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Há quatro ou cinco anos atrás, cometi a ousadia de convocá-lo para a festa em homenagem
aos aviadores do Primeiro Grupo de Aviação de Caça do Brasil, o “Senta a Pua”. Embora
ausente, senhor Presidente, todos se sentiram orgulhosos ao receberem, na Base Aérea de
Santa Cruz (RJ) o Vice-Presidente José de Alencar.
Esses veteranos da Segunda Guerra Mundial reuniam-se (e isto ainda ocorre) com
regularidade, para lembrar a colaboração honrosa de nosso país para as forças aliadas durante
aquele evento bélico que mudou a história do mundo.
Também presenciei, pela TV, a sua presença em uma conferência sobre o Holocausto em
janeiro de 2008, ocasião em que o Brigadeiro Rui Moreira Lima (um dos veteranos do “Senta a
Pua”) fez uso da palavra durante quinze minutos.
São passados 65 anos do conflito mencionado e o carinho dedicado aos ex-combatentes nas
praias francesas se repete ano após ano, com a presença dos presidentes, rainhas e primeiros-
ministros.
E O BRASIL?
Quase trinta mil brasileiros integraram a FEB (Força Expedicionária Brasileira) na 2ª Guerra
Mundial, aí incluídos os aviadores e pessoal de Marinha. Mais de 400 morreram nos campos
de batalha da Itália, inicialmente sepultados em Pistóia e depois trasladados para o Mausoléu
no aterro do Flamengo, Rio.
Hoje, ao menos uma dezena de cidades italianas se gaba de ter sido libertada por soldados
brasileiros! E nós, que vimos os principais mandatários do mundo nas praias de Normandia em
2004 e 2005, nos perguntamos – quando foi a última vez que um Presidente da República
prestigiou nossos pracinhas em Montese, Zocca, Monte Castelo e Pistóia?
Esta na hora de mudar essa história. Nossos combatentes são mais respeitados no exterior do
que dentro de seu próprio país.
Não é outro o motivo desta carta, senão chamá-lo novamente para as homenagens que as
pequenas cidades e vilarejos italianos farão aos velhos soldados brasileiros entre 23 e 29 de
abril. Não será difícil a seu staff obter toda a programação. Menos difícil ainda será Vossa
Excelência, no uso dos atributos que o cargo lhe confere, providenciar a viagem do maior
número possível de veteranos para o período, incluídos aí representantes das três armas.
Alguns brasileiros idealistas irão, de qualquer forma, até aquela região. Muitos de nós
adquirimos réplicas de uniformes de época, e estamos preparando, dentro dos limites, a nossa
homenagem a esses homens e mulheres, esquecidos por todos e pela História Moderna do
Brasil.
Senhor Presidente, não sou militar, não sou filho ou parente de veterano, não tenho intenções
políticas ou ambições profissionais. Em não raras ocasiões, sinto tristeza por ver como
desprezamos o passado e como isto custará caro ao nosso futuro.
Desejo apenas que isso mude algum dia, e podemos usar o exemplo dos veteranos brasileiros
da Segunda Guerra Mundial como marco para essa mudança. Vossa Excelência pode ser o
vetor para um novo rumo!
Faça um esforço. Não renderá muitos votos, já que todos os ex-combatentes têm, no mínimo,
oitenta anos. Mas a recompensa virá de outra forma, estou certo disto.
Obrigado.
py2ny @ arrl.net
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