiro do que foi trabalhado em cada encontro:

Primeiro encontro – Primeiro de Abril

Foi o dia de “acertos”. Ocorreu no centro comunitário do Primeiro de Abril, com


atraso e alguns problemas em relação a divisão do almoço, porque algumas pessoas
não vieram preparadas para pagar, conforme havia sido combinado nas reuniões. Além
disso, três pessoas da comunidade vieram apenas para ver o que estava acontecendo,
não participaram das reuniões anteriores e acabaram interferindo bastante no decorrer
da oficina, criticando a falta de apoio do Parque para a impressão do jornal,
alimentação, entre outros. A consultoria entendeu, posteriormente, que essas pessoas
não haviam sido convidadas pelas lideranças locais para participar do curso, por
questões de conflitos internos na comunidade, e vieram mais para “marcar presença”.

Dinâmica do ouvir e ser ouvido

Iniciamos o dia em duplas: um fala


enquanto o outro fica em silêncio durante
três minutos; em seguida, a dupla troca de
função. Depois as pessoas se apresen-
taram umas as outras.

Além de “quebrar o gelo”, essa


dinâmica ajuda a despertar para a
proposta de uma comunicação que não
seja apenas a de falar, mas ainda a de
Participantes de Primeiro de Abril e do escutar. E ainda serviu para criar
Riacho das Ostras durante dinâmica
de apresentação mútua afinidades entre os participantes.
Conhecendo os participantes

Após a apresentação, cada participante preencheu uma ficha para contar “porque
está participando das oficinas de comunicação” e sobre “o que lhe motiva, quais são as
suas preocupações e as suas relações com a comunidade”. O objetivo foi o de
conhecer um pouco da expressão dos alunos na linguagem escrita.

A princípio a consultora acreditou que essa dinâmica traria algum constrangimento


aos participantes que estavam em processo de alfabetização. Entretanto, as
apresentações foram positivas. O agricultor Agnaldo dos Santos Ribeiro afirmou que
“há anos não pegava em uma caneta e entendeu o quanto seria importante voltar a
escrever, para expressar a luta que os agricultores passam para sobreviver”.

Foi criticado o excesso de informações presente na ficha – endereço, telefone, entre


outros, o que confundiu alguns participantes (veja as fichas no anexo).

Diagnóstico coletivo sobre comunicação

Os participantes foram convidados a refletir, sistematizando problemas e soluções


em uma folha de cartolina: o que é comunicação? Como as comunidades se
comunicam e que dificuldades apontam? Quem fala, quem escuta de verdade?

A princípio a atividade serviria como sondagem sobre a percepção dos presentes


acerca do tema comunicação. Acabou se tornando uma avaliação geral sobre o
processo de “chamamento” de participantes das oficinas, e sobre os problemas de
comunicação entre as comunidades, e entre as associações de moradores e produtores
rurais, com alguns líderes representados no grupo.

A reclamação era a de que o curso foi “mal comunicado”. “Eu mesma só vim fazer o
curso porque a Erinelza (uma das líderes que participaram das reuniões) é minha
irmã”, disse Natalice Batista de Oliva Amaral, de Pontinha II.

Já uma das lideranças presentes lembrou que qualquer ação realizada dentro de um
assentamento precisa ser comunicada à direção do MST, o que não foi feito. Também
não foi especificado quem e onde procurar.

A seguir, os problemas e soluções apontados pelo grupo:


Problemas de comunicação Propostas de solução

O fluxo de informações dentro de Cada liderança precisa ter mais


cada comunidade é ruim. compromisso com a comunicação do
que acontece para sua comunidade.
E ter o hábito de reuniões regulares,
pelo menos há cada 15 dias – o
mesmo vale para o grupo que quiser
garantir a continuidade do processo
de fazer jornal.

O curso foi mal divulgado. Produzir folhetos sobre os próximos


cursos para distribuir. Usar rádio e
cartazes nos ônibus escolares para
chamar os jovens.

Os jovens das comunidades estão A partir do primeiro número do


afastados dos processos de jornal a expectativa é a de que os
mobilização e de oportunidades jovens entendam a iniciativa de
como as do curso. mobilização, produção coletiva e
melhora da auto-estima.

Falta de continuidade de atividades. Melhor organização coletiva e


compromisso.

Visita a comunidade de Primeiro de Abril

Como sugestão do próprio grupo


durante o planejamento das oficinas, foi
realizada uma visita no pequeno centrinho
da comunidade de Primeiro de Abril. O
agricultor Agnaldo tomou a frente como
guia e explicou brevemente sobre a história
do assentamento, e em seguida levou os
participantes para conhecer sua ex-
periência com agrofloresta e com o biogel,
um tipo de composto orgânico que ele
mesmo produz e utiliza em sua horta. Agnaldo fala sobre o assentamento

Como o grupo era basicamente composto de agricultores, a visita foi positiva e


acabou influenciando, mais tarde, a produção de pauta do primeiro jornal comunitário
produzido pela turma.
Biomapa: o que é bom e o que é ruim no meu pedaço

Essa etapa é uma das mais importantes dentro da proposta de oficinas de


educomunicação. É por meio do desenho de um mapa da comunidade, feito
coletivamente e com referências importantes apontadas pelo grupo (rios, pessoas,
igrejas, curiosidades, pontos negativos e pontos positivos), que se inicia o processo de
despertar sobre o que é importante destacar e melhorar nas comunidades – e que
geram temas para a produção dos jornais.

Os grupos se dividiram em três mapas, o de Primeiro de Abril, o de Riacho das


Ostras e o da Pontinha. As referências limitaram-se ao entorno de onde o grupo
presente vivia. O grupo do Riacho, por exemplo, apontou mais o que estava em volta
do centro do assentamento, que é grande. A Pontinha mostrou a divisão entre os dois
lados da estrada que segue de Prado e Itamaraju e divide a comunidade. Já os
presentes de Primeiro de Abril limitaram-se a mostrar mais a região do centro
comunitário. Curiosamente, há locais dentro do assentamento que nem parte dos
próprios assentados conhece – é o caso de uma represa, a qual conhecemos na última
oficina, durante uma saída fotográfica.

Na sequência: fazendo os mapas de Primeiro de Abril, Pontinha e Riacho das Ostras


Curiosamente, embora tenha sido orientado, os grupos de Riacho das Ostras e de
Pontinha apontaram pouquíssimos aspectos negativos de sua comunidade nesse
primeiro exercício. Só posteriormente, durante visita guiada realizada no Riacho
(quarta oficina) é que o grupo apontou como negativo o desmatamento excessivo da
área quando da chegada dos assentados, no final da década de 1980.

Dois biomapas foram perdidos, pois ficaram sobre responsabilidade dos alunos. Eles
devem ser retomados durante o encontro de avaliação em novembro.

A seguir, um resumo do que foi apresentado pelos grupos:

Pontinha Pontinha

Pontos Negativos Pontos positivos

Só apontaram a localização da Encontro Anual de Pescadores no


estrada dividindo a comunidade e a vale do Jucuruçu.
falta de segurança na circulação das Paisagem do Vale do Jucuruçu.
pessoas em decorrência disso.
Moradoras antigas como Tia Lica,
que são a memória viva.

Projeto Balde Cheio, iniciativa da


Embrapa Pecuária para geração de
renda a produtores de leite.

O beiju como patrimônio local.

A história de “Caboclo de Oséas”,


fundador da comunidade.

Farinheira Modelo.

Riacho das Ostras Riacho das Ostras

Pontos Negativos Pontos positivos

Alambique comunitário desativado e Seu Almiro, morador mais antigo.


abandonado. Mudança da cultura da mandioca
Solo enfraquecido. para a do maracujá.

Lote de um dos moradores vizinhos


ao Parque , bom para o turismo.
Fabricação de iogurte e de queijo
por alguns comunitários.

Agricultura orgânica de algumas


roças locais.
Primeiro de Abril Primeiro de Abril

Pontos Negativos Pontos positivos

Plantações de eucalipto no entorno Histórico de resistência dos


afetam a qualidade das águas locais. comunitários.

Plantações de mamão no entorno Centro de Formação Comunitária.


afetam a qualidade das águas locais. Agricultores que investiram na
Planejamento da comunidade agricultura orgânica como Agnaldo,
preocupa – haverá lugar para filhos que trabalha com biogel.
e netos de assentados no futuro? Jaqueira – ponto histórico.

Segundo Encontro – Pontinha

Dinâmica do barco

Antes de iniciar as atividades do segundo encontro, os participantes ocuparam


cadeiras dispostas estrategicamente pela sala, ficando em pé sobre elas. A partir daí,
ninguém mais pode colocar os pés no chão. O objetivo da turma, dividida em duas, é
chegar do lado oposto da sala (o outro lado do oceano), unidos – afinal, cada grupo é
um barco único nessa travessia. O objetivo dessa brincadeira é conversar sobre
planejamento, colaboracionismo e organização.

Leitura crítica

Em grupos, os participantes fizeram uma análise de


jornais impressos, para refletir sobre a forma como eles são
produzidos – qual o papel dessas mídias, qual a mensagem
que esses materiais querem transmitir, entre outros.
Primeiramente, fizeram uma análise geral do veículo (visual,
apresentação das matérias), e depois escolheram uma
reportagem para aprofundar a reflexão.

Foram três grupos, que observaram dois jornais da


região e um jornal comunitário do interior de Pernambuco.
Nos jornais do Extremo Sul, perceberam que há muitos
eventos no município mal divulgados, que acabam
Alunos lendo jornal da
circulando junto a um número restrito de pessoas que lêem região do Extremo Sul
esses jornais, distribuídos de forma irregular (poucos
presentes conheciam o jornal Tribuna da Costa, que circula mais em Porto Seguro).
No geral, perceberam os recursos que os impressos apresentam, tanto gráficos
(uso de fontes, clareza, fotografias) quanto de textos, e comentaram sobre o uso
político desses veículos, em detrimento dos objetivos de prestação de serviços a
comunidade. Em uma das análises, a do Jornal Independente, perceberam, por
exemplo, que uma das reportagens (sobre a inauguração de uma biblioteca) destacava
mais o prefeito inaugurando uma biblioteca do que a biblioteca em si. Tudo isso
serviria, mais tarde, para reflexão na hora de produzir o próprio jornal do grupo.

Direitos e deveres, e o acesso a informação

Após um diálogo sobre a dificuldade das comunidades em conhecer e estabeler


relações com as instituições do entorno, o grupo entendeu que parte dessa
aproximação depende também do interesse das próprias comunidades. Levantaram
direitos e deveres, e apontaram a relação entre eles, debatendo como os comunitários
poderiam entender melhor essas relações. Também eram coletivamente o trecho da
apostila sobre Direitos e Deveres na Comunicação.

A seguir, o que apontaram como direitos e deveres da comunidade:

Direitos da comunidade Deveres da comunidade

Agricultura familiar Fé e esperança

Educação Informar sobre as coisas boas e mostrar


as coisas ruins

Saneamento básico Mandar crianças para a escola

Alimentação e saúde Preservar a escola

Ir e vir Contribuir para o saneamento e


encontrar alternativas para essa questão

Votar e ser votado Prevenção de problemas de saúde por


meio de alternativas na agricultura
familiar, evitando o uso de agrotóxicos

Liberdade de expressão Cuidar do solo, dos mananciais e da


qualidade de vida

Voz ativa nos veículos de comunicação Se organizar e articular coletivamente

Terra e justiça Compartilhar informações, principal-


mente no caso de lideranças
comunitárias.

Apoio a projetos comunitários

Acesso a informação
Visita às farinheiras da Pontinha

Após o almoço, todo o grupo foi conhecer a produção do beiju, principal fonte de renda
atual da comunidade. Observaram os aspectos de higiene, o trabalho artesanal e as
principais dificuldades desse trabalho. A maioria dos participantes de outras
comunidades conhecia o produto, mas não o processo de fazê-lo.

Terceiro Encontro - Pontinha

Dinâmica do abraço e massagem e dinâmica do telefone sem fio.

Em duplas, os participantes se alongaram e fizeram massagens uns nos outros. Em


seguida, reuniram-se em roda para a brincadeira tradicional do telefone sem fio: o
primeiro da fila fala uma frase no ouvido do outro, e o último repete a frase que ouviu.
É uma dinâmica que faz gancho com o ato de comunicar e de ouvir as várias versões
para compôr uma reportagem, já que na maioria das vezes nessa brincadeira, a frase
de quem falou primeiro não é a mesma de quem a lançou por último. Se ressalta o
cuidado com boatos, formas erradas de entendimento, enfim, tudo o que é “ruído" na
comunicação.

Diagrama de proximidade com instituições

Essa ferramenta utilizada em atividades de Diagnóstico Rural Participativo (DRP) foi


adaptada para as oficinas de educomunicação, com o objetivo de fazer com que o
grupo reconhecesse as relações entre os atores sociais, as comunidades e as
instituições que fazem parte de seu meio.

Foi proposto aos participantes que inicialmente apontassem as instituições que


conheciam e que tinham relações com a comunidade; que indicassem o grau de
importância dessas instituições e o desenhassem em bolas de cartolina. O grau de
importância seria definido por pequeno, médio e grande. Em seguida, deveriam
apontar a distância dessas instituições em relação ao Nós, isto é, no que diz respeito
ao acesso a informações dessas instituições e a proximidade delas com as comunides.

Dentro dessas oficinas, a construção do diagrama, foi um trabalho demorado,


gerando muito debate entre os presentes, principalmente por que uma das
comunidades tem forte ligação com o MST e outras não. Como o diagrama era para ser
elaborado entre as três comunidades, tiveram que chegar em consenso. Por isso, a
consultora optou por refazer o diagrama inicial, feito em partes na oficina anterior,
sempre dialogando com os presentes sobre como reconhecer e melhorar as relações
de proximidade entre as comunidades e as instituições apontadas.
A maioria dos participantes apontou como mais próximas as instituições que
prestam serviços diretos a suas comunidades, ou que fazem propaganda na televisão.
Chegaram, inclusive, a perguntar se o projeto Criança Esperança, da Rede Globo,
poderia entrar no diagrama. Não apontaram o ICMBio, apenas o Ibama, inicialmente,
quando alguém lembrou que os carros agora têm adesivo do ICMBio. Também não
citaram órgãos públicos importantes para a realidade local, como o Ministério Público,
o Instituto de Meio Ambiente da Bahia e a Câmara dos Vereadores.

Terminado o diagrama, foi comentado pela consultora sobre as instituições que não
apareceram e iniciado um pequeno debate sobre como essa proximidade poderia ser
melhorada, e qual a relação entre esse diagrama e a questão dos direitos e deveres da
oficina anterior. A experiência serviu para que as comunidades ainda compartilhassem
problemas comuns.

Após a realização dessa oficina, quatro participantes (com mais dois colegas das
oficinas da Resex) visitaram o Instituto do Meio Ambiente da Bahia, em Teixeira de
Freitas, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Prado, e o Ministério Público. As
visitas foram relatadas no início da quarta e quinta oficinas. Além disso, mais três
participantes produziram uma reportagem sobre o ICMBio entrevistando o gestor do
Parque, matéria essa que foi publicada no jornal comunitário (detalhes sobre a
produção do jornal seguirão no relatório final, como já foi comentado);
Exercício sobre gêneros e início de produção de pauta

Divididos em grupos, os participantes leram o trecho da apostila com exemplos de


gêneros – charge, reportagem, entre outros. Escolheram um tema e um gênero para
apresentá-lo, para entenderem um pouco sobre como poderiam expressar assuntos
interessantes para o jornal.

A escolha das pautas iniciais espelha o que importa para cada comunidade
participante. O grupo de Primeiro de Abril indicou os temas “história do Primeiro de
Abril”, e “biogel – adubo orgânico”. O grupo da Pontinha indicou a “história do beiju” e
“memória de Caboclo de Oséas”, fundador da comunidade. Já o grupo de Riacho das
Ostras sinalizou interesse em escrever sobre agricultura orgânica e o fato de gerar
“saúde para quem consome e dinheiro para quem produz”, e outra matéria sobre a
questão da saúde no bairro onde moram – um dos postos de saúde foi fechado e o
agente comunitário de saúde não passa com frequência na casa dos moradores.

Para esse levantamento de pauta, os grupos foram orientados a escolher o tema,


os objetivos dessa matéria, pessoas que poderiam ser entrevistadas, fontes de
pesquisa (livros, revistas, atas de reuniões, documentos históricos), formato/gênero da
matéria (artigo, editorial, reportagem), e já imaginar quem iria fazer. Foi combinado
que a discussão sobre a produção dessas pautas continuaria na próxima oficina, e que
os grupos iniciariam essa produção. Percebe-se a dificuldade, principalmente, em
indicar fontes de pesquisa e entrevista para além das próprias comunidades, pois
muitos desconhecem os canais e as instituições responsáveis que poderiam contribuir
com suas matérias.

Nesse terceiro encontro também foi solicitado ao grupo, como tarefa extraclasse,
uma “pesquisa de campo” em suas comunidades. Foi elaborado um pré-roteiro com o
objetivo de saber um pouco sobre o que os comunitários gostariam de ler no futuro
jornal.
Quarto encontro – Riacho das Ostras

Dinâmicas com o professor Eujácio

Convidado a participar da oficina como ouvinte, o professor de teatro Eujácio


conduziu dinâmicas para soltar o corpo.

Experimentando a linguagem do rádio

A proposta inicial,
prevista no plano de
trabalho, era a de fazer
essa experiência a partir
da participação dos
alunos em uma oficina de
brigada voluntária que
acabou não acontecendo.
Então apenas mudamos a
temática: a idéia dessa
Gravação das esquetes de rádio atividade foi a de dar a
chance de experi-
mentação de um meio de comunicação radiofônico, cuja linguagem é mais
acessível do que a escrita.

Os grupos misturaram as comunidades e foi proposto a cada um escolher


um tema do qual a turma gostaria de transmitir uma mensagem educativa, e a
forma – música, poesia, radionovela. Os temas escolhidos foram prevenção a
queimadas, fome, lixo e meio ambiente, e a maioria expressou-se por meio de
músicas.

O exercício, além de dinâmico, proporcionou ao grupo um conhecimento que


poderia ser aproveitado para o jornal na forma de texto mais leve, sem
necessariamente ser reportagem. Além disso, foram escolhidos temas
pertinentes a realidade dessas queimadas – é o caso do alerta a queimadas,
tema escolhido por uma das equipes. O tema da reciclagem do lixo também
apareceu, embora o município não tenha coleta seletiva.
Não foi possível dar retorno ao grupo sobre as gravações. O gravador digital
teve um problema técnico e os arquivos não puderam ser baixados e
encaminhados aos participantes.

Pesquisa com o público local

O roteiro da pesquisa foi feito coletivamente pelo grupo das oficinas de


Cumuruxatiba, uma semana antes, e adaptado nas oficinas do parque, conforme segue
abaixo. Como foi uma tarefa extraclasse, pouco deram retorno. As pesquisas
realizadas e incluídas no anexo desse relatório apontaram que a comunidade teria
interesse no jornal, e que o meio de comunicação mais utilizado s]ap as conversas e
reuniões.

Ficha de pesquisa

Nome Idade Onde mora

1. Como você fica sabendo das coisas que acontecem em sua comunidade?

( ) Jornal ou impresso ( ) Conversas ( ) Rádio ( ) Internet

2. O que você acha da comunidade ter o seu próprio jornal?

3. O que você gostaria de ler nesse jornal?

( ) Reclamações e denúncias ( ) História e cultural do local

( ) Meio ambiente (..) divulgação de atividades e eventos da comunidade

4. Qual é o acesso que você tem a órgãos públicos?

Visita a comunidade de Riacho das Ostras

Os participantes Dernivaldo, Antonio e Bruno


apresentaram alguns pontos mais próximos de onde a
oficina estava sendo realizada, indicando também o
local onde o assentamento começou. Apresentaram
ainda o alambique, que está sendo reformado, trechos
de plantações de maracujá, o rio Japara. Seguimos
também até uma propriedade que faz divisa com as
proximidades do Parque – o Sítio do Nilson. Uma das
alunas não fazia a menor idéia do que era um parque
e os próprios participantes esclareceram.

Grupo nas proximidades do Parque


Início do planejamento do jornal

Iniciamos o processo de planejamento convidando os participantes a refletirem:


para que serviria um jornal? Quem seria o público? Os alunos demonstraram especial
interesse em levar o jornal para além dos limites da comunidade, afirmando que as
pessoas da cidade não conhecem o que fazem as comunidades rurais e têm
preconceito em relação as pessoas que vêm dessas localidades.

É curioso como a preocupação do grupo estava mais em mostrar o jornal para o


município do Prado do que para as comunidades do entorno. Dernivaldo explicou que
“existe muito preconceito e pouco entendimento sobre quem mora no meio rural”, e
muitos alunos do interior da cidade estudam nas escolas da zona urbana. Para
Dernivaldo, o jornal traria auto-estima a quem pertence a zona rural.

O planejamento foi demorado e se estendeu até a próxima oficina. A escolha do


nome do jornal tomou bastante tempo, pois parte do grupo sugeriu títulos bem
urbanos, como RPP News, Diário das Comunidades, não agradando os outros
participantes. Optaram finalmente por O OITI, nome de uma fruta típica da região.
Abaixo, segue o planejamento do jornal, definido em consenso pelo grupo:

O Oiti
Lançamento

17 de outubro.

Porque/ para que (objetivos do jornal)

• Mostrar a realidade local de forma diferente do que a mídia normalmente


mostra.

• Divulgar os produtos locais feitos pelas comunidades rurais.

• Expôr problemas locais e apontar soluções.


• Facilitar o acesso da comunidade às instituições locais, chamando a atenção dos
leitores para seus direitos e seus deveres.

O que é (descrição do jornal)

• Jornal no formato A4 (papel jornal), 6 a 8 páginas.

• Textos, fotos e desenhos (quadrinhos, charges) sobre temas importantes para


as comunidades participantes.

• Número de exemplares: 1.000.

Página 1 – Capa.

Página 2 – Expediente, editorial, charge.

Página 3 – Assuntos da cidade: saúde, educação. Apresentação de uma instituição


local para a comunidade.

Página 4 – Reportagem Especial. Receitas.

Páginas 6 – História das comunidades. Ficha da Planta – Curiosidades e informações


sobre plantas que existem nas comunidades.

Página 7 – Entretenimento: história em quadrinhos, caça-palavras, memória de


personagem local.

Página 8 – Reportagens sobre agricultura.

Para quem (público leitor do jornal)

• As três comunidades locais – Pontinha, Riacho das Ostras, Primeiro de Abril – e


outras comunidades rurais.

• Meio urbano – Prado, Itamaraju, Teixeira de Freitas.

Como o jornal será distribuído

• Reuniões e assembléias das associações comunitárias.


• Reunião do conselho de agricultura.

• Igrejas e escolas (deixando como arquivo).

• Pontos estratégicos em Teixeira de Freitas e Itamaraju – feiras.

• Instituições em Prado: prefeitura, ongs, associações, Câmara dos Vereadores no


dia da sessão, etc.

• Durante reunião da Conferência Municipal de Cultura (dia 17).

Recursos que temos para produzir o jornal/como buscar

• Diagramação do jornal: computador Débora e do Sindicato dos Produtores


Rurais (Tiana vai solicitar apoio para 5 a 7 de outubro).

• Máquina fotográfica: uma emprestada do Parque com Dernivaldo (Riacho),


Erinelza/Jackson (Pontinha)

• Impressão do jornal:

- Conversa com o proprietário da gráfica (Tiana/1º de Abril);

- Rifa da Pontinha;

- Pessoal da Pontinha irá tentar os fazendeiros da região;

- Riacho das Ostras vai verificar possibilidade de usar resíduos do eucalipto e


contato com pousadas em Prado.

- Sr. Pimentel/Imobiliária ao lado Prefeitura.

- Para os contatos, grupo vai levar um folheto para conseguir apoio junto a
comerciantes e fazendeiros. Em troca do apoio, haverá espaço no jornal para a
logomarca do apoiador.

Para o futuro...

recursos que precisaremos para viabilizar os próximos jornais

• Tinta para impressora e papel sulfite.

• Apoio do telecentro para a produção do jornal.

• Máquina fotográfica para o grupo.


• Transporte para a produção de reportagens, idas a gráficas, etc. Na forma de
passagem de ônibus ou ajuda com combustível.

• Alimentação para a ida de produção de matérias.

• Diagramação e impressão.

• Idéia de pensar um “valor-caixa” mensal para despesas com transporte,


alimentação, materiais (pilha para a máquina, por exemplo), etc.

Quinto encontro – Primeiro de Abril

Vivência de fotografia

Iniciamos as atividades desse dia com uma saída fotográfica pela comunidade. A
intenção era a de experimentar o manuseio do equipamento e a linguagem fotográfica,
que seria muito utilizada no jornal. Três grupos se espalharam pelo Primeiro de Abril, e
e muitos dos próprios comunitários do assentamento visitaram lugares que não
conheciam dentro da área onde vivem. Em um desses lugares está uma nascente, na
época (setembro) pisoteada pelo gado solto, e um dos alunos (Agnaldo) se
responsabilizou por levar fotos para as próximas reuniões da associação dos
moradores do Primeiro de Abril, para mostrar esse problema e encontrar uma solução
coletiva.

As pautas do primeiro jornal

Foram retomadas as primeiras idéias das oficinas anteriores, e acrescentada mais


uma sugestão, a de entrevistar o gestor do ICMBio para entender como a instituição
funciona. Os grupos dividiram as responsabilidades e chegaram as pautas descritas
abaixo.

Conforme já foi citado anteriormente, as pautas sugeridas refletem as ansiedades


do grupo em expôr o cotidiano de suas comunidades. Não houve uma grande
preocupação em denunciar problemas, mas principalmente, em esclarecer os leitores
sobre o modo de vida rural, os produtos, a memória dos moradores antigos e da
história dos assentamentos.

A negociação entre três grupos de comunidades distintas foi positiva. Para o


primeiro jornal, tentaram equilibrar o número de páginas para cada uma dessas
comunidades, bem como equilibrar também, as responsabilidades sobre quem iria
atrás de patrocínio para impressão. Foram marcadas datas de encontro entre o grupo
para finalizar entrevistas e o jornal.
Após a organização da pauta, o então chefe do Parque, Eurípedes Pontes Junior,
finalizou as atividades do quinto encontro com uma breve palestra sobre a unidade de
conservação.

Descritivo da pauta do primeiro jornal O Oiti

Página 1 – Capa. A História do Beiju – o produto mais famoso da Pontinha. Mostrar as


etapas do processo de produção, o preparo, o consumo. Entrevistar e fotografar
beijuzeiras. Responsáveis: Erinelza, Jackson, Makuele e Alisângela.

Página 2 – Expediente, editorial, charge. Responsável pelas charges: Tiago, Alex.

Página 3 – Assuntos da cidade: a questão da saúde no Riacho das Ostras e no


município. Faltam médicos e agentes de saúde que atuem corretamente. Mara vai
entrevistar moradores do Riacho, o secretário de saúde e o responsável pelo Programa
Saúde na Família.

- Apresentação de uma instituição local para a comunidade: a primeira é o ICMBio. O


que faz, qual a diferença com o Ibama, etc. Responsáveis: Geisa, Gilvan e Jaqueline.

Páginas 4 e 5 – História das comunidades de Primeiro de Abril e Riacho das Ostras.


Entrevistas com moradores antigos, referências em documentos. Responsáveis:
Sebastiana e Antonio.

Páginas 6 – Ficha da Planta – Curiosidades e informações sobre plantas que existem


nas comunidades. Responsável: Joel.

- Receita da comunidade. Responsável: Makuele e Erinelza.

Página 7 – Entretenimento: história em quadrinhos, caça-palavras. Responsáveis:


Tiago e Alex.

- Causo do Caboclo de Oséas. Responsáveis: Natalice, Makuele e Erinelza.

Página 8 – Reportagens sobre agricultura orgânica – porque faz bem a saúde, porque
pode dar dinheiro ao produtor. Entrevistas com produtores do Riacho (senhor Joel),
ong Terra Viva, que trabalha com capacitação no tema agricultura orgânica,
engenheira florestal Jandaíra Moscal, consultora do Parque. Um representante do
grupo pode participar do curso de agrofloresta, ministrado por Jandaíra, para conhecer
melhor sobre o assunto. Responsáveis: Dernivaldo, Antonio, Marailza e Bruno.
Uma breve avaliação do processo das oficinas

Como já foi relatado, o detalhamento da produção do jornal será descrito no


relatório final, e será um indicador de avaliação do processo iniciado nas oficinas.

Entretanto, para este relatório, considerei como parte do processo de avaliação a


participação de Dernivaldo e de Marailza, do Riacho das Ostras, em uma das reuniões
do Conselho do Parque (dia 30 de setembro).

Convidados a falar sobre o trabalho que estava sendo realizado nas oficinas, alguns
desses participantes manifestaram sua própria avaliação espontaneamente. Marailza
comentou que conseguiu entender um pouquinho sobre como algumas instituições
funcionam (ela visito o IMA e a Secretaria de Meio Ambiente), e ficou sabendo sobre
coisas que não conhecia, e que deveriam ser melhor divulgadas para a comunidade
(sobre o Fundo Municipal de Meio Ambiente, que disponibiliza verbas para projetos de
educação ambiental). Ela também comentou que não vai deixar de ser agricultora para
virar jornalista, mas que esse trabalho de comunicação a ajudará muito em seu dia-a-
dia.

Além disso, uma ficha de avaliação foi encaminhada aos participantes. Apenas cinco
responderam (segue como anexo nesse relatório). A maioria questionou o tempo das
oficinas (insuficiente) e o fato das mesmas não terem tido recursos para alimentação e
para a impressão do primeiro jornal. Também houve críticas ao ritmo das aulas –
haviam muitos debates e algumas pessoas se estenderam nas exposições,
incomodando quem não se manifestava e tornando as oficinas cansativas.

Como ponto positivo, cito as palavras do aluno Tiago, que valem para todos os
participantes: “aprender a se expressar, escrever, saber quais seus direitos e deveres,
saber quando e como utilizar os poderes legislativo e jurídico”. Para um grupo de
comunitários mais acostumados a projetos de geração de renda, e nem tanto de
mobilização social e de fortalecimento da auto-estima, já é um bom começo.

A expectativa de continuidade do jornal é grande. Durante todas as oficinas


questionou-se o tempo todo a validade de um projeto em que as pessoas não ganham
dinheiro, teriam como “trabalhar” no jornal como voluntários – especialmente entre os
alunos que não participam de associações comunitárias como lideranças, como é o
caso de Tiago.

Mas tão importante quanto garantir o jornal, ou partir para um video ou programa
de rádio, foi o de entender que o processo de se pensar na mídia impressa pontue
também as relações entre os comunitários presentes nessas oficinas, onde a
mobilização é um desafio constante para a melhoria da qualidade de vida coletiva.
Precisa melhorar...

• O tempo foi muito curto para mobilizar a comunidade para a


participação nas oficinas. É necessário pelo menos um mês antes de contato
do consultor para conhecer a comunidade e fazer convites, articulando melhor a
participação das pessoas.

• Mais atividades lúdicas. Muitos debates cansaram os participantes. É preciso


mais intervalos, mais brincadeiras para relaxar o ritmo das aulas.

• Fazer convites por meio de cartazes e folhetos para avisar sobre a


oficina. Embora isso não garanta a participação concreta das pessoas, ajuda a
abrir mais espaço para quem se sente excluído do círculo de amizades das
lideranças apontadas.

• Não houve tempo suficiente para trabalhar elementos práticos


relacionados a produção gráfica do jornal. Para preencher essa lacuna foi
realizado um contato com faculdade de jornalismo da região, a fim de que
oferecesse um curso de diagramação. Infelizmente, o mesmo não foi possível
realizar antes do fechamento do jornal por falta de agenda da própria faculdade.

• A alimentação do curso ficou por conta dos participantes, gerando


reclamações e perdendo um tempo precioso das oficinas para esse
planejamento.

• A falta de garantia da impressão do jornal descontentou todos os alunos,


que não desistiram das oficinas, mas citaram esse assunto em todos os
momentos.

Acredito que seja importante para a realização de novas oficinas incluir no termo de
referência valores referentes a itens de alimentação, deixando por conta dos
participantes a organização para buscar cozinheira, espaços adequados para a
realização de oficinas, entre outros.

Uma última consideração sobre a logística – que será detalhada no relatório final
desse projeto de consultoria – é que também faltou nesse termo de referência um item
referente à diagramação (que é a atividade de transformar o que as pessoas escrevem
e fotografam, com a ajuda de programas de computador, em um jornal impresso),
impressão e distribuição do jornal.

Por mais que se queira trabalhar a autonomia e participação do grupo na produção,


a idéia de fazer jornal é uma novidade entre essas comunidades. Além disso, não há
no municípoio gráficas, nem jornais, o que dificultou bastante o trabalho de busca de
parcerias para o grupo.
Será descrito melhor no relatório final a atividade prática de produção do jornal.
Entretanto, ressalto que oferecer uma oficina de “fazer jornal” sem ter a garantia de
que ele seria produzido e publicado desmotiva o grupo e acaba inviabilizando os
objetivos pedagógicos das oficinas quando da produção do jornal. Por mais que se
queira inserir a questão da autonomia e da cidadania, esse curso criou expectativa de
um produto para as pessoas, num curto espaço de tempo.

Para novas oficinas, a sugestão é que se inclua no Termo de Referência uma verba
específica para a diagramação e impressão desse jornal-piloto, a exemplo do que
ocorre em outras unidades de conservação que trabalham com jornal comunitário -
como é o caso do Parque Nacional Marinho de Abrolhos, que por meio de um recurso
financeiro externo (uma condicionante) subsidia o jornal O Timoneiro, em Caravelas.

Próximos passos...

A seguir, um cronograma de atividades que serão realizadas pós-capacitação, até


novembro/2009, bem como as propostas de articulação para garantir a continuidade
do projeto de jornal impresso. Os participantes das oficinas serão convidados a
participar do processo de cada atividade, contribuindo com idéias e mobilização para
garantir cada etapa. Um exemplo: para viabilizar o curso de diagramação, cujo
parceiro já foi articulado, ainda será necessário viabilizar a ida dos alunos para o local
do curso, em Teixeira de Freitas. Essa articulação será feita pela consultoria, com
apoio, na medida do possível, dos oficineiros.

Atividade Quando Quem será parceiro

Curso de diagramação 26, 27 e 28 de outubro Curso de Jornalismo da

(3 dias) FASB – Teixeira de


Freitas

Encontro-oficina de Primeira/segunda Parque Nacional do


avaliação, com a semana de novembro Descobrimento, Resex
construção de proposta (3 a 4 dias) Corumbau
para a continuidade dos
jornais e apresentação
do projeto para
parceiros

Visita as comunidades Segunda quinzena de


da Resex e Parque, novembro
para saber como foi a
recepção do jornal
Anexo 1 – Materiais coletivos para a divulgação do jornal

Folheto elaborado e utilizado pelo grupo de participantes das oficinas para conseguir
patrocínio para o jornal. Esse trabalho foi realizado junto a alguns comerciantes em
Prado.
Anexo 2 – Fichas de apresentação dos participantes
Anexo 3 – Fichas de Leitura Crítica
Anexo 4 – Fichas de avaliação das oficinas

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