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I Encontro Regional

ABREM Centro-Oeste

CADERNO
DE
RESUMOS
Apoio:

11 a 13 de agosto de 2010
Universidade Federal de Mato Grosso
PROGRAMAÇÃO GERAL A construção da verdade jurídica: a justiça do
processo inquisitorial (séc. XIV-XVIII)
Alécio Nunes Fernandes (UnB)

11 DE AGOSTO (QUARTA-FEIRA)
19:30
Conferência de Abertura:
09:00 - 11:30 "Diálogos dos Estudos Medievais no Brasil”
Credenciamento Dra. Maria do Amparo Maleval (UERJ)

14:00 – 17:30
I Sessão de Comunicações Coordenadas: 12 DE AGOSTO (QUINTA-FEIRA)
“Igreja e Historiografia”

Coulanges & Glotz: uma revisão historiográfica sobre 09:00 - 11:30


a cidade Mesa Redonda:
Joabson Xavier Pena (UFMT) “Texto e Normatividade na Baixa Idade Média”

Da norma ao exemplo: a construção da autoridade A reconquista de Sigüenza e o bispado de Bernardo


espiritual de Fonte Avellana na obra de Pedro de Agén (1121-1152): reflexões sobre a atuação
Damiano guerreira dos bispos na Península Ibérica
Ms. Claudia Regina Bovo (UFMT) MS. Bruno Álvaro (UFS)

A virgindade como ideal de perfeição na Legenda A Transcrição de Textos Antigos: um interessante


Áurea caso no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende
Juliana Martins (UFG) MS. Geraldo Augusto Fernandes (USP)

O imperativo do medo: as práticas mágicas e a Da arte de ler de Hugo de São Vítor – Regras de
Inquisição leitura enquanto normas de vida
Débora Cristina do Santos Ferreira Dra. Maria Simone Marinho Nogueira (UEPB)
14:00 – 17:30 Entre cultura clássica e monaquismo medieval: o
II Sessão de Comunicações Coordenadas: lugar de João Cassiano
“Realeza Portuguesa Medieval” Profa. Dra. Rossana Pinheiro (UFAL)

As Políticas de Povoamento e Defesa: as concessões O monacato erudito jeronimiano: o caso do Círculo


de forais e a criação de concelhos do Aventino
Dr. Flávio Ferreira Paes Filho (UFMT) Dr. Marcus Cruz (UFMT)

D. Dinis e o Processo de Pacificação Temporal com o


Poder Eclesiástico através da Concordata de 40
Artigos de 1289 13 DE AGOSTO (SEXTA-FEIRA)
Láisson Menezes (UFG)

O Contexto Europeu e Sua Influência Sobre Portugal 09:00 - 11:30


Durante o Governo de D. Fernando (1367- 1383): Mesa Redonda:
As Guerras, a Peste e o Cisma. “Instituições e Poder no Mediterrâneo Medieval”
Dr. Renata Cristina S. Nascimento (UFG)
Instituições em sociedade: problemas de história e de
As Tomadias em Portugal durante o Govenro de D. historiografia (séc. XII-XV)
Afonso (1448-1481). Dra. Filomena Coelho (UNB)
Lílian & Lorena (UFG)
Gênero, adultério e monarquia: algumas
O Ideal da Nobreza em Portugal e o Fortalecimento considerações sobre uma “política de esquecimento”
de seus Privilégios durante o Governo de D. Afonso V Dr. Marcelo Pereira Lima (UFRJ)
(1448-1481)
Rodrigo Vilela de Carvalho (UFG) Eternum Periculum Dampnationis: a ordem jurídica
papal e a eclesiologia cristã sob o pontificado de
Gregório VII (1073-1085)
19:30 Dr. Leandro Duarte Rust (UFMT)
Mesa Redonda:
“Cultura Clássica e Monasticismo Medieval”
19:30
13:00 - 14h30 Conferência de Encerramento:
Assembléia Geral “Alguns aspectos relativos às aproximações entre a
História e a Filosofia: práticas medievais”
Prof. Dr. José Antonio Camargo de Souza (UFG)
15:00 – 18:30
III Sessão de Comunicações Coordenadas:
“Sociedade Ibérica Medieval”

SÃO FRANCISCO ASSIS: Um Espelho de Obediência,


Humildade e Pobreza para Álvaro Pais (1279-1349)
Dra. Armênia Maria de Souza (UFG)

A Justiça e a Produção do Direito em Castela no


século XV
Dra. Adriana Vidotte

As Relações Cotidianas entre Judeus e Cristãos em


Portugal durante os Reinados de D. Dinis e D. Afonso
IV
Cleusa Teixeira de Souza (UFG)

Do Livro de Receitas da Infanta D. Maria de Portugal


para o Cotidiano Português Medieval
Diêgo Oliveira Soares (UFG)

Os pobres de Cristo: os órfãos em Portugal no século


XV
João Bosco Ferreira Brandão (UFG)
RESUMOS BOVO, Cláudia Regina
MESAS-REDONDAS E COMUNICAÇÕES Universidade Federal do Mato Grosso

Da norma ao exemplo: a construção da autoridade


espiritual de Fonte Avellana na obra de Pedro
Damiano
A autoridade entendida como domínio do conhecimento e da
memória sobre as origens subsistiu enquanto concepção para
a Idade Média. Os autores medievais, apropriaram-se dessa
ÁLVARO, Bruno Gonçalves; significação, concebendo a autoridade como a interpretação
Universidade Federal de Sergipe válida, verdadeira e correta dos textos considerados
reveladores das palavras do primeiro e grande autor, Deus.
A reconquista de Sigüenza e o bispado de Bernardo Segundo Larry Scanlon, a progressiva hegemonia dos
de Agén (1121-1152): reflexões sobre a atuação eclesiásticos sobre o domínio da escrita latina e sobre a
guerreira dos bispos na Península Ibérica manipulação do texto sagrado permitiu que sua autoridade se
pautasse em dois aspectos centrais: a possibilidade de
redefinir o passado, promovendo a identidade entre ele e o
A farta documentação diplomática da diocese de Sigüenza,
presente; e o controle sobre a interpretação e a disseminação
entre o segundo decênio do século XII e fins do século XIII,
das Sagradas Escrituras. Ambos aspectos encontram-se
nos possibilita analisar diversos aspectos do episcopado
presentes nos escritos de Pedro Damiano (1007-1072) sobre
seguntino, dentre os quais, àqueles que mais nos chamaram
o eremitério de Fonte Avellana. Nesse sentido, nos endagamos
atenção até o momento: a atuação guerreira de alguns dos
sobre quais eram os objetivos da promoção do modo de vida
seus bispos frente aos embates contra os muçulmanos na
desse lugar, que figura como importante perpetuador das
Península Ibérica e suas relações com a coroa de Castela.
regras de clausura e obediência originárias de Camaldoli.
Nosso objetivo neste breve trabalho será analisar
Para além disso, podemos nos interrogar sobre o quanto essa
especificamente o bispado de Bernardo de Agén, que liderou a
prática de registrar, armazenar e divulgar a obra dessa
reconquista de Sigüenza e empreendeu a restauração de sua
comunidade estava vinculada à uma preocupação ainda
diocese, e por quais motivos as práticas militares e
maior: estabelecer o lugar dessa nova célula cristã num
eclesiásticas deste bispo se confundem no decorrer do seu
ambiente sócio-político mais vasto.
pontificado.
Palavras-chave: autoridade, eremitismo, Fonte Avellana
Palavras-chave: Idade Média Central; Diocese de Sigüenza;
Práticas Militares e Eclesiásticas
BRANDÃO, João Bosco Ferreira CARVALHO, Rodrigo Vilela de
Universidade Federal de Goiás Universidade Federal de Goiás

Os pobres de Cristo: os órfãos em Portugal no século O Ideal da Nobreza em Portugal e o Fortalecimento


XV de seus Privilégios durante o Governo de D. Afonso V
(1448-1481)
Imaginário, sensibilidades e cotidiano são palavras que hoje
fazem parte do estudo da história e do dia-a-dia de seus D. Afonso V, nascido em 1432 na região de Sintra em
pesquisadores. Gestos, idéias e relações que atingiam não Portugal veio tornar - se rei em 1448, quando do falecimento
somente os poderosos, mas também os indivíduos anônimos. de seu pai D. Duarte em 1438. D. Afonso V não pôde assumir
Grandes autores da História Cultural como Norbert Elias e o trono devido sua menoridade e segundo o testamento de seu
Bakhtin abriram caminho para as pesquisas voltadas para o pai a regência passa a rainha viúva dona Leonor
cotidiano e as vozes silenciadas dos pobres. Dentro desta permanecendo até 1440, mas por diversas convergências
categoria temos os órfãos. Em Portugal, no século XV a contra ela abandona o reinado e o irmão de D. Duarte o
questão da orfandade foi tratada tanto pelas “Cortes” como infante D. Pedro assume a regência ficando até 1448. D.
por um conjunto de leis denominado “Ordenações Afonso V em 1446 atinge a maioridade, mas por conselho da
Afonsinas”. As Cortes eram momentos em que representantes corte permite que seu tio fique até 1448 e neste ano o infante
do clero, da nobreza e do povo encontravam-se com o é obrigado a licenciar-se do trono e ir para seu ducado, com
monarca para discutir possíveis soluções para problemas seu licenciamento pensa numa disputa com o sobrinho para
cotidianos. Muitas reivindicações das Cortes acabaram por retomar o poder. D. Afonso V com apoio de seus súditos
fazer parte de um compêndio que se tornaria o primeiro assume o reinado em 1448. O infante D. Pedro no ano
código de leis portuguesas: as Ordenações Afonsinas. Este seguinte com seu exército trava uma disputa com o sobrinho
código trata entre vários assuntos, dos cuidados jurídicos a na famosa batalha de Alfarrobeira. Assim, o infante D. Pedro
serem dispensados com estes desvalidos. Mas o tratamento é derrotado e morto. A proposta desta pesquisa tem por
dispensado aos órfãos, como a outras classes desfavorecidas, finalidade relatar os abusos e privilégios da nobreza medieval
vai além do âmbito legal, atingindo as esferas espirituais dos portuguesa no governo afonsino, que juntamente com o rei,
portugueses que viam na caridade, uma chance de se contribuía em seus negócios do reino, tentando observar a
aproximar mais da salvação divina. forte permanência de valores medievais em uma época de
expansão marítima e de transição para a modernidade.
Palavras-chave: Órfãos; Portugal; Ordenações Afonsinas
Palavras chave: Ordenações; Crônicas; Nobreza.
como uma perda do vigor espiritual dos primeiros tempos da
COELHO, Maria Filomena. comunidade cristã, bem como uma crítica a progressiva
Universidade de Brasília inserção da Igreja no seculum. Entende-se assim que uma das
propostas centrais do monaquismo tenha sido o afastamento
da sociedade e a busca pelo deserto, pela solidão e pelo
Instituições em sociedade: problemas de história e de ascetismo. A opção monacal angariou, muito rapidamente ao
historiografia (séc. XII-XV) longo do IV século, um expressivo apoio junto aos cristãos,
transformando-se em um dos modelos de vida preferenciais
Esta comunicação pretende fazer um balanço sobre da comunidade cristã. No entanto, o sucesso do movimento
três pesquisas já concluídas, no âmbito das instituições e do monástico trouxe consigo um conjunto de modificações as
poder na Península Ibérica, entre os séculos XII e XV. Os concepções monacais primevas. Neste trabalho nosso objetivo
objetos de estudo, mosteiros, inquirições régias e arras é discutir as concepções monásticas de Jerônimo
matrimoniais são instituições suficientemente diversas para especialmente aquelas referentes ao Círculo do Aventino.
permitir uma análise problematizadora no que se refere à
forma como os historiadores têm estudado a vida jurídica da Palavras-chave: Monasticismo; Jerônimo; Círculo do
sociedade medieval ibérica cristã. As interpretações de caráter Aventino.
nominalista e/ou formalista precisam ser redimensionadas e
até mesmo confrontadas com os documentos, que permitem
captar as diferentes maneiras de se instituir a vida jurídica na
Idade Média.

Palavras-Chave: instituições, poder, historiografia FERNANDES, Alécio Nunes.


Universidade de Brasília

A construção da verdade jurídica: a justiça do


processo inquisitorial (séc. XIV-XVIII)
Neste artigo, será analisado o discurso institucional propalado
CRUZ, Marcus Silva da pela Inquisição, acerca de como se deveriam conduzir,
Universidade Federal do Mato Grosso idealmente, as práticas de justiça no combate à heresia e
demais crimes da alçada do Santo Ofício português, a partir
O monacato erudito jeronimiano: o caso do Círculo de sua própria perspectiva. Com base nessa análise
discursiva, o objetivo é compreender como se construía a
do Aventino verdade jurídica que legitimava o processo inquisitorial.
Legitimidade esta perseguida pelos inquisidores tanto ou mais
O movimento monástico, em seus primórdios, configura-se que a própria heresia. As fontes primárias selecionadas – o
como uma reação de grupos laicos ao que era percebido Directorium Inquisitorum e os Regimentos do Santo Ofício
português – serão analisadas numa perspectiva de longa Universidade Federal de Mato Grosso
duração, como longo é o recorte temporal coberto por elas, de
modo a perceber continuidades, rupturas e inovações nas O imperativo do medo: as práticas mágicas e a
práticas inquisitoriais e no discurso da instituição.
Palavras-Chave: Discurso; Inquisição; Ordem jurídica Inquisição
O presente trabalho é fruto da pesquisa, ainda em curso, a
respeito das práticas mágicas e da repressão das mesmas.
Pretendemos discutir os elementos que forjaram o estereotipo
dos praticantes mágicos e que justificariam as perseguições. O
medo era o principal sentimento. Temerosos pelo Juízo Final,
FERNANDES, Geraldo Augusto e a ameaça de que a salvação da Cristandade poderia estar
Universidade de São Paulo comprometida pelas ações maléfica s atribuídas,
principalmente, às mulheres, estas também causavam o
A Transcrição de Textos Antigos: um interessante medo, assim como Eva, elas seriam portadoras do pecado e
mais facilmente seduzíveis pelo Diabo. Os medos levaram a
caso no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende perseguição da Inquisição, que ao queimá-las purificava a
Cristandade.
De acordo com Helena Marques Dias e Ivo Castro, o
Cancionero Geral de Garcia de Resende teria tido pelo menos Palavras-chave: Medo; Práticas mágicas; Inquisição.
dois compositores tipográficos à época de sua publicação,
1516. Tomando como exemplo um poema labiríntico de
Fernão da Silveira, poeta palaciano, ao qual os dois estudiosos
também se dedicaram, pretendo mostrar como a opção por
uma transcrição crítica que, de certa forma, se distancia da
composição original, pode desvirtuar a forma e a intenção
pretendidas pelo poeta-primeiro. Para isso, valho-me da LIMA, Lilian de Paula
transcrição princeps e das edições críticas do mesmo poema,
uma esparsa de palavras, tirado ao Cancioneiro resendiano. SILVA, Lorena Borges
Na edição de 1973 e 1998 da mesma peça, Aida Fernanda Universidade Federal de Goiás
Dias e Julião da Costa Pimpão optaram por uma transcrição
que foge da proposta do poeta palaciano. As Tomadias em Portugal durante o Reinado de D.
Afonso V (1448-1481)
Palavras-chave: Cancioneiro Geral; transcrição de textos;
leitura do original; Entre os numerosos abusos dos quais as camadas populares
na idade média, e, de forma especial os trabalhadores do
campo foram alvo em Portugal estão as tomadias. Estas
FERREIRA, Débora Cristina dos Santos usurpações arbitrárias atingiam diretamente os pobres, sendo
as mais sentidas e odiadas por eles. Originariamente o termo historiografia contemporânea relacionada às realezas baixo-
tomadias compreendia um direito que assistia aos reis e medievais, em geral, e à monarquia afonsina, em particular.
senhores feudais de tomar mantimentos e roupas de seus Dentro disso, convém ainda ressaltar que discutiremos
vassalos, enfiteutas e colonos. O ato de tomar aos povos era algumas tendências historiográficas acerca das conexões
prática inclusive de reis e infantes, mas quando também os entre o direito e adultério medievais, relacionando-as com os
nobres alegavam para si tal direito o clamor era ainda maior. trabalhos dedicados ao período de governo de Afonso X, rei
Esta comunicação visa analisar as reclamações feitas pela de Leão e Castela (1252-1284). Os objetivos principais são: a)
população, a partir dos estudos de fontes como As Cortes enfatizar os assuntos investigados; b) formular críticas gerais
Medievais Portuguesas(1385-1490), entre outras. às lacunas na escrita da História, à luz dos Estudos de Gênero;
c) situar o lugar específico que nossa investigação ocupa no
Palavras-chave: Portugal; D. Afonso V; Nobreza portuguesa. universo móvel do medievalismo dedicado à História
Institucional do século XIII.

Palavras-chave: História do Direito, Alfonso X e Gênero.

LIMA, Marcelo Pereira


Universidade Federal do Rio de Janeiro

Gênero, adultério e monarquia: algumas MENEZES, Láisson


considerações sobre uma “política de esquecimento” Universidade Federal de Goiás

Nas últimas três décadas, as diversas orientações da crítica D. Dinis e o Processo de Pacificação Temporal com o
feminista têm demonstrado o quão estereotipado fora a Poder Eclesiástico através da Concordata de 40
chamada “boa ciência”, considerada unilateralmente objetiva Artigos de 1289
e neutra, em contraste com a “má ciência”, por vezes,
subjetiva e confundida com o seu objeto de investigação. Esse Durante a Idade Média, como sabemos, o ocidente europeu
questionamento contribuiu para salientar que a esfera foi marcado por uma grande influência da Igreja, tanto no
científica não é e nunca fora um fenômeno ahistórico: ela é campo espiritual como no campo sócio-político. E em
também, por assim dizer, um fenômeno social marcado pelo Portugal essa situação não foi diferente, a Igreja também foi
tempo. De forma particular, porém, não de maneira bastante influente nas relações políticas, econômicas e sociais.
exclusiva, os Estudos de Gênero têm apontado que o campo Este trabalho tem como objetivo discutir o processo de
da ciência num só tempo, ou em momentos diferentes, sofre pacificação entre a coroa, a nobreza e o clero, na sociedade
intervenções “genderizadas”, étnicas, éticas, filosóficas, sócio- medieval portuguesa. Vamos discutir esse processo de
econômicas, sócio-culturais, políticas e, por tudo isso, pacificação no reinado de D. Dinis, pois este foi, de fato, o
históricas. Assim, nossa apresentação tem como meta central monarca que conseguiu amenizar as querelas que havia entre
traçar as linhas gerais sobre as temáticas pesquisadas pela essas ordens, estabelecendo assim um clima de paz no reino
português. D. Dinis governou Portugal de 1279 a 1325, e seu NOGUEIRA, Maria Simone Marinho
reinado foi caracterizado por dar prosseguimento à política Universidade Estadual da Paraíba
de consolidação e centralização do poder monárquico
iniciada por seu pai D. Afonso III. A pacificação do clero,
realizou por três concordatas, duas de 1289, uma de 11 e Da arte de ler de Hugo de São Vítor – Regras de
outra de 40 artigos, respectivamente, e uma terceira de 1309 leitura enquanto normas de vida
de 22 artigos. Vamos utilizar neste trabalho apenas a
concordata de 40 artigos, estabelecida entre a Coroa O século XII pode ser visto como um momento extremamente
portuguesa e a Santa Sé, entre os anos de 1288 a 1292. representativo de uma cultura intelectual que se desenvolve,
Metodologicamente, procederemos com uma análise da simultaneamente, em dois tipos de Escola: a “Escola
referida concordata, verificando quais os assuntos abordados Monástica”, que se guiava por um ideal de contemplação,
e a importância que a mesma teve para o processo de percorrido em silêncio e no afastamento das cidades; e a
pacificação. “Escola Catedral” que se fixou no centro das cidades, em
torno das catedrais, e que, apesar de não desmerecer o ideal
Palavras-chave: Idade Média; Portugal; Igreja. contemplativo, incluía nas suas reflexões os diversos tipos de
saberes (as artes liberais), consciente de que o estudo desses
era um caminho para a verdadeira sabedoria. Nesse segundo
tipo, destaca-se a Escola de São Vítor, instalada em Paris, que
teve como grande mestre, Hugo, autor de uma vasta obra, da
qual se sobressai o Didascálicon – Da arte de ler, um
NASCIMENTO, Renata Cristina S. verdadeiro currículo dos estudos medievais. Composto de
seis livros, divididos em duas partes, conforme escreve o
Universidade Federal de Goiás próprio Hugo no Prefácio: a primeira dá instruções ao leitor
sobre as artes e a segunda sobre os livros divinos, ambas
O Contexto Europeu e Sua Influência Sobre Portugal procuram prescrever aos leitores uma disciplina de vida. É
Durante o Governo de D. Fernando (1367- 1383): apoiando-se nessa ideia que o texto Vitorino apresenta a
As Guerras, a Peste e o Cisma. regra da humildade como pressuposto de todo saber. Neste
sentido, no presente trabalho, procura-se fazer uma reflexão
O objeto desta comunicação é analisar, com base nas fontes sobre algumas normas estabelecidas em Da arte de ler,
da época, os principais problemas enfrentados pelos objetivando mostrar que essas ultrapassam a ideia de uma
portugueses durante a crise do século XIV, problemas estes mera normatividade e se revestem, por sua vez, de uma
que se inserem num contexto mais amplo de guerras, verdadeira disciplina moral.
epidemias e do Cisma do Ocidente, responsável pela divisão
da Igreja Católica Romana sob a autoridade de dois papas. Palavras-chave: Leitura; Regras; Disciplina moral.

Palavras- Chave: Crise; Peste; Guerras


OLIVEIRA, Diêgo Soares de borgonha. Assim comentamos esse costume até o reinado de
Universidade Federal de Goiás D. Dinis (1279-1325). Esses instrumentos jurídicos visavam,
particularmente, prender o homem a terra. A seguir
comentamos a divisão político-administrtiva do reino
Do Livro de Receitas da Infanta D. Maria de Portugal português e, ainda, caracetiramos os Concelhos.O termo
para o Cotidiano Português Medieval concelho vem da palavra Concilium, significando concelho,
reunião ou assembléia. O Concelho era a forma como as
A alimentação medieval portuguesa foi rica em quantidades comunidades locais se organizavam, geralmente, após a
de pratos de carne, mas em certas épocas do ano o consumo concessão, pelo monarca, da Carta de Foral.
de carnes era menor dada às crises na agricultura, por
exemplo. A única carne que se consumia o ano inteiro era o Palavras-chave: Carta Foral; Concelho; D. Afonso III– D. Dinis
porco. Além de fácil criação em relação aos demais animais
consumidos, pois o porco sobrevivia das sobras dos alimentos,
ainda do porco se aproveitava tudo. A carne de galinha era
muito apreciada, bem como as de animais de caça como o
coelho, algumas vezes carne de vaca (o animal servia mais
para produzir leite e no arado). O peixe representando o PENA, Joabson Xavier
alimento em épocas de abstinências. Além disso, como Universidade Federal de Mato Grosso
aparece nas receitas, as carnes eram temperadas com
especiarias: açafrão, pimenta, gengibre, etc. As massas para Coulanges & Glotz: uma revisão historiográfica sobre
fazer os pastéis. Enfim, a culinária portuguesa apresentou-nos a cidade
através das receitas um cotidiano de signos e significados.
Notável fabricação do intelecto humano e da práxis humanas
Palavras-chave: Alimentação; Portugal Medieval; Cotidiano na sua capacidade de interação com o meio ambiente e sendo
uma realidade muito antiga, a cidade, se localiza no princípio
daquilo que estabelecemos como os indícios do alvorecer da
civilização humana. A moderna reflexão sobre a cidade como
forma particular de organização social se dá no século XIX,
PAES FILHO, Flávio Ferreira sendo que dois historiadores em particular se tornam em
Universidade Federal de Mato Grosso importantes referências para o estudo desse fenômeno
urbano: Coulanges e Glotz. Esta comunicação tem como
propósito fazer uma discussão historiográfica, apontando e
As Políticas de Povoamento e Defesa: as concessões analisando as principais balizas que levaram ao surgimento e
de forais e a criação de concelhos desenvolvimento da cidade na Antiguidade.

Neste artigo analisamos, rapidamente, as Cartas Forais Palavras-chave: Cidade; historiografia; Fustel de
outorgadas pelos monarcas portugueses da dinastia de Coulanges/Gustv Glotz
PINHEIRO, Rossana Alves Baptista RUST, Leandro Duarte
Universidade Federal de Alagoas Universidade Federal de Mato Grosso

Entre cultura clássica e monaquismo medieval: o Eternum Periculum Dampnationis: a ordem jurídica
lugar de João Cassiano papal e a eclesiologia cristã sob o pontificado de
Gregório VII (1073-1085)
O primeiro período da filosofia cristã, a Patrística, é
considerado aquele de diálogo entre a religião cristã em Muita tinta já foi derramada pelos historiadores para retocar
ascensão e a tradição filosófica clássica para a composição da os contornos do século XI como cenário de uma “Revolução”
filosofia cristã, concebida por seus construtores como “a” na trajetória histórica ocidental. Em grande medida, tratava-
verdadeira filosofia. Devemos levar em consideração, ainda, se do vasto empenho coletivo para demonstrar a pertinência
que os defensores do cristianismo, seja como religião, seja de uma premissa crucial para Ciências Humanas: a idéia de
como filosofia, consideravam o monaquismo o modo de vida que naquele século aspectos definidores da Modernidade
cristão mais perfeito e sublime devido à prática da ascese e do Ocidental emergiram na senda histórica. Este teria sido um
exame de consciência que lhe era característica. Neste período decisivo, em especial, para a progressiva criação de
sentido, cabia aos monges o papel de continuadores da organizações políticas mais coesas e regimes de governo mais
perspectiva filosófica antiga, que compreendia a união entre duradouros e coercitivos. Uma imensa parcela deste esforço
teoria e prática, bem como o desenvolvimento de técnicas de historiográfico encontrou no Papado medieval o protagonista
conhecimento de si e de controle dos pensamentos. Nossa destas transformações. É fácil se deparar com estudos cuja
contribuição para a mesa redonda Cultura clássica e ênfase recai justamente em atribuir à Sé Pontifícia governada
monasticismo medieval estará voltada para a reflexão do por Gregório VII e seus sucessores o posto de expoente de um
lugar de João Cassiano, um dos principais teóricos do contínuo e longevo processo de racionalização, centralização
monaquismo ocidental, como continuador e divulgador da e burocratização das relações de poder. Processo que teria se
perspectiva filosófica clássica a partir de sua defesa da união materializado na reformulação da ordem jurídica reinante
entre contemplação e prática. Todavia, sua preocupação com sobre a eclesiologia cristã; que teria sido, a partir de então,
a institucionalização monástica também resultou em uma irrevogavelmente dotada dos alicerces de um predomínio da
ruptura definitiva com o que fora pregado pela Patrística lei escrita e de um ordenamento normativo textual. É extensa
Grega e pelos estóicos, sobretudo naquilo que dizia respeito à a lista de especialistas cujas obras confluíram para a imagem
teoria do domínio e cuidado de si. de uma Igreja cristã caminhando a passos largos no século XI
para se tornar a “monarquia papal”: uma teia de poderes
Palavras-chave: João Cassiano; Monaquismo; Filosofia eclesiásticos dispostos em um arranjo institucional piramidal
Clássica. graças a uma vida religiosa crescentemente regida pelas
“normas canônicas”. O propósito desta comunicação consiste
em propor uma revisão crítica deste olhar costumeiro. Para
isso, destacamos especial atenção a uma instância jurídica de
grande relevância na institucionalização do poder papal e
que coloca em xeque alas inteiras da historiografia do direito
canônico: a personalização das ações decisórias no bojo da registro fundamental da estrutura mental a par do real e do
vida política do Papado medieval. simbólico, constituindo o registro da ilusão e da identificação.

Palavras-Chave: Papado Medieval; Direito Canônico; Palavras-chave: Legenda Áurea; Virgindade; Imaginário.
Eclesiologia.

SOUZA, Armênia Maria de.


SILVA, Juliana Martins Universidade Federal de Goiás
Universidade Federal de Goiás
São Francisco de Assis: Um espelho de obediência,
A Virgindade como Ideal de Perfeição na Legenda humildade e pobreza para Álvaro Pais (1279-1349).
Áurea
Neste texto pretendemos discutir a concepção de um austero
frade franciscano em relação a um dos maiores ícones da
A palavra virgindade designava primeiramente a mulher religião cristã medieval: Francisco de Assis (1182-1226).
jovem que havia chegado à maturidade; na antiguidade cristã Nosso objeto de análise refere-se à proposta de um modelo de
passou por uma restrição, sendo ligada à integridade conduta ética para os frades franciscanos e o clero em geral a
corporal. Assim, a importância das virgens cresceu com o partir da ótica de D. Álvaro Pais, importante pensador da
aumento das tendências ascéticas no cristianismo. Desse primeira metade do século XIV, jurista canônico e bispo da
modo, no século XIII momento no qual é escrito a obra Diocese de Silves (1333-1347). Para frei Álvaro o cerne da
Legenda Áurea do dominicano Jacopo de Varazze, uma das vida religiosa consistia na obediência à hierarquia
virtudes mais recomendadas às mulheres será a virgindade. A eclesiástica, e por isso escreveu o Estado e pranto da Igreja,
indagação é: por que a virgindade esteve, durante o século uma de suas mais importantes obras sobre o estado em que se
XIII, cada vez mais associada à condição de superioridade encontrava a cristandade à sua época, no qual relatou
dentre as demais condições femininas e por que a veneração especialmente os maus costumes dos clérigos seculares e
desse seleto grupo de mulheres contribuiu para se formar a regulares, bem como dos frades franciscanos pertencentes a
imagem feminina perfeita para os religiosos naquele século. Ordem dos Frades Menores, que haviam se afastado dos votos
Sendo assim o objetivo do trabalho é verificar a importância de obediência, pobreza e castidade e que por isso colocavam
dos relatos dessas santas nas prédicas e nos tratados morais em risco não só a Igreja e a sua reputação, mas também a
destinados às mulheres, que se multiplicam a partir dos desagregação da Ordem Franciscana.
séculos XII e XIII. Metodologicamente, a pesquisa se baseia
em uma discussão acerca do imaginário como uma dimensão Palavras-chave: Francisco de Assis, Obediência, Pobreza
de fantasia ainda que abrindo para a noção de ilusório. Um Evangélica, Álvaro Pais
VIDOTTE, Adriana
SOUZA, Cleusa Teixeira de. Universidade Federal de Goiás
Universidade Federal de Goiás
A Justiça e a Produção do Direito em Castela no
As Relações Cotidianas entre Judeus e Cristãos em século XV
Portugal durante os Reinados de D. Dinis e D. Afonso
IV O reinado dos Reis Católicos – Fernando de Aragão e Isabel
de Castela – (1474-1504) é apresentado nos textos da época
Este trabalho tem por objetivo suscitar uma reflexão sobre as como um período de paz e justiça em Castela. Isto nos
relações de poder, bem como as estratégias adotadas pelos reis possibilita questionar sobre as implicações, para o direito, da
D. Dinis (1279-1325) e D. Afonso IV (1325-1357) em organização de um reino em uma era de transição. Propomos
relação aos Judeus. Observando que os primeiros adotavam verificar o que caracteriza a passagem de um direito medieval
medidas jurídico-políticas e administrativas, na tentativa de para um direito moderno, e quais os elementos que indicam
organizar o reino, afirmar o poder e estabelecer a paz, essa transição no governo dos Reis Católicos. Enfatizamos
enquanto os judeus adotavam práticas que lhes favoreciam na duas prerrogativas principais, uma de tradição medieval, a de
própria sobrevivência em território português. Para tanto, nos juiz, e outra de caráter moderno, a legislativa, que se
pautaremos na análise do poder medieval em Portugal nos encerram na figuras de Fernando e Isabel.
referidos reinados, tomando como base igualmente o conceito
de cotidiano, dado por Michel de Certeau, ao afirmar que Palavras chave: Justiça, direito, monarquia, Reis Católicos.
cotidiano é aquilo que nos é dado a cada dia, que nos
pressiona e nos oprime. Buscaremos, portanto, identificar o
que havia por trás das ações dos judeus com os cristãos e
vice-versa, tentando ainda visualizar as pretensões de D.
Dinis e D. Afonso IV nas estratégias adotadas em relação às
medidas legislativas diante das ocorrências cotidianas ou
questões jurídicas que envolviam os judeus e os cristãos.

Palavras-Chave: Portugal Medieval; Judeus; D. Dinis-D.


AfonsoIV

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