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Autores:
Alceo Magnanini
Maria Alice Fernandes Nehab
Dorothy Sue Dunn de Araujo
Equipe Técnica:
Colaboradores:
Apoio Administrativo:
APRESENTAÇÃO
1. INTRODUÇÃO
1.1 Preliminares
1.2 Definição e critérios da R.B.E.P.S.
1.3 Finalidades e justificativas para criação
1.4 Histórico e ato da criação
1.5 Legislação aplicável e de apoio
1.6 Influências e repercussões previstas
1.7 Cooperação e assistência de grupos governamentais e privados
2. CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA
3. PLANEJAMENTO DA RESERVA
3.1 Zoneamento
3.2 Planos setoriais
3.3 Normas sugeridas e recomendações
4. BIBLIOGRAFIA
5. APÊNDICES
A Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul - localizada na Ilha Grande, Município de Angra
dos Reis, foi criada pelo Decreto Estadual nº 4972, de 02/12/1981, e colocada sob a
responsabilidade da FEEMA pelo Decreto Estadual nº 5449 de 07/04/1982. As primeiras
providências tomadas por este órgão foram a contratação de quatro vigias para fiscalizar a área
(cerca de 3.500 ha) e a colocação de placas em locais estratégicos. A necessidade de se ter um
instrumento básico para fornecer diretrizes que norteariam todas as decisões tomadas em relação
a Reserva, de maneira que seus objetivos fossem atingidos, justificou a elaboração deste Plano
Diretor.
1.1 Preliminares
1.2.1 Definição
______________
(*) “Área Natural Integral” é uma área destinada a manter intactas as características naturais do
meio ambiente, quer propiciando estudos científicos, quer por interesse estético, quer pela
valorização que poderão proporcionar a outras áreas. É expressamente vedada qualquer
perturbação causada pelo homem
Os processos naturais nesta área manifestam-se sem qualquer interferência humana direta,
inclusive aquelas que possam alterar a biota existente num dado tempo, tais como: sucessões
naturais, incêndios espontâneos, alterações por efeito de doenças de pragas, tempestades, etc.
(**) “Área Natural Manejada” é aquela destinada exclusivamente a proteger uma espécie, ou
grupo de espécies, ou comunidade biótica, ou elementos físicos do ambiente, onde se torne
indispensável a interferência humana para sua preservação e que estariam em risco de
desaparecer se a área fosse apenas uma área natural integral. O ecossistema pode ser manejado e
modificado para dar melhores condições à espécie, comunidade ou elementos que se deseja
preservar.
1.2.2 Critérios adotados para a R.B.E.P.S.
Está protegida pelo Decreto Estadual nº 4972 de 02/12/1981, baixada pelo Governador do
Estado do Rio de Janeiro, para sua criação.
A R.B.E.P.S. está localizada na parte sul da Ilha Grande, município de Angra dos Reis.
Seus caracteres físicos já proporcionam considerável proteção. Ao sul, a Praia do Sul voltada
para mar aberto impede a chegada de embarcações, durante praticamente o ano inteiro. Ao norte,
o divisor de águas é seu limite natural. Revestido de florestas, com altitudes próximas a 700m,
dificulta grandemente o acesso à área da Reserva.
Devido a sua localização fora do continente, deverá contar com sistema de rádio
(transmissão interna e externa) para aumentar a eficiência da fiscalização e também para
proporcionar comunicação com o continente.
Como a situação fundiária ainda não está regularizada, o orçamento destinado pela
FEEMA para a R.B.E.P.S. tem-se limitado ao pagamento dos guardas, às diárias e viagens de
técnicos a área da Reserva e a pequenas quantias para uniformes, manutenção de rádio e
construção de placas de avisos e cercas.
O orçamento necessário, entretanto, para implantar adequadamente a Reserva Biológica
Estadual da Praia do Sul é da ordem de Cr$ 338.020.677 (Trezentos e trinta e oito milhões, vinte
mil, seiscentos e setenta e sete cruzeiros), que corresponde a 4.786 ORTN'S (na época de
dezembro de 1985) nele incluídos a construção da sede, compra de equipamentos, marcação dos
limites, salários do pessoal e trabalhos de campo durante um ano.
a) extração de recursos do solo (pedra, cascalho, saibro, areia, minerais, argila, turfa, etc.);
c) instalação de barragens ou outras grandes estruturas similares para fins como abastecimento,
irrigação, geração de energia elétrica, etc;
e) corte ou retirada de vegetação ou de seus produtos, (raízes, tubérculos, troncos, folhas, flores,
frutos, sementes, etc.), para qualquer fim.
Observação:
b) de recuperação ambiental:
- somente nos locais onde estudos posteriores indicarem a necessidade deste manejo;
c) de fiscalização:
- apenas aquelas indispensáveis à preservação da R.B.E.P.S.
d) científicas:
- somente aquelas necessárias ao conhecimento do potencial de recursos naturais e
arqueológicos existentes, visando fornecer melhores subsídios à sua proteção ou à recuperação
de áreas semelhantes., em outros locais do Estado.
e) serviços básicos:
- somente os necessários à implantação e manutenção da Reserva;
A R.B.E.P.S. está situada na Ilha Grande, que tem sido incluída no Município de Angra
dos Reis. Contatos informais foram feitos com a Delegacia do Serviço de Patrimônio da União
no Estado do Rio de Janeiro (SPU) onde a opinião foi que, face à Constituição Federal (item II,
artigo 4º) a Ilha Grande deveria estar compreendida entre os “bens da União”. Sem embargo,
seguia-se ali a norma de considerar terras da União apenas aquelas dentro da faixa de 33 metros,
contados da preamar média de 1831 ou seja, apenas as terras ou terrenos de marinha.
Outra linha de pensamento considera Ilha Grande uma ilha litorânea, sendo o termo ilha
oceânica reservado para as de Trindade, Martim Vaz e São Pedro e São Paulo, além daquelas
que compõem o arquipélago de Fernando de Noronha. Não sendo oceânica, a Ilha Grande não
pertence à União Federal. Segundo esta linha de pensamento, excetuando os títulos abaixo
mencionados, o território da Ilha Grande pertence ao Estado do Rio de Janeiro.
Em relação aos terrenos de Marinha, a União pode, ou não, ter concedido aforamentos a
particulares, ao longo do tempo, a eles transferindo o seu domínio útil.
c) da alienação, a qualquer título, pelo antigo Estado do Rio de Janeiro, a partir de 1889;
d) da alienação, a qualquer título, pelo atual Estado do Rio de Janeiro, a partir de 1975.
2 - Que o Governo do Estado envie requerimento ao Governo Federal para obter a cessão
das terras de marinha abrangidas pelos limites da R.B.E.P.S., a título gratuito, com a
finalidade específica e exclusiva de manutenção da Reserva Biológica, considerando os
superiores interesses de proteção dos ecossistemas ali existentes.
a) Não existe mais nenhuma outra área no litoral fluminense em igual estado de
preservação de seus recursos naturais.
b) Não existe nenhuma outra unidade de conservação no território fluminense que
abranja em conjunto os ecossistemas citados.
c) Em nenhum outro trecho do litoral fluminense foram localizados sítios arqueológicos
como os existentes na Reserva, onde já foram assinaladas pelo menos quatro oficinas
arqueológicas de polimento de armas e instrumentos líticos. Este patrimônio
arqueológico está registrado no ISPHAN e no Museu Nacional do Rio de Janeiro.
d) A área protegida representará fonte inestimável de potencial genético para a
reconstituição da flora e fauna de outras áreas litorâneas no futuro.
e) A provável existência de vegetais e animais ainda não conhecidos pela ciência, nos
ecossistemas ali encontrados, possibilitará pesquisas futuras ilimitadas, criteriosamente
programadas, enriquecendo o acervo científico do Estado.
f) A experiência ali acumulada será de valia para a elaboração de normas e critérios
ambientais para preservação e manejo de ecossistemas rernanescentes, em outras regiões
do Estado.
1.4.1 Antecedentes
Em 1978 foi sugerida a criação de uma Reserva Biológica no relatório sobre a situação
florestal na Região Programa do Litoral Sul (Meta nº 5.01.05 do III Planaf). Apoiava esta
sugestão a Decreto Estadual nº 2.062/78 que considera de preservação permanente as florestas e
demais formas de vegetação natural existentes na Ilha Grande, e que se encontrem em terras
situadas acima da cota altimétrica de 200 metros.
Em 1980, Castro propõe, com base na sugestão do Relatório de 1978 citado, Diretrizes
Ambientais para um melhor uso do solo na região Litoral Sul Fluminense, da FEEMA a criação
da Reserva Ecológica das Lagoas ao Sul.
Em 1981, o Decreto Estadual nº 4972 criou a Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul.
Art. 1º - Fica criada a Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul, na Ilha Grande,
no Município de Angra dos Reis, com área inicial de cerca de 3.600 ha.
Art. 3º - A Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul terá sua área patrimonial
inalienável, podendo ser acrescida de outras áreas adquiridas por doação ou desapropriação.
Art. 1º - A Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul, criada pelo Decreto nº 4.972, de
02/12/81, fica sob a responsabilidade da Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente
-FEEMA, órgão vinculado à Secretaria de Estado de Obras e Serviços Públicos.
Art. 2º - Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta lei, as florestas e demais
formas de vegetação natural situadas:
a) ao longo dos rios ou de outro qualquer curso d'água, em faixa marginal cuja largura mínima
será:
2- igual à metade da largura dos cursos que meçam de 10 (dez) a 200 (duzentos) metros de
distancia entre as margens;
3- de 100 (cem) metros para todos os cursos cuja largura seja superior a 200 (duzentos) metros;
c) nas nascentes, mesmo nos chamados “olhos d'água”, seja qual for a sua situação topográfica;
d) no topo de morros, montes, montanhas e serras;
e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45% equivalente a 100% na linha de
maior declive;
...........
............
Art.26 - Constituem contravenções penais, puníveis com três meses a um ano de prisão
simples ou multa de uma a cem vezes o salário mínimo mensal do lugar e da data de infração ou
ambas as penas cumulativamente:
...........
d) causar danos aos Parques Nacionais, Estaduais ou Municipais, bem como às Reservas
Biológicas;
...........
...............
Art.29 – As penalidades incidirão sobre os autores sejam eles:
a) diretos;
.............
Art. 31 - São circunstancias que agravam a pena, além das previstas no Código Penal e na
Lei de Contravenções Penais:
cometer a infração no período de queda das sementes ou de
formação das vegetações prejudicadas, durante a noite, em
domingos ou dias de feriados, em épocas de seca ou inundações;
............
.............
..........
f) nos estabelecimentos oficiais e açudes do domínio público bem como nos terrenos
adjacentes, até a distancia de cinco quilômetros;
.........
..........
a) direto;
c) autoridades que por ação ou omissão consentirem na prática do ato ilegal, ou que
cometerem abusos do poder.
..........
.........
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Art.14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e
municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos
inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os
transgressores:
Parágrafo 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor
obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos
causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público
da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e
criminal, por danos causados ao meio ambiente.
................
................
Art.36 - Constitui infração, para os efeitos deste Regulamento, toda a ação ou omissão
que importe na inobservância de preceitos nele estabelecidos ou na desobediência às
determinações de caráter normativo dos órgãos ou das autoridades administrativas
competentes.
I - contribuir para que um corpo d'água fique em categoria de qualidade inferior à prevista
na classificação oficial;
VII - ferir, matar ou capturar, por quaisquer meios, em áreas de proteção ambiental,
reservas ecológicas estações ecológicas e áreas de relevante interesse ecológico,
exemplares de espécies consideradas raras da biota regional;
VIII - causar degradação ambiental mediante assoreamento de coleções d'água ou erosão
acelerada, em áreas de proteção ambiental, reservas ecológicas, estações ecológicas e
áreas de relevante interesse ecológico;
II - causar poluição, de qualquer natureza, que possa trazer danos à saúde ou ameaçar o
bem-estar.
Art.39 - Serão impostas multas de 100 a 1.000 ORTNs nas seguintes infrações:
.............
I – São atenuantes:
II - São agravantes:
a) a reincidência específica;
b) a maior extensão da degradação ambiental;
........
A situação fundiária indefinida da Ilha Grande permitiu que suas terras fossem ocupadas
por pescadores, invasores, posseiros, grileiros, proprietários legalizados, loteamentos de
veraneios etc, com alegações várias de legitimidade de propriedade. São previsíveis três tipos de
repercussões, conseqüentemente:
b)boa receptividade, nas áreas circunvizinhas, face a valorização trazida pela presença
da Reserva;
. Museu Nacional do Rio de Janeiro, cuja equipe de arqueólogos iniciou estudos na área,
mediante proposta de trabalho apresentada a FEEMA;
. Jardim Botânico do Rio de Janeiro, que manifestou interesse em estudar as famílias botânicas
existentes na Reserva;
Deverão ser contactadas também entidades privadas nacionais como, por exemplo, a
Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza (FBCN), entre outras, para colaboração na
implantação e manutenção da Reserva.
2. CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA
A R.B.F.P.E. está situada a sudoeste da Ilha Grande, município de Angra dos Reis, que
integra a região-programa Litoral Sul, no extremo sudoeste do Estado do Rio de Janeiro, parte da
região Sudeste do Brasil (fig. 4). Esta região está englobada entre os paralelos 14º S e 25º S
Não há dados locais sobre o clima na R.B.F.P.S., porém, o clima da região Sudeste é
caracteristicamente tropical. Em plano geral, é domínio do clima quente úmido, sem estação seca
(fig. 5). Predominam os ventos de sudeste, durante os meses mais frios (julho o setembro).
O município de Angra dos Reis recebe uma precipitação anual que já atingiu 2.314mm,
sendo assinalados 123 dias chuvosos por ano, com predominância de chuvas na parte da tarde. A
umidade relativa é em torno de 80% o ano todo. O relevo da Serra do Mar é diretamente
responsável pela precipitação e pelo regime pluviométrico
Há pequena variação entre as temperaturas durante o ano (médio das máximas 27º e
média das mínimas 20º, respectivamente no verão e no inverno). O fator altitude influi
determinantemente nas alterações de temperatura.
O sistema hidrográfico da Ilha Grande está representado por inúmeros e pequenos cursos
d'água que descem pelas reentrâncias das montanhas, havendo rios mais caudalosos como:
Capivari, Matariz, Andorinha e Dois Rios. Na área da R.B.E.P.S., a característica hidrográfica
principal é a existência de duas lagoas, sendo os principais contribuintes os rios da Canoada e
Capivari. Diversos riachos deságuam diretamente na baixada, contribuindo para a formação de
charcos extensos. Outros pequenos rios deságuam na praia do Aventureiro, servindo de
abastecimento d'água para a colônia de pesca existente (fig. 6).
2.1.4 Principais características geológico - geomorfológicas
Na região Litoral Sul a principal característica do relevo é dada pela Serra do Mar.
Geologicamente apresenta-se em pleno domínio do grande escudo pré-cambriano do Sul do
Brasil. Apresenta elevações que com freqüência estendem-se até o litoral. A Serra do Mar é
responsável pelo relevo e costa acidentados.
Desta maneira, a enseada da Praia do Sul apresenta uma planície de cerca de 8km2 (800 ha) de
superfície. A margem oceânica apresenta um arco com 4 km de praias, interrompidas pela Ilhota
do Leste (que agora apenas península rochosa) quase em sua metade. Para o interior, além das
praias, encontra-se um cordão arenoso mais elevado, com cerca de cem metros de largura,
descendo depois para a planície litorânea.
Dada a situação insular da Reserva os solos encontrados na parte continental não tem
influência para os seus solos. Inclusive no que tange à própria ilha em si, os solos existentes na
Reserva Biológica, por estarem dentro da bacia de captação própria, não sofrem influencia das
demais partes da ilha.
O litoral sul fluminense está englobado na região fitogeográfica denominada por Rizzini
(1979) de Floresta Atlântica. Os últimos redutos florestais da região podem ser encontrados nas
três unidades de preservação existentes: Parque Nacional da Serra da Bocaina, o Parque Estadual
da Ilha Grande e a Área de Proteção Ambiental de Cairuçu. Nestas áreas, florestas cobrem as
encostas íngremes da Serra do Mar. Ao longo do litoral, a vegetação assume aspectos diversos,
tendo representantes de manguezal, restinga e planície alagadiça. Estes tipos de vegetação
raramente atingem seu estágio máximo de desenvolvimento que seria uma floresta, devido às
ações antropogênicas.
A Ilha Grande, primitivamente, estava revestida de densa floresta tropical pluvial (mata
atlântica) (fig. 7), desde os pontos culminantes até praticamente às áreas sob influencia das
ondas. Contudo, ciclos agroeconômicos que passaram pela ilha (café, cana-de-açúcar, legumes,
frutos, grãos e gado) modificaram o panorama e, hoje em dia, quase todas as vertentes
setentrionais são cobertas com vegetação pobre, em geral capinzais.
Por meio de relatos orais dos moradores da Vila do Aventureiro, tem-se notícias de
diversas fazendas que ocupavam as matas do anfiteatro das praias do Leste e Sul. Eram as
fazendas Capivari, Grande, Cachoeira Grande, Leste e do Fidelis. No local da sede destas
fazendas são encontradas ruínas que por seu estado permitem supor que seu abandono data de
pelo menos 50 anos. Na fazenda do Fidelis encontra-se um exemplar de Ficus sp. de cerca de 20
metros crescendo sobre as ruínas de uma pilastra de cerca de 4 metros de altura. Além dessas
fazendas, é de se supor que tenham existido outros pontos de ocupação da mata de encosta.
Encontram-se com relativa freqüência platôs que, embora cobertos por árvores de boa altura,
possuem vestígios de ocupação anterior como cacos de telha, baldrames de pedras etc. A própria
vegetação arbustiva também dá essas indicações, pela presença de adensamentos de
Schizolobium parahyba (guapuruvú), Musa spp. (bananeiras) e Marlierea sp. (cambucá). Ainda
que eventualmente estas espécies sejam encontradas em trechos de mata mais bem conservadas,
nunca o são sob a forma de comunidades. Outro vestígio de ocupação pretérita são vias de acesso
(possivelmente para carros de boi) que existem em diversos pontos como entre Simão Dias e a
Ponta dos Meros, fazenda do Fidelis, etc.
De uma maneira geral não mais ocorrem, matas primárias nas encostas da R.B.E.P.S.
Ainda que em muitas áreas se encontrem remanescentes de matas primárias estas estão
desfalcadas de numerosas espécies. Lima (1974 in Maciel op. cit.) registra madeiras de lei
ocorrentes no século passado, hoje inexistentes ou raras, como jacarandá, maçaranduba, braúna,
cedros etc. Budowski (1977) dá características distintivas entre matas secundárias e climáxicas.
Na tabela 1 estão listadas as principais. Pela classificação de Budowski as matas da R.B.E.P.S. se
caracterizam, de uma maneira genérica, como secundária tardia, ainda que se encontrem em
muitos pontos formações pioneiras e secundárias recentes.
TABELA I. Característica dos componentes arbóreos das etapas sucessionais de matas pluviais
(Budowski, 1977).
Estrato infe- Denso Denso, com gran Escasso, com sp. Escasso com
rior des espécies her- tolerantes sp tolerantes
baceas (*)
Madeira e tron- muito leve; diâ- leve, diâmetro leve a semidura; dura e pesada
co dos dominan- metros pequenos inferior a 60cm alguns troncos
tes grossos (* )
_____________________
(*) Características que se encaixam para a maioria das matas da Ilha Grande.
Ainda que as matas da R.B.E.P.S., como um todo, possuam condições edafológicas e
mesoclimáticas distintas, torna-se difíci1 a sua identificação em termos de unidades florestais. O
número reduzido de coletas botânicas e a inexistência de trabalhos fitossociológicos inviabilizam
sua caracterização em termos qualitativos ou quantitativos. Há ainda a se destacar as dificuldades
referentes à toponímia. Os referenciais geográficos empregados pelos habitantes da Vila do
Aventureiro, ainda que se prestem aos seus propósitos, não podem ser empregados de maneira
satisfatória ou precisa na identificação de locais com objetivos de determinação de unidades
vegetacionais. Exemplificando, o morro da Canoada, como é conhecido, na verdade é uma crista
secundária do anfiteatro de montanhas das planícies do Leste e Sul, cujos picos principais não
têm denominação específica. Existe ainda o fato de que um mesmo local possa ter 2 (duas)
denominações distintas, dependendo do informante disponível.
A partir das dificuldades supracitadas optou-se, como forma de caracterização das matas
de encosta, pela tipificação genérica de suas formações florestais. Trata-se apenas de uma
primeira aproximação ao problema, para ulterior aprofundamento. A classificação pautou-se por
características ocorrentes nos diversos estágios sucessionais com ênfase para as espécies mais
marcantes e mais facilmente detectáveis em campo. A tabela II apresenta a tipificação proposta.
A mata neste trecho assume uma configuração mais densa, com árvores de maior porte e
cobertas com epífitos de maior variedade. Na porção inferior da encosta encontram-se grande
quantidade de pequenos cursos d'água e muitos brejos de água doce, dominados em seu estrato
herbáceo por Pothomorphe umbellata.
ESTÁGIO I
ESTÁGIO II
ESTÁGIO III
EPÍFITOS Ocasionais
ESTÁGIO IV
ESTÁGIO V
Trata-se de elevação de cerca de 300m em cujo bordo sul se encaixam as lagoas de Leste
e Sul. A mata existente está situada em encosta bastante declivosa e encontra-se em bom estado.
Apesar disso é pouco notada sobre o terreno a ação de animais fossoriais (tatus etc.) bem como
trilhas de pacas ou cotias.
O rio Capivari merece destaque especial na R.B.E.P.S. graças a seu estado de conservação, de
sua nascente até a foz. Em todo o seu percurso não se encontrou ao longo de suas margens, até
distância de pelo menos 100m, qualquer vestígio de ocupação anterior. A atividade da fauna
nesta área é bastante intensa, já tendo observado: paca (Agouti paca), cotia (Dasyprocta agouti),
ouriço caxeiro (Coendu villosus), macuco (Tinamus solitarius), caxinguelê (Sciurus
aestuansingrami), chauá (Amazona rhodocorytha) e lontra (Lutra sp.). A atividade da fauna
também se faz sentir por marcas de dentes em frutos caídos, bastante freqüentes na área.
Em seu alto curso o rio apresenta declividade mais acentuada e conseqüentemente nível maior de
energia, o que permite o deslocamento de matacões de maior tamanho. À medida que se
aproxima de seu curso médio o rio vai tendo seu nível de energia reduzido e os matacões passam
a assumir tamanho menor, com formas mais arredondadas. No contato com a planície
quaternária a calha perde abruptamente o declive, desaparecem os matacões e passa a calha a ser
constituída apenas de areia de granulação grossa. Próximo à lagoa do Leste, o leito é
gradualmente invadido pelo manguezal.
O morro da Madalena, que delimita a margem esquerda apresenta, em sua encosta oeste
vegetação em muito bom estado. Sua encosta leste apresenta vestígio de antiga ocupação.
Compreende a linha de cumeada que limita a R.B.E.P.S. pelo lado leste. Próximo à Ponta
de Tacunduba a vegetação encontra-se no estágio I, sendo constantes a presença de incêndios.
Possivelmente toda esta área deve ter sofrido intensa ocupação anterior.
O cordão externo de restinga está coberto por uma floresta baixa de aproximadamente
10m de altura, de troncos relativamente finos. As copas dessas árvores são contíguas na sua
maioria, criando um ambiente sombrio porém com luz suficiente para a formação de um estrato
inferior constituído por gravatás, samambaias a alguns arbustos. As árvores mais comumente
encontradas são: Rheedia brasiliensis, Tapirira guianensis, Ilex integerrima, Melanopsidium
nigrum, Psidium sp.. Um dos arbustos mais freqüentes é Psychotria carthaginensis; no estrato
inferior encontram-se numerosas Neomarica sp.. Alguns gravatás chegam a formar tapetes
densos no chão da mata, sendo as mais comuns Billbergia amoena e Quesnelia quesneliana. A
família Araceae é muito bem representada nesta mata, tanto no hábito terrestre quanto no hábito
escandente ou epífita. Em comparação com as outras comunidades da baixada, essa é
relativamente pobre em epífitas.
Próximo à praia, tal comunidade apresenta outro aspecto (fig.10), sendo a altura reduzida
gradativamente conforme se aproxima a zona da anteduna. A ação do vento como modelador é
visível e a vegetação constitue uma barreira praticamente impenetrável, iniciando-se no limite da
anteduna, à vezes, no mesmo nível; outras vezes com um desnível de até 3m. Espécies
características desta zona são: Polystichum adiantiforme, Bromelia antiacantha, Neoregelia
cruenta, Ouratea cuspidata, Tocoyena bullata.
Entretanto, encontram-se ainda hoje vários coqueiros com 2-3m de altura por dentro da
vegetação arbustiva. Na Praia do Leste, houve retirada de areia, com grandes crateras que jazem
até hoje e em conseqüência, a vegetação se apresenta em pequenas moitas baixas e com invasão
de ruderais. Em parte, este aspecto de vegetação mais aberta na Praia do Leste está relacionado
com o fogo, como o que passou ali em 1980.
A mata de restinga que se encontra nos depósitos arenosos mais internos (restinga)
possue algumas das mesmas espécies freqüentes no primeiro cordão, entretanto são mais altas,
10-15m, e muito mais ricas em epífitas. A composição florística é pouco conhecida ainda. Essa
mata já foi degradada em algumas poucas áreas, existindo algumas clareiras cobertas por sapé.
A segunda formação vegetal está localizada em trechos bastante úmidos, sendo que é
possível encontrar o substrato coberto de água durante uma parte do ano (fundo de antiga
laguna). A composição da camada arbórea desta floresta, que atinge 20 metros de altura, é
diferente daquela dos cordões arenosos, notadamente na presença de algumas palmeira (eg.:
Astrocaryum aculeatissimum), muitas Rubiaceae (eg.: Posoqueria latifolia) e Myrtaceae (eg.:
Psidium cattleianum). Uma espécie comum às duas formações é a Tapirira guianensis. No
estrato arbustivo encontra-se com freqüência Psychotria barbiflora e Dichorisandra sp.
enquanto que o tapete de gravatás, onde existe, é constituído por Aechmea distichanta. Os galhos
das árvores maiores são repletos de epífitas (orquídeas, gravatás, aráceas, gesneriáceas).
As trilhas que foram abertas na baixada pelos tratores em 1981 permanecem bem
visíveis, porém estão sendo lentamente retomadas pela vegetação. Este processo está bem mais
acelerado nos trechos onde a mata de restinga ladeia a trilha, propiciando um ambiente mais
sombreado e úmido e servindo de fonte de sementes para a recolonização da área aberta. As
trepadeiras e plantas escandentes contribuem nestes trechos para aumentar a cobertura (eg.:
Ipomoea phyllomega, Cissus sp.). Em outros trechos onde a trilha foi bem larga, ou onde a
vegetação que beira a trilha também está degradada, o processo está bem mais tento, inclusive
com a invasão de ruderais (capim melado, Melinis minutiflora, por exemplo).
O manguezal é encontrado as margens dos canais que ligam o oceano com as lagoas e as
margens das próprias lagoas, até onde é sentida a influência da maré. Formam uma faixa
relativamente estreita, variando de alguns metros de largura entre a Lagoa do Leste e a encosta
do morro até aproximadamente 30 metros de largura entre a Lagoa do Sul e o terreno mais
elevado do cordão arenoso. As árvores mais altas e robustas (12m de altura) são localizadas
próximo as águas salobras dos canais ou das lagoas e geralmente são de Rhizophora mangle. A
Avicennia schaueriana só ocorre próximo à desembocadura do canal no oceano (Figs. 11 e 12).
Mais afastadas da água, podem-se encontrar árvores menores, com copas menos densas,
das espécies R. mangle e Laguncularia racemosa. Nesta faixa, os galhos das árvores são
carregados de epífitas, ocorrência rara nos outros manguezais do Estado, e, também ocorre um
ralo estrato herbáceo constituído por Fimbristylis spadicea, Cladium jamaicense e, mais
raramente, Triglochin sp.. Na transição do manguezal para terra firme é comum encontrar uma
vegetação arbustiva composta das espécies Hibiscus pernambucensis, Acrostichum aureum e
Dalbergia ecastophvlla.
O levantamento florístico da R.B.E.P.S. feito até o presente momento forneceu uma lista
de 265 espécies vegetais para todos os ecossistemas ali encontrados. Certamente, essa lista não
representa nem 25% da totalidade de espécies que devem ocorrer na Reserva, dada a conhecida
riqueza florística da mata atlântica. (Apêndice II)
- Outras
Diversas Bromeliaceae que ocorrem na Reserva são muito mais comuns para o sul do
país, atingindo seu limite setentrional no Estado do Rio de Janeiro: Aechmea distachantha,
Aechmea qracilis, Quesnelia arvensis, Nidularium innocentii var paxianum.
A riqueza das orquídeas na mata de restinga, uma vez bem levantada deve revelar outras
espécies merecedoras de cuidados especiais.
A parte continental de Angra dos Reis, à época da chegada do colonizador, era coberta
por altíssima e densa floresta (Magnanini et al, 1981), que chegava até junto ao mar, cobrindo
escarpas e misturando-se aos manguezais e restingas. Esta vasta floresta, com condições
ecológicas variada, propiciava abrigo e alimentação para uma fauna muito diversificada.
No passado, a ocupação de Angra dos Reis, iniciou a destruição dessa mata, desde a
encosta até o litoral. Com material oriundo da mata construiram-se casas da vila, porto, pontes,
fabricaram-se lenha e carvão. Concomitantemente, a caça visava abastecer as cozinhas
domésticas.
Já na Ilha Grande, devido a condição insular a mastofauna terrestre foi caçada até o
extermínio, sem maiores possibilidades de fuga.
Sobre a fauna passada da Ilha Grande têm-se boas indicações graças ao relato feito por
Honório Lima em 1889. Vê-se, ali, que as dimensões da ilha (190 km2), aliada a boa cobertura
vegetal, diversidade de habitats, clima, etc. permitia ainda, àquela época, uma rica mastofauna
composta de onças, veados, guaribas, gatos-do-mato, cachorros-do-mato, guaxinins, capivaras,
antas, pacas, cotias, caxinguelês, preás, gambás, queixadas, tatus, tamanduás, preguiças e outros,
além de enorme relação de peixes, aves, etc.
A criação da R.B.E.P.S. em 1981 veio preservar em seus 3.500 hectares não só cinco
ecossistemas distintos (restinga, manguezal, laguna, litoral rochoso e mata de encosta) como
também, juntamente com o Parque Estadual da Ilha Grande, preservar o que restou da fauna
insular.
Também até o presente são dados como não mais ocorrendo na área os veados mateiro e
catingueiro, preguiça, caitetu, queixada, tamanduá mirim, a anta e a capivara.
Sobre a capivara houve menção sobre sua ocorrência na área da lagoa e várzea do
Capivari há mais de 30 anos passados.
Quanto aos primatas ainda ocorrem, na ilha, guaribas (Alouatta fusca), macaco-prego
(Cebus apella) e sagüis, provavelmente Callithrix jacchus (*). Sempre que foram vistos pelos
vigias estavam fora da Reserva, na mata para os lados de Araçatiba.
Este ano, macacos-pregos já foram vistos na Praia do Sul. É mais que possível que em
outras ocasiões, quando não estão sendo observados esses animais penetram nas matas da
Reserva onde há bastante alimento disponível e nenhuma barreira ecológica.
___________________
(*) Contudo há um registro no Museu Nacional sobre C. aurita coletado em 05/11/68.
Outros marníferos menores, contudo proliferaram nesses quatro anos de existência da
Reserva. Percebe-se facilmente isso pela facilidadecom que são vistos tatus ou percebe-se, quer
pelo barulho, pelos silvos ou pelos rastros deixados na praia, que aumentou a população de
pacas, cotias e gambás. Também já é bem visível o aumento da população de teiú-açu, outrora
um acepipe nas casas de Aventureiro, e do preás. Atualmente os caxinguelês também se
movimentam pela praia do Demo procurando os frutos de amendoeira.
A lontra (Lutra enudris), por exemplo, é ocasionalmente vista ora no mar, ora na praia ou
na lagoa, porém sempre sozinha. Num passado não muito distante, pescador da Praia de
Aventureiro caçou algumas delas, cuja carne, provada, mostrou ter gosto de peixe. Suas pegadas
têm sido encontradas na praia e no manguezal. Também o lugar em que defecam foi localizado,
ficando à margem da Lagoa do Sul.
Há registros anteriores feitos por Garbe (1905) e Berla (1940) sobre coleta de
gavião-de-penacho, gavião-pega-macaco e jacutinga, já mencionado. Essas aves buscam
alimento, proteção contra o frio abrigo, etc. movendo-se entre as matas da encosta até a mata de
restinga. Presentemente, já se conseguiu avistar macuco (Tinamus solitarius) fugindo na trilha da
mata de Chico Jr. e macuca com quatro filhotes na trilha do Longa. Não foi registrado, porém
são muito grandes as chances de ocorrer, o inambu-xintã (Crypturellus tataupa).
Outros habitantes da mata importantes pelo papel que desempenham são as corujas e os
gaviões. A murucututu-de-barriga-amarela (Pulsathrix koenaswaldiana) é uma coruja de grande
porte, enquanto que a suindara (Tyto alta), por ser comum, tem seu nome incorporado na
toponímia local.
Quanto às aves da lagoa elas são pouco numerosas (fíg.15). Os anatideos, por exemplo,
não foram registrados. Parece que as lagoas não estão na rota migratória ou a caça do passado
afastou esses animais. Nas praias, têm sido encontradas enormes quantidades de aves marinhas
mortas. Isto ocorre nos meses de julho e agosto. São gaivotas, gaivotões, andorinhas do mar,
pingüins entre outros.
Recentemente também foi dar à praia o cadáver de um golfinho (Tursiops sp.) que serviu
de banquete para os urubus.
Raramente ve-se maçaricos na praia, o que também é estranho, visto neta abundar
alimento (tatuís, anfípodas, moluscos, etc.).
Há também outros grupos que estão precisando de uma pesquisa maior. Referimo-nos ao
grupo dos anfíbios, répteis, peixes e moluscos terrestres.
Mais detalhes sobre a fauna podem ser encontrados em Maciel et alli, 1981 e 1984. A
relação de toda a fauna levantada até a presente data encontra-se relacionada no Apêndice III.
Dos quatro sítios, descobertos pela prospecção, três encontram-se destruídos como a
maioria dos sítios arqueológicos localizados no litoral do Estado do Rio de Janeiro. As
sondagens nestes sítios nos revelaram que se tratavam de ocupações esporádicas de pequenos
grupos que não necessitavam de um acampamento de maior durabilidade, dada a riqueza
alimentar da área.
O sítio intacto, que revela ser anterior aos sítios destruídos, foi denominado Sítio do
Ilhote do Leste; está localizado no morro do mesmo nome que separa a praia do Leste da praia
do Sul. Pesquisas preliminares neste sítio revelaram tratar-se de uma ocupação constituída de
pequenos grupos de coletores, pescadores e caçadores que por variáveis períodos de tempo
vinham explorar aquele ambiente. Configura um sítio de dimensões apropriadas para a realização
de uma pesquisa que fornecerá dados para a compreensão de quando e como teriam se iniciado
as ocupações em ilhas e principalmente o estabelecimento do início do uso de embarcações por
grupos pré-históricos no Estado do Rio de Janeiro.
Para a região Sul do Estado, temos poucas informações para a cronologia e atualmente
existem apenas duas publicações: A Fase de Parati de Ondemar Dias Jr. e a Pré-história de
Parati, Alfredo Mendonça de Souza. Nelas, os autores afirmam ser de pouca antiguidade as
ocupações na região, isto devido ao mergulho imediato da Serra do Mar no oceano, estreitando
em conseqüência a plataforma continental. Desta maneira, na época em que teria se registrado as
mais antigas ocupações litorâneas do Estado (a mais ou menos 4.000 anos) a planície estaria
tomada pelas águas, obrigando a esses grupos a optarem por outras áreas. Porém, acreditamos
que as pesquisas realizadas até o momento, são por demais escassas para uma afirmação tão
rígida.
A história da ocupação do Litoral Sul do Estado do Rio de Janeiro está ligada à situação
geográfica. O fato de existir uma baía relativamente protegida dos ventos com excelentes
condições de fundeadouro fez desta região parada obrigatória das embarcações com ocupação
assegurada a partir de 1559 (Castro, 1980). Além disso, a proximidade à região interiorana,
apesar da difícil travessia da escarpa da Serra do Mar, fez com que os portos litorâneos servissem
para o escoamento das mercadorias oriundas dos Estados de São Paulo e Minas Gerais.
Segundo Castro (1980) as pequenas planícies e colinas na estreita faixa do litoral entre o
mar e a serra na região de Angra dos Reis e Parati foram ocupadas desde os primórdios da
colonização por canaviais. Angra dos Reis destacou-se como principal núcleo dessa atividade
durante cerca de trezentos anos, dando ênfase à produção de açúcar enquanto em Parati, foi a
produção de aguardente que tomou vulto.
Com a chegada da Estrada de Ferro Pedro II a cidade paulista de Cruzei ro, em 1877,
assim completando a ligação direta das zonas produtoras de café com o Rio de Janeiro, o
declínio econômico da região do Litoral Sul Fluminense teve seu início, e a partir daí
permaneceram remanescentes de uma época mais próspera somente uns poucos engenhos e a
pesca.Em 1930, a modernização do porto de Angra dos Reis foi concluída e no final da década
de 1950 foi iniciada a instalação de parques industriais, dois eventos que contribuíram para
fomentar a economia do Município (Castro 1980).
Mais tarde as Fazendas dos Dois Rios e do Abraão tornaram-se pontos de desembarque de
cabiúnas, negros desembarcados clandestinamente no litoral brasileiro, após a lei de repressão ao
tráfego de escravos. Graças a este tráfego havia grande demanda por uma nesga de terra, já
naquela época, suscitando pleitos judiciários no foro da Vila da Ilha Grande a ponto de José
Bonifácio de Andrade e Silva expedir ao Juiz de Fora da aludida orla uma portaria em 1823
ordenando que fossem tomadas providências para evitar-se tantas e intermináveis questões sobre
os rumos de terras (Lima, 1974).
No anfiteatro que verte para a Enseada da Praia do Sul existiam, há mais ou menos 60
anos atrás, quatro fazendas, cuja produção maior era cana-de-açúcar (Maciel, 1984). Carros de
boi transportavam o açúcar, pipas e tonéis de cachaça através da antiga estrada que ligava Tapera
ao Canto do Leste. Estas fazendas eram conhecidas como Cachoeira Grande, Lagoa do Sul ou
Grande Capivari e Cacau ou do Leite. Nesta última extraía-se areia monazítica, da baixada do
Leste, que era transportada para Sítio Forte em caminhões. Nas áreas mais úmidas desta mesma
baixada havia plantação de melancias, também levadas para o mercado em Angra dos Reis. No
cordão externo de restinga havia uma pista de pouso.
Tabela III: População residente e número de domicílios existentes em 0l/set/1980
- Ilha Grande, Município de Angra dos Reis.
Enseada da Estrela
__________________
(*) FONTE: SECPLAN/FAPERJ, 1981.
2.4.1.2 Ocupação atual da Ilha Grande
A Ilha Grande está dividida politicamente em dois distritos do Município de Angra dos
Reis: Abraão (5º) com 93 km2 e Praia de Araçatiba (6º) com 94 km2 (SECPLAN/FAPERJ, 1981).
Nos últimos anos, o turismo tem aumentado na Ilha Grande, sendo que 256 prédios são
do uso ocasional (veraneio), principalmente nas enseadas de Abraão, das Palmas, da Estrela, de
Araçatiba e de Provetá (Censo, 1980). Uma das atrações destacada pela Companhia de Turismo
do Estado do Rio de Janeiro é a pesca submarina, sendo os pontos melhores para essa atividade
na Ilha Grande, Ponta dos Meros, onde se encontra meros de 100 a 200 kg, além da Ilha Jorge
Grego e Ponta Acaiá (FLUMITUR,1978).
A atividade principal na Ilha Grande é a pesca que absorve a maior parte da mão-de-obra.
O principal núcleo de pescadores é Provetá, mas também existem agrupamentos em Aventureiro,
Praia Grande, Praia Vermelha, Araçatiba, Sítio Forte, Enseada das Palmas, Saco do Céu e
Abraão (Censo, 1980). O principal produto é a sardinha recolhida em embarcações, na sua
maioria de pequeno porte. A industrialização do pescado é feita em várias localidades da Ilha
Grande e essas salgas absorvem grande parte da mão-de-obra da região nas épocas de maior
volume de trabalho (FIDERJ,1977).
Segundo Vilaça e Maia (1985), os lavradores de Aventureiro cultivam a terra íngreme das
encostas da Ilha Grande, plantando mandioca principalmente, feijão, guandu, milho,
cana-de-açúcar e banana. Existem 17 roças variando entre 600 a 4.500 m2 que chegam quase à
cota de 200m na encosta virada para a Praia do Aventureiro.
2.4.2. Serviços de infraestrutura
A ligação entre Ilha Grande e o continente é feita por barco, sendo que o único transporte
comercial existente é o de lanchas que percorrem em dias alternados a distância entre
Mangaratiba e Abraão, ou entre Angra dos Reis e Abraão (fig.17). De Abraão até a Reserva
pega-se carona no carro (caminhão) que serve o presídio na Praia dos Dois Rios, e depois
segue-se a pé pela trilha que passa em Parnaioca. Este percurso leva aproximadamente 5 horas.
É possível também chegar na Reserva indo de carona com um barco de pesca que vai até
Provetá ou até a Praia do Aventureiro. Como as traineiras são barcos lentos, este percurso leva
entre 3 e 4 horas. Não é sempre possível alcançar a Praia do Aventureiro devido às condições do
mar, especialmente quando bate o vento sudoeste, que faz cessar toda atividade de barcos de
pesca na área, até em Provetã. De Provetá até a Praia do Aventureiro é uma caminhada de 1 a 2
horas, num trilha íngreme e bem batida.
De qualquer outro ponto na Ilha Grande é possível chegar à Reserva a pé pelas trilhas que
ligam os diversos povoados, geralmente seguindo a encosta próxima ao litoral.
Dados sobre serviços de infraestrutura na Ilha Grande são escassos. Segundo informações
obtidas na Prefeitura de Angra dos Reis, somente em Abraão tem rede de esgoto e água, Posto
Municipal de Saúde e Posto Telefônico (a ser inaugurado). Energia elétrica tem em Abraão,
Miradeira e Enseada das Estrelas. Na Ilha como um todo, existem 13 escolas municipais e 2
estaduais. O único cartório funciona em Araçatiba.
Nos últimos anos, o turismo tem aumentado muito na região e como conseqüência, a Ilha
Grande possui 2 hotéis - um em Abraão e outro na Praia do Saco das Palmas.
3.Planejamento da Reserva
3.1 Zoneamento
Segunda alternativa
a) O deslocamento das moradias, hoje, para tornar a área livre da presença humana,
condição primordial para se manter uma Reserva Biológica, exigirá alto custo econômico e
provavelmente grande desgaste político.
Considerando as duas alternativas antes citadas, parece ser mais oportuna e adequada à
condições atuais, a rejeição da primeira alternativa, muito embora isto signifique uma redução
importante da área original (cerca de 576 ha ou 16% da área original). Desse modo, o presente
Plano Diretor, se aplica à segunda alternativa.
· Áreas de Preservação
·
· Áreas sob Manejo
·
· Áreas Administrativas
Tais áreas abrangem todos os ecossistemas existentes na Reserva. Nelas estão contidos os
locais mais bem preservados atualmente.
Não é permitida nas áreas de preservação nenhuma atividade que acarrete danos ao meio
ambiente, em evolução natural. Assim, a fiscalização e a pesquisa serão realizadas apenas em
trajetos constantes do Plano Setorial de Proteção, ficando vedada a abertura de novas picadas ou
de clareiras.
Embora a R.B.E.P.S. não tenha sido criada exclusivamente para preservação de determinada
espécie, certas intervenções humanas, exercidas antes deste Plano Diretor, trouxeram danos ao
patrimônio natural. Foram assinaladas na fig.18 as áreas que ainda não estão recuperadas através
do processo de regeneração natural. Compreendem cerca de 483 ha. (17% da área total da
Reserva). Nessas áreas poderão ser desenvolvidos programas de manejo visando a aceleração
deste processo. A forma de execução desses trabalhos será detalhada através de planos
específicos para cada área, consoante o Plano Setorial de Recomposição.
Por ocupar menos de 0,5% da área da Reserva, a parte abrangida pelo setor
administrativo não foi computada junto com as outras categorias.
O Plano Setorial de Obras especifica as dimensões das duas áreas administrativas bem
como as atividades a serem ali desenvolvidas.
- A programação dos serviços abrangerá duas atribuições, que são a guarda permanente
de bens administrativos e a patrulha de toda a área da R.B.E.P.S.
- Qualquer obra terá por princípio a sua harmonização com o meio ambiente, devendo-se
empregar materiais de construção existente em Aventureiro, tais como seixos, pedras e areia que
possam ser retirados nas calhas dos rios, fora da R.B.E.P.S. No que concerne a madeira, esta
deverá ser trazida do continente.
- Proceder-se-á a novo traçado da trilha que liga Aventureiro a Provetá, visando evitar
que o trajeto passe por dentro da R.B.E.P.S. Em outras palavras, não deverá haver nenhuma
trilha na vertente para a praia do Demo.
· a) área do Demo
·
· b) área do Ferrugem
·
· c) área do caminho para Sítio Forte
·
· d) clareira da Madalena
· e) clareira do Rio Capivari
·
· f) clareira da restinga da Lagoa do Sul
·
· g) clareira da encosta do Ilhote
·
h) caminhos abertos pelo trator na Restinga do Sul
- Dentro dos limites da R.B.E.P.S., em princípio não devem ser introduzidas plantas ou
animais que não sejam autóctones em seus ecossistemas.
- Não deverá ser permitida a regeneração dos exemplares pertencentes a espécies estranhas à
flora local como, por exemplo, amendoeira, coqueiros, etc.
- As espécies, embora exóticas, que fornecem alimento para a fauna, poderão permanecer em
seu ciclo vital natural, não devendo, todavia receber melhorias nem ser renovadas (como, por
exemplo, abricós da praia).
- Projetos visando a introdução de espécies só serão aprovados pela FEEMA desde que não
venham causar impactos expressivos nos ecossistemas locais.
- A sede administrativa será construída no local assinalado na fig.18; compreenderá uma casa
com sala grande, sala de depósito, dois banheiros, cozinha e varanda, em planta que será
aprovada pela FEEMA.
- A construção no antigo sítio do Ferrugem será reformada conforme projeto de restauração a
ser aprovado pela FEEMA.
- Será implantada a demarcação dos limites da R.B.E.P.S. com moirões e fios de arame
grosso (de preferência arame farpado), em especial:
b) Nos limites com Parnaioca, desde o costão rochoso até a mata do divisor de águas, em
especial nas clareiras e nas trilhas atuais.
c) No divisor de águas, fronteira a Sítio Forte, em especial nas clareiras e nas trilhas atuais.
1. Construção da Sede
- aquisição de material (935 ORTN) Cr$66.023.781
Subtotal 234.012.700
Subtotal 104.006.977
Total 338.020.677
(4.786 ORTN)
a) Pessoal administrativo
1 vigia chefe, com nível de instrução relativo ao 1º Grau completo, residente em Aventureiro,
com tempo integral;
c) Pessoal de manutenção
1 zelador
2 trabalhadores rurais
Qualquer pesquisa deve ser previamente autorizada pela FEEMA. Não serão permitidas,
na área da Reserva, coletas de material e pesquisas que puderem ser efetuadas fora dos seus
limites.
A FEEMA deve fazer convênio com a Polícia Militar (4º Batalhão), objetivando a
repressão da caça na Ilha Grande, concentrando a ação nos pontos de desembarque. Esta atuação
servirá de apoio aos vigias da Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul.
Considerando que a R.B.E.P.S. está limitada pelos divisores de águas; considerando que
outras bacias (como é o caso do alto curso do rio Parnaioca, por exemplo) dela não fazem parte;
considerando que há total interesse do ponto de vista ecológico, que não haja interrupção entre a
R.B.E.P.S. e o Parque Estadual da Ilha Grande, deve a FEEMA solicitar da S.A.A. que o Parque
Estadual (ainda não implantado) estenda seus limites em direção à R.B.E.P.S., de modo a
abranger as áreas superiores à cota de 200 metros.
3.3.3.5 Programa vigilantes do Meio Ambiente
ARAGÃO, M.B. 1961. Sobre a vegetação de zonas úmidas do Brasil. Rev. Bras. Biol. 21 (3):
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ARAUJO, D.S.D. de, MACIEL, N.C., OLIVEIRA, R.F. de e ARRUDA JR., G.P. de 1979.
Relatório de excursão a Ilha Grande, no período de 23 a 25 de maio de 1979. FEEMA/DECAM.
7p. (datilog.).
BROWN, I.F. et al. 1985. O contato da neblina com um ecossistema florestal úmido no Parque
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BUDOWSKI, D.W. 1977. Analisis do cuatro fases sucesionales de la masa buscosa en la region
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Fluminense. FEEMA/DEATEC. 108 p. (datilop.).
COIMBRA Fº, A.F., ALDRIGHI, A.D. e MARTINS, H.F. 1973. Nova contribuição ao
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FEEMA 1978. Ilha Grande - Relatório Preliminar. Rio de Janeiro, DECAM. 15 p. (datilog.).
FEEMA 1978. Relatório sobre a situação florestal da região programa dolitoral sul com
diretrizes sobre as áreas críticas a serem reflorestadas e recomendações para a implantação de
reservas biológicas e o Parque Estadual da Ilha Grande. Rio de Janeiro. DECAM/DIVEC. 21p.
(datilog.).
FEEMA 1980. Relatório Técnico sobre Manguezais - RT 1123. Rio de Janeiro, SLAP. 61 p.
(datilog.).
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FIDERJ 1977. Estudos para o Planejamento Municipal: Angra dos Reis. Rio de Janeiro. 73p.
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RIZZINI, C.T. 1979. Tratado de Fitogeografia do Brasil. S. Paulo Ed. USP. v. 2.374 p.
Autoria
Elmo da Silva Amador – Geógrafo
SUMÁRIO
Introdução
Metodologia
Arcabouço Estrutural
Unidades Geológicas
1. Pré-cambriano
1.1 Unidade Ilha Grande
1.2 Unidade Trindade
1.3 Unidade Itaocara
2. Meso cenozóico
3. Cenozóico
3.1 Formações sedimentares da Planície Costeira da Praia do Sul
3.1.1 Depósitos fluviais, leques aluviais e talus do pleistoceno superior
3.1.2 Areias de fundo de enseada
3.1.3 Depósitos de Restingas
3.1.3.1 Restinga Interna
3.1.3.2 Restinga externa
3.1.4 Depósitos Lagunares
3.1.5 Cúspides de Lagunas
3.1.6 Depósitos de pântano
3.1.7 Depósitos de mangue
3.1.8 Depósitos aluviais holocênicos
3.1.9 Praias atuais
3.1.10 Sítios arqueológicos
4. Bibliografia
5. Anexos
INTRODUÇÃO
A geologia do embasamento cristalino, por sua vez revela aspectos relevantes para o
entendimento do quadro geológico regional. As litologias da suíte charnockítica, tão bem
representadas na Ilha Grande, apesar dos recentes mapeamentos efetuados pelo convênio DRM-
CPRM – “Bloco Angra dos Reis”, precisam de um estudo de detalhamento, em escala adequada.
Aliás, excetuado este último trabalho, são escassos os estudos focalizando a geologia da Ilha
Grande. A análise geológica é realizada a nível regional, sub-regional (Ilha Grande) e local
(R.B.E.P.S.). A nível regional é enfatizado o quadro geotectônico, responsável pela
individualização dos blocos representados.
A caminhada por entre o intricado de bromélias, cipós, espinhos, a sensação de ser tragado pelos
pântanos, e a noite, sedentos e famintos em torno de uma fogueira no meio da mata, fez lembrar
as situações penosas de trabalho dos antigos naturalistas, a quem dedicamos este trabalho.
Uma operação de helicóptero tornou possível o acesso a determinadas áreas , bem como a
checagem da fotointerpretação já efetuada.
A Ilha Grande, a nível geológico-regional, esta inserida nos mesmos eventos que deram
origem à Serra do Mar, a Serra da Mantiqueira, aos Maciços Litorâneos e ao Grabem da Baía
de Guanabara (fig.1).
Segundo Lamego (1943), no final do cretáceo e ou inicio do cenozóico, a antiga estrutura (Pré-
Cambriana) foi submetida a fortes movimentos tectônicos que produziram um sistema de falhas
longitudinais, paralelas,as quais fizeram desabar em blocos escalonados a parte oriental do
continente no Atlântico.
Orientadas predominantemente segundo a direção este – nordeste, tais falhas produziram rejeitos
verticais estimados em torno de 2.000 a 3.000 metros.
A Serra do Mar, com suas diversas denominações locais (Órgãos, Estrela, Araras, Bocaina etc.)
que se estende na direção SW-NE, é um bloco falhado e basculado para o norte, produzindo em
decorrência, uma escarpa íngreme para o mar. Se dispondo como imponente barreira de escarpa
de linha de falha, a Serra do Mar, se apresenta, na região, com desníveis que chegam a alcançar o
máximo de 2.400 metros.
No dizer de Lamego (op.cit.) a Ilha Grande seria um destes blocos fracionados, separado da Ilha
da Marambaia e de Parati por brechas.
Entre os blocos falhados da Serra do Mar e dos Maciços Litorâneos, estende-se uma depressão
de ângulo de falha, ocupada pela faixa da Baixa da Fluminense, Baía de Guanabara, Baía
de Sepetiba e Baía da Ilha Grande. Grande parte desta depressão seria ocupada por sedimentos,
continentais cenozóicos, descritos na região da Baixada Fluminense – Baía de Guanabara por
Méis e Amador (1972 e 1977) e Amador (1980) com a denominação de formação Macacu.
Estudos de paleo-drenagem efetuados em sedimentos desta formação indicam uma direção
de transporte segundo o eixo Baixada Fluminense – Baía de Sepetiba. (fig. 3 )
UNIDADES GEOLÓGICAS
1. Pré-Cambriano
Inseridas tanto nos charnockitos da Ilha Grande, como também nos tipos granitóides
porpiroblásticos associados, observam-se várias instruções locais de pequenos corpos
graníticos.
Unidade Itaocara V - Esse conjunto apresenta segundo Castro et al (op. cit.) termos
geralmente migmatizados em vários graus. Representam fundo originalmente de biotita
gnaisse, de biotita-anfibólio gnaisse e de anfibolitos migmatizados em menor ou maior
grau.
2. Meso Cenozóico
A espessura desses diques na região são descritos como métricos, contendo centenas de
metros em extensão. No entanto, o dique de diabásio, com ocorrência na Praia do Demo,
na Reserva Biológica da Praia do Sul, apresenta uma espessura de cerca de 100 metros,
disposto segundo o alinhamento (N40E) e com mergulho para sudeste.
As características intrusivas desses diques básicos e sua semelhança com os tipos básicos
da bacia do Paraná sugerem na sua geração uma correspondência cronológica com o
período da reativação wealdeniana da Plataforma Continental Brasileira (Almeida, 1969),
de idade cretáceo superior / terciário inferior.
3. Cenozóico
É a unidade sedimentar mais antiga da Planície Costeira da Praia do Sul. Possui idade
anterior à Transressão Flandriana (Fairbridge, 1962) episódio de subida do nível do mar,
que produziu o afogamento de sistemas fluviais costeiros no Holoceno.
Constitui, depois das areias de fundo de enseada, o evento deposicional marinho, mais
antigo da Planície Costeira da Praia do Sul. O principal corpo aflorante ocorre na área da
Praia do Sul, limitada pelo Pântano do Sul, Lagoa do Sul e Morro do Meio. Este corpo
apresenta uma extensão máxima de 2.000 metros e largura média de 500 metros. Um
segundo segmento, de dimensões mais reduzidas, ocorre na área da Praia do Leste, (600
metros de comprimento e largura de 300 metros). Muito provavelmente boa parte dos
sedimentos definidos como restinga externa, constitui parte afloramento de areias de
fundo de enseada.
O segundo arco, com menor dimensão, deveria ancorar-se junto ao Morro da Madalena,
abrigando em sua retaguarda a Lagoa do Leste, também com uma superfície bem maior
que a atual (provavelmente o triplo da superfície). A barra dos sistemas de lagunas do
Leste e do Sul poderia situar-se no centro da enseada, próxima ao Ilhote do Meio, ou
junto ao Morro da Madalena, junto ao atual Pântano do Oeste. A confirmação de uma ou
outra hipótese dependerá de futuros trabalhos detalhados de campo, incluindo sondagens.
A restinga interna representaria geneticamente sistema “barrier”, provavelmente do tipo
Ilha Barreira (“Barriers Islands”) segundo a classificação de Curray (1969). Segundo
Dias e Silva (1984), estas restingas se desenvolveriam em áreas de relevo suave, quando
os efeitos da deposição e erosão ao longo da costa se equilibram com os efeitos das
variações do nível do mar. Os depósitos cresceriam verticalmente e igrariam em direção à
costa, acompanhando a subida do nível do mar. O sistema de restinga, representado na
Planície Costeira da Praia do Sul, indicaria uma modelagem típica de costas
transgressivas.
A idade deste sistema de restinga deve situar-se entre 6.000 e 5.000 anos A. P., quando,
após o máximo do movimento transgressivo (Transgressão Flandriana), as areias de
fundo de enseada, empilhadas de encontro a costa são emersas
São três as restingas externas encontradas na planície Costeira da Praia do Sul: a restinga
das praias Aventureiro/Demo; a restinga da Praia do Sul e a restinga da Praia do leste.
(fig. 5).
A primeira apresenta a menor extensão (cerca de 700 metros) e menor largura (algumas
dezenas de metros). A segunda é a mais onga (cerca de 2.000 metros, dispostos entre a
Picirica do Demo e o Ilhote do leste), apresentando uma largura média de 150 metros. A
última apresenta um comprimento de cerca de 1.600 metros, distribuídos entre o Morro
do Canto do Leste e o canal da barra dos sistemas lagunares, e uma largura média de 200
metros. De um modo geral, a altura do topo deste sistema de restinga, está situada entre 4
e 6 metros, embora localmente possa ser mais elevada pela acreção de areias eólicas,
como foi observado principalmente na Restinga da Praia do Leste.
Observada em perfil, a restinga externa, passa frontalmente para as areias de praia atual e
no reverso, para areias cúspides de lagunas. Excetoando a restinga das praias do
Aventureiro/Demo, que tem uma feição que mais se aproxima de terraço marinho, as
emais são representantesgenuínos de sistemas de restingas (“barrier”) do tipo pontais
arenosos (“barrier spits”), segundo a classificação e Curray (1969). Este tipo de restinga
(“barrier”) se caracteriza por ser uma feição arenosa alongada e ligada ao continente por
uma extremidade. Geneticamente, este sistema é muito similar à restinga de sernambetiba
da Baixada de Jacarepaguá, descrita por Roncarati e Neves (1976).
A restinga da Praia do Sul deve ter-se iniciado como pontal ancorado na Picirica do
Demo, crescendo lateral e progressivamente em direção ao Ilhote do leste, enquanto que a
restinga da Praia do Leste se desenvolveria do referido ilhote, em direção ao Morro do
Canto do Leste. Com a conclusão da modelagem destas restingas, além das lagunas do
Sul e do Leste (provavelmente nesta época constituídas por um único corpo lagunar)
foram desenvolvidos a retaguarda dos cordões arenosos as lagunas do Pântano do Sul e
do Pântano do Leste. Duas barras lagunares, interromperiam estas restingas. A primeira
provavelmente à esquerda do ilhote, drenando as lagoas do Sul, do leste e do atual
Pântano do Sul. Uma segunda barra, situada junto ao morro do Leste, atenderia
especificamente à laguna que deu origem ao Pântano do Leste.
Da mesma forma que o sistema de restingas internas, o sistema externo, documenta uma
modelagem típica de costas transgressivas. Este sistema ter-se-ia desenvolvido,
provavelmente, através do crescimento lateral de pontais arenosos (Lamego, 1946; Hoyt,
1967 e Fischer, 1968), processo esse condicionado por um mecanismo de correntes
litorâneas. Iniciada no 2º máximo transgressivo holocênico, a cerca de 3.800 anos A. P.,
passou a ficar emersa com o movimento regressivo posterior, a cerca de 3.000 anos A. P.
Com a conclusão da modelagem destas restingas, além das lagunas do Sul e do Leste,
provavelmente nesta época constituindo um único corpo lagunar, foram desenvolvidos a
retaguarda dos cordões arenosos, as lagunas do Pântano do Sul e do Pântano do Leste.
Com a edificação da restinga interna, logo após o ótimo climático (idade entre 6.000 e
5.000 anos A. P.) foram aprisionados três corpos costeiros: as lagunas do Leste, do Sul e
uma laguna situada na foz do rio Cachoeira Grande. As lagunas do Leste e do Sul
possuíam uma superfície bem maior que a de hoje, sendo posteriormente assoreadas e
parcialmente dessecadas, dando lugar a depósitos de lagunas e manguezais.
Os sedimentos atuais e primitivos das lagunas do Sul e do Leste são constituídos de areias
finas e argilas, sendo possível a ocorrência de carapaças calcáreas.
As atuais lagoas do Sul e do Leste foram classificadas por Amador (1985) como “lagunas
de maré”, face à sua forma de troca de águas com o mar ser realizada através de canais
meândricos de maré. São raras as lagunas representativas deste tipo, principalmente no
Estado do Rio de Janeiro.
Estas lagunas estão situadas a aproximadamente 1.500 metros do mar, fazendo com ele
comunicação através do canal meândrico de maré, de fundo arenosos e pouca
profundidade. As margens da lagoa são, via de regra, constituídas de lama orgânica,
embora alguns bancos de areia fina sejam encontrados. Uma vegetação de manguezais
orla as margens das lagoas, evidenciando o caráter saloro de suas águas. Maciel et al.
(1984) definem como muito piscosas estas lagunas, com abundancia de camarões, siris,
caranguejos e peixes, como piabas e tainhas.
As antigas lagunas, hoje ocupadas pelos pântanos do Sul e do Leste, tiveram sua origem
associada à construção do sistema de restingas externas. As restingas foram edificadas
entre 3.800 e 3.000 anos A. P. e os corpos lagunares devem possuir idade em torno de
3.000 anos, por isso relacionáveis aos mesmos eventos transgressivos e regressivos que
condicionaram a construção das lagunas intercordão (Amador, 1985), freqüentes no
litoral fluminense, que tem por típica a laguna de Marapendi na Baixada de Jacarepaguá.
É provável que as lagunas do Sul, do leste e do Pântano do Sul tenham tido uma “barra”
de comunicação com o mar em comum, com uma posição próxima ao Ilhote do Leste. A
laguna do Pântano do Leste, por sua vez, deveria ter uma “barra” independente junto ao
morro do Canto do Leste, onde ainda são observados vestígios. A localização de um
sambaqui sobre a restinga, junto à barra do Canto do Leste, pode servir de elemento
importante para, ao saber-se a idade de tal sítio arqueológico, definir a partir de quando
deu-se o secamento desta laguna.
Como tem assinalado Amador (1985), todos os sistemas de laguna intercordão foram
extremamente vulneráveis ao último movimento regressivo do mar. Uma boa parte destas
lagunas secou ou foi transformada em brejos, como a da restinga de Marca. A razão desta
vulnerabilidade deve residir na pequena profundidade destes corpos costeiros, em relação
ao nível do mar. Na modelagem destas lagunas, o mar deveria estar entre 2 e 3 metros
acima do nível atual e o leito pouco abaixo ou acima deste nível. Diferentemente das
lagunas do Leste e do Sul, que remanescem, apesar de serem mais antigas, por terem
aproveitado depressão fluvial, (que pode atingir profundidade superior a 5 metros abaixo
do atual nível do mar), as lagunas relacionadas aos pântanos do Sul e do Leste possuíam
canal pouco profundo, constituído, na verdade, de uma superfície plana situada entre as
duas restingas.
Os maguezais ocorrem em ambiente dominado por água salobra. Ocupam uma faixa de
cerca de 200 metros ao longo dos canais de maré que comunicam as lagoas do Sul e do
Leste com o mar, contornando as margens desta última laguna em sua ocorrência mais
interior (fig. 5). Boa parte da área ocupada com os manguezais correspondia ao
prolongamento das lagunas do Sul e do Leste, posteriormente assoreadas.
Os sedimentos do mangue são constituídos de uma fração mineral e uma fração orgânica.
A fração mineral compõe-se de argilas continentais transportadas em suspensão e areias
finas, mais freqüentes na faixa próxima ao canal. Correntes de maré conseguem
transportar areias finas (desde a “barra” até algumas centenas de metros para o interior)
que depositam-se como bancos de areia.
Ocupam as calhas e as estreitas planícies dos rios que desaguam na planície costeira,
entre os quais os de maior expressão são: o Capivari, o riacho da Canoada e o Cachoeira
Grande. A maior área de ocorrência destes depósitos corresponde à foz do rio Capivari,
onde chegam a desenvolver terraços embutidos nos depósitos do Pleistoceno Superior. Os
aluviões holcênicos do riacho da Canoada se depositam na lagoa do Sul, sob a forma de
delta lagunar, acarretando um gradual assoreamento (fig. 5).
Os sedimentos aluviais que ocorrem nas calhas fluviais, devido ao elevado gradiente e
curto percurso, são geralmente grosseiros, sendo constituídos por seixos e areias
grosseiras, enquanto que na baixada são, via de regra, finos, compostos por areias finas,
micáceas e siltes.
A praia do Sul apresenta a maior extensão, com cerca de 2.000 metros e largura entre 20
e 30 metros. A praia do Leste, por sua vez, se estende por cerca de 1.600 metros e tem
largura de aproximadamente 30 metros (fig. 5).
Parte das oficinas líticas encontra-se, atualmente, afogadas pelo mar, testemunhando um
evento transgressivo moderno do mar.
Cordões litorâneos, lagunas, baías, sistemas fluviais e outras feições costeiras ocupavam
a Plataforma continental. Na base das escarpas desenvolviam-se depósitos de talus e de
leques aluviais.
Uma rede de drenagem relativamente bem definida, deveria extender-se para o Sul,
devido ao recuo do mar. Os depósitos, associados a complexos fluviais, deveriam ser
anastomosantes no curso superior e meândricos na parte terminal, sob a atual Plataforma
Continental. O clima era provavelmente semi-árido. Os depósitos fluviais, de leques
aluviais e de talus, do Pleistoceno Superior, encontrados na Planície Costeira da Praia do
sul, são remanescentes destas condições paleoambientais.
5) Durante e após o clímax transgressivo (entre 6.000 e 5.000 anos A. P.), areias de fundo
de enseada, mobilizadas por correntes litorâneas, depositam o sistema de restinga interna,
que ancora-se no Embasamento cristalino e depósitos anteriores continentais do
Pleistoceno Superior.
Os arcos da restinga externa teriam uma disposição muito similar à observada hoje, e
deixariam em sua retaguarda, além das lagunas do Sul e do leste (remanescentes do
primeiro evento transgressivo-regressivo) então unidas, duas grandes lagunas hoje
representadas pelos Pântanos do sul e do leste.
A pequena profundidade do leito destas últimas lagunas, levou a qua, a exemplo do que
se verifica com as demais lagunas intercordão, secassem progressivamente com o
rebaixamento do nível do mar iniciado a 3.000 anos A. P. Antes, porém, ainda com
lâmina d´água razoável, estas lagunas deixaram impressas junto à restinga externa
pequenas cúsoides lagunares.
Os indígenas que ocupavam a região devem ser contemporâneos pelo menos da fase em
que a “laguna do Pântano do leste” ainda sangrava sua barra.
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ESPÉCIES COMUNIDADES
LISTA DA FAUNA
Cavia fulgida
HYDROCHOERIDAE Hidrochoerus Capivara Lagoa (5)
hidrochoeris
DASYPROCTIDAE Cotia Mata (3)
Dasyprocta aguti Paca Mata (3)
Agouti paca
ECHIMYIDAE Rato paca, rato de Mata (1)-(2)
Proechimys espinho Mata (1)
dimidiatus Rato
Phyllomys af.
Brasiliensis
DELPHINIDAE Tursiops sp. Toninha Mar (3)
MUSTELIDAE Lutra enudris Lontra Lagoa, mar (7)
Saltator similis
Sporophila frontalis
Sporophila
caerulescens
Zonotrichia capensis
Estrilda astrild
Passer domesticus
(*) Nome local
C – RÉPTEIS
Symbranchus
marmoratus
F – MOLUSCOS
G.(1) – ARACNIDA
Melipona sp.
FONTES DE INFORMAÇÃO: