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VASOCONSTRITORES EM

ANESTESIA LOCAL
Dor e Anestesia Dezembro de 2015
Porquê utilizar Vasoconstrictores
em Anestesia Local? I

Anestésico Local

Vasodilatação local

Aumenta o fluxo sanguíneo


Diminui a duração Aumenta o risco Aumenta as
de acção do A.L. de toxicidade perdas hemáticas
Porquê utilizar Vasoconstrictores
em Anestesia Local? II

Anestésico Local + Vasoconstritor

Vasoconstrição local

Diminui o fluxo sanguíneo


Aumenta a duração Diminui o risco de Diminui as perdas
de ação do A.L. toxicidade hemáticas
Facilita a
entrada de
AL na fibra
nervosa

Anestesia
de melhor
qualidade
Acção
Nociceptiva
Directa
Na prática…
Mas nem todos os A.L. beneficiam
da adição de vasoconstritor
—  Kopacz et al 1990

Bupivacaína a 0,25% aumenta o fluxo


sanguíneo em 90%

Ropivacaína a 0,25% e 0,75% diminui o


fluxo sanguíneo em 52%
Sistema Adrenérgico I

RECEPTOR ORGÃO RESPOSTA


β1 Coração Aumento da FC e
contractilidade
β2 Vasos sanguíneos Dilatação
α1 Vasos sanguíneos Constrição
α2 Terminações nervosas Inibe a libertação de
pré-sinápticas noradrenalina
Sistema Adrenérgico II
ADRENALINA I
—  Amina simpaticomimética

—  O seu efeito vasoconstritor


resulta da estimulação dos
receptores adrenérgicos α1 e
α2 localizados nas paredes das
arteríolas
—  A sua absorção sistémica
resulta em HTA, taquicardia
ADRENALINA II

—  A sua semi-vida é dependente:


o  Da recaptação no terminal nervoso pré-sináptico
o  Da metabolização pelas enzimas monoamino oxidase
(MAO) e catecolamino-O-metiltransferase (COMT)
Qual a dose ideal de
vasoconstritor?
—  Disponível em associação com diferentes A.L.
em 3 concentrações:
o  1:50.000 (0.02mg/ml)
o  1:100.000 (0.01mg/ml)
o  1:200.000 (0.005mg/ml)

—  A duração da AL depende directamente da


concentração de Adrenalina

o  Lidocaína 1% a 1: 50.000 →    210’  


1: 100.000 → 160’
1: 200.000 → 130’ (Fink et al1978)
1:50.000 = 1gr em 50.000ml
(1 gr = 1000 mg)
1000mg em 50.000ml = 1mg em 50ml

Regra de 3 simples
1mg – 50 ml
x – 1 ml x = 1/50 = 0,02 mg = 20µg

Assim, numa ampola com [adrenalina]


1:50.000 » 1 ml tem 20µg de adrenalina

Cada ampola tem 1,8ml logo, 36µg de adrenalina


Efeitos adversos dos
vasoconstritores
—  Cardiovasculares
o  HTA Enfarte
o  Taquicardia Agudo do
o  Disritmias Miocárdio

•  Neurológicos
o  Ansiedade
o  Cefaleias
o  Tremor
o  Tonturas
Mas será que têm importância
clínica?

—  Grupos de risco


o  HTA não controlada
o  Doença coronária isquémica
o  Doença cérebro-vascular
o  Feocromocitoma
Mas será que têm importância
clínica?
—  Osinúmeros estudos efectuados não
têm conseguido demonstrar
qualquer efeito clínico deletério da
administração de vasoconstrictores em
associação com o AL, mesmo nos grupos
de risco

—  À
excepção do Feocromocitoma >>>>
contra-indicação absoluta para uso de
vasoconstritores
—  62
doentes com doença coronária sujeitos a
restauração de dente canino, pré-molar ou
molar inferior
◦  Doença de 3 vasos 60%
◦  Beta Bloqueantes 87,1% (não selectivos 54,8%)
30 receberam Lido 32 receberam Lido
2% c/ Adrenalina a 2% s/
1:100.000 vasoconstritor

15 15
receberam receberam
1,8 ml 1,8 ml

15 17
receberam receberam
3,6 ml 3,6 ml

Monitorização contínua durante 24h:


ECG, PA e sintomas de isquémia
—  Não houve diferenças estatisticamente significativas entre
os grupos relativamente:
◦  PA
•  O uso de beta-bloqueantes e o nº
◦  FC de ampolas administradas não
◦  Nº de eventos isquémicos influenciou os resultados
◦  Arritmias
Dose máxima recomendada
de vasoconstritor

Concentração Dose máxima Nº máximo de


do µg/ampola de ampolas de
vasoconstritor vasoconstritor 1,8ml
DOENTE ADULTO SAUDÁVEL
Atenção
1:200.000 9 0.2 mg 22 à dose
1:100.000 18 0.2 mg 11 máx de
1:50.000 36 0.2 mg 5 A.L.!!!
ANTECEDENTES DE DOENÇA CARDIOVASCULAR
1:200.000 9 0.04 mg 4
1:100.000 18 0.04 mg 2
1:50.000 36 0.04 mg 1
Como evitar os efeitos
adversos dos vasoconstritores?
o  Evitar a sua administração iv (aspirar!)
o  Não administrar em tecidos inflamados
o  Respeitar as doses recomendadas

Nos grupos de risco:


o  Minimizar a administração de adrenalina (0.04mg)
o  Optar pelas soluções menos concentradas
o  Adoptar estratégias redutoras do stress
o  Programar o procedimento para 1º tempo
o  Informar o doente sobre o procedimento
o  Pré-medicação com BZD se necessário
o  Assegurar uma boa anestesia
Importância de uma
Anestesia de Qualidade

Libertação de Estimulação alfa


Estimulação HTA e
catecolaminas sem oposição
dolorosa Taquicardia
(Noradrenalina) beta 2

•  Knoll-Kohler et al consideram a utilização de vasoconstritor como


adjuvante do A.L. especialmente importante no doente com
cardiopatia isquémica no sentido de se obter uma anestesia de
melhor qualidade e de duração suficiente
Populações especiais

—  Grávidas
o  Não está contra-indicado o uso
de vasoconstritores
o  O seu uso não afecta a circulação
utero-placentar (Haas et al 2000)
Populações especiais
—  Crianças
o  Respeitar sempre a
dose máxima de
anestésico local
(calcular em função
do peso!)
o  O uso de
vasoconstritor não
está contra-indicado
o  Optar pela
concentração mínima
de adrenalina
1:200.000.
Interações medicamentosas
dos vasoconstritores
—  Anti-depressivos tricíclicos
o  Inibem a recaptação neuronal das catecolaminas
aumentando a sua concentração plasmática

o  Casoo doente esteja medicado


com algum dos seguintes A.D.T. a
dose de vasoconstritor não
deverá exceder os 0.06mg (=3
ampolas a 1:100.000):
•  Amitriptilina
•  Nortriptilina
•  Clomipramina
• Trimipramina
Interacções medicamentosas
dos vasoconstritores
—  Anti-depressivos Inibidores selectivos de recaptação
da serotonina (ISRS)
•  Não levantam qualquer problema ao uso de
vasoconstritores
•  Fluoxetina, Paroxetina, Sertralina, Fluvoxamina

—  Anti-depressivos Inibidores selectivos da recaptação


da serotonina e da noradrenalina (ISRSN)
•  São contra-indicação relativa para o uso de
vasoconstritores por, à semelhança dos ADT, inibirem a
recaptação da noradrenalina
•  Duloxetina,Venlafaxina, milnaciprano
Interacções medicamentosas
dos vasoconstritores
—  Anti-depressivos Inibidores da Monoaminoxidase
o  Inibem a degradação intraneural da NA aumentando a
quantidade deste neurotransmissor disponível para
libertação
Interacções medicamentosas
dos vasoconstritores
—  β- bloqueantes não selectivos

Inibem a
vasodilatação das Transforma a
arteríolas resultante Adrenalina num
da estimulação dos Crise hipertensiva
fármaco exclusiva
receptores β2 pela mente α-adrenérgico
adrenalina

Quanto mais β1 Atenolol Carvedilol


selectivo for o β Bisoprolol Labetalol
bloqueante, menor a
possibilidade desta Esmolol Propranolol
situação ocorrer Metoprolol Timolol
Interacções medicamentosas
dos vasoconstritores
—  Cocaína
o  Potencia o efeito dos vasoconstritores podendo
desencadear disritmias, EAM e AVC (Lathers 1988)

o  Não administrar
vasoconstritor durante as
1as 24h após consumo
Reacções alérgicas

•  Para evitar a sua oxidação, os


vasoconstritores são conservados
recorrendo a conservantes derivados de
sulfitos que podem desencadear reacções
alérgicas
•  Embora não haja registo de nenhum caso de
alergia aos A.L. do grupo amina, existe um
número significativo de pessoas alérgicas aos
sulfitos
•  Evitar A.L. com vasoconstritores
CONCLUSÕES

•  A associação de vasoconstritores ao
anestésico local é uma grande mais valia na
anestesia local tornando-a mais eficaz e
segura

•  Requer no entanto alguns cuidados,


nomeadamente uma história clínica e
medicamentosa cuidadosa, o cálculo da dose
máxima recomendada e a aspiração prévia à
administração
BIBLIOGRAFIA
QUESTÕES?
teresamrp@gmail.com

Ups! Acho que acertei num vaso!

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