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WOVE OT PUKE Desenvolvimento, pobreza Development, poverty and social policy Ana Paula Ornellas Mauriel* Resumo - © presen ago disor sobre como & cam que senda & ‘questo da pobreza velo sendoincorpoada agenda social do SSnvolvimenta da bo ita, Caracteria iiciloentey 3 poltica social na primeira geragio de ajustes neoliaeris de oe Kremamento & cise cuja principal feigSo da poltca socal era a f0- Caltzagio © alivio da pobrera mals gente Em sepida, most Se evidoncise de usva Segunda geragao. de ajustes,autointuada Com face human, que, coin o nto de mantra poli econdmica Sutera em cura’ incorpora a temstica da, desenvolvimento aelada So combate 8 pobreza para © conto do diseurso oficial da poles Social, ampliando 0 excope das ages do tstado na rea socal tee {ando compatilca a focazagio com um novo tipo de universalism basco 20 uma nova roupager weolopca 0 dscuso da equidae. Palavra-chave - desenvolvimento; pobress; politica soci [Abstract « This atcle discusses how and sith which sense poverty fEsue has been incorporated in socil agenda of capitalist pepe ‘evelopment. Characerze, at fir, socal poiey fiat generation hase main feats of more urgent Then show evidences ofa second generation of adjustments, salf ied wih inuman fae, which brought development theme inked with poverty Combat to the center ofthe octal discourse of social policy, ex. nding the scope of government actions nthe socal are, tying t0 feconelle te tating with a new kindof asic universalism under new dala gute: the dour of ly an usc, Keywords “development; very social policy. ‘Rene socal douse pls Universe staal de Campinas (UNICAMP epofesors aun ds aca de Servi Sole do Proyrama de PCradsagao er Senge Social © Desenvceimenta Reqional = amo da UUnivenidade ede Furinense (UPR Covvespondnel Kua Prleso Marcos Waluaa de eis Ras loco E'sala 517, Campus Univestanio do Grogoata, 820 Domingos, NiteroUR] ~ CEP: 24210-201. Eval “sgmauralgal com EMPAUIA,Ridlelaneito-1'Semestede 2019.3, 11,p. 97-17 Revita da Faculdade de Senco Social a Univerdade do Estado do Rod anelro 97 ig OM Palka Introdugao A agenda social do desenvolvimento $6 se fez ampliar nos anos 2000. E esse alargamento esteve sempre atrelado, direta ou indiretamente, 3 preocupagao com a pobreza. De inicio, ainda nos primeiros momentos da década de 1990, a tendéncia foi o reforco de iniciativas compensatorias com base em um assistencialismo precério que elegia determinadas “clientelas” como alvo de atengao. A focalizacao foi, até o final dos anos 1990, uma resposta engenhosa para contrabalancar 0 ajuste fiscal necessario para manter a estabilizagao monetéria sob a alegacdo da suposta escassez de recursos piblicos. Contudo, nao se constituiu, em si, uma alternativa para o equacionamento das graves contradicées resultantes da crise e da propria saida proposta a ela, haja vista que comprometeu gravemente a garantia das condigdes de efetivagdo dos direitos sociais, normalmente atrelados ao principio de universalizacdo (MAURIEL; RAIS, 2013). Esse perfil contemporaneo de politica social centrada fortemente na preocupacao com os mais pobres teve origem na preocupagao que as instituigdes multilaterais — especialmente FMI e Banco Mundial - tinham com a instabilidade econdmica e politica dos pafses periféricos, particularmente com a forma com a qual esses paises deveriam responder 2 crise que se abaleu (nao s6) sobre eles desde 0 inicio dos anos 1980. A partir daf, um conjunto de medidas passaram a ser dirigidas aos paises periféricos sob 0 auspicioso apelido de “Consenso” de Washington, “com a substituicao crescente dos poucos direitos sociais conquistados pelas ‘politicas de combate & pobreza” (DRUCK; FILGUEIRAS, 2007, p.26). A focalizacao, como justificativa para maior eficiéncia dos gastos, tem seu maior paradoxo na desvinculagao da ideia de direito social. E foi justamente na tentativa de superar tal contradicdo que se evidenciava nos resultados da primeira geracao de ajustes, que se partiu, na primeira década do século XXI, para “uma tediscussio da escolha entre universalizacdo e focalizacao” (WERNECK VIANNA, 2010, p. 38). Mais uma vez, os organismos multilaterais - Banco Mundial Nagdes Unidas, por exemplo ~ se empenharam em refinar seus argumentos a favor de uma nova agenda de desenvolvimento que agregasse agdes econémicas voltadas ao crescimento, mas com ampla atuagao na drea social, uma visao “mais ampla e inlegrada’ de desenvolvimento com equidade (WORLD BANK, 2006), conformando uma mudanga estrutural voltada para a igualdade (NACOFS UNIDAS, 2012), reforcando as assertivas sobre o papel do Estado sob 0 mote da governanca (UNCTAD, 2009) Esse conjunto de referéncias compde uma segunda geracio de ajustes, configurando-se a partir dai o que se convencionou chamar por p6s-Consenso de Washington (STIGLITZ, 1998; RODRIK, 2006; MERRIEN, 2007) ou, para set mais fiel aos fatos, uma “nova versdo do Consenso de Washington” (SALAMA, 2005; GONCALVES, 2012) EMPAUTA,Rindelaneira-1*Semeste de 2013-0. 11,p-97-17 98 evista da Faculdede de Serigo Social da Univesidade do Eade do Rio de ane ig OM Palka A partir de entdo, 0 que vem se construindo em termos de agenda para as politicas sociais na periferia capitalista nao é mais uma simples Contraposi¢ao entre focalizacao ¢ universaliza¢ao como principios organizadores das intervengdes pablicas, como se fossem excludentes. Mas, a0 contrario, passa-se a examinar formas de concilid-los a partir dos conceitos de equidade e justica, lancadas como inovacées para se garantira eficiéncia na distribuigao e no uso dos recursos. A logica que pauta o debate 6 a de que se todos que tém direitos a esses servicos conseguem acessi-los, entao 0 foco nos grupos que “merecem” esses servigos ndo seria algo limitador, mas uma forma de cumprimento efetivo desses direitos, pois se o programa € destinado aos mais pobres, os esforcos devem se vollar para delimilar com acuidade quem sdo esses beneficidrios. Diante disso, a solugao estaria no desenvolvimento de politicas de combate a pobreza (ou classificadas como uma dimensdo nao contributiva da politica social) que, por atingir a quase totalidade do piblico-alvo pretendido, estariam trazendo um novo tipo de “universalismo basico” (NARBONDO, 2008). Assim, o foco muda da contraposigao entre focalizacdo e universalizaco como principios organizadores da oferta de servicos ptblicos na érea social, para examinar 0s caminhos pelos quais novas formas de compatibilizacao entre cles vém sendo construidas. (Os temas da incluso e da equidade passam a ter, paulatinamente, maior destaque nos documentos oficiais, que passam a tratar as politicas de “distribuicao” como epicentro das politicas de estimulo produtivo, tendo como base uma noco de desenvolvimento centrada no fortalecimento de “forcas produtivas individuais” (capacidades, talentos, habilidades, autonomia) (SEN, 2000), ao lado do fortalecimento de fatores institucionais e econdmicos (geraco de oportunidades, nivelamento do acesso a recursos estratégicos no setor ptiblico — setor judiciério, por exemplo ~ e no setor privado — nivel tecnolégico) (WORLD BANK, 2006). Isso justificaria 0 investimento em setores-chave da economia, tais como a inovacdo e conhecimento, exportacao, ao lado de estratégias cambiais e crediticias, sob a alegacao de que essas acdes sinergicamente implementadas fortaleceriam a cadeia produtiva como um todo (CEPEDA, 2012) Ao contrério do que vem se afirmando nos discursos e documentos oficiais internacionais, o texto busca demonstrar que essa agenda de desenvolvimento com equidade advinda do “ajuste do ajuste” (SOARES, 2000), vem servindo como campo de forga ideolégico para acomodat 0 financiamento da estabilidade econdmica e a recuperacao do capital, utilizando a gestéo da pobreza para criar a ilusdo de que a disponibilidade de capital social, linhas de microcrédito e rotas de empoderamento configuram oportunidades de mobilidade social A primeira parte do texto investe na caracterizacao do padrao de politica social na geracao de ajustes advindas do Consenso de Washington, para, em seguida, evidenciar os principais elementos que configuram a se~ EMPAUTA, Ride aneito- 1*Semestede 2010.3, 11,p 97-17 Reva da Faculdade de Senco Social da Universidade do ftedo do Rio de Janelro 99 ist) Om PaUGE gunda geracdo de ajustes, atentando para a atuacdo do Estado, as nogdes de pobreza e equidade e para o perfil de politica social dai derivada. Ajustes neoliberais de primeira geracao e politica social © padrao de politicas sociais da periferia que veio se construindo partir dos anos 1990 se baseou em um receitudrio decorrente do chamado “Consenso de Washington”. Isso conformou 0 que podemos classificar como uma primeira geracao de ajustes, quando as politicas sociais sofreram com sérios cortes de recursos ¢ a prioridade era a estabilizagao econdmica ara atender aos interesses externos. ° ‘As medidas recomendadas pelo Fundo Monetario Internacional (FM) e pelo Banco Mundial (BIRD) para o ajuste das economias periféricas foram aplicadas em mais de sessenta paises e combinavam politicas re- cessivas de estabilizacao - reducao do gasto pablico e reestruturacao dos sistemas de previdéncia pablica para obtencdo de superdvitsfiscais primarios =e “reformas estruturais” — liberalizacao financeira, abertura comercial, desregulacao dos mercados e privatizacao das empresas estatais. O pretexto cera de que s6 assim os patses da periferia poderiam ingressar em uma nova etapa de crescimento econdmico. Po O° ‘Para Tavares e Flor, as polticas de ajuste adotadas Fazem parte de um movimento de ajuste global que se inicia com a crise do padrdo monclirio ¢ os choques do petrdleo da década de 70,0 ilo do proceso simultineo de reordenamerto dos relacoes enire.o centro hegemdnico do capitaliamo eo: demals pases do mundo captalista, Pasa também por uma derota do chamado socio. lismo real e desemboca numa generalizacSo das policas neoliberais em todos os palses perféicos, comegando pela América Latina, pas Sando pela Africa e estendendo-se 20 Leste eufopeu e aos pafses que Surgiram com a-desintegragio da Unigo Sovietiea. (1993, p. 18) De acordo com as organizacies financeiras internacionais — essen- cialmente FMI e BIRD ~, além da conjuntura de desequilibrio externo que enfrentava © conjunto de pafses capitalistas na década de 1980, a crise econémica nas nagdes em desenvolvimento revelava também fatores ine- rentes & sua estrutura politica e econémica, ou seja, elementos resultantes do modelo desenvolvimentista de modemiza¢ao posto em pratica entre os anos 1950 ¢ 1970. O ponto principal da discérdia era que 0 processo de crescimento das economias periféricas tinha o Estado como ator central do ‘expres de sid econ ate-arsericao Jo Willan, pociou adi conju de edi, ‘ormulads ex none de 1989, por economists ds sti es france stands em Wasngon D.C Stjam:o Fi 0 Banco Mundial <0 Departamento do Tesou'e dos Estados Unidos, mas Qe [ava Sendo implements em moe ples pres capi drmte ramos 1980 EMPAUTA,Riode nr -TSemese de 2013-0, 31,3119. 97-17 100 evista da Faculdede de Serigo Social da Univesidade do Eade do Rio de anero VISE OMT PUUGE desenvolvimento econdmico. Assim, mesmo reconhecendo a gravidade da crise, FMI e BIRD defendiam que a causa principal dos desajustes econd- ios dos paises em desenvolvimento estava ligada aos fatores intemnos de cada pais. Nesses termos, a crise da década de 1980 também acabava por indicar os limites da politica de substituica0 de importagdes. (SANTOS, JUNIOR, 2010) Ademiais, 0s governos dos pafses em desenvolvimento praticaram uma politica de prote¢ao ao mercado interno, trabalhando com barreiras alfandegarias e nao alfandegarias, direcionando capitais de outras atividades econdmicas para a indistria e criando empresas estatais para dinamizar setores estratégicos ao desenvolvimento nacional. A questao-problema, na visio dos organismos multilaterais, & que a protecdo aos mercados internos no impediu a estagnacao econdmica. Pelo contrario, os pafses em desen- volvimento chegaram aos anos 80 com suas economias sob forte pressao inflacionaria Isto posto, foram essas variveis, chamadas pelas organizacoes financeiras internacionais de fatores inerentes das politicas internas dos paises em desenvolvimento, que deveriam ser “ajustadas’. Era necessdrio construir uma nova politica cambial, equilibrar a balanca de pagamentos, diminuir as restrigoes alfandegarias ¢ nao alfandegarias, reduzir as tarifas piblicas e impor um rigoroso controle fiscal e orgamentario. $6 assim, su- perando seus obstéculos estruturais, seria possivel aos paises periféricos sair do circuito vicioso da crise conjuntural vigente e voltar a crescer. A expresso material mais dbvia dese movimento de mudanca dos fatores estruturais est nos programas de ajuste encampados pelo FMI e pelo Banco Mundial, que monitoraram de perto as decisbes politicas dos governos locais, avaliando suas medidas de desempenho através de in- dicadores pré-estruturados, impondo condicionalidades aos empréstimos, 0s financiamentos de projetos e as renegociagoes de dividas. A visdo antiestatista da Nova Direita foi um forte componente definidor das propostas de contrarreforma do Estado, incitando decisoes supostamente despolitizadas e neutras, baseadas em aparatos técnicos de altissimo nivel empirico e de alta complexidade econométrica. De forma indutiva, criaram normas para que a atuacao do Estado e as politicas sociais fossem paulatinamente deixando de ser um modo de conexao e de represen tagdo de interesses, e fossem se transformando em mera “administracao gerencial” de uma determinada ordem social, esvaziando 0 contetido politico das mesmas. , Tanto que 0 FMI ficou responsavel pelo financiamento de projetos de controle da inflacao e correcao da balanga de pagamentos, atrelando a concessao de novos empréstimos 3 implantacao de um ajuste fiscal de curto prazo, controle dos pregos, reformas monetarias e econdmicas. }4. 0 BIRD preocupou-se em monitorar as acdes relativas a reestruturacao produtiva e institucional, reivindicando o financiamento de programas direcionados EMPALITA Riadelansra-1*Semestie de 2012-0. 11 p- 97-17 Reva da Faculdade de Serica Social da Universidade do ftedo do Rio de Janelro 101 ig OM Palka as “reformas” trabalhistas e da seguridade social, com intuito de modificar a base econdmica e politica dos paises em desenvolvimento, a0 mesmo tempo em que garantia que as condicionalidades impostas pelo FMI fossem cumpridas. O fato é que, dentro dessa l6gica, o fomento da politica social estava ligado a mudancas em outras areas. Nesses termos, 0 Banco Mundial condicionou 0 custeio da politica social 3 capacidade orcamentaria dos paises prestatarios de honrar seus compromissos com o pagamento dos ju- ros das extensas dividas. Essa era uma velha maxima do Banco, pois desde que passou a conceder empréstimos para a area social na década de 1970 impunha essa condicionalidade como limite para a ampliagdo de gastos no setor. (SANTOS JUNIOR, 2010). Assim, as renegociacées das dividas foram sendo cada vez mais submetidas aos ajustes com suas respectivas condicionalidades, em uma conjuntura de crescente desregulamentacao e de liberalizacao dos fluxos comerciais e financeiros (MORAES, 2000). Dessa forma, a inflacao — grande vila até os anos 1980 — recuou para dar lugar a divida pablica, que cresceu vertiginosamente nessa mesma década*. A divida publica tornou-se, assim, uma alternativa funcional e cémoda que permitiu, ainda permite, aos governos, acessar fontes de recursos que ainda nao produziram concreta- mente para completar os gastos do momento. E, com isso, poder honrar os juros das respeclivas dividas. (LUPATINI, 2012; STREECK, 2012; BRETTAS, 2012) © mecanismo que permite essa artimanha é basicamente 0 se~ guinte: 0 governo emite papéis, os chamados titulos da divida publica, que representam, pura e simplesmente, um direito de apropriagao sobre parte do fundo piblico proveniente, em grande parte, dos impostos a serem co- brados. Tais papéis dao direito aos que os possuem de receber parte das re- ceitas do Estado, recolhida na forma de impostos. Esses titulos sao considerados ficticios ou ilus6rios, pois os valores emprestados ao Fstado ja foram despendidos, e 0 que se prevé € a arrecadacao futura dos valores tomados de empréstimo sob a forma de tributagao da populacao (tendencialmente nos paises periféricos a maior carga de impostos recai sobre os trabalhadores). (SILVA, 2011, p. 87). Assim, a divida piblica, um tradicional instrumento de finanga piblica para cobertura de déficit publico, se torna uma importante aliada da reproducdo do capital no perfodo contemporaneo. Nessa perspectiva, a contencao orcamentatia foi o mote que transformou ainda mais as politicas sociais dos Estados nacionais em politicas residuais. A logica era compensar as populacdes mais vulnerdveis & estag- nagao econdmica, as elevadas taxas de desemprego, a falta de perspectivas 57s lla ag sna co 6 led diva dos pate rn esenvovient da cada de 1980. Mai de ‘pales prnepaimente na America Lara Ata, theram dcuaade para pagar suas vids quando sts ours darepenesuptam apos 1973.0 Mico amour falelacrs 1982" HARVEY, 211,928) EMPAUTA,Riode nr -TSemese de 2013-0, 31,3119. 97-17 102 evista da Faculdede de Serigo Social da Univesidade do Eade do Rio de anero ig OM Palka de futuro, mas também contrabalangar os efeitos perversos dos cortes orgamentatios impostos pelas politicas de ajustamento. Assim, os programas de ajustes estruturais de primeira geracao restringiram a politica social a politicas compensatérias, de alivio, voltadas as camadas mais vulnerdveis, que precisavam de urgente ajuda, mas que deveriam ser transit6rias, s6 até quando as politicas de ajustamento auferissem resultados e as economias em desenvolvimento voltassem a crescer (SANTOS JUNIOR, 2010; MAU- RIEL, 2011). E por essa l6gica que os programas de ajustes estruturais de pri- meira geracao defendiam focalizar as politicas sociais como a soluc3o mais adequada para uma politica de equidade com responsabilidade fiscal. Segunda geracao de ajustes: desenvolvimento, pobreza e equi: dade. O que é novo na agenda das politicas sociais? Em maio de 1987, um simposio realizado em Helsinki discutiu 0 tema “O Banco Mundial abandonou seu foco de Alivio da Pobreza?” como efeito de uma onda de criticas ao Banco por parte da opiniao publica, que vinha crescendo desde 1985, muitas delas centradas nas medidas eco- némicas austeras que formavam o nucleo das politicas de ajuste estrutural ‘A maior objecdo veio do Fundo das Nacdes Unidas para as Criangas (UNI- EF), que publicou uma colecao de papers, intitulada “Ajuste com uma Face Humana”, composta por estudos de casos que demonstravam uma piora dos indicadores de satide, educacao, emprego e renda nos paises que estavam passando por reformas macroecondmicas orientadas pelo FMI e Banco Mundial. Em fevereito de 1988, as discussdes sobre os programas de alivio da pobreza se tornaram mais significativas no setor de trabalhos econd- micos, que supervisionava e preparava os projetos que subsidiavam os em- préstimos. Incorporando os propésitos de combate a pobreza, elevou rapi- damente 0 patamar da pobreza e das formas de combaté-la na agenda de pesquisas do Banco durante 1989, concordando e reforcando a escolha da pobreza como principal tema do Relatorio de Desenvolvimento Humano de 1990. Em maio de 1988, 0s membros do Comité Politico da Presidéncia do Banco recomendaram acdes para identificacao e implementaco de tum “ndicleo duro de programas de combate a pobreza” em cada pats, con- sistindo de uma série de estratégias e operagdes cujo objetivo principal e imediato era 0 alivio da pobreza extrema, ao lado de empréstimos orien- tados para o combate pobreza, ampliando o programa de empréstimos para ajuste estrutural vinculado ao combate a pobreza. Essas duas inovagdes foram acompanhadas pela composi¢ao de um fundo adicional, 0 Special Poverty Fund, que subsidiava a criagao dos Fundos Sociais de Emergéncia EMPALITA Riadelansra-1*Semestie de 2012-0. 11 p- 97-17 Reva da Faculdade de Serica Social da Universidade do ftedo do Rio de Janelro 103 TOViSE OMT PUUGE TEXSENVONINENTO PORREZAEPOUCASSOCAS- MAUI, A.®.0.) € dos Programas de Aco Social, conhecidos de forma geral como “safety nots" (redles protetoras). (MAURIEL, 2011). Paralelamente, em 1989, é publicado 0 Relat6rio Sub-Saharan Africa: trom Crisis to Sustainable Growth do Banco Mundial, onde analisa a situacao da Africa Subsaariana, e reconhece que os programas de ajustes estruturais de primeira geragio nao foram suficientes para a retomada do crescimento e que as politicas restritivamente econdmicas teriam agravado os problemas sociais da regiao. A partir dat, emerge a ideia de que variaveis politicas intervém em resultados econdmicos, fazendo surgir duas novas condicionalidades nos empréstimos do Banco Mundial: governabilidade governanga. Agora, os novos empréstimos deveriam incorporar problemas institucionais € de reforma do Estado (SANTOS JUNIOR, 2011). Teste- munhava-se um resgate do Estado no fomento ao mercado, mas sob novos patamares de atuacao. © Relatério sobre 0 Desenvolvimento Mundial (1997) do Banco, inti- tulado O Estado num Mundo em Transformacao, defende que a r= forma do Estado nao deveria reduzir-se a questées ideol6gicas de Es- tado minimo ou hiperestendido, mas num Estado eficienie capaz de alavancar o desenvolvimento, (SANTOS JUNIOR, 2010, p. 217) Merrien (2007) alude a essa tendéncia sinalizando um possivel “Consenso P6s-Washington’, cujo ideario alega se afastar do neoliberalismo puro e abre novas vias para a extensdo da protecao social. Ja de acordo com Gongalves (2012), tal vertente que se intitula novo desenvolvimentismo converge com o Consenso de Washington e 0 Pés Consenso de Washington, podendo ser considerada como um “programa alternativo ao projeto monetarista neoliberal” (GONGALVES, 2012, p. 639), porém adotando feicdes da tradicao liberal de desenvolvimento”. Salama (2005) destrincha com acuidade os termos do debate quando afirma que as mesmas dez prescrigdes* que levaram ao sucesso do Consenso de Washington, em termos de contencao da inflacao, também corroboraram para seu fracasso, em termos de expectativa de crescimento. ‘Ademais, a incapacidade dessas prescrigdes de lidar com a pobreza absoluta, de traduzir as quest6es econdmicas do caso chinés e da situacao asistica € de construir formas de controlar o funcionamento dos mercados financeiros, conduziu a uma “nova versio” mais estendida do Consenso de Washington, agora com investimentos no fortalecimento de "boas instituigées”, incor. porando novas prescrigdes: ‘iat iguanas ns ventem diese cea deste ano: novo desenvolvimento gals uma versio do ierlsmo eralzado ‘embedded beam, dames farms au 0 Consenso de Washington. oPosconsnso de ‘Washington eas omulagoes da ova Copal" (GONCAIVES, 2012p. 635. 1 Yeipina fel 2 rorontago das despersepabess, conrad ne necssidader misma: 3) amplacse ds tas ft regi dha shcay) ierlegae tate fren Stas do cheba canpentivo)Deralaclo td comercio externa 7) Hieaizgio para os ovestimenoreaangeitor dio, 8) praizago das empress publics: 9 abandono das eguameragoes: 10) gran ds eos de propiedad, SALAMA, 2008, p.1'-19, EMPAUTA, Rode anero-1'Semate de 2013-0, 31, 9.119.972 104 Revita da Faculdade de Sergo Sell da Universidade do Estado do Rlo de aero ig OM Palka governanga corporativa; medidas contra corrup¢ao; liberalizagao am- Pliada 20 mereado de trabalho; adesdo aos prinipios da Onganiza¢So Mundial do Comércio; adesso ds vegras © padroes que regulam a fc hnanca; abertura ‘pradente’ da-conta capital ausencia de regimes de cAmbio intermedi srios entre 0 fixo e 0 flexivel; Independencia dos bancos centrale estabelecimento de metas de inflagdo; constiuigso de redes de protecio sociale, tinalmente, objetivos claramente de inion de vedio dl pobreza absolua, SALAMA, 2005, 14 ~ Br A ampliagio da agenda do Consenso ou sua suposta ultrapassagem 6 atestada por Joseph Stiglitz durante a Conferéncia das Nagdes Unidades sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), em 1998, quando ocupava © cargo de vice-presidente sénior e economistachefe do Banco Mundial: A mudanga estratégica, porém, foi acompanhada da necessidade de construcdo de uma nova estrutura intelectual que conciliasse a sustenta- bilidade financeira do Banco, reafitmasse a busca pelo ajuste econémico, crescimento e liberdade dos mercados e os associasse ao renascimento dos empréstimos orientados ao combate & pobreza. Dessa forma, a ilustracao desse novo consenso encontra sua expressdo mais visivel nas estratégias de combate & pobreza, que apresenta um novo quadro de referéncias marcadas pela ideia de desenvolvimento que vai sendo atrelado a diferentes adjetivos: liberdade, equidade, justica, sustentabilidade. Para isso, 0s programas de ajustes estruturais de segunda geracao passam a entender o Estado como um mecanismo estratégico para a consolidacao dos mercados nos paises em desenvolvimento. Mais que substituir as falhas de mercado, os Estados deveriam aluar em parceria com eles para corrigi-los sem ocupar ou substituir seu lugar. O Banco Mundial passa a ter uma nova compreensao da relacdo entre Fstado, sociedade e mercado. Agora, os mecanismos liberais de mercado seriam fortalecidos pelo Estado e ndo 0 contrério, como se defendia anteriormente (SANTOS JUNIOR, 2011). Tudo isso leva & necessidade de reforma do aparelho estatal, Sadao nose orignal ong, EMPALITA Riadelansra-1*Semestie de 2012-0. 11 p- 97-17 Reva da Faculdade de Serica Social da Universidade do ftedo do Rio de Janelro 105 ig OM Palka sob o discurso de fortalecer uma sociedade aberta, democritica e pluralista (BRESSER-PEREIRA, 2012) A leitura social da realidade implicita nessa perspectiva conserva uma paradoxal utopia que hoje se apresenta como consensual: a realizacdo social do individuo livre, autorrealizado, auto-orientado, autodefinido e responsavel civil, econémica e ecologicamente. Pee Nessa sociedade, deline-se pobreza por caréncias de capacidades de poder dos pobres ou por falta de acesso a titularidades (entitlements), ou pelo enfoque participative (ou fincapacidade de participagao), baseado nos conceitos de agéncia e em termos de “carteiras de ativos”, ambos de- senvolvidos por Amartya Sen {2000} Para Sen (2000), desenvolvimento significa um proceso de elimi- nagdo das privagdes de liberdade e ampliagao das liberdades substantivas de diferentes tipos, e subdesenvolvimento equivale a privacao de liberdade. E a forma de privacdo mais recorrente no mundo contemporaneo é a po- breza. A expansao das liberdades esta ligada a um conjunto de capacidades que uma pessoa dispde e pode comandar em uma sociedade. Os meios para o desenvolvimento concernem ao modo como diferentes tipos de dit reitos, oportunidades e “intitulamentos” contribuem para o aumento da liberdade humana ¢ para o desenvolvimento social geral Esses meios ou liberdades instrumentais, de acordo com Sen, sdo: liberdades politicas, que envolvem direitos civis e politicos, e esto ligadas a. uma ordem democratica; facilidades econémicas, que significam opor- tunidades que os individuos tém para utilizar recursos econémicos (con- sumo, produgao e troca), e devem ser criadas mediante agdes pablicas dis- tributivas, como, por exemplo, 0 microcrédito; oportunidades sociais, que so dadas por politicas de satide e educacao, para facilitar a vida do indi- viduo; garantias de transparéncia, que implica considerar 0 grau de confian- ae sinceridade em que a sociedad opera. Aqui Sen cita a comupcao, as transag6es ilicitas e a irresponsabilidade financeira como principais fatores inibidores da transparéncia e confianca, corrompendo o mecanismo de mercado e as relacdes de trocas sociais entre os individuos; seguranca prote- tora, ou uma rede de seguranca social. Sen divide a proteco em agoes fi- xas — beneficios a desempregados; suplementos de renda regulamentados a indigentes — e emergenciais — distribuicdo de alimento em crises de fome coletiva; empregos pablicos de emergéncia para gerar renda para os neces- sitados. © exercicio de liberdade individual, para Sen, 6 influenciado por essas condigdes habilitadoras (como boa satide e educagao, por exeplo), poderes sociais de participacao politica e oportunidades econdmicas para empreenderem no mercado. E 0 crescimento econémico s6 importa na medida em que seus frutos sejam aproveitados para eliminar as privacoes Rabon d Cv de vos considera que a producto da pobezadevese a problemas locas, 3 aa de ‘apacdade ds pssonse dello para sad pobreas ALWAREZ EGU ZAMON, 2007.10) EMPAUTA,Riode nr -TSemese de 2013-0, 31,3119. 97-17 106 evista da Faculdede de Serigo Social da Univesidade do Eade do Rio de anero VISE OMT PUUGE de liberdade: combatendo a pobreza, gastando com satide e educagao, criando oportunidades de emprego etc. Isso significa que, sob a posse de determinadios recursos que tém valor social — {ais como acesso a conhe- cimento ¢ tecnologia; potencial para vendler e comprar mercadorias; deter- minar 0s precos relativos de diferentes produtos artesanais e alimentos bi sicos, entre outros ~ os individuos podem potencializar sua ac3o no mer- cado. A nocao de pobreza atrelada as caracteristicas individuais muda radicalmente o estatuto do discurso em relacio as teorias tradicionais, pois, a0 atrelar sua existéncia 4 condi¢3o humana e nao a estrutura societaria, torna-a um fenémeno inextinguivel, tornando-a ontol6gica (MURILLO, 2007) A ideologia jé nao se funda em construir uma falsa conseiéneia acerca do fendmeno, um espectro que aculte 0 teal do antagonismo sub- Jacente 3s formagées capitalists. Hoje, a ideologia quer mostrar 0 fendmeno em toda sua crueza e apresenti-lo ‘como inevtével. (U- RILLO, 2007, p. 65) Sob essa perspectiva, a pobreza aparece naturalizada, como algo que sempre existiu, ou ainda, como um fato inevitavel, pois suas “causas” referem-se aos proprios individuos, ou melhor, as suas caracterfsticas in- dividuais, ou as instituicoes, sendo que os problemas que delas decorrem sao vistos (i) como en- Dal, a nogao de empoderamento social (empowerment) aparece, entdo, como um tipo de instrumento de interdependéncia entre Estado sociedade civil, no sentido de munir os cidadios de recursos que lhes per- mitam ter capacidade para tomarem as proprias decisoes. £ uma abordagem que coloca as pessoas € o poder no centro do desenvolvimento e um processo em que individuos, organizacoes da sociedade civil e comunidades tomam para si o controle e monitoramento de seus assuntos de suas vidas e re- conhece suas habilidades e competéncia para criar ¢ produzir. (SANTOS JUNIOR, 2011) © Banco Mundial, dentro dessa perspectiva, vai fomentar um Conjunto de politicas sociais para provocar uma situac3o em que as ins- tituigdes funcionem bem (boa governabilidade’, alicercada por boa gover- nan¢a e por requisitos de empoderamento. Com isso, combater a pobreza se orna importante ou um contraponto necessario ao mercado. (Os Relatérios de 1990, 1991 e 1992 do Banco Mundial, ¢ os de 1990, 1994 © 1997 do Programa das Nacdes Unidas para o Desenvolvi- EMPALITA Riadelansra-1*Semestie de 2012-0. 11 p- 97-17 Reva da Faculdade de Serica Social da Universidade do ftedo do Rio de Janelro 107 ig OM Palka mento (PNUD) atestam essa aderéncia e mostram como a retérica do com- bate a pobreza foi montada e passou a ser ressaltada como objetivo central ‘a ser atingido no s6 pelo Banco Mundial, mas de forma ampla por governos € instituigdes multilaterais’, 0 que funcionou como um dispositivo para refrear uma insatisfacao generalizada com um quadro social descontrolado €, a0 mesmo tempo, impor o critério econdmico, pois as preocupacdes com a sustentabilidade ambiental e outros objetivos sociais passaram a ser vistos mais como meios para aumentar a renda, através do lema do combate 8 pobreza, do que como fins em si mesmos. eee por essa perspectiva, 28 potticas socials fomentadas pelo Banco Mundial passam a ter como finalidade expandir as pessoas de liberdades, individuais (econdmicas e politicas). Nesses termos, politica e economia so vistos como parte de um mesmo processo, organicamente articulados, que se retroalimentam, com foco nas capacidades humanas, que podem gerar oportunidades sociais ¢ riqueza. F esse conjunto de proposicées que leva o Banco a defender o investimento em educacdo e sade basicas, pois, serviriam para potencializar a aquisicao de titulos/direitos (entitlement) e estimular iniciativas individuais capazes de superar as privacoes. Dessa forma, as politicas sociais sofrem uma refuncionaliza¢ao, pois, passam a promover condicdes para que os mais pobres possam adquirir ttu- los/habilitagdes que os possibilitem ampliar as liberdades pessoais e gerar suas proprias rendas, tornando-os mais competitivos e empreendedores, com mais condicdes de criar solucées para suas demandas econémicas e politicas. Isso reforcaria a manutengdo € ampliacdo das politicas sociais, compensatérias e de alivio da pobreza e de certos riscos sociais mais especificos e localizados, as quais teriam agora fungao reparadora, pois corrigiriam distorgdes advindas de “desigualdades injustas” (KERS- TENETZKY, 2008) causadas por certas distribuigdes prévias de recursos € vantagens que predeterminariam as chances de sucesso dos individuos no mercado. Ou seja, certas condigées que escapam de escolhas e res- ponsabilidades individuais - como ser pobre, negro, mulher, etc. -, que acometem cerios grupos sociais, deveriam ser motivo de acao do Estado para corregao e nivelamento das condigdes ou igualdade de pontos de partida. Com essas assertivas, outro elemento importante passa a conformar 4 agenda social do desenvolvimento nos anos 2000: a nocao de equidade. Retratada pelo Banco Mundial no World Development Report de 2006, intitulado Fquidade e Desenvolvimento, a nocao de equidade, aparece definida a partir de dois principios basicos: a igualdade de opor- tunidades, entendida como um conjunto de condigdes em que as realizagoes da vida de uma pessoa deveriam ser determinadas, principalmente, por seus talentos e esforgos; € a prevengao de privagdo absoluta ou pobreza Ge jets cd ila pars 2015 eatambomnacimenese dees agen intemacons EMPAUTA,Riode nr -TSemese de 2013-0, 31,3119. 97-17 108 evista da Faculdede de Serigo Social da Univesidade do Eade do Rio de anero VISE OMT PUUGE absoluta, particularmente observando as condigdes de satide, educacdo os niveis de consumo, Equidade nao 6 a mesma co'sa que igualdade de rendas ou no estado de sade ou de qualquer outro resultado especiico. € a busca de uma situagdo em que’ esforco pessoal, preferéncias e iniciativa ~ para a: diferengas entre as conquistas economicas dat pessoas RWORLD BANK, 2006, p. 74 —tradugao nose Neste relatério, as condicées de equidade sio vistas como intrin- secamente importantes para o desenvolvimento, pois a partilha de opor- tunidades econmicas e politicas é considerada instrumento para 0 cres- cimento. Assim, para perseguir a “prosperidade a longo prazo”, o Banco recomenda que o Estado promova a “igualdade de condi¢ées’, onde todos (9 membros da sociedade tém chances similares de se tornaram socialmente ativos, politicamente influentes e economicamente produtivos. Diante disso, quatro eixos de atuacdo sao propostos para o nivelamento das condicdes, onde trés sao relativos a politicas em ambito nacional e uma em ambito in- ternacional: 1) investimento nas capacidades humanas; 2) expansio do acesso a justica, & terra e & infraestrutura; 3) promogao da justica nos mer- cados; 4) politicas pata maior equidade global de acesso aos mercados, fluxos de recursos ¢ governanga, Nogueira (2001) sinaliza que, para o Banco Mundial, equidade se traduz em focalizacao e discriminagao positiva de grupos de tisco, sina~ lizando uma mudanga nas linhas programaticas internacionais e nacionais, particularmente no que se refere em escolhas ao tipo de assisténcia, sele- tividade, ampliago da cobertura ¢ cuidados. Primeito, porque equidade supde o principio da diferenga’, referindo-se mais ao que cabe a cada um do que a todos’, independentemente do principio de igualdade estabele- ido, e, segundo, porque traz embutido de forma obliqua o critério de efi- A ideia de equidade remete a justia, a0 que é justo ou nao e em que medida podemos avaliar ou auferir a justica. Essas quest6es hoje ga- nharam 0 epicentro do debate sobre politica social, pois a agenda do desen- volvimento contemporanea vem colocando a questao da distribuicao em posigao prioritéria combinada com politicas de estimulo ao crescimento. Ou seja, 0 principio da equidade comeca a ganhar escopo no momento em que se amplia a posica0 da teoria econdmica normativa na justica dis- 5a join awe 1983) por xem, principio da lero” se caractezn quand excemcaox em que adie prstodoncaracterzan ums dengsldase jst " men Fadconaimer no Oneno,aequdade coneate na ada da reya exter suscio cones, cbsrvando osc tiga eguaidade, odes dizer ques equldade busca adapta a eta au casoespecic, af ‘dda mata. TERRA, 2010), EMPALITA Riadelansra-1*Semestie de 2012-0. 11 p- 97-17 Reva da Faculdade de Serica Social da Universidade do ftedo do Rio de Janelro 109 ig OM Palka tributiva, quando se passa a refletir sobre o que é equitativo sob a légica da eficiéncia e ndo mais dos direitos (NOGUEIRA, 2001, p. 18). Para Lara ¢ Mello (2008) o tetmo equidade passou a constituir 0 arcabougo ideolégico que deu sustentacao as politicas sociais na Giltima década, conformando um tipo de “novo consenso pragmatico”, em que o Fstado deveria assumir o desafio de corrigir algumas desigualdades sem, contudo, realizar qualquer ruptura com os pressupostos liberais. Na visio de Castelo (2010), 0 conceito de equidade ganha uma nova roupagem de tipo progressista, mas sem perder sua caracteristica essen- cial — herdado da tradigao liberal classica desde os tempos de John Locke ~ a0 contribuir para naturalizar um tipo ideal de individuo © as relagoes capitalistas de producao. Aequidade, na perspectiva que vem sendo apresentada pelos or- ganismos multilaterais, contribuiria para a reprodugao ampliada do capital nessa nova ordem tardia, haja vista que se pauta em uma concepgio de justica cujo principio se refere ao estabelecimento de “minimos sociais”, a fim de garantir a manutengao da forca de trabalho sob as condigdes exigidas pela flexibilizacao, precarizacao e desregulamentagao (RIZOTTO; BORTO- LOTO, 2011). Observando 0 que foi apontado como diferencial na segunda gerago de ajustes, o que de fato € novo na politica social é a ampliacao do escopo das acdes pré-existentes de combate a pobreza. Além das politicas ditas de “distribuicao" — transferéncia direta de renda, crédito popular economia social ~ outras aces de estimulo ao consumo e a renda vém multiplicando agdes de empreendedorismo vinculadas ao consumo popular, associando a distribuicdo de recursos estratégicos de “empoderamento” com “geracdo de capabilities” (CEPEDA, 2012). Isso demarcaria a base da f6rmula inclusiva da politica social de nova geracao. Mas ainda se somariam ages voltadas a grupos espectficos — de género, raga e regionais — e re- distribuigdo estratégica de recursos ~ gua, luz, acesso a justica, cotas de cultura, etc. — formado uma espécie de “potencializacao social” também na direcao proposta por Sen (2000) Contudo, a predominancia da perspectiva das capacidades (SEN, 2000) na agenda de desenvolvimento contemporaneo tem se mostrado muito mais ret6rica do que em termos de aloca¢do em politicas piiblicas. Colclough (2011) demonstra que, apesar da boa intengao e da aderéncia por muitos governos e organismos multilaterais, os fatores-chave propostos pelo Indice de Desenvolvimento Humano (principal indicador dessa pro- posta de desenvolvimento) tem permanecido bastante limitados. Para além das limitagdes de natureza pratico-empirica, cabe tam- bém inferir que, tal como nos alerta Castelo (2012), A incorporagao dos valores da justica social em sistemas ideol6gicos bburgueses, na maior parte dos casos ocorre ~ e esta adverténcia vale EMPAUTA,Riode nr -TSemese de 2013-0, 31,3119. 97-17 110 evista da Faculdede de Serigo Social da Univesidade do Eade do Rio de anero ig OM Palka para 0s novo-desenvolvimentistas ~ no como um fim em si mesmo, fas para legitimar ages de tecnicos do planejamento econmico, em particular, e dos policy makers, em geral. Os ‘aspectos sociais’ anda tiga em projetos heterodoxos de desenvolvimento, guar tim termos secundstios,adjtivos, uma espécie de retGrica da.cons- ciéncia moral e ética dos formuladores bem intencionados de politica ecandmica, que ora propoem intervencdes na questao social para neutralizar Seus opositores ~ a direita e 4 esquerda =, ora para pacificar tensdes socials. (CASTELO, 2012, p. 51) Consideragées finais: para anunciar 0 debate O texto procurou discorrer sobre a trajetéria recente da agenda social do desenvolvimento voltada para a periferia capitalista, atentando para o perfil que a politica social veio ganhando desde o inicio dos anos 1990. £ importante salientar que as duas geracdes de ajuste esto or ganicamente articuladas pelo eixo liberal de pensamento, e que a agenda social do combate a pobreza “ampliada” da segunda geracao nao poderia ler ocorrido se a primeira nao livesse sido devidamente implementada, em termos econdmicos e no que se refere a politica social Na primeira geracao, uma operacao importante foi realizada, de despolitizacdo da realidade social. A forma de leitura da realidade que veio se construindo por meio da formulacao das politicas pdblicas con- formou a ideia de que a solugao técnica era 0 Gnico caminho efetivo de resposta, Assim, as “politicas piblicas converteram-se em solucdes para um mundo despolitizado” (WERNECK VIANNA, 2008, p. 4). O proprio foco no combate a pobreza dirigia o olhar para um horizonte nebuloso, longe das verdadeiras causas reprodutoras das desi- gualdades, reparando apenas a dimenso mais urgente e aparente do fend- meno. Em trabalho anterior a autora jé sinalizava: s programas de combate a pobreza sio 2 expresso mais visivel de um 'movimento de refuncionalizacao das politicas sociais © rees truturagdo (aliado ao desmonte) da protecio social, a partir da ‘erosao das releréncias cognitivas e valorativas pelas quais as nocaes de bem piblico ¢ responsabilidade publica poderiam ser formuladas Como horizonte possivel"; e, ainda, pela ressignficagao da natuteza das politicas sociais, as quais passam a ser concebidas, como meca~ nismos que reforgam os esquemas mercadorizantes, pela ctiacio de Uim'mix publicofprivado na oferta de servigos coletivos que. ajudam a conservar e proteger 0 padrio de desenvolvimento globalmente estabelecido. (MAURIEL, 2006, p. 48 — grifos no original) nos Ws, 8.0 EMPALITA Riadelansra-1*Semestie de 2012-0. 11 p- 97-17 Reva da Faculdade de Serica Social da Universidade do ftedo do Rio de Janelro i ig OM Palka Nesse sentido, entendidas como acdes de natureza técnica, formu- ladas por especialistas, acabam por dispensar a politica, pois se concebem como supostamente consensuais. Todos estao de acordo quanto a reduc3o da fome, da pobreza, da luz para todos, da agua para todos, dos com- putadores nas escolas, com os programas de transferéncia de renda, com a pacificacao das favelas. E aqueles que nao estio de acordo acabam por ser achincalhados com rétulos que desqualificam, inclusive, sua capacidade intelectual. Esse movimento retrata uma inflexio a modos de pensar e tratar a pobreza que centravam suas concepgdes em aspectos estruturais — pro- ducdo e reprodugao social. Isso fica claro se pensamos que o conhecimento sobre pobreza reflete e, ao mesmo tempo, influencia os arranjos institucionais sob 0s quais se estruturam a relacao Estado/sociedade e Estado/economia, viabilizando variagdes das relagdes entre ptiblico e privado que conduzem as politicas publicas. (O que as assertivas dos ajustes organizados pelos organismos multilaterais (e nao s6 eles) retratam 6 uma gramatica naturalizada da politica social como politica voltada para os pobres, cujas agdes vém sendo forjadas em parcerias com a logica empresarial, substituindo 0 vocabulario politico pela nogao de planejamento e inundando o debate com intimeros indi- cadores Daf que outro importante movimento ocorrido durante os ajustes {oi o de naturalizagao da pobreza e da realidade social, associado a individua- lizagdo. A pobreza é vista como caréncias de capacidades e de poder dos pobres ou por falta de acesso a titularidades. Ora, ao atrelar sua existéncia 2 condigao humana e nao a estrutura societaria, a pobreza acaba por ser considerada inevitavel, ou inerente ao funcionamento social. Assim, 0 exer- cfcio da tarefa de legitimacao de um pensamento consensual foi apresentar a pobreza como algo inevitavel, por isso, 0 melhor para se conviver com ela sido agdes para minord-la ‘Somado a isso, medidas individualizadas de status dos pobres tem servido como matéria-prima central para o desenho e redesenho das politicas piblicas, fundamentadas numa definicao de pobreza pensada a partir de caracteristicas pessoais e padres de comportamento dos pobres. (MAURIEL, 2006). A defini¢do de pobreza centra-se numa situacao em que individuos se encontram por falta de certos dotes, 0s quais por sua vez, 20 serem adquiridos, os capacitam a “pular” a linha da pobreza. “Na cesta de dotes se incluem a escolaridade, 0 aprendizado do autocuidado com a satide, € outros, entre os quais, é claro, o saber lidar com a renda.” (WER- NECK VIANNA, 2007, p. 3). Justamente por isso, a “face mais humana” é definida pela aqui- sigao de atributos pessoais por parte dos individuos, pois desenvolvimento &percebido como aumento das liberdades individuais, a partir da ampliacao das oportunidades. Isso promoveria, em tese, 0 alargamento das possi- EMPAUTA,Riode nr -TSemese de 2013-0, 31,3119. 97-17 12 evista da Faculdede de Serigo Social da Univesidade do Eade do Rio de anero ig OM Palka bilidades de escolhas pessoais e o potencial para sair de situagdes de ca- réncia (material ou simbélica). Ora, isso reduz a a¢ao pablica a comporta- mentos, fazendo com que a politica social opere sob o amparo das circuns- tancias singulares. Dat o reforco do local, do microcultural, do territ6rio € dos respectivos indicadores dos micronichos que devem ser regulados medidos. © padrao naturalizante nao para por af: além de imputar o sentido da politica social como politica de combate a pobreza e de colocar a pobreza no patamar individual de andlise, trata de execrar a nocio de universalidade, no apenas desqualificando-a, mas redimensionando os termos do debate, com a incorporagao da nocao de equidade. Ao refutar a dimensao estrutural da anilise, as politicas sociais de natureza universal so tomadas por ine- ficazes e dispendiosas, além de nao terem efetividades, pois ndo alcangam 05 pobres (piblico-alvo prioritério). (O imperativo principal, contudo, é 0 de que a sociedade contem- pordnea, diversa, plural, traz consigo a impossibilidade de uma base de igualdade nica. Logo, como nao é possivel ter igualdade em tudo, como nao é possivel ser igual em tudo, nao é possivel determinar a priori que to- dos terdo qualquer tipo de condi¢ao igual. Mas é possivel indicar condigoes em que todos terdo oportunidade de exercé-la (SEN, 2001, p.44-45). & nesse sentido que a desigualdade é reexaminada por Sen, pois passa a no ser negativa se pensarmos de qual espaco estamos falando em sermos de- siguais (SEN, 2001: 46/47; VITA, 2008, p. 96-97) Sob a égide do discurso da liberdade e da equidade, a sorrateira ideologia social liberal vai ganhando terreno no debate contemporaneo da politica social, pobreza e desenvolvimento, fazendo aquilo que a hist6ria do pensamento liberal sabe de melhor: prezar a liberdade a0 mesmo tempo em que defende a escravidao, pois a “mensagem inflamada de liberdade pessoal [serve] apenas para homens brancos proprietarios que formam um ‘povo de senhores” (SEVE, 2013, p. 5). Para a grande maioria, ~ barbaros, negros, indios americanos, trabalhadores (e hoje, a bola da vez s4o 0s “po- bres”) ~ a histéria se encarrega de mostrar a li¢ao. EMPALITA Riadelansra-1*Semestie de 2012-0. 11 p- 97-17 Reva da Faculdade de Serica Social da Universidade do ftedo do Rio de Janelro 113 ig OM Palka Referencias ALVAREZ LEGUIZAMON, S. A produgdo da pobreza massiva e sua per- sisténcia no pensamento social latino-americano. In: CIMADAMORE, A.D.; CATTANI, A.D. Producao da pobreza e desigualdade na América Latina Porto Alegre: Tomo Editorial/CLASCO, 2007, BRESSER-PEREIRA, L. Carlos. Democracy and capitalist revolution. In: éco- nomie apliquée, tome LXC, n.4, 2012, p. 111-139. BRETTAS, T. Divida pdblica: uma varinha de condao sobre os recursos do fundo ptiblico. In: SALVADOR, €. et al.(Org.). Financeirizacao, fundo pa- blico e politica social. Sao Paulo: Cortez, Brasilia: CNPq, 2012. CASTELO, R. 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