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Assomada
Setembro de 2013
Esandra Sandrine Dias Fernandes
Assomada
Setembro de 2013
Universidade de Santiago
Departamento de Ciências da Saúde, Ambiente e Tecnologia
Curso Licenciatura em Enfermagem
Banca Avaliadora
______________________________________________________________________
(Presidente)
______________________________________________________________________
(Arguente)
_____________________________________________________________________
(Orientador)
A voz do vento
Na voz do vento
Na voz do vento
Na voz do vento
Esandra Fernandes
AGRADECIMENTOS
Agora, em fase final de conclusão do curso, reporto – me as diversas etapas do meu percurso
e, inevitavelmente, recordo-me das pessoas que colaboraram para o meu desenvolvimento
pessoal.
Agradeço a Deus e a Nossa Senhora Mãe de todos os Jovens, pela graça e privilégio que me
deram de trabalhar este tema e pelas pessoas que colocaram no meu caminho durante toda a
caminhada. Senda que não foi fácil, mas que sem eles não se cumpriria.
A professora Cesaltina Ribeiro, minha orientadora, muito obrigada, por me ter acolhido como
sua orientanda. Lembro me ser última da turma a ter uma orientadora, cheguei cheia de
anseios e completamente “perdida” e a sua firmeza e sapiência me guiaram em direcção as
minhas metas. Agradeço pela vontade de contribuir nesta etapa da realização do presente
investigação e pelo socorro que tem-me dado durante esse período.
O senhor Daniel Delgado, presidente da Associação Esperança em Santa Cruz, pelo apoio que
me tem dado durante toda pesquisa. Muito obrigada, sobretudo por aceitar o convite, pela
disponibilidade que tem demonstrado e na inspiração que tem-me dado na elaboração da
pesquisa.
Aos meus amigos e amigas da caminhada, a voluntários da Universidade Santiago (VUS), os
participantes no estudo e não só, a aqueles que tivemos apenas uma semana de convivência e
revelaram-se em grandes amigos. Muito obrigada pela paciência que tiveram comigo.
Agradeço a Universidade de Santiago, pela oportunidade que tem-me dado, nessa minha
caminhada e principalmente a possibilidade de realizar este estudo de investigação científica,
o que contribui muito para o meu desenvolvimento a nível pessoal e profissional.
Por fim, mas não o menos importante aqueles que estiveram presente desde da minha
concepção, meus familiares, principalmente a minha mãe a quem dedico esse trabalho. Muito
obrigada pelo incentivo confiança e apoio. O vosso amor me guiou nos dias de solidão e
“trovoadas”, dando-me a certeza que tenho pessoas admiráveis ao meu lado.
Tabela 1 - Distribuição dos dados com quem obteve as primeiras informações sobre
VIH/SIDA....................................................................................................................... 36
Tabela 2 - Distribuição de dados de acordo com as vias de transmissão do VIH/SIDA 37
Tabela 3 - Distribuição de dados de acordo com a diferença entre seropositivo e doente de
SIDA ............................................................................................................................... 38
Tabela 4 - Distribuição dos dados de acordo com a convivência ................................... 39
Tabela 5 - Distribuição dos dados de acordo com o uso do medicamento anti-retroviral42
Tabela 6 - Apresentação da Correlação entre as variáveis em estudo da amostra II ...... 44
Tabela 7 - Síntese das categorias e das subcategorias .................................................... 45
Lista de gráficos
Gráfico 1- Distribuição de dados de acordo com género, idade, estado civil e nível de escolaridade .. 35
Gráfico 2- Distribuição de dados de acordo com o motivo da preocupação ......................................... 37
Gráfico 3- Distribuição dos dados da amostra I que admitiram haver discriminação (a) e preconceito
(b) para com os portadores do VIH ....................................................................................................... 39
Gráfico 4- Distribuição dos dados de acordo com a influência da discriminação e do preconceito no
tratamento e recuperação ....................................................................................................................... 40
Gráfico 5- Distribuição dos dados de acordo com o tratamento anti-retroviral .................................... 40
Gráfico 6- Distribuição dos dados de acordo com a interrupção do tratamento anti-retroviral ............ 41
Gráfico 7- Distribuição dos dados de acordo com vítimas do preconceito e da discriminação ............ 42
Gráfico 8- Distribuição dos dados de acordo com o afastamento e o seu motivo ................................. 43
Gráfico 9- Percentual do abandono por parte dos amigos ..................................................................... 43
Gráfico 10- Distribuição dos dados de acordo com a influência........................................................... 44
1.CAPITULO I- INTRODUÇÃO
Oliveira (2005) afirma que o surgimento e a evolução do SIDA, fez com que o medo e o
preconceito intensificassem em todas as sociedades e consequentemente no mundo todo. Isto
porque esta patologia desde muito cedo foi associada à fatalidade e à morte.
Actualmente, não se pode dizer que o caminho esteja completo. Se na Idade Média a peste
bubónica e a sífilis, que dizimaram grande parte da população Europeia, foram consideradas,
por muitos, como castigo divino, culpando Judeus e “marginais”, hoje continua a existir uma
representação social estigmatizada, sobre quem está infectada com VIH (Loureiro & Miranda,
2010).
SIDA encontra-se disseminada por todos os cantos do planeta, no entanto existem países que
são mais afectados do que outros. Presentemente de acordo com o relatório de dados
epidemiológicos de SIDA 2009, das Nações Unidas, estimou-se que em 2008, 33.4 milhões
(31.1-35.8 milhões) de pessoas estavam infectadas pelo VIH, dos quais, 2.1milhões (1.2-2.9
13
milhões) eram crianças com menos de 15 anos de idade. Estimou-se ainda que no mesmo ano
houve uma incidência de 2.7 milhões (2.4-3.0 milhões), sendo que 430 000 (240000-610000)
eram crianças com menos de 15 anos de idade (Ribeiro, 2010).
Sá, (2005, apud Ribeiro 2009), afirma que devido à inexistência de uma cura, ao aumento
trágico do número de pessoas infectadas de diferentes grupos socioculturais, étnicos e etários,
esta doença tem sido a que mais preocupa a comunidade científica.
Esta doença não exige apenas cuidados relacionados a, medicamentos, controle de infeções
oportunistas, entre outros, mas também é social, pois está relacionada a questões que
envolvem, a vida, a infância, a juventude das pessoas, a discriminação, o preconceito, a
revelação do diagnóstico a família e á comunidade, o medo do enfrentamento público, entre
outros (Dos Anjos, 2012).
Autores como Simbayi et al., (2007 apud Massei e Yoshida, 2009) abordaram a questão da
rejeição construída socialmente, afirmando que quando assimilada e internalizada pelo
indivíduo, pode causar diversas reações comportamentais e emocionais como a não procura
de tratamento e serviços de cuidado, práticas de sexo não seguros, isolamento e doenças
emocionais.
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partida foi proposto os seguintes objectivos. Descrever a existência da discriminação e do
preconceito no conselho de Santa Cruz; descrever o comportamento das pessoas do concelho
para com os portadores do VIH/SIDA; compreender e analisar a discriminação e o
preconceito para com os portadores do VIH/SIDA e por último demonstrar de que forma a
discriminação e o preconceito afectam o tratamento e a recuperação do portador do
VIH/SIDA.
Este trabalho encontra-se estruturado em sete capítulos, sendo que o primeiro corresponde a
introdução, em que se faz uma breve discrição da problemática e se define os objectivos do
estudo e a questão de partida. É apresentado resumidamente o tema que será desenvolvido, e
de que forma será apresentada ao longo do trabalho. O segundo é dedicado ao enquadramento
teórico, onde é apresentado os principais conceitos do SIDA, a consideração histórica sobre o
VIH/SIDA, o VIH/SIDA em Cabo Verde, a seropositividade e o doente de SIDA, o
preconceito, a discriminação, a discriminação versos preconceito, o tratamento e a
recuperação, mostrando como a literatura aborda a questão. No terceiro capítulo apresenta-se
os resultados da investigação empírica, o método utilizado para a concretização da
investigação, descrevendo as amostras em estudo, os critérios da inclusão, instrumento da
recolha de dados, procedimento da recolha e análise dos dados e aspectos éticos. No quarto
capítulo encontra-se a análise dos dados, que estão expostos por tabelas, gráficos e análise de
conteúdo. No quinto capítulo encontra-se a discussão dos principais resultados onde se faz
uma breve comparação com estudos já descritos na literatura. No sexto capítulo encontra-se
as considerações finais, onde é dado realce aos resultados que consideramos mais relevantes,
procurando identificar as suas implicações no dia-a-dia. Conclui-se o último capítulo com
referências bibliográficas usadas para a elaboração do estudo.
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2.CAPITULO II- REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. SIDA
Para Cláudio e Mateus (2000 apud Vinhas, 2008) SIDA é um síndrome infecioso, provocado
por um vírus da família dos retrovirus capaz de parasitar o sistema imunológico do homem.
De acordo com Guerra (1994) SIDA é uma doença viral, infeciosa e fatal, identificada pela
primeira vez nos Estados Unidos em 1981.É fatal, por não ter cura, ela caracteriza-se por
diversas manifestações clínicas subjacentes à penetração no organismo do vírus VIH que
atacando o sistema imunológico do indivíduo, torna-o susceptível a todo o tipo de infeções.
De acordo com Manual Merck (2000 apud Salles 2011) a infeção pelo VIH se caracteriza por
uma replicação viral intensa e contínua, gerando severa destruição de linfocitos TCD4,
(células responsáveis pela defesa do organismo), tal infeção pode manifestar sintomas clínicos
que vão desde a fase aguda (assintomática ou manifestando-se pela síndrome retroviral aguda)
até a fase avançada da doença, caracterizando por manifestações que definem o quadro de
SIDA.
Devido a complexidade patogénica que caracteriza esta doença, foi difícil definir o início da
sua manifestação, alguns casos de imunodepressão, em tudo semelhante à actual SIDA,
segundo alguns autores parecem existir seguramente a partir de 1962, não sendo de excluir
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anteriores ocorrências. Antes da década de 70, esta síndrome, embora existindo, não assumiu
o lugar de uma patologia comum. Nenhuma ocasião epidémica antecedeu a actual,
referenciada nos EUA e na Europa por volta do ano 1978, avançando-se com um conjunto de
hipóteses explicativas de natureza biológica e social (Nossa, 2001).
Para Bayés (1995,apud Da Maia, 2006), Gallo (1987;1988 apud De Sá, 2005) os dados
epidemiológicos demonstram que o VIH encontrava presente na África Central, desde 1959 e
que a propagação massiva ocorreu nos anos de 1970 e início dos anos 1980.
Segundo Nossa (2001), no início dos anos 80 é que se testemunhou o aparecimento de uma
nova e estranha doença cuja patologia infeciosa ocupava os modelos clássicos. Manifestava-
se em indivíduos na sua maioria jovens, através de um ou mais infeções concomitantes de
inusitada severidade e persistência, aparentando a falência do sistema imunitário.
De acordo com Miller (1988 apud Guerra 1994), foi no ano de 1981 e nas cidades norte-
americanas de S. Francisco e de Nova Iorque, que foram identificados os primeiros pacientes
com sintamos compatível a do Sida. No contexto histórico, esta doença surgiu nos
homossexuais, e descoberto a primeira via de transmissão através da traça de secreções
orgânicas contaminadas.
Para Grmek (1990 apud Nossa, 2001) do ponto de vista social, a oclusão desta síndrome foi
acompanhado por um ambiente de quase histeria, sinalizando o pânico sob forma de severa
discriminação e estigmatização, originando interpretações abusivas conectando a letalidade da
doença com actos de punição que se abateriam sob comportamentos ou preferências sexuais
liberais. Estava-se, na presença de qualquer patogénise selectiva, um mal que parecia não
abater sobre “pessoas honestas”.
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papel importante, levando à suspeita de estar-se perante uma DST, típica de determinado
grupo, facto por demais evidente em algumas das designações inicias propostas para
identificar esta síndrome: Pneumonia e cancro gay.
Vários casos foram relatados por outros países, incluindo as mulheres Africanas residentes em
Cabo Verde, e em Zairense emigrados em França e na República Federal da Alemanha. Numa
fase casuística remetia-se para um vasto conjunto de histórias individuais cujo percurso
geográfico e o modo de contágio evidenciava impressionantes sobreposições de
características comuns. Por esse motivo Leibowitch (1983), e mais tarde Grmek (1990),
afirmaram com segurança a presença e sobreposição de dois focos infeciosos distintos no
continente Europeu. Um deles, talvez o mais antigo, seria originário de África, afectando
indistintamente indivíduos dos dois sexos, na sua maioria heterossexuais. Um outro oriundo
dos EUA que num estádio inicial parece decalcar o percurso de homossexualidade organizada
com ramificações Europeias, estendendo-se posteriormente a indivíduos com orientações
heterossexuais através da partilha de seringas ou relações com bissexuais.
De acordo com Nossa (2001), existem algumas hipóteses sobre o aparecimento da doença,
mas até hoje nenhuma delas foram comprovadas:
- O vírus teria sido criado em laboratório. Há autores como Grmerk, (1990), diz que o vírus da
SIDA, no nosso actual estado de conhecimento, só poderia ter sido construído por
manipulação de engenheira genética. Pois, a primeira aparição do SIDA coincide exactamente
com a abertura do laboratório PIV de Fort Detrick (1977) no Maryland, tendo em conta o
período de incubação, também pelo facto da disseminação do SIDA no mundo ter partido de
Nova Iorque, cidade vizinha de Fort Detrick.
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De acordo com Nossa (2001), esta hipótese já não é tão considerada porque muitos institutos
de pesquisa armazenam, durante anos, amostras derivados de sangue para fins de pesquisa.
Foi encontrada a presença do VIH em amostras da década de 50. Nessa época não havia
tecnologia, e engenheira genética não era tão evoluída para produzir um agente etiológico.
Constata-se que não há um consenso sobre a data exacta da existência do SIDA, nem da sua
verdadeira origem, pois sabe-se que foi identificada pela primeira vez em New York, com
certeza, depois da existência de um laboratório (Nossa 2001).
Em Janeiro de 2000 a Organização das Nações Unidas (ONU) reconhece o SIDA como sendo
uma ameaça à segurança mundial, expressando a premente necessidade de se criar estratégias
que travassem a expansão da pandemia (Ribeiro 2010).
A epidemia do SIDA parece ter estabilizado na maioria das regiões a nível mundial, embora a
prevalência continua a aumentar na Europa Oriental, Ásia Central e outras partes da Ásia,
devido a uma alta taxa de incidência do VIH. A África Subsaariana foi a região mais
infectada, com cerca de 72% de todas as novas infeções pelo VIH em 2008 (The Millennium
Development Goals Report 2010). De acordo com Sessão extraordinária das Nações Unidas
sobre VIH/SIDA (UNGASS), no ano 2012, África Subsaariana continua a ser a região mais
afectada com o VIH representando 70% das novas infecções ocorridas no mundo e 67% do
número total de infectados vivem nesta região. Em relação aos outros países, Moçambique
tem mais de 1.5 milhões de pessoas vivendo com VIH/ SIDA destas, a maioria são mulheres,
e estima-se que ocorrem mais de 90 mil mortes por ano devido a esta doença. Em 2008,
aproximadamente 463.000 crianças perderam o pai, a mãe ou ambos devido ao SIDA. No mês
de Dezembro de 2009, cerca de 373.020 adultos e 72.652 crianças nos estágios avançados do
SIDA necessitavam do TARV (UNAIDS, 2010).
Nos dias de hoje é absolutamente consensual entre a comunidade científica a inclusão do VIH
no grupo dos denominados vírus lentos, sendo SIDA, uma doença que caracteriza pela
existência de um longo período durante o qual o indivíduo infectado não evidencia sinais
clínicos próprios da doença (Sonigo 1985; Anderson e May, 1988 apud Nossa 2001).
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De acordo com Do Prado et al., 1999; Wainberg, (2004 apud Rossi 2010), VIH é da família
Retroviridae, género Lentivirus. Existem dois tipos do VIH, (o VIH 1 e 2), tanto um como o
outro, se reproduzem nos humanos. VIH-1 é de distribuição universal e o VIH-2 que é restrito
a África ocidental; tem como genoma ácido ribonucleico (RNA) que precisa ser transformado
em ácido desoxirribonucleico (DNA) complementar e posteriormente integrado ao DNA da
célula hospedeira para poder multiplicar-se. Esta transformação do RNA viral em DNA viral
acontece com o trabalho da enzima transcriptase reversa, a integração do DNA viral ao DNA
da célula hospedeira acontece com auxilio da enzima integrasse, e a montagem final da
partícula viral acontece por meio da enzima prateasse. Para poder entrar numa célula e
multiplicar-se, o VIH usa receptor (CD4) e co-receptores (CCR5, CXCR4) presentes na
superfície de células de defesa do organismo humano, os linfocitos T CD4 (CD4), que tem a
função de organizar a imunidade mediada por células do ser humano. Após a infeção o vírus
multiplica-se rapidamente elevando os números das células infectadas sem que por parte do
organismo se registem reações imunitárias mensuráveis, denominados por autor Grmeck
(1990) como “período de incubação” cujo tempo máximo é de 10 meses. Há casos de
replicação intensa que pode durar cerca de quatro a oito semanas, aquilo que designamos por
infeção aguda, em que origina algumas manifestações clínicas visíveis como, febre ligeira,
fadiga, síndrome gripal, erupção cutânea, podendo passar despercebidas (Nossa, 2001).
O diagnóstico da infeção pelo VIH pode ser realizado por meio de exames laborais como teste
de ELISA, Imunofluorescência Indirecta, Imunoblot, Western Blot, e testes de sorologia
rápida (Fernandes, 2010).
De acordo com Harvard Medical School (2005; apud Costa 2006), qualquer indivíduo
seropositivo ou com SIDA, declarada pode transmitir o vírus a outros sujeitos através das
seguintes vias de transmissão: relação sexual desprotegida, contacto com sangue infectado ou
produtos de sangue através da transfusão, transplante de órgãos, partilha de agulhas, ou
acidente com agulhas infectadas, transmissão vertical que dá-se durante os períodos intra-
uterino, intra-parto, pós – parto e durante o período de amamentação.
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A via sexual foi uma das primeiras vias de transmissão do VIH a ser descoberta. Desde o
início da epidemia o comportamento sexual de risco parece citado em vários trabalhos
científicos quando se trata do VIH/SIDA. Segundo Góis (2000 apud Galvão 2009), desde
bem cedo SIDA, foi associada a liberdade sexual. Costa (2008, apud Ribeiro, 2009), desde os
anos de 1978 nos EUA os comportamentos de risco abrangem desde actividade sexual anal, a
utilização de drogas injectáveis com troca de seringas não esterilizadas, relações sexuais anais
ou vaginais homossexuais ou heterossexuais desprotegidas, passando por, relações sexuais
casuais frequentes, e relações com trabalhadores comerciais de sexo. Segundo Nogueira,
Saavedra & Costa (2008, apud Ribeiro 2009), alguns grupos de adolescentes e jovens
apresentam maior vulnerabilidade para os comportamentos de riscos, nomeadamente os
jovens oriundos de grupos étnico - culturais minoritários, pela peculiaridade das pressões a
que estão sujeitos como por exemplo, aculturação, discriminação, racismo, desenraizamento,
intolerância, preconceito, entre outros.
O primeiro inquérito nacional de seroprevalência (IDSR I), realizada em 1989, indica uma
prevalência nacional de 0,46% (15-55 anos). O segundo inquérito que foi realizado em 2005,
indica uma prevalência à volta de 0,8%. A taxa de prevalência por sexo foi de 0,4% para as
mulheres e de 1,1% para os homens. O meio urbano apresenta uma taxa de prevalência de
0,9% e o meio rural de 0,6%. Segundo os dados em 2005 a infeção por VIH afectou
principalmente as pessoas da faixa etária mais activa e economicamente rentável, 20 a 34
anos, o que representa 62,8% dos seropositivos e 51% dos casos de SIDA. Nesse mesmo ano
foi implementada a estratégia de prevenção a transmissão vertical (CCS- SIDA, 2006).
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Em 2004 foi realizada o lançamento oficial do tratamento com anti-retroviral (TARV) em
Cabo verde. Desde então, 1.323 indivíduos foram avaliados (73,5% de cobertura), sendo 283
(59%) em 2008 e 294 (73,5%) em 2009. Em 2007, foi criado a Lei nº 19/II/2007 que regula os
aspectos ligados à prevenção, tratamento e controlo do VIH/SIDA, no ano seguinte 2008,
alargou-se a rede de aconselhamento e despistagem de VIH. Em 2009 foi realizada o inquérito
aos indicadores de prevenção do VIH (APIS-2009).
Apesar de baixa prevalência do VIH/SIDA, em Cabo Verde, o seu impacto tem sido visível na
sociedade em geral, no serviço nacional de saúde, nas famílias afectadas e nos indivíduos
afectados. Individualmente a pessoa infectada sofre com o preconceito em relação a sua
condição, o que resulta na necessidade das pessoas vivendo com o VIH (PVVIH),
enfrentarem situações de discriminação ou de estigma, tanto no seio da família como na
comunidade, espaço laboral e na sociedade em geral. Por ser uma doença sem cura, a
participação das instituições e Organização Não Governamental (ONG), famílias e da
comunidade no combate ao VIH-SIDA, tem sido uma fonte importante de apoio no
tratamento dos seropositivos. O suporte psicossocial tem sido igualmente, decisivo na
melhoria e bem-estar não só dos portadores como as respectivas famílias e nas comunidades
onde vivem (CCS-SIDA, 2011). De acordo com Hays & col., 1993; Ickovics & Robin, 1992;
Kelly & St. Lawrence, 1988; Segerstrom & col., (1996 apud Grilo, 1999) são conhecidos os
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efeitos positivos do apoio social na adaptação à seropositividade e na recuperação da doença
física.
Descobrir ser portador do vírus HIV é, sem duvida, expor – se, de alguma maneira à
possibilidade do preconceito e da própria morte (Graciano, 1998).
Segundo Nossa (2001) a difusão do VIH/SIDA foi facilitado e ampliada pelo longo período
de latência do vírus, durante o qual o portador permanecia assintomático. Este, era por
definição, um indivíduo, que, embora colocasse os outros em perigo com a sua capacidade de
transmitir a doença, ele permanecia saudável.
Para, Chastel & Ford (1992 apud Vinhas 2008); Loureiro e Miranda (2010), uma pessoa é
considerado seropositivo quando não apresenta nenhuma doença reveladora do SIDA, mesmo
tendo VIH no seu organismo, poderá, aparentemente estar saudável, mas poderá ocorrer a
transmissão do vírus a outra pessoa. A pessoa infectada pode ter em média 15 a 20 anos sem
sintomas. O Ford defende ainda que o seropositivo não é considerado um doente, porque ele
pode viver durante muito tempo sem que seja alvo de infeções graves.
De acordo com Guerra (1998 apud Vinhas, 2008), o VIH entrando no organismo humano
desenvolve-se após o período de incubação (intervalo que medeia entre o contacto com o VIH
e o desenvolvimento dos primeiros sinais e sintomas), em três etapas diferentes ao longo do
tempo:
a) Portador assintomático ou seropositivo, é uma pessoa que já teve em contacto com o vírus,
mas permanece assintomático durante vários anos;
b) Doente com complexo relacionamento com o SIDA nesta fase a pessoa já seropositiva,
apresenta sintomas como adenopatias generalizadas, inflamação dos gânglios, candidíase
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bucal, fadiga, faringites, diarreia crónicas, emagrecimento e febre. Muitas vezes não acontece,
pois o seropositivo pode transitar directamente para a fase de SIDA;
c) Doentes com SIDA, nessa fase emergem as doenças oportunistas, devido à extrema
debilidade do sistema imunológico. As doenças mais comummente encontradas nesta fase são
pulmonares, toxoplasmose e o sarcoma karposi (manifestação tumoral mais frequente) depois
da manifestação do SIDA, a longevidade média do sujeito é cerca de dois anos.
Berry e Hunt (2005) consideram que os sintomas na fase do SIDA, variam de pessoas para
pessoas, sendo que a maioria apresenta fadiga, perda de peso, problemas de pele e pneumonia.
Há medida que a carga infeciosa aumenta o nível dos globos brancos diminui, os sintomas
vão se tornando, progressivamente, mais intensos, podendo estender se a febres prolongadas,
suores nocturnos, diarreia, dores de cabeça, dificuldades respiratórias, dificuldades na
deglutição, na concentração e perturbação na memória a curto prazo e problemas de visão.
2.5.Preconceito e VIH/SIDA
Barbosa (1999) afirma que a construção social e científica do SIDA proporcionou margem a
interpretações preconceituosas e equivocadas, que muito dificultaram e dificultam as
estratégias de enfrentamento da mesma.
Segundo Allport (1954/1962 apud Galvão 2009) existe diferença entre pré-conceito e
preconceito, o primeiro é uma generalização natural de crenças, que necessariamente não se
fundamenta em factos e é influenciado por afectos. A segunda é tão natural quanto a primeira,
mas impregnada de atitudes hostis.
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a existência de uma predisposição inata. Para eles o preconceito parece estar tão estranha no
circuito das relações humanas que torna difícil distinguir suas origens (Rodrigues et al.,
2009).
Conforme Bandeira e Batista (2002 apud Da Cruz e Carvalho, 2010), atitude é um conjunto
de normas, relativamente estáveis, formado de organizações, experiências e comportamentos
relacionados com um dado elemento ou acontecimento particular. Portanto, o preconceito
seria uma manifestação de uma atitude negativa que uma pessoa se predispõe a sentir ou
direccionar em relação a um determinado indivíduo ou grupo.
Muitas vezes o preconceito está relacionado com a falta de informação, pois pensam que
conhecem, mas na realidade desconhecem, para a psicóloga Lizete Henriques, a
discriminação dos seropositivos prende-se sobretudo com a falta de informação e tabus
(Lopes, 1998 e Peres et al., 2004).
2.6.Discriminação e VIH/SIDA
Para Siegel, Lekas (2002, apud Kourrouski, 2008) desde o inicio da epidemia do SIDA, com
a descoberta da infeção, existem relatos sobre discriminação e isolamento social.
25
Segundo Castilho (2002, apud Kourrouski, 2008) a discriminação é um dos maiores
obstáculos para as medidas de prevenção e cuidado do VIH, impedindo, muitas vezes que as
pessoas busquem por tratamento, aliados ao medo de que o seu diagnóstico torne se publico.
Podem ser rejeitados tanto pelos familiares, vizinhos, amigos e colegas, terem sua entrada
proibida em alguns locais, além de sofrerem a rejeição de alguns planos de saúde, entre
outros.
Segundo Lima e Vale (2004 apud Galvão, 2009) o conceito de preconceito está no campo das
ideias ou atitudes. É um pré disposição para lidar com um sujeito ou grupo em determinada
situação. A discriminação é a concretização desta ideia, é a acção do sujeito de acordo com o
preconceito. Portanto, pode-se observar que, apesar de serem frequentemente confundidos,
preconceito e discriminação são conceitos distintos, posto que um decorre do exercício do
outro. Por conseguinte, deve-se enfatizar que discriminação e preconceito não se referem
exactamente aos mesmos fenómenos, ou seja, não se confundem, mas, por vezes, a
discriminação origina-se directamente do preconceito. Entre as diferenças fundamentais
destes dois conceitos temos que o preconceito é a não-aceitação, a discriminação o não
permitir as diferenças com acções desrespeitosas e/ou excludentes.
Em relação a essa doença (SIDA) observa-se uma forte depreciação das pessoas infectadas,
que são responsabilizadas por sua própria infeção. Acrescenta-se a isso o fato de o VIH ser
transmissível, o que intensifica no imaginário social uma responsabilidade maior para o
portador, o que pode contribuir para que essas pessoas sejam percebidas como ameaças à
sociedade. Berlinguer estabelece uma correspondência com o medo que as pessoas têm das
doenças, ou seja, o medo suscita reações irracionais e actos discriminatórios (Araújo et al.,
2011). Vale salientar, como destaca Soares (2002 apud Da Cruz e Carvalho, 2010) o
preconceito e a discriminação contra os portadores do VIH/SIDA constituem como um dos
obstáculos no combate à epidemia, tanto inviabilizando um tratamento adequado, como
dificultando a assistência e a busca pelo diagnóstico. Entre as razões que contribuem para a
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existência do estigma estão à falta de conhecimento sobre as formas de contágio, o próprio
preconceito e o medo da doença.
Importa porém ter presente que, o preconceito e a discriminação podem constituir sérias
barreiras à implementação de um programa de intervenção, e a mudança positiva muitas vezes
só ocorre depois de um trabalho de campo paciente e partilhado, de preferência e sempre que
o indivíduo o permita, no próprio meio em que vive e se move (Ribeiro, 2010).
Não existe, ainda, tratamento definitivo para a cura da AIDS, mas a terapêutica anti-
retroviral foi um progresso realizado desde o surgimento da doença, que permitiu
prolongar a vida do doente e qualificar o viver dos portadores e de suas famílias. As
colocações de Cezar Vaz (2001) reforçam essa questão quando acentua que a
tecnologia existente hoje é disponível para o tratamento das pessoas portadoras do
HIV/AIDS aumenta o tempo de vida e melhora a qualidade (Sousa et al. 2004).
O tratamento inclui a alimentação, os exames de controlo da carga viral e das células CD4+, o
comparecimento às consultas médicas e a ingestão dos medicamentos de forma adequada.
(Leite, 1998; Jordan, Lopes, Okazaki, Komatsu e Nemes, 2000; Figueiredo, Sinkoc,
Tomazim, Gallani e Colombrini, 2001; Leite, Drachler, Centeno, Pinheiro e Silveira, 2002;
Guidelines, 2002, apud Torres, 2006).
Do ponto de vista clínico, o início do TARV pode ocorrer em dois contextos diferentes, na
ausência de sintomas e na presença dos sintomas. Na ausência dos sintomas, o TARV retarda
o desenvolvimento da doença, por meio da supressão viral e restauração do sistema
imunológico. Na presença dos sinais e sintomas característicos (perda de peso, febre, diarreia,
fadiga), com ocorrência ou não de infecções oportunistas e indicação laboratorial para a
TARV (contagem de linfocitos T CD4+ e carga viral). O início do TARV para pacientes
sintomáticos pode estar revestido de esperança e de expectativas positivas quanto ao alívio de
sintomas, melhora do estado geral, ganho de peso, eliminação de fadiga e retorno às
actividades quotidianas (Brasil, 2008).
27
Segundo Rossi (2010) em 2001 o consenso de Terapia anti-retroviral (TARV) do MS
recomendava iniciar o tratamento usando TARV tríplice dos pacientes com CD4 entre 200 e
350 céls/ml, tratar os pacientes com sintomas definidores do SIDA e os que estivessem com o
CD4 abaixo de 200 céls/ml, devido à eficácia comprovada deste esquema terapêutico para
diminuir a carga viral e permitir a reconstituição da imunidade.
Autores como o Reis; Santos; Cruz, 2007; Dore et al., 2002 e Schnarczat al., (2006, apud
Rossi 2010) em trabalhos realizados na Austrália, Centro de controlo das doenças (CDC),
(2003) em 16 locais dos EUA, e um outro estudo realizado no Brasil, mostrou a queda da taxa
da mortalidade a partir do momento que se fez a introdução da TARV eficaz, mas constatou-
se que há necessidade de diagnóstico mais precoce e acesso facilitado à assistência. De acordo
com o Camargo Júnior (1999, apud Rossi, 2010) observou se uma melhoria notáveis no
TARV e no diagnóstico precoce das infeções oportunistas aumentaram, a esperança e a
sobrevida das pessoas que vivem com VIH e SIDA, mas ao mesmo tempo o preconceito e a
discriminação ainda seguem fazendo vítimas.
Em Cabo verde segundo os dados estatísticos, verificou-se que a mortalidade no universo dos
doentes em TARV, vem diminuindo, anualmente, passou de 21%, em 2005, para 7%, em
2009, resultados que testam a eficácia do TARV, mas ainda há dificuldades na adesão ao
TARV (cerca de 12% de pacientes não aderem ao TARV 12 meses após o seu inicio), (CSS-
SIDA, 2011).
A maneira como cada pessoa reage ao diagnóstico da infeção pelo VIH depende da sua
personalidade e seu contexto existencial. Essa reação tem decisiva influência sobre duas
importantes questões, a recuperação clínica e social do infectado, e o enfrentamento colectivo
da pandemia do SIDA. Portanto, essa infeção não pode ser vista como um evento biológico
isolado. Ela transcende valores socioculturais, ideológicos e individuais, cuja compreensão é
indispensável para que a abordagem do portador do HIV e da comunidade envolvida com a
questão da SIDA seja minimamente adequada (Souto, 2008).
28
2.9. Objectivos do Estudo
29
3.Capitulo III - MÉTODO
3.1.Tipo de estudo
A pesquisa quantitativa centra na objectividade, tendo como objectivo estabelecer factos, pôr
em evidência relações entre as variáveis por meio da verificação das hipóteses, predizer
resultados de causa e efeito ou verificar teorias ou proposições teóricas. Trata-se geralmente
de obter resultados susceptíveis de serem utilizados no plano prático e de fornecerem
melhorias em situações particulares. O estudo discritivo-correlacional tem por objecto
explorar relações entre variáveis e descreve-las, sendo que o estabelecimento de relações entre
variáveis permite circunscrever o fenómeno estudado (Fortin, 2009).
Segundo Cervo (1996), a pesquisa descritiva observa, regista, analisa e correlaciona fatos ou
fenómenos sem manipulá-los. Busca conhecer as diversas situações e relações que ocorrem na
vida social, política, económica e demais aspectos do comportamento humano, tanto do
indivíduo tomado isoladamente como de grupos e comunidades mais complexas.
3.2.Amostra - Participantes
O presente estudo é constituída por duas amostras (amostra I e II). Dos participantes deste
estudo (N=70), 24,3% (n=17) são pessoas portadoras do VIH/SIDA, pertencentes à
Associação Esperança (Anexo II), representando a amostra II e os restantes 75,7% (n=53) são
residentes no concelho de Santa Cruz (Anexo II), representando a amostra I. Ambas foram
selecionadas através da técnica de amostragem não Probabilística (Convencional e
intencional). Segundo Fortin (2009) esta técnica é constituída por indivíduos facilmente
acessíveis e que respondem a critérios de inclusão precisos. Embora a amostra não
probabilístico não dá a todos os elemento da população a mesma possibilidade de ser
escolhida para formar amostra. Assim, se constitui a amostra à medida que os indivíduos se
apresentam no local até que o número desejado seja atingido.
30
Os critérios de inclusão para a amostra I, inclui todos os residentes no concelho, que têm
capacidade de responder o questionário aplicado e aceitar participar no estudo.
3.3.Instrumentos
No suceder das diversas consultas bibliográficas, não foi encontrado nenhum instrumento que
fornecesse a totalidade da informação pretendida. Por este motivo, procedeu-se à elaboração
de um instrumento de raiz, baseado no enquadramento conceptual realizado e inspirado
noutros instrumentos, de modo a construir um instrumento que serviria ou avaliasse o impacto
do fenómeno em estudo. Na elaboração deste instrumento foram salvaguardadas regras de
apresentação, assim como a elaboração de perguntas de fácil resposta, claras e reunidas em
grupos de forma lógica.
O questionário semi-estruturado, encontra-se organizado em duas partes: a primeira com
informações gerais do estudo e questões direcionadas às pessoas do concelho de Santa Cruz, e
31
a segunda, direcionada aos portadores do VIH da Associação Esperança, contém duas
perguntas abertas, duas para amostra I e uma para amostra II. O seu preenchimento foi
realizado pela investigadora, e salvo em situações particulares, pelo presidente da Associação
Esperança, retratadas no subcapítulo relativo à recolha de dados. Seguidamente, abordar-se-ão
mais detalhadamente as duas partes de questões constantes do instrumento.
De referir que todos os restantes itens não inspirados em instrumentos, foram construídos a
partir dos contributos da literatura sobre a temática em questão.
3.4.Pré – teste
Segundo Fortin (2009), “o pré-teste é a prova que consiste em verificar a eficácia e o valor do
questionário junto de uma amostra reduzida da população alvo”. Esta etapa é indispensável,
visto que permite reconhecer, e descobrir os defeitos do questionário e fazer as possíveis
correções para o sucesso da mesma.
32
mais alterações, após o pré-teste, foi o que se reportava diferença entre seropositivo e doente
de SIDA, e formas de transmissão, por também ser o mais extenso.
3.5.Procedimento
A recolha dos dados decorreu, na sua totalidade no concelho de Santa Cruz de Santiago.
Sempre que possível em casa das pessoas e na Associação Esperança dispensado para o
efeito, salvaguardando, em todas as circunstâncias, a privacidade dos participantes.
3.6.Aspectos éticos
Fortin (2009), define ética como um conjunto de permissões e interdições que têm um enorme
valor na vida dos indivíduos e em que estes se inspiram para guiar a sua conduta, Torna-se
assim necessário adoptar medidas que salvaguardem os direitos e a liberdade das pessoas
envolvidas neste estudo.
Após o esclarecimento sobre o tema, o objectivo e o método de pesquisa, clarificado que não
haveria respostas certas ou erradas, interessando a opinião pessoal, sendo garantida a
confidencialidade dos mesmos, todos os participantes assinaram o termo do consentimento
livre e esclarecido. Para Associação Esperança foi enviado uma carta de pedido, que foi
assinado e carimbado pelo presidente.
33
3.7.Procedimentos de análise de dados
Para análise dos dados inicialmente criou-se uma base de dados comum para as duas
amostras, depois estes foram separado para melhor interpretação dos dados.
Para as perguntas abertas foram utilizadas uma outra forma de análise de conteúdo, feita a
categorização por frequência. Para a amostra I fez-se a categorização de duas perguntas:
Porquê que achas que os seropositivos são discriminados? E porquê que achas que existe
preconceito para com os seropositivos do concelho? Por último uma direcionadas a amostra
II, porquê que interromperam o tratamento?
34
4.CAPITULO IV- RESULTADOS E ANÁLISE
Dos participantes deste estudo (N=70), 24,3% (n=17) são pessoas portadoras do VIH
pertencentes à Associação Esperança (Santa Cruz) e os restantes 75,7% (n=53) são pessoas
que foram inquiridas no sentido de avaliar as suas relações com as pessoas portadoras do
VIH/SIDA. Não houve diferenças significativas em relação a proporção de pessoas do sexo
masculino em comparação aos do sexo feminino (χ2=0,36; p>0,05), a maioria dos
participantes são jovens (idade entre os 15 e 24 anos), com uma média de 30,63 e desvio
padrão de 11,83, mais de 90% (n=65) são solteiros e quase a metade (41,4%; n=29) possui
habilitação literária referente ao ensino secundário.
Gráfico 1- Distribuição de dados de acordo com género, idade, estado civil e nível de escolaridade
35
Conforme o quadro que se segue, pode-se verificar que a maior parte 39,6%; (n=21) das
pessoas da comunidade (amostra I) admitem ter recebido as primeiras informações sobre o
VIH/SIDA nas escolas com os professores. Mais de 25% (n=14) recebeu essas mesmas
informações através de amigos, 17% (n=9) com vizinhos, 11,3% (n=6) através de TV/revistas
e finalmente 1,9% (n=1) admitem ter recebido essas informações através de mãe, tio/tia e
irmãos respectivamente. Um aspecto que chama atenção no presente estudo é que nenhum dos
inqueridos admitiu ter recebido as primeiras informações sobre o VIH/SIDA nos livros.
Mãe 1 1,9
Irmão/a 1 1,9
Tio/a 1 1,9
Professor/a 21 39,6
Amigos 14 26,4
Vizinhos 9 17,0
TV/ Revistas 6 11,3
Total 53 100,0
Tabela 1 - Distribuição dos dados com quem obteve as primeiras informações sobre VIH/SIDA
Mais de 98% (n=52) dessas pessoas admitem estar preocupadas com a possibilidade de
contraírem o VIH. De entre os motivos dessa preocupação, forma ressaltadas a morbilidade da
doença (56,6%; n=30), o medo de contrair e transmitir a outras pessoas (26,4%; n=14), o
medo de preconceito e discriminação social (15,1%; n=8).
36
Gráfico 2- Distribuição de dados de acordo com o motivo da preocupação
N %
Relação sexual 23 43,4
Total 53 100,0
37
Quando foram-lhes perguntados a diferença entre ser seropositivo e ser doente de SIDA, o
quadro que se segue ilustra que 32,1% (n=17) dos inquiridos respondeu que ser seropositivo é
ter o vírus e transmitir a doença sendo que não há presença de doenças oportunistas no
portador do vírus no entanto o doente de SIDA possui doenças oportunistas; 28,3% (n=15)
responderam que ser seropositivo e ser doente de SIDA é a mesma coisa; 13,2% (n=2)
responderam que ser seropositivo é ser doente de SIDA; 1,9% (n=1) responderam que doente
de SIDA possuiu perturbações como a perda de peso e outros problemas de saúde que sem
tratamento podem levar a morte; e finalmente 24,5% (n=13) desconhecem a diferença entre
esses dois grupos.
N %
São iguais 15 28,3
Não Sei 13 24,5
Seropositivo é ter vírus e transmitir a doença,
mas não há presença de doenças oportunistas 17 32,1
e nos doentes de SIDA há.
Seropositivo é ser doente de SIDA. 7 13,2
Doente de SIDA tem perturbações como perda
de peso, e outros problemas de saúde que sem 1 1,9
tratamento podem levar a morte
Total
53 100,0
Tabela 3 - Distribuição de dados de acordo com a diferença entre seropositivo e doente de SIDA
Outros sim, pode-se constatar que, quase 68% (n=36) dos inquiridos admitiram haver
discriminação dos portadores do VIH/SIDA entanto os restantes responderam não haver
discriminação. Em relação ao preconceito, também cerca de 70% (n=37) afirmam haver
preconceito e por último cerca de 30% (n=16) responderam não haver nenhum preconceito no
concelho de Santa Cruz.
38
Gráfico 3- Distribuição dos dados da amostra I que admitiram haver discriminação (a) e preconceito (b)
para com os portadores do VIH
No que concerne às suas capacidades de convivência com pessoas portadoras do VIH, foram-
lhes perguntados se seriam capazes de conviver, partilhar o mesmo quarto e a mesma cozinha
que um portador do VIH e 54,7% (n=29) responderam serem capazes. Mais de 26,4% (n=14)
responderam que não se sentem seguros com essa convivência; 15,1% (n=8) admitiram que
não conviveriam e nem partilhavam o mesmo quarto e cozinha que um portador do VIH;
3,8% (n=2) responderam que não seriam capazes de levar em frente essa convivência com os
portadores do VIH.
N %
Não 8 15,1
Sim 29 54,7
Não sentiria seguro 14 26,4
Não consigo 2 3,8
Total 53 100,0
39
tratamento e a recuperação dos portadores do VIH/SIDA; 13,2% (n=7) acham que talvez não
influenciaria o tratamento e a recuperação dos portadores do VIH/SIDA 9,4% (n=5)
responderam não haver nenhuma influência da descriminação e do preconceito no
tratamento/recuperação dos portadores do VIH/SIDA.
Amostra II
A maioria dos inquiridos da Associação Esperança 76,5% (n=13), efectuam o tratamento com
anti-retroviral e 23,5% (n=4), não efectuam o tratamento com anti-retroviral.
40
Dos portadores de VIH/SIDA, que estão tomando anti-retroviral, 58,8% (n=10), declararam
interromper o tratamento em algumas circunstâncias, 17,6% (n=3), responderam que não
interromperam o tratamento em nenhum momento e 23,5% (n=4), não aplicam o tratamento
no momento.
Verifica-se que dos portadores do VIH, que estão tomando anti-retroviral, 35,3% (n=6),
tomam quase correctamente, pois as vezes deixam de tomar ou atrasam o horário dos
medicamentos, 29,4 (n=5) tomam correctamente como foi orientado pelo médico, 11,8%
(n=2), não tomam correctamente, pois muitas vezes deixam de tomar ou atrasam o horário dos
medicamentos e os restantes 23,5% (n=4), não estão tomando no momento.
Variável N %
Tomo correctamente como
5 29,4
foi orientado pelo médico
Tomo quase correctamente,
pois as vezes deixo de
6 35,3
tomar ou atraso o horário
dos medicamentos
41
Não estou tomando
correctamente, pois muitas
vezes deixo de tomar ou 2 11,8
atraso o horário dos
medicamentos
Não aplica 4 23,5
Total 17 100,0
Quase 59% (n=10), dos portadores de VIH/SIDA declaram ter afastado da comunidade
devido ao seu estado serológico, e os restantes 41,2% (n=7) responderam não ter afastado da
comunidade devido ao seu estado serológico. Dos inquiridos que afirmaram ter afastado da
comunidade 52,9% (n=9) responderam que deve-se a discriminação existente na comunidade
e 5,9% (n=1) responderam que deve-se a medo que saibam da sua patologia.
42
Gráfico 8- Distribuição dos dados de acordo com o afastamento e o seu motivo
Verifica-se que dos portadores de VIH/SIDA, 76,5% (n=13), já foram deixados pelos amigos
só pelo facto de serem portadores do VIH, apenas 23,5 (n=4), responderam que não foram
abandonados por um amigo só pelo facto de serem portadores do VIH.
Outros sim, pode-se constatar que 82,4% (n=14), dos portadores do VIH/SIDA, acham que a
discriminação e o preconceito podem influenciar o tratamento e a sua recuperação, e os
demais 17,6% (n=3), acham que discriminação e o preconceito não influenciam o tratamento
e a sua recuperação.
43
Gráfico 10- Distribuição dos dados de acordo com a influência
1 2 3 4 5
44
4.2 Análise e discussão das perguntas abertas
Para as questões abertas colocadas no questionário aplicadas às duas amostras (I, II) com vista
a responder os objectivos propostos, a sua análise e discussão será feita através da técnica de
análise de conteúdo proposto por Bardin. Para sintetizar os dados recolhidos das questões
abertas, na tabela 7 serão apresentadas as categorias e as subcategorias que emergiram.
Categoria Subcategoria
Motivo da descriminação Falta de conhecimento em relação as
formas de contaminação da doença
De acordo com os participantes (amostra I) quando perguntados se acham que existe ou não
descriminação no concelho e qual o motivo desta descriminação, a opinião é unânime em
afirmar que existe, e são manifestadas através de:
45
P. 23- “ …. Fazem piadas, porque essa doença não têm cura”
P.12- “Pessoas falam sem terem informação sobre o estado da pessoa e sem pensar e não
justificam porque é que dizem.”
O medo da doença também foi referido muitas vezes entre a amostra da população em estudo
constituindo-se também como um dos motivos de descriminação, dado ser uma doença ainda
desconhecida entre algumas pessoas.
P.6- “A população não quer estar perto deles, devido ao medo da transmissão da doença.”
Num estudo realizada em Moçambique, afirmaram que as pessoas discriminam devido à falta
de conhecimento acerca da doença e ao receio de contraírem a infeção, parentes e irmãos
tendem a demarcar as áreas e os objectos pertencentes à pessoa infectada. Faz-se isto a fim de
não se partilhar talheres, lençóis e toalhas porque acreditam que o vírus pode ser transmitido
através dos objectos (Taela, 2004).
46
4.2.2 Existência de preconceito (amostra I)
Em relação a segunda questão (porquê que achas que existe preconceito para com os
seropositivos do concelho), emergiram 3 subcategorias: medo de contrair a infeção, a falta de
informação/conhecimento e desconfiança do diagnóstico. Notou-se que em relação a questão
da existência do preconceito sete (7) pessoas não conseguiram responder ou explicar, o que
pode estar ligado ao uso pouco habitual do termo preconceito entre a população em estudo.
O medo de contrair a infeção foi referido várias vezes pelos participantes quando
questionados da forma de existência de preconceito.
P7-“ Não chegam perto dos seropositivos devido ao medo de contrair a doença”
De acordo com Herek, (1990 apud Grilo2009) SIDA tem sido identificada como uma doença
mortal. Por ser uma doença incurável, progressiva e transmissível, as pessoas com SIDA são
muitas vezes encaradas como sendo um risco para os outros, apesar da grande maioria das
pessoas saberem que esta doença apenas se transmite por contacto sexual e sanguíneo.
Em relação a falta de informação/conhecimento pode-se notar que por ser uma população
com um nível de formação baixa, em relação ao conhecimento sobre a doença o que denota
alguns “tabus” o que os leva a ter determinado comportamento pouco correcto.
P.26 –“ O início da magreza, ou seja perda de peso de uma pessoa da comunidade muitas
vezes é relacionado a SIDA”.
P.32 –“ As pessoas ainda não estão mentalizadas para conviverem com as pessoas infectadas
pelo HIV”.
47
Em relação a subcategoria desconfiança do diagnóstico pode-se notar de forma evidente que
a variável informação e conhecimento influência na forma como as pessoas lidam com os
doentes.
P20- “Essas pessoas são motivos de preocupação para a comunidade, não são bem-vindos
na comunidade”.
P25. “A comunidade pensa que só o facto de ir muito ao hospital a pessoa é infectado pelo
HIV”.
48
P4- “Porque causa efeitos colaterais”
São vários os autores que afirmam que os portadores do VIH/SIDA, deixam de tomar a
medicação devido ao efeito colateral do medicamento. Melchior (2000); Leite e Vasconcelos
(2003), confirma que outros factores que dificultam a adesão ao tratamento, por parte dos
portadores do VIH/SIDA, além dos problemas de atendimento, do esquecimento, como por
exemplo, sentir-se bem e em consequência disso, se abandona o tratamento, mas o inverso
também acontece, ou seja, a interrupção devido ao incómodo causado pelos efeitos colaterais
dos medicamentos. Vera (2007) refere no seu estudo que existem mulheres que por medo dos
efeitos dos medicamentos não fizeram o pré-natal, mesmo cientes de sua condição.
Para Berry & col., 1997; Filipe, Paiva & Santos (2000 apud Grilo, 2001), alguns dos
medicamentos têm efeitos secundários nefastos e implicam alterações no estilo de vida. Estes
factores, assim como a escassa informação que é dada ao doente sobre a medicação e a
dificuldade em discutir a prescrição terapêutica com o médico, podem conduzir à não adesão
das recomendações terapêuticas na fase assintomática da infeção por VIH. Da Cunha (2004) e
Gomes (2011), no seu estudo confirma que a maioria das queixas se refere aos efeitos
colaterais e ao tamanho dos comprimidos, que são difíceis de engolir. Os efeitos colaterais
provocados pelas medicações constituem um aspecto penoso no cumprimento do esquema
terapêutico. Se por um lado, a medicação não deixa o VIH se manifestar mantém a aparência
saudável, gorda, forte (em contraponto, à representação social ligada ao VIH/SIDA, de
pessoas muito magras ou abatidas), por outro, é algo que prejudica o organismo, em razão dos
efeitos colaterais já sentidos ou potenciais. Poder-se-ia dizer que os efeitos colaterais
constituem, à primeira vista, a maior dificuldade no início do tratamento.
49
Acções oriundas do preconceito e da discriminação às pessoas com VIH e SIDA fomentaram
a vivência de emoções singulares permeadas de sofrimento dentro de um contexto repleto de
significados, entre os quais, o medo do abandono, de ser julgado e de revelar sua identidade
social, a culpa pelo adoecimento, a impotência, a fuga, a clandestinidade, a omissão, a
exclusão e o suicídio, originados e construídos pelo autêntico convívio com o social que
reforça os hábitos e as expectativas e que estão profundamente enraizados numa sociedade
preconceituosa (Araújo et al., 2011).
Conforme Almeida e Lambronici (2007 apud Kourrouski, 2008), viver e conviver com
VIH/SIDA origina sofrimento humano, advindo do estigma, preconceito e discriminação
impostas pela doença e essas questões fazem com que as pessoas se isolem, obrigando-as,
muitas vezes a ocultarem a sua condição serológica, por medo de se exporem e sofrerem. De
acordo com De Brito et al., (2008) VIH/SIDA marca profundamente a pessoa acometida, uma
vez que afecta o seu bem-estar físico, mental e social envolvendo sentimentos negativos como
depressão, angústia e medo da morte, interferindo em sua identidade e auto-estima. SIDA
destrói os laços e as relações do indivíduo com o seu meio, isolando-o de outros indivíduos e
da família, fragilizando sua inserção e seu suporte social.
Embora cada pessoa viva a presença do vírus no seu organismo de forma singular, muitos dos
conflitos manifestos nos relatos evidenciam questões em comum, principalmente no que se
refere à confrontação com o tema da morte e aos sentimentos descritos pela vivência de ter o
vírus do SIDA, muito frequentemente relacionados a características de estados melancólicos,
tristeza profunda, sentimentos de vazio, baixa auto-estima e relatos ligados à ambivalência em
relação ao desejo de continuar a viver (Veras, 2007).
Em relação ao medo que as pessoas saibam do diagnóstico ficou evidente como factor para
abandonar o tratamento, dado que a assunção da doença requer visita constante aos serviços
de saúde que levantaria suspeitas para a população.
50
Para Da Silva et al., (2009), o diagnóstico em segredo é um dos factores que dificultam a
adesão, pois por medo de ser descoberto, o portador deixa de seguir o tratamento (ir ao
médico, toma de medicamentos, busca de medicamentos, entre outros).
Torre (2006) afirma que os portadores do VIH, têm medo de serem rejeitados, de que as
pessoas se distanciem e de serem vítimas de preconceito pela sociedade, preferindo não
revelar a seropositividade, buscando meios de esconder das outras pessoas. O medo, o
sentimento de derrota que se vivencia no contexto do VIH não é causado apenas por se ser
portador do vírus, mas pelas consequências sociais de se ser portador do VIH/SIDA. Existe
um consenso entre autores, Caldeira (1995) e Gomes (2011), de que os indivíduos ocultam a
identidade seropositiva, pelo facto do VIH ser um vírus em que uma das características mais
marcantes, além dos aspectos clínicos da doença infecto-transmissível, é a diversidade e
intensidade de respostas sociais produzidas pela epidemia (Zucchi, et al., 2010 e Bernardo,
2013).
51
5.CAPÍTULO V- DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Depois de obtidos e analisados os dados tal como relata Fortin (1999) refere que a etapa
seguinte consiste em apresentar os resultados e interpretá-los à luz das questões de
investigação. Nesse momento da discussão, serão discutidos os principais resultados
encontrados no presente estudo.
Os resultados do estudo apontam que a maior parte dos inqueridos são jovens (faixa etária de
15-24 anos de idade), solteiros e com ensino secundário. Para Dayrell e Reis, (2007 apud Dos
Anjos, 2012) a juventude é uma categoria dinâmica, que transforma de acordo com as
mutações sociais que vem sucedendo ao longo da história. Resultados semelhantes foram
encontrados no estudo realizado pela CCS-SIDA (2009), no âmbito do APIS em que a
população entrevistada é jovem, mais de 50% dos inqueridos é solteiro e a maioria possui o
ensino secundário. Neste estudo chegaram a conclusão que a faixa etária dos 15-24 anos de
idade, rejeita as principais ideias erróneas relativas á transmissão do vírus, também é uma
faixa etária que expressa atitudes de aceitação em relação a pessoas que vivem com o VIH.
Relativamente a primeira questão, em que foi perguntado aos inqueridos onde ou com quem
obtiveram as primeiras informações no concernente ao VIH/SIDA, os resultados desse estudo
apontam que a maioria dos participantes referentes a amostra I, referiram ter recebido essas
informações nas escolas com os professores. Entende-se pelo facto do ministério da educação
ser um sector chave, pelo contributo que vem dando na informação sobre adopção de
comportamentos sexuais de menor risco. Os currículos escolares integram, de uma forma
geral, a temática do VIH/SIDA tanto no ensino básico como no secundário (CCS-SIDA,
2011). Algumas investigações têm referenciado a escola como um espaço privilegiado para a
construção da saúde na luta contra a discriminação dos infectados pelo VIH/SIDA (UNAIDS,
2002; Ramirez, Gosset, Ginsburg, Taylor & Slap, 2000; Smith, Kippax, & Aggleton, 2000;
Matos, Battistuta, Carvallhosa, Simões, Dias & Gonsalves, 2004 apud Faustino et al., 2003).
52
que é provocado pelo receio de contaminação pela simples proximidade a portadores do vírus
ou seus familiares. Autores como Moreira et al., (2012) no seu estudo referem que a
contaminação não representa uma sentença de morte absoluta, e que a morte atravessa a
condição humana e traz com ela o medo de morrer e a incerteza diante do que pode acontecer
após a morte. A possibilidade iminente da morte configura-se muitas vezes como a causa do
sofrimento da morte. Complementando esse pensar, Oliveira (2005) relata que ao contrair o
VIH, a morte é associada ao portador de modo que a sua cidadania começa a desaparecer.
Deparamos que uma parte significativa dos inqueridos do concelho (amostra I) afirmam
conseguir conviver, partilhar o mesmo espaço físico com um portador do HIV e
consequentemente não se afastarem destas pessoas pelo facto de serem portadores desse vírus.
Semelhante resultados foram encontrados no estudo efectuado por Faustino et al., (2003)
numa investigação realizada em Cabo Verde, quando constataram-se que 72,1% dos
inqueridos não deixavam de ser amigos de uma pessoa infectada e 62% acham que os
seropositivos não devem viver isolados do resto da população.
No que concerne à forma de transmissão do VIH, constata-se que existe uma diferença pouco
significativa entre os que estão informados dos que não estão. Do mesmo modo, num estudo
levado a cabo por Gomes et al., (2011) concluiu-se que os inqueridos conheciam quase todas
as formas cientificamente comprovadas sobre os meios da transmissão do HIV. Reforçando
esta afirmação, Faustino et al., (2003) revela que a maioria dos inqueridos apresenta
conhecimento razoável sobre as formas de transmissão do VIH em Cabo Verde.
Outrossim, pode-se constatar que uma parte significativa dos inqueridos, não têm
informações sobre a diferença entre ser seropositivo e ser doente de SIDA. Peres, et al.,
(2004), veio confirmar no seu estudo que muitas pessoas ainda desconhecem a diferença entre
ser seropositivo e ser doente de SIDA. Considera-se que uma pessoa está infectada quando
apresenta algum problema de saúde que surgem devido a falta de defesa do organismo,
quando o seu CD4 está abaixo de 200. É seropositiva quando não apresenta as doenças
oportunistas ou seja, não apresenta problemas de saúde, ela não tem SIDA. Ela é uma pessoa
seropositiva, tal entendimento reporta-nos ao estudo de Guerra, (1998 apud Vinhas, 2008) ao
afirmar que uma pessoa é seropositiva ela já teve contacto com o vírus, tem a capacidade de
transmitir a doença, mas ela permanece assintomática durante vários anos, enquanto, doente
53
de SIDA apesar de ter a capacidade de transmitir a doença apresenta doenças oportunistas.
Berry e Hunt (2005) afirmam que a partir do momento que é diagnosticado SIDA, a pessoa
manterá o mesmo diagnóstico mesmo sem presença de sintomas.
Relativamente aos portadores do VIH/SIDA constata-se que uma grande maioria faz
tratamento anti-retroviral. De entre eles, uma percentagem significativa afirma já ter
interrompido o tratamento em algum momento. Conforme o Manual de Adesão ao
Tratamento (2008), (seguimento de recomendações clínicas e terapêuticas pelo paciente) para
as pessoas infectadas com VIH/SIDA, o início da terapia anti-retroviral pode ser um dos
momentos mais difíceis para os infectados com VIH, pois os medicamentos podem fazê-los
lembrar a cada momento da própria seropositividade. Assim, aceitar a medicação, depende de
como o diagnóstico está sendo vivenciado; das concepções de saúde e doença; da relação dos
pacientes com o médico e com os demais profissionais de saúde; das relações afectivas e
sociais mantidas e estabelecidas a partir do momento que o VIH passa a fazer parte de suas
vidas, entre outros, (Knauth 1995 apud Da Cunha, 2004).
54
Da Silva et al., (2009) demonstra no seu estudo que de entre os que fazem o tratamento,
alguns não o fazem de forma adequada. Do mesmo modo, aponta um elevado índice da não
adesão, em torno de 30%, sendo que nos casos de uso dos anti-retrovirais a taxa de aderência
exigida é de 100%, pois não inclui simplesmente o uso, mas o uso regular e se isto não
ocorrer pode haver falência no tratamento. Observou-se que apesar dos serviços de saúde
incluírem o estabelecimento do plano terapêutico juntamente com o portador e a família, estes
não parecem ter sido suficientemente sensibilizados sobre a importância da regularidade do
horário, e por esta razão adoptam estratégias que associam a ingestão dos ARVs a outras
actividades já pertencentes à sua rotina de vida, como por exemplo dormir, acordar, fazer as
refeições, entre outras, as quais por sua natureza não têm como ponto central a regularidade
no horário. No mesmo estudo observou-se que a problemática da não adesão é exacerbada
quando, além dos sintomas, a pessoa tem medo da possibilidade de outros virem a saber do
diagnóstico em decorrência de sofrer alguns efeitos colaterais.
Na revisão de literatura realizada por Bonolo et al., (2007), indica que a não adesão ocorre
universalmente e suas taxas são passíveis de comparação entre os países desenvolvidos e em
desenvolvimento. De acordo com alguns estudos apresentados, as prevalências variam entre
19,0, 25,0, 26,0, 31,0 e 36,9%, segundo a definição da “toma” do anti-retroviral prescrito, de
90, 95 e 100%. Em relação aos factores associados com a não adesão, verificou-se que são
múltiplos, principalmente as características sócio-demográfica, factores psicossociais, acesso
e uso de serviços de saúde, tratamento propriamente dito, percepção da doença e gravidade da
doença no processo de adesão (apresentação ou não de sintomas da SIDA na presença de
alterações laboratoriais).
55
Em relação ao abandono, o estudo mostra que a maioria dos portadores do VIH/SIDA,
afirmou ter sido abandonado pelos amigos só pelo facto de ser portador do VIH/SIDA
também referiu-se ter afastado da comunidade devido ao seu estado serológico, por causa da
discriminação e preconceito existente no concelho e medo que as pessoas soubessem do seu
diagnóstico. Estes resultados encontrados no estudo não vão ao encontro com os resultados
encontrados por Faustino et al., (2003) numa investigação realizada em Cabo Verde, onde
observou que 72,1% dos inqueridos no seu estudo responderam que não deixariam de ser
amigo de uma pessoa infectada e 62% acharam que os seropositivos não devem viver isolados
do resto da população. Estas diferenças devem-se em nosso entender ao nosso tamanho
reduzido da amostra e pelo estudo ter sido feito num concelho pequeno da ilha de Santiago.
56
cidadania do portador começa a desaparecer, com o abandono dos amigos e da família, a
omissão no atendimento médico, a demissão do emprego, o portador do VIH/SIDA passa a
ser algo descartável e dispensável para a sociedade. Estas atitudes quando adoptadas contra
um portador do VIH prejudicam o seu tratamento e a sua recuperação.
57
6.CAPITULO VI- CONSIDERAÇÕES FINAIS
SIDA surgiu numa época em que a tecnologia ainda encontrava-se “adormecida”, desde
muito cedo foi associado a doença de pessoas que possuíam comportamentos inadequados
perante os modelos da sociedade. Trouxe ao mundo não somente mais uma doença
considerada sem cura, que ainda causa medo e pânico na população, mas também trouxe
consigo preconceito, discriminação, dúvidas e incertezas. Com o avançar da nova tecnologia
vieram a ser descobertas várias vias de transmissão da doença, descobriu-se também que
qualquer pessoa pode ser afectada, desde que tenha comportamento de risco.
Hoje estudos realizados afirmam que o preconceito e a discriminação que cercava a doença
diminuíram desde o início da epidemia, mas que não podemos dizer que eles tenham
desaparecidos. Ainda hoje, segundo vários autores, uma das maiores lutas é contra a
discriminação e preconceito.
Não podemos deixar de reconhecer que, nesse estudo impacto da discriminação e preconceito
no tratamento e recuperação dos portadores do VIH/SIDA, a avaliação dos inqueridos mostra
que a discriminação e preconceito afectam o tratamento e a recuperação dos portadores do
VIH/SIDA, isto é quando estes são abandonados pelos amigos pelo facto de serem portadores
58
do VIH, quando afastam da sua comunidade, quando sofrem do preconceito e da
discriminação e por último quando abandonam ou interrompem o seu tratamento.
6.1.Limitações do estudo
As limitações deste estudo abrem espaços para outros estudos que poderão ser discutidos e
abordados em contextos diferentes, como por exemplo em concelhos maiores e com uma
outra técnica de amostragem mais representativa. Contudo não foi tarefa fácil, pelo facto de
ter-se caminhado pelo mundo dos sentidos que atravessa o preconceito e a discriminação e
sua influência no tratamento e recuperação das pessoas portadoras do VIH/SIDA. Pois essas
pessoas vivem numa sociedade em que o sentido sobre a epidemia, mesmo com o passar dos
anos, ainda encontra-se perseverado.
Por ser uma amostra pequena (70 pessoas, composto por 17 portadores do VIH e 53 pessoas
residentes no concelho), utilizada a amostragem não probabilística, por conveniência ou
intencional, não permite a generalização dos resultados para a população total. Além disso, é
preciso que se leve em conta a inexperiência da investigadora em relação à investigação
científica. Convém frisar ainda que, por se tratar de uma doença cujo estigma permanece
vigente na sociedade, a revelação do diagnóstico do VIH/SIDA e o convívio com a doença,
independentemente da idade do portador, fez com que a realização do presente trabalho
demorasse mais tempo do que o previsto.
Espero que este estudo, ainda que limitado, venha a contribuir para o conhecimento destas
variáveis.
59
6.2.Sugestões do estudo
A sociedade precisa voltar-se à compressão da solidariedade, e ter uma mente mais aberta
para perceber e compreender a vida de um portador do VIH/SIDA. É necessário parar de
pensar no SIDA, como a doença do outro, distante e inacessível, é necessário ultrapassar essa
postura imprópria existente na sociedade para com as pessoas que vivem com o VIH/SIDA,
sobretudo no concelho de Santa Cruz. A sociedade precisa entender que SIDA é apenas uma
doença e que o portador pode viver por muitos anos e pode conviver socialmente sem
prejudicar a vida de terceiros.
Os jovens precisam ter o espírito investigante, ler e aprofundar os seus conhecimentos sobre a
doença, pois que o livro traz consigo conhecimentos, dinamiza o raciocínio e a interpretação.
É preciso trabalhar a mentalidade das crianças e dos adolescentes desde bem cedo em relação
a doença SIDA e mudar assim o comportamento e a atitude em relação a pessoas infectadas
com a doença.
60
7. CAPÍTULO VII- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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2013.
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actual e perspectivas futuras rumo ao acesso universal à prevenção, tratamento e
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2- Www.roche.pt/sida};
3-Www.infopedia.pt/termos-medicos/seropositividade;
4- Www.unaids.org.br;
5 - Www.jaids.com;
6- Www.aidsmap.com;
7- Pt.wikipedia.org/wiki/santa cruz;
8- www.INE.com
68
8.Apêndice 8.1. Carta de pedido
Esandra Fernandes
EX. Senhor
Respeitando os procedimentos éticos, venho por este meio pedir a sua excelência a
autorização para a aplicação do questionário aos seropositivos referenciados pela Associação.
Aluna
_________________________________________________________
______________________________________________________________
69
9.Apêndice II 9.1Consentimento Informado
Universidade de Santiago
Sua participação não é obrigatória e, a qualquer momento, poderá desistir de participar e retirar seu
consentimento, sem que isso acarrete qualquer penalidade.
As informações obtidas por meio dessa pesquisa serão confidenciais e assegurando o sigilo sobre sua
participação e anonimato das informações. A participação no estudo não acarretará custos para você e não
haverá nenhuma compensação financeira adicional. Não existem riscos, pois a pesquisa envolve apenas a
aplicação de questionário.
70
10.AnexoI 10.1Questionário
Questionário
O presente questionário composto por 25 questões tem por objectivo, tem por objectivo
conhecer a existência da discriminação e do preconceito e a sua relação com o tratamento e a
recuperação dos portadores do VIH/SIDA no concelho de Santa Cruz, enquadrado numa
pesquisa de investigação para elaboração do trabalho de fim do curso, cujo título é impacto da
discriminação e preconceito no tratamento e recuperação dos portadores do VIH/SIDA no
conselho de santa cruz.
Pedimos também que seja sincero/a, que responda todas as afirmações e que não existem
respostas certas ou erradas.
Residência :__________
3. Nível de escolaridade:
5. Não estudou
4.Estado civil:
71
5. Com quem obteve as primeiras informações sobre HIV/SIDA?
1 Pai 2.Mãe 3. irmãos/irmãs 4. tio/tia 5.professor/a
6. amigos 7 vizinhos 8. livros
9 TV/ revistas
1 São iguais 2 não sei 3.Seropositivo é ter vírus e transmitir a doença, mas
não há presença de doenças oportunistas e nos doentes de SIDA há. 4.seropositivo é
ser doente de HIV 5. Doente de SIDA é quando a pessoa tem a presença de varias
doenças oportunista 6. Doente de SIDA tem perturbações como perda de peso, e
outros problemas de saúde que, sem tratamento, podem levar à morte
1Sim 2.Não
Porque?_____________________________________________________________
9. Achas que existe preconceito para com os portadores do VIH/SIDA do conselho de Santa
cruz?1.Sim 2.Não
Porque?_________________________________________________________
72
10. Serias capaz de conviver, partilhar o mesmo quarto, mesma cozinha que um portador do
VIH? 1. Não 2.sim 3. Não sentiria segura 4.Não consigo
5. Mudo de casa
12. Pessoas do concelho fazem piadas aos portadores do VIH? 1.sim 2. Não
13. Serias capaz de afastar-se de uma pessoa por saber que ele é um portador do VIH/SIDA?
1. sim 2. Não
Parte II
73
20. Já alguma vez afastou-se da comunidade devido ao seu estado serológico? 1. Sim
2.Não
21. Se sim, porquê ? 1. Discriminação existente na comunidade 2. Preconceito
existente na comunidade 3. Medo que saibam da minha doença
22. Já foste abandonado por amigos só pelo facto de ser um seropositivo? 1. Sim
2.Não
25. Achas que a discriminação e o preconceito podem influenciar o seu tratamento e a sua
recuperação? 1.Sim 2.Não
74
11.Anexo II 11.1.Local de estudo
Local de estudo
O estudo foi realizada no concelho de Santa Cruz, da ilha de Santiago, fica no grupo de
Sotavento, em Cabo Verde. Actualmente o concelho conta com 32.965 habitantes, 60% dos
quais com menos de 20 anos de idade. Cerca de 1/3 da população activa de Santa Cruz
dedica-se à agricultura, à criação de animais e à silvicultura. O comércio, a construção civil e
a administração pública têm uma importância secundária. A precariedade da ocupação é uma
realidade para cerca de 47% da população. No entanto, as duras condições de vida têm levado
grande parte da população de Santa Cruz a migrar principalmente para a cidade da Praia, mas
também para as ilhas do Sal e da Boa Vista, em busca de trabalho e de melhores condições de
vida. É um concelho gravemente afectado pelo desemprego e pelo analfabetismo, embora a
situação tenha vindo a ser melhorada ( pt.wikipedia.org/wiki/Santa_Cruz).
Associação esperança
75