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Ausência de
validade jurídica. A certidão de antecedentes criminais apócrifa não possui
qualquer valor jurídico e, em respeito ao princípio constitucional de
presunção de não-culpabilidade o réu deverá ser considerado primário e de
bons antecedentes.
Provimento parcial.
ACÓRDÃO
VOTO
O SR. JUIZ ERONY DA SILVA:
Em síntese, é o relatório.
Por outro lado, assiste inteira razão ao nobre Defensor Público Wellison
Carlos Fonseca Cambuí, subscritor das razões do apelo, ao afirmar que a
pena foi excessivamente fixada.
Reduzo-lhe a pena pela tentativa em apenas 1/3 (um terço) tendo em vista
que o iter criminis foi percorrido em quase sua totalidade.
É como voto.
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EMENTA - Apelação. Recolhimento à prisão. Princípio da ampla defesa.
Conhecimento. Ainda que o réu não tenha se recolhido à prisão, seu
recurso deve ser conhecido e apreciado, pois a Constituição Federal de
1988 consagrou os princípios da ampla defesa e do duplo grau de
jurisdição que não podem ser condicionados ao recolhimento do réu ao
cárcere para apelar.
ACÓRDÃO
VOTO
Em síntese, é o relatório.
O art. 594 do CPP não foi, pois, recepcionado em sua totalidade pela Carta
Magna de 1988.
Mérito:
Tendo em vista o disposto no art. 109, VI, do CP, de ofício, declaro extinta
a punibilidade do agente com base na prescrição intercorrente da pena, pois
entre a data da publicação da sentença - 24 de agosto de 1999 (f. 62) - e a
data deste julgamento já se passaram mais de 2 (dois) anos.
É como voto.
SAP
APELAÇÃO CRIMINAL Nº 397.764-0 - 1/7/2003
VARGINHA
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EMENTA - CERTIDÃO DE ANTECEDENTES CONTRADITÓRIAS.
AUSÊNCIA DE VALOR JURÍDICO.
ACÓRDÃO
VOTO
O SR. JUIZ ERONY DA SILVA:
Em síntese, é o relatório.
Ficou claro que o dolo do réu não era de obter o pagamento de uma dívida,
mas sim de apoderar-se de coisa alheia.
É como voto.
guicap
APELAÇÃO CRIMINAL Nº 393.166-8 - 27/5/2003
BARBACENA
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APELAÇÃO CRIMINAL Nº 393.166-8 - 27/5/2003
BARBACENA
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EMENTA - DESPACHO DE RECEBIMENTO DA DENÚNCIA.
AUSÊNCIA.
ACÓRDÃO
VOTO
O SR. JUIZ ERONY DA SILVA:
Em síntese, é o relatório.
Preliminar de nulidade:
É como voto.
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EMENTA - Agravo. Comutação. Processo em andamento. Em respeito ao
princípio constitucional da presunção de não-culpabilidade, processos em
andamento não podem ser obstáculos para a concessão de benefícios no
curso da execução penal.
ACÓRDÃO
VOTO
Em síntese, é o relatório.
Por outro lado, não cabe a este tribunal a análise dos requisitos subjetivos
para a progressão de regime, sob pena de supressão de instância.
É como voto.
guicap
AGRAVO Nº 399.152-8 - 5/6/2003
UNAÍ
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ACÓRDÃO
VOTO
O SR. JUIZ ERONY DA SILVA:
Em síntese, é o relatório.
Mérito:
A alegação de que faltou aos agentes o animus rem sibi habendi não
encontra qualquer fundamento na prova dos autos.
Ora, o simples fato de desistirem de ter a coisa já furtada para si, não
desfaz o animus rem sibi habendi do momento da subtração.
Irrelevante, por outro lado, não saberem ao certo quem era a vítima, pois
tinham plena consciência de tratar-se de coisa alheia móvel e, portanto, não
agiram em erro de tipo.
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EMENTA - Sentença suicida. Nulidade. Nula é a sentença cuja
fundamentação encontra-se em flagrante divergência com sua conclusão.
Se em seus argumentos o magistrado reconheceu que a participação do
agente consistiu tão-somente no auxílio da venda da res furtiva, não é
possível a condenação por furto. Sentença anulada.
ACÓRDÃO
Em síntese, é o relatório.
Penso que assiste inteira razão à culta Defensora Pública Míriam Luce
Alves de Araújo.
À f. 89 lê-se:
Pela leitura dos trechos da sentença citados, está claro que o M.M. Juiz
admite a hipótese do acordo de vontades só ter surgido no bar, isto é,
posteriormente à consumação do delito.
Assim, solução outra não há, senão acolher a preliminar para anular a
sentença e determinar que nova decisão seja proferida.
guicap
APELAÇÃO CRIMINAL Nº 368.697-9 - 29/4/2003
ITUIUTABA
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EMENTA - Receptação. Dolo do agente. Inúmeras adulterações em
veículo são provas cabais de sua origem ilícita sendo absolutamente
irrelevante para caracterizar a receptação saber a espécie do crime
antecedente ou sua autoria. Negado provimento ao recurso da defesa.
Provimento ao recurso ministerial.
ACÓRDÃO
VOTO
Em síntese, é o relatório.
Do recurso da defesa:
Elevo sua pena pecuniária para 25 (vinte e cinco) dias-multa com valor
unitário mantido em 1 (um) salário mínimo tendo em vista o fato de o réu
ter se declarado comerciante e, portanto, ter condições financeiras bem
acima da média da grande maioria dos réus de nosso país.
É como voto.
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EMENTA - Habeas corpus de ofício. Penas fixadas manifestamente acima
do patamar recomendado. Havendo manifesto erro da sentença na fixação
da pena e sendo o recurso do réu intempestivo, é perfeitamente cabível a
concessão de ordem de habeas corpus, de ofício, para ajustar a pena ao
patamar recomendado.
ACÓRDÃO
VOTO
O SR. JUIZ ERONY DA SILVA:
Nova sentença foi proferida às f. 247 e seg. na qual Marcos Paulo foi
condenado a 5 (cinco) anos, 1 (um) mês e 18 (dezoito) dias de reclusão em
regime fechado e ao pagamento de 28 (vinte e oito) dias-multa com valor
unitário mínimo. Edvaldo Macieira foi condenado a 4 (quatro) anos e 1
(um) mês de reclusão em regime semi-aberto e ao pagamento de 21 (vinte
e um) dias-multa com valor unitário mínimo.
Em síntese, é o relatório.
Preliminar de intempestividade:
Por outro lado, de ofício, concedo ordem de habeas corpus por entender
que há erro manifesto no quantum das penas fixadas.
É como voto.
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APELAÇÃO CRIMINAL Nº «apelacao_num» - «data»
«comarca»
-1-
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EMENTA - Receptação. Coisa achada. Impossibilidade. Não há falar em
delito de receptação se a coisa foi achada, pois o verbo típico adquirir tem
o significado de uma aquisição contratual. Irrelevante tratar-se de contrato
escrito ou verbal, lícito ou ilícito, formal ou informal, mas imprescindível o
acordo de vontades. Em respeito ao princípio constitucional da legalidade,
a apropriação de coisa achada, produto ou não de crime, só poderá ser
punida nos termos do art. 169,II, do CP.
ACÓRDÃO
Em síntese, é o relatório.
Aurélio: "V. t. d. (...) 2. Obter por compra; comprar: Adquiriu a casa que
alugara. (...)"
Houaiss: "1 t.d.bit. entrar na posse de algum bem, através de contrato legal
ou não; tornar-se proprietário, dono de 2 t.d.bit. obter, conseguir (bem
material) através de compra "
É como voto.
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EMENTA: Suspensão condicional do processo. Momento oportuno para a
revogação. Transcorrido o prazo da suspensão condicional do processo,
impossível é sua revogação posterior, mesmo que se verifique o não-
cumprimento das condições durante esse lapso de tempo. É que a extinção
da punibilidade ocorre imediatamente após o cumprimento do prazo e a
natureza jurídica da sentença que a reconhece é meramente declaratória. O
art. 89, §5º, da Lei 9.099/95 tem caráter penal e, como tal, deve ser
interpretado literalmente em respeito ao princípio constitucional da
legalidade.
ACÓRDÃO
VOTO
Não pode o réu ficar esperando indefinidamente que o Estado cumpra uma
série de diligências para certificar-se de que cumpriu a suspensão, até
porque a Constituição Federal presume sua não- culpabilidade.
Vale frisar ainda que a própria lei usa o termo "declarar", o que demonstra
inequivocamente o caráter de sentença declaratória da decisão que julga
extinta a punibilidade.
guicap
APELAÇÃO CRIMINAL Nº 387.752- 7 - 11/2/2003
TRÊS PONTAS
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APELAÇÃO CRIMINAL Nº 387.752-7 - 11/2/2003
TRÊS PONTAS
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EMENTA - Inépcia da denúncia. Nulidade. É inepta a denúncia que
mistura fatos em que já ocorreu a decadência com fatos em que foi
oferecida a representação em prazo hábil. A não-individualização da
acusação gera perplexidade na defesa que fica sem saber o real conteúdo
da incriminação, impedindo-a, assim, de articular sua defesa
satisfatoriamente.
ACÓRDÃO
VOTOS
Em síntese, é o relatório.
Assim, não há falar em prescrição nem com base na pena em abstrato, nem
com base na pena fixada em concreto em 3 (três) anos e 4 (quatro) meses.
De acordo.
De acordo.
Preliminar de decadência:
De acordo.
A SRª. JUÍZA MARIA CELESTE PORTO:
De acordo.
Tendo em vista que a pena não poderá ser superior a 3 (três) anos e 4
(quatro) meses sob pena de reformatio in peius indireta; que o prazo
prescricional no caso passa a ser de 4 (quatro) anos em virtude da idade de
o réu ser de 80 (oitenta) anos; que os fatos se deram em abril de 1997,
julgo extinta a punibilidade do agente com base na prescrição da pretensão
punitiva estatal.
É como voto.
Salvo maior juízo, a preliminar de ofício argüida pelo Relator deve ser
acatada. Conforme bem anotou o nobre Relator, a denúncia não
individualizou os fatos criminosos, havendo uma grande confusão no
processo de documentos onde supostamente teria havido a configuração do
crime imputado ao acusado. Além disso, existe na denúncia referência a
crimes que já teriam sido alcançados pela decadência. Enfim, da forma
como foi articulada a peça inaugural, ocorreu flagrante prejuízo ao
exercício da ampla defesa pela parte, que ao final, nem sabia mais de quais
fatos estava sendo processada. Tanto isso é verdade, que até o juiz se
confundiu quando aplicou uma pena inicial de 9 meses e 10 dias ao
acusado que depois, por força de embargos de declaração, alterou para 3
anos e 4 meses de detenção, reconhecendo uma suposta continuidade
delitiva entre 3 crimes, que não se sabe ao certo quais foram dentre os
narrados na inicial.
Por todos esses motivos, é que me coloco de acordo com o douto juiz
relator em reconhecer a inépcia da inicial, anular o processo a partir da
denúncia e, por conseqüência, extiguir a punibilidade do acusado em face
da prescrição.
A SRª. JUÍZA MARIA CELESTE PORTO:
De acordo.
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EMENTA - Laudo pericial. Ausência de comentários que justifiquem a
conclusão obtida. O laudo pericial cujas conclusões não estão amparadas
em comentários técnicos que as justifiquem é imprestável como prova para
fundamentar uma condenação criminal. Recurso provido.
ACÓRDÃO
VOTO
Em síntese, é o relatório.
Destarte, rejeito o presente laudo como prova nos termos do art. 182 do
Código de Processo Penal e passo à análise dos demais elementos do
conjunto probatório.
É como voto.
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EMENTA - Circunstâncias judiciais. Personalidade do agente. Aumento da
pena-base. Inconstitucionalidade.
ACÓRDÃO
VOTO
Em síntese, é o relatório.
Não se trata aqui de valor insignificante - este sim, cada dia mais próximo
do salário mínimo - mas do pequeno valor que se atualizado
monetariamente em relação à 1984 é bem superior a um salário mínimo.
Por outro lado, cheques rasgados não podem ser considerados res furtiva,
pois é evidente que falta o elemento subjetivo do injusto que é a intenção
de subtrair a coisa para si ou para outrem.
É como voto.
afc
APELAÇÃO CRIMINAL Nº 359.279-2 - 26/11/2002
PRATÁPOLIS
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EMENTA - Requisição de réu preso. Ausência de citação. Cerceamento de
defesa. Nulidade. A simples requisição de réu preso não supre a citação,
pois não se coaduna com os princípios constitucionais do contraditório e da
ampla defesa. O réu tem o direito a ter ciência prévia da acusação contra
ele formulada para que possa preparar com antecedência e com auxílio de
advogado a versão a ser apresentada no momento do interrogatório.
ACÓRDÃO
Em síntese, é o relatório.
Não se pode fazer letra morta da Constituição Federal de 1988 que garante
a todos os cidadãos o direito ao contraditório e à ampla defesa.
É por essas razões que acolho a preliminar e anulo o processo por ausência
de citação fazendo minhas as palavras dos ilustres professores de Direito
Processual Ada Pellegrini Grinover, Antônio Scarance Fernandes e
Antônio Magalhães Gomes Filho em sua obra já clássica "As Nulidades no
Processo Penal":
"A melhor exegese do texto recomenda que o réu preso seja pessoalmente
citado no presídio em que se encontrar recolhido, segundo o modelo legal e
com antecedência necessária à preparação da defesa, pois em todas as
demais soluções alvitradas há sempre o risco de prejuízo à correta e
tempestiva informação, com irreparável dano ao contraditório pleno e
efetivo"
É como voto.
afc
APELAÇÃO CRIMINAL Nº 363.403-7 - 1º/10/2002
BELO HORIZONTE
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APELAÇÃO CRIMINAL Nº «apelacao_num» - «data»
«comarca»
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EMENTA - Homicídio culposo no trânsito. O excesso de velocidade, por
si só, não implica em culpa do agente, pois não existe responsabilidade
penal objetiva no Direito Penal Brasileiro. Somente se amparado por
outros elementos de convicção, o excesso de velocidade torna-se prova
capaz de amparar uma condenação criminal.
ACÓRDÃO
VOTO
Em síntese, é o relatório.
Por outro lado, é fato notório que, em uma quinta-feira às 16h45, o trânsito
no local do fato é absolutamente caótico e, por si só, exige uma atenção
muito grande dos pedestres.
Pelo princípio da confiança é natural que o motorista creia que os pedestres
não atravessarão sem certificarem-se antes da segurança da pista.
Tanto viu que freou e buzinou, só não obtendo êxito em evitar o acidente
em razão do inesperado da situação.
WAS.
APELAÇÃO CRIMINAL Nº 372.770-2 - 24/9/2002
BELO HORIZONTE
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-5-
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ACÓRDÃO
(continuam as assinaturas...)
VOTOS
Em síntese, é o relatório.
Assim, mesmo nas teorias absolutas da pena, esta era entendida como
devolução da mesma quantidade de dor injustamente causada à vítima.
Assim, seja qual for a teoria da pena adotada, necessário se faz que se
estabeleçam critérios de proporcionalidade para alcançar a pena justa.
Pergunto-me então:
Assim, falta um fim a esta pena. Uma verdadeira "pena perdida" para usar
a expressão de Louk Hulsman.
Destarte, o princípio da insignificância surge na feliz expressão de Claus
Roxin como:
É como voto.
Não obstante, peço vênia ao ilustre colega para também discordar de seu
entendimento acerca da impossibilidade de concretização do furto por
absoluta impropriedade dos meios em se tratando de estabelecimento
comercial dotado de sistema de vigilância eletrônica e câmeras de vídeo.
Assim sendo, pedindo vênia aos cultos Juízes Relator e Revisor, na esteira
do douto parecer do órgão ministerial de cúpula, mantenho meu
entendimento e REJEITO OS PRESENTES EMBARGOS
INFRINGENTES.
É como voto.
Custas ex lege.
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EMENTA - Perdão judicial. Namorada. Concessão. A dor que o acusado
sentiu com a morte de sua companheira não pode ser mensurada por um
registro em cartório ou por uma cerimônia religiosa de casamento. Se autor
e vítima namoravam e tinham uma filha em comum, tudo leva a crer que
possuíam afeto um pelo outro e que a morte da vítima em conseqüência de
acidente automobilístico causado pelo réu será sempre uma dura lembrança
em sua mente. A concessão de perdão judicial em casos como este é, pois,
inevitável, pois a pena perdeu completamente os fins de prevenção geral e
especial a que se destina.
ACÓRDÃO
A dor que o acusado sentiu pela morte de sua companheira, no entanto, não
pode ser mensurada por suas lágrimas, por suas expressões e, muito menos,
pelo seu interrogatório, pois, como bem lembrou a defesa, ainda não
inventaram um "dormetro".
É possível até que a dor do processo penal, que por si só é uma pena
estigmatizante, seja até mesmo maior que a dor de ter perdido sua
companheira.
Melhor seria para sua formação como pessoa saber que sua mãe faleceu
quando era recém-nascida em virtude de um trágico acidente em que seu
pai dirigia o veículo ou que seu pai matou sua mãe em acidente em razão
de sua imprudência?
Por fim, pergunto-me se a própria vítima gostaria de ver o pai de sua filha
com o qual namorava e - talvez - pretendesse casar, sendo condenado por
sua morte.
Penso que não.
É como voto.
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EMENTA - Regressão de regime. Fuga. Descumprimento de condição
fixada para trabalho externo. Princípio da reserva legal.
A analogia não pode ser aplicada em desfavor do réu. Destarte, a conduta
de quem não retorna ao presídio após o trabalho externo não pode ser
considerada como fuga e, portanto, não justifica a regressão de regime, por
absoluta ausência de previsão legal.
ACÓRDÃO
VOTO
Em síntese, é o relatório.
É como voto.
afc
AGRAVO Nº 368.858-2 - 6/8/2002
PASSOS
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EMENTA - Furto de cheque. Desclassificação. Estelionato. O cheque
ainda que devidamente preenchido e assinado por seu legítimo titular, não
é objeto material válido para o crime de furto. Ao contrário do Direito
Comercial que, por uma ficção jurídica identifica o título com o valor que
ele representa, o Direito Penal o considera em seu sentido ôntico, isto é,
como uma folha de papel de valor patrimonial insignificante. A subtração
do cheque, por si só, não lesa qualquer bem jurídico. O patrimônio, como
bem jurídico tutelado, só será efetivamente ameaçado se houver uma
tentativa fraudulenta de se descontar ou trocar o cheque, quando
configurará delito de estelionato.
ACÓRDÃO
VOTOS
Em síntese, é o relatório.
Rogata venia, entendo que no presente caso não há falar em crime de furto,
mas sim em crime de tentativa de estelionato.
Em Direito Penal o cheque é uma folha de papel e, como tal, sem valor
patrimonial.
E é esse perigo de lesão ao patrimônio das vítimas que será punido pelo
Direito Penal como tentativa de estelionato.
Pelo exposto, nos exatos termos do art. 383 do CPP, desclassifico o delito
para tentativa de estelionato, passando a fixar-lhe nova reprimenda:
O iter criminis já estava em estágio avançado, razão por que lhe reduzo a
pena em apenas 1/3 (um terço) pela tentativa, concretizando-a em 1 (um)
ano de reclusão.
Por não ser reincidente específico, substituo-lhe a pena corporal por uma
restritiva de direitos consistente na prestação de serviços a entidade a ser
designada no juízo da execução.
Coloco-me de acordo com V.Exª, mas quero ressalvar que, a meu sentir, a
folha de cheque pode ter valor patrimonial por si só, gerando lesão ao bem
jurídico patrimônio, na medida em que ela tem mercado, não apenas para o
agente como também teria para a vítima.
WAS.
APELAÇÃO CRIMINAL Nº 353.969-7 - 25/6/2002
MONTE CARMELO
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APELAÇÃO CRIMINAL Nº «apelacao_num» - «data»
«comarca»
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EMENTA - Furto. Sistema de vídeo em hipermercado. Crime impossível.
O furto em hipermercado dotado de sistema de segurança com
monitoramento de vídeo é impossível de ser concretizado se, antes de o
agente sair do supermercado, os agentes de segurança percebem a intenção
do autor.
ACÓRDÃO
VOTOS
Em síntese, é o relatório.
É como voto.
De acordo.
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EMENTA - Falsa identidade. Réu que declara identidade falsa após ser
preso. Ausência de tipicidade. Se o réu atribuiu-se identidade falsa para
minorar os efeitos de sua prisão, não há dolo específico de obter vantagem
em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem, razão pela
qual sua conduta é atípica.
ACÓRDÃO
VOTO
Em síntese, é o relatório.
O apelante não praticou a conduta prevista no art. 307 do CP, pois não
havia o dolo específico de obter vantagem ou causar dano.
Por outro lado, entendo que procedeu com excesso de rigor o magistrado
monocrático quando da fixação da pena do apelante, razão pela qual fixo-
lhe nova reprimenda:
É como voto.
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EMENTA - Dano. Fuga de preso. Dolo específico. Necessidade. Não há
falar em crime de dano se o agente não visa com sua conduta causar um
prejuízo ao Estado, mas tão-somente evadir-se da prisão. O dano só existe
como um fim em si mesmo e não enquanto meio para a prática de outro
fato criminoso.
ACÓRDÃO
VOTO
Em síntese, é o relatório.
"A conduta física desenvolvida pelo preso para ganhar a liberdade não está
acompanhada do dado anímico exigido pela figura criminosa do dano. E se
a evasão não é punível desde que o agente, ao realizá-la, não usa de
violência contra a pessoa, não se compreende como a violência contra a
coisa possa traduzir-se em infração penal autônoma. O dano só existe
quando for um fim em si mesmo, não enquanto meio para a prática de
outro fato criminoso" (TACRSP - RT 63/181).
É como voto.
afc
APELAÇÃO CRIMINAL Nº 354.520-4 - 21/5/2002
MALACACHETA
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EMENTA -Furto. Erro de tipo. Elementos subjetivos do tipo. À acusação
cabe demonstrar não só os elementos objetivos do tipo, mas também seus
elementos subjetivos. Assim, se os réus confessam a subtração, porém
alegam ter julgado tratar-se de coisa abandonada, caberia à acusação
demonstrar o aspecto congnoscitivo do dolo dos agentes. Na ausência de
provas, a absolvição se impõe por erro de tipo.
ACÓRDÃO
Em síntese, é o relatório.
Para que haja uma condenação criminal, a acusação deve provar nos autos
os elementos objetivos e subjetivos da conduta típica.
É como voto.
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EMENTA - Furto. Estelionato. Talonário de cheques. Concurso de crimes.
Absorção. Para que haja concurso material de crimes é necessário que
exista uma individualidade tanto dos elementos objetivos do tipo, quanto
dos subjetivos. Se o agente furta talonário de cheques em branco para
posterior emissão fraudulenta, ainda que haja uma individualidade em cada
uma das tipicidades objetivas o mesmo não se pode dizer dos elementos
subjetivos do tipo, pois seu dolo é único. Assim, aplica-se nos presentes
casos o princípio da consunção pelo qual o crime-meio menos grave é
absorvido pelo crime-fim mais grave, punindo-se o réu somente por este
último.
ACÓRDÃO
VOTO
Em síntese, é o relatório.
b)cúmulo jurídico: por esse sistema a pena aplicada deve ser superior às
cominadas a cada um dos crimes.
c)absorção: considera que a pena aplicada ao delito mais grave absorve a
pena do delito menos grave (poena maior absorvet minorem).
Cabe então indagar qual sistema deve ser aplicado no caso de furto de
talonário de cheques em branco para posterior prática de estelionato.
Isto porque a pena-base foi fixada no mínimo legal, isto é, em 1 (um) ano
de reclusão - a mesma do estelionato.
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EMENTA - Reincidência. Regime aberto. Possibilidade.
A Constituição Federal de 1988 garante ao réu a individualização de sua
pena. Assim, se a norma prevê para todos os réus reincidentes o regime
inicialmente fechado, tratando igualmente situações concretas desiguais,
ela é inconstitucional.
ACÓRDÃO
VOTO
Em síntese, é o relatório.
Assim, a parte do art. 33, §2º, que trata da reincidência não foi
recepcionada pela Constituição Federal de 1988, por ofensa direta ao
princípio de individualização da pena.
É como voto.
afc
APELAÇÃO CRIMINAL Nº 352.003-0 - 23/4/2002
PASSOS
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Ementa - Furto. Erro de tipo. Aspecto cognoscitivo do dolo ausente.
Atipicidade da conduta.
A consciência de estarem praticando uma conduta "errada" demonstra a
culpabilidade dos agentes, mas não exclui a possibilidade de estarem
agindo em erro de tipo. Uma condenação criminal deve fundamentar-se em
provas não só do tipo objetivo, mas também do tipo subjetivo. Se não se
provou que os acusados conheciam o fato da res ser de propriedade alheia,
não há falar em dolo e, como não há previsão de furto culposo, a
absolvição se impõe.
ACÓRDÃO
VOTO
Em síntese, é o relatório.
Para que haja dolo, não basta uma mera possibilidade de conhecer, sendo
imprescindível que haja um efetivo conhecimento dos elementos objetivos
do tipo.
Ainda que soubessem que era "errado" pescar ali, como os advertiu
Hamilton Braz Martins, irmão do acusado José Roberto, isto não impede
que tenham agido em erro de tipo, pois isto provaria tão-somente que
agiram com culpabilidade.
Aliás, como não havia qualquer placa indicativa no local, não se podia
exigir dos acusados que adivinhassem que os peixes tinham "dono".
Saber que uma conduta é "errada" não é o mesmo que saber que a conduta
é crime, isso porque nem toda conduta antijurídica é típica.
Se os acusados acreditavam que os peixes eram res nullius, não havia dolo
em sua conduta e, portanto, não há falar em crime, mas em mero ilícito
civil.
É como voto.
JUIZ ERONY DA SILVA
afc
APELAÇÃO CRIMINAL Nº 335.931-5 - 23/4/2002
PRATÁPOLIS
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EMENTA - Furto de veículo equipado com mecanismo de segurança.
Crime impossível.
Dispositivo antifurto, que impede o acionamento do motor, torna a
tentativa de furto do veículo, com o uso de chave mixa, crime impossível
por absoluta ineficácia do meio.
ACÓRDÃO
VOTO
Em síntese, é o relatório.
É como voto.
afc
APELAÇÃO CRIMINAL Nº 351.291-6 - 16/4/2002
BELO HORIZONTE
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-5-
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EMENTA - Homicídio - Trânsito - Culpa - Excesso de velocidade.
O excesso de velocidade na direção de veículo automotor é infração
administrativa para a qual é prevista pena de multa e, ainda que seja indício
de imprudência, não gera tal presunção. A culpa não se presume, pois é o
nexo subjetivo da conduta do agente com o resultado lesivo e não mero
conceito normativo que pode ser mensurado objetivamente por um
tacógrafo. Recurso provido.
ACÓRDÃO
VOTOS
Em síntese, é o relatório.
Pode até não ter sido a melhor escolha, mas certamente foi concedida ao
apelante tal oportunidade e o fato de ter sido mal orientado por seu
advogado não pode servir de argumento para a nulidade do processo no
presente ponto.
Mérito:
Em Direito Penal não pode haver presunções absolutas, pois cada caso é
um caso. O excesso de velocidade, por si só, não é sinônimo de
imprudência ou imperícia.
Admitir-se tal interpretação seria consagrar a responsabilidade penal
objetiva, pois estar-se-ia abandonando o elemento subjetivo do tipo - culpa
- em prol de um critério meramente normativo.
Se no local não havia semáforo com faixa de pedestre, mas uma passarela,
pelo princípio da confiança, é natural que o motorista julgue que os
pedestres atravessarão pela passarela e não se arriscando em uma via de
grande fluxo de veículos.
Por outro lado, é certo que, se o apelante não estivesse ultrapassando uma
carreta, conseguiria visualizar a vítima com antecedência e evitar o trágico
acidente.
Por todo exposto, dou provimento ao recurso da defesa e absolvo o
apelante das imputações da denúncia.
Custas pelo Estado.
afc
APELAÇÃO CRIMINAL Nº 350.640-5 - 9/4/2002
CONTAGEM
-8-
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Ementa - Crime de trânsito. Homicídio culposo. Transporte de torcedores
após partida de futebol. Co-culpabilidade do Estado.
Não se pode exigir de motorista de ônibus que transporta torcedores em
algazarra após grande partida de futebol que se mantenha completamente
concentrado, pois o barulho provocado pelos passageiros, certamente, lhe
desvia em muito a atenção. Se há um culpado por acidente fatal, em tais
circunstâncias, certamente é a Prefeitura e as empresas de transporte
coletivo que não realizam o transporte dos torcedores, notoriamente
barulhentos, em ônibus dotados de divisória entre a cabine do motorista e o
espaço destinado aos passageiros de forma a impedir que o excesso de
barulho desvie a atenção do motorista. A absolvição, no caso, se impõe em
razão da inexigibilidade de conduta diversa pelo motorista.
ACÓRDÃO
VOTO
A pena corporal foi substituída por duas restritivas de direitos, sendo uma
de prestação de serviços à comunidade e outra de limitação de final de
semana.
Em síntese, é o relatório.
Não é o réu que tem o ônus de provar que não agiu com culpa. Cabe à
acusação a prova de ter ele agido com imprudência, negligência ou
imperícia.
E isso, decididamente, não ficou demonstrado nos autos.
É notório que os torcedores, após a vitória de seus times, voltam para casa
comemorando nos ônibus e, muitas vezes, acabam excedendo os limites da
civilidade.
Não são raros os casos de danos aos coletivos causados por torcedores e
está provado pelos depoimentos testemunhais que, no caso dos autos, os
passageiros faziam uma verdadeira algazarra.
Não se pode condenar o réu tão-somente por ter ele excedido a velocidade
de 40 km/h recomendadas para a via, pois tratar-se-ia de uma presunção de
culpabilidade completamente inadmissível em um Estado Democrático de
Direito.
Não há um indivíduo culpado pelo acidente, mas sim, uma série de fatores
conjugados que culminaram na morte do jovem Edney.
É como voto.
afc
APELAÇÃO CRIMINAL Nº 357.615-0 - 2/4/2002
BELO HORIZONTE
-6-
-7-
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EMENTA - Provas ilícitas. Violação de domicílio. "Frutos da árvore
envenenada". Nulidade.
Somente o flagrante próprio autoriza a penetração em domicílio sem o
consentimento do morador. A entrada de policiais na residência de
suspeito, logo após a prática do delito, para a colheita de provas, constitui
arbitrariedade vedada pela Constituição, que torna inválidas as provas
colhidas. Ilícitas ainda serão todas as demais provas originárias destas,
pois, do contrário, haveria um incentivo a futuras arbitrariedades a serem
cometidas por autoridades mal preparadas.
ACÓRDÃO
Em síntese, é o relatório.
"Que ontem à noite a polícia esteve em seu barraco e não o encontrou, mas
eles pegaram as moedas;"
A testemunha Júlio Antônio Silva afirmou em juízo à f. 76:
"que no dia de ontem por volta das 22h, acompanhou José Wanderley
juntamente com a viatura da polícia militar até a residência de Paulo César,
onde encontraram debaixo do tanque de lavar roupas uma vasilha plástica
contendo grande quantidade de moedas de vinte e cinco centavos."
"a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre,
ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;"
É como voto.
afc
APELAÇÃO CRIMINAL Nº 353.834-9 - 12/3/2002
IBIÁ
-7-
-1-
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EMENTA - Princípio da insignificância. Natureza jurídica. Atipicidade da
conduta.
Pelo princípio da insignificância exclui-se a tipicidade da conduta, sendo
completamente prescindível a análise dos antecedentes do agente. Uma
conduta atípica não é crime tanto para o réu primário quanto para aquele
com extensa folha criminal.
ACÓRDÃO
VOTOS
Em síntese, é o relatório.
É como voto.
Estou de pleno acordo com o voto proferido por V. Exª. e quero registrar
que o princípio da insignificância torna, como bem disse V. Exª., o fato
atípico, pois incide como excludente do elemento estrutural da tipicidade.
De acordo.
afc
EMBARGOS DECLARATÓRIOS NA APELAÇÃO CRIMINAL
Nº 333.116-0/01
RIO NOVO 18/12/2001
-7-
EMBARGOS DECLARATÓRIOS NA APELAÇÃO CRIMINAL
Nº «embargos_num»
«comarca» «data»
-1-
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EMENTA - Princípio da Insignificância. Furto de 4 (quatro) barras de
chocolate.
A condenação a 8 (oito) meses de reclusão pelo furto de 4 (quatro) barras
de chocolate é excessiva levando-se em conta até a abominável Lei de
Talião na qual paga-se "olho por olho e dente por dente". Há uma nítida
desproporção em se punir a subtração de cada barra de chocolate com dois
meses da vida do réu. Para evitar situações jurídicas absurdas como estas,
aplica-se ao caso o princípio da insignificância.
ACÓRDÃO
Em síntese, é o relatório.
Prefiro ater-me aos efeitos da pena em si. Qual a finalidade de uma pena
como essa?
Tomando-se por base as Teorias das Penas não vejo em nenhuma delas
uma justificativa plausível para a manutenção da condenação.
Se a pena tem caráter retributivo e ainda vige a Lei de Talião na qual pune-
se "olho por olho e dente por dente", certamente há aqui um excesso, pois
um mês de vida não pode valer apenas a insignificante quantia de R$1,00
(um real).
Não vejo, no entanto, como prevenir pequenos furtos como estes com
canhões e, inegavelmente, o Direito Penal é aqui um canhão.
O certo é que penas como estas são socialmente inócuas e processos como
este só servem para assoberbar ainda mais a máquina estatal tão carente de
recursos.
Por todo o exposto, dou provimento ao recurso para absolver o réu com
base no princípio da insignificância, julgando atípica sua conduta.
É como voto.
afc
APELAÇÃO CRIMINAL Nº 350.065-2 - 18/12/2001
SÃO JOÃO DEL-REI
-7-
APELAÇÃO CRIMINAL Nº «apelacao_num» - «data»
«comarca»
-1-
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EMENTA - Nulidade. Direito ao silêncio não assegurado no interrogatório
policial.
O silêncio é garantia constitucional assegurada ao acusado e sua
efetividade não pode ser presumida, devendo constar expressamente no
termo de declarações do acusado. Nula é a sentença que se fundamenta
exclusivamente em delação do co-réu na polícia, produzida em
interrogatório no qual não lhe foi informado o direito constitucional ao
silêncio.
ACÓRDÃO
VOTO
Em síntese, é o relatório.
Conheço do recurso, presentes que estão os pressupostos para sua
admissibilidade.
"Art. 5º, LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o
de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de
advogado".
É como voto.
afc
APELAÇÃO CRIMINAL Nº 338.501-9 - 27/11/2001
JUIZ DE FORA
-7-
-8-
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EMENTA - Roubo. Princípio da insignificância. Desclassificação.
Constrangimento ilegal.
A tipicidade do delito de roubo está condicionada a lesões a bens jurídicos
distintos: o patrimônio e a liberdade individual. Não sendo a lesão
patrimonial significativa, aplica-se o Princípio da Insignificância tão-
somente em relação ao bem jurídico patrimônio, mantendo-se a
reprovabilidade da norma em relação à ofensa contra a liberdade
individual. A desclassificação do crime de roubo para constrangimento
ilegal com base no Princípio da Insignificância é, pois, corolário natural de
um Direito Penal Democrático no qual só se admite pena quando há
significativa lesão a bem jurídico penalmente tutelado.
ACÓRDÃO
VOTO
As vítimas João Bosco e José Esteves afirmaram que foram abordadas pelo
agente com o clássico "é um assalto", o que, por si só já caracteriza a grave
ameaça.
Pena e legítima defesa são, pois, meios dos quais o ordenamento jurídico
se vale para a garantia da ordem social.
O magistrado não pode ser escravo da norma, devendo tomá-la como fiel
instrumento na busca da justiça. O limite de ambos, norma e magistrado, é
a Constituição Federal.
A violência exercida tanto no caso dos autos, quanto nos exemplos citados
é exatamente a mesma. A única diferença que justifica uma maior
apenação no caso do segundo exemplo é a relevante ofensa ao patrimônio
da vítima, o que não ocorreu nem no primeiro exemplo, nem no caso ora
em análise.
A doutrina tradicionalmente classifica o roubo como crime complexo, por
ofender a dois bens jurídicos penalmente tutelados: o patrimônio e a
liberdade individual. Impossível então haver roubo se não houve ofensa ao
patrimônio da vítima.
Na interpretação das normas penais nunca se pode esquecer que todo tipo
penal para ser materialmente válido deve fundamentar-se na proteção de
um bem jurídico socialmente relevante.
Daí porque o delito subsidiário imediato dos crimes dos art. 157, 158, 213
e 214 do CP é o constrangimento ilegal e não a ameaça que, por sua vez, é
crime subsidiário imediato em relação a este (art. 146 do CP) e mediato em
relação àqueles.
No presente caso, certo é que o agente visou com sua ameaça à realização
de uma conduta por parte da vítima que a lei não a obrigava.
Também está claro que tal conduta da vítima não causou significativa
ofensa a seu patrimônio, razão pela qual forçoso é admitir-se que não
houve crime de roubo, já que este é um delito contra o patrimônio, não se
podendo configurar, pois, com a subtração de bens e valores tão
insignificantes.
Ainda que não tenha, de fato, lesado o patrimônio da vítima, sem dúvida, é
bastante reprovável o comportamento de quem busca o lucro fácil à custa
do trabalho alheio. Sua culpabilidade é, pois bastante acentuada.
É como voto.
afc
APELAÇÃO CRIMINAL Nº 329.981-8 - 27/11/2001
BELO HORIZONTE
-14-
APELAÇÃO CRIMINAL Nº «apelacao_num» - «data»
«comarca»
-1-
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EMENTA - Art. 10 da Lei 9.437/97. Armas. Crime de perigo concreto.
Condenação mantida.
ACÓRDÃO
VOTOS
Em síntese, é o relatório.
Os crimes de perigo abstrato, por sua vez, podem ser tanto de perigo
concreto como de perigo abstrato.
Por um lado, trata-se de delito de mera conduta, pois não exige resultado
fenômenico, por outro trata-se de delito de perigo concreto, pois exige
como resultado jurídico a exposição a perigo do bem jurídico vida e
integridade física da coletividade.
No caso dos presentes autos, ficou provado que não houve qualquer
exposição a perigo de lesão à vida ou à integridade física coletiva.
Custas ex vi legis.
É como voto.
Peço vênia ao ilustre Relator para divergir de seu entendimento, vez que
tenho como incabível a absolvição do apelante, em que pese o brilhante
esforço da douta defesa.
Custas ex lege.
É como voto.
afc
APELAÇÃO CRIMINAL Nº 349.626-8 - 6/11/2001
CORONEL FABRICIANO
-10-
APELAÇÃO CRIMINAL Nº «apelacao_num» - «data»
«comarca»
-3-
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EMENTA - Roubo impróprio. Não-configuração.
Tendo o furto já se consumado no momento em que o agente emprega
violência contra a pessoa a fim de assegurar a impunidade do crime ou a
detenção da coisa, a hipótese não é de roubo impróprio, mas sim de furto
seguido de lesão corporal.
Estado de necessidade. Inexigibilidade de conduta diversa. Réu que vive
em estado de penúria.
Não se pode exigir comportamento diverso de quem, vivendo em estado de
penúria, furta pequeno valor em dinheiro como forma de satisfazer suas
necessidades vitais constitucionalmente garantidas.
ACÓRDÃO
VOTO
Em síntese, é o relatório.
MÉRITO
"já retornando para sua casa deparou com um elemento estranho dando a
entender que estava vindo de sua casa; que, lá chegando não viu sua
carteira e assim suspeitou do elemento estranho que acabara de ver, saindo
assim atrás do mesmo; que próximo ao parque de exposição, disse-lhe a
vítima, que encontrou com referido elemento e pode ver que com ele
estava a carteira da citada vítima; que a vítima então se atracou com ele,
tendo referido elemento jogado a carteira fora e conseguido fugir" (f. 5,
TA).
Por outro lado, a violência exercida pelo agente contra a vítima, esta sim,
se deu em razão de uma legítima defesa.
Trata-se, pois, de conduta lícita e por ela o agente não poderá ser punido.
"O alegado estado de necessidade não passa de falácia já que, a par de não
comprovado nos autos, é desmentido pelas próprias declarações do
apelante em Juízo ao dizer que, à época do fato, trabalhava como 'bóia-
fria', o que lhe garantia a renda de trinta e seis reais por semana, quantia
que, apesar de pouca, basta para garantir a subsistência humana e, ainda, na
companhia de sua irmã que é aposentada e aufere cento e trinta reais
mensais (f. 29)."(grifos nossos)
"São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem
à melhoria de sua condição social:
(...)
IV- salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de
atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia,
alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e
previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder
aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;"
"um estado de perigo atual, para legítimos interesses, que só pode ser
afastado mediante a lesão de interesses de outrem, também
legítimos." (apud PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro:
parte geral. 2ªed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2000. p. 245)
É como voto.
afc
APELAÇÃO CRIMINAL Nº 344.146-5 - 30/10/2001
LEOPOLDINA
-12-
-13-
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EMENTA - Nulidade da sentença. Vício na fundamentação da fixação da
pena. Falta de individualização das penas.
ACÓRDÃO
Em síntese, é o relatório.
O M.M. Juiz a quo, ao justificar a fixação das penas-bases dos agentes, não
analisou isoladamente a culpabilidade de cada um dos co-réus, acarretando
inequívoco prejuízo às partes, que têm o direito constitucional de saberem
não só o porquê de sua condenação, mas também o porquê de sua apenação
não ter se limitado ao mínimo legal.
Não se trata de mero formalismo, mas de um direito que cada réu tem de
uma aplicação personalizada de sua reprimenda, mesmo porque precisa
compreender as razões de sua condenação e, mais, o porquê da quantidade
de pena fixada.
Diante de todo o exposto, solução outra não nos resta senão anular a
sentença por vício na fundamentação da fixação das penas, determinando o
retorno dos autos à comarca de origem para que outra seja proferida.
É como voto.
-6-
-7-
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EMENTA - Furto. Coisa abandonada. Res nullius. Atipicidade da conduta.
ACÓRDÃO
VOTO
Em suma, é o relatório.
Tal descrição me faz lembrar das lições de Miguel Reale aos alunos de
Introdução à Ciência do Direito:
Difícil é acreditar...
Nem se diga que tais objetos não foram vítimas de qualquer tipo de pena.
Qual outro motivo justificaria o enterro de uma motosserra avaliada em R$
250,00 (duzentos e cinqüenta reais)?
É bom frisar que todos os acusados são primários e é muito mais plausível
que se interessassem pelas ferramentas do que pelas armas e munições.
Evidentemente não pode a lei proibir que alguém se apodere do lixo alheio,
ainda que, por qualquer motivo, quem o abandonou não deseje que outrem
dele se apodere.
Parágrafo único. Volvem a não ter dono as coisas móveis, quando o seu as
abandona, com intenção de renunciá-las."
A defesa está repleta de razão. Não vejo como querer tipificar tal conduta
como crime de furto.
O fato não é típico, pois falta-lhe o elemento normativo. Os bens não eram
coisa alheia, mas sim, res nullius.
"Para efeitos penais, constitui res derelicta o objeto abandonado pelo dono
e por ele expressamente afirmado sem valor, ainda que possa ser valioso
para terceiros e ainda que deixados, por comodidade, no próprio
imóvel" (TACRIMSP - JUTACRIM 82/253).
Por fim, vale lembrar sempre o texto da nossa Carta Magna que em seu art.
5º, XXIII, afirma que:
Por todo exposto, absolvo os quatro apelantes das imputações que lhes
foram feitas, determinando ainda a devolução dos bens a seus legítimos
achadores, excetuando-se as armas e munições, salvo se comprovarem a
devida habilitação legal.
É como voto.
afc
APELAÇÃO CRIMINAL Nº 328.096-0 - 23/10/2001
PIRANGA
-6-
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EMENTA - Crime contra velho. Agravante senilidade. Impossibilidade de
presunção.
ACÓRDÃO
Em síntese, é o relatório.
É bem verdade que o réu negou tais afirmações em juízo, mas não provou
qualquer tipo de coação que justificasse o depoimento policial.
É como voto.
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EMENTA - Acidente de trânsito. Motorista profissional. Suspensão da
habilitação para dirigir. Inconstitucionalidade.
ACÓRDÃO
VOTO
Em síntese, é o relatório.
Frise-se por fim que, de fato, não haveria lógica em aplicar-se a suspensão
da habilitação para dirigir ao réu, pois se assim fosse feito estar-se-ia
negando a este o direito constitucionalmente garantido no art. 5º, XIII, da
Carta Magna ao trabalho:
-5-
-6-
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EMENTA - Indulto. Comutação. Natureza Jurídica.
ACÓRDÃO
VOTO
Em suma, é o relatório.
A palavra indulto tem origem latina no verbo indulgere, que significava ser
complacente, ceder, permitir, conceder (FERREIRA, Antônio Gomes.
Dicionário de Latim-Português Porto Editora: Porto, s/d. p. 593).
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EMENTA - Nulidade na fixação da pena. Garantia do duplo grau de
jurisdição. Princípio da instrumentalidade das formas. Princípio da
pessoalidade das penas. Antecipação do pronunciamento de mérito pelo
Tribunal. Possibilidade, se fixada a pena no mínimo legal.
ACÓRDÃO
VOTO
A versão dada pelo réu de que teria levado a bicicleta para sua casa,
pretendendo, no entanto, devolvê-la no dia seguinte não é minimamente
crível, pois como ficou sobejamente comprovado pelos depoimentos
testemunhais, este havia se desentendido com a vítima momentos antes em
um bar.
Nula seria também a sentença por não ter levado em conta a atenuante da
menoridade relativa do réu à época dos fatos, pois:
Até hoje, tinha sempre decidido pela decretação da nulidade nestes casos,
visto que a presença do prejuízo para o réu é incontestável e a simples
alteração do quantum da pena pelo Tribunal feriria diretamente a garantia
ao duplo grau de jurisdição, ainda que fosse ela fixada no mínimo legal,
pois o Ministério Público ficaria impossibilitado de recorrer, caso não
concordasse com a nova pena, por ser esta a última instância ordinária.
"não será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído
na apuração da verdade substancial ou na decisão da causa".
-11-
-12-
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EMENTA - Custas processuais. Isenção. Réu pobre. Inaplicabilidade do
art. 804 do CPP.
ACÓRDÃO
VOTO
É o breve relatório.
É bem verdade que o art. 392 do Digesto Processual Penal não prevê
expressamente a intimação do advogado nos casos em que o réu estiver
preso. Não se pode olvidar, no entanto, que o art. 5º, LV, garante a ampla
defesa do acusado e para que esta se efetive, evidentemente, é necessária a
intimação da defesa técnica.
Pelo contrário, tudo está a indicar a tipicidade de sua conduta no art. 157
do CP. O próprio réu confessou o fato na fase policial, retratando-se em
juízo, ao argumento de ter sido vítima de torturas policiais. Porém, não há
sequer indícios nos autos que indiquem a veracidade da alegação de
constrangimento para que confessasse.
"Vanderlei sem mais nem menos avançou contra o Senhor; que Vanderlei
deu uma rasteira no indivíduo, arrancou a bolsa dele e correu para dentro
do mato."
A vítima, tanto na polícia (f. 14-14v.) quanto em juízo (f. 46) foi
plenamente coerente em suas declarações. Não há como não dar-lhe
credibilidade, pois nos crimes patrimoniais as declarações da vítima
revestem-se de especial importância.
Assim, está claro que sua culpabilidade é grande, mas não se pode afirmar
que seja maior do que a da média dos agentes da conduta do art. 157 do
CP. Da mesma forma, os motivos do crime, a obtenção fácil de dinheiro, é
comum nos crimes da espécie. No mesmo raciocínio, não vejo como
qualquer outra circunstância do crime prevista no art. 59 do CP possa
ensejar um maior rigor na aplicação da pena-base, por não se afastarem do
comportamento do "criminoso médio" dos crimes da espécie, razão pela
qual reduzo-a para 4 (anos) de reclusão e 10 (dez) dias-multa.
afc
APELAÇÃO CRIMINAL Nº 332.643-8 - 19/6/2001
NOVO CRUZEIRO
-9-
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EMENTA - Roubo. Arma falsa. Inexistência de causa de aumento de pena.
Interpretação analógica. Impossibilidade.
A causa de aumento de pena do art. 157, § 2º, I, do CP, não pode ser
aplicada se o agente ameaçou a vítima com uma gaita, induzindo nesta o
falso temor de se tratar de um canivete. As normas penais são interpretadas
estritamente, não podendo o magistrado considerar arma qualquer
instrumento capaz de intimidar a vítima, por faltar ao caso circunstância de
ordem objetiva.
ACÓRDÃO
VOTO
Aduz, ainda, que o condenado é primário, pois, dos processos desta Capital
(um por uso de maconha e outros dois por furto), somente existe a
condenação ora guerreada e, nos processos de Betim (por direção de
motocicleta sem habilitação) não houve condenação, mas sim um acordo
com o Ministério Público para pagamento de multa, que foi cumprido.
É o relatório.
Por outro lado, a defesa demonstrou nos autos pelos documentos (f. 152-
166) que anexou às suas razões recursais que, de fato, o réu é primário.
É como voto.
afc
APELAÇÃO CRIMINAL Nº 325.346-3 - 5/6/2001
BELO HORIZONTE
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EMENTA: Reformatio in pejus indireta. Prescrição retroativa.
ACÓRDÃO
VOTOS
Em suma, é o relatório.
Conheço do recurso.
Não há, pois, qualquer razão que obrigue o juiz a manifestar-se sobre a
autoria e materialidade do delito, quando prescrita a pretensão punitiva
estatal, podendo fazê-lo exclusivamente nos casos de absolvição se, e
somente se, julgar necessário.
Por todo o exposto, nego provimento ao recurso.
É como voto.
Sr. Presidente, queria registrar que, na sessão passada, ouvi com muita
atenção a sustentação oral brilhante, levada a efeito pelo Dr. Luís Carlos
Parreiras Abritta que, como sempre abrilhantou a tribuna desta sessão de
julgamento com o fulgor de sua inteligência, já reconhecida hoje nos meios
do Direito Penal, em nosso Estado.
A tese levantada pelo Dr. Luís Carlos Parreiras Abritta leva em conta,
muito, hoje, a chamada tendência da vitimologia no processo penal, só que,
até em discussão na sessão que tivemos do encontro dos juízes do Tribunal
de Alçada, na terça-feira passada, nós, juízes aqui do Tribunal, presentes
àquele encontro, colocamo-nos absolutamente contrários a essa inserção da
vitimologia dentro do Processo Penal. Nós entendemos que o Direito Penal
tem uma função que é a proteção de bens jurídicos selecionados pelo
legislador Penal. E o Processo Penal tem a função de levar a cabo uma
resposta ou de condenação, ou de absolvição. Nada mais do que isso, e
que, se o legislador quiser, ele introduz na legislação alguns dispositivos
que nos permitam atender esse aspecto da vítima. Por exemplo, introduziu
a prestação pecuniária, no art. 45, § 1º, que é um dispositivo que leva em
conta, evidentemente, a situação da vítima no processo penal, porque o
agente é condenado a pagar à vítima, ou a seus dependentes um valor que
pode ser de um a trezentos e sessenta salários mínimos.
Pela ordem.
Estou dando essa explicação porque o meu voto aponta, também, nessa
direção.
afc
APELAÇÃO CRIMINAL Nº 324.370-5 - 5/6/2001
BELO HORIZONTE
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