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O tempo em que o homem era uma rvore sem rgos nem funo,
mas de vontade
e rvore de vontade que anda,
voltar.
Existiu, e voltar.
Porque a grande mentira foi fazer do homem um organismo,
ingesto, assimilao,
incubao, excreo,
o que existia criou toda uma ordem de funes latentes e que escapam
ao domnio da vontade decisora,
a vontade que em cada instante decide de si;
porque assim era a rvore humana que anda,
uma vontade que decide a cada instante de si,
sem funes ocultas, subjacentes, que o inconsciente rege.
Do que somos e queremos na verdade pouco resta,
um p nfimo sobrenada, e o resto, Pierre Loeb, o que ?
Um organismo de engolir, pesado na sua carne,
e que defeca e em cujo campo,
como um irisado distante,
um arco-ris de reconciliao com deus,
sobrenadam,
*ARTAUD, Antonin. Eu, Antonin Artaud. Lisboa: Hiena Editora, 1988, p. 105-110.